Veja que mundo contraditório. A piauiense Sarah Menezes, moradora do Bairro Bela Vista, periferia de Teresina, capital do estado, é conhecida hoje mundialmente como a primeira mulher judoca brasileira a ganhar um ouro em Jogos Olímpicos. Fazendo parte dos 49 milhões de brasileiras (o) entre 15 e 29 anos, que mora em periferias urbanas, e é negra (o), ela poderia, como tantos outros, estar estampando a capa dos jornais por outras diversas razões. Repressão policial e extermínio nas periferias da juventude negra, higienização étnica devido aos megaeventos, que descarta pessoas que não tem capital para investir nos mesmos – como a própria Olimpíada de Londres que, como tantos outros megaeventos, excluiu a população pobre dos grandes centros onde os jogos acontecem . Porém, hoje, a mídia é obrigada a mostrar essa jovem negra de periferia sob outra ótica, como uma grande lutadora.
Nunca uma judoca brasileira havia disputado uma final olímpica. E há 20 anos, desde a vitória de Rogério Sampaio nos Jogos de Barcelona, o país não conquistava uma medalha de ouro. Pois ontem a piauiense Sarah Menezes, de 22 anos, quebrou esses dois tabus de forma emocionante. E de quebra mais um: o Brasil jamais havia conquistado um ouro no primeiro dia de disputas de uma Olimpíada.
“Minha vida agora vai mudar para melhor, tenho certeza. Mas é preciso que a vida das pessoas que treinam comigo em Teresina também mude”, disse Sarah, falando das dificuldades financeiras que sempre enfrentou para praticar o judô. Ela é integrante do programa Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte desde 2006.
Com seu 1,54m, Sarah foi gigante na categoria até 48kg. Segura, madura, confiante, passou pelas cinco adversárias como se fosse uma veterana. E mostrou maturidade e inteligência, porque todas as lutas foram decididas por pontos. “Tive uma estratégia para cada luta. E gostei muito, porque consegui raciocinar, pensar em cada luta. Treinar todo mundo treina, o diferente é quando se consegue colocar em prática o que se planejou no treino.”
Seu maior susto foi nas quartas de final, quando um golpe da chinesa Shugen Wu no último segundo quase a levou à derrota, mas a judoca brasileira disse que seu momento mais complicado foi fora do tatame.
“Quando estava entrando para lutar a semifinal (contra a belga Charline Van Snick) vi que a japonesa (Tomoko Fukumi) perdeu e fiquei tão feliz que por algum tempo perdi a concentração.” A japonesa, que era favorita ao ouro, também perdeu na decisão do bronze e foi embora de mãos abanando.
Na decisão ela enfrentou a romena Alina Dumitru, campeã em Pequim/2008. E foi soberba. Não deu nenhuma chance à rival, dominou a luta do começo ao fim e venceu com um yoko e um wazari (11 a 0).
“Entrei para a decisão como se fosse um treino. Chorei depois da semifinal porque havia garantido uma medalha, por isso lutei sem pressão e com confiança”, acrescentou ela.
Uma festa enorme foi feita pelos pais de Sarah, Rogério e Olindina, em Teresina. Eles se reuniram com amigos e parentes no Centro de Treinamento Sarah Menezes. “Por oito anos minha filha lutou por isso”, disse a mãe, bastante emocionada.
Uma carreata e uma grande recepção já estão sendo organizadas na cidade para o retorno da campeã olímpica, que será dia 5. A promessa é de parar a capital do Piauí.
A EMOÇÃO DA TÉCNICA
Com seu 1,54m, Sarah foi gigante na categoria até 48kg. Segura, madura, confiante, passou pelas cinco adversárias como se fosse uma veterana. E mostrou maturidade e inteligência, porque todas as lutas foram decididas por pontos. “Tive uma estratégia para cada luta. E gostei muito, porque consegui raciocinar, pensar em cada luta. Treinar todo mundo treina, o diferente é quando se consegue colocar em prática o que se planejou no treino.”
Seu maior susto foi nas quartas de final, quando um golpe da chinesa Shugen Wu no último segundo quase a levou à derrota, mas a judoca brasileira disse que seu momento mais complicado foi fora do tatame.
“Quando estava entrando para lutar a semifinal (contra a belga Charline Van Snick) vi que a japonesa (Tomoko Fukumi) perdeu e fiquei tão feliz que por algum tempo perdi a concentração.” A japonesa, que era favorita ao ouro, também perdeu na decisão do bronze e foi embora de mãos abanando.
Na decisão ela enfrentou a romena Alina Dumitru, campeã em Pequim/2008. E foi soberba. Não deu nenhuma chance à rival, dominou a luta do começo ao fim e venceu com um yoko e um wazari (11 a 0).
“Entrei para a decisão como se fosse um treino. Chorei depois da semifinal porque havia garantido uma medalha, por isso lutei sem pressão e com confiança”, acrescentou ela.
Uma festa enorme foi feita pelos pais de Sarah, Rogério e Olindina, em Teresina. Eles se reuniram com amigos e parentes no Centro de Treinamento Sarah Menezes. “Por oito anos minha filha lutou por isso”, disse a mãe, bastante emocionada.
Uma carreata e uma grande recepção já estão sendo organizadas na cidade para o retorno da campeã olímpica, que será dia 5. A promessa é de parar a capital do Piauí.
A EMOÇÃO DA TÉCNICA
Rosicléia Campos não é uma mulher que esconde seus sentimentos. Ontem, na Excel Arena, sua alegria com a medalha de ouro de Sarah Menezes foi contagiante. Com lágrimas nos olhos e um sorriso aberto, a técnica brasileira estava eufórica. “É um sonho realizado.”
No comando do time feminino desde 2005, Rosicléia colaborou muito para transformar a equipe de um grupo desacreditado em um dos mais respeitados da atualidade. E logo no primeiro dia dos Jogos ela alcançou sua meta com sobras. “A ideia era chegar a uma final olímpica, o que já seria nossa melhor participação. Mas veio o ouro. Graças a Deus.”
E o judô feminino do Brasil não deverá parar por aí. Pela posição no ranking, é bem possível que pela primeira vez numa Olimpíada as mulheres tenham um desempenho melhor do que o dos homens.
“Acho que elas estão em um grande momento. Mas os meninos têm muita experiência e isso conta muito.”
Dentro do estádio de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres , 80.000 pessoas vibravam com a cerimônia neste 27 de julho, enquanto do lado de fora, moradores, ex-moradores e ativistas vinham denunciando há algum tempo a “limpeza” da área, uma das mais empobrecidas do país, feita à base de políticas agressivas de coerção e remoção de pessoas com ''comportamento anti-social'' da área do Parque Olímpico, em favor do “benefício econômico”, segundo reportagem de Roberto Almeida ao siteDireito à Moradia.
Foi nesse contexto de Londres que a judoca piauiense Sarah Menezes conquistou, neste sábado (28), a medalha de ouro na categoria peso-ligeiro (até 48kg) ao derrotar a romena Alina Dumitru na final, atleta campeã olímpica em Pequim 2008. É o primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Londres e é também a primeira medalha de ouro do judô feminino do Brasil em Olimpíadas. O melhor resultado era o bronze de Ketleyn Quadros, em Pequim-2008. Nos Jogos de Pequim, Sarah, então com apenas 18 anos, fora derrotada logo em sua primeira luta.
Parabens Brasil e Um afro abraço.
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