
Sabemos que depois de Agostinho surgiram várias outras iniciativas negras protestantes no passado que precisam ser resgatadas, como a jovem Maria, da Nação Nagô, Maria nascera na África por volta de 1825 e fora trazida ao Brasil em 1846, ocasião em que o pastor Voges a adquirira. Os primeiros anos haviam sido voltados à adaptação à casa do pastor. Ela tivera que freqüentar as aulas de Dona Elisabetha para ser alfabetizada e para aprender a língua alemã. Em 1860, ela se tornava uma negra consciente de sua condição africana, interessada na sua própria história, língua e costumes. Ela desejava ensinar essas raízes e esses costumes dos ancestrais aos seus filhos e a outras negras. Os negros da Colônia passariam a tê-la como sua líder. Os afrodescendentes passariam a chamá-la de “Mãe Maria” , em sinal de submissão e respeito. Nasce ali a primeira Pastoral Negra Protestante no Brasil. Nas reuniões, ela não contava apenas histórias. Ela fazia questão de cantar e de ensinar passos de dança, do costume nagô. Os afrodescendentes reuniram-se com certa regularidade no “Pátio do Engenho”, sob a liderança de Mãe Maria , até que sobreveio a Revolução Federalista, que afetaria a vida de toda a população. Tudo acabaria de repente. Temos varias outros fatos interessantes de negros e negras que passaram em nossas igrejas fazendo historia e fortalecendo a luta do Movimento Negro Evangélico: João Cândido , o marinheiro negro, membro da Igreja Metodista de São João de Meriti, que liderou a Revolta da Chibata - um importante movimento social ocorrido no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro.

Também Solano Trindade que teve ação importante na igreja. Ele chegou a ser diácono da Igreja Presbiteriana, fazia poemas e citava trechos bíblicos com facilidade, voltado principalmente para o Gólgota e os apóstolos Pedro, Tiago e João evangelista. Foi na igreja que ele começou o legado da vida. Seus poemas foram publicados na revista protestante do Colégio XV de Novembro, de Garanhuns, e em jornais do Recife. Só depois dessa fase começaria a nascer a sua poesia negra. Decepcionado com o distanciamento do protestantismo com as questões sociais, incluindo a discriminação contra os negros, ele deixou a igreja, justificando sua saída com um versículo da própria Bíblia: “Se não amas a teu irmão, a quem vês, como podes amar a Deus, a quem não vês?”
Estes e muitos outros negros e negras passaram por nossas igrejas e deixaram um legado para a humanidade.
O Negro Evangélico contemporâneo, começa a se formar na década de setenta e oitenta, onde surge pessoas e organizações desafiada a trabalhar a questão racial negra nas igrejas evangélicas. Foi a partir do centenário da abolição da escravatura que o Movimento Negro Evangélico no Brasil, depois da repressão, começou a sair dos muros das universidades e seminários e mostrar a sua cara negra.
Mais é a partir do ano 2000 o negros começam a criar forma com o aparecimento de novas iniciativas e organizações, no Sul do País o Grupo de Negros e Negras da Escola Superior de Teologia da Igreja de Confissão Luterana; No Rio de Janeiro o Fórum Permanente de Mulheres Negras Cristã, o Movimento Martin Luther King de Ação e Reflexão; Na Bahia Surgem o Grupo de Mulheres Negras Agá, o Ministério Internacional de Afrodescendentes; em São Paulo o Fórum de Mulheres Negra Cristã, a Simeão Niger, a Comafro, vários grupos e iniciativas espalhados por todo o Brasil.
Ainda em nossos dias e apesar das mudanças ocorridas no país e no mundo através de leis e estatutos que defendem a igualdade, nada tem sido capaz de erradicar a segregação, que só mudou a forma de se mostrar e hoje é praticada de forma velada e talvez mais abjetiva que outrora, uma vez que, seus praticantes não podem alegar o princípio da ignorância, pois a mídia mostra todos os dias, fatos esclarecedores a respeito do assunto.
Uma das causas do negro ainda hoje sofrer discriminação racial é o fato de não buscar conhecimento aprofundado sobre a verdadeira e única história dos negros, pois é sabido que o conhecimento é o melhor caminho para chegar a verdade e a liberdade, ao conhecer a sua história o negro verá o quanto ele foi e ainda é importante para essa nação que só obteve evolução depois do envolvimento do negro na produção, físico, cultural , intelectual e religioso.Atualmente esse movimento é uma das mais novas forças de combate ao racismo e de consciência negra do Brasil, ele surge dentro do seguimento evangélico brasileiro onde grande parte dos seus seguidores são afrodescendentes, paradoxalmente um seguimento que demoniza a cultura e historia negra, e tem uma longa historia de constrangimento e racismo. A vontade é promover a reflexão e o debate além do bíblico/teológico em uma perspectiva negra e combater toda forma de racismo.U m afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:UNEGRO/
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