UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O mês das árvores e da primavera: “O sujeito nas encruzilhadas da Saúde:um discurso sobre o processo de construção de sentido e deconhecimento sobre sofrimento difuso e realização do ser no âmbitodas religiões afro-brasileiras e sua importância para o campo da Saúde Coletiva”



22 de setembro marca a chegada da primavera nos países do hemisfério sul. É quando se inicia a 
transição dos dias mais frios do inverno para o período mais ensolarado e quente. No Jardim das 
Florestas já se pode observar as  bromélias,
 orquídeas, ipês, azaléias e muitas outras flores 
vibrantes embelezando essa estação. 
árvore, e esse dia foi eleito em razão dos povos

indígenas que sempre cultuaram as árvores durante a época das chuvas, ou quando a terra era 
preparada para semeadura, geralmente no início da primavera. 
As árvores não têm apenas a função paisagística. Elas protegem as lavouras contra os ventos,
 fornecem sombra e amenizam a emissão de gases de efeito estufa. Para o meio ambiente, as 
árvores são fundamentais, pois servem de abrigo e fornecem alimentos para diversas espécies de 
animais, inclusive o homem, que se alimenta de seus frutos. 
As árvores ajudam a equilibrar o clima de uma região. Observe, por exemplo, um parque ou floresta
 e sinta o clima mais fresco. Para a economia, as árvores fornecem a matéria-prima para móveis, 
utensílios domésticos e a celulose, que serve para a produção de papel. Mas é importante que, no
 momento da compra, a pessoa saiba escolher produtos oferecidos por empresas que possam
 comprovar a origem da madeira, ou seja, as que utilizam madeira com certificação. 
As árvores nativas do Brasil estão intimamente ligadas à história e ao desenvolvimento econômico e
 social do nosso país. A mais antiga e importante relação é com o próprio nome da nação “Brasil” 
que foi emprestado da árvore conhecida popularmente como “pau-brasil”. 

Dezenas das cidades do país também emprestaram seus nomes de árvores nativas que eram
 freqüentes em suas regiões geográficas, como exemplos podem ser citados: Imbuia- SC, 
Guarantã-SP, Louveira – SP, Angicos – PE, Cedro – SP, Juazeiro – BA, etc. 

Algumas espécies representaram tamanha importância para as populações locais, que emprestam
 seus nomes a várias cidades; por exemplo, a espécie Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze 
(pinheiro), e o buriti (Mauritia flexuosa L.f.). 

Algumas espécies representam grande importância na vida econômica do país, que historicamente
 caracterizaram uma época ou um ciclo como, por exemplo: o pau-brasil, a seringueira, a carnaúba,
 o pinheiro, o cacau, o baguaçu, e mais recentemente o mogno. 

Nomes de árvores nativas são também utilizados de norte a sul do país para designar ruas, praças,
 palácios, bairros, etc

TRATAMENTOS NÃO CONVENCIONAIS:À PROCURA DA CURA DO CORPO E DO 
ESPIRITO...

Desde o início da sua expansão no Brasil, o Espiritismo se afastou das vertentes mais
 racionalistas do Kardecismo e se definiu como uma forma religiosa (Ortiz 1988); o primeiro 
movimento espírita organizado e datado de 1873 denominou-se Sociedade de Estudos 
Espíritas do Grupo Confúcio, no Rio de Janeiro, com o motto “os verdadeiros espíritos não 
existem sem caridade”, defendendo os princípios da prática da homeopatia e da cura pela fé 
(ORTIZ, 1997). Com o tempo a orientação terapêutica foi assumindo mais importância, 
passando a ser um dos focos centrais da religião. Esta vertente da caridade e da cura foi 
integralmente incorporada na Umbanda, afirmando-se como central na filosofia umbandista9, 
no Brasil como em Portugal.

Se na Umbanda a questão da cura é central, ela é igualmente crucial no Candomblé, e em 
Portugal muitos adeptos chegam inicialmente a estas religiões à procura da solução para 
situações de crise directamente ligadas à doença. A afirmação de que “se não se chega pelo 
amor, chega-se pela dor”, comum na explicação da forma de chegada a práticas religiosas 
variadas, é amiúde ouvida a respeito da Umbanda e do Candomblé.  Mesmo quando o 
problema não é directamente de doença, a somatização do que aflige os indivíduos faz com 
que a face visível desses distúrbios seja frequentemente o mal-estar físico e a doença. 

Podemos aqui seguir o que Paula Montero (1985) descreve e analisa, ao explicitar, muito no 
seguimento da linha teórica de Mary Douglas, a ideia de que a desordem é conceptual e 
cognitivamente equiparada à doença, e que portanto qualquer coisa “fora da ordem”, a nível 
psíquico ou simbólico, equivale e provoca problemas físicos. Tal como Montero afirma, as 
fronteiras entre o que é muitas vezes denominado “doença material” e “doença espiritual” são 
muito fluidas, e nos contornos da conceptualização do que são “doenças materiais” estão já 
presentes as matrizes que possibilitam uma interpretação mágico-religiosa (MONTERO, 
1985, p. 118). Paralelamente, a eficácia da intervenção mágica tem como contraponto o 
fracasso da terapêutica oficial. Ou a medicina oficial não consegue “ver” a doença, porque o 
mal é de outra natureza—isto é, espiritual, não passível de diagnóstico pelos métodos físicos 
da medicina ocidental—ou,   apesar de a identificar, não a consegue curar porque a sua 
origem está num problema, numa “desordem” do foro não material10. Isto está patente no 
discurso dos indivíduos:

Eu realmente estava muito doente, mas os médicos não conseguiam perceber o que se 
passava. Foi o preto velho que me disse que era qualquer coisa no meu peito, e que eu tinha 
de ser tratada. Foi ele primeiro que percebeu o que se passava, antes mesmo dos médicos 
saberem que eu tinha cancro (Sofia, 32 anos, caixa de supermercado).

A relação estabelecida entre a doença e a noção religiosa de perda de equilíbrio permite não 
só estabelecer a ponte entre os dois sistemas (o da biomedicina e o da religião), mas abre 
também espaço para a actuação mágico-religiosa, tal como Paula Montero explicita 
(MONTERO, 1985, p. 126):

O processo de mutação que transforma a noção médica de “doença” na noção religiosa de 
“desordem” termina pois numa inversão interessante: por um lado, a noção de “doença 
espiritual” implica a negação da doença (ou da sua representação) tal como ela é atribuída à 
esfera da atuação do médico – negação necessária [...] à determinação de um espaço 
legítimo de atuação mágica; por outro, a própria noção de “doença espiritual” reenvia 
novamente ao âmbito da atuação médica --  já que o corpo sofre as consequências da acção 
desordenada dos espíritos, ou está irremediavelmente condenado à doença, em virtude das 
suas faltas anteriores --, mas inverte as posições iniciais  de importância e legitimidade.

Neste processo, a medicina transforma-se num apêndice que pode secundar a acção mágica 
e ajudar a curar, ou servir de suporte aos que já não conseguem escapar ao sofrimento e à 
morte, e que também por vezes se voltam para a medicina para minorar a dor (MONTERO, 
1985).

Na tipologia tripartida que Montero identifica encontram-se três tipos de fenómenos mórbidos: 
as doenças causadas pelos próprios indivíduos, as provocadas por terceiros, e as kármicas. 
Apesar das diferenças, todas elas têm por base a concepção, comum em todas as religiões 
afro-brasileiras, de uma ideia de bem-estar baseada na concepção holística da pessoa, em 
que o corpo e a mente estão interligados, rejeitando assim dicotomias cartesianas que os 
separam. Ser saudável significa estar equilibrado11. Assim, as categorias nosológicas das 
variadas doenças são explicadas através da visão do mundo do Candomblé e da Umbanda. 
Tanto a doença como o seu diagnóstico não podem ser dissociadas das suas cosmologias e 
conceptualizações mágicas e religiosas que reflectem as relações sociais e os princípios 
básicos destes universos (BARROS; TEIXEIRA, 1989). Deste modo, a maioria das 
performances rituais são estratégias para manter ou restaurar o bem-estar físico, mental e 
social.

O equilíbrio está identificado com a saúde; se uma pessoa está doente quer dizer que ela 
está perturbada, o que se pode dever a uma larga variedade de causas. Pode relacionar-se 
com falhas no cumprimento das obrigações para com os espíritos dos mortos, e nesse caso 
só pode ser curada quando essas obrigações forem cumpridas, restaurando o equilíbrio entre 
a pessoa e o seu orixá. A doença tem portanto origem numa falta de equilíbrio entre forças 
que têm a sua origem no sobrenatural e que actuam sobre o indivíduo. A noção de axê é 
central, já que axê é definido como uma força, uma energia vital sagrada presente em todos 
os seres naturais. Esta energia precisa de ser dinamizada; é através dos ritos que este 
processo é assegurado, iniciando-se com o tocar dos tambores e a entoação dos pontos 
cantados12 que potenciam a descida dos deuses e entidades.

 NOSSO CORPO COMO LOCUS DE ACÇÃO...


No processo de construção do carácter sobrenatural da doença e a cura o corpo humano 
transforma-se no mais importantelocus de acção, em que a crença e as emoções estão 
concentradas, e em torno do qual uma série de representações que ultrapassam largamente a 
caracterização biológica do corpo humano são construídas.

O papel do corpo neste processo prende-se com dois aspectos distintos, mas relacionados 
entre si. O primeiro tem a ver com a importância da relação constante e permanente que é 
mantida entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, que em tempos possuíram corpos 
físicos, mas que são agora seres sem aparência física concreta. O valor desta relação entre 
os dois mundos é também visível na conceptualização da vida social, que implica não apenas 
o relacionamento com os parentes vivos, mas também como os defuntos, que se tornaram, 
entretanto—na Umbanda, por exemplo13-- espíritos e antepassados.

Esta relação leva-nos ao segundo aspecto, o da importância do corpo e do papel central que 
a incorporação joga nestas religiões.

A possessão é crucial, a base para se compreender todo o sistema religioso, que opera 
através de uma sistemática exploração do corpo como locus para a manifestação do 
sagrado (BRUMANA; MARTINEZ, 1997, p. 11). É o corpo o veículo de comunicação com os 
deuses e os espíritos, pensados enquanto representações das forças da natureza; é o corpo 
que se transforma para permitir a manifestação física dos espíritos e a sua comunicação com 
os vivos. A possessão suprime, temporariamente, a distância entre o mundo dos humanos e o 
dos deuses, ou entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Como Márcio Goldman refere:

[…] o transe e a possessão […] suspendem todas as distâncias entre o Aiê e o Orum
fazendo com que os orixás encarnem nos homens e transmitam alguma coisa da sua 
essência divina, ao mesmo tempo que uma certa dose de humanidade lhes é insuflada pelos 
fiéis que concordam em recebê-los” (GOLDMAN, 1987, p. 111).

Considerando a possessão como uma celebração da vida e da comunicação, ela só é no 
entanto possível através de um complexo processo de iniciação, no qual o corpo tem um 
papel essencial.

 RESTAURAR O BEM-ESTAR
No seio de uma religião que celebra a vida através do uso do corpo, manter um corpo 
saudável é uma prioridade máxima. Se considerarmos todas as razões acima expostas, em 
que se percebe bem a relação entre os estados físicos e as relações entre os humanos e os 
espíritos, percebe-se que o início de qualquer procedimento terapêutico deve começar por 
práticas que restauram essas boas relações.

Todos as causas acima mencionadas como responsáveis pelos distúrbios estão 
directamente ligados à qualidade da pessoa enquanto membro da congregação religiosa. 
Mas, além desses, em todos os terreiros há um importante grupo de pessoas, que podemos 
categorizar como “clientes”, que aí chegam à procura de alívio para as situações de crise, em 
que mais uma vez os problemas de saúde têm uma grande visibilidade. O diagnóstico para 
os problemas é muitas vezes relacionado com um encosto (espírito de um morto que não 
atingiu o seu lugar no além), e a purificação é o primeiro passo para a cura. Muitas vezes, 
estas pessoas que chegam aos terreiros pela doença, acabam por descobrir a sua 
mediunidade e começam a percorrer o caminho da iniciação:

Primeiro fui a uma terapeuta brasileira, que usava aromaterapia e gemoterapia22; daí passei 
para o terreiro, e descobri a importância dos orixás. Comecei o meu caminho de iniciação. 
Quando me diagnosticaram o câncer no peito, fiz cura por magnetismo, gemoterapia e 
aromaterapia, mas teria morrido se não fossem os meus orixás (LAURA, mulher, 31 anos, 
desempregada).

Em qualquer dos casos, após o diagnóstico, realizado pelo especialista religioso usando os
 métodos divinatórios anteriormente explanados, a cura implica a restauração da unidade 
fragmentada pela perda do axê.  Se bem que as sequências rituais difiram de terreiro para 

terreiro, basicamente compreendem sempre um período de preparação, em que a pessoa se 
desliga das suas actividades mundanas, seguida dos primeiros ritos de limpeza e 
purificação. Estes incluem libações, banhos de ervas, uso de ervas para colocar por cima da 
parte do corpo lesada, defumações, uso de pólvora, epasses. Algumas entidades 
especializadas na cura, como é o caso dos pretos-velhos, fazem também massagens ou cura 
através do toque.

As plantas, ervas e raízes usadas nas terapias todas têm um significado específico e uma 
relação particular com os orixás. Do mesmo modo que cada orixá requer o sacrifício de um 
determinado animal e a oferenda de uma comida específica, também cada um deles tem uma 
relação especial com o mundo vegetal. Como tal, as plantas são usadas não apenas nos ritos 
religiosos, mas também nos ritos terapêuticos. Um dos aforismos recorrentes nos terreiros é 
kosi ewe, kosi orisha”: sem folhas, não há orixás”.

A grande maioria dos ritos de purificação requer o uso de plantas, já que as folhas são 
consideradas uma das fontes primordiais de axé. Os pais e mães de santo muitas vezes 
afirmam que o uso da folha correcta pode matar ou curar um indivíduo: as folhas 
“quentes”(associadas com os orixás do fogo e da terra, como Ogum e Exú), agitam as 
atmosferas, as emoções e os indivíduos, e podem causar mal, enquanto que as  folhas “frias” 
(relacionadas com os orixás da água e do ar, como Oxum e Oxalá) apaziguam e tranquilizam. 
O conhecimento profundo da adequação das plantas e das folhas a cada ritual ou terapia é 
portanto uma das mais importantes qualificações de qualquer pai ou mãe de santo respeitado 
(SILVA, 1985, p. 209). Associadas à proclamação de palavras mágicas que potencializam a 
sua eficácia, flores, plantas, ervas, raízes, sementes e casacas de árvore são usadas na 
preparação de medicamentos, bebidas e libações profilácticas 23.

Na diáspora, a importação de ervas e folhas envolve certas dificuldades, e muitos pais de 
santo que viajam até ao Brasil retornam com malas cheias de plantas. Quando não é possível 
obter as plantas originais, estas são substituídas por outras, que se encontram em Portugal, o 
mais parecidas possível (em forma, aroma, características ou efeitos terapêuticos) com as 
originais.

Os ebós de saúde24 são preparados com determinados ingredientes e seguindo 
determinadas regras rituais que respeitam a relação directa com o mal que se pretende curar 
e, sobretudo, o orixá directamente ligado a essa pessoa. Cada orixá tem uma comida 
própria, confeccionada a partir de ingredientes específicos.  Por isso mesmo, o ebó de saúde 
de uma pessoa cujo orixá de cabeça é Iansã incluirá sempre o acarajé, prato feito com feijão-
frade, partido e moído de modo a formar uma massa fina a que se junta cebola e se frita em 
azeite de dendê; o de alguém filho de Oxum inclui obrigatoriamente uma comida ritual 
denominada ado, fabricada com milho vermelho torrado e moído e temperado com azeite de 
dendê e mel.

Nos ebós de sáude figuram obrigatoriamente as pipocas. Sendo que as comidas rituais se 
ligam directamente à mitologia de cada orixá, as pipocas estão relacionadas com o orixá por 
excelência da doença, Obaluaiê (também conhecido como Omolu)25. De acordo com o mito, 
Obaluaiê ficou doente com varíola; as pipocas, também denominadas “flores de Obaluaiê”, 
representam as marcas deixadas na pele por essa doença. Curado por Iemanjá, Obaluaiê é o 
orixá que rege a saúde e a doença, e as pipocas são a sua comida primordial.

Cada terapia envolve elementos específicos, que dependem das características dos 
pacientes e das suas energias, as especificidades dos seus orixás, os traços da própria 
doença. As práticas terapêuticas envolvem não apenas a cura imediata, o tratamento dos 
sintomas, mas também um objectivo profiláctico, como a prevenção de subsequentes 
problemas. Qualquer terapia é supervisionada por um orixá ou pela entidade responsável, e 
são eles que indicam quais os métodos curativos apropriados, os ingredientes a serem 
usados, e são eles próprios que, em última análise, procedem à cura, incorporados nos seus 
cavalos. A este tipo de cura praticado nos terreiros, normalmente no decorrer da própria 
gira26em que sobretudo pretos velhos e caboclos actuam, juntam-se as 
performances em sessões de cura especiais. Estas sessões incluem toda uma série 
de técnicas que podem ser englobadas na panóplia mais vasta de terapias Nova Era, 
que nas últimas décadas se tornaram disponíveis em Portugal e que, a avaliar pelo 
número de sites na internet, a publicidade nos jornais, revistas e rádio, e a difusão de 
lojas esotéricas, agradam imenso aos portugueses, que se transformaram em seus 
fiéis consumidores.

Obs: Os orixás eram venerados na África somente pelos iorubas ou nagôs, um povo que vive 
no sudoeste da Nigéria e no sudeste da atual República do Benim. Como outras religiões 
africanas, a dos orixás era um conjunto de cultos locais, ligados a santuários próprios. 
Quando o seus fiéis foram tirados à força de suas terras e atravessaram o Atlântico, tiveram 
de se ajustar a uma situação inteiramente nova, na qual os seus deuses viajaram com eles e, 
inicialmente, só tinham altares em seus corações.
No caso da religião dos orixás, vários deuses locais já se haviam tornado, no chamado 
Iorubo, ou terra dos iorubas, deuses nacionais. Xangô, por exemplo, um rei ancestral 
divinizado de Oiá, e Ogum, um rei ancestral divinizado da cidade-estado de Irê, já eram 
venerados por outros iorubas. Mas a religião dos orixás não se expandiu na África. Não conta 
com adeptos entre sereres, banhuns, ibos, andongos, iacas, angicos, xonas, macuas, zulus ou 
outros povos africanos, que a desconhecem. E se retraiu no próprio Iorubo, sob o impacto do 
cristianismo e do islamismo. Foi nas Américas, a partir sobretudo do Brasil e de Cuba, que 
ela se tornou uma religião universal, com deuses que não pertencem exclusivamente a um 
povo, mas a toda a humanidade. No Brasil, a religião dos orixás fez adeptos não só entre 
originários de outras nações africanas, mas também entre descendentes de guaranis, cariris, 
pataxós, fulniôs, portugueses, espanhóis, italianos e muitos outros povos.
Sua história não é, assim, diferente da história do cristianismo e do islamismo, que 
começaram como religiões locais – de um punhado de judeus, num caso, e de um grupo de 
árabes, no outro – e se expandiram pelo mundo.

Um afro abraço.

fonte: BARRETO, António (Ed). Globalização e Migrações. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2005.
BARROS,  José; TEIXEIRA, Maria Lina Leão. O código do corpo: inscrições e marcas dos orixás. MOURA,  Carlos Marcondes de (Org.). Meu sinal está no teu corpoescritos sobre a religião dos orixás. 
São Paulo: Edicon/EDUSP, 1989.
BASTOS, Cristiana. Omulu em Lisboa: Etnografias para uma teoria da globalização. Etnográfica, v. 5, n. 2, p. 303-324, 2001.
BASTOS, José; BASTOS, Susana. Filhos de deuses diferentes. Lisboa: ACIME, 2006.
______. Portugal Multicultural: situação e identificação das minorias étnicas. Lisboa: Fim de Século, 1999.
BIRMAN, Patrícia.  O que é Umbanda. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
BORDONARO, Lorenzo. Sai fora: youth, disconnectedness and aspiration to mobility in the Bijagós islands (Guinea-Bissau),Etnográfica, v. 13, n. 1, 2009.
BROWN, Diana. Power, Invention, and the Politics of Race: Umbanda Past and Future. In: ______. Black Brazil: Culture, Identity and Social Mobilization. Los Angeles: UCLA, 1999.
BRUMANA, Fernando; MARTINEZ, Elda. Marginália Sagrada. Campinas: Unicamp, 1997.
CAPONE, Stefania  (Ed.).  Civilisations. Revue Internationale d´Anthropologie et de Sciences Humaines. Religions Transnationales. Bruxelles : Université Libre de Bruxelles, 2004b.
CAPONE, Stefania.  A busca de África no Candomblé: tradição e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2004a.
CAPONE, Stefania; TEISENHOFFER, Viola.  Devenir medium à Paris. Aprentissage at adaptation rituels dans l´mplantation d´un terreiro de candomblé en France. Psychopathologie Africaine, v. 31, n. 1, p. 127-156, 2001/2.
CASTELO, Cláudia. O modo português de estar no mundo: o luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961). Lisboa:  Afrontamento, 1998.
DANTAS, Beatriz G. Vovó Nagô e papai branco: usos e abusos da África no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FAVRET-SAADA,  Jeanne. Les mots, la mort, les sorts. Paris: Gallimard, 1977.
FEDMAN-BIANCO, Bela.   Brazilians in Portugal, Portuguese in Brazil: construction of sameness and difference. Identities, 2001.
FRIJERIO, Alejandro. Re-Africanization in secondary religious diasporas : constructing a world religion. In: CAPONE, Stefania  (Ed.).  Civilisations. Revue Internationale d´Anthropologie et de Sciences Humaines. Religions Transnationales. Bruxelles : Université Libre de Bruxelles, 2004.
FRY, Peter.  A persistência da raça: estudos antropológicos sobre o Brasil e a África austral. Rio de Janeiro: Civilização 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mais um caso:"Professora de Religião afro chama segurança de macaco".

Fato lamentável aconteceu em frente à Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Caso foi denunciado à polícia e ao Conselho Estadual de Igualdade Racial.


Na noite desta sexta-feira (14), alunos da Universidade do Estado do Pará (Uepa) denunciaram uma professora, que ministra aulas de religião afro na instituição, por racismo. De acordo com os estudantes, a docente teria insultado um segurança de "macaco" e, depois, repetido a agressão verbal a um dos universitários que defenderam o trabalhador.
A confusão teria iniciado quando Daniela Cordovil tentava entrar na universidade com alguns pesquisadores convidados para participar de um evento e encontrou o portão localizado na avenida Djalma Dutra, no bairro do Telégrafo, em Belem, fechado.
O segurança informou que o acesso estava fechado por determinação da direção da universidade e orientou o grupo a entrar por outro portão. De acordo com os alunos, nesse momento, a professora perdeu a calma e começou a xingar o servidor.
Ao ouvir a confusão, os estudantes utilizaram um celular com câmera e desafiaram a professora a repetir o insulto. No vídeo, a professora assume que chamou o segurança, Rubens dos Santos, de 39 anos, de "macaco". "Tu é um macaco também. Vai chamar a PM (Polícia Militar) agora!", grita a professora a um dos universitários.
Câmera de celular mostra momento em que professora xinga aluno de 'macaco' e faz gesto obsceno. (Foto: Reprodução / TV Liberal)Câmera de celular mostra momento em que professora xinga aluno de 'macaco' e faz gesto obsceno. (Foto: Reprodução / TV Liberal)
O caso foi levado até a Seccional de São Brás, onde a professora e o segurança prestaram depoimentos. De acordo com a Polícia Civil, um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) foi instaurado e os dois lados envolvidos serão ouvidos em juízo sobre o caso.
Quando o caso foi denunciado à polícia, os estudantes também avisaram o Conselho Estadual de igualdade Racional, que prometeu acompanhar a denúncia.
Na delegacia, a professora não quis falar com a imprensa, mas Claudinor Cardoso, advogado da docente, disse que o xingamento aconteceu em um momento de nervosismo e que as palavras de Daniela Cordovil não tinha nenhum teor racista, até porque a antropóloga estuda religiões africanas.
Rubens dos Santos, de 39 anos, é segurança contradado por uma empresa tercerizada que presta serviços à Uepa e trabalha há três anos no local.


Os fatores que geram a violência no Brasil, e em várias nações mundiais, são dos 
mais diversos modelos. Havendo situações onde a violência é uma marca que vem sangrando há gerações, como o  racismo o conflito de religiões, diferentes culturas. E há casos onde ela é gerada de forma pessoal, onde a própria pessoa constrói fatores que acabam resultando em situações violentas como o desrespeito, o uso de drogas, a ambição e até mesmo resultado da educação familiar. Circunstâncias refletem a conjuntura de uma nação, como quando há falta de empregos, fazendo assim uma busca desesperada por melhores condições de vida; a falta de investimentos do Estado; e o principal motivo para gerar violência que vem abalando a história da humanidade é a desigualdade na  sociedade.

A RELIGIÃO é motivo de conflitos no mundo inteiro, sendo que no Brasil este não é muito presente. Guerras seculares, e até milenares, vêm aniquilando seres humanos sem piedade, trazendo o nome de Deus como justificativo pra tal ato. Como ocorre no Iraque, onde Xiitas e Sunitas estão em guerra desde a morte de Maomé, por diferenças religiosas. 
- Agora eu pergunto como uma professora de Religiões  africanas pode ter uma atitude desta... no minimo eu acredito de devemos ter uma releitura quanto a avaliação rigorosa a figura de professores escolhidos pelas escolas e faculdades referente a lei 10639.


Casos de racismo

Igreja de Mississippi proíbe pastor de casar noivos negros. 
julho de 2012

Nos EUA, igreja batista recua e aceita casal de branca com negro.
dezembro de 2011


Negra casada com branco diz ser vítima de preconceito de negros.
setembro de 2011

Diretora de escola paulista diz à professora: ‘Entra aqui, macaca’.
julho de 2011

Time pede desculpas a Roberto Carlos e chama racista de ‘canalha’.
junho de 2011

OAB ajuiza ação contra estudante que ofendeu nordestinos no Twitter.
junho de 2011

Pastor diz que africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé.
março de 2011

Deputado Bolsonaro afirma que namoro com negra é 'promiscuidade'.
março de 2011

Torcedores escoceses atiraram no gramado bananas para Neymar.
março de 2011

Torcedor russo racista oferece uma banana a Roberto Carlos.
março de 2011

Supermercado revista menino porque de 'preto a gente desconfia'.
fevereiro de 2011

Daniel Alves: 'Me chamam de macaco, mas aprendi a conviver com isso'.
fevereiro de 2011

Chefe na Hochtief chama dois trabalhadores de 'negos malandros'.
janeiro de 2011

Pai acusa segurança do Extra de ter chamado seu filho de ‘negrinho sujo’.
janeiro de 2011

Juíza condena estudantes que bateram em auxiliar: 'Toma, negro!'
dezembro de 2010

Médica branca e dançarinas negras trocam acusações de racismo.
novembro de 2010

Médica indenizará funcionário que chamou de 'nêgo e morto de fome'. (com vídeo)
novembro de 2010

Síndico tentou impedir que 'negrinha' filha de empregada tivesse amigos.
outubro de 2010

Pastor negro chama atendente da TAM de 'neguinha folgada'.
agosto de 2010

Prefeito de Dourados diz estar fazendo 'serviço de gente branca'.
agosto de 2010

Tenista austríaco chama o brasileiro Júlio Silva de "macaco".
junho de 2010

Negros ainda aparecem na propaganda como estereótipos negativos.
maio de 2010

Vereador acusado de chamar PM de "macaco" é preso.
maio de 2010

Chamar alguém de "negro safado" não é racismo, diz delegada.
maio de 2010

Mulheres negras no Rio sofrem mais violência que as brancas.
maio de 2010

Homem é preso por chamar mulher de "negra safada".
abril de 2010

Jogador pede desculpas por chamar adversário de 'macaco'.
abril de 2010

Carrefour indeniza negro espancado por 'roubar' o próprio carro.
março de 2010

Mestiços também querem cotas nas universidades.
março de 2010

O cantor John Mayer afirma que seu pênis tem preconceito.
fevereiro de 2010

Foto mostra a besteira que é o pensamento racial.
dezembro de 2009

Três estudantes batem em um jardineiro: "Toma, negro!"
dezembro de 2009

Professora negra diz não gostar de brancos em bloco afro.
dezembro de 2009

Site polonês da Microsoft tira negro de anúncio promocional.
agosto de 2009

Pena de usuário racista do Orkut é prestar serviços a índios.
agosto de 2009

Negro apanha por suspeita de estar roubando o seu próprio carro.
agosto de 2009

MPF denuncia jovem da comunidade 'Mate um negro e ganhe um brinde'.
maio de 2009

Professor afirma em aula que soja é como negro, ‘difícil de matar’.
maio de 2009

Professora diz a funcionária: ‘Olha a tua cor, preta velha!’
fevereiro de 2009

Acusado de racismo é condenado a pagar R$ 20,7 mil a copeira.
janeiro de 2009

STJ absolve apresentador de TV de crime de racismo.
dezembro de 2008

Comissário chama sambista para briga: ‘Vem, macaco!’.
novembro de 2008

Acusada de ‘negra boa só pro Carnaval’ vai à Justiça e ganha.
novembro de 2008

Estudantes teriam sido chamados de macacos em Barueri.
maio de 2008

Professor universitário diz que o baiano é burro.
maio de 2008

Técnico afirma que não quer jogadores negros.
maio de 2008

Acusado de racismo é pai de filhos mulatos.
novembro de 2006

Especialistas dizem como recorrer à Justiça contra o racismo.

Campanhas de interesse público.

Um afro abraço..



  

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Movimento negro comemora em Setembro a "Legalização das Cotas nas universidades".





As cotas raciais são a reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para grupos específicos classificados por etnia, na maioria das vezes, negros e indígenas. Surgida nos Estados Unidos na década de 1960, as cotas raciais são consideradas, pelo conceito original, uma forma de ação afirmativa, algo para reverter o racismo histórico contra determinadas classes étnicas. Apesar de muitos considerarem as cotas como um sistema de inclusão social, existem controvérsias quanto às suas consequências e constitucionalidade em muitos países. A validade de tais reservas para estudantes negros no Brasil foi votada pelo Supremo Tribunal Federal em 2012. O STF decidiu por unanimidade que as cotas são constitucionais.

O conceito:
A superação das desigualdades socioeconômicas impõe-se como uma das metas de 

qualquersociedade que aspira a uma maior igualdade social. Em face aos problemas sociais,

 algumas alternativas são propostas para atenuação de desigualdades que mantém em

condições díspares cidadãos de estratos distintos. Uma das alternativas propostas é o 

sistema de cotas que visaria a acelerar um processo de inclusão social de grupos à margem 

da sociedade.
O conceito de cotização de vagas aplica-se , geralmente por tempo determinado. Estas

 populações podem ser grupos étnicos ou raciais, classes sociais, imigrantes, afro-

descendentes, deficientes físicos, mulheres, idosos, dentre outros.
A justificativa para o sistema de cotas é que certos grupos específicos, em razão de algum 

processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade para aproveitarem as oportunidades

que surgem no mercado de trabalho, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas

 interações com a sociedade.

Contra:
Uma das contradições relacionadas às cotas de cunho racial  frequentemente citadas diz

 respeito à institucionalização do racismo: para alguns críticos, a distinção de etnias por lei

acabaria por agravar oracismo já existente.
Algumas controvérsias específicas às cotas de cunho racial residem no fato de que seria

 difícil definir quem teria direito a tais políticas. Alguns defendem o critério de autodeclaração

, outros defendem a instauração de uma comissão de avaliadores que, baseados em critérios

objetivos e subjetivos, decidiriam quem teria direito às cotas. Esta questão não é ponto

pacífico, pois não há consenso sobre o tema. Em geral, as cotas raciais são voltadas para a

população autodeclarada negra - podendo abranger os pardos que se declarem negros. Um

caso ocorrido em 2007 na Universidade de Brasília, reacendeu a polêmica, pois dois gêmeos

univitelinos foram classificados como sendo de etnias diferentes.
Ações de inconstitucionalidade já foram propostas por alguns políticos e entidades da

 sociedade civil contra o sistema de cotas. Outros também se mobilizaram na defesa da

 reserva de vagas
Ocorre também que, ao analisar o sistema de cotas, sua 

aplicabilidade e seus possíveis bônus ou ônus, deve-se

perceber que qualquer ação afirmativa, que busca transpor as

desigualdades e a igualdade material (utopicamente), deve 

ser aplicada por um determinado tempo, ou seja, não é um

instituto que deva ser aplicado com um finalidade definitiva

afirmativas, como o sistema de cotas, devem possuir ações

 conjuntas, atacando o problema desde a sua raiz, pois

nenhum problema social foge da deficiência das estruturas de

base, como educação, distribuição de renda, falta de

 oportunidade, e outros.


A Constituição Brasileira de 1988 :

A lei constitucional estabeleceu a reservas de vagas para


 deficientes físicos, o qual passou a ser adotado em diversos concursos públicos, com a 

ressalva de que o emprego ou cargo não exija plena aptidão física. Isso marca o inicío da

reserva de vagas para grupos específicos no Brasil. Com o tempo, outros grupos sociais

passam a pleitear a cotização de vagas para "garantirem" uma participação mínima em

certos setores da sociedade como as universidades públicas.


Nas universidades, a adoção de reserva de vagas começa em 2000, com a aprovação da lei estadual 3.524/00, de 28 de dezembro de 2000. Esta lei garante a reserva de 50% das vagas, nas universidades estaduais do Rio de Janeiro, para estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino. Esta lei passou a ser aplicada no vestibular de 2004 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). A lei 3.708/01, de (9 de novembro, a confirmar) 2001, institui o sistema de cotas para estudantes denominados negros ou pardos, com percentual de 40% das vagas das universidades estaduais do Rio de Janeiro. Esta lei passa a ser aplicada no vestibular de 2002 da UERJ e da UENF. Outras universidades, tais como a Universidade de Brasília (UNB) e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) também aderem a tal sistema, tendo como critérios os indicadores sócio- econômicos, ou a cor ou raça do indivíduo.

Existe também uma lei federal, que é a Lei 10.558/2002, conhecida como "Lei de Cotas", que

"Cria o Programa Diversidade na Universidade, e dá outras providências".Além dessa lei, há

 também o Decreto 4.876/2003, que "Dispõe sobre a análise, seleção e aprovação dos

 Projetos Inovadores de Cursos, financiamento e transferência de recursos, e concessão de

bolsas de manutenção e de prêmios de que trata a Lei nº 10.558, de 13 de novembro de

2002, que instituiu o Programa Diversidade na Universidade".Esse decreto foi alterado pelo

 Decreto 5.193/2004, que "Dá nova redação aos arts. 3º, 4º, 5º, 8º e 9º do Decreto nº 4.876

 de 12 de novembro de 2003, que dispõe sobre a análise, seleção e aprovação dos Projetos

Inovadores de Cursos, financiamento e transferência de recursos, e concessão de bolsas de 

manutenção e de prêmios de que trata a Lei nº 10.558, de 13 de novembro de 2002, que 

instituiu o Programa Diversidade na Universidade".Vale destacar ainda o "Estatuto da 

Igualdade Racial", como é conhecida a Lei 12.288/2010.


A UNEGRO:
A União de Negros pela Igualdade (Unegro) acrescenta que as cotas raciais só se tornaram realidade por conta da unificação do movimento em torno de pautas importantes para a igualdade racial e combate à discriminação. 
"Temos um debate consensual e por conta disso conseguimos aprovar as cotas raciais em várias universidades. O DEM (Partido dos Democratas) entrou com essa ação mostrando mais uma vez ser um partido dos senhores de engenho", completou o presidente da Unegro.

Edson França se refere a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 186), de autoria do Democratas (DEM), contra a Universidade de Brasília (UnB), que reserva 20% das vagas do vestibular para estudantes negros e que foi julgada ontem e hoje. A instituição é pioneira nas cotas raciais. O argumento do partido, defendido principalmente pelo senador Demóstenes Torres, mergulhado em um escândalo de corrupção, era de que as cotas raciais ferem o princípio da igualdade.

O Supremo também julgou um Recurso Extraordinário (RE 597285) movido por um estudante gaúcho que foi eliminado do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele obteve notas superiores às dos cotistas e contestou sua eliminação, já que a UFRGS reserva 30% das vagas para quem estudou na rede pública – metade destinada aos candidatos que se declararem negros na inscrição.
O relator das duas ações, o ministro Ricardo Lewandowski, já havia proferido na quarta-feira (25) seu voto favorável à constitucionalidade das cotas raciais.

“Não basta não discriminar. É preciso viabilizar. A postura deve ser, acima de tudo, afirmativa. É necessária que esta seja a posição adotada pelos nossos legisladores. A neutralidade estatal mostrou-se, nesses anos, um grande fracasso”, justificou Lewandowski.

Nesta quinta, os ministros Luiz Fux, Rosa Maria Weber, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso e Gilmar Mendes acompanharam o voto de Lewandowski, formando a maioria. Eram necessários seis votos favoráveis. Até o fechamento da matéria, mais três ministros ainda faltavam dar seus votos para o encerramento da sessão.
Fux reforçou, em seu voto, que a raça pode e deve ser critério político de análise para ingresso na universidade, como acontece em outros países.

“A construção de uma sociedade justa e solidária impõe a toda coletividade a reparação de danos pretéritos perpetrados por nossos antepassados”, ponderou Fux.

Por dar mais oportunidades de acesso à universidade e equilibrar as oportunidades sociais, a ministra Rosa Weber engrossou a votação do "sim" às cotas: “Se os negros não chegam à universidade, não compartilham a igualdade de condições com os brancos”. Para ela, quando o negro se tornar visível na sociedade, “política compensatória alguma será necessária”.

Já a ministra Cármen Lúcia lembrou que essa não é a melhor opção, mas que políticas compensatórias contribuem na busca pela igualdade.

“As ações afirmativas não são as melhores opções. A melhor opção é ter uma sociedade na qual todo mundo seja livre para ser o que quiser. Isso é uma etapa, um processo, uma necessidade em uma sociedade onde isso não aconteceu naturalmente.”


O Tempo

"As coisas mudam no devagar depressa dos tempos" (Guimarães Rosa)

Um afro abraço.
Fonte: www.vermelho.org.br/ Wikipédia, a enciclopédia livre

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Crianças Negras e a arma contra o preconceito...



No Brasil temos as leis anti-racismo e de preservação da cultura negra, mas encontrar materiais que divulguem a beleza do afrodescendente ainda pode ser difícil. É de conhecimento público que os cabelos crespos, a pele escura e o nariz achatado não são tão bem vistos quanto a pele clara, o rosto fino e os fios lisos. Mas isso pode ser um problema. 

Principalmente para as crianças, que precisam de uma referência para servir de exemplo a ser seguido, e assim moldar os próprios caráteres. Como as crianças negras pouco se vêem em papéis de alto status na mídia, essa tarefa de ver a conquista representada em pessoas com os seus fenotípicos se torna mais complicada. 
O racismo coloca uma enorme parcela da população à margem das políticas públicas e da distribuição de renda. Acaba com a história e a identidade de um grupo étnico e, consequentemente, com sua autoestima. Acredito que o racismo é um fator a ser analisado, por exemplo, quando se pensa nos níveis de evasão escolar e violência da cidade. 

Esse modelo com base na democracia racial é o motivo das pessoas acreditarem que não há racismo. Há racismo sim, só que ele é tão complexo e as pessoas têm tanta vergonha de assumir, que a sociedade prefere acreditar no mito e fingir que não tem. 

Depoimento: “Mãe denuncia racismo contra filha de 4 anos; aluna é xingada de "preta horrorosa"De acordo com ela, menina foi ofendida por avó de garoto que se revoltou com o fato de o neto ter dançado quadrilha com uma criança negra. Polícia vai investigar o caso”

“Quero saber por que deixaram uma negra e preta horrorosa e feia dançar quadrilha com meu neto.” Foi assim, segundo o que já foi apurado pela polícia, que a avó de um aluno de uma escola infantil particular em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, se referiu a uma menina de 4 anos, em um caso de crime de racismo que revoltou funcionários do Centro de Educação Infantil Emília e levou a mãe da criança a denunciar a mulher à polícia. A diretora da escola foi acusada de não ter feito nada para impedir as ofensas racistas e ainda ter tentado abafar o caso.

O episódio ocorreu dia 10, mas somente ontem, apoiada pela organização não governamental SOS Racismo, a mãe da menina, a atendente de marketing Fátima Viana Souza, revelou detalhes do caso. Ela só ficou sabendo das agressões à filha porque a professora Cristina Pereira Aragão, de 34 anos, que testemunhou tudo, inconformada com a situação e com a falta de ação da diretora da escola, pediu demissão e procurou a família da menina para denunciar o que ocorreu. Outra professora confirmou aos pais da criança a denúncia feita por Cristina. 

Fátima lembrou que a festa junina foi no sábado, dia 7, e que toda a sua família foi para prestigiar a menina. Na terça-feira, dia 10, a avó do garoto, de acordo com o que consta no boletim de ocorrência policial ao qual o Estado de Minas teve acesso, invadiu a escola aos gritos querendo saber por que deixaram uma “negra horrorosa” dançar com o neto dela. “Minha filha presenciou tudo e foi chamada de preta feia. Os coleguinhas da sala ao lado escutaram e foram ver o que estava acontecendo”, disse a mãe, chorando. “Minha filha ficou quieta num canto da sala e a professora a defendeu dizendo que a atitude daquela mulher era crime. Mesmo assim, minha filha continuou sendo insultada”, disse Fátima. 

A mãe disse ainda que não foi informada do ocorrido. No dia, seu marido buscou a filha na escola e tudo parecia normal. Ela lembrou que naquela terça-feira a menina chegou perturbada da escola, não jantou e não conseguiu dormir. “Achei que ela tivesse brincado demais e estava cansada”, disse Fátima. No dia seguinte, a menina vomitou na sala de aula e a diretora alegou para os pais que ela havia comido muitos salgados num piquenique da escola. A professora, que já havia pedido demissão, procurou os pais e contou o que havia acontecido. (10/07/2012)
Agravantes 

O advogado do SOS Racismo e professor de direito da PUC Minas, José Antônio Carlos Pimenta, esclarece que a pena para o crime de racismo pode chegar a nove anos de prisão. Mas, no caso da menina ofendida em Contagem, a Justiça pode considerar injúria racial, que tem pena de no máximo três anos. “Mas há dois agravantes nesse caso e a pena pode aumentar. O crime foi cometido dentro de uma escola e a vítima é menor de 18 anos”, disse o advogado. A responsável pela  escola também pode responder civilmente, pois ela tinha o dever legal de proteger a menina, analisou o advogado. A diretora, do Centro de Educação Infantil Emília, Joana Reis Belvino, foi procurada pelo EM, mas se recusou a comentar o caso.

Especializada em igualdade racial, a professora doutora Maria Aparecida Silva Bento, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), identifica na escola uma das causas primeiras da baixa auto-estima do negro brasileiro - ao lado, por exemplo, da mídia. Diante disso, parte de seu trabalho no Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) visa promover a igualdade racial no ambiente escolar. Desde o ano passado, a ONG promove um prêmio para destacar experiências de professores em todo o país. "Eles são heróis anônimos", define Cida Bento. Nem tudo é otimismo, porém. A pesquisadora não titubeia em definir a lei n o 10.639 - que prevê o estudo de temas africanos e afro-brasileiros nas escolas - como algo "para inglês ver", por conta da falta de recursos e de iniciativas do governo federal. Para ela, cabe aos negros pressionar o poder público para que as Diretrizes Nacionais de Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana sejam colocadas em prática, nas prefeituras e nos estados. Esperar que os brancos tomem a iniciativa, entre eles aqueles que estão no MEC, ela não acredita. "Muitas pessoas que tiveram discurso contra a violação de direitos no que diz respeito à questão racial permanecem omissas." Antes que alguém defina a professora como segregacionista, ela avisa: metade dos professores premiados pelo Ceert, em 2004, é branca. Confira na íntegra a entrevista.


 O Brasil precisa fortalecer muito a auto-estima da criança negra. E isso tem a ver com contar história, fazer com que ela se orgulhe dos seus antepassados, ajudá-la a se ver como uma figura bonita, importante. Só que quando ela sai de casa não é isso que ela encontra. Quando ela vê um outdoor , só tem criança branca. Quando liga a televisão, quando abre um livro didático - é um embate permanente, e o pai tem de saber disso. Tem de ter sempre um acolhimento. quando a criança começa a verbalizar que está sacando isso, tem de conversar abertamente com ela. Porque ela sempre vai sofrer pressões diferenciadas. O pai dizendo "olha, você é negro, olha como seus antepassados são importantes", e de outro lado todo o ambiente que ele valoriza, os amiguinhos, as revistas, os shows musicais, é a figura do branco positivada. Vai ser sempre difícil para a criança se identificar como negro, tenderá a se identificar com o que é considerado bonito. 
A nossa sociedade lida com essas questões como se fossem menores. A diversidade de competências e habilidades cognitivas, emocionais e afetivas que você tem de ter para jogar bola é muito mais ampla do que a necessária para ser analista de sistemas, desenvolver um programa, em que só se trabalha com as dimensões intelectivas. Muitas dessas atividades, e o futebol toca especificamente nisso, necessitam de um apuro de competências humanas, uma diversidade. Ele não é inferior. E não é só para mim. Estudos que diferenciam esportes mostram que ele está entre os que mais exigem do ser humano. Mas é desvalorizado. 
Racismo continua barrando criança negra na adoção

Forma de racismo

Segundo a juíza “criança é criança, não tem cor” e o discurso de que a criança não pode se sentir diferente, não deixa de ser uma forma de racismo”. “Isso era pior antes. Hoje é mais fácil por uma criança de outra raça em uma família substituta. Temos encontrados casais que queriam uma menina loira de olhos azuis e, depois de visitar um abrigo, mudam de ideia. Esse perfil de menina loira de olhos azuis não é o que temos nos abrigos”, acrescenta.

Há uma outra exigência que acaba contribuindo para inviabilizar a adoção de crianças negras: os candidatos a adoção preferem crianças mais novas. Apenas 6,78%, ou 2.058, aceitam crianças com idade entre 6 e 10 anos. Outros 228 (0,76%) aceitam adotar um menor de 11 a 17 anos. No cadastro, há 2.006 crianças, ou 25,2% do total, com idade de 6 a 10 anos. Há também outras 3.855 crianças e adolescentes, ou 48,5%, com idade entre 11 e 17 anos.

Como a criança negra tem poucas chances de ser adotada, quanto mais velha vai ficando, menos chances tem de ganhar um novo lar.
Brasília - Quase metade das pessoas que estão na fila da adoção – 37,5% – só aceita a adotar se a criança for branca, é o que revela o Cadastro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

Segundo a juíza Andréa Pachá, titular da 1ª Vara de Família de Petrópolis (RJ), trata-se de uma forma camuflada de racismo. “É um dado estarrecedor. Ainda é forte a fantasia de que a adoção deve obedecer aos critérios da família biológica. Família é muito mais um núcleo de afeto do que herança biológica. Criança é criança, não tem cor. O discurso que se tem é o de que a criança não pode se sentir diferente. Mas isso é uma forma de racismo”, afirmou.

Segundo os números divulgados nesta segunda-feira (24/01), a cor da pele ainda é fator decisivo: dos 30.378 inscritos, 11. 316 só aceita se a criança for branca. Dos adultos inscritos, 14.259 – ou seja 46,94% - faz questão de escolher a criança pela cor da pele. 

Além da exigência majoritária de que a criança deve ser branca, há ainda 5,81% (1.764) dos potenciais pais adotivos que só aceitam uma criança de pele parda; 1,91% (579) só aceitam uma criança negra; 1% (304) só aceita uma criança amarela; e 0,97% (296), uma criança indígena.

Com essas exigências as crianças negras continuam sendo esquecidas nos abrigos e orfanatos, sem chance de ganhar um lar adotivo, porque não atendem as exigências dos candidatos a adoção.

No cadastro, a maioria das crianças e adolescentes é parda — 50,57%, ou 4.020 de um total de 7.949. Estão disponíveis 2.411 crianças brancas, ou 30,33% do total. Também aguardam uma família 1.441 (18,13%) crianças negras, 41 (0,52%) amarelas e 36 (0,45%) indígenas. 

Para refletir:
Ninguém questiona o que os indigenas sentiram ao serem escravizados, ao serem mortos ao verem suas mulheres serem estrupadas. Da mesma forma só se fala de negro escravo  Ninguém fala da África antes de 1500, de como os negros viviam livres em terras de África. Eram várias nações com culturas diversas, havia reis, rainhas cada povo com modo de viver . Com a expansão marítima os europeus escolheram a África para sequestro de pessoas para trazer para um país desconhecido para serem escravisadas.

Car@s amig@s:
O negro nasceu livre e não para ser escravo. Muitos negros se destacaram na história do Brasil e a escola não conta. Ganga zumba, Zumbi(que nunca foi escravo), nasceu livre em Palmares, foi capturado e criado por um padre, que o educou, transformando-o num negro culto falando latim e outros idiomas. Quando cresceu figiu para Palmares para libertar seu povo. Chico rei com seu trabalho nas minas de ouro de vila Rica, atual Ouro Preto comprou sua alforria a de sua familia, e de toda sua tribo, criou a Igreja de Nossa senhora do Rosário dos pretos e a irmandade de Santa Efigênia. Chica da Silva , companheira de João fernandes(contratador de diamantes), conviveu com ele todo o período em que ele esteve no Brasil. Desse relacionamento lhe nasceu 12 filhos, 9 meninas e 3 meninos. De seus filhos um foi padre, uma freira um foi naturalista e outro comendador. E muitos outros negros fizeram historia no Brasil, como a escola não conta nossa história a criança negra não constrói sua identidade racial e cultural. Sente-se desprezada, discriminada, humilhada, pelos colegas e professores. Suas difrenças, corpo, cabelo, não são respeitadas. Sua cultura, sua religião são associadas a coisa do demônio. Que nós educadores possamos ter um olhar negro para a educação.
Lei 10639: Os estudos têm mostrado que a implementação desta  política depende de você ter em lugares de poder pessoas que são diretamente voltadas a isso. Porque é uma resistência muito grande. Uma luta pela manutenção do privilégio, por lugares de poder, por lugares que têm sido destacados aos brancos. Brancos em lugares de poder dentro do aparelho do Estado, mesmo sendo progressistas, de esquerda, nem sempre têm esse interesse em agilizar isso. Você vê que muitos deles, aquelas pessoas que tiveram discurso ao longo da vida contra a violação de direitos, no que diz respeito à questão racial, eles permanecem omissos. Se vFonteocê não tem negros em lugares de poder para desencadear os processos, isso não acontece.
Um afro abraço.

: Afropress/ Portal EcoD/ www.em.com.br/.../ Da Agência Repórter Social / pt.scribd.com/ Cristina Lúcia silva dos Santos Moraes

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

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