UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Preconceito contra negros no trabalho ainda é realidade...

No Brasil os negros continuam estudando menos, enfrentando maiores dificuldades para conseguir emprego e recebendo salários menores.

O preconceito contra os negros, uma herança oriunda do período da escravidão, ainda hoje é presente nos núcleos sociais, mesmo que alguns defendam que isso é coisa do passado. E, no contexto de inserção no mercado de trabalho, a desigualdade entre negros e pessoas de outras raças é comprovada, ocasionando outro eixo de discussão sobre o tema.

Quem são os brasileiros que estão há um ano ou mais procurando emprego? Os negros e as mulheres são a maioria (mais de 60%), como mostra matéria publicada hoje no jornal O Globo.

Esses dados vão na mesma linha dos que eu tenho mostrado aqui. Em cada divulgação da taxa de desemprego médio, eu costumo olhar para os dados desagregados, para a desocupação entre negros, mulheres, jovens, brancos. E fica muito evidente como o mercado de trabalho brasileiro, mesmo quando os empresários reclamam de falta de mão de obra, prefere alguns e pretere outros. Ele discrimina na hora de contratar, prefere homem branco, não muito jovem. Mulheres, negros e jovens são discriminados.


Se liga nos Médicos Cubanos é uma exemplo...

Os cubanos, assim como os demais profissionais estrangeiros, irão atuar nos 701 municípios que não atraíram o interesse de nenhum médico brasileiro, a despeito da bolsa de R$ 10 mil oferecida pelo governo brasileiro. Ou seja: não estão tirando oportunidades de ninguém. Mas, ainda assim, são hostilizadas por uma classe que, com suas atitudes, destrói a própria imagem. Preocupado com a tensão e com as ameaças dos médicos, o ministro Alexandre Padilha avisou ontem que o “Brasil não vai tolerar a xenofobia”


“Em nenhum país do mundo, os médicos cubanos estão sendo tratados como no Brasil. Aqui, são chamados de escravos por parte da imprensa brasileira e por médicos tupiniquins, como se estivessem roubando seus empregos e suas oportunidades. Em Fortaleza, quando o médico cubano negro foi cercado e vaiado por jovens profissionais brasileiras”

E eu pergunto: - Por que será?


Apesar de as iniciativas de promoção da igualdade racial terem conquistado cada vez mais destaque e espaço, as ações voltadas para a inserção dos negros no mercado de trabalho ainda são tímidas para enfrentar o tamanho do preconceito existente na sociedade brasileira. “Eu já senti muita discriminação. Ser negro no Brasil é ser lixo. Os negros não têm estudo e têm mais dificuldade para arranjar emprego”, conta a copeira Neuza Manhães, que está desempregada desde o começo deste ano e sustenta sozinha sete pessoas na cidade-satélite de Samambaia, no Distrito Federal. Sua opinião, infelizmente, é confirmada pelos números. A taxa de desemprego, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2003, elaborada pelo IBGE, mostra as variações em função da cor da pele: no grupo com mais de 16 anos de idade, a taxa de desemprego é de 8,7% para os brancos e de 10,7% para os negros. O grau de informalidade também é maior entre os negros. Enquanto 42% dos brancos têm carteira assinada ou são funcionários públicos, entre os negros esse percentual é de 31,4%. Isso significa que menos de um terço dos trabalhadores negros tem acesso a direitos trabalhistas, como décimo terceiro salário, adicional de férias, seguro desemprego e benefícios previdenciários. A situação é ainda pior para a mulher negra, já que somente uma em cada quatro possui algum vínculo formal de trabalho.

Tem gente que fala que é porque o mercado quer pessoas mais qualificadas, está ficando mais exigente, mas isso não é verdade. O que explicaria o fato de a taxa de desemprego entre as mulheres ser maior apesar de elas terem estudado mais, terem mais escolaridade?

Essa é uma questão que me preocupa há muitos anos. Tenho olhado os indicadores raciais e de gênero, na hora de analisar as estatísticas. Há estudos que comparam pessoas com o mesmo nível de escolaridade, mas com cor diferente. O desemprego é maior, e o salário é menor para negros do que para brancos, mesmo com o mesmo nível de escolaridade.

As dificuldades para se colocar no mercado de trabalho são formadas muito antes do momento da procura do emprego, especialmente pelas diferenças de acesso à educação.
Em 2001, 10,2% dos brancos e apenas 2,5% dos negros tinham concluído o ensino superior, com uma vantagem de quatro vezes para os brancos. A situação já foi pior, porque em 1960 o número de brancos com diploma universitário era 14 vezes superior ao dos negros. No entanto, a distância voltou a aumentar entre 1991 e 2000, quando o número de matriculados nas universidades passou de 1,4 milhão para quase 3 milhões, mas não houve maior inclusão de negros, uma vez que sua participação no sistema caiu ligeiramente, de 19,7% para 19,3%, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano deste ano elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que elegeu como tema a igualdade racial. “A questão da igualdade racial é um problema monstruoso. Ao final do segundo grau, os negros já perderam a corrida há muito tempo. As políticas públicas que existem hoje são pífias”, diz Sergei Suarez Dillon Soares, pesquisador do Ipea que desenvolveu, em 2000, um estudo comparando as diferentes condições de negros e brancos no mercado de trabalho.

Car@s companheiros nem todos concordam que o sistema de vagas exclusivas seja a melhor forma de facilitar o acesso dos negros ao ensino superior. A Universidade de Campinas (Unicamp) adotou outra estratégia, que conserva o critério de seleção do vestibular dando um “crédito” a mais aos candidatos das minorias raciais - negros e índios - e aos
vindos de escolas públicas. Os do primeiro grupo recebem dez pontos a mais na nota do exame de seleção, e os do segundo, 30 pontos. Dessa forma, eles obtêm uma vantagem extra na hora de competir com os demais estudantes, porém precisam provar que têm o conhecimento necessário para entrar na Unicamp. “O sistema de cotas proposto pelo ministério trata o problema da forma errada. A forma correta de tratar esse problema seria por meio de uma política mais positiva de incentivo para que as instituições aumentem a inclusão da forma como acharem melhor. Tem muita gente inteligente na universidade, é a universidade que tem de encontrar a melhor maneira de lidar com essa questão, a
universidade tem de ter autonomia”, diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado se São Paulo (Fapesp) e reitor da Unicamp até abril de 2005. Para Nelson Fernando Inocêncio da Silva, professor da UNB e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da mesma universidade, é necessário que seja feito um trabalho para que a sociedade brasileira compreenda a gravidade da situação. “O Brasil é signatário de vários documentos de combate à discriminação, mas não basta assinar documentos. É preciso que o país se comprometa com políticas públicas que alterem as condições de vida da população negra”, acredita Inocêncio da Silva.


Distante ainda esta a igualdade

O Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 - Racismo, Pobreza e Violência, lançado em novembro pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), derruba o mito da democracia racial brasileira. O relatório, que contou com a participação de 30 pesquisadores, faz um levantamento abrangente e esclarecedor de indicadores brasileiros nas áreas de desenvolvimento humano, renda, educação, saúde, emprego, habitação e violência e conclui que em todas essas esferas os negros estão em posição desfavorável. Dividida em seis capítulos, a obra é acompanhada de um CD do Atlas Racial Brasileiro, banco eletrônico que reúne uma ampla série histórica de dados sociais desagregados por cor/raça, com cerca de 100 indicadores sobre o país, as cinco regiões, os estados e o Distrito Federal. “O tema do relatório se insere na preocupação do Pnud em relação aos grupos vulneráveis. Esperamos que as políticas propostas comecem a ser discutidas pela sociedade”, afirma Guilherme Assis de Almeida, um dos principais colaboradores do relatório e coordenador da unidade de direitos humanos e cidadania do Pnud.


Quando o Brasil diz que não discrimina, que a sociedade é igualitária, em que as pessoas ascendem pelo mérito, é muito bonito, mas não é real.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

Fonte: oglobo.globo.com/.../2013/

sábado, 21 de junho de 2014

Zezé Motta: “Se é para ajudar a melhorar o mundo, podem me chamar”

Eu sabia que aquilo incomodava, mas não sabia o que fazer. Tenho muita fé na força da oração. Então comecei a rezar e pensei que precisava fazer algo. Porque a essa altura, antes do filme, já tinha tido um comercial rejeitado por ser negra"


Com 45 anos de carreira, Zezé se tornou uma das atrizes negras mais importantes do país ao protagonizar, em 1976, o filme Xica da Silva, de Cacá Diegues. Dez anos antes, começou a carreira no teatro na peça Roda viva, de Chico Buarque. Paralelamente, influenciada pelo pai músico, cantava como crooner em casas noturnas de São Paulo.

Historia:
Em 1976, Cacá Diegues lançou “Xica da Silva”, seu maior sucesso de público, aproveitando-se da abertura política para anunciar, em sua exuberância e otimismo, os últimos dias do autoritarismo e a volta da democracia. Segundo o próprio diretor, “O filme não existiria sem Zezé Motta”. Ele tem toda razão, o talento de ZEZÉ MOTTA é a alma deste drama histórico alegórico. Considerada a primeira protagonista negra do cinema brasileiro e uma das mais carismáticas artistas brasileiras, a atriz se destacou no cinema e na televisão, e também como cantora, cuja discografia abriga um primeiro disco essencial com canções como “Magrelinha”, “Dores de Amores” e “Rita Baiana”. Ela tem também uma importante participação no processo da inserção do artista negro no mercado de trabalho, seja por sua própria história, seja como militante pela ampliação do espaço dos negros na comunicação. É uma das fundadoras e Presidente de Honra do CIDAN – Centro Brasileiro de Informações e Documentação do Artista Negro -, referência para produtores de todo o mundo.

Nascida em 27 de junho de 1944, na cidade fluminense de Campos dos Goitacases, filha de um músico e de uma costureira, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro quando tinha
dois anos de idade. Começou a fazer teatro participando do grêmio recreativo da escola e conseguiu depois uma bolsa de estudos no Tablado, onde foi aluna de Maria Clara Machado. Estreou nos palcos profissionais em 1967, no elenco da antológica “Roda Viva”, de Chico Buarque. Em 1969, esteve em “Arena Canta Zumbi” e “A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato”. Em 1972, participou de “Orfeu Negro” e, em 1974, atuou no musical “Godspell”. Estreou no cinema em 1970, no longa “Em Cada Coração um Punhal”, de José Rubens Siqueira e João Batista de Andrade. No mesmo ano, atuou em “Cléo e Daniel”, de Roberto Freire. Fez “Vai Trabalhar Vagabundo”, “Um Varão Entre as Mulheres” (1974), “A Rainha Diaba”, “Banana Mecânica” (1974), “Anjos da Noite” e “Tieta do Agreste” (1996), entre outros. Mas foi “Xica da Silva” que a consagrou. Com ele, ZEZÉ MOTTA levou o Troféu Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília, o Coruja de Ouro de Melhor Atriz e o Prêmio Air France de Melhor Atriz.


Ela nunca conseguiu engravidar, e ao longo de sua vida adotou cinco meninas, hoje, adultas: Luciana, Nadine, Sirlene, Carla e Cíntia. Ela criou sozinha as meninas desde que ela eram bebês. Adotou uma por uma, ao longo dos anos. Ela é avó de Luíz Antônio, filho de Nadine, de Heron e Loma, filhos de Sirlene, e de Isadora, filha de Luciana. Foi casada algumas vezes.
Baseado no romance “Memórias do Distrito de Diamantina”, de João Felício dos Santos, “Xica da Silva” conta a história de uma escrava que se tornou um mito na região de Diamantina (Minas Gerais) ao seduzir o rico contratador de diamantes português João Fernandes de Oliveira. A ostentação em que ela vivia atingiu aspectos surrealistas, quando o amante satisfez seu capricho ao construir um lago artificial e uma caravela manobrada por uma tripulação de dez homens. Tudo para que a amante pudesse “conhecer o mar” sem sair de Minas. Segundo o crítico de cinema Ismail Xavier, “Xica na tela é símbolo da astúcia do oprimido e, ao mesmo tempo, encarnação do estereótipo da sensualidade negra”. Ela foi a personagem feminina que — ao lado de Geni, de “Toda Nudez Será Castigada” (1973); de Florípedes, de “Dona Flor e seus Dois Maridos” (1976); e de Macabéia, de “A Hora da Estrela” (1986)) — marcou época no cinema brasileiro, despertando a atenção do público. Jeanne Moreau, ao ver o filme em Paris, disse que era “Um Lola Montès selvagem”, referindo-se ao clássico de Max Ophuls.

A carreira de cantora teve início em 1971, em casas noturnas paulistas. De 1975 a 1979, lançou três discos. Nos anos 1980, lançou mais três. Em 1994, gravou a canção de abertura da animação da Disney, “O Rei Leão”. Na TV, estreou em 1968, com um pequeno papel na famosa telenovela “Beto Rockfeller”, de Bráulio Pedroso. Depois participou de “A Patota” (1972), “Supermanoela” (1974) e “Duas Vidas” (1976). Atuou na telenovela “Xica da Silva”, em 1996, vinte anos depois de protagonizar o filme, e onde fez a mãe de Xica, no início, e Xica na maturidade, no final. Fez várias outras novelas: “Corpo a Corpo” (1984), “Kananga do Japão” (1989), “A Próxima Vítima” (1995), “Porto dos Milagres” (2001), “Sinhá Moça” (2006), e minisséries como “Memorial de Maria Moura” (1994), “Chiquinha Gonzaga” (1999) e “Cinquentinha” (2010), na Rede Globo. Em 2007, gravou a telenovela “Luz do Sol”, na Rede Record, e em 2011 atuou na mesma emissora em “Rebelde”, como Dadá. ZEZÉ MOTTA foi casada algumas vezes, mas nunca conseguiu engravidar, e ao longo de sua vida adotou cinco meninas, hoje, adultas. A atriz, que já rodou um total de 42 filmes, tem em “Gonzaga: De Pai pra Filho” (2012), de Breno Silveira, o seu trabalho cinematográfico mais recente.

Zezé- Ainda só se costuma ver muitos atores negros em uma produção quando ela aborda a escravidão. Já foi pior. Lembro que, no passado, a novela que tinha Neuza Borges, não tinha a Zezé Motta. A que tinha Xica Xavier, não tinha Ruth de Souza. Era um ou dois papéis para negros, no máximo. Um para um homem, outro para uma mulher. Essas personagens não tinham histórias. Vivam no reboque das vidas das personagens para os quais trabalhavam. Ainda temos que cobrar muito mais espaço para os artistas negros. E falo isso com muita propriedade. Faço parte do grupo que criou o Cidan (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro). Nele, há um banco de dados com cerca de 500 atores negros. A arte no Brasil é difícil para todos. Mas, para os negros, é mais difícil ainda. Não entenda isso como uma paranóia minha. Eu participo de muitas campanhas. Se eu não fosse negra, eu faria parte do movimento negro da mesma maneira. A minha questão é com a injustiça. Quando algum movimento de mulheres me chama, eu vou. Quando posso apoiar os gays, vou também. Essa coisa de assassinatos de gays é um absurdo. Parece que estamos

da Idade da Pedra. Sou preocupada com um mundo melhor, mais justo. Por isso, gosto de participar. Se é para ajudar a melhorar o mundo, podem me chamar. Agora mesmo estou com um grupo que percorre as escolas fazendo campanha contra o tabagismo. O mal tem que ser cortado pela raiz. Temos que conscientizar sobre o males do tabaco desde cedo.


Zezé Motta nasceu para brilhar. Ela faz teatro,cinema televisão e ainda se apresenta em casas de show. E quem acha que tanto trabalho tira a qualidade de suas apresentações,
está muito enganado. A atriz é sucesso em tudo que faz.


Um afro abraço.

fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre./http://zezemottaascantrizes.blogspot.com.br/

quarta-feira, 18 de junho de 2014

20 de Junho Dia Mundial do Refugiado:

QUEM É REFUGIADO?
Um refugiado é uma pessoa que está fora do seu país natal devido a fundados temores de perseguição relacionados a raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. São pessoas comuns, que tiveram de deixar para trás seus bens, empregos, familiares e amigos para preservar sua liberdade, sua segurança e sua vida. Também são consideradas refugiadas pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos.

A CONVENÇÃO DA ONU DE 1951 SOBRE REFUGIADOS

A Convenção da ONU sobre Refugiados (1951) e seu Protocolo (1967) são os fundamentos da proteção de refugiados e estabelecem os princípios legais sobre os quais se baseiam inúmeras legislações e práticas internacionais, regionais e nacionais. A pedra angular da Convenção de 1951 é que refugiados não podem ser expulsos ou devolvidos “para as fronteiras ou territórios onde suas vidas ou liberdade estejam ameaçadas”. A Convenção também estabelece os direitos básicos que os países signatários devem garantir aos refugiados.A Convenção de 1951 nunca teve o objetivo de solucionar todos os problemas relacionados às migrações. Seu objetivo único é proteger os refugiados. Um desafio atual da comunidade internacional é encontrar outros mecanismos eficientes para lidar com as migrações econômicas e os deslocamentos forçados pelas mudanças climáticas, mantendo a segurança das fronteiras nacionais.Atualmente, quase 150 países são signatários da Convenção de 1951 e/ou do Protocolo de 1967.

DIREITOS DOS REFUGIADOS
Os refugiados devem ter os mesmos direitos e a mesma assistência básica recebida por qualquer outro estrangeiro que resida legalmente no país, entre eles direitos civis básicos (como liberdade de pensamento e deslocamento, propriedade e não sujeição à tortura e a tratamentos degradantes) e direitos econômicos e sociais (como assistência médica, direito ao trabalho e educação para as crianças). Os refugiados têm também obrigações, entre elas o cumprimento das leis e o respeito aos costumes do país de acolhida.O ACNUR proporciona assistência emergencial aos refugiados que não podem satisfazer suas necessidades básicas. Esta assistência pode ser dada sob forma de donativos financeiros e materiais diversos (como utensílios de cozinha, ferramentas, sanitários e abrigos). Quando os refugiados vivem em comunidades sem apoio do Poder Público, é possível promover programas especiais de educação e saúde que beneficiem as comunidades de acolhida.

Histórico
A Questão racial se encontra na origem do conceito de refugiado. O primeiro sistema de proteção aos refugiados que vigoru de 1920 até 1935, os refugiados eram definidos de forma casuística e grupal, tomando o fato de ser membro de um determinado grupo étnico de pessoas privadas da proteção de seu estado de origem, através da desnacionalização que atingiu os Armênios e Assírio - Caldeus durante o esfacelamento do império Otomano. Estes eventos ajudaram a impulsionar os instrumentos de proteção às minorias, principalmente na Europa, após a primeira guerra mundial, quando a liga das Nações firmou vários tratados com os países vencidos visando a proteção de minorias nacionais. O segundo período, onde foi utilizado o critério dos refugiados de facto e não apenas de jure, igualmente protegeu os refugiados que
sofriam perseguição por motivos de raça, principalmente depois da ascensão do Nazismo e das leis racistas de Nuremberg promulgadas em 1935 depois da Kristalnacht, a noite dos cristais que inaugurou as perseguições abertas contra a comunidade de judia da Alemanha. Logo depois da II Guerra Mundial, o principio da não discriminação ocupa um lugar fundamental na Declaração Universal dos Direitos Humanos e, no mesmo sentido a perseguição por raça aparece como o primeiro critério de determinação do estatuto de refugiado na convenção de 1951.

Para a convenção de 1951 é refugiada toda pessoa que:
“... em conseqüência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas...”(destaque nosso).

Para tratar especificamente do problema dos refugiados e da aplicação da Convenção de 1951 a ONU, através da assembléia geral criou o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados foi criado pela Assembléia Geral para funcionar a partir de 1º de janeiro de 1951.

Racismo e Refugiados
O racismo sempre foi um elemento recorrente no pensamento político ocidental. Desde a Grécia antiga existiam seres humanos destinadas “por natureza” a serem escravos e cidadãos na estratificação social.
Através da historia o racismo tentou estabelecer conceitos de inferioridade baseado em vários aspectos não essenciais da pessoa humana, como os costumes, a língua, a organização social, mas a cor da pele tem
merecido as maiores atenções do pensamento racista. A constituição dos estados nacionais a afirmação dos mitos da homogeneidade do Estado Nação e a expansão colonial potencializaram as teorias racistas e a conseqüentemente a exclusão, a assimilação forçada e a violência contra minorias ou povos supostamente, servis, estrangeiros, criminosos, indolentes, e outras formas de construção do “outro” incorrigível.

No contexto extremante racionalizado no século IXX e princípios do século XX os trabalhos pseudo-científicos de teóricos racistas como Johan Gottlieb Fitche (1807) onde a idéia de nação .

S e liga fundamentalmente à raça, e não ao povo como nas teorias clássicas liberais, ganharam momento e proeminência três teóricos simbolizam a consolidação da teoria da superioridade branca e do racismo como hierarquia aceita no desenvolvimento histórico da humanidade. O Aristocrata Francês Jopseph Arthur, Conde de Gobineau, o alemão Richard Wagner e o Britânico Houston Stewart Chamberlain. Eles têm em comum a repulsa à miscigenação considerada, como contaminação por raças inferiores e a estratificação da humanidade em três raças fundamentais; Amarela, Branca e Negra, cada uma com seus atributos imutáveis e seu papel na história do mundo e em seu futuro. A idéia da pureza racial e contaminação aparece propagandeada num dos livros mais infames da história “Mein Kanft” (1934) Adolph Hitler.

Ainda hoje as teorias racistas são aceitas em muitas partes do mundo, e a perseguição racial continua sendo um dos critérios de determinação do estatuto de refugiado mais utilizados. 

Por exemplo, entre 1975 e 1997 o número de refugiados no mundo cresceu dez vezes, passando de 2.400.000 para 22 milhões. Estes fugiram das guerras, intolerância e perseguições, sendo que a proporção chegou a ser de um refugiado para 115 pessoas da população mundial. Dois dos maiores fluxos de refugiados nos anos 90 como os da ex-Iugoslávia e de Ruanda, o principal motivo de perseguição foram às divisões étnico-raciais.

O Afeganistão, que gerou um máximo de 6.300.000, teve o primeiro lugar no mundo em número de refugiados, seguido de Ruanda, com 2.200.000, e o Iraque, com 1.780.000. Dos últimos conflitos que produziram o maior número de refugiados, ocupam os primeiros lugares a brutal guerra de Hutus e Tutsis em Ruanda e Burundi, desatada em abril de 1994, que obrigou 2.200.00 pessoas a fugirem de seus países e o atroz conflito étnico que arrasou a antiga Iugoslávia. Em todos estes conflitos as perseguições de raça estiveram entre os padrões de perseguição mais freqüentes com o Afeganistão dividido entre as etnias Pashtum 42%, Tajik 27%, Hazara 9%, Uzbek 9%, Aimak 4%, Turkmenos 3%, Baloch 2%, outros 4%. No caso do Iraque, além das estratificações religiosas entre xiitas e sunitas também existem os persas e curdos que foram vítimas de inúmeros massacres inclusive com o uso de armas químicas em 1988.

Portanto, ainda que a ciência já tenha provado que as raças tal qual foram concebidas não existem, os conceitos de raça presente na convenção, não foi abolido e continua sendo de fundamental utilidade devido à realidade do fenômeno da discriminação e da perseguição racial.

A campanha do governo Iraquiano contra os curdos em 1988 foi chamada de Anfal (Estragos de guerra). Os ataques durante Anfal levaram à destruição de 2,000 aldeias e à morte de 300,000 Curdos, segundo a organização de direitos humanos Human Rights Watch. GENOCIDE IN IRAQ, The Anfal Campaign Against the Kurds, A Middle East Watch Report, Human Rights Watch, New York, July 1993 by Human Rights Watch.

Histórico Nacional
Na avenida Tiradentes em São Paulo, uma singela Igreja de arquitetura singular se destaca na paisagem. A Igreja Ortodoxa Armênia perto da estação Armênia do Metro de São Paulo é exemplo vivo da presença marcante dos refugiados no Brasil. O Brasil, país de imigração aberta no começo do século XX, recebeu milhares de refugiados armênios, sobreviventes do genocídio que ocorreu na Turquia, em 1915. A perseguição por motivo de raça e religião e o mito da homogeneidade do Estado Nação provocaram que os extremistas do movimento dos “Jovens turcos” se lançassem à utopia racista de eliminar a população Armênia de um futuro estado turco soberano, com o colapso do Império Otomano.

O Brasil também acolheu milhares de refugiados europeus que fugiram da Segunda Guerra Mundial e é membro fundador do Comitê Executivo do ACNUR. Em 1960, ratificou a Convenção de 1951, sobre o Estatuto dos Refugiados, que ainda continha a uma reserva temporal e outra geográfica: reconhecia como refugiados apenas os cidadãos perseguidos pelos fatos sucedidos na Europa antes de 1951. Em 1972, ratificou o Protocolo Adicional de 1967, mantendo, entretanto, a reserva geográfica. Isto provocou que, quanto aos refugiados latino-americanos nos anos 70 e 80, eram reconhecidos sob o mandato do ACNUR, e admitidos como estrangeiros em trânsito e puderam permanecer no Brasil enquanto o ACNUR providenciava o seu re-assentamento, em um terceiro país.

Corruptora dos processos democráticos, no sul da América Latina, impulsionou o ACNUR a abrir um escritório no Rio de Janeiro, em 1977, mediante um acordo "ad hoc" com o Governo brasileiro. Nesse local chegaram milhares de refugiados latino-americanos que fugiam da intolerância, da violação dos direitos humanos e da ausência de garantias constitucionais nos seus países de origem. O ACNUR também interveio para que 150 refugiados vietnamitas fossem aceitos em território brasileiro entre 1979 e 1980, embora em caráter de residentes estrangeiros.

A lei de anistia, promulgada em de 1979, e o restabelecimento da democracia em 1985, abriram novos caminhos para o desenvolvimento da consciência e dos institutos de proteção dos direitos humanos. Quatro anos depois, o Governo brasileiro retirou a reserva geográfica prevista na convenção de 1951 e no Protocolo Adicional de 1967, e o Escritório do ACNUR transferiu-se para Brasília. Em 1986, o Governo brasileiro acolheu 50 famílias de cidadãos iranianos, perseguidos por sua religião Baha’i, embora isto tenha se realizado sob um estatuto migratório diferente do estabelecido na Convenção de 1951 e no Protocolo de 1967.
Na década de 1990, e com a progressiva consolidação da democracia, o Brasil se transformou plenamente em um país de refúgio. Mais de 1.200 cidadãos angolanos e 200 liberianos que escaparam de atrozes guerras civis foram admitidos como refugiados sob a Convenção de 1951, com direito a trabalhar e a possuir um documento de identidade. O ACNUR contribuiu com fundos que foram administrados pelas Cáritas do Rio de Janeiro e de São Paulo, destinados a encontrar soluções duráveis para estes refugiados
recuperarem sua dignidade e autonomia na sociedade que estarão inseridos.
Através de resoluções ministeriais, de 1991 e 1994, se estabeleceu um marco legal pelo qual o ACNUR recomendava o reconhecimento da condição jurídica de refugiado e o Governo brasileiro decidia em última instância. Simultaneamente, foram aperfeiçoados os aspectos de documentação e de coordenação entre o Governo Federal, os Governos estaduais e o ACNUR, e as agências voluntárias passaram a analisar regularmente estratégias de integração a favor dos refugiados assim reconhecidos.
Os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores com o apoio do ACNUR elaboraram um projeto de lei sobre o estatuto jurídico dos refugiados. Este projeto foi enviado ao Congresso Nacional, pela presidência da República, aos 13 de maio de 1996, integrando o Plano Nacional de Direitos Humanos.

Após os devidos trâmites legislativos, o interesse e a participação da sociedade civil, a sanção e a promulgação pelo Presidente da República, a Lei nº 9.474/97 foi promulgada no Diário Oficial da União e entrou em vigor aos 23 de julho de 1997. Com a promulgação da Lei nº 9.474/97, o Governo brasileiro, entre outras coisas, passou a adotar uma definição mais generosa e ampla do termo "refugiado" – que também compreende pessoas que fugiram de seus países devido à "violação grave e generalizada de direitos humanos" –, e estabeleceu o CONARE (Comitê Nacional para Refugiados), órgão de composição interministerial, o qual, além de analisar e decidir sobre as solicitações de refúgio é responsável pela política nacional quanto aos refugiados.

Se liga:
Desde o início da formação de um marco internacional de proteção aos refugiados, o país tem desempenhado certa liderança na área.
Em 1960 foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados.
Em 1997, passou a ser o primeiro país do Cone Sul a sancionar uma lei nacional de refúgio, a Lei 9.474/97. Essa lei conjuga tanto a definição clássica de refugiado, estabelecida pela Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951; como a definição de refugiado estabelecida pela Declaração de Cartagena sobre Refugiados de 1984.  Juntamente com a Venezuela, o Brasil foi um dos primeiros países a fazer parte do Comitê Executivo do ACNUR, que é formado por países que demonstram maior compromisso com os refugiados.  Atualmente, há mais de 4 mil refugiados no Brasil, a maioria originária da África 62%, Europa Oriental, América do Sul e Oriente Médio.

Refugiados Africanos
O continente africano tem duas sub-regiões claramente delimitadas: a África Setentrional, e a África Subsaariana. O limite natural entre ambas é o deserto do Saara. A África Subsaariana, bem mais extensa, reúne a maioria da população, predominantemente negra. Nessa região, concentram-se alguns dos principais problemas econômicos e sociais do planeta. Índices altíssimos de desnutrição são registrados na República Democrática do Congo (73%), na Somália (71%) e em Burundi (69%). Neste continente vivem cerca de 70% dos portadores do vírus HIV em relação à totalidade mundial.


No ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), feito pela ONU, as 25 últimas colocações, de um total de 173, pertencem a nações africanas, situadas na maioria ao sul do Saara. Outros flagelos da região são as guerras civis, que opõem diferentes grupos étnicos, e os ciclos de golpes e contragolpes de Estado, fruto de um longo período de domínio colonial Europeu, e da constituição de estados sem identidade nacional, em sociedades fragmentadas com grupos étnicos divididos, separados ou agrupados sem qualquer respeito ao seu passado étnico-cultural.

A África encontra-se à margem da globalização, não por opção política, mas devido à defasagem econômica e instabilidade política. Ao longo de todo o processo de dominação colonial as disputas internas foram acirradas, e utilizadas para fortalecer um grupo de domínio em detrimento e subordinação do outro, resultando em disputas de poder.
O continente com maior número de refugiados é a África, com 9.145.000 pessoas em situação de refúgio. A Europa, que em 1990 acolhia no seu território apenas 5,3% dos refugiados do mundo, hoje possui 7.689.000 refugiado. A Ásia, conta com 7.668.000 refugiados, a América do Norte com 1.335.400 refugiados, a América Latina com 211.900 refugiados e mais de um milhão de deslocados internos, e a Oceania, com 53.600 pessoas, acolhem o restante dos que tiveram que fugir dos seus países para salvar suas vidas e estão sob a proteção de diversos paises ou do ACNUR.

No decorrer da história, os problemas africanos provocaram uma série de conflitos internacionais que justificam o grande número de pedidos para entrada no Brasil de refugiados provenientes destas nações. 

Um afro abraço.

Fonte:ACNUR. Acervo de documentos informativos sobre o ACNUR. Disponível em: www.cidadevirtual.pt/acnur/acn_lisboa/colect2/2r.html>. Acesso em 20 nov.2005./ALMANAQUE ABRIL 2004: a enciclopédia da atualidade. São Paulo: Abril, 2004. 794 p./CARNEIRO, Wellington Pereira. As mudanças nos ventos e a proteção dos refugiados. 2004. 8 p./ Hathaway, James C., The Law of Refugee Status, Toronto, Butherworths 1st Edition 1991. pag. 3 & 4. / J.Rehman, The Weakness in the International Protection of Minority Rights (the Hague: Kluwer Law International, 2000) pp.40, on Department for Continuing Education Syllabus and Reading List, Unit B. /Gellately, Robert, Backing Hitler, Consent and Coercion in Nazi Germany, Oxford University Press, 2001.

domingo, 15 de junho de 2014

Civilização Egipcia: MAKEDA - A Rainha de Sabá (960 aC)



"Eu sou a negra mais formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão, não olhe para mim porque eu sou negra, o sol me queima mais." (Trecho do Cântico dos Cânticos).

Civilização Egípcia

O antigo Egito é uma das civilizações mais conhecidas do mundo atual.

Talvez pelo espetacular achado da tumba intacta do faraó Tutancâmon, talvez pelas imponentes pirâmides, talvez por todas as lendas que se desenvolveram no imaginário popular.

É fato que graças ao clima do deserto, aos arquitetos geniais e à religião que professavam, os egípcios nos deixaram de presente um testemunho de sua brilhante civilização.

Nos tempos mais antigos, quem se estabeleceu às margens do rio Nilo foram tribos esparsas, satisfeitas por encontrar um local abençoado, onde não dependiam das chuvas porque havia um rio (que era visto como um deus) para fertilizar as terras e prover de água.
Com o decorrer do tempo as tribos foram se organizando em Nomos. Já possuíam noções de aritmética, movimento das estrelas, usavam um calendário e escreviam em hieróglifos. Mas, as terras ainda eram divididas em alto e baixo Egito.

O alto Egito era o sul, onde as terras férteis são apenas as margens do Nilo e o deserto fica muito perto, assustando e maltratando o povo e os animais com seu vento cruel.
O baixo Egito era o norte, onde no delta do rio a vegetação era luxuriante e a caça e a pesca abundantes.

Quem juntou as duas terras do Egito sob um mesmo governo foi Menés ou Narmer. O nome é motivo ainda de discussões. O fato é que a partir dessa união de nomos sob o mesmo governo, começa a real história de um grande império e começa o reinado dos faraós, que eram os reis do país unido.

Embora a maior parte da história negra seja suprimida, distorcida ou ignorada por um mundo moderno e ingrato, algumas tradições africanas são tão persistentes que todo o poder e engano do estabelecimento acadêmico ocidental não conseguiram eliminá-las. Uma dessas histórias mais fortes é a de Makeda, que pertencia a dinastia das Candaces de Meróe (Rainhas do Império Etíope) a Rainha de Sabá e Salomão, rei de Israel. As mulheres negras da antiguidade eram lendárias por sua beleza e poder. Especialmente as grandes rainhas da Etiópia. Esta nação foi também conhecida como Núbia, Kush, Axum e Sheba (Sabá). Mil anos antes de Cristo, a Etiópia era governada por uma dinastia de rainhas virgens. E aquela cuja história tem sobrevivido ao tempo era conhecida como Makeda, "a Rainha de Sabá". Sua tradição notável foi registrada no Nagast Kebar ou na glória dos reis e na Bíblia. A Bíblia nos diz que durante o seu reinado, o rei Salomão de Israel decidiu construir um magnífico templo. Para anunciar este empreendimento, o rei enviou mensageiros a vários países estrangeiros para convidar os comerciantes de fora do país a chegar a Jerusalém com as suas caravanas para que eles pudessem se dedicar ao comércio lá. Neste momento, a Etiópia era apenas o segundo em poder e fama. Assim, o rei Salomão ficou fascinado com a beleza dos etíopes, que possuíam rica história, tradição espiritual profunda e riqueza. Ele estava muito interessado em se envolver no comércio com uma pessoa em especial, a Rainha Makeda, que enviou um comerciante importante chamado Tamrin. Salomão recebeu Tamrin que levou recipientes com objetos de valor, incluindo ébano, safiras e ouro vermelho, para vender ao rei.

Acontece que esta visita de Tamrin foi muito importante. Embora acostumado com a grandeza e luxo do Egito e da Etiópia, Tamrin ainda estava impressionado com o rei Salomão e sua jovem nação. Durante esta estadia prolongada em Israel, Tamrin observou os magníficos edifícios existentes ali e ficou admirado com povo judeu e sua cultura. Mas, acima de tudo, ficou profundamente comovido com a sabedoria de Salomão e compaixão para com seus súditos. Ao retornar ao seu país, Tamrin contou detalhes elaborados sobre sua viagem à Rainha Makeda. Ela ficou tão impressionada com a história emocionante que a grande rainha decidiu visitar o Rei Salomão.



Para entender o significado desta visita de um Chefe de Estado na antiguidade em contraste com os dias de hoje, devemos deletar completamente da mete o tempo em que vivemos. Nos tempos antigos, visitas reais eram muito significativas, eram assuntos cerimoniais. O regente convidado era esperado para oferecer ao anfitrião presentes elaborados, essa diplomacia da visita de Chefes de Estado poderia durar semanas ou até meses. Mesmo nos padrões antigos, neste contexto, a visita da Rainha Makeda ao Rei Salomão foi extraordinária. Em I Reis 10:1-2, a Bíblia nos diz: " E quando a Rainha de Sabá ouvido da fama de Salomão, acerca do nome do Senhor, veio testá-lo com perguntas difíceis." Ela chegou a Jerusalém com uma grande comitiva, com camelos que levavam especiarias e muito ouro e pedras preciosas. E assim que encontrou o Rei Salomão, ela disse-lhe tudo o que ouviu sobre ele e seu encanto pelo Rei, "I Reis 10:10 acrescenta:". Ela deu ao rei 120 talentos de ouro, e especiarias de grande qualidade e pedras preciosas; nunca viu-se abundância de especiarias como a que a Rainha de Sabá deu ao rei Salomão. "

Devemos considerar e tentar visualizar a impressionante imagem desta linda mulher da pele preta e sua vasta gama de assistentes resplandecentes viajando sobre o deserto do Saara em Israel com mais de 797 camelos, mais burros e mulas, resultando em um número espantoso que facilmente perderia-se a conta. Somete o valor do ouro que ela ofereceu ao Rei Salomão era muito obscena que hoje tem valor muito maior que na antiguidade. O Rei Salomão e sem dúvida, os judeus, ficaram boquiabertos com esta grande mulher e seu povo. Ele fez um grande esforço para solucionar a cada uma de suas necessidades. Um aposento especial foi construído para ela se alojar enquanto ela permanecesse neste país. Ela também foi abastecida com as melhores comidas, mais 11 mudas de roupa diárias. Como tantos líderes africanos antes dela, esta jovem donzela, embora impressionada com a beleza do templo de Salomão e seu domínio próspero, assim que chegou a Israel quis saber da verdade sobre o Deus do povo judeu. O Rei no intuito de suprir sua busca pelo conhecimento, mandou fazer um trono para que a Rainha sentasse ao lado dele. "Ele estava coberto com tapetes de seda, adornado com franjas de ouro e prata, e cravejado de diamantes e pérolas. A partir disso, ela passou a observar a forma como ele se dirigia a ela mesma e também como se acompanhava Salomão sempre que ele sentava-se em seu trono. Ela observou que governante sábio, compassivo e espiritual ele era, como ele interagia com seus súditos em assuntos cotidianos. Assim sendo, sentiu-se tentada a falar do valor de sua visita ao Rei e sua administração, a Rainha Makeda afirmou: "Meu Senhor, como estou feliz, será que eu poderia ficar aqui para sempre como o mais humilde dos seus trabalhadores, para que eu pudesse sempre ouvir suas palavras e obedecê-lo. Como fico feliz quando te faço perguntas, como fico feliz quando você me responde. Todo o meu ser é movido com prazer.Minha alma está cheia; meus pés já não tropeçam, eu me emociono com prazer com sua sabedoria e bondade, elas estão acima de qualquer excelência e sob sua influência eu estou aderindo a novos valores de vida. Vejo a luz na escuridão... O vaga-lume no jardim revela-se em sua resplandente beleza. Descobri o real valor do brilho de uma pérola, a grandeza da luminosidade da estrela da manhã, a suave harmonia do luar, Bendito seja o Deus que me trouxe aqui, bendito seja Ele que permitiu que sua mente majestosa me recebesse e se manifestasse a mim, bendito seja o Aquele que me trouxe em sua casa para ouvir a sua voz."

Salomão tinha um harém de 700 esposas e concubinas, mas ainda assim ele apaixonou-se pela jovem virgem negra da Etiópia. Ele realizou um banquetes elaborado em sua honra e grandeza, jantou e passou enamorá-la durante o período de sua visita, ambos sabiam que, de acordo com tradição etíope, a Rainha deveria permanecer casta. No entanto, o monarca judeu desejava plantar sua semente em Makeda, de modo que ele poderia ter um filho de sua linhagem real africana. Para tal, o rei astuto elaborou um plano para conquistar a afeição da jovem Rainha por quem havia se apaixonado.

Quando, depois de seis meses em Israel, a Rainha Makeda anunciou ao rei Salomão que estava pronta para voltar para a Etiópia, ele a convidou para um jantar de despedida magnífico em seu palácio. A refeição durou várias horas e contou com alimentos quentes, picantes preparados para fazer com que todos os que comessem, ficassem com sede e sono (como o Rei Salomão tinha planejado.) Uma vez que a refeição terminou muito tarde, o rei convidou a Rainha Makeda para pernoitar no palácio em seus aposentos. Ela concordou, desde que dormissem em camas separadas e o rei prometesse não tirar vantagem dela. Ele prometeu honrar a sua castidade, mas também pediu para que ela não levasse nada do palácio. Indignada com tal sugestão, a Rainha protestou, dizendo que ela não era uma ladra e, em seguida, prometeu, conforme solicitado. Não muito tempo depois do encontro, a Rainha, morrendo de sede, procurou por água no palácio, até que ela encontrou uma grande jarra de água e passou a beber, o Rei a surpreendeu a afirmar: "Você quebrou o juramento que não pegaria nada de dentro do meu palácio". A Rainha protestou, pois ela apenas bebeu água, algo tão abundante e que não pertencia única e exclusivamente ao palácio do Rei, para para ele, ela havia quebrado a promessa, Salomão argumentou que não havia nada no mundo mais valioso do que a água, pois sem ela nada poderia viver. Makeda relutantemente admitiu a verdade deste e pediu desculpas por seu erro, implorando por água para sua garganta ressecada. Salomão, agora libertado-a de sua promessa, mata sua própria sede, levando imediatamente a Rainha como sua amante.


No dia seguinte, quando a rainha e sua comitiva se preparavam para deixar Israel, o Rei colocou um anel em sua mão e declarou: "Se você tiver um filho, dar-lhe isso e enviá-o a mim". Depois de voltar para a terra de Sabá, a Rainha Makeda, de fato, teve um filho, a quem chamou Menelik (Filho do homem sábio), foi criado como um príncipe e era o herdeiro do trono. Ao atingir a idade adulta, o jovem queria visitar seu pai, então a rainha preparou uma outra comitiva, desta vez dirigida por Tamrin. Ela enviou uma mensagem a Salomão para ungir seu filho como rei da Etiópia e decretar que a partir daí apenas os homens descendentes de seu filho deveriam governar Sheba.

Salomão e o povo judeu se alegraram quando seu filho chegou a Israel. O ungiu rei como a rainha havia solicitado e rebatizou-o. Embora Salomão tivesse muitas esposas, apenas uma havia tido um filho, Roboão, um menino de sete anos. Então o rei pediu Menelik para permanecer, mas o jovem príncipe não aceitou. Salomão, portanto chamou seus líderes e nobres e anunciou que uma vez que ele estava enviando o seu primeiro filho de volta para a Etiópia, ele queria todos eles para enviassem seus filhos primogênitos para serem conselheiros e diretores de Menelik e eles concordaram em fazê-lo.

Menelik pediu a seu pai uma relíquia, A Arca da Aliança para que ele levasse com ele para as terras de Sabá. Diz-se que enquanto Salomão decidiu presentear seu filho com a Arca, os filhos dos conselheiros irritaram-se por ter de deixar suas casas e irem para Sheba com Menelik, que realmente levou a Arca real para a Etiópia. Menelik retornou ao Sabá e, segundo a tradição, governou sabiamente e bem. E a sua famosa linha continuou até o século 20, quando, mesmo agora, o governante da Etiópia é o "leão conquistador de Judá" descende diretamente do Rei Salomão e a Rainha de Sabá.

*Na tradição Islâmica, Makeda também era conhecida com BALKIS ou BILKIS.
*Entre o grupo étnico Luhya era conhecida como NAKUTI
*Em hebraico era chamada de MALKAT SEBA OU MALKAT SH'VA
*No idioma etíope Ge'ez era conhecida como NEGISTE SABA
*Em árabe MALIKAT SABA

P.S: Existem várias especulações sobre a vida de Makeda, há relatos de que sua pele não era negra, fala-se em pele morena queimada de sol, também que ela enganou o Rei Salomão forjando sua identidade, dizem que na verdade Menelike não era filho legitimo de Salomão (será ?), assim como qualquer história antiga estamos propensos a especulações de todos os tipos...seja lá qual for a verdade,o fato é que MAKEDA existiu e foi uma lider nata, senão
era negra, também não há registro de caucasianos naquela região, mas isso também não importa, fala-se de sua real origem e que Makeda não era africana de fato, especula-se o Iemem como sua terra natal..
.Enfim,o destaque aqui é para uma RAINHA QUE GOVERNOU NA ÁFRICA que reinou com sabedoria e amor.

Um afro abraço.
Fonte:pt.wikibooks.org/wik.

Mitologia iorubá...

A mitologia dos iorubás engloba toda a visão de mundo e as religiões dos iorubás, tanto na África (principalmente na Nigéria e na República do Benin) quanto no Novo Mundo, onde influenciou ou deu nascimento várias religiões, tais como a Santería em Cuba, o Candomblé e aUmbanda no Brasil em acréscimo ao transplante das religiões trazidas da terra natal. A mitologia iorubá é definida por Itans de Ifá.

Mito da criação
Na mitologia iorubá o deus supremo é Olorun, chamado também de Olodumare. Não aceita oferendas, pois tudo o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence, na qualidade de criador de tudo o que existe, em todos os nove espaços do Orun.

Há algumas variantes do mito da criação iorubá, mas de uma forma geral, há três principais raízes mitologicas, que ainda diferenciam-se em detalhes, mas que mantém uma linha central.

Em algumas, Obàtálá é o criador, não só do mundo, como também da humanidade, criando simultaneamente, no òrun (mundo espiritual) e no ayé (mundo material).

Em outras, Òduduwà cria o mundo após Obàtálá falhar na sua missão por haver embriagado com o emu (vinho de palma), restando a ele o poder da criação da humanidade, no òrun e no ayé.

Em outra variante, esta mais recente, é Òrúnmìlà (a divindade do oráculo Ifá), o criador da Terra, enquanto Obàtálá é o responsável pela criação da humanidade, em ambos os níveis.

Principais orixás
Na mitologia iorubá, Olodumare também chamado de Olorun é o Deus supremo do povo Iorubá, que criou as divindades, chamadas de orixás no Brasil e irunmole na Nigéria, para

representar todos os seus domínios aqui na terra, mas não são considerados deuses, são considerados ancestrais divinizados após à morte.

Orixás
Exu, orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.


Ogum, orixá do ferro, guerra, e tecnologia.
Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca
Xangô, orixá da pedreira, protetor da justiça.
Ayrà, usa cores brancas, tem profundas ligações com Oxalá.
Xapanã (Obaluaiyê/Omolu), Orixá das doenças epidérmicas e pragas.
Oxumarê, orixá da "chuva" e do arco-íris.
Ossaim, orixá das ervas medicinais e seus segredos curativos.
Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, trovão e do Rio Niger
Oxum, orixá feminino dos rios, cachoeira, do ouro, amor e fertilidade e particularmente do rio Osun em Osogbo.
Iemanjá ou Yemanjá, orixá feminino dos mares , mãe de todos os Orixás de origem yorubana.
Nanã, orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos, da lama e da morte, mãe de Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Ewá, orixás de origem daomeana.
Yewá, orixá feminino do rio Yewa, senhora da vidência, a virgem caçadora.
Obá, orixá feminino do rio Oba, uma das esposas de Xangô juntamente com Oxum e Iansã.
Axabó, orixá feminino da família de Xangô
Ibeji, orixás gêmeos, protetor das crianças.
Iroko, orixá da árvore sagrada (conhecida como gameleira branca no Brasil).
Egungun, ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna.
Onilé, orixá relacionado ao culto da terra.
OrixaNlá (Oxalá) ou Obatalá, o mais respeitado Orixá, Pai de todos os Orixás e dos seres humanos.
Ifá ou Orunmila-Ifa, orixá da Adivinhação e do destino.
Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yorubas.
Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.
Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.
Olokun, orixá divindade do mar.

Olossá, orixá dos lagos e lagoas

Oxalufon, orixá velho e sábio.
Oxaguian, orixá jovem e guerreiro.
Orixá Oko, orixá da agricultura.

No Brasil
Os iorubás deixaram uma presença importante no Brasil, e particularmente muito significativa no estado brasileiro da Bahia: "Os nagôs (iorubás) são, ainda hoje, os africanos mais
numerosos e influentes nesse estado (Bahia). Existiam aqui quase todas as pequenas nações iorubanas. Os mais numerosos são os de Oyó, capital do reino de Iorubá, que, naturalmente, foram exportados ao tempo em que os hauçás invadiram o reino, destruíram sua capital e tomaram Ilorin. Depois, em ordem decrescente de número, vêm os de Ijêsá, de que sobretudo há muitas mulheres. Depois os de Egbá, principalmente da sua capital Abeokutá. Em menor número, são os de Lagos, Ketú, Ibadan. Apenas conheci um negro de Ifé. Conheço três de Iebú, dos quais o que estacionava todos os dias na porta do conhecido Bazar 65, de cujos proprietários foi escravo, acaba de falecer. Em geral, os nagôs do centro da Costa dos Escravos, os de Oyó, Ilorin, Ijêsá etc., são quase todos, na Bahia, muçulmis, malês ou muçulmanos, e a seus compatriotas se deve atribuir a grande revolta de 1835. Durante o último período da escravatura, os iorubás foram concentrados nas zonas urbanas, então em pleno apogeu; nas regiões suburbanas ricas e desenvolvidas do Norte e Nordeste, particularmente em Salvador e no Recife. Ligados pela origem mítica comum, pela prática religiosa e semelhança dos costumes, rapidamente os diversos grupos nagôs passaram a inter-relacionar-se. Não perderam contato com a África, dada a intensa atividade comercial entre a Bahia e a Costa Africana".

No Brasil, já foi elaborado um organograma contemplando os principais orixás conhecidos no Brasil, e mostrando algumas de suas principais características: "Mitologia dos Orixás"
(PRANDI, 2007), "Contos e Lendas Afro-brasileiros", "A Criação do Mundo" (PRANDI, 2007) e "Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros" (CACCIATORE, 1988)


Um afro abraço.

fonte:http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_19990/artigo_sobre_religiosidade_africana_e_afro-brasileira:_identidade_e_originalidadeContos e lendas afro-brasileiros – a criação do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007/
a enciclopédia livre.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Cultura brasileira e Identidade Nacional...

A identidade nacional é um conceito que indica a condição social e o sentimento de pertencer a uma determinada cultura.  - O conceito de identidade nacional só começou a ganhar força no século XIX, quando surgiu a noção de nação.
Em um indivíduo, o nível de identidade nacional vai depender da sua participação ou exclusão relativamente à cultura que o envolve. É um tema relacionado com a identidade cultural, ou seja, o conjunto das características de um povo, oriundas da interação dos membros da sociedade e da forma de interagir com o mundo.O Brasil é reconhecido como um dos países com maior diversidade étnica e cultural do mundo, apresentando uma população de 191,5 milhões de habitantes (dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em 2009), espalhadas em 26 estados de federação, mais o Distrito Federal, que apresentam realidades culturais, sociais e econômicas diferentes. Parte dessas distinções se deve ao modo pelo qual as localidades foram colonizadas e por quem as colonizou. Além disso, de acordo com Ruben Oliven, doutor em antropologia pela Universidade de Londres e autor da obra A parte e o todo - a diversidade cultural no Brasil-nação, a extensão territorial é um outro fator que explica esse fenômeno. "É natural que a população do Amazonas seja diferente da do Rio Grande do Sul, por exemplo", comenta Oliven, que é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Entretanto, como um país de território vasto e com características regionais diferentes consegue manter uma identidade nacional de ponta-a-ponta ou, como diz usualmente, "do Oiapoque ao Chuí"? Para Anne-Marie Thiesse, historiadora e autora do livro A criação das identidades nacionais, essa unificação se dá a partir de uma construção social e não de modo natural e espontâneo. Os elementos básicos citados por ela para que isso ocorra são os ancestrais fundadores, a história, os heróis, o folclore, a língua, os monumentos e certas paisagens. Aplicando este conceito ao Brasil, pode-se obter como exemplo: os índios que aqui viviam e Pedro Álvares Cabral (ancestrais fundadores), a história brasileira, Tiradentes (um herói nacional), as danças folclóricas (manifestação do folclore), o português (língua), o Cristo Redentor e a Estação da Luz (monumentos) e as Cataratas do Iguaçu e a Floresta Amazônica (paisagens). Todos esses elementos são traços da identidade e da cultura brasileira, agindo como símbolos unificadores da nação.


Vale lembrar que a região, mesmo tendo características próprias, faz parte de um todo. "O mundo atual está totalmente organizado em Estados-nação, o que é fruto de um processo histórico. Não existe região sem nação", completa Oliven. O Brasil passou por um processo mais intenso e significativo de integração nacional a partir de 1930, tendo Getúlio Vargas como presidente da República. Antes disso, ele apresentava poucas estradas e um sistema de comunicação ineficiente - o telégrafo era o modo mais rápido e ágil para se comunicar.

"Com Getúlio, passa a haver uma maior integração tanto econômica, como política e de meios de comunicação. Além disso, há o que é chamado de construção da brasilidade (uma imagem sociocultural que fosse o espelho do povo brasileiro)", explica. Com isso, o Brasil viveu um processo de integração nacional que faz com que ele seja visto até hoje como um país integrado, mas com bastante diversidade.

O pesquisador cita elementos bastante peculiares que compõem a identidade brasileira, que ajudam na unificação do país, como o samba, o futebol, o carnaval, e os meios de comunicação - que também desempenham um papel de destaque, uma vez que potencializam os elementos de unificação. "O futebol foi inventado na Inglaterra e trazido para o Brasil. Ele se popularizou e hoje é um símbolo brasileiro. Com o carnaval também ocorre um processo semelhante. Ele surgiu na Europa e chegou ao Brasil como algo elitizado, mas, aos poucos, foi se popularizando e se tornando um elemento nacional. O samba nasceu nas classes populares e hoje é identificado como uma manifestação cultural brasileira", explica.


"O convívio social promove a assimilação da identidade do grupo, além de sua veiculação pela mídia, tradições e mitologia. Identidades são criações, por isso são frágeis, suscetíveis a distorções, simplificações e interpretações variando entre os indivíduos".

A língua como um elemento unificadorComo afirma Thiesse em seu livro, um dos elementos mais fortes de unificação de um povo e de um país é a sua língua. Jean Baptiste Nardi, doutor em história econômica, no artigo "Cultura, identidade e linguagem", afirma que a língua portuguesa é um dos casos em que a linguagem passa a ser a expressão da união de um povo. "Portugal foi o primeiro país do mundo a unificar-se dentro de suas fronteiras atuais, no século XIII, e a existir como 'nação'", explica.
O pesquisador completa ainda que a língua portuguesa falada no Brasil não pode ser considerada um dialeto da língua de Portugal, e sim uma variante do português, haja vista que ambas as línguas tiveram uma evolução separada a partir do século XVI, por uma série de razões que fazem com que elas apresentem diferenças estruturais, tornando possível inferir que ambos são idiomas distintos. Para ele, o fato da língua falada aqui não possuir um nome próprio - brasileiro, por exemplo -, que contemple as características que a diferem da língua falada em Portugal e suas antigas colônias, acaba tendo um impacto negativo na identidade brasileira. "Não se definirá a língua brasileira sem que se determine, simultaneamente, a identidade nacional: ambas são estreitamente ligadas e a questão da língua é tanto um problema de linguística quanto de cultura e de sociedade".
O mito e sua importância.

O mito é uma forma de construção da identidade por meio de narrativas sobre a origem de uma comunidade. É uma produção histórica de como as pessoas pertencentes a uma sociedade querem ser vistas. Os florentinos contavam que Cesar fundara sua cidade, querendo legitimar suas raízes nobres e romanas.
Por meio de rituais e celebrações a sociedade define-se, atuando a favor da unificação e diferenciação entre os de dentro e os de fora dela. Dessa forma, os mitos agem em favor da união por meio de hábitos comuns.



“... A cultura popular é plural, seria talvez mais adequado falarmos em culturas populares”
“A identidade nacional é uma entidade abstrata e como talnão pode ser apreendida em sua essência”


Símbolo, Empatia e Preconceito.
Os símbolos são extremamente necessários para a compreensão humana do mundo. Quanto ao tema identidade nacional, existem duas formas de simplificação da realidade. A primeira são os símbolos pátrios propriamente ditos: cores das bandeiras, um herói nacional, um lema. Já a segunda são os estereótipos, tanto a caricatura de estrangeiros, como a que o próprio povo faz de si.

Os símbolos são importantes por que, a partir do momento em que os indivíduos de um determinado grupo assimilam o mesmo símbolo, eles compartilham uma identidade, passam a ter algo em comum. O próprio nome da nação pode ser um de união. Os estereótipos 
facilitam a diferenciação mental entre o self e os outros. Porém, acaba por segregar grupos humanos, a partir de um "narcisismo de pequenas diferenças" (termo de Freud). Mitos como o da existência de um "sangue especial", de um "povo escolhido" por Deus ou de uma "raça superior" suplantam a realidade de que todos fazemos parte de uma mesma espécie.

É interessante também analisar a empatia humana a partir do ângulo da identidade nacional. Grupos unidos por uma identidade tentem a sentir maior empatia entre si do que pelo resto da humanidade. Em contrapartida, o estabelecimento dessas barreiras abstratas acaba por ocasionar na segregação de outros indivíduos, os quais não serão tidos como iguais e não serão tratados da mesma forma. A utilização de estereótipos torna a falta de sentimento de alteridade ainda mais nociva. A fronteira de grupo somada aos estereótipos pode levar ao preconceito e até a perseguições. Sem os estereótipos, existiria apenas um distanciamento.

* A identidade nacional não é a única dentro do país. Existem outras formas de identidade cultural que rivalizam com ela e em alguns períodos da história foram até mais importantes. Elas dividem a nação em grupos menores, de acordo com região, etnia, religião, gênero, classe social, intelectualidade, ou qualquer outra característica que os indivíduos tenham em comum.

Um afro abraço.

fonte:Universidade Estadual de Campinas - Unicamp/comciencia.scielo.br

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Civilizações africanas da Antiguidade: Egito e Núbia.

Segundo os arqueólogos, o vale do rio Nilo já era habitado desde o Paleolítico, ou seja, entre 3 milhões e 100 mil anos atrás. Muitos séculos depois, em torno do 7º milênio a.C., a agricultura e o pastoreio já eram praticados no delta do rio Nilo, e progressivamente se expandiram em direção ao sul, seguindo as margens desse rio.

A partir do 5º milênio a.C., com o processo de formação do deserto do Saara, vários povos nômades e seminômades, do norte da África e do Oriente Médio, buscaram as margens do rio Nilo para ali se fixarem.

Esses migrantes se misturaram com os povos locais e fundaram aldeias tanto no Alto Nilo (ao sul), quanto no Baixo Nilo (ao norte). Em algum momento (ainda não se sabe quando), essas aldeias se unificaram, formando pequenas cidades independentes.

Até então existia certa identidade cultural entre as várias cidades ao longo do vale do Nilo, devido a suas origens comuns e suas relações comerciais. Com o passar do tempo, o processo de centralização política se acelerou na região do Baixo Nilo, até que, em torno de 3100 a.C., um rei chamado Menés unificou toda a região, tornando-se o primeiro faraó de uma das mais antigas civilizações: o Egito



Enquanto isso, ao sul, pequenos reinos se mantiveram independentes e formaram a civilização Núbia. A fronteira entre as duas civilizações ficava próxima da primeira catarata do Nilo; e a mais importante cidade núbia era Siene (atual Assuan), um rico centro comercial.

Sabemos pouco sobre como os núbios se organizavam ou o que pensavam sobre eles mesmos, já que não desenvolveram a escrita. Mas os egípcios deixaram muitos documentos que demonstram a importância da Núbia.

Os núbios praticavam a agricultura e o pastoreio às margens do Nilo, e desenvolveram uma sofisticada cerâmica. As riquezas da Núbia, como o ouro, o ébano, o marfim, atraíam a atenção dos egípcios, que desde a 1ª Dinastia já travavam guerras com os núbios.

Os conflitos entre o Egito e a Núbia ocorreram por séculos, sendo a Núbia uma poderosa rival do Egito. Muitas muralhas foram construídas pelos egípcios na fronteira com a Núbia, o que prova que não só o Egito queria controlar as riquezas da Núbia, mas que os núbios também atacavam o território egípcio.

Foi somente durante a 18ª Dinastia egípcia (século 15 a.C.) que a Núbia foi ocupada pelos

egípcios, tornando-se um vice-reino. A partir de então a cultura núbia passou a sofrer forte influência egípcia: a escrita hieroglífica, os deuses e os costumes egípcios foram impostos à Núbia.

Se liga:

"TIYE A Rainha Núbia do Egito (1415 - 1340 A.C.) No 14º século A.C., uma mulher sábia e bonita de Nubia capturou o coração do faraó, e assim ela mudou o curso da história. Amenhotep III, jovem dirigente egípcio, foi tão levado pela beleza, intelecto e vontade de Tiye,
que ele desafiou os sacerdotes e os costumes de sua nação, proclamando esta cidadã de Nubia como sua grande Cônjuge Real. Ele expressou publicamente de várias maneiras seu amor por sua linda rainha negra, fazendo dela uma pessoa célebre e rica em seus próprios direitos. Ele tomava vários conselhos dela em assuntos políticos e militares e depois declarou que, como ele tinha a tratado em vida, assim ela deveria ser descrita na morte, a sua igualdade."

"TAHARQARei de Nubia (710 - 664 A.C.) Com dezesseis anos, este grande Rei de Nubia conduziu seus exércitos contra os assírios que invadiam seu aliado, Israel. Esta ação lhe deu um lugar na Bíblia (Isaias 37:9, 2 Reis 19:9). Durante os 25 anos de seu reinado, Taharqa controlou o maior império da África antiga. Seu poder só foi igualado pelos assírios. Estas duas forças sempre estavam em conflito, mas apesar da guerra contínua, Taharqa pôde iniciar um programa de construção ao longo do império que estava
subjugando em extensão. Os números e a majestade de seus projetos eram legendários, com o maior sendo o templo a Gebel Barkal no Sudão. O templo foi escavado da pedra viva e enfeitado com imagens de Taharqa com mais de 100 pés de altura."


Um afro abraço.

fonte:www.chabad.org.br/biblioteca

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...