UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Que estamos Nossa Crianças: Trabalho Infantil parte II.

Desde o início da colonização, as escolas jesuíticas eram escarças e para alguns. As crianças indígenas tinham algum acesso a elas, o mesmo não aconteceu com as crianças negras, embora saibamos que alguns escravos aprendiam a ler e escrever com os padres. O ensino público só foi instalado, e muito precário, durante o governo do Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII. Os cuidados com a evasão, com o ensino da religião cristã, e “obrigações civis” ou dos chamados “Estudos Maiores” não cobriam, contudo, as necessidades de uma parcela que não era conciderada importante da população: aquela constituída de filhos de forros. Nos documentos, nem uma palavra sobre a educação de crianças negras ou de filhos de escravos, salvo a religiosa que, segundo o jesuíta Antonil, era obrigatória. Essa obrigatoriedade acabou empurrando o catolicismo para dentro dos rituais de candomblé afro-banto: “O kêrêkêrê – relampejou! Pelo Cálice e pela Hóstia! Noé, Noé, Sua barca é-vem! É-vem cheia de caboco, completa ou sozinha sem mais ninguém!” No século XIX, a unica auternativa para os filhos dos pobres não seria a educação, mas a sua transformação em cidadãos úteis e produtivos na lavoura, enquanto os filhos de uma pequena elite eram ensinados por professores particulares. Reclamada desde 1824, e criada em 1856 para atender às necessidades de uma população livre e vacinada, a escola pública proibia seus assentos às crianças escravas. Às pobres, provavelmente mestiças e negras, reservava espaço quando se tratavam daquelas que demonstravam “acentuada distinção e capacidade”. Examinando relatórios de mestres, lecionando em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, no final do século XIX, Alessandra Martinez de Schueler6 demonstra que, segundo esses, uma parcela diminuta de alunos era constituída por libertos “pretos”, além de um “número pequeno de cor parda”. A desigualdade social e racial inscrevia-se, portanto, nas origens do ensino público que não era para todos. Mas para alguns.
Para as crianças libertas com a Lei do Ventre Livre (28/09/1871), sobrou a perspectiva do ensino profissionalizante. Institutos privados, na sua maior parte de origem religiosa, como o do Sagrado Coração de Jesus ou o abrigo Santa Maria em São Paulo, recolhiam crianças pobres e davam-lhes um mínimo de preparo prático para ofícios manuais5. Schueler lembra ainda, num dos seus artigos, que a mesma lei previa que a educação dos “ingênuos” (termo que designava crianças de até 5 anos) fosse entregue ao governo pelos senhores. A instrução primária e o encaminhamento dos filhos livres das escravas para os ofícios manuais foram projetados no texto legal. Quando das grandes reformas urbanas que atingiram as capitais dos Estados, no final do século XIX, vozes como as de Cândido Motta, Moncorvo Filho e Bush Varella, juristas e médicos, imprecavam contra a presença crescente de crianças nas ruas – as negras eram maioria –, exigindo solução para estancar a circulação desses “desgraçados, sem teto, sem lar, sem educação, sem instrução e sem ordem”. Na República, recém-proclamada e que ostentava na bandeira o lema “Ordem e Progresso”, a infância negra prometia desordem e atraso. Na capital, Rio de Janeiro, pequenos mendigos, indigentes e vadios faziam da Praça XV, do Arco do Telles e das portas de igrejas o seu ponto de apoio.6 Quarenta anos depois, o Estado Novo criava, em 1941, o Serviço de Atendimento ao Menor (SAM), sistema que ajudou a criminalizar definitivamente o menor de rua7. No primeiro quartel do século XX, a população de crianças carentes tinha que defrontar-se com um binômio imposto pela sociedade burguesa: lazer versus trabalho e honestidade versus crime. Normalmente foram associadas ao trabalho e, na ausência deste, ao crime. Os rostos de crianças negras são os mais freqüentes nas imagens mostradas sobre a Febem.
No final aquele mesmo século, o trabalho infantil continua, contudo, sendo visto, pelas camadas subalternas, como “a melhor escola”. Pais pobres, com renda inferior a meio salário mínimo, exigem que seus filhos trabalhem para incrementar os rendimentos do grupo familiar. “O trabalho – explica uma mãe pobre – é uma distração para a criança. Se não estiverem trabalhando, vão inventar moda, fazer o que não presta. A criança deve trabalhar cedo.” E, pior, hoje, afogados pelo trabalho, quase 60% desses pequenos trabalhadores, no Nordeste, são analfabetos e entre eles a taxa de evasão escolar chega a 24%. No sul do País o cenário não é muito diferente. Trabalhando em lavouras domésticas ou na monocultura, as crianças interrompem seus estudos na época da colheita, demonstrando que estar inscrito numa escola primária não significa poder freqüentá-la plenamente. Assim, o trabalho, como forma de complementação salarial para famílias pobres ou miseráveis, sempre foi priorizado em detrimento da formação escolar. Nesse quadro, a criança negra e analfabeta tornava-se uma espécie de testemunha muda, silenciosa, de seu tempo. Quanto à evolução da intimidade, sabemos o quanto ela sempre foi precária entre nós. Os lares mono-parentais; a mestiçagem; a pobreza material e arquitetônica, que traduzia-se em espaços onde misturavam-se, indistintamente, crianças e adultos de todas as condições; a presença de escravos, forros e libertos; a forte migração interna, capaz de alterar os equilíbrios familiares; a proliferação de cortiços, no século XIX, e de favelas, no XX, são fatores que alteravam a noção de que se pudesse ter no Brasil, até bem recentemente, privacidade, tal como ela foi concebida pela Europa urbana, burguesa e iluminista. A noção de privacidade para escravos é ainda mais complexa de ser pensada. Ela não passa pela constituição de espaços de intimidade. Passa, sim, por seu corpo. Seu território privado é o “eu”, espécie de bolha irregular e protetora, mais ou menos desenvolvida de acordo com a sua condição na sociedade. Na busca de interação ou em atitudes de rejeição, o território do eu permitia marcar um certo espaço ou violar o dos outros. A intimidade de mães e filhos, por exemplo, elaborava-se não em casa, mas na rua. Nos relatos de viajantes, demonstra Kátia Q. Mattoso,11 crioulinhos e pardinhos acompanham suas mães nas tarefas do cotidiano. Quando, muito novos para correrem pelos caminhos e pelas vias públicas, iam arrimados nas costas de suas mães, envolvidos por panos coloridos. A proximidade do seio materno, do dialeto no qual as mulheres se comunicavam, os adornos de coral e os balangandãs que usavam contra forças maléficas e até a forma como penteavam seus cabelos e o de suas crias faziam parte desse território do eu, dividido, no aconchego do colo, entre mãe e filho.
A passagem da alimentação mista para a semi-sólida operava-se com infinita precaução, não percebida, todavia, pelos viajantes estrangeiros. A técnica de pré-digestão de alimentos embebidos na saliva materna significava muito mais um cuidado do que falta de higiene. Na tradição africana, era comum a mastigação de sólidos e a passagem destes, em forma de bolo cremoso, para a boquinha dos pequenos. Era habitual, também, dar de comer aos pequenos pirão de leite ou farinha seca com açúcar bruto, de manhã, leite com jerimum ou escaldado de carne no almoço. O prato de resistência era o feijão cozido, servido com farinha ou machucado à mão. Leite de cabra era considerado fortificante. Para se comunicar, as mães negras criaram uma linguagem que em muito colaborou para enternecer as relações entre o mundo infantil e o mundo adulto. Reduplicando as sílabas tônicas, pronunciavam com especial encanto: dodói, cacá, pipi, bumbum, tentém, dindinho, bimbinha. Para adormecê-los, contavam-lhes estórias de negros velhos africanos, papa-figos, boitatás e cabras-cabriolas. A cultura africana inundou o imaginário infantil com assombrações como o mão-de-cabelo, o quibungo, o xibamba.
Não poderíamos, tampouco, incorporar as teses de um epígono americano de Ariès, Lloyd de Mause, para quem a história dos pequenos seria apenas um catálogo de barbáries, maus-tratos e horrores. No que diz respeito à História do Brasil, encontramos, de fato, passagens de terrível sofrimento e violência. Mas não só. Os testamentos feitos por jovens mães, negras livres, escravas ou forras, no século XVIII, não escondem a preocupação com o destino de seus “filhinhos do coração”. Os viajantes estrangeiros não cessaram de descrever o demasiado zelo com que, numa sociedade pobre e escravista, os adultos tratavam as crianças. Hoje seculo XXI e nossas crianças: O trabalho infantil no Brasil ainda é um grande problema social. Milhares de crianças ainda deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica ou casas de família, muitos deles sem receber remuneração alguma. Hoje em dia, em torno de 4,8 milhões de crianças de adolescentes entre 5 e 17 anos estão trabalhando no Brasil, segundo PNAD 2007. Desse total, 1,2 milhão estão na faixa entre 5 e 13 anos. A maioria dos problemas políticos, sociais e econômicos enfrentados pela sociedade contemporânea são fruto do pensamento capitalista, que estimula a produção de riqueza por pessoas que são impedidas de usufruírem-na. Pior ainda quando se fala em trabalhadores infantis, que são milhões ao redor do mundo. O trabalho infantil não é um fenômeno recente no Brasil. Desde o início da colonização, as crianças negras e indígenas eram submetidas ao trabalho. Com a revolução industrial no final do século XIX, novas formas de divisão do trabalho facilitaram a inclusão da mão-de-obra infantil a custos mais baixos, principalmente na indústria têxtil. A partir do século XX, a urbanização promoveu uma ampliação ainda maior nos ramos de atividade para as crianças.
Atualmente, estima-se que há mais de 350 milhões de crianças e adolescentes menores de 18 anos economicamente ativos no mundo e cerca de 5 milhões no Brasil, empregados em atividades mal-remuneradas ou submetidos ao trabalho escravo. As principais causas do trabalho infantil no país são: a excessiva concentração de renda, a precarização das relações trabalhistas e o papel que a sociedade atribui ao trabalho, vendo-o muitas vezes de forma tolerável e, às vezes, desejável. O percentual de “pequenos trabalhadores” na zona rural é maior que nos centros urbanos. Nos canaviais, na cultura do sisal ou nas plantações de fumo, crianças e jovens se expõem ao manejo de ferramentas cortantes e tóxicas, colocando em risco sua própria saúde. Na zona urbana, boa parte das crianças está empregada no setor informal, seja vendendo produtos nos semáforos, engraxando sapatos ou se prostituindo em estradas, boates e casas de show, influenciadas muitas vezes pelos próprios pais. Portanto, embora o trabalho de menores seja usado como estratégia de sobrevivência à fome, à miséria e à marginalidade, ele aprofunda a desigualdade social e prejudica o desenvolvimento físico, psicológico e social na infância. Criança que trabalha não estuda bem, não vive bem. Trabalho infantil não é solução. É problema para a criança e para a sociedade. Perfil do trabalho infantil no Brasil Como já era de se esperar, o trabalho infantil ainda é predominantemente agrícola. Cerca de 36,5% das crianças estão em granjas, sítios e fazendas, 24,5% em lojas e fábricas. No Nordeste, 46,5% aparecem trabalhando em fazendas e sítios. A Constituição Brasileira de 1988 diz: menores de 16 anos são proibidos de trabalhar, exceto como aprendizes e somente a partir dos 14. Não é o que vemos na televisão. Há dois pesos e duas medidas. Achamos um absurdo ver a exploração de crianças trabalhando nas lavouras de cana, carvoarias, quebrando pedras, deixando sequelas nessas vítimas indefesas, mas costumamos aplaudir crianças e bebês que tornam-se estrelas mirins em novelas, apresentações e comerciais. A UNICEF declarou no Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de junho) que os esforços para acabar com o trabalho infantil não serão bem sucedidos sem um trabalho conjunto para combater o tráfico de crianças e mulheres no interior dos países e entre fronteiras. No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, a UNICEF disse/referiu com base em estimativas que o tráfico de Seres humanos começa a aproximar-se do tráfico ilícito de armas e drogas.
Longe de casa ou num país estrangeiro, as crianças traficadas – desorientadas, sem documentos e excluídas de um ambiente que as proteja minimamente – podem ser obrigadas a entrar na prostituição, na servidão doméstica, no casamento precoce e contra a sua vontade, ou em trabalhos perigosos. Embora não haja dados precisos sobre o tráfico de crianças, estima-se que haverá cerca de 1.2 milhões de crianças traficadas por ano. A divisão da sociedade, velha divisão dos tempos da escravidão entre os que possuem e os que nada têm, só fez agravar a situação dos nossos pequenos.Por fim, parece-nos evidente que querer conhecer mais sobre a trajetória histórica dos comportamentos, das formas de ser e de pensar em relação às nossas crianças negras é também uma forma de amá-las, todas e indistintamente, melhor. Se liga Brasil nosso espelho reflete a sociedade que construimos. Um afro abraço. fonte:http://br.guiainfantil.com/direitos-das-criancas/

Nossos Herois, nossa historia: Laceiros Negros

"Eu vi batalhas mais disputadas, mas nunca vi em nenhuma parte homens mais valentes nem cavaleiros mais brilhantes que os da cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das gentes”.
Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Estendeu-se de 20 de setembro de 1835 a 1° de março de 1845 A revolução, de caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época. Inspirou-se na recém findada guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: general Bento Gonçalves, general Neto, coronel Onofre Pires, coronel Lucas de Oliveira, deputado Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, general Davi Canabarro, coronel Corte Real, coronel Teixeira Nunes, coronel Domingos de Almeida, major Vicente Ferrer de Almeida,coronel Domingos Crescêncio de Carvalho, general José Mariano de Mattos, general Gomes Jardim , além de receber inspiração ideológica de italianos da Carbonária refugiados, como o cientista e tenente Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além do capitão Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.
Mesmo na historiografia e na literatura produzidas no Rio Grande do Sul há distorções que confundem os fatos. Alguns fazem apologia dos heróis e condenam os traidores. Outros tentam desmistificar, mas pouco acrescentam ao conhecimento do contexto, às motivações e conseqüências do movimento dos farrapos. Colocam-se como discussões o caráter separatista ou não do movimento, gerando posições apaixonadas ou constrangedoras para a problemática da identidade regional e nacional. Estudos históricos e produções literárias mais recentes têm sido mais objetivos. O movimento farroupilha rio-grandense fez parte de exigências locais e esteve inserido no jogo das questões nacionais e internacionais típicas da primeira metade do século XIX. Com base nessa historiografia mais recente, pretende-se compreender as relações do movimento farroupilha no contexto brasileiro, platino e do mundo ocidental. Além disso, responder a indagações como: quem fez e por que fez a guerra? Quais os interesses em jogo na eclosão e duração do movimento? De que forma foi realizada a paz e por que ela apresenta um certo espírito de "comemoração" entre os legalistas e insurretos? Finalmente, criticar as reivindicações dos farrapos a partir da constatação dos limites da pecuária rio-grandense
Lanceiros Negros é o nome dado a dois corpos de lanceiros constituídos, basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense que lutaram na Revolução Farroupilha. Possuíam 8 companhias de 51 homens cada, totalizando 426 lanceiros . Tornou-se célebre o 1.º Corpo de Lanceiros Negros organizado e instruído, inicialmente, pelo Coronel Joaquim Pedro, antigo capitão do Exército Imperial, que participara da Guerra Peninsular e se destacara nas guerras platinas. Ajudou, nesta tarefa, o Major Joaquim Teixeira Nunes, veterano e com ação destacada na Guerra Cisplatina. Este bravo, à frente deste Corpo de Lanceiros Negros, libertos, prestaria relevantes serviços militares à República Rio-Grandense. Foram seus oficiais, entre outros: Coronel Joaquim Pedro Coronel Joaquim Teixeira Nunes Tenente Manuel Alves da Silva Caldeira Capitão Vicente Ferrer de Almeida Capitão Marcos de Azambuja Cidade Primeiro-tenente Antônio José Coritiba
O derradeiro combate Em 28 de novembro de 1844, Teixeira Nunes e remanescentes de seu legendário Corpo de Lanceiros Negros travaram o último combate da Revolução em terras do Rio Grande do Sul, consta que em terras do atual município de Arroio Grande, berço do Visconde de Mauá. A morte de Teixeira Nunes foi assim comunicada pelo então barão de Caxias, em ofício: Posso assegurar a V. Exa. que o Coronel Teixeira Nunes foi batido no campo de combate, deixando o campo, por espaço de duas léguas, juncando de cadáveres. Eram seguramente cadáveres de Lanceiros negros. Teixeira Nunes foi um dos maiores lanceiros de seu tempo, e como uma ironia do destino teria caido mortalmente ferido por uma lança manejada pelo braço vigoroso do Alferes Manduca Rodrigues. "O único ponto controverso da paz firmada entre Caxias e farroupilhas, a liberdade dos escravos que lutaram com os rebeldes, foi resolvido de forma pragmática e cruel: o batalhão dos chamaos Lanceiros Negros, desarmado por seu comandante, Davi Canabarro, foi massacrado em novembro de 1844, em Porongos." (Eduardo Bueno, História do Brasil, 1997.) A LiberdadeDos Lanceiros Negros restaram mais de 120, que após a paz de Ponche Verde foram mandados incorporar pelo Barão de Caxias aos três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na Província. O Império manteve suas liberdades na cláusula IV da Paz de Ponche Verde. São livres e como tais reconhecidos todos os cativos que serviram à República. Cláusula respeitada por conta e risco pelo Barão de Caxias contrariando determinação superior de os recolher como escravos estatais para a Fazenda de Santa Cruz no Rio de Janeiro . Caxias usou o seguinte expediente para não os enviar para o Rio. Considerou que eles haviam se apresentado livremente. E a seguir os libertou e os incorporou as três unidades de Cavalaria Ligeira do Exército Imperial no Rio Grande .E em Ponche Verde em D. Pedrito foram acolhidos pelos coronéis Manuel Marques de Sousa e Manuel Luís Osório comandantes de duas unidades de Cavalaria. Dentre em breve iriam lutar na Guerra contra Oribe e Rosas, pela Integridade e Soberania brasileiras no Sul, ameaçadas por caudilhos platinos. Segundo-tenente Caetano Gonçalves da Silva (filho de Bento Gonçalves) Segundo-tenente Ezequiel Antônio da Silva Segundo-tenente Antônio José Pereira Resultados do Movimento Por dez anos, a guerra civil prejudicou o setor pecuarista. As perdas foram muito maiores do que os lucros políticos e econômicos do movimento. Os pecuaristas saíram mais endividados junto aos comerciantes e banqueiros. Propriedades rurais, gado e escravos foram perdidos e tornou-se muito difícil repô-los posteriormente. A paz honrosa de Poncho Verde, em 1845, acomodou as crescentes dificuldades dos farrapos, pois não interessava ao governo monárquico reprimir uma elite econômica. Aos oficiais do Exército farroupilha foram oferecidas possibilidades de se incorporarem aos quadros do Exército nacional. Líderes presos foram libertados e a anistia foi geral e imediata. Antes e depois da Guerra dos Farrapos, os rio-grandenses lutaram contra os platinos, defendendo militarmente os interesses da coroa portuguesa e, a partir de 7 de setembro de 1822, os da corte brasileira. Ou seja, interessava ao governo do Rio de Janeiro assinar o acordo de Poncho Verde porque a política externa brasileira ainda necessitaria dos serviços militares (sempre disponíveis) da Guarda Nacional formada por estancieiros e peões rio-grandenses. Quanto à política tarifária, medidas sem expressividade e pouco duradouras tentaram transparecer um melhor tratamento dado ao produto nacional. A estrutura produtiva ultrapassada (baseada na escravidão) não foi alvo de preocupações.
A sensação que existe hoje, passado um século e meio, é a de que as motivações daquele movimento não foram superadas. Por um lado, o Rio Grande do Sul continua em situação de mando político dependente, com uma economia pouco beneficiada no processo de acumulação capitalista que se reproduz no Brasil. Por outro, o Rio Grande do Sul não consegue "enxergar o próprio umbigo" e compreender que suas dificuldades resultam da forma como tem sido realiada sua inserção como sócio menor no sistema capitalista brasileiro. Expressando-se de forma figurativa, o Rio Grande do Sul continua produzindo e vendendo charque, subsidiando (perifericamente) o funcionamento do mercado exportador brasileiro e sem cacife no processo político-decisório nacional. fonte:www.paginadogaucho.com.br/hist/revfarr.htm/www6.ufrgs.br/ensinodareportagem/cidades/lanceirosnegros.html/UNEGRO-RGS

quarta-feira, 30 de maio de 2012

"Nossa Poesias"

Sou Negro porque encaro minhas origens Negro
Não precisa ter cor, nem raça, nem etnia. É preciso amar É preciso respeitar Não sou negro porque minha pele é negra Não sou negro porque tenho cabelo embolado de “pixain” Não sou negro porque danço a capoeira Não sou negro porque vivo África Não sou negro porque canto reggae. No sou negro porque tenho o candomblé como minha religião Não sou negro porque tenho Zumbi como um dos mártires da nossa raça. Não sou negro porque grito por liberdade Não sou negro porque declamo Navio Negreiro Não sou negro porque gosto das músicas de Edson Gomes, Margareth Menezes ou Cidade Negra. Não sou negro porque venho do gueto. Não sou negro porque defendo as ideias e Nelson Mandela Não sou negro porque conheço os rituais afro. Sou negro porque sou filho da natureza Tenho o direito de ser livre. Sou negro porque sei encarar e reconhecer as minhas origens. Sou negro porque sou cidadão. Porque sou gente. Sou negro porque sou lágrimas Sou negro porque sou água e pedra. Sou negro porque amo e sou amado Sou negro porque sou palco, mas também sou plateia. Sou negro porque meu coração se aperta Desperta, Deseja, Peleja por liberdade. Sou negro na igualdade do ser Para o bem à nossa nação. Porque acredito no valor de ser livre Porque acredito na força do meu sangue numa canção que jamais será calada. Sou negro porque a minha energia vem do meu coração. E a minha alma jamais se entrega não. Sou negro porque a noite sempre virá antecedendo o alvorecer de um novo dia. Acreditando num povo afro-descendente que ACORDA, LEVANTA E LUTA. Por:Genivaldo Pereira dos Santos Floresta Azul - BA. Um afro abraço.

Um Olhar Racial na Política Brasileira...

Visões raciais, mudança de regime e política partidária
Através dos anos as elites políticas têm tido visões raciais explícitas. No primeiro período, a visão dominante pode ser descrita como abertamente racista (Skidmore 1993b; Schwarcz 1993), chegando mesmo a haver uma preocupação generalizada de que a população do Brasil fosse muito negra ou escura, o que contribuiu para a negligência da população recentemente liberta e a motivação para importar trabalhadores imigrantes, mais claros e melhores. O embranquecimento, assim, tornou-se a política não oficial daqueles que acreditavam na superioridade branca e na inferioridade negra, explícita no estado de São Paulo, que recebeu a maior parte dos imigrantes europeus do país durante esse período (Andrews 1991: 54-89). Os negros eram vistos como física e intelectualmente inferiores aos brancos . A política nacional brasileira pós-abolição da escravatura pode ser dividida basicamente em cinco períodos: o período republicano inicial dominado pela oligarquia constitucional (1889-1930); a revolução de 1930 e o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-45); o período de competição política (1945-64); o autoritarismo militar (1964-85); e finalmente o período de (re)democratização, de 1985 até hoje. Uma das características mais notáveis dessa história de mais de cem anos é sua natureza elitista. Como salientado pela senadora Benedita da Silva na epígrafe e em sua autobiografia (Silva et al 1997: 61), a maioria dos líderes brasileiros são homens originários dos setores brancos, abastados e privilegiados da sociedade (Conniff & McCann 1989; Lamounier 1989; e Roett 1992), enquanto muitos pobres e negros têm sido impedidos de participar da política em função do pré-requisito da alfabetização eleitores e outros mecanismos de controle da elite (Love 1970; Leal 1986).
O congresso: o Congresso brasileiro esta representado quanto ao âmbito racial . O seu argumento principal consiste de duas afirmações: "os afro-brasileiros estão dramaticamente sub-representados no Congresso em relação a sua proporção na população geral. Ao verificar-mos a atividade política, as legislaturas e os políticos eleitos, os estudiosos fazem uma distinção entre dois tipos não mutuamente excludentes de representação: a descritiva e a substantiva. Na primeira, os representantes compartilha nas características sociais ou demográficas dos representados (Mansbridge 1996; Pitkin1967: 60-90); na segunda, buscam estabelecer políticas favoráveis aos interesses daqueles que representam (Swain 1993: 5; Lublin 1997:12). Na perspectiva desses autores, a representação substantiva pode ser atingida sem a descritiva.Vários eventos enfatizaram, nos anos 1980 e 1990, a sobre-representação de brancos e a sub-representação de negros na política brasileira.
Abdias Nascimento: O saudoso Abdias do Nascimento tornou-se o primeiro deputado federal (e mais tarde senador)negro a estabelecer uma defesa consistente e explícita da população afro-brasileiradentro do Congresso Nacional; Benedita da Silva tornou-se a primeira mulher negracom mandato de deputada federal e posteriormente senadora; o deputado Paulo Paim propôs uma legislação que reivindicava a reparação para os descendentes de escravos;Edmilsom Valentim;Celso Pitta tornou-se o primeiro prefeito negro de São Paulo, a maior cidade brasileira e uma das mais populosas do mundo( mais teve uma atuação ruim no cargo, o que teve um peso negativo mesmo sua trajetoria politica não tendo vinculação com o mov. negro);e políticos afro-brasileiros como Alceu Collares,João Alves e Albuíno Azeredo exerceram mandatos como governadores. Através dessasvitórias eleitorais, atividades políticas ou apoio a políticas públicas com conteúdo racial específico, esses políticos negros de presença nacional têm acentuado questão da representação racial. Nossa Constituição de 1988 delineou a estrutura formal institucional atual. Os membros da Câmara dos Deputados são eleitos em cada estado para um mandato de quatro anos, utilizando-se um sistema de representação proporcional de lista aberta. Todo o estado funciona como um distrito eleitoral; o Brasil não tem o sistema de distritos legislativos intra-estaduais que, nos Estados Unidos, tem sido tão importante para a eleição de negros para a House of representatives (Swain 1993; Lublin 1997). O número total de deputados (513, aproximadamente) deve ser proporcional à população, não tendo nenhum estado menos de oito ou mais de setenta deputados. Cada estado também elege, pelo voto majoritário, três senadores, cujos mandatos duram oito anos. Com 27 estados (incluindo o Distrito Federal), o Brasil tem portanto 81 senadores se eu não me engano. A maioria dos estudos sobre a política brasileira geralmente ignora ou diminui o peso da questão racial, em função de dois fatores principais. Primeiro, argumenta-se que asociedade brasileira não é organizada de uma maneira racial rígida, e portanto a raçanão é uma clivagem relevante, que possa provocar conflitos, violência ou algum tipo dedistúrbio da vida política (movimentos de massa ou revoltas). Segundo, alguns analistas alegam que os brasileiros não possuem forte consciência racial, econseqüentemente não se comportam racialmente em formas politicamente relevantes(isto é, votando de acordo com a linha racial ou recorrendo à discriminação racial) .
Os parlamentares negros do Congresso têm tentado introduzir algumas importantes mudanças na política brasileira. Políticos negros encorajam atores políticos brancos e o público mais amplo a confrontar o racismo e a desigualdade racial, e se organizam formal e informalmente dentro dos partidos políticos e instituições governamentais, buscando políticas públicas que levem em conta o fator racial, além de advogar um novo e mais proeminente papel para os negros na política e na sociedade brasileira. "Há um estereótipo sobre quem pode ser inteligente e competente, quem pode exercer o poder. No Brasil, são homens brancos e ricos que representam a face do poder." Benedita da Silva Deputada Federal. Um afro abraço. fonte:desafios2.ipea.gov.br/www.scielo.br/

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Dia 28 de Maio: Reflexão sobre Homoafetividade...

Preconceito sexual ou racial...
Preconceito (prefixo pré- e conceito) é um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, "racial" e "sexual". De modo geral, das o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, chamada "estereótipo". Exemplos: "todos os alemães são prepotentes", ou "todos os ingleses são frios". Observar características comuns a grupos são consideradas preconceituosas quando entrarem para o campo da agressividade ou da discriminação, caso contrário reparar em características sociais, culturais ou mesmo de ordem física por si só não representam preconceito, elas podem estar denotando apenas costumes, modos de determinados grupos ou mesmo a aparência de povos de determinadas regiões, pura e simplesmente como forma ilustrativa ou educativa. Os sentimentos negativos em relação a um grupo fundamentam a questão afetiva do preconceito, e as ações, o fator comportamental. Segundo Max Weber (1864-1920), o indivíduo é responsável pelas ações que toma. Uma atitude hostil, negativa ou agressiva em relação a um determinado grupo, pode ser classificada como preconceito. Grime de odio:
Os crimes de ódio (do inglês hate crime), também chamados de crimes motivados pelo preconceito, são crimes cometidos quando o criminoso seleciona intencionalmente a sua vítima em função de esta pertencer a um certo grupo. As razões mais comuns são o ódio contra a vítima em razão de sua raça, religião, orientação sexual, espécie, deficiência física ou mental, etnia ou nacionalidade.[2] Outras razões podem incluir, por exemplo, a idade da vítima, seu sexo (gênero) ou sua identidade sexual. Para um homem gay branco vivenciar sua homossexualidade no ano de 2003 do século 21 é tremendamente difícil. Imaginemos então um homem gay e negro vivenciando sua orientação sexual nestes tempos que correm? O gay negro sofre na pele – algo visível - a discriminação racial pelo fato de ser negro. Sofre também, muitas vezes silenciosamente, a dor emocional - algo não visível – de ter a orientação sexual homossexual. Ele é duplamente discriminado pela sociedade, por que tem a pele negra e por ser homossexual. O pior é que freqüentemente o gay negro é vítima também da discriminação racial que parte do seu “irmão” de orientação sexual, o homem gay de pele branca. 28 de Maio. Orgulho gay ou orgulho LGBT é o conceito segundo o qual gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais (LGBT) devem ter orgulho da sua orientação sexual e identidade de género. O movimento tem três premissas principais: que as pessoas devem ter orgulho da sua orientação sexual e identidade de género; que a diversidade é uma dádiva; e que a orientação sexual e a identidade de género são inerentes ao indivíduo e não podem ser intencionalmente alteradas. A palavra orgulho é usada neste caso como um antónimo de vergonha, que foi usada ao longo da história para controlar e oprimir indivíduos LGBT. Orgulho neste sentido é uma afirmação de cada indivíduo e da comunidade como um todo. O moderno movimento de orgulho gay começou após a Rebelião de Stonewall em 1969, quando homossexuais em bares locais enfrentaram a polícia de Nova Iorque durante uma rusga inconstitucional. Apesar de ter sido uma situação violenta, deu à comunidade até então underground o primeiro sentido de orgulho comum num incidente muito publicitado. A partir da parada anual que comemorava o aniversário da Rebelião de Stonewall, nasceu um movimento popular nacional, e atualmente muitos países em todo o mundo celebram o orgulho LGBT. O movimento vem promovendo a causa dos direitos LGBT pressionando políticos, registando votantes e aumentando a visibilidade para educar sobre questões importantes para a comunidade LGBT. O movimento de orgulho LGBT defende o reconhecimento de iguais "direitos e benefícios" para indivíduos LGBT.
Os símbolos do orgulho LGBT incluem a bandeira arco-íris, a borboleta, a letra grega lambda e o triângulo rosa, assim como os triângulos pretos, reclamados do seu antigo uso. Se liga: O Projeto de Lei da Câmara n.º 122/06 visa criminalizar a discriminação motivada unicamente na orientação sexual ou na identidade de gênero da pessoa discriminada. Se aprovado, irá alterar a Lei de Racismo para incluir tais discriminações no conceito legal de racismo – que abrange, atualmente, a discriminação por cor de pele, etnia, origem nacional ou religião. A discriminação por orientação sexual é aquela cometida contra homossexuais, bissexuais ou heterossexuais unicamente por conta de sua homossexualidade, bissexualidade ou heterossexualidade, respectivamente. A discriminação por identidade de gênero é aquela cometida contra transexuais e não-transexuais unicamente por conta de serem ou não transexuais (respectivamente). Porque a sociedade brasileira precisa ser conscientizada de que não há um “direito” de discriminar alguém pelo simples fato de ter determinada orientação sexual ou identidade de gênero. O projeto torna-se necessário porque a sociedade brasileira aparenta considerar que a homofobia não é crime e que tem o “direito” de discriminar LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). Os violentos ataques contra LGBTs em São Paulo e no Rio de Janeiro, no final de 2010, deixam isso evidente. Assim, o PLC n.º 122/06 terá, inicialmente, um importante efeito simbólico: declarar à sociedade que o Estado Brasileiro não tolera a discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero, concretizando legislativamente a promessa constitucional de uma sociedade livre, justa e solidária que condena discriminações preconceituosas de qualquer espécie (art. 3º, inc. IV, da CF/88).
"Percebemos infelismente que o preconceito ainda é um aspecto que vulnerabiliza esse segmento,duplicado pela cor da pele" Um afro abraço. fonte:www.plc122.com.br/entenda-plc122/Wikipédia, a enciclopédia livre

Movimento Negro em Paty de Alferes movimenta a cidade,

NUCLEO DA UNEGRO "Manoel Congo" em Paty de Alferes.
Tema: De volta as Origens A UNEGRO/PATY e amigos do distrito do município de Paty do Alferes, realizou em 26 de Maio no CIEP, da comunidade mais um evento sócio-cultural em homenagem a Manoel Congo, o Herói Nacional, Líder da maior rebelião de escravos do Rio de Janeiro. O acontecimento foi uma iniciativa da propria entidade e moradores o nosso amigoe dirigente da Heron do PT, Sra. Maria José,Flavia dos Santos Carvalho e Lilian Clarimundo da UNEGRO, União de Negros além de toda a direção comandaram a reunião festiva,o musicoGabriel Proença e o Grupo de Capoeira ABADA deu o tom cultural . Dentre a programação que se iniciou as 12:00h, com a finalidade de aproxiar ainda mais a comunidade e moradores de Paty com as ações de fortalecimento do entorno com as dificuldades locais ,o prefeito Rachid esteve presente.
Quem foi? Manoel Congo foi o líder da maior rebelião de escravos que ocorreu na região do vale do Paraíba do Sul, especificamente em Paty do Alferes, no Rio de Janeiro. Morreu enforcado em 6 de setembro de 1839. Locais históricos: A fazenda Freguesia, onde se iniciou a revolta, é atualmente o centro cultural Aldeia de Arcozelo em Paty do Alferes, o maior em área da América Latina. A antiga capela da casa grande foi consagrada à memória dos escravos condenados pela rebelião. Na sua frente estão escritos os nomes de Manoel Congo e dos outros escravos julgados pela revolta, porém os nomes de mais de vinte escravos mortos no combate foram esquecidos pois não foram registrados nos processos penais. O Largo da Forca, onde foi executado Manoel Congo, é o atual Largo da Pedreira em Vassouras. Neste local foi construído, em 1996, o Memorial de Manoel Congo. A luta da UNEGRO/PATY é como pensar formas de trazer recursor para recuperação de todo este patrimonio historico de todos os afro decendentes de nossa cidade e estado lutamos para transformar o municipio de Paty de Alferes num grande polo cultural nacional atravez de "Manoel Congo" e assim mais do que nunca presenvar nosso patrimonio pra as gerações futuRAS.
Um afro abraço. fonte: UNEGRO.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Hoje é o "Dia de África"!

África – 25 de Maio...
Todo ano, o Dia da África proporciona uma oportunidade para reconhecer os êxitos alcançados pelos povos e governos da África e para reafirmar o apoio das Nações Unidas aos seus esforços para construir um futuro melhor... Dia em que é comemorada a fundação, em 1963, da "Organização de Unidade Africana", atualmente conhecida como "União Africana". Tem como objetivo destacar as realizações do Continente Africano e proporcionar uma oportunidade para fazer o balanço dos problemas enormes e urgentes que ainda estão por serem resolvidos. ... Os países do continente vêm conhecendo, paulatinamente, um crescimento econômico sustentado e uma maior estabilidade, mas a crise econômica mundial está provocando graves efeitos na atenção aos países africanos. Por ocasião desta Rio+20, os países membros devem reforçar a proteção aos mais pobres e vulneráveis do continente. A comunidade internacional não pode renegar os seus compromissos. E isso se reflete, também, nas alterações climáticas que surgiram como uma nova ameaça ao desenvolvimento do continente africano. São medidas enérgicas que precisam ser implementadas para reduzir, em grande escala, as emissões de gases que provocam o efeito estufa, para que se evitem as piores consequências. E por que digo isso, neste dia de hoje, no "Seminário Nacional do PCdoB Rumo à Rio+20"?
Porque, no dia em que celebramos o Dia da África, não podemos deixar de mencionar o valor do saber, da cultura, do desenvolvimento econômico e social que foi implementado por nossa gente, com sabedoria milenar para a interação e o maneja da natureza. Essa mesma gente negra que, ainda hoje, sofre as consequências da exclusão de direitos, além de os adeptos das Religiões de Matriz Africana estarem sob a égide da intolerância religiosa que muitas vezes ganham a forma de uma falácia ambiental, quando atacam nossas oferendas aos Deuses e Deusas - Orixás, Inkisses, Voduns - que habitam e falam através da natureza. Saudar o Dia da África, no dia de hoje, é, ao mesmo tempo saudar camaradas presentes neste "Seminário Nacional", entendendo que a luta de trabalhadores e trabalhadoras é o que tem constituído nosso país - de maioria negra -, pela igualdade, solidariedade, rumo ao socialismo.
Por: Giancarlos- miliante da UNEGRO/MRAFRO

CARTA ABERTA SOBRE A SEGURANÇA ALIMENAR E NUTRICIONAL DO POVO NEGRO NO RIO DE JANEIRO PARA A RIO + 20

Os inúmeros representantes de entidades do movimento negro,e a nossa representação no Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional-RJ, através de sua representante nutrinionista Angelita Nascimento, reclama as condições de Insegurança Alimentar do Povo Negro, que desde a colonização, vem carregando a marca da discriminação e falta de acesso aos direitos humanos básicos.
Assim como as demais formas de discriminação, seja de gênero, de caráter homofóbico, preconceito religioso, contra deficientes, entre outros, a Insegurança Alimentar tem consequências desastrosas sob o ponto de vista de inserção e aproveitamento no âmbito do trabalho e da educação principalmente. Estes fatores, inviabilizam a possibilidade de acessabilidade aos alimentos e as demais condições de vida. Apesar das ações afirmativas e conscientização do povo contra o racismo e as demais condições inadequadas, ainda temos casos graves de Insegurança Alimentar que pretendemos denunciar. Nesse ano em junho, acontece a RIO+20, chefes de Estado vem para o Rio de Janeiro discutir a problemática social e ecológica dos povos, sendo assim, se registra em todo o mundo discussões que mantém as minorias e povos ameaçados também unindo para a mobilização contra os fenômenos ocasionados pela Insegurança Alimentar.
Considerando-se os documentos oficiais, como a POFs (Pesquisas de Orçamentos Familiares)2010, cujo o acesso esta no link (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009/POFpublicacao.pdf), disponibiliza informações sobre a composição orçamentária doméstica e sobre as condições de vida da população, incluindo a percepção subjetiva da qualidade de vida, bem como a geração de bases de dados e estudos sobre o perfil nutricional da população, estes estudos estão no link (http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php?conteudo=inquerito_populacional), ENDEF (Estudo Nacional da Despesa Familiar), Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), PNSN de 1989, a PNDS de 1996 - Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/index.php), Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV) e o próprio CENSO de 2010 (http://www.censo2010.ibge.gov.br/amostra/ ), que apontaram para diminuição do padrão de vida como por exemplo a diminuição da escolaridade, aumento de aglomerados subnormais, dentre outros fatores que reforçam o poder retraído da população e sobretudo a população negra.
As políticas de compensação e programas sociais de complementação de renda e suplementação de alimentar, ainda não deram conta do enorme déficit a ponto de minimizar e acabar os efeitos da Insegurança Alimentar e Nutricional, ou que possam efetivar a emancipação de famílias. Diante dos preparativos para a Olimpíadas e para a Copa, mesclados com tragédias naturais e sociais como as catástrofes e violência e aumento do consumo de drogas lícitas e ilícitas, aumenta a necessidade da afiliação e do esforço de grupos de base, são fundamentais para que as providências aconteçam. Mutirões vem sendo viabilizados pela sociedade, extrapolando o dever do Estado de garantia dos direitos básicos e fundamentais constantes na Constituição Federal, conforme expressa o artigo 6º da CF. Uma grande defasagem esta para ser rompida, a população hoje tem aliado mesmo com muita dificuldade de acesso os mecanismos de financiamento, que viabilizam desde a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Plano Pluri Anual (PPA), para junto com o controle social adequar quais as necessidades tem.
Enquanto isso, as diversas formas de plantio, invadidas pelo cultivo de sementes com o gen terminator e transgênicas, (http://www.espacoacademico.com.br/058/58andrioli.htm), impede a produção de novas sementes e consequentemente ocasionam o monopólio para quem vende, sendo uma ameaça para a soberania de qualquer nação do planeta. Outras ameaças são relativas aos recursos hídricos e naturais, cujo o domínio da água e fontes aquíferas, por empresas fere a declaração universal dos direitos da água, (http://www.acquasul.com/monopolio.htm). Estes são os problemas que precisamos focar e direcionar maior força para que os principais princípios que direcionam a sociedade sejam defendidos, mas o que podemos de fato realizar ? O que temos realizado ? Modelos alternativos que resgatam as formas mais autossustentáveis de vida, que viabilizam cultivo, plantio, transporte e distribuição, além de confecção sem prejuízo a saúde, respeitando os Tratados Internacionais que o Brasil é signatário, como o protocolo de Kyoto, agenda 21 dentre outros (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado), trazem respaldo para as ações adequadas dentro e fora do território onde há descumprimento de algum dos direitos. Por outro lado o mecanismo interno tem que garantir que não haja competitividade e injustiça na aquisição de bens e serviços e alimentícios, por isso a regulação de preços, a vigilância sanitária e o controle social tem importante papel neste cenário.
Propostas como a implantação de Centrais de abastecimento, ligadas a pequenos produtores, cujo o financiamento seja via PAA, implementação de Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) em todos os ciclos de vida da população, primeiramente nos de maior vulnerabilidade, equidade na oferta e distribuição de insumos para a garantia de suplementação de nutrientes específicos como sulfato ferroso, vitamina A, práticas de promoção a alimentação saudáveis, educação nutricional, controle de doenças e agravos não transmissíveis (câncer, hipertensão, obesidade, diabetes), que afetam sobretudo a população negra. A estratégia de promoção em ambientes públicos, como academias ou em escolas pode ser uma excelente estratégia, onde políticas de promoção a Saúde Escolar em consonância com as diretrizes do PNAE, impedem práticas desajustadas de tratamento de menores, como a falta de nutricionistas em locais de distribuição de refeições, vinculação de creches a secretarias que não forneçam durante o ano inteiro a alimentação de menores que precisam permanecer diariamente para a garantia do trabalho da mãe e que possivelmente são maioria de raça negra, como a exemplo do Rio de Janeiro. O respeito a cultura e diversidade, preservando o patrimônio cultural da nossa alimentação e respeitando a importância no momento da manipulação dos alimentos, durante toda a cadeia alimentar desde o plantio, colheita, comercialização e produção para o consumo humano, sendo um fator fundamental para o aumento e garantia da empregabilidade, sustentabilidade e proporcionando condições para o alimento ser seguro, saudável e ter o resgate da preservação cultural. Neste ponto entendemos que a Indústria é um contraponto da agroecologia, fatores básicos sobre o princípio de uma alimentação saudável, precisam portanto ser respeitados. Uma alimentação necessita reunir algumas características, ser variada, colorida, equilibrada, segura e prazerosa, principalmente. Estas características dependem do poder de aquisição por parte do indivíduo ou família, sendo o empoderamento para a compra necessário, bem como a garantia da periodicidade desta aquisição(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732009000600013), tudo isso dentro da cadeia alimentar sendo monitorado os riscos, e garantido os direitos de decisão e escolha sobre os alimentos que estão disponíveis, informação sobre o que é importante numa perspectiva de educação nutricional, abordagem sobre práticas saudáveis e fortalecimento político via informação do acesso ao alimento saudável e as ações de saúde. Manuais sobre orientação ao consumidor, rotulagem de alimentos industrializados ou não, a divulgação dos dez passos de uma alimentação saudável, incentivo ao aleitamento materno, a alimentação complementar e saudável e as estratégias que precisamos ter conhecimento para a garantia de acesso e exigibilidade de direitos. A ação envolve também o conhecimento de indicadores de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), estabelecidos após a leitura dos documentos oficiais, de bases de dados como o CAD Único que possam viabilizar outras estratégias de ação importantes, para a confecção de Politicas que indiquem novas diretrizes.
Iniciativas populares, contemplaram espaços vulneráveis que o poder público não foi eficaz, abrindo brecha para instituições e conjuntos de instituições, como Fórum Brasileiro de Segurança Alimenta e Nutricional, Fórum Fluminense de Segurança Alimentar e Nutricional, Cúpula Mundial, Ação da Cidadania contra a miséria pela vida, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, Conselhos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional (ausente em boa parte dos municípios do Estado do Rio de Janeiro), Pastoral da Criança, Articulação de Agroecologia, Confederação dos Bispos do Brasil, Movimento Sem Terra, Sindicatos, Entidades de classe como o Conselho Federal de Nutricionistas, Conselho Regional de Nutricionistas, Associação Brasileira de Nuticionistas (ASBRAN), Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro,(ANERJ), dentre outras como existiu o COPO, PRATO, TALHER, SAL, que organizaram-se e primaram princípios norteadores das políticas de SAN, com abrangência de intersetorialidade, equidade, participação e controle social. Sendo assim, com as bases legais cabíveis para obter modificação pública reparando o dano causado pela iniquidade dos mecanismos exclusórios desta sociedade há séculos, as diversas interfaces irão agir de forma a não permitir subterfúgios ao não cumprimento de medidas para a melhoria das condições de vida e da Segurança Alimentar e Nutricional.
Uma possibilidade seria uma melhor oferta de remuneração que pela lei de criação, o Salário Mínimo deve ser capaz de suprir as necessidades do trabalhador e sua família em alimentação, vestuário, habitação, higiene, transporte. Texto de acordo com a lei 185 de 14/01/1936. Os direitos do cidadão também estão contemplados, as suas necessidades vitais básicas como educação, saúde, transporte, vestuário, moradia, previdência, lazer, também estão previstas, não sendo no entanto realizadas a contento. Um afro abraço. fonte: UNEGRO/SEGURANÇA ALIMENTAR E SAÚDE.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Nossa história: João Cândido

Heróis brasileiros para Grandes brasileiros: "Os grandes brasileiros podem ser figuras pouco comentadas nas salas de aula, esquecidas dos livros e da memória das pessoas. Mas alguns deles aparecem na música popular, mesmo que de forma sutil. É o caso de João Cândido Felisberto, militar brasileiro que liderou a Revolta da Chibata no ano de 1910. E a música, de autoria de Aldir Blanc e João Bosco, se chama O mestre-sala dos mares – o nome originalmente seria Almirante Negro, porém precisou ser alterado porque a censura julgou que ofenderia as Forças Armadas".
Nos livros de história do Brasil, o marinheiro João Cândido aparece como o herói da Revolta da Chibata. Corajoso, ele liderou em 1910 o motim no qual dois mil marinheiros negros obrigaram a Marinha a extinguir punições desumanas contra os soldados, como ofensas, comida estragada e chicotadas. Os revoltosos conseguiram seu objetivo, mas foram expulsos dos quadros militares ou presos e mortos. Só recentemente João Cândido saiu da condição de personagem esquecido da historiografia oficial para o papel de protagonista. Em 2008, uma lei finalmente concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros. A reparação, porém, foi incompleta. No ano do centenário da Revolta da Chibata, João Cândido e os outros revoltosos continuam sem as devidas promoções e seus familiares sem receber indenização – como aconteceu com os que resistiram à ditadura militar, por exemplo. Os prejuízos com a expulsão da Marinha não foram compensados. “Sinto como se meu pai ainda fosse um renegado e não um herói”, diz Adalberto Cândido, o Candinho, 71 anos, filho de João Cândido. As comemorações pelos 100 anos da Revolta da Chibata não o animam. “Homenagens são bonitas, mas não enchem barriga”, desabafa Candinho. Conhecido como o navegante negro tinha a dignidade de um mestre-sala A Revolta em que João Cândido teve destaque é um episódio bastante famoso, o que mostra que os eventos em si são lembrados com freqüência. Falta mesmo é dar ênfase a quem fez esses episódios e fazer esses nomes entrarem para a história, até, no caso de João Cândido, para fazer jus à letra da composição. O herói em questão nasceu na Província do Rio Grande do Sul em 1880, filho de escravos de uma fazenda, e ingressou na Escola de Aprendizes-Marinheiros do Rio Grande, da Marinha, aos 13 anos.
Em novembro de 1910, quando liderou a chamada Revolta da Chibata, seu objetivo era pleitear a abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra do Brasil. Em outros países essa forma de repreensão já havia sido abolida: a Espanha extinguiu os castigos físicos em 1823, a França em 1860, os EUA em 1862, a Alemanha em 1872 e a Inglaterra em 1881. Chibata... A Revolta da Chibata se desenrolou entre 22 e 27 de novembro de 1910, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, então capital federal. Revoltados com as agressões sofridas por parte dos oficiais e com a comida estragada servida nos navios, marinheiros do Encouraçado Minas Gerais se amotinaram. Tomaram o controle da embarcação e ameaçaram acionar os canhões contra a cidade se os maus-tratos não fossem cancelados – objetivo que foi alcançado. O presidente da época, Marechal Hermes da Fonseca, aceitou anistiar os revoltosos, mas voltou atrás. Muitos foram expulsos da Marinha, alguns presos e outros acabaram mortos.
A Revolta da Chibata teve vitória ao conseguir que o governo federal selasse o compromisso de acabar com o emprego da chibata – o mesmo que chicote, instrumento utilizado nos castigos – e se comprometesse também a conceder anistia aos revoltosos. Apesar disso João Cândido – designado Almirante Negro pela imprensa nessa época – e os outros envolvidos na manifestação foram presos. Pouco tempo depois, um novo levante entre os marinheiros, ocorrido no quartel da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, foi reprimido pelas autoridades. João Cândido se declarou contra a manifestação, mas assim mesmo foi expulso da Marinha, sob a acusação de ter favorecido os rebeldes. Seria absolvido apenas em 1912. João Cândido morreu aos 89 anos, no Rio de Janeiro.
Para negar indenização aos anistiados, o governo alegou que, se todos os descendentes recebessem, haveria um rombo no orçamento. O tempo derrubou o álibi: apenas dois grupos de parentes pediram anistia. A verdade é que, por trás do argumento, estava também a resistência da Marinha. Agora, a família de João Cândido torna a reivindicar seus direitos. Por causa da exclusão da Marinha, ele não pôde mais conseguir emprego formal. Mudou-se para São João de Meriti, o mais pobre dos municípios da Baixada Fluminense, onde parte de sua família vive até hoje. Por décadas, sustentou a mulher e os sete filhos com o que ganhava como pescador. Uma imagem nada condizente com o personagem épico que o jornal “O Paiz” descreveu como “o árbitro de uma Nação de 20 milhões de almas”. O filho recorda-se das dificuldades: “Usávamos tamancos em vez de sapatos, vestíamos roupas velhas, não tínhamos eletricidade”, relata. João Cândido morreu na miséria em 1969, em Meriti.
fonte:opiniaoenoticia.com.br/opiniao/biografias

"Lendas, mitologias e Afrobrasileiras"

Mitologia... Um mito indiano escrito entre 700 A.C, conta que o Universo foi criado sob forma de um homem, que por viver solitário dividiu-se em duas partes: uma masculina e outra feminina. Da união dessas duas partes surgiram os seres humanos. Continuando a construção do mundo, os dois seres humanos originais transformaram-se em um casal de animais que gerou todas as formas animais existentes no planete Terra. Já para os Sumérios do Oriente Médio, o mundo e os seres humanos foram criados por Enki (deus das águas), que pediu sua mãe Namnu para que ela moldasse em barro formas de seres humanos. Atendendo ao pedido de Enki, Namnu fez homens e mulheres de diferentes formas e cores para serem servos dos deuses. Outra história conta que o deus das águas, Enki, e sua esposa, a deusa Terra, travaram uma disputa na qual cada um criaria pessoas que outro seria incapaz de reproduzir.
Como resultado, dessa disputa surgiram os diversos povos que habitavam o planeta e as imperfeições humanas, física e psicológica. Essa estória data de 3.000 A.C. Lendas As lendas são estórias - episódio heróico ou sentimental com elemento maravilhoso ou fantástico - contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Em princípio é um fato acontecido que impressiona o povo e como - "Quem conta um conto, aumenta um ponto" - o fato se transforma e, quase sempre, recebe características sobrenaturais, misturando fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da imaginação, conservando as quatro características do conto popular: ambigüidade, persistência, oralidade e anonimato.
As lendas procuram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Boitatá Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Este bicho imaginário foi citado pela primeira vez em 1560, num texto do padre jesuíta José de Anchieta. Existem versões distintas para essa lenda, segundo a lenda no norte e nordeste do Brasil, o boitatá vive dentro dos rios e lagos e sai de seu "habitat" para queimar as pessoas que praticam incêndios nas matas. De acordo com esta lenda, o boitatá possui a capacidade de se transformar num tronco de fogo. Já na região Sul do Brasil, a explicação para o surgimento da cobra de fogo está relacionada ao dilúvio (história bíblica que fala sobre a chuva que durou 40 dias e 40 noites). Após o dilúvio, muitos animais morreram e as cobras ficaram rindo felizes, pois havia alimento em abundância. Como castigo, a barriga delas começou a pegar fogo, iluminando todo o corpo. Mas segundo pesquisadores, esta lenda está associada aos incêndios, que ocorrem espontaneamente em função da queima de gases oriundos da decomposição de material orgânico. Curupira Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Para assustar os inimigos das florestas. os caçadores e lenhadores, o curupira emite sons e assovios agudos. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira. Mãe-D'água Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d'água, importante lenda indígena do folclore amazônico, a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas. No Brasil, mais exatamente na região amazônica , é conhecida como Iara. Contam os índios da região amazônica que Iara era uma excelente índia guerreira. Os irmãos tinham ciúmes dela, pois o pai a elogiava muito. Certo dia, os irmãos resolveram matar Iara. Porém, ela ouviu o plano e resolveu matar os irmãos, como forma de defesa. Após ter feito isso, Iara fugiu para as matas. Porém, o pai a perseguiu e conseguiu capturá-la. Como punição, Iara foi jogada no rio Solimões (região amazônica). Os peixes que ali estavam a salvaram e, como era noite de lua cheia, ela foi transformada numa linda sereia. Saci-Pererê É o personagem folclórico mais conhecido do folclore brasileiro, tanto que tem um dia de comemoração especial, ( 31 de outubro - dia do Saci ). Alguns escritores dizem que essa data foi criada com o objetivo de diminuir a importância da comemoração do Halloween no Brasil. O saci-pererê é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso, o comportamento é marca registrada desse personagem folclórico. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas. Diz o mito que ele se desloca dentro de redemoinhos de vento, e para captura-lo é necessário jogar uma peneira sobre ele. Após o feito, deve-se tirar o gorro e prender o saci dentro de uma garrafa. Somente desta forma ele irá obedecer seu “proprietário”. Mas, de acordo com o mito, o saci não é voltado apenas para brincadeiras.
Ele é um importante conhecedor das ervas da floresta, da fabricação de chás e medicamentos feitos com plantas. Ele controla e guarda os segredos e todos estes conhecimentos. Aqueles que penetram nas florestas em busca destas ervas, devem, de acordo com a mitologia, pedir sua autorização. Caso contrário, se transformará em mais uma vítima de suas travessuras. A crença neste personagem ainda é muito forte na região interior do Brasil. Anhangá (Protetor da caça) - Espírito que vaga pela mata como um fantasma ou assombração. Sua presença pode ser detectada por um assobio e depois disso, o animal que estava sendo caçado, simplesmente desaparece. Ele pode assumir a forma de diferentes animais mas uma delas parece ser a preferida: a do cervo garboso, com olhos de fogo e cruz na testa, que além de enganar os caçadores, desviando o tiro de suas armas rumo às pessoas queridas, provoca febre, loucura e visões em que o vê. Anhangá é considerado como um protetor da vida na floresta. Segundo a mitologia popular, qualquer pessoa atacada por um animal selvagem, pode salvar-se gritando: ''Valha-me Anhangá!"./ Anhangá é um espírito que vive nas matas, podendo assumir diversas formas quando visível: macaco, morcego, rato, pássaro etc. Ele assinala sua presença com um assobio e a caça desaparece, o que nos remete à imagem e função de protetor. Uma das formas que o anhangá pode assumir é a de um portentoso gamo ou cervo, de cor avermelhada, chifres cobertos de pêlos, olhos de fogo e uma cruz na testa, ou ainda um grande veado branco, que desvia o caçador do seu objetivo. Pode-se compactuar com o anhangá, prometendo tabaco em troca da embiara pretendida. (Painel de Mitos & Lendas da Amazônia, Franz Kreuter Pereira, Belém, 1994) Boiúna (Cobra grande) - Lenda muito difundida na Amazônia. Boiúna seria uma cobra gigantesca que vive no fundo dos rios, lagos e igarapés. Tem um corpo tão brilhante que é capaz de refletir o luar. Os olhos irradiam uma luz poderosa que atrai os pescadores que se aproximam pensando se tratar de um barco grande. Quando se aproximam viram alimento da boiúna. Quando fica velha, a cobra vem para a terra. Como é muito grande e desajeitada fora d'água, para conseguir alimento, conta com a ajuda da centopéia de 5 metros. O mito da boiúna fala de uma descomunal serpente que vive no fundo de gdes lagos, rios e igarapés, num lugar chamado "boiaçuquara" ou "morada da cobra grande". Seu corpo lustroso, refletindo a luz do luar, e seus olhos, que brilham no escuro como archotes, iludem os pescadores incautos, que, pensando tratar-se de um navio aproximam-se e são devorados. Qdo atinge a velhice, passa a viver em terra, onde é auxiliado pela Centopéia na obtenção de alimento, pois sua locomoção em terra é difícil e desajeitada.
O povo da mata afirma que, qdo a centopéia anda pela mata, seu caminhar produz um som que lembra o tamborilar da chuva caindo, e diz ainda que ela mede 5 metros de comprimento. (Painel de Mitos & Lendas da Amazônia, Franz Kreuter Pereira, Belém, 1994.) Caipora é sinônimo de azar, de má sorte. Segundo a mitologia tupi, um personagem das florestas, protetor das caças do mato, com a propriedade de atrapalhar os negócios de quem o vê. Quando um projeto sai errado, se diz que seu autor viu o caipora ou caapora. Dizem que é doido por fumo, parando todo viajante para conseguir uma pitada. O Caipora protege os animais selvagens e prejudica os animais domésticos. Contam que ele é capaz de ressucitar um animal morto. Os caboclos caçadores respeitam por medo a ele, algumas regras: não perseguem fêmeas grávidas e nem filhotes de qualquer animal, não caçam à sexta-feira em noite de luar e nem aos domingos e dias santos. É representado de formas diversas. Em algumas regiões, é uma indiazinha feroz. Em outras, um indiozinho ou homem de pele escura, como o curupira, só que com os pés normais e peludo, montado num porco do mato (queixada). É descrito também como criança de uma perna só, como o Saci, com a cabeça enorme, ou só um olho. "O aspecto do caipora varia conforme a impressão que causa e a pessoa que ele tem que arruinar e fazer infeliz. Freqüenta, de ordinário, as encruzilhadas e as curvas dos caminhos. Antigamente, só espantava os caminhantes a pé ou a cavalo, fazendo este passarinhar e dar com o cavaleiro ao chão. Atualmente, ele coloca pedras nas estradas de rodagem para fazer capotar os autos e caminhões; serra as vigas das pontes e dos mata-burros para causar desastres. De tempos em tempos, ele se hospeda nas povoações, cercado de inúmeros caiporinhas, que são outros tantos diabinhos, que entram no couro do pessoal festeiro, isto principalmente na época do carnaval e da queima do Judas".
O caapora apresenta-se como um moleque pretinho, que cavalga porcos selvagens; mas também pode ser descrito como uma caboclinha de longos cabelos, duros feito espinhos, e que, em troca de tabaco, é capaz de dar ao caçador tanto a caça que ele deseja quanto o próprio sexo. Os índios e caboclos acreditam que, prendendo um caapora, ele é obrigado a conceder um "poderzinho" ou atender a um desejo, em troca da liberdade. A armadilha para capturá-lo e a isca utilizada consistem apenas numa cuia e aguardente. Derrama-se a cachaça na cuia, que deve ser colocada num lugar onde ele já tenha aparecido, ou no local onde tenha sido chamado previamente. Depois de ter bebido a cachaça, torna-se presa fácil para qualquer um, porém até hoje ninguém conseguiu tal façanha. Apesar de, em alguns casos, essa entidade aparecer como má e vingativa, a versão geral é a de que ele é um duende protetor da floresta e da caça. Daí alguns autores o identificarem com o curupira. (Painel de Mitos & Lendas da Amazônia, Franz Kreuter Pereira, Belém, 1994.) Mula-sem-cabeça (burrinha ou burrinha-de-padre) - Personagem monstruosa em que se transforma a mulher que fez algum mal. No passado diziam que mulher que namorasse padre ou compadre tinha esse destino. Acredita-se que a metamorfose se dá na noite de quinta para sexta-feira e ela sai pelo campo soltando fogo pelas ventas e relinchando. Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega na cabeça. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida. "...Os detalhes variam. É uma mula que não tem cabeça mas relincha. É um animal quase negro, com uma cruz de cabelos brancos. Tem olhos de fogo. Tem um facho luminoso na ponta da cauda. Geme como uma criatura humana. Não geme, relincha e ao terminar, geme como se morresse de dor...
Para que a manceba do padre não vire burrinha é preciso que este não esqueça nunca de amaldiçoá-la, antes de celebrar a santa missa..." dizem Alceu Maynard Araújo e Vasco José Taborda em Estórias e Lendas de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Reza a lenda que qualquer mulher que namorar um padre pode virar mula-sem-cabeça porque namorar padre é pecado. Agora, veja como essa história é injusta: o padre não pode ter namorada, mas, se tiver, só a mulher é castigada. A pobre coitada vira uma mula que solta fogo pelas ventas e nunca mais desvira. Com o padre não acontece nada. Essa história de mula-sem-cabeça veio da Península Ibérica, parte da Europa que hoje está dividida entre Portugal e Espanha. Provavelmente, surgiu porque, no século XII, as mulas eram os animais mais próximos dos padres, que se locomoviam de um lugar para o outro montados nesses animais, considerados seguros e resistentes. Além dessa história de ser namorada de padre, já ouvi dizer, também, que se uma mãe tem sete filhas mulheres e não der a mais nova para a mais velha batizar, a caçula vira mula-sem-cabeça, igualzinho ao caso do lobisomem. fonte: Globinho Pesquisa/ wikipedia.org/wiki

segunda-feira, 21 de maio de 2012

NEGRO, BRASIL E PRÉ - CONCEITO PARTE II:

História A flagelação pública de um escravo no Rio de Janeiro, por Jean-Baptiste Debret, Voyage pittoresque et Historique au Brésil (1834-1839).No século XIX, a escravidão dos negros foi abolida no país pelos brancos. No entanto, após sua libertação, aos escravos negros e aos seus filhos foram negados quaisquer direitos, terra, escola, moradia, água e eletricidade. Após a escravidão negra, o governo apoiou uma política de "branqueamento" da população, e muitos imigrantes europeus e árabes estabeleceram-se em terras brasileiras. O resultado desta política é que hoje o Brasil tem a terceira maior população branca do mundo, depois apenas dos Estados Unidos e da Rússia. No início do século XX as desigualdades entre ricos e pobres foram exacerbadas pelo tratamento diferenciado dos migrantes urbanos durante e após a Grande Depressão, quando os migrantes internos, que eram principalmente descendentes de ameríndios ou escravos africanos, não receberam ajuda do governo ou treinamento na adaptação aos grandes centros urbanos, e, portanto, foram empurrados para uma espécie de "apartheid social", forçados a viver em favelas e empregar-se em postos de trabalho desagradáveis e servis que os brancos evitavam. Por outro lado, os imigrantes europeus, árabes e japoneses foram diretamente assistidos por vários programas de governo, bem como outros benefícios. O resultado da pesquisa, elaborada em 2008, não é exatamente uma surpresa em um país onde, apesar de ser apenas metade da população brasileira, os negros elegeram pouco mais do que 8% dos 513 representantes escolhidos na última eleição. Além disso, o salário de um homem branco no Brasil é, em média, 46% superior em relação ao de um homem negro, o que também pode ser explicado pela diferença de educação entre esses dois grupos. Daqueles que ganham menos de um salário mínimo, 63% são negros e 34% são brancos. Dos brasileiros mais ricos, 11% são negros e 85% são brancos. Em uma pesquisa realizada em 2000, 93% dos entrevistados reconheceram que existe preconceito racial no Brasil, mas 87% dos entrevistados afirmaram que mesmo assim nunca sentiram tal discriminação. Isto indica que os brasileiros reconhecem que há desigualdade racial, mas o preconceito não é uma questão atual, mas algo remanescente da escravidão. De acordo com Ivanir dos Santos (especialista do ex-Ministério da Justiça sobre assuntos raciais), "há uma hierarquia de cor da pele onde os negros parecem saber seu lugar." Para a advogada Margarida Pressburger, membro do Subcomitê de Prevenção da Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ainda é "um país racista e homofóbico. Um relatório da UFRJ divulgado em 2011 aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de desempregados. De acordo com o relatório, em 2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e pardos (23,9% de homens e 30,8% de mulheres). Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os negros e pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres) Em relação aos que estão empregados, as diferenças entre as raças também são claramente perceptíveis: em 2006, o rendimento médio mensal real dos homens brancos equivalia a R$ 1.164,00, valor 56,3% superior à remuneração obtida pelas mulheres brancas (R$ 744,71), 98,5% superior à conseguida pelos homens negros e pardos (R$ 586,26) e 200% à obtida pelas mulheres negras e pardas.
No Brasil, o mestiço, dependendo do tom da sua pele, era classificado como quase-branco, semibranco ou sub-branco, e tinha tratamento diferenciado do negro retinto, porém nunca era classificado como quase-negro, seminegro ou sub-negro. Por isso, a mestiçagem no Brasil sempre foi vista como o "clareamento" da população, e não como o "enegrecimento" dela. A ideologia do branqueamento criou raízes profundas na sociedade brasileira no início do século XX. Muitos negros assimilaram os preconceitos, os valores sociais e morais dos brancos. Por isso, "desenvolveram um terrível preconceito em relação às raízes da negritude". A recusa da herança africana e o isolamento do convívio social com outros negros eram características desses negros "branqueados socialmente". Para se tornarem "brasileiros", os negros tinham que abdicar de sua ancestralidade africana e assumir os valores "positivos" dos brancos, pois o próprio "abrasileiramento" passava por uma assimilação dos valores e modos dos brancos. Nesse contexto, o racismo brasileiro é peculiar pois a própria vítima do racismo assume o papel de seu próprio algoz, ao reproduzir o discurso discriminatório do qual ela mesmo é vítima e ao interiorizar esses conceitos dentro de sua própria comunidade.
Obra Redenção de Can (1895). Avó negra, filha mulata, genro e neto brancos, para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de Modesto Brocos y Gomes.Assim, muitos negros brasileiros cultuaram o padrão de beleza branco, associando os traços africanos à fealdade e recorrendo a diversos métodos para "mascarar" suas próprias características físicas, criando uma obsessão nas mulheres negras em alisar o cabelo, estimulando a venda de produtos que prometiam "clarear a pele" e por meio de métodos excêntricos de tentar se branquear, como na crença de que beber muito leite daria esse resultado. Também por meio da assimilação dos valores morais e sociais das classes dominantes, fazendo com que toda a característica cultural que remetesse ao passado africano fosse considerada inferior e motivo de vergonha. Por meio do branqueamento biológico, muitos negros optaram por se casar com parceiros de pele mais clara, preferencialmente brancos. Quando o parceiro era branco e rico, simbolizava uma melhoria dupla: de raça e de classe social. A procura por parceiros de pele mais clara estava enraizada na mentalidade de muitos membros da comunidade negra, inclusive por pais negros que compeliam seus filhos a se casarem com pessoas de tom de pele mais claro, na esperança de que seus filhos e netos se parecessem cada vez menos com a filiação afro-negra. Na mentalidade dessas pessoas, quando o filho nascia mais claro que os pais, simbolizava uma vitória, mas quando nascia mais escuro, uma derrota. Ter um filho de pele mais clara simbolizava que ele teria menos chances de sofrer e mais oportunidades de vencer na vida. Um caitulo a parte: A ideologia do branqueamento no Brasil teve consequências nefastas, a medida que parte da comunidade negra absorveu o branqueamento estético, biológico e social como metas. A historiadora Angela Figueiredo chega mesmo a afirmar que no Brasil "todos nós nascemos embranquecidos", pois há a predominância da cultura "branca", "e só enegrecem ou se tornam negros ao longo dos anos os que optam por incluir em suas vidas os aspectos identificados com a "cultura negra" e se tornam curiosos em conhecer o seu passado".
Muito se comparou os negros americanos com os brasileiros, fazendo uma crítica que a sociedade americana era marcada pelo ódio e segregação racial, enquanto que no Brasil havia uma harmonia e paz entre as raças. Porém, enquanto nos Estados Unidos o racismo estava escancarado e qualquer pessoa com uma gota de sangue africano era excluída socialmente, favorecendo a união desses excluídos que lutavam pelos seus direitos, no Brasil o racismo foi camuflado pela ideologia do branqueamento. Para a pessoa tentar conseguir ascender socialmente ela tinha que passar por um processo de "branqueamento" estético, biológico e social, criando um profundo complexo de inferioridade na população brasileira e uma consequente negação de qualquer elemento que remetesse à sua negritude. Os indices oficiais: Um levantamento do MDS divulgado em 2011 estima que, na parcela extremamente pobre da população, 50,5% são mulheres e 70,8% declararam ser pretas ou pardas. O Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos.[6] Taxa de homicídiosUma série de homicídios no Brasil foi estudada no período entre 2000 e 2009. As variáveis ​​explicativas foram: raça/cor da pele, gênero e educação. As estatísticas de óbitos foram obtidas do Sistema de Informações sobre Mortalidade. A análise de tendência foi realizada por meio de uma regressão polinomial para uma série de tempo histórico (p <0,05, intervalo de confiança de 95%). A população negra representava 69% das vítimas de homicídios em 2009. A taxa de homicídios aumentou na população negra, enquanto diminuiu na população branca no período estudado. A taxa de homicídios aumentou nos grupos com educação superior e inferior entre os negros, entre brancos, a taxa de diminuiu para aqueles com o menor nível de escolaridade e manteve-se estável no grupo com níveis educacionais mais elevados. Em 2009, os negros tinham um risco maior de morte do que os brancos por homicídio, independentemente do nível de educação. Entre 2004 e 2009, a taxa de homicídios diminuiu na população branca, enquanto aumentou na população negra. O risco relativo de ser vítima de homicídio aumentou na população negra, o que sugere um aumento da desigualdade. O efeito de medidas anti-armas implementadas no Brasil em 2004 foi positivo na população branca e menos pronunciada na população negra. No geral, a raça/cor da pele era relevante na ocorrência de homicídio. Em 2008, um novo patamar: morreram 111,2% proporcionalmente mais negros do que brancos no Brasil. O cenário é ainda pior entre os jovens (15-24 anos). Entre os brancos, o número de assassinatos caiu de 6.592 para 4.582 entre 2002 e 2008, uma diferença de 30%. Enquanto isso, os assassinatos de jovens negros subiu de 11.308 para 12.749 - um aumento de 13%. Em 2008, 127,6% morreram jovens negros proporcionalmente mais que os brancos. Dez anos antes, essa diferença foi de 39%. No Estado da Paraíba, em 2008, morreram 1.083% mais negros do que brancos. No Estado de Alagoas, foram 974,8% mais mortes de negros do que brancos. Em 11 Estados, esse índice ultrapassa 200%. Como um extermínio não declarado, de acordo com o governo federal.
O preconceito no Brasil é sempre atribuído ao “outro”. É isso que constatou uma pesquisa realizada em 1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% (dos mesmos entrevistados) disseram conhecer outras pessoas que tinham preconceito. Sobre o grau de relação que mantinham com aquelas pessoas que consideravam racistas, frequentemente eram apontados parentes próximos, namorados ou amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir como “numa ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados”. À mesma conclusão chegou outra pesquisa realizada em 1995 pelo jornal Folha de S. Paulo. Embora 89% dos entrevistados disseram haver preconceito de cor contra negros no Brasil, somente 10% admitiram tê-lo. Porém, de maneira indireta, 87% dos entrevistados revelaram algum preconceito ao concordar com frases e ditos de conteúdo racista, ou ao enunciá-los. Um mascaramento da realidade também ocorreu quando outra pesquisa entrevistou frequentadores de bailes negros em São Paulo. A maioria dos entrevistados disse que nunca foi vítima de discriminação, ao mesmo tempo que apontou casos de racismo envolvendo familiares ou conhecidos próximos. No Brasil, portanto, ninguém nega que exista racismo, porém, tanto o racista como a vítima do racismo são sempre “o outro”, e não as próprias pessoas. A Constituição Federal de 1988, pela lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989, tornou o racismo um crime inafiançável. Essa lei, igualmente, se mostrou ineficaz no combate ao preconceito brasileiro, pois só considera discriminatórias atitudes preconceituosas tomadas em público. Atos privados ou ofensas de caráter pessoal são inimputáveis, mesmo porque precisariam de testemunha para sua confirmação. De acordo com essa lei, racismo é proibir alguém de fazer algo em virtude da sua cor de pele. Então, o racismo no Brasil é punível quando reconhecidamente público, em hotéis, bares, restaurantes ou meios de transporte, locais de grande circulação de pessoas. A lei, portanto, se mostra limitada, pois o racismo à brasileira é algo condenável na esfera pública, mas que persiste na esfera privada do interior do lar ou em locais de maior intimidade, onde a lei não tem alcance. Na maior parte dos casos, o ofensor se livra da pena, ora porque o flagrante é impossível, ora porque as diferentes alegações colocam a acusação sob suspeita. Em consequência, apesar das boas intenções do legislador brasileiro, o texto legal não dá respaldo ao lado intimista e jamais afirmado do racismo tipicamente brasileiro. Num debate sobre questões de mulher quando nos negras pleiteava-mos um capitulo especifico neste tema ... uma interocutora disse que a questão era mais ampla e que desejavamos em outras palavras tratamento diferenciado...
Bem caros amig@s eu acredito que este tipo de postura historicamente sempre foi usada para separar e dominar imbutida no inconciente pela elite burguesa e pré-conceituosa que usa o quesito: classes,raças,povos,etnia e o saber usa as gualdades raciais como produtos de ações negativa (discriminações) inspiradas por atitudes (preconceitos) individuais,para fixar-se no esquema interpretativo que ficou conhecido como racismo institucional,ou seja,na proposição de que há mecanismos de discriminação inscritos na operação do sistema social e que funcionam,até certo ponto,à revelia dos indivíduos.- Não sei se me entende... Um afro abraço. Claudia. fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

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