UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Literatura Negra e alguns dos principais autores...

No século XIX, presentifica-se a visão estereotipada, que vai prevalecer até a atualidade, com
alguma variação. Tomada como ponto de partida a caracterização proposta por David Brookshaw, em seu livro Raça e cor na literatura brasileira, 1983, embora com algumas ressalvas a outras colocações suas nessa mesma obra, passo a destacar os estereótipos que considero mais evidentes.

Por meio da literatura, o artista recria o mundo, (re) significa valores, costumes e fatos (...). Desse modo, as condições sociais, os hábitos, as crenças, os estereótipos e os preconceitos compartilhados por um determinado grupo em uma determinada época são elementos formadores da visão de mundo e fatalmente estarão presentes na criação artística.
Começo pelo escravo nobre, que vence por força de seu branqueamento, embora a custo de muito sacrifício e humilhação. É o caso da escrava Isaura, do livro do mesmo nome, escrito por Bernardo Guimarães e publicado em 1872 e de Raimundo, o belíssimo mulato de olhos azuis criado por Aluísio de Azevedo em O mulato, lançado em 1881. Essa nobreza identifica-se claramente com a aceitação da submissão, apesar da bandeira abolicionista que o primeiro pretende empunhar e da denúncia do preconceito assumida pelo segundo. A fala de Isaura deixa clara a posição, como nesse diálogo com sinhá Malvina, diante da tristeza da canção entoada pela primeira:

– Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és maltratada, que és uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Entretanto passas aqui uma vida, que faria inveja a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores. Deram-te uma educação, como não tiveram muitas ricas e ilustres damas, que eu conheço. És formosa e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano "coitada"...

-No início da década de 1970, os escritores e escritoras negras viviam todas as espécies de solidão, mas duas delas eram mais aflitas, pois não se tratava de um lugar comum do ofício e o que é pior, se impunham à revelia da disponibilidade existencial de cada um.

Uma dessas solidões era provocada pelos escritos de gaveta, de emoções e sentimentos aprisionados, de verdades incertas, de certezas voláteis e silêncios exasperados; como se houvesse punição à força daquela criação que não se desnudava. Outra dessas solidões se traduzia na participação singular nos grupos literários formados por maioria de autores brancos, onde o texto, sempre que quando negro, negritude, negrícia, extrapolava a coisa

literata e de modo inexplícito vagava no limbo de uma atitude social nem sempre provida de sutileza. Algo assim como um boi da cara preta e nada mais que isso, ou um Pelé, e nada mais que isso, naquela literatura que praticávamos.

-Cada um sem saber da existência de tantos, quase que emparelhados, esses escritores e escritoras transitavam por uma espécie de labirinto, sem achar uma saída comum, um lugar de encontro, que permitisse alçar outros vôos.

A palavra escrita cor da pele começou a impor-se em meados dos anos setenta carregada de anseios por uma unicidade nesse fazer negro com o verbo. Entretanto, a razão coletiva conduziu aquele arrojo, de cor sincera, na intenção de construção de uma identidade literária, como já vinha ocorrendo nas Antilhas, nos Estados Unidos e com os autores africanos que viviam na Europa. Antes porém, experimentamos algumas ousadias isoladas, mas pouco, muito pouco, e que não chegou a caracterizar um grupo de autores negros brasileiros escrevendo com plena identidade racial.

Vale a pena observar que naquele início, quando ainda não tínhamos estreitado as relações literárias, as mulheres negras que detinham a sensibilidade e o dom da poesia eram chamadas de poetisas. De repente, quando a intimidade tornou-se convivência do ofício e explicitou a singularidade e a natureza feminina daquele modo dos versos, elas exigiram serem ditas poetas. Poetas negras. Num manejo ideológico naquele espaço de aplicação do idioma, que de certo tinha propósito mais do que óbvio às suas pretensões de escritoras. Eram mulheres negras que também se aplicavam às outras lutas.

A anistia política, a euforia do milagre econômico simulado pela ditadura militar, a pressão dos movimentos sociais, a vitalidade e determinação dos movimentos artísticos, as organizações dos trabalhadores e das associações de moradores, tudo isto carregado de

racismo e de exclusão, impunha às lideranças políticas da comunidade negra a necessidade de redimensionar a sua lógica de luta, a sua organização e as suas formas de inserção naquele mercado político e social, que se descortinava com todas as nuanças de perspectivas democráticas.

1 - Machado de Assis( não se reconhecia como negro): Embora o marketing da Caixa tenha desconsiderado o fato, o maior escritor de todos os tempos da literatura brasileira e mundial é um negro cuja obra se tornou imortal e eterna, com seu jeito único de escrever rompendo as barreiras do preconceito;

2 - Toni Morrison: Autora americana de escrita forte e pungente marcando seus romances. Em 1993 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura;

3 - Oswaldo de Camargo: Um dos principais conhecedores da literatura negra no Brasil. Além do estudo a esta literatura, é contista, poeta, novelista e jornalista;

4 - Colson Whitehead: Autor de 5 livros aclamados o americano nascido em Manhanttan,

entre eles um de meditação cujo estilo foi comparado a E. B. White.

5 - Manoel Soares: é um daqueles caras que vem com a palavra "engajado" na testa. Líder comunitário, e repórter da RBS TV, seu primeiro livro chama a atenção para o problema do Crack. Zumbis da Pedra escrito junto com Marco Cena faz um alerta, e uma analogia bem perspicaz.

6 - Celso Athayde: Produtor que cuida da carreira de vários nomes do Hip Hop nacional, como MV Bill, é co-autor dos livros, Falcão - Meninos de tráfico, e Cabeça de porco;


7 - Walter Mosley: É reconhecido por sua literatura policial, cuja principal série trás Easy Rawlins, um investigador privado negro da II Guerra mundial que vive em Watts, Los Angeles;

8 - James Baldwin: Foi o primeiro escritor a dizer aos brancos o que os negros americanos pensavam e sentiam. Chegou no auge de sua fama durante a luta dos direitos civis no início da década de 1960. Tornou-se mais famosos pelos ensaios do que pelos romances e peças teatrais, mas apesar disso queria se tornar um ficcionista, considerando seus ensaios um trabalho menor.

9 - Zora Neale Husrton: Antropóloga e folclorista, e escritora americana é uma dos expoentes da literatura negra nos Estados Unidos. Seu trabalho por um bom tempo foi relegado ao esquecimento, que obteve apenas postumamente;

10 - Cruz e Souza: Um dos principais poetas brasileiros, foi um dos percursores do simbolismo no Brasil. Também foi conhecido como Dante Negro, e Cisne Negro;

Um capitulo a parte para dois autores:

Jorge Amado- O que temos que levar em conta é em que medida a experiência do autor que

tem a ver com afro-brasilidade vai alimentar e estará representada na sua literatura. Por isso, nem todo escritor negro é considerado um escritor afro brasileiro. É necessária uma história de militância, uma identificação política para reivindicar para si o qualificativo de escritor afro brasileiro e não apenas a cor da pele.

Jorge Amado, mesmo tendo o reconhecimento dos autores africanos a ponto de ser considerado um modelo por eles e reconhecer nele uma identidade. - Pode ser considerado um escritor afro brasileiro?, pois o negro em sua obra é, corriqueiramente, retratado de forma estereotipada, principalmente a mulher negra e mulata, vista quase sempre como objeto de desejo sexual. 

 A esse respeito Domício Proença Filho (2004, p.166) diz: “O negro ou o mestiço de negro erotizado, sensualíssimo, objeto sexual, é uma presença que vem desde Rita Baiana em O Cortiço, e mesmo do mulato Firmo, do mesmo romance, passa pelos poemas de Jorge de Lima, como “Nega Fulô”, suaviza-se nos Poemas das negras (1929), de Mário de Andrade e ganha especial destaque na configuração das mulatas de Jorge Amado. A propósito, a ficção do excepcional romancista baiano contribui fortemente para a visão simpática e valorizada de inúmeros traços da presença das manifestações ligadas ao negro na cultura brasileira, embora não consiga escapar das armadilhas do estereótipo. Basta recordar o caso do ingênuo e simples Jubiabá, do romance de mesmo nome, lançado em 1955, e da infantilizada e instintiva Gabriela, de Gabriela, cravo e canela”.

Mais ao mesmo tempo Jorge Amado, mesmo assim teve seu valor num tempo que pouco se escrevia sobre preto, ele formulou enredos nos quais as hierarquias dos gêneros, ou mesmo "dos sexos", serviram explicitamente como elementos estruturantes destes romances. Mas sim, ressaltar como Jorge Amado, ao centralizar seus interesses nas relações entre raça/cor e classe, encontrou nas demarcações das diferenças de gênero uma série de referências, valores e atributos à sua ideia de revolução. Assim, é o negro masculinizado que emergiu enquanto representação ideal do sujeito revolucionário amadiano. O homem racionalizado pela cor de sua posição social e a mulher enegrecida e masculinizada pelas "exigências" do caráter revolucionário e deu voz aos deuses vindo  africanos...

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Solano Trindade- A questão da linguagem também merece atenção, pois evoca uma oralidade de matriz africana que valoriza e dá poder à palavra. Aqui vale ressaltar a diferença entre oralidade e linguagem oral. Oralidade como sistema de pensamento e linguagem oral que é a forma como falamos. A literatura afro-brasileira trabalha nessas duas perspectivas,
tem uma vinculação com essa oralidade de matriz ancestral africana e tem relação com essa linguagem falada, com uma certa espontaneidade da nossa dicção que acaba sendo tomada como forma de resistência ao mundo das normas.

-O centenário de seu nascimento foi celebrado em 2008, quando houve três lançamentos ligados à obra do poeta, Tem gente com fome (em formato infanto-juvenil), Poemas antológicos de Solano Trindade e O poeta do Povo.

Assim, escreveu: “Eu canto Palmares/ sem inveja de Virgílio, de Homero/ e de Camões ...” Em 1949, teria pronunciado, na sede carioca do Instituto dos Arquitetos do Brasil, conforme anúncio no jornal Quilombo, conferência sobre poesia negra no Brasil, na qual abordaria o problema dos ‘brancos que fazem poesia negra’ e dos poetas negros não comprometidos nem identificados com esse tipo de criação poética.

Para o escritor negro engajado, a simbiose da construção, ou a conjugação do código, do enredo, da temporalidade, não se dá apenas pelos parâmetros clássicos da Teoria Literária e da Crítica Literária. Esta investigação e embasamento, para a maior parte dos escritores, se manifesta de forma sub-reptícia, porque o objeto principal – sua obra – cede espaço significativo ao papel que desempenha como pessoa negra na sociedade brasileira, sempre sujeito às farpas dos capitães da criação.



"Falaram tanto que nosso cabelo era ruim que a maioria acreditou e por fim (raspou queimou;alisou;frisou;trançou;relaxou...) 
ainda bem que as raízes continuam intactas 
e há maravilhosos pêlos crespos conscientes 
no quilombo das regiões íntimas"

 
de cada um de nós.Acredito que a Literatura Negra, Literatura Afro-brasileira, escrita e lida por negros e não-negros que combatem o racismo, é uma literatura de instrumentalização, de auto-conhecimento, de resgate: e a sua contratação é um enunciado contínuo da exposição do novo diante do futuro e do passado, diante da vida e da não-vida. O tempo e seus conflitos, o doce e o amargo, a fecundidade, a morte, não são elementos estanques, fragmentados na arquitetura da personagem, ou do texto. Quando se usa, por exemplo a palavra atabaque na Literatura Afro-brasileira, geralmente ela mobiliza um sem-fim de signos, de símbolos, de energias, de movimentos e de sons. Ao passo que quando se usa a palavra psicanálise,também por exemplo, ela sempre esta ligada a algum tipo de doença, ou a procura de uma cura.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.ebc.com.br/.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/CUTI (Luiz Silva) Trincheira. In: QUILOMBHOJE (org.). Cadernos Negros 23: Poemas Afro-Brasileiros. São Paulo: Quilombhoje, 2000./DUARTE, Eduardo de Assis. Por um conceito de literatura afro-brasileira. In: Literatura e afrodescendência no Brasil: Antologia crítica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2011./GUEDES, Lino. Novo rumo. In: Negro Preto Cor da Noite (1936)./GULLAR, Ferreira. Preconceito racial. In: Folha ilustrada, 4 de Dezembro de 2011. São Paulo: Folha de São Paulo.

domingo, 3 de julho de 2016

Escravidão na América Latina tendo com Origem o Processo Econômico...

Introdução:
Milhões de imigrantes da África foram trazidos para o Novo Mundo como escravos. Hoje seus descendentes formam significativas minorias em muitos países da América Latina, e são elementos dominantes em muitas das nações caribenhas. Entender a maneira como esses negros viveram nesse novo mundo e conseguiram apesar do papel de escravos negociar sua sobrevivência através do que Lepkowski denomina “a brecha camponesa” e de extrema utilidade para entender o desenvolvimento dessas sociedades caribenhas, além de ajudar a entender em parte a escravidão como praticada no Brasil

A organização econômica:
A exploração mineradora foi a atividade econômica mais importante na América Espanhola, na verdade foi a responsável pela colonização efetiva das terras de Espanha, apesar de já haver ocupação anterior, no Caribe e América Central. O ouro na região do México e a prata na região do Peru, foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma clara política de exploração por parte da metrópole, que passou a exercer um controle mais rígido sobre seus domínios.

A partir da descoberta do continente americano pelos europeus em 1492, o continente foi submetido a uma exploração brutal de seus bens. Para extrair os recursos naturais da natureza, os ameríndios foram sacrificados em massa, a exemplo nas Antilhas, onde oextermínio foi completo. Assim, foi iniciada a escravidão na América latina, primeiros com os habitantes nativos, mais tarde, com os africanos trazidos para o Novo Mundo.


Com a introdução das Leis Novas de Carlos V, foi proibido o tratamento de índios como bichos (burros de carga), pelo menos na teoria. Como já não sobraram tantos indígenas depois das várias epidemias, começaram a importar escravos da África, já que a demanda por oferta de trabalho ainda continuava a crescer. Inclusive o frei Bartolomé de las Casas recomendava a escravidão dos africanos para aliviar a dura sorte dos índios.

O Processo de Escravidão:
A escravidão indígena teve, no conjunto, escassa importância, salvo no “ciclo antilhano”, a inícios do século XVI, e nas regiões de “índios bravos” ( chichimecas, araucanos, etc), reduzidos à escravidão quando aprisionados em guerra. A escravidão dos rebeldes era,

aliás, a única via de legitimação da escravidão indígena, pois desde cedo a Coroa e a Igreja trataram, com relativo êxito, de combater tais práticas. Mas o sucesso desta política deveu-se, em grande medida, à existência de sistemas tributários pré-coloniais no México, na América Central e nos Andes, que permitiam a extração do sobretrabalho aldeão sem recurso à escravidão. Quanto à escravidão africana, esteve presente em várias regiões da América espanhola durante todo o período colonial, sendo inclusive predominante em regiões como a costa peruana, partes da Colômbia, Venezuela, Cuba, etc. Entretanto, durante todo o período de sua existência do tráfico africano, a América espanhola recebeu apenas 1/15 dos escravos enviados para as colônias.

A ação colonizadora espanhola foi responsável pela destruição e desestruturação das comunidades indígenas, quer pela força das armas contra aqueles que defendiam seu território, quer pela exploração sistemática do trabalho, ou ainda através do processo de aculturação, promovido pelo próprio sistema de exploração e pela ação catequética dos missionários católicos. 

Qual a importância da entrada de escravos no novo mundo?
A escravidão africana e o comércio de escravos acabaram dando contribuição expressiva para a fórmula imperial espanhola. A introdução de escravos africanos no novo mundo tinha dois aspectos positivos principais: 

Em primeiro lugar a venda de licenças para a entrada de a entrada de africanos gerava dinheiro para o tesouro real, sempre uma preocupação da Coroa. Quanto mais escravos fossem enviados para o novo mundo, maior seria a arrecadação para os cofres da Coroa.
"Em segundo lugar ajudava o poder colonizador a fornecer a mão-de-obra aos centros urbanos e aos novos empreendimentos numa época em que a população nativa já tinha sido dizimada ( BLACKBURN, Robin, A construção do escravismo no novo mundo, pág.166)".
Conclusão
A população escrava na América Latina e Caribe declinaram a uma razão de 2 a 4% ao ano, portanto, quando a escravidão foi abolida, a população escrava em muitos locais era inferior ao numero total de escravos importados. Como exemplo temos a colônia inglesa da Jamaica, que importou cerca de 600 mil escravos durante o séc. XVIII, mas que em 1838 contava com cerca de 300 mil escravos. A colônia francesa de Saint-Domingue, atual Haiti importou mais de 800 mil escravos mas em 1790 possuía cerca de 480 mil escravos no período do inicio da revolta de escravos haitianos; os espanhóis importaram cerca de 600 mil escravos para Cuba; em 1880 a ilha possuía somente 200 mil escravos e uma população Afro-cubana de apenas 450 mil habitantes. Concluindo, enquanto cerca de 4,7 milhões de africanos foram enviados para o Caribe, em 1880 elas tinham diminuído para cerca de dois milhões em 1880.

Apesar de diferente da escravidão negra adotada no Brasil, a exploração do trabalho indígena também é tratada por muitos historiadores como escravismo. Porém o termo predominante nos livros de história é trabalho compulsório. Já o trabalho negro adotado em Cuba e nos países da América do Sul espanhola se assemelha muito ao trabalho escravo do Brasil, ao contrário do trabalho escravo negro adotado no sul dos Estados Unidos, onde os escravos eram bem tratados e não houve uma grande miscigenação de raças.

É importante destacar o papel dos religiosos no processo de colonização, tratados muitas vezes como defensores dos indígenas, tiveram uma participação diferenciada na conquista. Um dos mais célebres religiosos do período colonial foi Frei Bartolomeu de Las Casas que,

em várias oportunidades, denunciou as atrocidades cometidas pelos colonos; escreveu importantes documentos sobre a exploração, tortura e assassinato de grupos indígenas. Muitas vezes, a partir desses relatos a Coroa interferiu na colônia e destituiu governantes e altos funcionários. No entanto, vale lembrar o poder e influência que a Igreja possuía na Espanha, e o interesse do rei (Carlos V) em manter-se aliado à ela, numa época de consolidação do absolutismo na Espanha, mas de avanço do protestantismo no Sacro Império e nos Países Baixos. Ao mesmo tempo, a Igreja na colônia foi responsável pela imposição de uma nova religião, conseqüentemente uma nova moral e novos costumes, desenraizando os indígenas..

As relações essenciais da economia colonial foram àquelas apoiadas nas comunidades indígenas, tributárias dos grandes impérios asteca e inca. Em primeiro lugar, a encomienda, instituição espanhola originada na Reconquista, e que sofreu adaptações nas colônias. Regulamentada no início do século XVI, a propósito da colonização antilhana, a encomienda só pôde existir efetivamente nas regiões de populações sedentárias do continente. Economicamente, a encomienda pressupunha a repartição das aldeias submetidas pelos vários conquistadores, que passavam a explorar-lhes o sobretrabalho sem, escravizar os índios.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:https://pt.wikipedia.org/BLACKBURN, Robin, A construção do escravismo no novo mundo, pág.166). /Gruzinski, Serge A Colonização do Imaginário. Editora: Companhia das Letras. Ano: 2003 Edição: 1 .www.webartigos.com/

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Casa Grande & Senzala:Revisitando os dualismos...

Na opinião de Freyre, a própria arquitetura da casa-grande expressaria o modo de organização social e política do Brasil, o patriarcalismo.

Revisitando os dualismos
Gilberto Freyre (1994, p.90), que era um mestre no processo de auto-estilização, gostava de

se reconhecer como um contraditório, sendo em algumas coisas "revolucionário", noutras um "conservador". Se o próprio autor de Casa grande & senzala se define dessa maneira, não seria estranho constatar que um certo sentimento de dualidade pudesse ser encontrado em boa parte da crítica sobre o ensaísta pernambucano.

Gilberto dirá que a miscigenação não é só racial, como também cultural, e esta só será possível com a característica especial em nosso território, porque será nos trópicos. Há também na constituição da sociedade nacional um embate entre duas tendências, um princípio dual: uma “erudita” e outra “rústica”, com base patriarcal formada pela confluência da monocultura e das relações sociais, o que não acontecerá em outras conquistas portuguesas. A presença de uma sociedade sedentária que requer uma família ampliada.

Desconstruindo o discurso da democracia racial
A análise da política da memória contida em Casa grande & senzala oferece um entendimento daqueles elementos formadores do discurso da democracia racial. No entanto, como mostrarei a seguir, este estudo também ajuda a desconstruir os pressupostos do mesmo discurso e estabelecer distinções entre o que é proposto pela obra de Freyre e o que acabou por se tornar a ideologia da democracia racial. Embora texto e ideologia tenham semelhanças, não podem ser considerados idênticos.

Para Freyre – em sua abordagem sobre os negros – o chamado “racismo científico” é uma tentativa de conferir a discriminação racial um cunho legal, visando dar credibilidade ao branco. No entanto, nosso autor negará esta tese, contrariando Oliveira Viana, que propunha o branqueamento como meta para que a sociedade tivesse um reflexo político positivo, com imigração de povos adaptados ao meio e ao clima, proporcionando “caldeamentos felizes”.

Em Freyre o aparente dominado foi o dominante, em uma metamorfose dando um salto em

relação ao racismo. E é no seio da família patriarcal que se dá o amalgama das culturas: a casa-grande é o cenário político para esta realização dos “antagonismos equilibrados”. O complexo “casa-grande e senzala” é o símbolo das relações sociais. É ancorada na senzala que a casa-grande ganha força social e que irá permitir o triunfo do patriarcalismo, frente a Igreja e face ao Estado que estava além do mar.

Entretanto, na opinião de outros sociólogos contemporâneos, alguns deles ligados à esquerda do movimento negro e de uma linha mais marxista e menos culturalista, o ideal da miscigenação adquiriria uma nova roupagem na obra Casa-Grande & Senzala, passando a ser vista como mecanismo de um processo, o qual teria como fim a democracia racial (expressão usada por Gilberto Freyre só muito mais tarde).


Segundo Clóvis Moura, "Gilberto Freyre caracterizou a escravidão no Brasil como composta de senhores bons e escravos submissos". O mito do bom senhor de Freyre seria uma tentativa no sentido de interpretar as contradições do escravismo como simples episódio sem importância, e que não teria o poder de desfazer a harmonia entre exploradores e explorados durante aquele período.

Afirma que historicamente a miscigenação de raças no Brasil
“nunca foi tratada e

nunca existiu como um processo livre, espontâneo, e, portanto, natural, de união entre dois povos.” Ao contrário, como reafirma Silva, a dignidade da mulher negra teria sido violentada, atingindo sua honra no âmbito moral e sexual, através de uniões mantidas a força, sob a égide do medo, da insegurança, onde as crianças eram concebidas legalmente sem pai, permanecendo no status de escrava, não havendo assim nenhum enriquecimento
racial e cultural de civilização alguma. Conclui dizendo que é preciso que não se confunda a descaracterização de um povo pela violência sexual com a hipótese de uma democracia racial.
O próprio Freyre, na obra em apreço, corrobora essa violência, embora um tanto acanhadamente:«Nenhuma casa-grande do tempo da escravidão quis para si a glória de conservar filhos maricas ou donzelões. O folclore da nossa antiga zona de engenhos de cana e de fazendas de café, quando se refere a rapaz donzelo, é sempre em tom de debique:para levar o maricas ao ridículo. O que sempre se apreciou foi o menino que cedo estivesse metido com raparigas. Raparigueiro, como ainda hoje se diz. Femeeiro. Deflorador de mocinhas. E que não tardasse a emprenhar negras, aumentando o rebanho e o capital paternos»(p.356)

A aparente ‘harmonia entre as raças’ existe em conseqüência de que, nos Estados Unidos, não existe, como no Brasil, essa intensa miscigenação, [grifo meu] que caracteriza os brasileiros. Estes fatos parecem confirmar a idéia de que as relações raciais no Brasil são pacíficas e igualitárias. Ao acreditarmos nisso, porém, caímos na chamada ‘armadilha ideológica’: enxergar somente o que julgamos ou queremos ver, e não aquilo que está diante de nossos olhos. Qualquer análise detida, fundada em índices sociais ou na simples observação de nossos costumes revela a triste verdade: sob a máscara da cordialidade existe uma socie dade racista. (...) Portanto, as contradições do ‘mito da democracia racial’ podem ser constatadas simplesmente através da análise da realidade brasileira”

É comum, nas comparações entre os quadros das relações raciais nos Estados Unidos e no Brasil, se colocar o seguinte: o colonizador português se dignou misturar-se com negros e índios, por sua formação católica, seu caráter latino, a falta de mulheres européias, a maior proporção de escravos; nos Estados Unidos a figura do mestiço seria pouco relevante na medida em que a formação protestante não permitia ao branco reconhecer sua paternidade ao filho mestiço.

-O autor, de forma mais objetiva, não profliga a promiscuidade reinante no período escravocrata.

Mais incisivo é Sergius Gonzaga:"Filhos, quase todos, de senhores de engenho, tinham à disposição o corpo das escravas — tidas como coisas, e assim obrigadas a aceitar o furor sexual dos grandes proprietários e seus descendentes. Algumas delas requintavam a sensualidade, buscando fugir à brutalidade do trabalho servil pelo reconhecimento de um senhor mais generoso"
o “mito da democracia racial” e a visão preconceituosa sobre a população negra, são reproduzidos pelo sistema de ensino através dos currículos escolares e livros didáticos,
professores da rede pública e privada em qualquer nível de ensino, nos meios de comunicação social (rádio, televisão, imprensa escrita), na produção editorial (livros e revistas), por artistas, intelectuais, escritores, jornalistas, editores, profissionais liberais, lideranças políticas, populares e sindicais, nas mais diversas organizações e instituições governamentais e da sociedade civil – das igrejas aos partidos políticos.

O processo de alienação da criança brasileira se faz sobretudo através da escola, onde se dá o reforço de um conjunto de idéias elitistas que distorce os valores culturais e nega a participação dos oprimidos no processo histórico brasileiro. Ora, um povo que não sabe do seu passado, um povo sem história, não pode visualizar os caminhos a empreender ao seu futuro.

No caso da criança negra, é justamente na escola que se dá a quebra de sua estrutura psicológica, emocional e cultural através da internalização da ideologia do branqueamento, do mito do brasileiro cordial e do mito da democracia racial. (grifo meu) No final desse processo se ela não reage, aça ba por envergonhar das suas origens e da sua condição de negro.

É nessa re-configuração das relações raciais que aparecem os ideólogos da miscigenação, com Gilberto Freyre [grifo meu] no Brasil substituindo a Euclides da Cunha e sua tese de degenerescência das raças por via das misturas. O mestiço torna-se uma figura mitológica importante na manutenção de um sistema sócio-econômico de dominação de uma raça sobre outra, sem que as tensões sociais daí derivadas possam emergir em termos de confronto racial.
Para tanto, os dispositivos de reconhecimento de traços biológicos e culturais passam a funcionar em dois níveis: ao nível sócio-econômico os dispositivos reconhecem e segregam o negro; ao nível ideológico forjam e ostentam a figura do mestiço. Signo de um trânsito biológico, ele simboliza a chegada da ‘democracia racial’, [grifo meu] ao nível biológico e afirma a própria impossibilidade da segregação a nível sócio-econômico. Na indistinção da mestiçagem como poderia haver segregação racial?


As estatísticas transformam o mito em ideologia por meio da categoria pardo. Uma categoria ideológica operacionalizada a nível científico divide uma raça (categoria histórica e sociologicamente pertinente): ao nível das sutilezas bio-ideológicas a raça negra é dividida em negros e pardos. A máquina de segregação de raças só fabrica pardos no nível ideológico. No nível sócio - econômico, todos são reconhecidos e esmagados enquanto negros.”

Por outro lado, é importante ressaltar que esses processos se reforçam, também a nível universitário.”

É necessário um novo olhar sob a ótica do população negra, uma “nova” interpretação da história do Brasil. A partir de estudos e pesquisas, da denúncia, da sensibilização de segmentos sociais organizados, o Movimento Negro fomentou um intenso debate entre intelectuais, pesquisadores, artistas, dirigentes políticos e lideranças populares, desenvolvendo uma análise crítica profunda da realidade histórica e social da população negra.

A Casa Grande Surta Quando a Senzala Aprende a Ler.
Mesmo diante das condições mais adversas e com extremas dificuldades em termos de recursos materiais, humanos e institucionais, o conjunto da militância do Movimento Negro desenvolveu um intenso o trabalho de mobilização no combate ao racismo, tendo um peso decisivo na desconstrução do mito da “democracia racial”

Assim também é quando sincretizamos a questão com as classes sociais. Mas ainda assim, pessoas negras continuam em desvantagem, pois representamos o maior contingente entre as classes C e D. Mas há quem afirme que o problema do Brasil é de classe, ignorando completamente que a raça é formada e dividida por classes sociais e vice-versa.
O Brasil  e um país racista, como tenta de todas as maneiras dizer para si mesmo, cotas não seriam motivo de discussão. Seria fato consumado. Mas a segunda nação mais negra do mundo deveria sentir vergonha da maneira covarde com que trata os seus filhos.
Pessoas negras não são vitimistas; pessoas brancas é que são, porque choram por medo de perder privilégios mais que consolidados de menoreia dominante. E  não querem nem pensar em repartir.


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.


fonte:www.scielo.br/meuartigo.brasilescola.uol.com.br/www.ibamendes.com/

segunda-feira, 27 de junho de 2016

A Independência do Congo :Um dos mais Cruéis regimes Coloniais da Africa...

O Congo ainda sofre com problemas gerados por sua trágica herança colonial.
No século XIX, a ação imperialista belga se estabeleceu na região do Congo, na parte central

do continente africano. Em 1885, o domínio belga nessa região foi confirmado na chamada Conferência de Berlim, quando o rei Leopoldo II transformou o extenso território em sua propriedade pessoal. No ano de 1908, o território congolês voltou a ser controlado pelo governo, recebendo o nome de Congo Belga. Até a década de 1940, o território colonizado experimentou uma fase de relativa prosperidade econômica.

Chegando à década de 1950, observamos que a população congolesa passou a aderir o discurso nacionalista de lideranças locais que exigiam o fim da dominação belga no território. Em 1955, uma visita oficial do rei Balduino I reforçou o sentimento autonomista ao não atender as várias demandas sociais, políticas e econômicas da população nativa. Nesse instante, uma associação chamada Abako entrou em evidência e logo se transformou em um partido político defensor da independência definitiva.

Em 1957, o fracasso das eleições municipais alimentou ainda mais o sentimento autonomista. No ano seguinte, o Congresso Pan-Africano fortaleceu as lideranças nacionalistas, entre os quais se destacava o congolês Patrice Lumumba. No ano de 1959, a
radicalização das manifestações acabou forçando o reino belga a reconhecer a independência congolesa. No ano seguinte, foi inaugurado o Estado Livre do Congo, tendo como presidente Joseph Kasavubu e Lumumba no cargo de primeiro-ministro.
A conquista dos congoleses foi logo ameaçada pelo movimento de independência ocorrido na província de Katanga, onde soldados e mercenários belgas instituíram um violento conflito a serviço da empresa Union Minière. Sem contar com o apoio da Organização das Nações Unidas, Lumumba foi deposto do cargo e preso. A partir de então, várias facções dissidentes se formaram com o objetivo de assumir o governo do país.

Mediante as tensões geradas pela violenta guerra civil – agravada pelo assassinato de Lumumba – a ONU interferiu no país e repassou, em 1964, o governo congolês para Moisés Tshombe, um antigo apoiador de Katanga. A ação acabou não surtindo efeito esperado, já que, no ano seguinte, um golpe político impôs uma ditadura pessoal liderada por Mobutu Joseph Désiré. Esse regime ditatorial perdurou até 1997, quando Mobutu foi retirado do poder por uma guerrilha liderada por Laurent-Désiré Kabila.

"A descolonização africana acentuou-se a partir da década de 1950. Muitos países que
ainda se encontravam como colônias dos europeus iniciaram um processo de independência. O Congo, por exemplo, era uma colônia da Bélgica."


Na década de 1940, sob a liderança de Patrice Lumumba, teve início um movimento para a libertação colonial do Congo. Em 1960, várias entidades nacionais se uniram à Organização das Nações Unidas (ONU) e pressionaram a Bélgica para declarar a liberdade do Congo, fato ocorrido no mesmo ano.

Transcrição de Independência de Zaire
Independência de Zaire Historia Zaire, originouse de uma má pronúncia do termo kikongo(Língua Africana) foi o nome que adotou oficialmente a atual República Democrática do Congo entre 27 de outubro de 1971 e 17 de maio de 1997. Com uma população com quase 70 milhões de habitantes, a República Democrática do Congo é o mais populoso do país francófono. Independência de Congo (ex-Zaire) Na década de 1940, sob a liderança de Patrice Lumumba, teve início um movimento para a libertação colonial do Congo. Em 1960, várias nações se uniram à Organização das Nações Unidas (ONU) e pressionaram a Bélgica para declarar a liberdade do Congo. E com isso em 1964 o país passou a se chamar República Democrática do Congo (RDC) Zaire A independência nacional foi obtida, mediante a Bélgica, no dia 30 de junho de 1960, adotando o nome de República do Congo,Após a independência do Congo, fundou-se a República Democrática do Congo e Patrice Lumumba foi eleito primeiro-ministro congolense. A história do Congo independente iniciou-se com várias divergências políticas: logo no primeiro mês em que Lumumba havia tomado posse, iniciou-se uma rebelião contra o seu governo.

O primeiro-ministro Lumumba não acreditava que somente a independência política
livraria o Congo da dependência colonial, mas declarou que a libertação da África aconteceria a partir do momento que o Congo deixasse de ser dependente economicamente da Europa.
Depois da declaração do primeiro-ministro do Congo, todos os investidores ocidentais presentes no país ficaram sob alerta. As várias corporações inglesas e belgas que investiram na exploração do cobre, cobalto, diamante, ouro, entre outros minérios, estavam temendo uma nacionalização das empresas, ou seja, temiam influências comunistas, desde a aproximação do governo do Congo com a União Soviética.

Logo em seguida, no ano de 1961, Lumumba foi sequestrado e assassinado num golpe de Estado financiado e apoiado pelos Estados Unidos. O golpe de Estado no Congo somente foi possível em razão do apoio dado aos Estados Unidos pelo antigo oficial da Força Pública Colonial, Joseph Désiré Mobutu.
-O apoio dado aos Estados Unidos renderia a Mobutu o governo do Congo, tornando-se ditador de 1965 a 1997. Ele ficou 32 anos no poder e transformou o Congo em seu quintal
particular. Mobutu foi sempre financiado pelos Estados Unidos e França em troca do seu anticomunismo e pela liberação da exploração capitalista ocidental nas minas de minérios do Congo.



Se liga: O ditador, nos seus mais de 30 anos no poder, instalou um dos governos mais cruéis e corruptos do Congo. Considerado um dos homens mais ricos do mundo, Mobutu só foi derrubado do poder em 1997. .

Um afro abraço.
fonte:www.pordentrodaafrica.com 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Festival Internacional da Utopia de 22 a 26 de Junho em Marica

Em meio a um cenário de crise política, em que as representatividades estão em cheque e
as decisões que fizeram a esquerda brasileira chegar até aqui são questionadas, o Festival da Utopia surge em Maricá (RJ) como horizonte que pode apresentar novas estratégias.
A organização espera cerca de cinco mil visitantes. Estima-se ainda que pelo menos duas mil pessoas acampem no evento. Militantes, trabalhadores, artistas e juventudes de 36 países, como Cuba, Vietnã, Índia, China e Venezuela, também estarão presentes; a ideia do festival é criar um espaço plural onde as pessoas possam debater os caminhos e condições para chegar ao mundo que desejam.

"O Festival da Utopia, evento realizado pela prefeitura de Maricá e idealizado pelo prefeito de Maricá Washington Quaquá com inspiração na Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), terá diversos shows dos dias 22 a 26 de junho. O custo total do evento ainda não foi divulgado pela prefeitura."

A programação mescla debates à atividades culturais, como encontro internacional da juventude em luta, debates com pensadores de todo o mundo, feira da reforma agrária, acampamento com movimentos, além de espetáculos e debates com grupos de teatro político da América Latina, África e Ásia.
Para abrir o Festival da Utopia a cidade receberá no dia 22 de junho (quarta-feira) o grupo Racionais MC’s, o grupo paulistano fará um show com músicas do disco mais recente, “Cores & Valores”. Os rappers também interpretam faixas de trabalhos antigos. No dia 23 de junho (quinta-feira), o cantor Chico Cesar será a atração principal e fará o show no palco que será montado na praia da Barra de Maricá.

Já para o dia 24 de junho (sexta-feira) o show fica por conta da sambista Beth Carvalho, que apresentará seus maiores sucessos.

No dia 25 (sábado) se apresentam a banda de rock nacional Detonautas com seus maiores sucessos como ‘Você me faz tão bem’; ‘Olhos Certos’; ‘O Dia que Não Terminou’; entre outros. No mesmo dia se apresenta no palco na Barra de Maricá o rapper Emicida, considerado uma das maiores revelações do hip hop do Brasil nos últimos anos.

Estão confirmados personalidades de mundo inteiro como a ativista Vandana Shiva, a filha de Che Guevara e pediatra Aleida Guevara, o escritor e ativista Pasquitanês Tariq Ali, o ator Danny Glover, além do ex-presidente Lula e da presidente afastada Dilma Rousseff.

“Em um contexto político que se agrava a cada dia, a presidenta eleita Dilma Rousseff também participará da atividade para receber a solidariedade e a força dos grupos que
defendem sua volta”, diz texto de apresentação, no site oficial do evento.

Utopia tem como significado mais comum a ideia de civilização ideal, imaginária, fantástica. Pode referir-se a uma cidade ou a um mundo, sendo possível tanto no futuro, quanto no presente, porém em um paralelo. Pode também ser utilizado para definir um sonho ainda não realizado. Uma fantasia, uma esperança muito forte. Utopia é um projeto humanista de transformação social e representa aspectos capitais do humanismo renascentista.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.marica.rj.gov.br/festivaldautopia

quarta-feira, 8 de junho de 2016

A arte africana fundamentalmente em sua origem representa os usos e costumes das
tribos africanas. O objeto de arte é funcional e expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima. Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva. Visitando os museus da Europa Ocidental é possível conhecer o maior acervo da arte antiga africana no mundo.


De base rural-comunitária, a arte africana feriu diretamente os cânones europeus até quase o final do século XIX e, com o seu “expressionismo”, conseguiu atrair pintores como Picasso e Braque, justamente quando enveredaram pelo cubismo. No entanto, por volta da mesma época, os europeus também reagiram com espanto a um outro tipo de arte africana: os “bronzes de Benin”, levados para a Europa após a conquista colonial. O crítico alemão F. von Luncham escreveu, em 1901: “Estes trabalhos de Benin (elaborados com a secular técnica da ‘cera perdida’) estão no patamar mais elevado da técnica de fundição da Europa. Cellini, e ninguém antes nem depois dele, poderia tê-los fundido melhor”. Essas cabeças e estátuas em bronze já eram produzidas assim pelos iorubás desde o século XVI, conforme testemunharam os portugueses quando ali aportaram no tempo das grandes navegações.
Não é propósito da arte africana contemporânea, sobretudo a produzida no período pós-colonial, tratar de questões comparativas relativas ao desenvolvimento da arte “branca”
ocidental. Seja figurativa ou abstrata, essa arte “afro” carrega em si a tradição, porém detém objetivos semelhantes ao de qualquer outra arte contemporânea de caráter internacional. Entretanto, artistas e artesãos continuam produzindo a arte tradicional, quer para uso comunitário quer para deleite dos turistas. Parte dela, de qualidade bem menor, acaba sendo chamada de “arte de aeroporto”.

A arte afro-brasileira nascida a partir de profundas raízes africanas, trilhou um longo percurso durante séculos, conquistando visível autonomia e criatividade própria. Percorreu uma trajetória de trocas, sobretudo com os europeus, em meio a um mundo escravocrata e católico que lhe acarretou perdas e ganhos, continuidade e mudança. Essa arte, realimentada pelas levas sucessivas de escravos que lhe inspira uma visão de mundo herdada da África, estava, porém, sujeita simultaneamente à dinâmica proveniente da evolução da sociedade brasileira. Participou de tal modo na construção e desenvolvimento de nossa sociedade que o sociólogo Gilberto Freyre, pioneiramente, considerou o negro como “um co-colonizador, apesar da sua condição de escravo”.

A função primordial da arte africana, também chamada de arte negra, foi a de produzir valores emocionais para as comunidades às quais pertenceu e que possuíam um saber cultural já estabelecido. Acompanhava, assim, a vida cotidiana da comunidade, participando dos rituais da vida doméstica desde o nascimento, dos ritos de passagem, passando pela fatalidade da morte e continuando ainda na perene ligação com a ancestralidade. Essa arte não tinha o compromisso de ser retrato da realidade e se apresentou sem simetria e proporção. Na figura humana, por exemplo, quase sempre a cabeça é demasiado grande, pois representa a personalidade, o saber, sobretudo quando é a de alguém mais velho; a língua, por vezes, ultrapassa a cavidade da boca, já que expressa a fala, que é a chave da tradição oral; a barriga e os seios femininos representam, em conjunto, a fertilidade; os pés, normalmente grandes, estão sempre bem fixados na terra.

-"Tais representações são expressões culturais sujeitas às diversidades étnicas".
Entretanto, todas elas são provenientes do sopro de um “Criador”, que emite uma força vital – “axé” no Brasil dos orixás (oriundos do oeste da Nigéria e do Leste do Benin). Essa força vital circula por todos os reinos do universo: o humano e o animal, o vegetal e até o mineral, e mostra-se passível de ser “transferida” entre todos os seres através da intervenção dos ancestrais, bastando, para tanto, adotar sacerdotes como “intermediários-intérpretes”.

No Brasil-Analisando a fraca presença dos negros brasileiros nas artes visuais contemporâneas – em flagrante contraste com o período do barroco, quando eram dominantes – Clarival do Prado Valadares (1988) menciona que essa presença passou a traduzir-se, quase que exclusivamente, no que se convencionou chamar de “arte primitiva”. Essa arte, segundo ele, aceitavelmente dócil, era aquilo que se esperava do negro, uma arte adequada ao lugar que lhe era permitido ocupar na hierarquizada sociedade brasileira.Compreende-se isso melhor ao se consultar Quem é quem nas artes e letras do Brasil, lançada pelo Ministério das Relações Exteriores em 1966. Das 298 fichas biográficas de artistas brasileiros ali listadas, somente 16 eram de negros. O mesmo Itamaraty – numa edição, em francês, do seu Anuário de 1966 assinala que, no que diz respeito à cor “a maioria da população brasileira é constituída de brancos; a percentagem de mestiços é fraca”. Essa “distração” étnica felizmente não só desapareceu dos anuários oficiais do Itamaraty como também aumentou a participação dos negros nas artes nacionais.

Porém, é preciso ter presente a mentalidade reinante durante a época do escravismo, em que qualquer tipo de trabalho, mesmo artístico, era considerado indigno de um branco da casa-grande. A única exceção a essa regra foram os padres que, quase todos, aprenderam as artes na metrópole. Para uma eficaz ação evangélica da Igreja foram indispensáveis várias artes, e não só a retórica dos sermões. Eram necessários muitos templos, que se espalharam por cada capitania. Cada um deles requisitou arquitetos, pintores, escultores, músicos (o padre mestiço José Maurício Nunes Garcia foi o músico mais reverenciado da época). E não esqueçamos os corais dos jesuítas, quase todos formados por negros, principalmente até meados do século XVIII.

No entanto, foi somente na época do barroco que os negros constituíram, de certo modo, uma elite na arte brasileira. O barroco brasileiro, com seu epicentro situado em Minas Gerais (mas com núcleos importantes em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro), beneficiou-se economicamente do chamado “ciclo do ouro” das décadas de 1729 a 1750. Do fecundo período barroco, resultaram os mais belos monumentos religiosos do Brasil, no dizer de Fernando Azevedo, que acrescenta terem sido os anos Setecentos o “século do Aleijadinho”, o gênio mulato que deu aos “centros urbanos de Minas Gerais algumas das igrejas rococós mais belas do mundo”. É natural, portanto, que muitos críticos considerem que, de fato, a história das artes no Brasil se iniciou com o estilo barroco.

Além das ordens religiosas – exclusivistas do ponto de vista racial, uma vez que não

toleravam a participação de quem não provasse ter “sangue puro” (os judeus, por exemplo) –, outro fator benéfico para o aparecimento de artistas negros foram as irmandades, a quem estavam ligadas as corporações de ofícios. Separadas pela cor dos seus membros – brancos, pardos (ou mulatos) e pretos – essas irmandades competiam entre si, mas não se tratava de uma competição muito excludente, já que, com frequência, o talento era priorizado. Dois exemplos foram a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, que patrocinou a publicação, em Lisboa, do livro Testemunho eucarístico de o Aleijadinho, artista escolhido pela Irmandade de São Francisco, de brancos, para fazer a planta e para construir as suas duas mais belas igrejas, localizadas em Vila Rica e em São João Del Rei. Além de Aleijadinho, outro artista mulato de destaque foi o Mestre Valentim, também filho de pai português e de mãe escrava. Enquanto Aleijadinho atuou em Minas Gerais, no terreno da arte religiosa, arquitetura e escultura, o Mestgre Valertim veio para o Rio de Janeiro, onde se imortalizou no campo do urbanismo e da construção civil.

A consolidação do estilo implantado pela Academia acarretou um grande aumento de encomendas do governo imperial, o mercado das artes expande-se e aumentam as viagens de estudo ao exterior. A capacidade da arte em constituir carreiras promissoras
passou a atrair os filhos da aristocracia rural e da burguesia emergente. Ainda assim, durante os Oitocentos, alguns artistas negros se sobressaíram na arte propugnada pela Academia, entre os quais Firmino Monteiro, Estevão Silva, Fernando Pinto Bandeira e Artur Timóteo da Costa.


Esculturas em madeira
A escultura em madeira é a fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças de animais, figuras alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças. Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre denotando um motivo alusivo à figura dos dignitários. Os utensílios de uso cotidiano, portas e portais para suas casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo desenhos estilísticos.

Esculturas em outros materiais
Além das esculturas em madeira existem os objetos confeccionados com fragmentos de vidro(apesar de estes serem raros) das mais variadas cores, colocados em gorros, possuindo uma gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão que passam por todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical. As pedras podem ser alternadas por Cowrys, canudilhos metálicos ou de seda e algodão.
Confeccionam roupas longas e gorros. A inventividade do bordado com pedras de vidro está muito espalhada nas populações da República da Nigéria. Os suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com pedras de vidro, canudilhos e cauris.     Os tecidos e o vestuário chegaram a um desenvolvimento plástico considerável em zona de cultura urbana, assimilando muitos elementos da indumentária islâmica e outros introduzidos pelos europeus colonialistas. O tear horizontal, permitiu a confecção variada de tiras que
posteriormente se juntam longitudinalmente para formar tecidos maiores. Deste tipo de confecção o mais característico é o chamado Kente, entre os Ashanti. Ainda entre estes tecidos está o estampado chamado Denkira, com figuras diferentes que se combinam para estruturar um desenho ou determinar um motivo fundamental. Os desenhos são imersos em uma tintura vegetal e impressos em tecido branco estendido em uma almofada. O Alaká africano, conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká.

Ferro - O ferro é utilizado a partir de uma prancha fundida mediante pressão e calor. São confeccionados muitos atributos em várias formas pelos Abomei, de quem é a imagem da entidade Gu, dono do ferro representado por uma figura antropomorfa. Com a mesma técnica são encontrados vários atributos a variadas entidades e também vários instrumentos musicais.      Nestas, os detalhes da figura humana estão um pouco resumidos, destacando algumas marcas regionais, e nisto, assim como nas proporções gerais, diferem das de Ifé, nas que se percebe a procura dos modelos anatômicos, como se fossem retratos, dentro de um tamanho menor. As cabeças de bronze apresentam variedades de caracteres faciais, presos em detalhes sutis que permitem apreciar diferentes expressões nos rostos e até incluem algumas deformações anatômicas.

A arte afro-brasileira só passou a ser devidamente valorizada como expressão da brasilidade a partir do movimento modernista dos anos 1920 e nas excursões que Mário de Andrade liderou por Minas Gerais e pelo Nordeste. O reconhecimento ganhou foros intelectuais com a criação da Universidade de São Paulo (USP) em 1934 e, a seguir, com a Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. A partir de então, vários artistas brasileiros contemporâneos de origem negra se destacaram pela produção de suas respectivas obras:

Heitor dos Prazeres (1898-1966) – Compositor e pintor nascido e falecido no Rio de Janeiro, sambista pioneiro que participou da fundação das escolas de samba Portela e Mangueira. Sua carreira de pintor só foi iniciada em 1936, tendo como inspiração o samba e o cotidiano dos morros cariocas, onde a sua gente aparecia nos seus quadros com o rosto em perfil, o corpo de frente e “os dentinhos de fora”. Tornou-se prestigiado após a sua participação na I Bienal de São Paulo, em 1951, como um dos representantes da delegação brasileira no Festival Mundial de Arte Negra, em Dacar (Senegal, 1966).

Djanira da Motta e Silva (1914-1979) – Embora sem sangue negro, dedicou atenção à cultura e às tradições africanas. Descendente de índios guaranis e de austríacos, nasceu no interior de São Paulo e foi morar na capital, onde passou uma vida de privações. Contraiu tuberculose aos 23 anos, mas conseguiu sobreviver. Mudou-se para o Rio, onde

trabalhou como modista e cozinheira, fez aulas de pintura com Emeric Marcier e frequentou o Liceu de Artes e Ofícios. Expôs a partir de 1942, com ampla aceitação da crítica e do público. Fez o retrato apaixonado de sua terra e sua gente, sem concessões ao fácil e ao pitoresco.

Mestre Didi (1917) – Natural de Salvador e alto dignatário do culto dos ancestrais na Bahia. Seu livro mais conhecido, publicado em 1962 e reeditado, intitula-se Contos negros da Bahia. Os seus trabalhos, de cunho ritual, são esculturas feitas com produtos naturais.

José de Dome (1921-1982) – Figurativista intuitivo e lírico, dedicou-se a paisagens e a tipos populares. Em Cabo Frio, onde viveu grande parte da sua vida, o prédio da secretaria de Cultura leva seu nome.

Rubem Valentim (1922-1991) – Sua carreira se projetou a partir de 1942 e, dois anos depois, expôs na Bahia aquele que é considerado como o primeiro quadro abstrato
executado no estado. Expositor constante nas Bienais de São Paulo (entre 1955 e 1977) como pintor e escultor, participou da delegação brasileira em dois festivais mundiais de Arte Negra: em Dacar (1966) e em Lagos (1977), com uma arte geométrica ostentando símbolos dos cultos afro-brasileiros.

Antonio Bandeira (1922-1967) – Nascido no Ceará, formou-se em Paris, onde faleceu. Com valiosa produção abstracionista, participou das Bienais de São Paulo e Veneza, e sua obra foi distribuída por diversos museus no Brasil e no exterior. Ocupa uma das mais destacadas posições em toda a história da arte brasileira.

Otávio Araújo (1926) – Natural de São Paulo, e de condição modesta, conseguiu realizar sua primeira exposição no Rio de Janeiro, em 1946, participando do “Grupo dos 19”. A obtenção de um prêmio permitiu-lhe viajar para a Europa. Foi assistente de Portinari entre 1952 e 1957, e em seguida viajou para a União Soviética.

Maria Auxiliadora (1938-1974) – Artista mineira, a sua produção foi marcada por uma técnica de colagem de cabelo natural, que iniciou em 1968. A sua outra característica, na qual alguns veem um afloramento da “pop art”, foi a utilização da massa plástica para obter relevo e movimento. Em sua arte, misturam-se sexualidade e temas religiosos, fertilidade e candomblé.

Emanoel Araújo (1940) – Artista baiano que sempre se inspirou nas tradições populares
do seu estado natal. Também crítico de arte, produtor e administrador cultural, dono de uma importante coleção de obras de arte, organizou em 1988 o livro A mão afro-brasileira, considerado por especialistas a mais completa obra sobre o tema.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.brasilartesenciclopedias.com.br/unegro-cultura/https://pt.scribd.com

terça-feira, 7 de junho de 2016

Lendas e Orixas : Obá é ligado à água, guerreira e pouco feminina

As suas roupas são vermelhas e brancas, usa um escudo, uma espada e uma coroa de cobre.
0 tipo psicológico dos filhos de OBA, constitui o estereotipo da mulher de forte temperamento, terrivelmente possessiva e carente, é mulher de um homem só, fiel e sofrida. São combativas, impetuosas e vingativas.
Obá é um ORIXÁ que raramente se manifesta e há pouco estudo sobre ela.
Obá é a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica os seus direitos, que enfrenta qualquer homem – menos aquele que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa, mas rende-se a uma paixão. Obá é a mulher que se anula quando ama.

Obá filha de Iemanjá e Oxalá. Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protectora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iya Mi. Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino.

Embora Obá se tenha transformado num rio, é uma deusa relacionada ao fogo.

Obá é saudada como o Orixá do ciúme, mas não se pode esquecer que o ciúme é o corolário inevitável do amor, portanto, Obá é um Orixá do amor, das paixões, com todos os dissabores e sofrimentos que o sentimento pode acarretar. Obá tem ciúme porque ama.

O lado esquerdo (Osì) sempre esteve relacionado à mulher e, por uma razão muito elementar, é o lado do coração. Quando Obá é saudada como guardiã da esquerda, isso quer dizer que é a guardiã de todas as mulheres, aquela que compreende os sentimentos do coração, pois Obá pensa com o coração, por isso dança sempre com a mãe esquerda apontando para o lado esquerdo na latura da orelha, poder genitor feminino, rainha em África da sociedade Elecô, onde homem não entra, as grandes amazonas de Oba. Oba não conhece a cabeça de homem.

"Ligadas a Oxóssi pela caça e grande arqueira, ligada a Xangô através do fogo a luta pela vida."

Como pode uma deusa ligada a esses sentimentos, dedicar-se à guerra? Toda a energia das suas
paixões frustradas é canalizada por ela para a guerra, tornando-se a guerreira mais valente, que nenhum homem ousa enfrentar. Obá supera a angústia de viver sem ser amada.
Obá troca um palácio por uma cabana, troca todas as riquezas do mundo por uma frase: “Eu te amo”.

Características dos filhos de Obá

Os filhos de Obá não tem muito jeito para se comunicar com as pessoas, chegam a ser duros e inflexíveis. Têm dificuldade em ser gentis e estabelecer um canal de comunicação afectiva com os outros; às vezes são brutos e rudes afastando as pessoas. Isso deve-se ao fato de os filhos de Obá, na maioria das vezes, sofrerem um certo complexo de inferioridade achando que as pessoas que se aproximam querem tirar partido de alguma coisa. De facto, isso tende a acontecer com os filhos de Obá.

A sua sinceridade chega a ferir; expressam as suas opiniões, fazem críticas e acabam por magoar as pessoas, pois não se preocupam em ser agradáveis. Mas essa agressividade é puramente defensiva.
São bons companheiros e amigos fiéis, são ciumentos e possessivos no amor, por isso não têm muita sorte. Quando apaixonados, nunca são senhores da relação, cedem em tudo, abdicam de todas as suas convicções.
Algumas vezes infelizes no amor, investem todas as suas cartas nas suas carreiras e, de entre as mulheres que se destacam profissionalmente numa sociedade machista, podem-se encontrar muitas filhas de Obá excelentes juizas, advogadas, comandando quartéis, etc. Muitas vezes despertam a inveja dos seus inimigos e podem sofrer algumas emboscadas, por isso devem vencer a tendência que possuem para a ingenuidade.

Dia: Quarta-feira
Cores: Marron raiado, Vermelho e Amarelo
Símbolos: Ofange (espada) e Escudo de Cobre, Ofá (arco e flecha)
Elementos: Fogo e Águas Revoltas
Domínios: Amor e Sucesso Profissional
Saudação: Obà Siré!

Um afro abraço.

fonte:http://ocandomble.wordpress

Mariah Carey ft Whitney Houston When You Believe HD

quarta-feira, 1 de junho de 2016

UNEGRO BRASIL.

"NOTA DE REPUDIO"

A União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), vem a público repudiar veementemente a conduta criminosa do estupro coletivo praticado contra à adolescente do Rio de Janeiro,violentada por mais de 30 homens. A UNEGRO posiciona-se contra à cultura de estupro existente, que se legitima em atos bárbaros e crimes hediondos, ameaçando todas as mulheres brasileiras.

-"Neste momento em que o mundo noticia, estarrecido o caso do Rio de Janeiro e some-se a este tantos outros que são praticados diariamente, a exemplo da jovem do Maranhão que também sofreu estupro coletivo. É preciso que a justiça brasileira cumpra as leis e direitos já consagrados em nosso País e que tomem as medidas necessárias para conclusão da investigação dos casos de estupro com perspectiva de gênero e a criminalização de todos os envolvidos."  

É urgente o debate sobre questões de gênero na sociedade em geral. A cada 11 minutos uma mulher e estuprada, 47.646 casos foram registrado em 2014, isso corresponde a 10% de nossa realidade tendo em vista os números pequenos de denuncia oficializadas pelas vitimas, os casos ocorridos se tornam ainda mais cruéis quando deparamos com posts e comentários de homens e mulheres exaltando a pratica criminosa, culpabilizando as vitimas em uma tentativa selvagem de justificar o injustificável, tais atitudes privilegiam o agressores e os mantém livres para a pratica de novos crimes(99% dos agressores estão soltos). A discussão da cultura do estrupo já tem 40 anos e o mapa da violência nos últimos 10 anos mostrou um aumento significativo do feminicidio no Brasil.

Repudiamos todos os atos de violência contra às mulheres, jovens, negras, com deficiência, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis, e transexuais, bem como o enfrentamento da situação real em que 1 mulher é estuprada a cada 11 minutos, de acordo com o 9º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os atos praticados não atingem apenas as vítimas adolescentes, mas representam um ataque a todas as mulheres e instituições de nosso país que lutam pela eliminação da violência de gênero e para que os Direitos Humanos sejam uma realidade. Declaramos nosso apoio às mulheres de todo o Brasil e à elas nos unimos nas campanhas para denunciarmos a cultura do estupro e estimular a sociedade brasileira a combatê-la em suas múltiplas dimensões.

Mexeu com uma Mexeu com todas
União de Negros Pela Igualdade – (UNEGRO) Brasil.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Analizando como silenciamos o estupro:A culpa é da vitima assim pensam os brasileiros sobre a violência contra a mulher

Todo mundo concorda que estupro é um dos piores crimes que existem. Ainda assim, 99% dos agressores sexuais estão soltos - e eles não são quem você imagina. Culpa de uma tradição milenar: o nosso hábito de abafar a violência sexual a qualquer custo. Entenda aqui por que é tão difícil falar de estupro.
Quase que pior que as histórias de estupro foi o que a ONU fez com o relatório que continha essas denúncias. O documento foi encaminhado de funcionário a funcionário a funcionário - sem que ninguém tomasse nenhuma providência. Repetidamente, o caso foi sendo abafado. Foi apenas quando a papelada caiu nas mãos de Anders Kompass, um oficial de direitos humanos da ONU na Suíça, que alguém agiu. Kompass vazou as informações para o governo francês, que finalmente abriu uma investigação na República Centro-Africana. Aí, sim, a ONU se viu obrigada a tomar uma atitude: afastou Kompass do cargo.


Para a maioria dos brasileiros, a mulher deve “dar-se ao respeito”. Ela deve obediência ao marido e só se sente realizada ao ter filhos e constituir família. A maioria ainda acredita que, “se a mulher soubesse se comportar melhor, haveria menos estupros”. Mais que isso: para a maioria dos brasileiros, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas”.
Mulher com roupa curta merece ser atacada...
Um estudo divulgado  pelo Ipea revela que a maioria da população brasileira acredita que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e que “se as

mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.[...]
A pesquisa [...] sobre a tolerância social à violência contra as mulheres, entrevistou 3.810

pessoas em todas as unidades da federação durante os meses de maio e junho de 2013, sendo que as próprias mulheres representaram 66,5% do universo de entrevistados.[...]

Na pesquisa do Ipea, os entrevistados foram questionados se concordavam ou não com frases sobre o tema. Nada menos que 26% concordaram que a mulher que usa roupa que mostra o corpo merece ser atacada. [UOL Cotidiano]A carne mais barata, estuprada e morta é da mulher negra

Os dados revelados pelo estudo dão ao movimento feminista, negro e de mulheres negras ferramentas importantes para o combate ao racismo e machismo na sociedade. Vamos lá, nós mulheres negras somos 25% da população brasileira sozinhas, ou seja, somos metade da população que sofre com machismo e metade da população que sofre com o racismo. Esse dado é importante, pois quando pensamos o que significa a violência contra mulher e a desigualdade de gênero a questão racial está profundamente correlacionada e não visibilizar este dado é não querer lidar com o problema da violência contra mulher de forma concreta (o mesmo deve ser dito sobre a dificuldade de termos dados sobre violência contra mulheres trans e travestis e qual a sua raça).

Segundo o Mapa da Violência, em 10 anos o número de mulheres negras mortas aumentou em 54%, no mesmo período o número de assassinatos de mulheres brancas caíram 9,8%. Isso não quer dizer que as mulheres brancas não sofram diretamente com a violência 
machista, só lembrarmos da semana passada quando sites, páginas de jornais e matérias de TV noticiaram a história de Ana Carolina Souza Vieira morta por causa do machismo da nossa sociedade. Esse dados demonstram o quanto o debate racial não pode ser dissociado do debate de gênero. É, praticamente, um desenho macabro para entendermos a necessidade da interseccionalidade dos debates.

Além disso, o documento também revela que 55,3% desses crimes aconteceram no ambiente doméstico, sendo 33,2% cometidos pelos parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Neste segundo semestre, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou o 9º Anuário sobre o tema, apresentando que no Brasil uma mulher é estuprada a cada 11 minutos e em nota técnica publicada pelo IPEA em março de 2014 foi apresentado que 70% dos estupros contra mulheres adultas são cometidos por parentes, namorados ou amigos das vítima,

neste mesmo documento do IPEA é apresentado que 51% das vítimas de violência sexual eram mulheres negras.
”O racismo permite que a sociedade entenda que essas mulheres [negras] podem ser violentadas”
Perfil das vítimas
Os registros demonstram que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% são crianças e adolescentes. “As consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima - que se dá exatamente nessa fase - estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, aponta a pesquisa.

Em metade das ocorrências envolvendo menores, há um histórico de estupros anteriores. Para o diretor do Ipea, “o estudo reflete uma ideologia patriarcal e machista que coloca a mulher como objeto de desejo e propriedade”.[Ipea]


Apesar destes dados porque nos chocamos com mais este caso...
"Acordei com 33 caras em cima de mim", diz garota de 16 anos vítima de estupro
De acordo com o pai dela, muito abalado, a agressão ocorreu no Morro São João, em Praça Seca, Rio de Janeiro: "Ela foi num baile, prenderam ela lá e fizeram essa covardia. Bagunçaram minha filha. Quase mataram ela. Estava gemendo de dor".
O crime foi colocado por um dos envolvidos um vídeo no Twitter. Nas imagens, o homem exibe o órgão genital da garota todo machucado e diz que ela teve relações sexuais com mais de 30, não aguentando o sofrimento. Ele se vangloria do sofrimento da moça, o que causou enorme revolta. No entanto, muitos internautas chegaram a fazer piada com o episódio, enquanto instituições de todo planeta soltavam notas repudiando o que já é chamado de "barbárie".


-Outro fato que vem chamando a atenção de algumas internautas - se é que toda essa história pode ficar ainda pior -, é que a indignação maior está vindo por parte das mulheres, enquanto a maioria dos homens permanece calada. "Quase todas as mulheres que encontrei falaram do ocorrido com indiguinação mais algumas também acharam que ela deve ter culpa"...  -Nenhum homem,no primeiro momento...
Seculo XI ainda tudo igual...
A maneira como leis e culturas lidam com o estupro mudou pouquíssimo nos últimos 4 mil anos
O Código de Hamurabi
Um dos primeiros códigos de leis conhecidos, de 4 mil anos, já falava emestupro. A peculiaridade é que, no caso de uma virgem, o ato era considerado um crime contra a

propriedade - do pai dela. Já as mulheres casadas eram executadas junto com seus estupradores, pois tinham cometido adultério.
Estupro bíblico - e o do Brasil
O Velho Testamento deixa claro: estuprar uma virgem só era crime se o homem não se casava com ela depois. Assim como no Brasil até 2002 - até essa data, estupradores podiam escapar da prisão caso se casassem com suas vítimas.
Roma antiga e Game of Thrones

Em Roma, ao final de um casamento, o casal passava por um pequeno ritual: a mulher fingia ter muito medo e se agarrava à mãe, enquanto os amigos do noivo a arrastavam à força até os aposentos do marido. É um ritual que lembra a época em que mulheres eram

sequestradas por invasores - e que George R. R. Martin reproduz em Game of Thrones.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte: UNEGRO- MULHER/https://vk.com/topic-73685647_31926732/https://hebreuisraelita.wordpress.com/tag/brasil.elpais.com › Brasil/fotos net

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