UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A questão da miscigenação racial no Brasil - Mariene De Castro - Canto Das Três Raças



A questão da miscigenação racial no Brasil costuma ser muito simplificada e romantizada. Não é raro ouvirmos que o Brasil é um país mestiço e plural e que, consequentemente, todos os seus habitantes tiveram sua etnia inevitavelmente misturada em algum ponto de sua ancestralidade. Mas sob o axioma de um país miscigenado se esconde uma realidade violenta e racista: a generalização da branquitude em um país predominantemente negro.

-Desde o início da colonização do Brasil a miscigenação foi intensa. A maioria dos "colonizadores" portugueses que vieram ao Brasil eram homens, que mantinham relações com índias ou escravas negras. As mulheres brancas só vieram mais tarde, principalmente a partir da segunda metade do século 19, com a imigração européia e japonesa.

Os negros foram trazidos da África a partir de 1538, para trabalhar como escravos inicialmente na cultura da cana-de-açúcar e, mais tarde, nas minas e nos cafezais. Não existem dados oficiais do número de escravos entrados no Brasil, mas as estimativas apontam para mais de 4 milhões de indivíduos.

A miscigenação deu origem a outros numerosos grupos, como:
mulato (branco com negra, ou vice-versa);
caboclo ou mameluco (branco com índia, ou vice-versa);
o cafuzo (negro com índia, ou vice-versa).

Se liga: O fato de a base da população brasileira ter sido formada com a intensa miscigenação do branco português com mulheres negras e indígenas ajudou a construir a idéia de ausência de racismo no Brasil, de harmonia entre as diversas etnias ("raças") e de ausência de conflitos.
Se todos os brasileiros são miscigenados e possuem sangue negro e indígena em suas veias, por que tantas pessoas resistem em reconhecer a própria ascendência? Acontece que a identificação social da pessoa negra no Brasil acontece diretamente devido ao tom da pele. O entendimento das pessoas a respeito da negritude é muitas vezes distorcido: mesmo que a família direta ou os pais de um indivíduo sejam negros, o que pesa para que essa pessoa seja reconhecida como negra é a cor da sua pele. Mesmo o tom escuro não é garantia de que alguém será visto como negro; basta lembrar de quantas vezes são adotados eufemismos como “moreno” para se referir a pessoas com a cor da pele escura, como se a palavra pudesse de algum modo reduzir a carga negativa que o termo “negro” parece ter.

Embora a sociedade nem sempre valide a negritude alheia, as pessoas costumam reconhecer essa mesma negritude em traços e características físicas, que são constantemente transformados em justificativas para o racismo e a violência. O nariz largo, os lábios grossos ou o cabelo crespo, popularmente conhecido como “cabelo ruim”, são alvos de degradação e repúdio. É interessante lembrar que a África é um vasto continente com uma grande variedade de etnias, das quais não são todas que se encaixam no molde conhecido de “traços negros”. Ainda assim, são essas as características interpretadas como negras e que acabam por fermentar o racismo em suas mais diversas formas.

Mesmo com tantas histórias de violência racista, muitas pessoas ainda se sentem inseguras quando questionadas sobre sua negritude. Na última semana, foi aberto um formulário de pesquisa voltado para pessoas miscigenadas e as respostas obtidas foram bastante similares entre si. Algumas pessoas dizem que não se sentem no direito de se afirmar como negras devido ao tom não tão escuro da sua pele. Muitas delas são descendentes diretas de negros, ou contam com parentes próximos negros, mas a afirmação racial simplesmente não acontece. Por um lado, essa é uma demonstração de respeito às pessoas negras de pele inquestionavelmente escura, que sofrem o racismo diário impassível de debates ou especulações – o racismo contra a pele escura e contra a aparência. Por outro lado, uma discussão séria e sensível se faz necessária: por que tanta gente afrodescendente não reconhece a própria negritude e não consegue afirmá-la de forma política e subjetiva?

Para os brasileiros, é melhor ser branco sempre que for possível.
Se a pele não é escura o suficiente, ou se um dos pais é loiro de olhos azuis, então a pessoa é considerada branca, em uma tentativa incansável de clarear os descendentes, a família e a nação. Da mistura de raças, nasce o branco por consideração e, com isso, morrem a cultura, a religião e a identidade afrodescendente. A negritude e a cultura africana, com seus símbolos e tradições, se tornam cada vez mais algo do passado, de uma ancestralidade que é, na maioria esmagadora das vezes, totalmente desconhecida.

Mas os tópicos para debate não param por aí, pois não é o reconhecimento da identidade negra que fará uma pessoa ser negra. Mesmo que os seus pais ou os seus avós sejam negros, uma pessoa de pele branca e cabelo claro dificilmente sofre o racismo destinado às

pessoas negras. É uma questão de bom senso: não há empatia em tomar uma afirmação política contra uma discriminação da qual você não é vítima. Resgatar suas raízes familiares, conhecê-las, celebrá-las e promovê-las é algo desejável e inspirador, mas é importante tomar cuidado para não banalizar a afirmação política negra e a sua luta. Há pessoas brancas, essas sem nenhum vínculo familiar negro, que são repletas de má fé e dizem que também são negras por causa da miscigenação brasileira. Mas esse argumento é uma farsa: em nosso país, negro é quem é reconhecido pelos outros como negro e, consequentemente, sofre racismo e discriminação social.

O racismo é um problema enraizado desde a formação do Brasil. Há séculos nosso país vem lutando para destruir as heranças culturais africanas e impedir a afirmação política negra de autorreconhecimento racial. Fazemos parte de um país que não tanto tempo atrás tinha abertamente uma política de branqueamento racial, incentivando a entrada de imigrantes brancos para clarear a cor do Brasil. A cultura brasileira deseja apagar o negro da sua história, sob a máscara pretensiosa da miscigenação. Mas a miscigenação também pode ser uma arma de luta e empoderamento: basta nos compreendermos como afrodescendentes, sem perdermos de vista o racismo que sofremos. Quando a face racista da sociedade se revela, não há quase-brancos, quase-negros ou morenos, mas sim pessoas nas quais a negritude foi reconhecida.


REBELE-SE CONTRA O RACISMO!


Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:www.coladaweb.com/

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Jorge Aragão - Identidade. CEDINE 15 ANOS





Sobre Racismo e Igualdade Racial

-O contexto de surgimento do órgão é o do crescimento da pauta étnico-racial no Brasil e no mundo, paralelamente à diminuição da crença na economia e luta de classes como fator explicativo determinante das relações sociais ...

De negras e negros ainda não é ninguém...Apesar de nós negras e negros, estarmos em todas as frentes de luta contra os males causados por más políticas, que levaram o estado â falência econômica, moral e ética, as negras e os negros que lá estão no meio do burburinho, não tem onde assinar o “ponto negro” de presença. Estamos invisíveis e guetizados de representatividade até nos movimentos sociais. a sociedade brasileira e mundo se chocaram e se indignaram com estas mortes, que representam apenas a ponta do iceberg de um genocídio da população negra e principalmente de jovens, que terá repercussão nos futuro dos índices demográficos da população negra brasileira, pois quem cuidará nas velhice das mães e pais que ficaram órfãos de seus filhos?

LEI Nº 3730, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2001.
FICA O PODER EXECUTIVO AUTORIZADO A INSTITUIR O CONSELHO ESTADUAL DOS DIREITOS DO NEGRO - CEDINE/RJ, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.


O Governador do Estado do Rio de Janeiro,

Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a instituir o Conselho Estadual dos Direitos do Negro – CEDINE/RJ, vinculado à Secretaria de Estado do Gabinete Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de elaborar e implementar, em todas as esferas da administração do Estado do Rio de Janeiro, políticas públicas sob a ótica das populações negras, destinadas a garantir a igualdade de oportunidade e de direitos entre todos de forma a assegurar à população negra o pleno exercício de sua cidadania.

Atribuições:

Formular diretrizes, propor medidas e emitir pareceres que visem assegurar e ampliar os direitos da comunidade negra, promovendo o seu desenvolvimento social, cultural, político e econômico;

Assessorar o Poder Executivo na elaboração e execução de políticas públicas concernentes aos direitos e interesses da comunidade negra;

Acompanhar a elaboração e execução dos programas que repercutam sobre os direitos e interesses da comunidade negra;

Adotar providências e fiscalizar o efetivo cumprimento da legislação relativa aos interesses da comunidade negra;

Apoiar atividades da comunidade negra ou de interesse e importância para o seu desenvolvimento, bem como promover intercâmbio com organizações afins, nacionais e internacionais;

Desenvolver projetos que promovam a participação da comunidade negra em todos os níveis de atividades;

Defender e apoiar políticas educacionais e de capacitação do negro como cidadão;

Sugerir alterações em seu Regimento;

Exercer outras atividades correlatas.


Se liga negrada: O Estatuto, que entrou em vigor em 2010, é um conjunto de regras e princípios jurídicos que visam coibir a discriminação racial e estabelecer políticas para diminuir a desigualdade social existente entre os diferentes grupos raciais. De acordo com Neto, ainda há muito a avançar, mas ele celebra o fato de haver cada vez mais a agregação entre os grupos. “Nós, dos movimentos afro, temos organizado cada vez mais eventos, reuniões e marchas para reforçar, discutir e organizar projetos e tarefas que são

essenciais nesse caminho pela igualdade”.

Sim temos avanços, mas ainda passamos por conseqüências de uma sociedade preconceituosa e racista é natural, por se tratar de uma sociedade antes escravista, mas que pode mudar por ter, hoje o mês consciência. Nós já temos alguns caminhos para essa mudança e podemos fazer uma nova caminhada depende de nossa luta e vontade
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.sedhast.ms.gov.br/...conselhos/cedine-conselho-estadual-dos-direitos-do-negro/UNEGRO

domingo, 13 de novembro de 2016

Morena de Angola Clara...- Heroínas de Angola



Conhecidas como guerrilheiras, estas destemidas senhoras  orgulho e fonte de inspiração para muitas angolanas..

História-
A OMA é a maior Organização Politica do MPLA que trabalha na mobilização, sensibilização e educação das mulheres desde os primórdios da luta de libertação nacional. Foi fundada em 1962 na Republica Democrática do Congo por um grupo de mulheres angolanas que se encontravam neste país onde o MPLA, na altura movimento que lutava pela Independência de Angola tinha a sua Direcção. Durante este tempo a OMA mobilizou as mulheres para a participação em todas as tarefas da revolução desde a alfabetização a prestação de apoio social aos guerrilheiros e participando também nos combates.

As cinco heroínas angolanas, Deolinda Rodrigues, Lucrécia Paim, Engrácia dos Santos, Irene Cohen, Teresa Afonso e outras anônimas personificam a luta das mulheres angolanas.

Os grandes projetos levados a cabo pela OMA no domínio político, econômico, social e cultural circunscrevem-se em acções como educação para a cidadania, educação para a saúde, combate a pobreza, analfabetismo, violência, solidariedade, apoio social e jurídico prestado às famílias vítimas de violência.
A sua maturidade e o prestígio alcançado durante estes anos fez com que ela assumisse vários cargos em organizações internacionais.

CRESCIMENTO DA ORGANIZAÇÃO

Sendo actualmente a maior Organização social do país, com mais de dois milhões e quinhentos mil membros enquadrados em mais de 49 mil secções no interior e exterior do país, a OMA cresceu desde o último congresso realizado em 2005 em que se reflecte na adesão de mulheres provenientes de todas as classe sociais, idades, profissões e religiões, que se evidenciaram em verdadeiras mobilizadoras nas eleições legislativas de 2008, em que o nosso partido saiu amplamente vitorioso.
Hoje os membros da OMA representam 51% do total de militantes do MPLA.

Dirigentes da Organização


Mariana Anapaz “ Manana”
Presidente da OMA,1962-1964

Catarina Garcia Bernardes de Jesus “ Zinha de Jesus”
Presidente da OMA, 1964-1965

Lucília Evelize do Sacramento Neto “Zizi”


Presidente da OMA 1965-1966

Luísa Mateus Pereira Ingês
Coordenadora Nacional 1974-1977

Maria Martins Carlos
Coordenadora Nacional da OMA1969-1972 e 1977-1978

Maria Ruth Neto
Coordenadora Nacional e Secretária Geral da
OMA,1972-1974 e 1976-1999

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.voaportugues.com/

sábado, 12 de novembro de 2016

Livros animados, a cor da cultura - Educação Contos Africanos




Lenda africana - A HISTORIA DO FURAÇÃO
"O FILHO DO VENTO reconta uma lenda dos bosquímanos, povo nômade que habita o deserto do Kalahari. Enquanto o vento “zune lá fora”, a mãe narra aos seus dois filhos, Dabé e Kauru, a lenda de seu povo sobre o filho do vento: um solitário menino, o filho do vento, encontra Nakati, menino de sua idade, e com ele joga bola, sem, no entanto, revelar a sua identidade".

Você sabe como se forma um furacão? Uma lenda africana dos dos bosquímanos (povo nômade que habita o deserto do Kalahari) explica o fenômeno de um jeito bem interessante:

O nome do filho do vento é um segredo que deve ser guardado e respeitado. Mas Nakati resolve desafiá-lo e enfrenta um enorme vendaval…

Na história, um menino de nome Nakati subiu a montanha atrás de ovos de avestruz e foi surpreendido por um menino com cabelos eriçados que o convidou para girar a bola. Era o filho do vento; ele estava contente por ter, finalmente, encontrado um menino de sua idade para brincar.

Os meninos se deram muito bem e já não queriam se separar, mas, antes de chegar o final da tarde, a mãe do filho do vento o chamou para dentro de casa, uma cabana isolada no alto da montanha.

O filho do vento sabia o nome de Nakati, mas Nakati não sabia o nome do amigo. Quando a mãe do menino o chamou Nakati se esforçou para ouvir e aprender, mas só conseguiu perceber o vento soprando e assoviando.

Naquela noite, Nakati perguntou para sua mãe qual era o nome do menino que vivia no alto da montanha, naquela cabana isolada de tudo e de todos. A mãe de Nakati ficou assustada e não revelou o nome do amigo do filho. Ela explicou que tal segredo não devia ser revelado sob pena varrerem fortes ventanias…
A partir daquele dia, os dois meninos se tornaram grandes amigos. Nakati sempre atento a aprender o nome do filho do vento.


Foi depois de um dia de muita brincadeira que Nakati, já tendo aprendido o nome do amigo, resolveu desafiar as forças da natureza. Turbilhões, tornados, redemoinhos e furacões se formaram ao redor do menino. Nakati tinha de correr mais rápido que o vento para se refugiar dentro de casa.

Se liga: Esta lenda serviu como inspiração para muitas histórias, tendo se transformado em livro pelas mãos de pelo menos dois grandes nomes da literatura lusófona: o angolano José Eduardo Agualusa e o brasileiro Rogério Andrade Barbosa. 

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Fonte: Youtube/www.conexaolusofona.org/UNEGROFORMAÇÃO

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Classe média alta e negros também apoiaram Trump

"A visão tradicional das recentes eleições americanas deu ainda mais razão para pensar
que Clinton estava segura. Pesquisas sugeriram que o presidente Obama venceu a eleição presidencial de 2012 apesar de ter pouco apoio entre eleitores brancos (...). Essas pesquisas mostraram que os eleitores brancos sem diploma eram apenas um terço do eleitorado. Isso foi interpretado como que não havia muito espaço para perdas adicionais, especialmente uma vez que um democrata branco substituiu o senhor Obama na cédula [de votação]", afirmou o Upshot. "A verdade é que os democratas eram muito mais dependentes dos eleitores brancos da classe trabalhadora do que muitos acreditavam."
Diversidade...


Hispânicos superam população negra nos Estados Unidos
A comunidade hispânica nos Estados Unidos superou em tamanho a população negra no país, de acordo com números divulgados na terça-feira pelo Census Bureau, o departamento americano responsável pelo censo.

Esta é a primeira vez que o número de hispânicos e americanos descendentes de hispânicos é maior do que a população de afro-americanos.

De acordo com o censo, 37 milhões de hispânicos e 36 milhões de negros vivem atualmente nos Estados Unidos.

Isso significa que os hispânicos representam agora quase 13% da população americana.

Natalidade e migração

Observadores afirmam que a tendência deve ser mantida nos próximos anos por causa do alto índice de natalidade na comunidade hispânica e da crescente migração de latino-americanos.

O censo revelou ainda que 284,4 milhões de pessoas vivem atualmente nos Estados Unidos.

Os números indicam que a população americana cresceu 3,4% de abril de 2000 até 2002.

No mesmo período, a comunidade hispânica aumentou 4,7%, e a população negra cresceu apenas 2%.

7 motivos de Donald Trump

1.Trump, que prometeu expulsar os imigrantes e erguer um muro para separar o México dos Estados Unidos, teve seu menor índice de popularidade entre os eleitores “não brancos” (negros, hispânicos e asiáticos). Novamente, a região sul foi a mais azul do mapa.

No entanto, Trump obteve a imensa maioria dos votos entre os eleitores brancos.
2. A matemática do Meio-Oeste, ou bem-vindo ao Brexit do Cinturão Industrial.
3. O último bastião do homem branco e nervoso.
4. O problema Hillary.
5. O eleitor deprimido de Sanders.
6. O efeito Jesse Ventura.
7. O mundo esta encaretando...
Os eleitores de Trump:


42% mulheres e 58% homens

87% brancos

5% latinos

1% negros

14% pobres

Os eleitores de Hillary:

61% mulheres e 39% homens

58% brancos

9% latinos

24% negros

28% pobres


'Nossa nação está mais dividida do que pensávamos'.
“Eu sei o quão desapontados vocês se sentem. É doloroso e vai ser por muito tempo. Nós vimos que a nossa nação está mais dividida do que pensávamos”, afirmou em um hotel de Nova York. A democrata estava nitidamente emocionada.(Hillary)

Logo após a fala da colega de partido, Obama fez um pronunciamento sobre as eleições e
disse que "não poderia estar mais orgulhoso dela". Disse ainda que sua candidatura foi "histórica" e "deixa uma mensagem às nossas filhas".

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:https://pt.wikipedia.org/www.bbc.com/portuguese/UNEGRO INTERNACIONAL

Consciência Negra: um longo caminho para a liberdade



O caminho para a liberdade ainda e longo
O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão. Entenda como foi a luta pela emancipação dos negros cativos no país
A luta pela abolição do trabalho escravo é antiga no Brasil. Os primeiros questionamentos a esse regime de trabalho começaram a ser formulados ainda no período colonial. Foi também no tempo da colônia que os primeiros focos de resistência negra ganharam força, como a célebre comunidade de Palmares: as primeiras referências à formação de um quilombo na região que viria a abrigar o grupo liderado por Zumbi datam de 1580.

No entanto, essa questão só ganhou fôlego e projeção política maiores no período imperial, no século XIX. Com as profundas alterações estruturais geradas pela independência do país, o uso da mão-de-obra escrava tornou-se cada vez mais questionável, e sua gradual substituição por um novo modelo de trabalho – criado e aplicado pelas elites nacionais – tornou-se inevitável.

O sistema escravista começou a sofrer duros golpes com as restrições impostas ao tráfico negreiro pelos ingleses ao longo da primeira metade do século XIX. A partir da proibição definitiva do tráfico, em 1850, a escravidão passou a ser cada vez mais questionada no país, até ser definitivamente abolida em 13 de maio de 1888. Veja abaixo uma cronologia dos principais marcos desse processo:

1822 - É proclamada a independência do Brasil. A alteração do regime político nacional impulsiona o debate sobre o regime econômico.

1823 - José Bonifácio, o “patriarca da independência”, faz severas críticas ao modelo escravista na Assembléia Constituinte de 1823. O ato contribuiu para impulsionar a luta contra o trabalho escravo.

1831 - No dia 07 de novembro, é promulgada uma primeira lei de proibição do tráfico negreiro. No entanto, essa determinação judicial não chegou a ser de fato aplicada.

1845 - Em 08 de agosto, a Inglaterra promulga o Slave Trade Suppression Act, ou “Ato de supressão do tráfico negreiro”, conhecida no Brasil como Bill Aberdeen. Com esse decreto, o país europeu proibiu a comercialização de escravos entre a África e a América. O tráfico continuou a ser praticado clandestinamente, o que encareceu o preço da mão-de-obra escrava e levou a um forte declínio do modelo de trabalho forçado.

1850 - Aprovação da Lei Eusébio de Queirós, que previa a punição de traficantes de escravos. Fim da entrada de cativos no Brasil

1871 - É aprovada, no dia 28 de setembro, a Lei do Ventre Livre, que proibia a escravização dos negros nascidos em solo nacional. Esse foi o principal golpe sofrido pelo regime escravista até a Lei Áurea, pois, com a proibição do tráfico negreiro, seria natural que a população escrava do país desaparecesse após algumas décadas.

1880 - É fundada, em 07 de setembro, a “Sociedade Brasileira Contra a Escravidão”, instituição criada pelo político e diplomata Joaquim Nabuco que lutou contra o regime. Nessa época, periódicos como O Abolicionista, do próprio Nabuco, e Revista Ilustrada já circulavam, dando mostras da força das críticas ao modelo escravista.

1883 - Joaquim Nabuco publica O Abolicionismo, uma das mais importantes obras a favor do fim do regime escravista.

1887 - A Lei Saraiva-Cotegipe, mais conhecida como Lei dos Sexagenários, passou a determinar a libertação dos escravos com mais de 65 anos.

1888 - No dia 13 de maio, a princesa Isabel assina a Lei Áurea. O ato põe fim a um processo político há muito em curso e, sob vários aspectos, já inevitável.

Se liga:Quando mais de cinco milhões de escravos desembarcaram nos portos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, sem contar os muitos milhares que morreram na travessia do Atlântico. Só no século XIX a mentalidade dos homens começou a mudar. Com o movimento abolicionista, leis foram criadas, pouco a pouco, para acabar com esse sistema.
Ainda falta um longo caminho a se traça ainda longo e difícil do cativeiro à verdadeira abolição, e a luta pela liberdade, as formas de alforria, os princípios abolicionistas ainda vive ate chegarmos a inclusão de nossa gente na sociedade brasileira.


Um afro abraço.

Clauda Vitalino.

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:UNEGRO FORMAÇÃO/

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Homens negros são mais suscetíveis ao câncer de próstata...

Um fator de risco é algo que afeta sua chance de adquirir uma doença como o câncer. Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco. Alguns como fumar, por
exemplo, podem ser controlados; no entanto outros não, por exemplo, idade e histórico familiar. Embora os fatores de risco possam influenciar o desenvolvimento do câncer, a maioria não causa diretamente a doença. Algumas pessoas com vários fatores de risco nunca desenvolverão um câncer, enquanto outros, sem fatores de risco conhecidos poderão fazê-lo.

-"Ter um fator de risco ou mesmo vários, não significa que você vai ter a doença. Muitas pessoas que contraem a doença podem não estar sujeitas a nenhum fator de risco conhecido. Se uma pessoa com câncer de próstata tem algum fator de risco, muitas vezes é muito difícil saber o quanto esse fator pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença."

Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer de próstata:


Idade -
O câncer de próstata é muito raro em homens com menos de 40, mas a chance de ter câncer de próstata aumenta rapidamente após os 50 anos. Aproximadamente 60% dos cânceres de próstata são diagnosticados em homens com mais de 65 anos.

Raça - O câncer de próstata é mais frequente em homens de descendência africana do que em homens de outras raças. Pessoas de raça negra são mais propensos a serem diagnosticados em estágio avançado, e têm o dobro da probabilidade de morrer de câncer de próstata do que os homens brancos.

Nacionalidade - O câncer de próstata é o mais comum na América do Norte, noroeste da Europa, Austrália e nas ilhas do Caribe. É menos comum na Ásia, África, América Central e América do Sul. As razões para isso não estão claras. O rastreamento intensivo em alguns países desenvolvidos, provavelmente, é responsável por pelo menos parte dessa diferença,
mas outros fatores, como diferenças de estilo de vida tendem a ser importantes. Por exemplo, os homens de origem asiática têm um menor risco de câncer de próstata do que os americanos brancos, mas o risco é maior do que a de homens de origens semelhantes que vivem na Ásia.

Histórico Familiar - Ter um parente de primeiro grau com diagnóstico de câncer de próstata mais do que duplica o risco de um homem de desenvolver a doença.

Genes - Algumas alterações genéticas hereditárias podem aumentar o risco de desenvolver mais do que um tipo de câncer. Por exemplo, mutações dos genes BRCA-1 ou BRCA-2 podem aumentar o risco de câncer de mama e de ovário, entretanto, as alterações nestes genes também podem aumentar o risco de câncer de próstata em alguns homens, mas isso representa uma porcentagem muito pequena dos casos da doença.

Dieta - Alguns estudos sugerem que homens que consomem uma grande quantidade de cálcio, através dos alimentos ou suplementos, podem ter um maior risco de câncer de próstata. Laticínios, que muitas vezes são ricos em cálcio, também podem aumentar o risco. O exato papel da dieta no câncer de próstata ainda está sendo estudado. Os homens que comem muita carne vermelha ou laticínios ricos em gordura parecem ter uma chance
ligeiramente maior de ter câncer de próstata. Esses homens também tendem a comer menos frutas e legumes. Os médicos não têm certeza de qual desses fatores é responsável por elevar o risco. Alguns estudos sugerem que os homens que consomem grandes quantidades de cálcio (através de alimentos ou suplementos) podem ter um risco maior de desenvolver câncer de próstata.

Obesidade - Acredita-se que homens obesos têm um risco maior de ter câncer de próstata mais agressivo. As razões para isso não estão claras.


Tabagismo - A maioria dos estudos não encontrou uma ligação entre tabagismo e o risco de desenvolvimento de câncer de próstata. Alguns estudos recentes têm ligado o tabagismo a um possível pequeno aumento no risco de morte por câncer de próstata, mas esta é uma nova descoberta que terá de ser confirmada por outros estudos.

Exposição Ocupacional -
Existe alguma evidência de que os bombeiros expostos aos produtos de combustão tóxica têm um risco aumentado de câncer de próstata.

Inflamação da Próstata -
Alguns estudos têm sugerido que a prostatite (inflamação da próstata) pode ser associada a um risco aumentado de câncer de próstata. A inflamação é muitas vezes detectada em amostras de tecido da próstata, que também contêm câncer. A ligação entre os dois ainda não está clara, mas esta é uma área ativa de pesquisa.

Doenças Sexualmente Transmissíveis Doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia ou clamídia, podem aumentar o risco de câncer de próstata, possivelmente levando

a inflamação da próstata. Até agora, os estudos não são conclusivos.

Vasectomia - Alguns estudos sugerem que homens que fizeram vasectomia, especialmente os que tinham até 35 anos no momento do procedimento, podem ter um risco levemente maior de câncer de próstata. Mas, a maioria dos estudos recentes não encontrou qualquer aumento do risco entre os homens que fizeram esta cirurgia. O medo de um aumento do risco de câncer de próstata não deve ser uma razão para evitar uma vasectomia.


"Homens negros que vivem na Inglaterra correm risco três vezes maior de sofrer de câncer da próstata do que brancos, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Bristol."

Os negros também tendem a ser diagnosticados cinco anos mais cedo, de acordo com a análise de todos os casos registrados nas cidades inglesas de Londres e Bristol.

Análise: pesquisadores dizem que especialistas americanos já haviam relatado um maior índice de câncer de próstata entre negros.
De acordo com artigo publicado pelos pesquisadores na revista científica British Journal of Cancer, os resultados não podem ser explicados por questões como o acesso a exames diagnósticos, conhecimento sobre a condição ou programas de testes preventivos.
Durante o estudo, não ficou claro inicialmente se havia uma incidência "genuinamente" maior de câncer de próstata em negros ou se eles simplesmente tinham mais chance de ser diagnosticados.
Mas quando os registros médicos foram analisados detalhadamente, os pesquisadores verificaram que negros e brancos tinham níveis parecidos de conhecimento sobre o câncer da

próstata e sintomas semelhantes.
Eles também demoraram mais ou menos o mesmo tempo para consultar um clínico geral. No entanto, foram encontradas evidências de que negros tinham maior probabilidade de fazer o teste PSA (sigla em inglês para antígeno prostático específico) antes de apresentar qualquer sintoma.

O PSA não é um teste para diagnosticar o câncer, mas pode indicar anormalidades.

Suscetibilidade: 
Ao comentar as razões pelas quais homens negros estariam sendo diagnosticados mais cedo, os pesquisadores dizem que há uma maior probabilidade de que o câncer da próstata em pessoas mais jovens seja resultado de uma maior suscetibilidade biológica à doença.

Os especialistas estão agora realizando mais pesquisas para ver se há diferenças nos índices de sobrevivência apresentados pelos dois grupos.
Estudos para verificar se os exames de PSA deveriam ser usados de forma rotineira para a identificação de novos casos também estão sendo realizados e há a possibilidade de que os testes sejam recomendados para grupos de alto risco.

Joanna Peak, representante da entidade beneficente britânica Cancer Research UK, que incentiva pesquisas na área, afirma que o câncer de próstata é o mais comum entre homens britânicos.

"O estudo indica que há uma diferença biológica real entre grupos étnicos, e esse conhecimento pode potencialmente levar a tratamentos melhores para homens sob maior risco", diz Peak.

"Recomendamos a todos os homens que visitem seus clínicos gerais se estiverem apresentando qualquer sintoma possível de câncer da próstata, por exemplo, problemas ao

urinar", acrescentou Anna Jewell, da entidade beneficente The Prostate Cancer Charity.

"Isso demonstra a necessidade de continuarmos a trabalhar para elevar a consciência sobre os maiores riscos de câncer da próstata entre os homens negros", completou Jewel

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.oncoguia.org.br/conteudo/oncohematos.com.br

Crianças Invisíveis - Dublado - Português - Crianças Negras do Brasil...



CRIANÇA NEGRA NO BRASIL
No inicio do século, com a explosão do crescimento urbano em cidades como São Paulo, esses jovens dejetos do que fora o fim do escravismo, encheram as ruas. Passaram a ser denominados “vagabundos”. Novidade? Mais uma vez, não. A história do Brasil tem fenômenos de longa duração. Os primeiros “vagabundos” conhecidos eram crianças brancas recrutados pelos portos de Portugal, para trabalhar como intermediários entre os jesuítas e as crianças indígenas, ou como grumetes nas embarcações que cruzavam o Atlântico. No século XVIII, terminada a euforia da mineração, crianças vindas de lares mantidos por mulheres livres e forras, perambulavam pelas ruas, vivendo de expedientes muitas vezes escusos, – os nossos atuais “bicos” – e de esmolas. As primeiras estatísticas criminais elaboradas em 1900 já revelam que esses filhos da rua, chamados durante e Belle Époque de “pivettes”, eram responsáveis por furtos, “gatunagem”, vadiagem e ferimentos, tendo na malícia e na esperteza as principais armas de sobrevivência. Hoje, quando interrogados pelo serviço social do Estado, dizem com suas palavras, o que já sabemos desde o inicio do século: a rua é um meio de vida!

Ainda hoje as crianças negras são mais punidas do que as brancas...

Se liga gente a história sobre a criança feita no Brasil, assim como no resto do mundo, vem mostrando que existe uma enorme distância entre o mundo infantil descrito pelas organizações internacionais e autoridades, e aquele no qual a criança encontra-se quotidianamente imersa. O mundo do que a “criança deveria ser ou ter” é diferente daquele onde ela vive, ou, no mais das vezes, sobrevive. O primeiro é feito de expressões como “a criança precisa ou deve”, “seria oportuno que”, até o irônico “vamos torcer para”. No segundo, as crianças são enfaticamente orientadas para o trabalho, o ensino, o adestramento físico e moral, sobrando-lhes pouco tempo para a imagem que normalmente se lhe esta associada: aquela do riso e da brincadeira.

Pensar tais questões, assim como seus antecedentes históricos, vem sendo uma preocupação geral, para especialistas ou não. O estudo das representações ou das práticas infantis é considerado tão importante, que a historiografia internacional já acumulou consideráveis Informações sobre a criança e seu passado. Na Europa, por exemplo, há trinta anos a demografia histórica ajudava a detectar a expectativa de vida, o papel da criança nas estruturas familiares, os números do abandono infantil ou da contracepção. Em 1948, o pioneiro francês Philippe Ariès lançava os primeiros estudos sobre a questão. No clássico A criança e a família no Antigo Regime, datado de 1960, apresentava duas teses que revolucionariam o tema: a escolarização, iniciada, na Europa, no século XVI, levada a cabo por educadores e padres, católicos e protestantes, provocou uma metamorfose na formação moral e espiritual da criança, em oposição a educação medieval feita apenas pelo aprendizado de técnicas e saberes tradicionais, no mais das vezes, ensinado pelos adultos da comunidade. A Idade Moderna passa a preparar, nas escolas, o futuro adulto.

Paralelamente a essa mudança, a família sofria também uma profunda transformação com a emergência da vida privada e uma grande valorização do foro íntimo. A chegada destas duas novidades teria acelerado, no entender de Ariès, a supervalorização da criança. Apesar de todas as críticas que essas teses receberam, sobretudo quanto à percepção de um certo “evolucionismo” na condição histórica da criança – essa, na Idade Média não significaria muito para seus pais, passando a condição de “reizinho do lar” com a evolução da sociedade burguesa -, as teses de Ariès instigam o historiador brasileiro a procurar suas próprias respostas. E por quê?

Pois em primeiro lugar, entre nós, tanto a escolarização quanto a emergência da vida privada chegaram com grande atraso. Comparado aos países ocidentais, onde o capitalismo instalou-se no alvorecer da Idade Moderna, o Brasil, pobre, apoiado inicialmente no Antigo Sistema Colonial e, posteriormente, numa tardia industrialização, deixou sobrar pouco espaço para tais questões. Sem a presença de um sistema econômico que exigisse a adequação física e mental dos indivíduos a uma nova forma de trabalho, os instrumentos que permitiriam tal adaptação não foram implementados com a mesma eficácia.

Desde o inicio da colonização, as escolas jesuítas eram poucas e, sobretudo, para poucos. Se as crianças indígenas tiveram acesso a elas, o mesmo não podemos dizer das crianças negras, embora saibamos que alguns escravos aprendiam a ler e escrever com os padres. O ensino público só foi instalado, e ainda assim mesmo de forma precária, durante o governo do marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII.

Os cuidados com a evasão, com o ensino da religião cristã, da “obrigações civis” ou dos chamados “Estudos Maiores” não cobriam, contudo, as necessidades de uma parcela importante da população: aquela constituída por filhos de forros. Nos documentos, nem uma palavra sobre a educação de crianças negras ou de filhos de escravos, salvo a religiosa que segundo o jesuíta Antonil, era obrigatória.

No século XIX, a saída para os filhos dos pobres não seria a educação, mas a sua transformação em cidadãos úteis e produtivos na lavoura, enquanto os filhos de uma pequena elite, eram ensinados por professores particulares. Reclamada desde 1824, e criada em 1856, para atender as necessidades de uma população livre e vacinada, a escola pública proibia seus assentos às crianças escravas. Às pobres, provavelmente mulatas e negras, reservava espaço quando se tratavam daquelas que demonstravam “acentuada distinção e capacidade”. Examinando relatórios de mestres, lecionando em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, no final do século passado, Alessandra Martinez de Schuler demonstra, que segundo esses, uma parcela diminuta de alunos era constituída por libertos “pretos”, além de um “número pequeno de cor parda”. A desigualdade social e racial inscrevia-se, portanto, nas origens do ensino público que não era para todos. Mas, para alguns.

Para as crianças libertas com a lei do Ventre Livre (28/091871) sobrou a perspectiva do ensino profissionalizante. Institutos privados, na sua maior parte, de origem religiosos recolhiam crianças pobres e davam-lhes um mínimo de preparo prático para ofícios manuais. Schueler lembra ainda que, num dos seus artigos, a mesma lei, previa a educação dos “ingênuos” (crianças de até 5 anos) que fossem entregues ao governo pelos senhores. A instrução primária e o encaminhamento dos filhos livres das escravas para os ofícios manuais foram projetadas no texto legal. Instituições, como o Asilo de Meninos Desvalidos, no Rio de Janeiro, visavam não apenas atender os meninos que vagavam pelas ruas das cidades, mas também encontrar soluções para disciplinar os libertos. Muitos proprietários de escravos solicitaram, de fato, matrículas de “ingênuos” no Asilo, como forma de indenização pelos gastos com alimentação e cuidados com as crianças libertas pela lei.

No Asilo, atual Instituto João Alfredo, as crianças negras aprendiam leitura, escrita, aritmética, mas aprendiam sobretudo o trabalho manual capaz de reproduzir, por si só, a desigualdade social na qual estavam mergulhadas. Quando das grandes reformas urbanas que atingiram as capitais dos estados, no final do século XIX, vozes como as de Cândido Motta, Moncorvo Filho e Bush Varella, juristas e médicos, imprecavam contra a presença crescente de crianças nas ruas – as negras eram maioria – exigindo solução para estancar a circulação destes “desgraçados, sem teto, sem lar, sem educação, sem instrução e sem ordem”. Na República, recém proclamada e que ostentava na bandeira o lema “Ordem e Progresso”, a infância negra prometia desordem e atraso.

Na capital, Rio de Janeiro, pequenos mendigos, indigentes e vadios faziam da Praça XV, do Arco do Telles e das portas de igrejas, o seu ponto de apoio. Quarenta anos depois, o Estado Novo criava, em 1941, o Serviço de Atendimento ao Menor, (SAM), sistema que ajudou a criminalizar definitivamente o menor de rua. No primeiro quartel do século XX, a população de crianças carentes tinha que defrontar-se com um binômio imposto pela sociedade burguesa: lazer versus trabalho e honestidade versus crime. Normalmente foram associadas ao trabalho e, na ausência deste, ao crime.

A tarefa do historiador é, então, resgatar a história da criança negra não apenas enfrentando um passado e um presente cheio de tragédias anônimas como a venda de crianças escravas, a sobrevida nas instituições, as violências sexuais, a exploração de sua mão de obra, mas tentando também perceber, para além do lado escuro, a história da criança simplesmente criança, as formas de sua existência quotidiana, as mutações de suas ligações sociais e afetivas, a sua aprendizagem da vida através de uma historia que, no mais das vezes, não nos é contada diretamente por ela. – Mary del Priore.
Como se vê, a pobreza e a falta de escolarização da criança brasileira, ao longo de sua historia, tornam as teses européias absolutamente inadequadas face às realidades de uma sociedade onde, como explica “uma menina de rua”, “sonhos não enchem a barriga”! A divisão da sociedade, velha divisão dos tempos da escravidão, entre os que possuem e os que nada têm só fez agravar a situação dos nossos pequenos.

Um afro abraço.


Claudia Vitalino.


fonte:www.geledes.org.br\

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Mariene De Castro - A lenda de Nanã




Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.

Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.

A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.

A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.

Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.

Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.

Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.

Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.

Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Características dos filhos de Nana Burukú - Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.

Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.

As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

Dia: Terça-feira- 
Cores: Anil, Branco e Roxo

Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri)

Elemento: Terra, Água, Lodo

Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade

Saudação: Salubá!

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:UNEGRO POVOS TRADICIONAIS

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Toni Braxton - Yesterday [feat. Trey Songz] (Video)



TONI BRAXTON FOI A PRIMEIRA NEGRA A INTERPRETAR FAMOSA PERSONAGEM DA DISNEY

A cantora Toni Braxton soube deixar sua marca pelos vários palcos em que já pisou. Dentre eles, está um dos mais concorridos do mundo: o da Broadway.

Braxton fez história ao passar por lá como a primeira atriz negra a interpretar a Bela no espetáculo da Disney "A Bela e a Fera", no começo de setembro de 1998.

Os tempos não eram fáceis para a diva de "Un-Break My Heart", então com 31 anos e vencedora de cinco prêmios Grammy. Naquela época, Braxton estava envolvida em uma disputa contratual com a gravadora LaFace e também havia entrado em falência, com dívidas superiores a US$ 2 milhões.

Desafio aceito - Porém, em vez de chorar o leite derramado, Braxton decidiu aceitar o desafio da Broadway.

"Vamos dizer que a Bela é como um grande copo de leite que agora eu vou adicionar um pouco de calda de chocolate
", comentou a cantora na época sobre o fato de ser a primeira negra a interpretar o papel.

Há coisas que tenho que melhorar, porque eu não sou uma atriz", disse Braxton. "Há coisas que tenho que fazer porque eu não fui treinada para ser uma cantora da Broadway. Minha voz é muito densa e rica, como um milkshake, e tende a ser sexy. Mas para Bela, que tem 16 ou 19 anos, você não pode ser sexy, então eu tenho que fazer o meu tom um pouco mais claro", declarou a cantora na época, diante do desafio.

Os produtores do espetáculo trataram de fazer algumas adaptações do papel de Belle para Braxton. Uma nova canção foi criada especialmente para a cantora - "A Chance in Me" -, e o guarda-roupa também foi personalizado para ela - deixando ombros e costas mais à mostra.


Toda a experiência, de acordo com Braxton, contribuiu para sua evolução e superação.

"Me fez crescer", disse ela. "Você não pode culpar seus pais, você não pode culpar seus amigos ... você tem que olhar para si mesmo e fazer as coisas acontecerem."
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

Fontes: CNN, Disney-Pocs

domingo, 6 de novembro de 2016

Ivete Sangalo, Buraka Som Sistema - Arca de Noé – A Galinha-d’Angola – V...




Por que a Galinha d’Angola tem pintas brancas?
Os mais antigos contam que esta história aconteceu durante uma das piores secas ocorridas nas savanas ao Sul da África.
O sol, inclemente, castigava todos os seres vivos: plantas e animais.
Logo os rios e lagos secaram, aumentando o sofrimento. O calor abria fendas no solo e levantava uma espessa poeira que borrava de cinza o céu borrado de azul.

Os habitantes dos vilarejos, desnorteados, fugiram para as montanhas, rogando por chuvas, mas não havia prece que desse jeito na calamidade.

Um dia, porém, uma mancha escura despontou no horizonte. Todos ficaram excitados. Sinal de que as chuvas estavam se aproximando.

Só que um elefante, desengonçado, atrapalhou tudo. Afugentando a nuvem.

A galinha-d'angola que, naquela época, além de uma crista avermelhada no alto da cabeça, tinha as penas inteiramente pretas, não se conteve. Indignada com a atitude do paquiderme, correu horas e horas atrás da nuvem, suplicando para que ela retornasse, sem se importar com os espinhos que iam rasgando-lhe as pernas desnudas.

- Por favor, Senhora, volte. Por favor, Senhora, volte – repetia sem cessar, enquanto o sangue escorria por suas feridas.

A Dona das Águas, finalmente, parou e disse:- Por causa de sua perseverança, da sua dor e da sua preocupação com o destino de todas as outras criaturas, eu regressarei. Graças aos meus poderes, interromperei a seca.
- Obrigada - agradeceu a ofegante corredora.
- E, como você se dirigiu a mim de um modo tão respeitoso, receberá de presente o brilho das gotas da chuva, que cairão sobre o seu corpo. Assim, será uma das aves mais bonitas da terra.

Não demorou muito para desabar um temporal, em meio a raios e trovões. A galinha,d'angola, toda molhada, ganhou como ornamento os pingos que foram resvalando em suas penas, transformando,a, como fora prometido, em uma das aves mais lindas de toda a África.
Devido à canseira da galinha-d'angola, suas descendentes ciscam por vários cantos do planeta, agitando a penugem de cor negra, como a pele da maioria dos povos de seu extenso continente. Enquanto exibem as penas salpicadas de pintas brancas} as galinhas-d'angola cacarejam como se estivessem expressando, até hoje, o esforço empreendido por sua ancestral:

To fraca, to fraca, to fraca, to fraca!

( Outros contos africanos para crianças brasileira – Rogério Andrade Barbosa)

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

REBELE-SE O RACISMO!
fonte:Education conquers Poverty! Invest in a future for disadvantaged young people

O Xadrez das Cores: o preconceito e o desafio da acolhida da diversidade



REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

sábado, 5 de novembro de 2016

Zumbi - Caetano Veloso


Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655.

Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue ao padre jesuíta católico Antônio Melo, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa, latim, álgebra e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, fugiu de Porto Calvo para viver no quilombo dos Palmares. Na comunidade, deixou de ser Franciso para ser chamado de Zumbi (que significa aquele que estava morto e reviveu, no dialeto de tribo imbagala de Angola).

No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após um batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além

de coragem e conhecimentos militares.

O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.

Importância de Zumbi para a História do Brasil - Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.

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Um afr abraço.

Claudia Vitalino.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Navio negreiro - Tráfico de africanos para as américas




Navio negreiro (também conhecido como "navio tumbeiro") é o nome dado aos navios de carga para o transporte de escravos, especialmente os escravos africanos, até o século XIX.

Aprisionados no interior da África subsaariana, por outros africanos que lucravam com o tráfico, os escravos eram trazidos em marcha forçada até o litoral do continente, onde os sobreviventes, que não haviam sido comercializados localmente, eram despojados de suas roupas e eventuais pequenos pertences que ainda carregassem consigo, para serem vendidos aos comerciantes europeus, que os embarcavam nos navios negreiros. Neles, os escravos eram destinados aos porões da embarcação, onde ficavam presos em grupos às correntes. Cada navio, levava em média quatrocentos africanos amontoados. O mau-cheiro imperava, e o espaço para movimentação era mínimo, porque embora navios deste tipo fossem geralmente grandes, se otimizava o espaço do mesmo para caber o maior numero possível de escravos.

A partir de 1432 quando o navegador português Gil Eanes levou para Portugal a primeira carga de escravos negros vindos da África que os portugueses começaram a traficar os escravos com as Ilha da Madeira e em Porto-Santo. Mais adiante os negros foram trazidos para o Brasil.

A história dos navios negreiros é das mais comoventes. Homens, mulheres e crianças eram transportados amontoados em compartimentos minúsculos dos navios, escuros e sem nenhum cuidado com a higiene. Conviviam no mesmo local, a fome, a sede, as doenças, a sujeira, os agonizantes e os mortos.

Sem a menor preocupação com a condição dos negros, os responsáveis pelos navios negreiros amontoavam negros acorrentados como animais em seus porões que muitas vezes advinham de diferentes lugares do continente africano, causando o encontro de várias etnias e que por vezes eram também inimigas. Seus corpos eram marcados pelas correntes que os limitavam nos movimentos, as fezes e a urina eram feitas no mesmo local onde permaneciam. Os movimentos das caravelas faziam com que muitos passassem mal e vomitassem no mesmo local. Os alimentos simplesmente eram jogados nos compartimentos uma ou duas vezes por dia, cabendo aos próprios negros promover a divisa da alimentação. Como os integrantes do navio não tinham o hábito de entrar no porão, os mortos permaneciam ao lado dos vivos por muito tempo.

Quando o navio encontrava alguma dificuldade durante seu trajeto, o comandante da embarcação ordenava que os negros moribundos ou mortos fossem lançados ao mar, como alternativa para reduzir o peso do navio. Nestes casos, o mar acabava se tornando a única saída dos negros para a luz, antes de chegarem aos destinatários do comércio.
A organização da Companhia dos Lagos propunha-se a incentivar e desenvolver o comércio africano e dar expansão ao tráfico negreiro, sua viagem inicial motivou a formação de várias companhias negreiras, tais como:Companhia de Cacheu] (1675), Companhia de Cabo Verde e Cacheu de Negócios de Pretos (1690), Companhia Real de Guiné e das Índias (1693) e Companhia das Índias Ocidentais (1636). No Brasil, devido ao êxito do empreendimento, deu-se a criação da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649).

Somente no século XIX que as leis proibiram o comércio de negros. Entre 1806 e 1807, a Inglaterra acabou com o tráfico negreiro em seu Império e em 1833 proibiu o trabalho escravo. No Brasil, mesmo após o tráfico negreiro ter sido proibido, a escravidão permaneceu até 1888.

O tráfico transatlântico de escravos africanos começou a entrar em decadência, somente a partir da sua abolição no início do século XIX pelo Reino Unido, com alguns países como o Brasil persistindo em sua prática, até serem forçados a abandoná-lo décadas depois. Devido às péssimas condições, físicas e psicológicas, em que se encontravam os escravos transportados, muitos morriam, eram mortos ou suicidavam-se durante a travessia.

É no fim do século XVIII e início do século XIX, que conceitos provenientes da fé religiosa, do humanismo (e mais tarde do iluminismo), e mesmo da lógica mercantil foram sendo reunidos como prova da inviabilidade da manutenção de tal comércio, que beneficiava poucos, e impedia muitos de serem iniciados na moderna sociedade que nascia. É então, que percebendo que a eliminação do comércio escravo seria mais lucrativo para a sua indústria nascente que a Grã-Bretanha promove o fim (muitas vezes pela força) do comércio escravo e de seu veículo nefasto, o navio negreiro.

Alguns comerciantes resistiriam ainda por um certo tempo, negando-se a abandonar tão lucrativa empreitada, mas, o tempo encarregou-se de mostrar que o negócio com a vida humana só atraso o avanço e progresso do homem.


Se liga :Rebeliões eram frequentes. E algumas revoltas resultavam na conquista da embarcação pelos escravos, como a do navio Amistad, em 1839. Outras, porém, como a do Kentucky, em 1845, acabaram com a morte de todos os escravos rebeldes, cujos corpos foram lançados ao mar...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.


fonte:Claudia Vitalino/Wikipédia, a enciclopédia livre

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Zeca Pagodinho - Quando A Gira Girou - Cultos Afro


"- As religiões tradicionais africanas são aquelas praticadas no continente africano, geralmente em zona rural. Cerca de 29% da população africana pratica suas religiões tradicionais. 35% pratica o cristianismo e outros 35% o islamismo. Cerca de 1% pratica outras religiões, incluindo o hinduísmo".

Religiões afro-caribenhas
Vodu é o nome da religião afro no Haiti. Muito sincrética, é uma mistura de elementos da religião dos povos jejes – do antigo Reino do Daomé, hoje República do Benim, que cultuavam os voduns, divindades muito semelhantes aos orixás do povo vizinho, os iorubás – com a religião indígena das ilhas caribenhas. Santería é o nome da religião afro em Cuba. O sincretismo aqui é com o catolicismo. Cultuam os orixás dos iorubás, que chamam de lucumi (nome antigo dos orixás). É muito parecido com o candomblé. Também é chamado de Regla Del Ocha, ou simplesmente Regla. Seus praticantes são os santeros.
Religiões afro-brasileiras

Tambor de Mina é o nome da religião afro no Maranhão. Tem a mesma origem que o vodu haitiano, nos povos jejes (fon e ewe). O sacerdote máximo se chama Vodunon e os vodunsi são os praticantes. Xangô é o nome da divindade iorubá do trovão. Esta divindade é tão importante em Pernambuco que batiza a religião afro no Recife. Lá, os praticantes são chamados de xangozeiros.

O candomblé é a religião afro-brasileira mais conhecida e celebrada. Se espalhou da Bahia para os outros estados, chegando até mesmo no Rio Grande do Sul, onde já existia outra modalidade de religião afro-brasileira: o batuque. Existem vários graus hierárquicos dentro de um candomblé: abiã (simpatizante), iaô (iniciado), ebomi (irmão mais velho com 7 anos de iniciado), titulares de cargos vitalícios como alaxé (guarda dos implementos sagrados), alabê (tocador de atabaques), axogun (sacrificador), iabassê(cozinheira), amorô (responsável por Exu), equede (cuida dos orixás manifestados), ogã (contribui materialmente com o terreiro), babalaô (adivinho) e babalorixá (pai de santo) ou ialorixá (mãe de santo).

Macumba é o nome de um tambor de origem banta utilizado em rituais dessa matriz africana no Rio de Janeiro. Devido à pejoração construída pela Igreja Católica em torno da palavra, seus adeptos mudaram o nome para "candomblé de angola". Neste tipo de candomblé, se cultuam os inquices, divindades semelhantes aos orixás iorubás. Tata-ninkice e Mameto-ninkice são os cargos máximos.

Batuque é o nome dado pelos brancos à religião afro no Rio Grande do Sul devido ao barulho dos tambores. É uma religião bem diferente das outras afro-brasileiras, embora a base continue sendo a mesma: a cultura dos orixás. O sacerdócio é muito centralizado, sendo que o babalorixá ou ialorixá desempenha os papéis de pai de santo e sacrificador, é o responsável pelo Exu e também pelos implementos sagrados, e é o adivinho. Só existe uma categoria de omorixá (fCom base no Decreto nº 3048/99, sacerdotes das religiões de matrizes africanas,anda, podem se aposenar na categoria destinada a ministros de confissão religiosa. Mas são poucos os que tomam esta decisão.O principal problema é a exigência de recolhimento da contribuição retroativa. Isto porque o decreto tem menos de dez anos e a maioria dos casos são os de pessoas que se dedicaram à religião integralmente e não têm como pagar o valor exigido.

Uma outra possibilidade de benefício – o estabelecido pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) – choca-se com uma característica dos terreiros: a vivência comunitária. Segundo a Loas, pessoas a partir de 65 anos têm direito a receber um salário mínimo, desde que a renda familiar per capita seja inferior a um quarto do mínimo: R$ 95. No candomblé as casas costumam abrigar uma família numerosa e aí nem todos se enquadram nesta categoria.

As religiões de matrizes africanas estão assentadas no núcleo familiar e pelos laços de solidariedade. E o Estado brasileiro não reconhece essas especificidades, pois ainda tem uma lógica racista”, destaca o advogado e professor da Ufba e de outras instituições, Samuel Vida.

Por meio da sua assessoria de comunicação, o Ministério da Previdência Social explicou que as regras para os ministros de confissão religiosa são as mesmas. Algumas igrejas empregam seus ministros e recolhem a contribuição. O ministério não tem levantamento de segurados como ministros religiosos.

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

FONTE:istoe.com.br/unegro povos tradicionais

domingo, 30 de outubro de 2016

O Morro Não Tem Vez - Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell



O Morro Não Tem Vez - Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell

A obra O morro não tem vez, de Antonio Carlos Jobim e a sua ampla articulação e interpretação, com forte cunho social, que aborda a ligação da musica com o meio, o samba e a favela enquanto inspiração, entre outros tópicos, na sua publicação: “Em alguns aspectos o ambiente do Rio expõe o marco da divisão urbana, revelando forte tensão entre grupos humanos. A divisão e a tensão são visíveis na arquitetura - favela/bairro, no comportamento - violência/cortesia, na produção artística - música de concerto/música do morro”

Discriminação (distinção) de grupos foi uma característica muito importante na evolução da vida em grupo. Não é nenhuma novidade que tanto grupos de animais sociais não-humanos quanto grupos humanos identificam dois grupos sociais: o ”nós” e os “outros” (em psicologia evolutiva chamados “insider” e “outsider group”). Não surpreendentemente, “bárbaro” era o nome dado pelos gregos aos que não eram gregos. “Bárbaros” significa “os outros”. Da mesma forma, “tapuia” era o nome dado pelos Tupis a quem não era Tupi. Tapuia é a versão tupi de “os outros”. Também não surpreendentemente, bárbaros e tapuias recebiam significados pejorativos. “Os outros” não são somente os outros, eles geralmente são também os inimigos. Os outros não são “civilizados”, os outros não têm nossos costumes, os outros são violentos, os outros são maus, os outros não seguem nossos deuses (que são os únicos verdadeiros), os outros tem comportamentos estranhos que não são os nossos, os outros nos trazem doenças, os outros comem nossa comida, os outros nos matam, os outros merecem ser combatidos. Em suma, o inferno são os outros.

A favela enquanto tema e inspiração, o surgimento do samba e a necessidade da música dialogar com o seu ambiente durante a sua caracterização, o que, quando é desconsiderada, a torna incompleta, tudo isso desconstruindo, construindo e analisando a obra de Antonio Carlos Jobim: “A caracterização das práticas musicais, por exemplo, pode se tornar incompleta se, na descrição, o ambiente em que ocorre é desprezado. É necessário que se descrevam os elementos característicos que estruturam o produto artístico considerando-se o seu impacto no mundo social. As funções dos elementos que estruturam a forma artística estão, de algum modo, conectados ao tipo de prática e ao perfil do grupo onde ela ocorre...

-Mas note que nem sempre o “nós” e os ”outros” são inimigos. Muitas vezes estes cooperam. Geralmente os grupos cooperam quando existe uma grande recompensa suficiente para ambos, ou um grande inimigo (um “os outros” mais poderoso) e quando o risco de traição do grupo com o qual se coopera é menor do que o risco da não cooperação, ou se um grupo domina e escraviza o outro obrigando-o a “cooperar”. Volte aos livros de história e analise as cooperações entre povos humanos ao longo dos séculos.

Entretanto essa discriminação de grupos “nós” e “os outros”, presente nos animais que vivem em grupo, não exatamente corresponde ao preconceito humano. O preconceito humano evoluiu em função da vida social permitindo um maior sucesso na sobrevivência ao conseguir comida, água e abrigo (nada surpreendente até agora), mas foi carregado de particularidades humanas como religião e aspectos culturais e de dominação.
Existem muitos grupos com os quais podemos nos identificar ou não: grupos raciais (brancos, negros, indígenas, asiáticos), grupos religiosos (cristãos, muçulmanos, budistas, judeus, ateus), grupos sexuais (heteros, homos, bissexuais, transexuais), grupos de gênero (homem, mulher, neutro), grupos sociais (pobres, ricos, classe média, burgueses, operários), grupos políticos (esquerdistas, direitistas, comunistas, liberalistas, chavistas, anti-chavistas), grupos ideológicos-culturais (veganos, carnistas, hippies, geeks, nerds, otakus, punks, funkeiros, metaleiros) e nem sempre esses grupos são dicotômicos e mutuamente exclusivos. Você pode ser uma mulher, negra, cristã, homo, pobre, vegana e otaku, porque não? É claro que muitos grupos estão relacionados histórica, ideologica e economicamente a outros grupos o que dificulta a identificação de uma pessoa com dois deles (por exemplo, rico e esquerdista ocorre em uma frequência bem baixa). E note que nem sempre tais grupos sofrem preconceitos. Assim, por mais que existam pessoas que achem os metaleiros um bando de seguidores satânicos, não existe um preconceito institucionalizado contra os metaleiros porque eles, como grupo, não são dominados por outro. Em contrapartida, os funkeiros são passíveis de preconceito institucionalizado não exatamente por sua música, mas por, na grande maioria de casos, pertencerem a outros

grupos dominados como o grupo dos “negros ou pardos” e dos “pobres”. Como os grupos são ligados por aspectos histórico-sociais, ideológicos e econômicos, o preconceito de um grupo pode recair sobre um subgrupo que tenha uma parcela representativa de pessoas do grupo em questão. Os metaleiros não sofrem um preconceito institucionalizado, mas sim um discurso de discriminação grupal. O que obviamente não o torna aceitável. Se alguém sugerisse que todos os metaleiros deveriam ser presos por louvarem satã, esta pessoa estaria promovendo um discurso de ódio contra um discriminado grupo, entretanto, como o discurso de tal pessoa não é um preconceito aceito como normal e institucionalizado na sociedade, esse discurso nunca teria poder de lei. O que talvez não fosse realidade para os funkeiros.

Como preconceito é dominação, ele se institucionaliza através de leis (ou da falta de leis) ou através de aparelhos de controle social (estado, escolas, mídia, igreja, universidade). Ele se faz valer na justiça, nas conquistas sociais e na segregação social. Os dominadores possuem órgãos e instituições que proferem seus discursos preconceituosos, os legitimam, os normatizam, os disseminam, os dão força de lei e sustentam toda a base do preconceito e da dominação. Assim surgem até mesmo dominados que aceitam o ódio e justificam a segregação sofrida pelo seu próprio grupo. O preconceito institucionalizado vem sempre dos dominadores, nunca dos dominados.

"Assim, misandria, racismo reverso, heterofobia, cristofobia e cisfobia não existem como preconceitos institucionalizados".


 E esses discursos não se tornam aceitaveis por não serem preconceitos institucionalizados. O que estou concluindo é que preconceito é mais que discurso de segregação. Preconceito é institucionalização de discurso de segregação. Pronto, simples. O que isso muda e porque isso é importante? Muitas vezes esses esparsos discursos de segregação (e os raros discursos de ódios) travestidos de preconceitos institucionalizados servem de falácias e armas em “lutas” fictícias...



 Tal dualidade de preconceitos, entretanto, é aparente e não se revela na estrutura de dominação social.

O Morro Não Tem Vez 

(Tom Jobim)

O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar

Morro pede passagem
O morro que se mostrar
Abram alas pro morro...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Um afro abraço.
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Claudia Vitalino.
fonte:unegro\www.letras.mus.br\www.scielo.br/scielo.php

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