Mortalidade
materna
A cada minuto uma mulher morre no mundo em decorrência do trabalho de parto
ou complicações da gravidez. A mortalidade materna configura-se no Brasil como
um problema de saúde pública, atingindo desigualmente as várias regiões
brasileiras. É consenso que a mulheres acometidas pela morte materna são as de
menor renda e escolaridade. Juntamente com as questões sócio-econômicas, emerge
a questão racial. A análise é difícil de ser realizada em virtude da dificuldade
de entendimento da classificação raça/cor que muitas vezes impede o registro
dessa informação. Vários Comitês de Morte Materna estão utilizando o quesito cor
e revisando seus dados. Este artigo analisa vários relatórios, mostrando que o
risco de mortalidade materna é maior entre as mulheres negras, o que inclui as
pretas e pardas, configurando-se em importante expressão de desigualdade
social.
Crime do
Estado
Mulher grávida não recebe atendimento em hospital público. O Estado prende
mulheres que se recusam a ter um filho, no entanto deixa os hospitais públicos
caindo aos pedaços e cria condições para a morte do bebê e da mãe.
10 de julho de
2009
Um caso ocorrido no Rio de Janeiro ilustra a situação criminosa a que estão
sujeitas às mulheres.
Depois de ter sido atendida no Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona
Sul, uma jovem, Manoela dos Santos, que perdeu o bebê .
Esta mulher perdeu o bebê após ser atendida no Hospital Miguel Couto na
quinta-feira, dia 2 de julho por um médico que está sendo investigado pela
polícia e pela administração municipal.
Com um descolamento prematuro da placenta, ela chegou ao hospital Miguel
Couto com dores e sangramento.
O médico a atendeu, escreveu em seu braço o nome da maternidade Fernando de
Magalhães, na Zona Norte, e os números das linhas de ônibus para chegar até
lá.
Na última segunda-feira, 6 de julho, a jovem teve que ser transferida para
a UTI e foi submetida a uma transfusão de sangue, recebendo alta na
terça.
A mulher sofreu aborto espontâneo na tarde do mesmo dia em que ela foi
atendida no hospital.
O Estado condena mulheres a morte, a sangrarem em hospitais sem
atendimento, e ainda a serem presas caso não queriam levar à frente uma
gravidez.
Em cada 100 mil nascidos vivos média de 76 mães morrem a cada ano. Mulher
com braço rabiscado que perdeu bebê é exemplo de precariedade.
O grito de três mulheres grávidas, que acusaram um médico de descaso por
ter escrito em seus braços o nome da maternidade que elas deveriam procurar,
trouxe à tona uma realidade preocupante.
O número é quase quatro vezes maior do que o tolerável pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Entre as causas apontadas pelo relatório, as mortes são
provocadas, em sua maioria, por hemorragias, descuidos com a diabetes,
hipertensão arterial, falta de sangue em CTI’s (Centro de Tratamento Intensivo)
e de acompanhamento médico para realizações de consultas periódicas, o chamado
pré-natal.
Observa -se “uma falta de laços de solidariedade” entre os profissionais e
as pessoas que necessitam de atendimento dos serviços públicos. “É o professor
que foge do aluno e o médico que foge do paciente”, exemplifica.
“É muito dinheiro para pouca gestão. É como se os filhos dessas mães, a
maioria moradoras de comunidades carentes, não tivessem o direito de nascer. É
uma coisa escandalosa. Esse índice de mortalidade de grávidas é o pior indicador
de justiça social”, conclui.
Te pergunto : Qual a Cor destas Mulheres?
Um afro abraço.
fonte:carta carioca/Claudia Vitalino-UNEGRO/RJ.
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