O imaginário nos conflitos sociais:
A prática da religiosidade popular vem se intensificando na contemporaneidade, seja para glorificá-la, ressaltando o seu caráter libertador, seja para exorcizá-la como pouco ortodoxa, do ponto de vista teológico, ou alienada sob outros prismas. Algumas correntes apresentam este conceito de forma reificada, isto é, tratam as formas populares de religiosidade como se fossem independentes das relações sociais nas quais se inserem. É o caso de artigos e de obras de alguns folcloristas que, preocupados com a preservação descritiva de nossas tradições culturais, revelam-se, na maior parte das vezes, desenraizados historicamente. Entendemos que algumas categorias básicas como o sagrado e o profano, o oficial e o popular, só poderão ser compreendidas dentro de um contexto de relações da religião com a sociedade.
Estas reflexões sobre as relações dos homens com o divino desdobraram-se necessariamente sobre questões ligadas à conceituação e à interpretação da cultura popular, na medida em que a experiência do sagrado é apropriada de maneiras diversas pelos grupos ou por indivíduos, caracterizando uma pluralidade de usos e de entendimentos.
O CATOLICISMO LETRADO E O SONHO AUNAMINISTA
A partir da segunda metade do século XIX, um novo modelo eclesial católico começou a ser implantado no Brasil: o ultramontanismo. De raízes conservadoras, essa autocompreensão nasceu sob o impacto das revoluções liberais européias que agitaram o próprio trono pontifício. Buscando uma consolidação doutrinária teológica, estruturou-se em torno de alguns anátemas: a rejeição à ciência, à filosofia e às artes modernas, a condenação do capitalismo e da ordem burguesa, a aversão aos princípios liberais e democráticos, e sobretudo ao fantasma destruidor do socialismo.
Engendrado com a mesma concepção medieval unitária do Universo, esse catolicismo estava marcado pelo centralismo institucional em Roma, por um fechamento sobre si mesmo e por uma recusa de contato com o mundo moderno. Conscientes de que essa ordenação doutrinária constituía-se na força mantenedora da unidade da Igreja, os pontífices romanos, desde Gregório XVI até Pio XII, não mediram esforços para a sua consolidação. Com uma rigidez hierárquica, reproduzida também pelas mais distantes células paroquiais, o ordenamento ultramontano aspirava a uma univocidade entre a Europa, Ásia, África e América.
Ancorado, portanto, na ortodoxia tridentina, e naturalmente no pensamento aristotélico-tomista, o ultramontanismo construiu um arcabouço religioso destinado a se derramar ainda por todos os poros da sociedade, e nos seus diferentes microcosmos desencadeou estratégias reformadoras. A expressão doutrinária mais explícita dessa concepção religiosa foi a encíclica Quanta Cura e o Syllabus que a acompanhava, em que se retomava a luta pela preponderância da autoridade espiritual da Igreja sobre a sociedade civil. De acordo com suas teses, a sociedade inteira deveria estar impregnada de catolicismo, a educação seria submetida à Igreja e os clérigos estariam fora da jurisdição do Estado.
Padre:Benedito Batista de Jesus Laurindo, nasceu em 05.08.1952, em Silvânia, perto de Matão, Araraquara, no estado de São Paulo.
Sua mãe, Dona Rosa Maria de Jesus Melga, hoje, com 73 anos de idade. Pe.Batista é filho do primeiro casamento!
Ficando viúva, casou-se novamente, vieram sete irmãos: Zilda, Maria; Oscar, Eugenio, Sonia, Elaine e Marcelo. ,
Hoje já são casados e tem filhos.
Sabemos do grande esforço do Pe. Batista para ajudar a cada um, cada uma em suas caminhadas.
Ainda, quando muito pequeno, de família, muito pobre, engraxava sapatos para ganhar uns trocadinhos e ajudar em casa.
• Coragem e dedicação não lhe faltaram.
Como seminarista
• Estudou e desde seminarista começou a trabalhar com crianças e jovens
• Estimulou a formação de Encontros de Jovens na Igreja da Penha;
Como diácono
• Motivou e trabalhou com os meninos na Associação dos Engraxates na região central da cidade;
• Depois foi mentor, implementou e coordenou o então Centro Comunitário do Menor- que atendia meninos e meninas, excluídos sociais, que viviam na Praça da Sé. Hoje CCCA – Centro Comunitário da Criança e do Adolescente, que funciona com quatro unidades na Região central da capital paulista.
Como padre
. Estimulou muito a Pastoral Catequética da Boa Morte e da Catedral; Criou a Casa da Menina mãe – para jovens em situação de rua que estavam grávidas.
. Foi pioneiro com o grupo de nascimento da Pastoral Afro;
com a fundação dos Agentes de Pastoral Negros
com a constituição do Instituto do Negro,
teve Ações de inculturação e foi o precursor de ações afirmativas
Outros dons
• Pe. Batista tinha uma voz que enchia a catedral e um dom especial para a liturgia – sempre estimulou as comunidades por onde passou, para melhor celebrar.
• Na Região Sé, com sede na Igreja N.Sra. do Carmo, na Rangel Pestana, fundou e estimulou por vários anos o Curso de Liturgia.
• Implementou também junto com outras religiosas as celebrações afro, realizadas nos primeiros encontros da Pastoral Afro e que continuam até hoje, realizando efetivamente a inculturação.
Sempre esteve ao lado das pessoas mais empobrecidas ou excluídas socialmente...
• Com grande afeição e carinho pelas pessoas que mais sofriam e junto com as Irmãs da Congregação de Jesus Crucificado montou um grupo de pastoral inovadora, com mulheres que trabalhavam como domésticas.
O trabalho foi tão estimulante que muitas voltaram a estudar e deram outros rumos às suas vidas, inclusive compondo o Sindicato das Empregadas Domésticas, fundado posteriormente.
• Tinha profundo respeito e consideração pelos homossexuais e com eles celebrava sempre.
• Foi muitas vezes parado pela polícia, era revistado, insultado, humilhado e o deixava de ser, quando se identificava como padre.
• Fundou o Instituto do Negro, em 20.11.1987, cujo principal objetivo era oferecer bolsas de estudos (parciais e quando possível integrais) a universitários /as negros /as de baixa renda.
Se liga:
Vitima de racismo, Padre Batista passou por impiedosas perseguições policiais, de família e empresários que não o aceitavam na paróquia e por seu idealismo de contemplar na região leste da capital paulista pessoas menos favorecidas.
Mesmo sofrendo tantas pressões, Pe. Batista seguiu enfrentando muitos que discordavam dos seus métodos inovadores de olhar para os excluídos, enfatizando a Teoria da Libertação e conseguiu unir o movimento negro e as comunidades católicas.
Em 25 de outubro de 1980, recebe o diaconato, se ordenando seminarista já em São Miguel Paulista. Em 1981 Dom Evaristo Arns o convida para ser diácono na Igreja da Sé, recebendo inicialmente a função de ser o primeiro negro cantor oficial das missas pontificiais, um fato inédito na história da Igreja, transformando a liturgia que tinha um caráter de serenidade, em algo animado, com hinos agitados, palmas e ritmos mais fortes.
Nesse processo, Batista realiza um trabalho assistencialista com as "crianças de rua" que ficam na Praça da Sé, dando-lhes café e ensinando o ofício de engraxates e o trabalho se expandiu tornando-se Centro Comunitário da Criança e do Adolescente.
A prática da religiosidade popular vem se intensificando na contemporaneidade, seja para glorificá-la, ressaltando o seu caráter libertador, seja para exorcizá-la como pouco ortodoxa, do ponto de vista teológico, ou alienada sob outros prismas. Algumas correntes apresentam este conceito de forma reificada, isto é, tratam as formas populares de religiosidade como se fossem independentes das relações sociais nas quais se inserem. É o caso de artigos e de obras de alguns folcloristas que, preocupados com a preservação descritiva de nossas tradições culturais, revelam-se, na maior parte das vezes, desenraizados historicamente. Entendemos que algumas categorias básicas como o sagrado e o profano, o oficial e o popular, só poderão ser compreendidas dentro de um contexto de relações da religião com a sociedade.
Estas reflexões sobre as relações dos homens com o divino desdobraram-se necessariamente sobre questões ligadas à conceituação e à interpretação da cultura popular, na medida em que a experiência do sagrado é apropriada de maneiras diversas pelos grupos ou por indivíduos, caracterizando uma pluralidade de usos e de entendimentos.
O CATOLICISMO LETRADO E O SONHO AUNAMINISTA
A partir da segunda metade do século XIX, um novo modelo eclesial católico começou a ser implantado no Brasil: o ultramontanismo. De raízes conservadoras, essa autocompreensão nasceu sob o impacto das revoluções liberais européias que agitaram o próprio trono pontifício. Buscando uma consolidação doutrinária teológica, estruturou-se em torno de alguns anátemas: a rejeição à ciência, à filosofia e às artes modernas, a condenação do capitalismo e da ordem burguesa, a aversão aos princípios liberais e democráticos, e sobretudo ao fantasma destruidor do socialismo.
Engendrado com a mesma concepção medieval unitária do Universo, esse catolicismo estava marcado pelo centralismo institucional em Roma, por um fechamento sobre si mesmo e por uma recusa de contato com o mundo moderno. Conscientes de que essa ordenação doutrinária constituía-se na força mantenedora da unidade da Igreja, os pontífices romanos, desde Gregório XVI até Pio XII, não mediram esforços para a sua consolidação. Com uma rigidez hierárquica, reproduzida também pelas mais distantes células paroquiais, o ordenamento ultramontano aspirava a uma univocidade entre a Europa, Ásia, África e América.
Ancorado, portanto, na ortodoxia tridentina, e naturalmente no pensamento aristotélico-tomista, o ultramontanismo construiu um arcabouço religioso destinado a se derramar ainda por todos os poros da sociedade, e nos seus diferentes microcosmos desencadeou estratégias reformadoras. A expressão doutrinária mais explícita dessa concepção religiosa foi a encíclica Quanta Cura e o Syllabus que a acompanhava, em que se retomava a luta pela preponderância da autoridade espiritual da Igreja sobre a sociedade civil. De acordo com suas teses, a sociedade inteira deveria estar impregnada de catolicismo, a educação seria submetida à Igreja e os clérigos estariam fora da jurisdição do Estado.
Padre:Benedito Batista de Jesus Laurindo, nasceu em 05.08.1952, em Silvânia, perto de Matão, Araraquara, no estado de São Paulo.
Sua mãe, Dona Rosa Maria de Jesus Melga, hoje, com 73 anos de idade. Pe.Batista é filho do primeiro casamento!
Ficando viúva, casou-se novamente, vieram sete irmãos: Zilda, Maria; Oscar, Eugenio, Sonia, Elaine e Marcelo. ,
Hoje já são casados e tem filhos.
Sabemos do grande esforço do Pe. Batista para ajudar a cada um, cada uma em suas caminhadas.
Ainda, quando muito pequeno, de família, muito pobre, engraxava sapatos para ganhar uns trocadinhos e ajudar em casa.
• Coragem e dedicação não lhe faltaram.
Como seminarista
• Estudou e desde seminarista começou a trabalhar com crianças e jovens
• Estimulou a formação de Encontros de Jovens na Igreja da Penha;
Como diácono
• Motivou e trabalhou com os meninos na Associação dos Engraxates na região central da cidade;
• Depois foi mentor, implementou e coordenou o então Centro Comunitário do Menor- que atendia meninos e meninas, excluídos sociais, que viviam na Praça da Sé. Hoje CCCA – Centro Comunitário da Criança e do Adolescente, que funciona com quatro unidades na Região central da capital paulista.
Como padre
. Estimulou muito a Pastoral Catequética da Boa Morte e da Catedral; Criou a Casa da Menina mãe – para jovens em situação de rua que estavam grávidas.
. Foi pioneiro com o grupo de nascimento da Pastoral Afro;
com a fundação dos Agentes de Pastoral Negros
com a constituição do Instituto do Negro,
teve Ações de inculturação e foi o precursor de ações afirmativas
Outros dons
• Pe. Batista tinha uma voz que enchia a catedral e um dom especial para a liturgia – sempre estimulou as comunidades por onde passou, para melhor celebrar.
• Na Região Sé, com sede na Igreja N.Sra. do Carmo, na Rangel Pestana, fundou e estimulou por vários anos o Curso de Liturgia.
• Implementou também junto com outras religiosas as celebrações afro, realizadas nos primeiros encontros da Pastoral Afro e que continuam até hoje, realizando efetivamente a inculturação.
Sempre esteve ao lado das pessoas mais empobrecidas ou excluídas socialmente...
• Com grande afeição e carinho pelas pessoas que mais sofriam e junto com as Irmãs da Congregação de Jesus Crucificado montou um grupo de pastoral inovadora, com mulheres que trabalhavam como domésticas.
O trabalho foi tão estimulante que muitas voltaram a estudar e deram outros rumos às suas vidas, inclusive compondo o Sindicato das Empregadas Domésticas, fundado posteriormente.
• Tinha profundo respeito e consideração pelos homossexuais e com eles celebrava sempre.
• Foi muitas vezes parado pela polícia, era revistado, insultado, humilhado e o deixava de ser, quando se identificava como padre.
• Fundou o Instituto do Negro, em 20.11.1987, cujo principal objetivo era oferecer bolsas de estudos (parciais e quando possível integrais) a universitários /as negros /as de baixa renda.
Se liga:
Vitima de racismo, Padre Batista passou por impiedosas perseguições policiais, de família e empresários que não o aceitavam na paróquia e por seu idealismo de contemplar na região leste da capital paulista pessoas menos favorecidas.
Mesmo sofrendo tantas pressões, Pe. Batista seguiu enfrentando muitos que discordavam dos seus métodos inovadores de olhar para os excluídos, enfatizando a Teoria da Libertação e conseguiu unir o movimento negro e as comunidades católicas.
Em 25 de outubro de 1980, recebe o diaconato, se ordenando seminarista já em São Miguel Paulista. Em 1981 Dom Evaristo Arns o convida para ser diácono na Igreja da Sé, recebendo inicialmente a função de ser o primeiro negro cantor oficial das missas pontificiais, um fato inédito na história da Igreja, transformando a liturgia que tinha um caráter de serenidade, em algo animado, com hinos agitados, palmas e ritmos mais fortes.
Nesse processo, Batista realiza um trabalho assistencialista com as "crianças de rua" que ficam na Praça da Sé, dando-lhes café e ensinando o ofício de engraxates e o trabalho se expandiu tornando-se Centro Comunitário da Criança e do Adolescente.
Em 1984, padre Batista foi ordenado sacerdote com uma das maiores celebrações já existentes na Catedral da Sé, estavam presentes todos os familiares, lideranças do movimento negro, Padres, Religiosos, os menores de rua, representantes de favelas, autoridades políticas, tudo registrado e televisionado pela TV Cultura. Nesse mesmo ano, foi nomeado vigário paroquial da Catedral da Sé e em junho foi nomeado reitor da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, atuando também como Capelão.
O Padre Batista já identificava que estudos e pesquisas acadêmicas viriam confirmar – a imensa desigualdade no acesso às oportunidades educacionais na sociedade brasileira existente entre as populações das várias etnias, com destaque para a população negra.
Em 1991, após a sua morte, o Instituto passou a chamar Instituto do Negro Padre Batista.
Um afro abraço.
fonte: Folha Cidade
O Padre Batista já identificava que estudos e pesquisas acadêmicas viriam confirmar – a imensa desigualdade no acesso às oportunidades educacionais na sociedade brasileira existente entre as populações das várias etnias, com destaque para a população negra.
Em 1991, após a sua morte, o Instituto passou a chamar Instituto do Negro Padre Batista.
Deus te salve, casa santa, / Onde Deus fez a morada,
onde mora o caliz bento / e a hóstia consagrada.
Deus te salve, ó lindo arco, / Deus te salve! Felizmente
vai passar senhor Divino / com todo acompanhamento
Um afro abraço.
fonte: Folha Cidade