UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigualdades socioeconômicas distribuem de

maneira iníqua os riscos de saúde e os econômicos, bem como e as condições para enfrentar a emergência sanitária, em desfavor dos grupos já discriminados em outras dimensões, como os negros e moradores das favelas. Nós, do Observatório das Desigualdades, insistimos em um ponto básico: o combate à pandemia do Coronavírus só será eficaz quando as políticas nacionais, estaduais e municipais de combate ao vírus considerarem as desigualdades socioeconômicas que sempre existiram na história do Brasil.

O coronavírus no Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro e bom registrar e o número de mortos no estado do Rio é maior que em São Paulo – as maiores metrópoles do País – se tornaram epicentros da covid-19. Não demorou muito para que o número de casos escalasse de forma acelerada e posicionasse a nação sul-americana em segundo lugar no ranking de casos da doença. Apesar de os Estados Unidos ainda estarem na frente no que se refere às estatísticas, os brasileiros sofrem em maior escala que os americanos por conta de um fator que pode ser primordial para a propagação da infecção: a disparidade social. O País tem uma enorme quantidade de comunidades, onde a pobreza é um problema ainda maior durante a pandemia. Pelas vielas dos morros cariocas, a enorme concentração de pessoas gera um alerta para a proporção que o vírus ainda pode alcançar no Sudeste do Brasil. Em 2010, o governo do Rio de Janeiro encomendou a pesquisa Censo das Favelas, que indicava que mais de 100 mil pessoas habitavam os 93 hectares da favela da Rocinha — considerada a maior da capital. Nesse contexto, como evitar que o vírus fique longe das comunidades e o País consiga reduzir a curva de contaminação nos próximos meses? Esse é um dos desafios com os quais o Governo Federal precisará lidar durante a pandemia.
As favelas têm que ser priorizadas no Plano de Vacinação contra Covid-19.

Seja pela falta d’água nas casas, acesso fácil aos serviços de saúde, altos índices de servidores essenciais e informais para os quais o isolamento social é inviável, dificuldade de se isolar, alta densidade intergeracional nas moradias, falta de informações adequadas, e inúmeros outros fatores, Além do mais, são as pessoas com mais dificuldade de seguir os protocolos de segurança, gastar com máscaras. É indiscutível que devemos buscar formas de priorizar os moradores destes territórios na política da vacina

Por todos estes e muitos outros motivos, os coletivos e instituições por trás do Painel Unificador Covid-19 nas Favelas lançam amanhã, dia 10 de fevereiro de 2021, junto ao Dia Estadual de Mobilização para Enfrentamento da COVID-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, a campanha “Vacina Pra Favela Já!” O objetivo é conclamar as autoridades do Rio de Janeiro a realizar de imediato ações que garantam acesso às vacinas prioritariamente nas favelas.

Onde mais vão se registrar casos [de covid-19, a doença causada pelo vírus vai ser nas favelas. Porque como é que um idoso vai entrar em uma situação de isolamento em uma casa com dez pessoas e dois cômodos? Esse isolamento é um isolamento para 'gringo ver', para rico. O pobre não tem condição de fazer. Vamos ter muitas perdas nas favelas

Se liga - Alta concentração de pessoas aumenta risco de contaminação por covid-19 em favelas. (Fonte: Pixabay)As recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que se instalassem medidas de isolamento social acabaram sendo responsáveis por grandes impactos econômicos na sociedade. E a falta de dinheiro no bolso tem pesado ainda mais para as populações de baixa renda. Apesar da aprovação do auxílio emergencial de R$ 600 pela União para as famílias necessitadas, o valor menor que os R$ 1.045 definidos como salário-mínimo para 2020 tem feito com que muitos dos moradores de comunidade precisem se arriscar nas ruas para completar a renda. Com contas de água, luz e alimentação para pagar, a população mais necessitada do Brasil tem se exposto à covid-19. E, assim, o vírus passa a se espalhar com facilidade pelos ambientes apertados das favelas. Em maio, as comunidades cariocas já registravam o terceiro maior número de mortes por coronavírus no estado – ultrapassando Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os números da Prefeitura do Rio de Janeiro indicavam para mais de 422 casos e 81 óbitos pelas residências dos complexos habitacionais da cidade. A vulnerabilidade social e o alto índice de subnotificações têm gerado um ambiente de incerteza quanto ao real impacto local.

Vacina no Braço , comida no prato e educação
Apesar da pandemia ainda estar registrando alto índice de contaminação, a indignação com as mais de 600 mil mortes, muitas das quais poderiam ser evitadas caso medidas eficazes de prevenção tivessem sido adotadas e a vacinação acelerada, levou milhares de brasileiros e brasileiras às ruas no último sábado. Além de vacina no braço e comida no prato, cobravam
também auxílio emergencial de pelo menos.

As mobilizações para dizer fora governo genocida, fora Bolsonaro e toda sua tropa, que têm sido um atentado à vida, um atentado à educação, à saúde e aos serviços públicos.
A UNEGRO junto a varias outras entidades, do movimento sociais, sindicais e pessoas sem qualquer bandeira ideológicas estamos na rua com proteção, porque acreditamos que esse governo é o grande responsável.

Além de passeatas, diversas regiões realizaram também carreatas para garantir a participação de quem não sentiu segurança ou não tinha condições de estar nas marchas. Em quase todos os atos, foram distribuídas máscaras de proteção e álcool em gel para os e as manifestantes.

Vozes do Painel: Porque priorizar a vacinação nas favelas?
Porque boa parte da população da favela trabalha na linha de frente e usa transporte público (que em sua maioria estão sempre além da capacidade e da possibilidade de distanciamento social). Além disso, a maioria dessa população, ao pegar Covid-19 vai depender totalmente do sistema público de saúde que carece de leitos. Ainda mais, é muito mais desafiador cumprir as medidas de distanciamento social e lavagem das mãos em territórios periféricos, pois a densidade habitacional é maior e a rede de saneamento básico é escassa em boa parte das localidades.” — Amanda Scofano (Doutoranda, PUC-Rio)

Transformação social
Para a maioria das pessoas que vivem nas favelas, o Auxilio Emergencial é um benefício fundamental, não somente para a sua própria sobrevivência, mas também de familiares e amigos, podemos notar que 96% e 88% daqueles que receberam o auxílio emergencial gastaram o dinheiro na compra de alimentos e produtos de higiene, itens fundamentais para se manter no isolamento social e enfrentar a pandemia. Por outro lado, a situação extremamente difícil enfrentada pelos mais vulneráveis não impede a solidariedade: cerca de 62% dos moradores de favela destinaram uma parte do valor recebido pelo Auxilio Emergencial para ajudar amigos e parentes. Isto evidencia que diante de uma dura realidade, os laços de solidariedade são fortalecidos e constituem um importante meio para reparar as injustiças sociais.

É importante lembrar que o impacto econômico e na saúde (“As nada democráticas mortes por COVID-19 no Brasil”) desproporcional entre grupos raciais e étnicos resultam de iniquidades nas condições de vida, moradia e trabalho que persistem ao longo das gerações desde a Diáspora Negra. Portanto, precisamos que os Governos Federal, estaduais e Municipais apoiem de forma substancial os grupos mais vulneráveis e duramente atingidos por essa pandemia.

“Sugerimos acrescentar as populações residentes em território de favela [como prioritárias

no Plano de Vacinação], pois são os cidadãos que têm mais dificuldades no acesso a serviços de saúde e que convivem em condições muito propícias para disseminação da doença: com 
domicílios próximos uns dos outros, com poucos cômodos nos domicílios, concentração de pessoas por domicílios, com menos acesso a serviços de saneamento e onde grande parte de seus moradores não possuem vínculo empregatício e, consequentemente o trabalho presencial é a única possibilidade de aquisição de recurso para subsistência de suas famílias.” — Renata Gracie (vice-coordenadora do Laboratório de Informação em Saúde-LIS/ICICT/Fiocruz)

fonte:
INSTITUTO LOCOMOTIVA & CUFA. “Pandemia na Favela: A Realidade de 14 milhões de Favelados no Combate ao Novo Coronavírus” . Junho de 2020.
TUON, L. “Negros Pediram Mais Auxílio Emergencial, MasBrancos Tiveram Maior Sucesso”. Revista Exame. Publicado em 18 de junho de 2020 no Portal Geledés. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/negros-pediram-mais-auxilio-emergencial-mas-brancos-tiveram-maior-sucesso/> Acesso em 28 de junho de 2020.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino
Historiadora - Escritora -Ativista do Movimento Negro - Sindicalista - Roteirista

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...