Nos inicio dos desfiles carnavalescos, as escolas traziam para a rua várias composições e até improvisavam em cima dos versos. Só na segunda metade dos anos 40 ficou clara a necessidade de cantar uma única música relacionada ao tema do desfile. Nascia assim o samba de enredo que sempre enfrentou a difícil missão de ser, ao mesmo tempo, fiel ao enredo, melodicamente agradável e de preferência com letras fáceis de decorar. Nesta seleção temos alguns exemplos das diversas vertentes do gênero, que passeia pela história e cultura brasileiras, mas também dá espaço à crítica, à sátira, às homenagens e alguns casos de pura fantasia e poesia carnavalescas.
Enquanto isso, o morro da Mangueira ainda não tinha a mais popular Escola de Samba, a "Verde e Rosa". Tinha apenas alguns blocos, dentre eles o da Tia Tomásia e do Mestre Candinho. Havia, dentre esses, um bloco especial, talvez o berço do Samba, os Arengueiros, formados por mestres, como Zé-Com-fome, Saturnino, Zé Espinguela, Cartola e Carlos Cachaça. Em 1928, fundaram a Estação Primeira de Mangueira. Vivia-se naquele tempo de "pão e poesia" e tudo acabava em samba e harmonia.
Quando o mundo mudou, o morro também mudou e a escola não pode ficar atrás. A classe média branca invadiu a quadra da Mangueira, como já tinha invadido a de todas as outras. O tráfico invadiu o morro, como já tinha invadido todos os outros . A Escola assumiu o que o morro tem de bom e ruim.
Nem mesmo da pior endemia o morro da Mangueira conseguiu escapar: os enredos marketeiros e o luxo novo-rico. Mais apesar de tudo, a Mangueira continua sendo a primeira estação dos subúrbios da Central do Brasil e notável naquilo.. deixou de ser lugar de morador de periferia do Rio mais manteve a sua essência: "o samba."Mas há sempre aqueles sambas que, a cada ano, são lembrados em bailes e pelos foliões em festas e celebrações carnavalescas como os melhores já escritos e entoados desde 1932, quando aconteceu o primeiro desfile das escolas do Rio. Seja por simbolizarem a quebra de barreiras no mundo do samba, ou pela inventividade de seus versos e melodias, eles entraram para a história como clássicos do carnaval.
Abaixo alguns a história de alguns destes sambas enredos inesquecíveis ...
Cântico à Natureza (Mangueira 1955)
A Estação Primeira de Mangueira conquistou o segundo lugar no carnaval do ano de 1955 com um samba de Alfredo Português, Nelson Sargento e Jamelão. A canção narrava as quatro estações do ano, enredo da escola naquele carnaval, culminando numa ode à estação das flores.
Aquarela brasileira (Império Serrano 1964)
"Vejam esta maravilha de cenário", diz a canção, considerada uma das mais bonitas já apresentadas na história do carnaval carioca. Já no primeiro verso, o samba da verde e branco da Serrinha mostra a que veio: apresentar as belezas da natureza, da arquitetura e da cultura brasileiras. A obra foi escrita em homenagem a uma das canções mais populares da mpb: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso (1939). Mesmo passando por dificuldades e enfrentando sucessivos rebaixamentos ao grupo de acesso, em 2004 a Império Serrano reeditou o samba e levantou a Sapucaí.
Chica da Silva (Salgueiro 1963)
No início dos anos 60, a vermelho e branco da Tijuca homenageia personagens negros que marcaram a história do Brasil. Após Zumbi dos Palmares, em 1960, em 63 foi a vez de Xica da Silva ser homenageada pelos salgueirenses. Noel Rosa de Oliveira, em parceria com Anescarzinho, escreveu e interpretou o samba da escola.
Heróis da Liberdade (Império Serrano 1969)
O samba do ano de 1969 da Império Serrano é lembrado até hoje pelo seu caráter provocador. Em plena ditadura, a canção de Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira clamava a liberdade e relembrava passagens de nossa história marcadas pela opressão: a Inconfidência Mineira, a abolição da escravatura, e o período pré-independência. Mais tarde, foi regravado por intérpretes como Martinho da Vila, João Bosco e Maria Rita.
Lendas e Mistérios da Amazônia (Portela 1970)
No primeiro carnaval dos anos 70, a Portela foi campeã com o samba de Catoni, Jabolô e Valtenir, que falava das tradicionais lendas que povoam o imaginário amazônico. Uma onomatopéia que imitava o som dos instrumentos da bateria fez o refrão cair na boca do povo: "Ô esquindô, lá, lá, esquindô lê, lê". Curiosidade: também neste carnaval, a Portela começou a trazer, em seu abre-alas, a figura da águia. A prática, desde então, virou tradição da escola. O enredo e o samba campões foram reeditados e levados à avenida em 2004, e deu à azul e branco o sétimo lugar
Os Sertões (Em Cima da Hora 1976)
O último da seleção, por sua vez, é também considerado por especialistas uma canção carnavalesca memorável, das melhores já criadas na história. Fala da realidade dos sertanejos nordestinos, e das dificuldades da vida na região árida do interior da Bahia. No entanto, no ano em que apresentou o aclamado samba de Edeor de Paula, a escola Em Cima da Hora terminou na penúltima colocação, com o 13º lugar. Mesmo com um samba premiado, a escola foi rebaixada.
Domingo (União da Ilha 1977)
Criado por Waldyr da Vala, Aurinho da Ilha, Ione do Nascimento e Adhemar de A. Vinhaes, o samba apresenta situações emblemáticas de um típico dia de domingo na cidade maravilhosa. O desfile deu à União da Ilha, que nunca foi campeã do Grupo Especial, o terceiro lugar no campeonato de 1977. O samba tornou-se um dos maiores sucessos da escola, sendo regravado por Emílio Santiago.
Ziriguidum (Mocidade 2001)
O enredo que a Mocidade Independente de Padre Miguel levou para a avenida em 1985 foi escolhido como o melhor enredo de todos os tempos da escola carioca! O enredo o compositor Gibi proporcionou um desfile histórico. A materialização deste carnaval fez abalar vários paradigmas estabelecidos até então nos desfiles de escolas de samba, como ver alas clássicas como a das baianas e bateria, travestidos com fantasias fantasmagóricas carregadas de indumentárias esquisitas como capacetes e asas.
Kizomba, Festa de uma Raça (Vila Isabel 1988)
Ratos e urubus, larguem a minha fantasia(Beija Flor 1989)
Foi em 1989 que pelas mãos de Joãosinho Trinta o carnaval carioca ouviu o célebre enredo “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia” que a Beija-Flor de Nilópolis levava para a Marquês de Sapucaí. Tempos em que a linguagem de carnaval de escola de samba se pretendia ainda como forma artística de preservação da memória histórica do país e servia até de crítica social. Os mendigos de Joãosinho levados para a avenida naquele desfile denunciavam o abismo entre ricos e pobres, as desigualdades latentes do Brasil recém-democratizado.
1.Cântico à Natureza (Mangueira 1955)
2.Aquarela brasileira (Império Serrano 1964)
3. Império Serrano - Heróis da Liberdade (1969)
4. Em Cima da Hora - Os Sertões (1976)
5. Salgueiro - Chica da Silva (1963)
6. Imperatriz - Liberdade, Liberdade, Abras as Asas Sobre Nós (1989)
7. Império Serrano - Os Cinco Bailes da História do Rio (1965)
8. Mangueira - Cântico à Natureza (1955)
9. Viradouro - Orfeu, o Negro do Carnaval (1998)
10. Portela - Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de uma Noite (1981)
11.Porto da Pedra - No Reino da Folia, Cada Louco com a sua Mania (1997)
12. Portela - O Mundo Melhor de Pixinguinha (1974)
13. Imperatriz - O Teu Cabelo não nega, Só dá Lalá (1981)
14. Beija-Flor - Bidu Sayão e o Canto de Cristal (1995)
15. Estácio de Sá - Langsdorff é Delírio da Sapucaí (1990)
16. Mangueira - Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira têm (1986)
17. Unidos da Tijuca - O Dono da Terra (1999)
18. Beija-Flor - A Criação do Mundo na Tradição Nagô (1978)
19. Salgueiro - Festa para um Rei Negro (1971)
20. Vila Isabel - Kizomba, Festa da Raça (1988)
21. São Clemente - Capitães do Asfalto (1987)
22. Caprichosos de Pilares - Eu Prometo (1987)
23. Caprichosos de Pilares - E Por Falar em Saudade (1985)
24. Mangueira - Brazil com Z é Cabra da Peste...(2002)
25. União da Ilha - Festa Profana (1989)
26. Portela - Gosto que me Enrosco (1995)
27. Império Serrano - Bum Bum Paticumbum Prugurundum (1982)
28. União da Ilha do Governador - É Hoje (1982)
29. Unidos de Lucas - Sublime Pergaminho (1968)
30. Mocidade - Sonhar Não Custa Nada, Ou Quase Nada (1992)
31. Tupy de Brás de Pina - Seca do Nordeste (1961)
32. Salgueiro - Peguei um Ita no Norte (1993)
33. Vila Isabel - Sonho de um Sonho (1980)
34. Mocidade - Tupinicópolis (1987)
1988– Promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil
Todas as Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro entraram na avenida com o mesmo enredo: os cem anos da abolição da escravatura. O que mudou depois que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea?
O samba-enredo da Mangueira trazia o refrão:
"livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela." A Portela, Escola com o maior número de títulos da história do carnaval carioca (21, apesar de nunca ter ganhado nenhum após a inauguração do sambódromo, em 1984), defendeu osamba-enredo "Memórias do Vice-Rei": "Briga! Eu quero Briga! Hoje venho reclamar! O que tem o que há? Essa praça ainda é minha, eu também estou fominha"...A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel se consagrou campeão do carnaval Carioca naquele ano, com o enredo Kizomba – a festa da raça: "essa kizomba é nossa constituição."
A forte repercussão do desfile de1988 tornou-se um ícone e um marco na cultura brasileira, refletindo no fortalecimento do movimento negro, na criação de Leis específicas de inclusão social e na repercussão nacional da tipificação do crime de racismo. Segundo a CF deste ano, imprescritível e inafiançável.
Em 1989, A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel defende o enredo "Direito é Direito", alcançando o 4º lugar na apuração final do grupo especial. A comissão de frente, formada por mulheres grávidas, representavam o bem jurídico mais tutelado pelo direito: o direito à vida. A fantasia da primeira ala, formada por crianças da comunidade, traziam a espada e a balança, os símbolos da justiça e do direito.
O Samba enredo trazia o refrão:
"Direito é direito
Está na declaração
A humanidade
É quem tem razão."
A composição trazia
as seguintes ressalvas:
"A Declaração Universal
Não é um sonho,
temos que fazer cumprir
A justiça é cega,
mas enxerga quando quer
Já está na hora de
assumir"
Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA..."livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela." A Portela, Escola com o maior número de títulos da história do carnaval carioca (21, apesar de nunca ter ganhado nenhum após a inauguração do sambódromo, em 1984), defendeu osamba-enredo "Memórias do Vice-Rei": "Briga! Eu quero Briga! Hoje venho reclamar! O que tem o que há? Essa praça ainda é minha, eu também estou fominha"...A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel se consagrou campeão do carnaval Carioca naquele ano, com o enredo Kizomba – a festa da raça: "essa kizomba é nossa constituição."
A forte repercussão do desfile de1988 tornou-se um ícone e um marco na cultura brasileira, refletindo no fortalecimento do movimento negro, na criação de Leis específicas de inclusão social e na repercussão nacional da tipificação do crime de racismo. Segundo a CF deste ano, imprescritível e inafiançável.
Em 1989, A Escola de Samba Unidos de Vila Isabel defende o enredo "Direito é Direito", alcançando o 4º lugar na apuração final do grupo especial. A comissão de frente, formada por mulheres grávidas, representavam o bem jurídico mais tutelado pelo direito: o direito à vida. A fantasia da primeira ala, formada por crianças da comunidade, traziam a espada e a balança, os símbolos da justiça e do direito.
O Samba enredo trazia o refrão:
"Direito é direito
Está na declaração
A humanidade
É quem tem razão."
A composição trazia
as seguintes ressalvas:
"A Declaração Universal
Não é um sonho,
temos que fazer cumprir
A justiça é cega,
mas enxerga quando quer
Já está na hora de
assumir"
Um afro abraço.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:www.territorioeldorado.limao.com.br/Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário