UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 27 de maio de 2013

27- Iniciam-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul / 1994


História da África do Sul
Estudos arqueológicos indicam que seres humanos modernos viveram na região há mais de 100 mil anos.

Os portugueses foram os primeiros europeus na região, quando atingiram o Cabo da Boa Esperança. Eram visitantes regulares na rota de comércio para o oriente, por volta de 1500.

Em 1652, holandeses da companhia das Índias Orientais, estabeleceram um posto de suprimentos na atual Cidade do Cabo. No século 18, holandeses adentraram a região em busca de caça, alguns estabelecendo fazendas por conta própria. Esses primeiros colonos holandeses tornaram-se conhecidos como boers.
A partir de 1795, os ingleses passaram a ter presença na região, iniciando uma série de conflitos históricos com os holandeses.

A descoberta de diamantes, em 1867, e ouro, em 1886, desencadeou uma onda migratória para a África do Sul.

Após a Guerra dos Boers (1899-1902), britânicos e afrikaners (descendentes dos boers) passaram, juntos, a governar a região, formando a União da África do Sul.

No início do século 20 instituiu-se a política do apartheid (veja quadro). Em 1994, realizaram-se as primeiras eleições multirraciais da país, pondo fim ao apartheid. Desde então a África do Sul tem sido governada pela maioria negra.


"De acordo com as descobertas recentes de fósseis de hominídeos, a África parece ter sido o "berço da humanidade", não só onde, pela primeira vez, apareceu a espécie Homo sapiens, mas também grande parte dos seus antepassados, os Australopithecus (que significa "macaco do sul"), os Pitecanthropus (que significa "macaco-homem") e, finalmente, o gênero Homo (ver Swartkrans, por exemplo)"

Colonização europeia
Os portugueses tentavam contornar a costa africana para chegar nas Índias em busca de especiarias. Muitas áreas da costa africana foram conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas áreas.


Na África existiam muitas tribos primitivas (segundo a visão etnocentrista européia) que viviam em contato com a natureza e não tinham tecnologia avançada. Havia guerras entre tribos diferentes, a tribo derrotada na guerra se tornava escrava da tribo vencedora.

No período de Colonização da América, ocorria o tráfico negreiro, em que eram buscados negros da África para trabalhar como escravos nas colônias como mão-de-obra, principalmente nas plantações. Os escravos eram conseguidos pelos europeus por negociações com as tribos vencedoras, trocando os escravos por mercadorias de pouco valor na Europa, como tabaco e aguardente, e levados para América como peças (mercadorias valiosas).

Após a Revolução Industrial e a independência das colônias do continente americano, no século XVIII, as potências europeias começaram a dominar administrativamente várias áreas da África e da Ásia para expandir o comércio, buscar matérias-primas e mercado consumidor, e deslocar a mão-de-obra desempregada da Europa.

Na colonização, a África foi dividida de acordo com os interesses europeus, que culminou com a partilha do continente pelos estados europeus na Conferência de Berlim, em 1885. Tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas unidas. Após a Segunda Guerra Mundial, as colônias na África começaram a conquistar a independência, formando os atuais países africanos.

Apartheid

Apartheid foi um dos regimes de discriminação mais cruéis no mundo. Ele aconteceu na África do Sul de 1948 até 1990 e durante todo esse tempo esteve ligado à política do país. A antiga Constituição sul – africana incluía artigos onde era clara a discriminação racial entre os cidadãos, mesmo os negros sendo a maioria na população.

Em 1487, quando o navegador português Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, os europeus chegaram à região da África do Sul. Nos anos seguintes, a região foi povoada por holandeses, franceses, ingleses e alemães. Os descendentes dessa minoria branca começaram a criar leis, no começo do século XX, que garantiam o seu poder sobre a população negra. Essa política de segregação racial, o apartheid, ganhou força e foi oficializado em 1948, quando o Partido Nacional, dos brancos, assumiu o poder.
O Apartheid, atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços públicos, pois os negros não podiam ser proprietários de terras, não tinham direito de participação na política e eram obrigados a viver em zonas residenciais separadas das zonas dos brancos. Os casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes eram ilegais. Os negros geralmente trabalhavam nas minas, comandados por capatazes brancos e viviam em guetos miseráveis e superpovoados.

Para lutar contra essas injustiças, os negros acionaram o Congresso Nacional Africano, uma organização negra clandestina, que tinha como líder Nelson Mandela. Após o massacre de Sharpeville, o Congresso Nacional Africano optou pela luta armada contra o governo branco, o que fez com que Nelson Mandela fosse preso em 1962 e condenado à prisão perpétua. A partir daí, o apartheid tornou-se ainda mais forte e violento, chegando ao ponto de definir territórios tribais chamados Bantustões, onde os negros eram distribuídos em grupos e ficavam amontoados nessas regiões.

Com o fim do império português na África em 1975, lentamente começaram os avanços para acabar com o apartheid. A comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) faziam pressão pelo fim da segregação racial. Em 1991, o então presidente Frederick de Klerk condenou oficialmente o apartheid e libertou líderes políticos, entre eles Nelson Mandela.

A partir daí, outras conquistas foram obtidas, o Congresso Nacional Africano foi legalizado, De Klerk e Mandela receberam o Prêmio Nobel da Paz em 1993, uma nova Constituição não – racial passou a vigorar, os negros adquiriram direito ao voto e em 1994 foram realizadas as primeiras eleições multirraciais na África do Sul e Nelson Mandela se tornou presidente da África do Sul.

Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

25 de Maio: Hoje é Dia de África e Dia da Libertação do continente


O Dia de África assinala-se, hoje, 25 de Maio, em homenagem ao 48º aniversário da criação, em Adis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.

O objectivo que norteou a criação da OUA, no dia 25 de Maio de 1963, foi a aceleração do fim da colonização do continente.

A carta de criação da que é, actualmente, a União Africana (UA) constitui, até os nossos dias, o maior compromisso político dos líderes africanos, porquanto dessa reunião, nasceu a OUA.Foi em 25 de Maio foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972, Dia da Libertação de África.

A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de se converterem num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.

Era o sonho a que o apartheid, as guerras, a violência, as doenças e a instabilidade política não deixaram vingar, apesar dos esforços de Nasser, Lumumba, N’ Khrumah, Cabral, Machael e muitos outros em construir uma terra livre e de homens também livres.

A OUA mostrou ser incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em todo o continente e os indicadores económicos de África são os mais baixos do Planeta, concorrendo para isso a instabilidade e as epidemias.

O sonho de uma África livre, desenvolvida e próspera obteve novo formato quando, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana.

O objectivo foi a necessidade de fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.

Contudo, assim como antes, a meta é uma só: “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade”.


Outro objectivo principal da UA é a unidade e a solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, a integridade territorial e a independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconómica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros”, que, em 1963, criaram a OUA.

Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos afastou-se voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.

Apesar dos conflitos que, ainda, persistem, a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos. De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias: Leshoto, Marrocos e Swazilândia.

Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.

A comemoração do Dia de África a 25 de Maio é para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar a um continente onde valerá sempre a pena viver e construir um futuro.

A África tem aproximadamente 30,27 milhões de quilómetros quadrados de terra. Basicamente agrário, é o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia) e o seu PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas um porcento do produto mundial.







Um afro abraço.
Fonte: Inforpress

Morre o jamaicano Marcus Garvey, mentor do Pan-africanismo / 1940

DIMENSÃO PARA AS INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS  
Depois da segunda guerra mundial a África debatia-se com questões de toda índole, com destaque para as de aspecto político, consubstanciadas na luta pela independência contra o domínio colonial. Essas lutas visavam criar estratégias para o desenvolvimento do continente numa altura em que o mundo se encontrava em pleno auge da guerra-fria e divido em dois campos antagónicos.
Clamorosa era também a situação sócio-política e histórica. Por esta razão, os países procuravam a sua auto-determinação e lutavam com toda bravura e heroísmo, uma vez que as condições sociais, económicas e políticas não eram das melhores. Inconsistente era também o sistema de educação, saúde, comunicação, etc., o que motivou os intelectuais africanos a assumir outros compromissos e rumar para novos horizontes: independência e desenvolvimento.
Sabe-se, porém, que o continente africano conheceu a presença europeia em todo seu quadrante, sobretudo depois da perniciosa conferência de Berlim, que formalizou a configuração de África e descartando questões essenciais para a sobrevivência das instituições originalmente africanas.
Uma das raízes mais profundas da dura realidade africana é o mercado de escravos, explorado por árabes e europeus entre os séculos XVI e XIX. Naquele período, mais de 11000.000 de seres humanos foram capturados por portugueses, holandeses, ingleses e franceses, e transportados à força, principalmente para as plantações dos Estados Unidos e para as possessões portuguesas na América.
Encerrado o período esclavagista, no século XIX, as potências coloniais mantiveram o controlo sobre a África, que se tornou fonte de minerais e matéria-prima para a florescente indústria europeia. No processo de colonização, muitas tribos e nações inimigas acabaram unidas à força pelos colonizadores. Por causa disso, as fronteiras dos Estados e regiões reflectiam muito mais os interesses estrangeiros do que a história dos povos locais.


Portanto, cansados com dominação colonial, os africanos uniram vozes contra o colonialismo. E um dos primeiros projectos, para este fim, foi o do Pan-africanismo, ou a união de todas as nações africanas, formulado pelo líder negro Jomo Kennyata do Quénia. O principal obstáculo do Pan-africanismo era a diversidade étnica e cultural do continente. Existiam, como ainda existem, muitas "Áfricas" diferentes, impedindo as tentativas de aliança dos países africanos. Essa inexistência de uma "identidade africana" deve-se, em grande parte, ao fato de a África ter sido dominada, dividida e explorada por potências que nunca se preocuparam com os traços culturais daquelas populações.Segundo Pires Laranjeira (1995), os principais nomes do movimento foram Edward Blyden, o primeiro a falar em uma personalidade africana baseada na recuperação do orgulho da raça negra; Willian E. D. Du Bois, o criador do Pan-africanismo e organizador dos cinco Congressos do movimento: Paris (1919), Londres (1921), Londres (1923), Nova York (1925) e Manchester (1945); Henry Sylvester Willian que lançou a ideia de solidariedade fraterna entre africanos e povos de ascendência africana; e George Padmore (sobrinho de Sylvester Willians), responsável pela expansão do movimento em direção à África. Embora houvesse algumas divergências ideológicas entre eles, juntos propunham, ainda de acordo com Pires Laranjeira, uma solidariedade negra para além da geografia ou da classe, adotando o reconhecimento da identidade negra na sua realização nacional, integrada e assimilada à nação, e solidária com os africanos ou a restante diáspora fora da África, em oposição ao Pan-africanismo de caráter racista, megalomaníaco e demagogo, defendido pelo jamaicano Marcus Garvey, que propunha um utópico retorno de todos os negros norte-americanos à África.
Essa vertente do Pan-africanismo revelou ao mundo uma nova maneira de ser negro, resgatando o orgulho da identidade negra, revalorizando suas tradições e sua participação na história:
Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann's Bay, Jamaica, 17 de agosto de 1887 – Londres,10 de junho de 1940) foi um comunicador, empresário e ativista jamaicano.
É considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista negro. Garvey liderou o movimento mais amplo de descendentes africanos até então; é lembrado por alguns como o principal idealista do movimento de "volta para a África". Na realidade ele criou um movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a "redenção" da África, e para que as potências coloniais européias desocupassem a África. Em suas próprias palavras, "Eu não tenho nenhum desejo de levar todas as pessoas negras de volta para a África, há negros que não são bons elementos aqui e provavelmente não o serão lá." Apesar de ter sido criado comometodista, Marcus Garvey se declarava católico.
É, hoje, tido como assente que o Pan-africanismo influenciou todos os grupos e movimentos da sociedade, da política e da cultura dos negros africanos e extra-afriacanos no sentido de uma identificação com sua comunidade racial e, muitas vezes, com um sentimento e uma prática de solidariedade e fraternidade universal. (Laranjeira, 1995:51)
Um afro abraço.
UNEGRO  25 ANOS DE LUTA!
fonte:segremar-segredo.blogspot.com

terça-feira, 21 de maio de 2013

Estado institui o Plano Estadual de Promoção de Igualdade Racial


 O Governo do Estado do Rio de Janeiro assino em 15/05 o decreto implantando o Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial, que irá nortear as políticas públicas de enfrentamento ao racismo e as desigualdades raciais no Estado. A assinatura ocorreu durante o Ato Solene “13 de maio – 125 anos da Abolição com Reflexão e Resistência Negra”, realizado no Jardim de Inverno do Palácio Guanabara.
Na ocasião também foram assinados a adesão do estado do Rio de Janeiro ao Plano Juventude Viva – Plano Nacional de Prevenção à Violência contra Jovens Negros; o decreto de convocação para a III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial, cujo tema será ‘Democracia e Desenvolvimento sem Racismo por um Brasil Afirmativo’, e um Termo de Cooperação Técnica entre a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) e Defensoria Pública, para assistência à vítimas de crimes de racismo, intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana e injúria racial.
Elaborado por uma Câmara Técnica, formada por 28 membros do Movimento Social Negro onde  a UNEGRO/RJ é representado pela dirigente Conceição d'Lissa,  e por  órgãos da Administração Pública, da UERJ e da ALERJ, o Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial cumpre papel fundamental de restaurar os direitos e a cidadania de milhões de brasileiros e brasileiras do Estado. Ele permitirá reduzir as desigualdades raciais, o racismo e a discriminação étnica e racial nas instituições, no processo de elaboração, de implementação e de execução das políticas, dos programas, dos projetos e de serviços no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.
AS CONFERENCIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS...
Precisamos analisar e ficar de olho na realidade brasileira a partir da implantação da Política de Promoção da Igualdade Racial, os impactos de políticas de igualdade estruturadas por estados e municípios, a participação e o controle social, além de temas prioritários da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (educação, trabalho e renda, segurança pública, saúde e quilombos).

O Estatuto de Igualdade Racial (Projeto de Lei 6264/05) em discussão no Congresso Nacional proíbe a exigência de boa aparência para candidatos a empregos e de fotos em currículos, além de fixar cotas na educação destinadas a alunos de escolas públicas, em proporção no mínimo igual ao percentual de negros e pardos na população do estado o  sistema educacional ainda é fraco e exclui o negro do mercado de trabalho na saúde por exemplo:ainda  que existem poucos médicos negros e em outras áreas de destaque porque a estrutura da sociedade não ajuda o negro, que desde a libertação dos escravos não teve apoio para se igualar ao branco e ser realmente um cidadão", as cotas nas universidades podem diminuir as diferenças sociais mais o vácuo secular ainda é grande. "Ainda  falta oportunidade, pois as pesquisa  comprova que os negros com cotas se destacaram nas universidades e obtiveram boas notas".
Se liga:
Além de escolher as propostas prioritárias prioritárias  as Conferência Regional  espaço para debater a o plano de Igualdade Racial nas cidades que compõem 92 municípios.
Um afro abraço.

Machado de Assis negro ou não: Um homem contraditório e preso em si mesmo...


Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentará o autodidata Machado de Assis.

De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.

Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais...

Imagem refinada:

No entanto, a dúvida persiste: como um homem de origem negra se transforma visualmente num branco como naquela foto de Machado aos 60 anos (possivelmente) quer nos assegurar? Como é possível mudar de cor numa fotografia e esconder os traços mais originais de uma pessoa? Para a pesquisadora, a foto "oficial" do escritor - aquela em que aparece em todos os livros e na mídia, com Machado, por volta dos 60 - sofreu um processo de depuração.
Citando Gilberto Freyre, em Sobrados e Mocambos, Simone diz que era comum, no Brasil imperial, o fotógrafo alterar a cor dos olhos e a cor da pele ao gosto do freguês ao receberem encomendas para renovação química no laboratório de fotografias antigas, já amareladas. Isto pode ter acontecido com a foto " oficial" do escritor que aparece com a pele mais clara e barba e cabelos brilhosos.
A morte de Machado de Assis serviu para fundamentar o processo de consagração e embranquecimento do escritor, cuja infância e adolescência pobre, no morro do Livramento, na Saúde, são suprimidas das louvações que são feitas na mídia à figura do então fundador da Academia Brasileira de Letras, morador do Cosme Velho, um bairro de elite.

Um homem contraditório e preso em si mesmo...Machado de Assis foi o maior escritor realista brasileiro e fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL), sendo perseguido por diversos escritores da sua época e epitetado como o “Bruxo do Cosme Velho”, e ainda hoje continua sendo acusado de omisso nas questões relacionadas a causa preta, a escravidão, e a situação do escravizado.
Se liga:
Machado de Assis, mulato que nasceu livre, e se educou pelos próprios esforços, numa sociedade abalada repetidamente por crises sociais - da metade do século XIX em diante. Era época em que um dos maiores movimentos sociais - envolvendo mulatos livres e intelectuais liberais - era a libertação dos escravos. Como ele se livrou desse debate?
Sua vida política é tida como passiva. Ele fora repetidamente acusado de omisso e um dos seus críticos mais freqüentes era o jornalista mulato José do Patrocínio, um dos militantes mais duros da causa abolicionista. Patrocínio achava que o escritor deu as costas para as lutas sociais e fez vistas grossas ao movimento abolicionista.

Um jornal abolicionista, a Gazeta é um jornal em que praticamente todas as edições a que eu tive acesso, há editoriais falando contra a escravidão e Raimundo Magalhães Junior, na sua biografia de Machado, afirma que Machado tinha colocado dinheiro dele no jornal sem que as pessoas soubessem, porque ele era alto funcionário do Ministério da Agricultura, não podia parecer como alguém de oposição. Havia um tabu racial muito forte naquele tempo. Cobram de Machado o seguinte: por que Machado não fez um texto em que se declara negro? Porque naquele momento negro era sinônimo de escravo.

Há várias certidões de nascimento de escravos: nascimento, negro; se o sujeito alcança alforria ao longo da vida: atestado de óbito, pardo.

Negro era sinônimo de escravo. E o que é pior, o atestado de óbito de Machado, no Museu da Língua portuguesa, a certidão de óbito de Machado estava escrito: branco.

BIBLIOGRAFIA:

Comédia
Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
Poesia
Crisálidas, 1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.
Romance
Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.
Conto:
Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.
Teatro
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
Algumas obras póstumas
Crítica, 1910.
Teatro coligido, 1910.
Outras relíquias, 1921.
Correspondência, 1932.
A semana, 1914/1937.
Páginas escolhidas, 1921.
Novas relíquias, 1932.
Crônicas, 1937.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
Crítica literária, 1937.
Crítica teatral, 1937.
Histórias românticas, 1937.
Páginas esquecidas, 1939.
Casa velha, 1944.
Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Crônicas de Lélio, 1958.
Conto de escola, 2002.
Antologias
Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998
Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.
Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de alguns textos para o cinema e a televisão...

Um afro abraço.

VI CONGRESSO ESTADUAL DA UNEGRO EM CORDEIRO

Município sedia o VI Congresso Estadual da UNEGRO
Nos dias 10 e 11 de maio, aconteceu em Cordeiro o VI Congresso Estadual da UNEGRO – União de Negros Pela Igualdade, que reuniu representantes de entidades representativas, políticos, líderes comunitários, culturais e diversos outros segmentos de todo o Estado do Rio de Janeiro. O evento contou com apoio total da Prefeitura de Cordeiro, especialmente através da Secretaria de Cultura, e recebeu ainda a adesão da Câmara Municipal, com o vereador Gil do CIEP sendo um dos responsáveis por trazer tão importante acontecimento para a Cidade Exposição.

Sexta-feira, aconteceu sessão solene na Câmara Municipal, em comemoração aos 25 anos da UNEGRO e para o lançamento da revista ‘Samba na Raiz’, publicação da entidade. Houve ainda apresentação da Associação Cultural Capoeira Gunga, do Mestre Preguinho. Várias autoridades se fizeram presentes, entre elas, o presidente da casa de leis, Robson Careca, o vice-prefeito Leandro da Autoescola, a presidente da UNEGRO, Claudia Vitalino, e a deputada estadual Enfermeira Rejane (PC do B).

O Centro Cultural Ione Pecly abrigou as atividades do congresso, no qual foram discutidos diversos temas, como “Educação, trabalho e igualdade de oportunidade”, “UNEGRO enquanto organismo, organicidade e capilaridade” e “Reestruturação da Direção Estadual”. Após a explanação de cada tema, houve intervenção do plenário e considerações finais. Antes do encerramento do congresso, aconteceu a aprovação dos documentos e resoluções, e eleição da direção da entidade.

Um dos momentos marcantes foi a participação especial de passistas, ritmistas e diretores da escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel, que proporcionaram um momento de descontração e alegria aos congressistas e convidados.
 Um afro abraço.

sábado, 18 de maio de 2013

Carlos Assumpção referência na poesia negra no Brasil

CARLOS DE ASSUMPÇÃO nasceu em 23 de maio de 1927 em Tietê/SP. É Advogado militante na Comarca de Franca/SP. Membro da Academia Francana de Letras, tirou o primeiro lugar no AII Concurso de Poesia Falada@, de Araraquara/ SP, em 1982, com o poema Protesto. Em 1958, por ocasião do 701 aniversário da Abolição, recebeu o título de Personalidade Negra, conferido pela Associação Cultural do Negro, em São Paulo/SP.

O poeta:
Referência na literatura negra brasileira, participará de encontros em sua homenagem no mês da consciência negra e também realizará o lançamento do livro "Tambores da Noite", obra que reúne sua antologia poética, organizado pelo Coletivo Cultural Poesia na Brasa, Elo da Corrente, Ciclo Continuo e Projeto Espremedor.

Autor dos livros "Protesto" e "Quilombo", co-autor do cd "Quilombo de Palavras" com Cuti e participou de diversas antologias como "Cadernos Negros" – Quilombhoje- e "Negro Escrito" – Org. Oswaldo de Camargo. Ele foi frequentador assíduo da Associação Cultural do Negro, no centro de São Paulo nos anos 50, onde se encontrava com ativistas da extinta Frente Negra Brasileira e com escritores e intelectuais de grande importância como Solano Trindade, Aristides Barbosa e Oswaldo. Membro da Academia Francana de Letras, formado em Letras e Direito, escolheu a cidade de Franca/SP para estudar e lecionar nos anos 80 e nos últimos anos não participou ativamente da cena literária, pois está com a saúde sensível.
Segundo a historiadora Celina Veiga de Oliveira, Carlos d'Assumpção é um brilhante advogado, um perfeccionista, um escritor culto com uma "inteligência raríssima", um "homem de valor" com uma ética e integridade vertical, um "conservador à maneira britânica" e um homem diplomático "de diálogo e de consenso, de voz calma e profunda, com um ascendente enorme" sobre quem o rodeava. Ele era também uma pessoa modesta, serena, simples, sorridente, atenta, delicada, "absolutamente terrena" e "muito afável". Por isso, ele "era uma pessoa pela qual se sentia respeito, admiração e amizade. As pessoas gostavam naturalmente dele.

PROTESTO
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo

Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar...

Um afro abraço.

fonte: enciclopédia livre

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...