UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 24 de maio de 2016

Rio Rumo ao Congresso Nacional da UNEGRO será realizado na cidade universitária, em junho-2016

"Negros e negras no poder e em defesa da vida"
SÃO LUÍS - A Universidade Federal do Maranhão sediará, de 10 a 12 de junho, o 5º Congresso Nacional da UNEGRO – União de Negros Pela Igualdade. O anúncio foi feito hoje pela reitora, Nair Portela, ao receber o presidente nacional da UNEGRO, Edson França, e o secretário de Igualdade Racial do Estado, Gérson Pinheiro.

Documento Guia do 5º Congresso Nacional da UNEGRO
"Negros e negras no poder e em defesa da vida"
Crise e racismo
1. A crise econômica é o principal impasse imposto à humanidade atualmente, dela decorrem e recrudescem outras crises (ambiental, energética, ética e política) e fenômenos sócios políticos negativos direcionados contra populações politicamente minorizadas como: o racismo, xenofobia, nacionalismo reacionário, ascensão de ideários nazifascistas, ultradireitiação da política e demais extremismos ideológicos baseados nas diferenças humanas.
2. Na crise aumenta a agressão e espoliação sobre nações e povos, ataques beligerantes torna-se um recurso político comum para as grandes potências, populações civis são brutalmente vitimadas, exemplos dessa lógica são as desintegrações de Estados Nacionais através da guerra imperialista - contra a Líbia, Iraque e Síria. Intensificam os saques de recursos naturais atentando contra soberania econômica de países em desenvolvimento. Cresce a brutal concentração de riqueza, sempre privilegiando o centro do capitalismo e empobrecendo ainda mais os mais pobres. Vemos com maior nitidez a relação entre crise e empobrecimento na África e América Latina.
3. Outros fatos como o crescimento da onda de violência contra negros nos Estados Unidos, conflitos raciais e étnicos na França. Assim como os graves problemas ocasionados pelo êxodo desordenado de africanos e árabes para a Europa, a fim de escaparem da morte nas guerras promovidas em seus respectivos países. A proliferação de leis anti-imigratórias draconianas, crescente islamofobia nos países centrais e a iminência de acirrar choques culturais e civilizatórios. O endurecimento do sionismo e da violência de Israel contra os palestinos, ganhando contorno de um holocausto de um povo. O extermínio da juventude negra brasileira e a condição de vulnerabilidade social, econômica e política dos povos afrodescendentes em todo planeta. Esses fenômenos somados afirmam a assertiva da UNEGRO: há uma umbilical intersecção entre crise e racismo, na medida em que a crise agrava o racismo recrudesce. Isso porque o racismo tem objetivos políticos e econômicos, gera cenários materiais e políticos favoráveis para alguns em detrimentos de outros, por isso seu combate se insere na luta de classe luta, seu sucesso fere privilégios e se desenvolve com maior desenvoltura em ambientes democráticos e de prosperidade coletiva.
Crise na América Latina
4. A crise econômica e política chegam com força em toda América Latina, com ela emergem ideários conservadores, reacionários, racistas e golpistas varrendo e comprometendo a onda progressista que caracterizou a região nos últimos quinze anos. Há um quadro perigoso que ronda toda América Latina, colocando em risco a prosperidade regional e a condição de se manter como uma região global de paz e sem conflito.
5. Essa perigosa direitização é percebida nos resultados imediatos da queda das forças progressistas na presidência da Argentina, com a agenda pró imperialista de Maurício Macri. No golpe parlamentar no Paraguai e em Honduras e os consequentes ataques desses ilegítimos governos aos trabalhadores e sindicatos nesses países. O recrudescimento da agressão neoconservadora na Venezuela, a crise de abastecimento não superada pelo Governo Bolivariano, dado o boicote imposto pela classe dominante e a possibilidade de intervenção dos EUA no país vizinho. O conflito armado ainda insolúvel na Colômbia, apesar de se constituir no principal clamor do povo colombiano. A ininterrupta agenda do golpe promovido pelo sistema de oposição no Brasil (grande mídia, setores do judiciário, setores da política federal e partidos de oposição). Ocorre que esse quadro se constitui em terreno infértil para políticas que emancipam os trabalhadores da pobreza. Povos indígenas e afrodescendentes das garras do racismo, violência e abandono. Mulheres do machismo, especialmente as não brancas.
6. Para a UNEGRO somente uma aliança que envolva amplamente setor o produtivo, partidos de centro e de esquerda com interesses nacionais, movimentos sociais, trabalhadores, povos indígenas, negros e populares será capaz de estancar o avanço reacionário na América Latina, está patente que só o voto não sustenta governos e projetos, é necessário constante mobilizações de massa, unidade programática e pressão com capacidade de impulsionar a agenda progressista.
Crise no Brasil
7. No Brasil, principal potência regional, a gravidade da crise política e econômica ameaçando importantes conquistas e direitos consolidados dos trabalhadores. Estamos sob um processo de deterioração da qualidade de vida do povo (colocar alguns índices da macroeconomia). As saídas apresentadas pela Presidenta Dilma esse momento de grande pressão e reação conservadora – alta taxa de juros, aumento de preços controláveis, contingenciamento dos recursos da educação e saúde, proposta de reforma previdenciária e trabalhista, privatizações - se distanciam do projeto que a elegeu e vão ao encontro do rentismo, ou seja, atende aos interesses dos banqueiros, do mercado financeiro, do capital especulativo internacional, logo são saídas de caráter neoliberal.
8. Vários fatores conjugados derrotaram a tentativa de Dilma implantar um projeto desenvolvimentista com forte conteúdo social: a crise mundial não arrefeceu e desembarcou com força no Brasil; o volume de incentivos à produção e desonerações fiscais para manter salários, empregos e desenvolvimento criaram um rombo no Tesouro; forte desindustrialização do Brasil; consolidou uma aliança entre o setor produtivo e rentista contra a intervenção do Estado na economia, fato que amedronta o pensamento liberal; a Operação Lavajato jogou desconfiança de ampla parcela da população no governo e no principal partido de sustentação, o PT; dispersão da base parlamentar; e a opção da oposição pela política do quanto pior é melhor. Não há dúvida que Dilma está enfraquecida e será necessário retomar a iniciativa perdida para que novamente o projeto vitorioso na eleição se realize.
9. A democracia no Brasil sangra, um ilegítimo sistema de oposição aparelhada em importantes nichos do Judiciário, Ministério Público e na Polícia Federal, utilizando concessão pública para explorar sinais de TV e rádio e atuando no Congresso Nacional desferem ataques sistemáticos para interromper o mandato de Dilma, desmoralizar Lula e inviabilizá-lo para eleições presidenciais de 2018, varrer o PT do mapa político, liquidar toda a esquerda, silenciar o movimento social e implantar um projeto conservador no Brasil.
10. Nesse momento de dificuldade e perda de esperança, a UNEGRO reitera a confiança em Dilma Rousseff e no projeto que a elegeu. Rechaça com veemência qualquer tentativa de golpe. Considerando que não há base legal ou política para o impedimento do mandato presidencial de Dilma Rousseff, a UNEGRO estará nas ruas e em outros espaços de sociabilidade defendendo a legitimidade de seu mandato e denunciando o golpismo atávico da reacionária elite brasileira. No entanto, reivindica que o combate ao racismo seja uma sincera determinação de seu governo e reivindica também a retomada de uma política de desenvolvimento nacional com distribuição de riquezas.
11. Como saída para a crise e retomada do desenvolvimento a UNEGRO defende um profundo mergulho do Governo na pauta dos movimentos sociais e em caráter imediato: redução da taxa de juros, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, taxação das grandes fortunas e heranças, superávit zero, fortalecimento das estatais ampliando os investimentos, avançar na reforma agrária e na regularização das terras quilombolas, acelerar o PAC principalmente em habitação, saneamento e mobilidade urbana, criminalização da sonegação de imposto e viabilizar os acordos de leniência com as empresas denunciadas pela operação Lavajato.
Contexto luta contra o racismo
12. Nos últimos anos houve importantes avanços na luta contra o racismo, inegavelmente há novos fatores contribuindo com a melhoria da qualidade de vida de expressiva parcela da população negra para além das políticas sociais de transferência de renda, os principais destaques são: conquista da lei das cotas nas universidades púbicas federais e no serviço público; obrigatoriedade de revisão do currículo escolar a fim de mitigar o excessivo eurocentrismo que sempre caracterizou as bases curriculares brasileiras; aperfeiçoamento do ordenamento jurídico e institucional dado pelo Estatuto da Igualdade Racial e pela proliferação de órgãos para implantação de políticas de igualdade racial nos âmbitos dos estados e municípios.
13. No entanto, há muitas lacunas. Os avanços registrados são insuficientes diante do abissal fosso socioeconômico que historicamente separa pobres e ricos, negros e brancos. Tímidos diante das mazelas decorrentes do racismo que impacta sobre a população negra, com agravantes específicos sobre mulheres e jovens negros.
Desigualdade
14. O fortalecimento do poder aquisitivo do salario mínimo e as políticas de transferências de rendas adotadas nos últimos 13 anos têm sido fundamental para melhoria da qualidade de vida da população negra, por isso a UNEGRO defende sua manutenção e atualização do valor dos benefícios, no entanto, temos que transitar para medidas governamentais que gerem autonomia e ascensão permanente aos beneficiários. Além das políticas de ações afirmativas, a UNEGRO aposta na educação, trabalho e em fomento de iniciativas empreendedoras para mitigar as históricas desigualdades social, econômica e política entre brancos e negros, que persistem no Brasil.

Sub-representação política
15. O movimento negro não conseguiu elaborar estratégias para minorar a sub-representação negra nos espaços de poder e decisão - apesar da constatação de que a cara do poder político e econômico no Brasil é branca. A UNEGRO defende uma reforma política que amplia a democracia, desmobiliza a influência do poder econômico sobre o resultado das eleições e estabeleça mecanismos que supere a sub-representação de mulheres, negros e jovens nas casas legislativas e no executivo. Consideramos que a correlação de forças no Congresso Nacional impossibilita uma reforma que democratize o sistema político, somente a elevação da consciência das massas e o voto responsável pode corrigir as principais debilidades da representação, por isso propomos que o movimento negro invista no estimulo ao voto em candidaturas negras a partir de critérios políticos que atendam os mais legítimos interesses do país e do povo brasileiro.
16. Consideramos negativa a perda do status de ministério da SEPPIR, o modelo estrutural não está superado, o racismo institucional ainda contamina o Estado, a gestão e a política pública. Seu enfraquecimento não deu resposta aos objetivos que impuseram a reforma ministerial realizada em 2015 por Dilma: corte de gasto e recomposição da base parlamentar. Defendemos a garantia da política, apesar da perda de protagonismo institucional e em período breve, avaliaremos os resultados a partir da nova estrutura ministerial.
17. A UNEGRO defende que as cotas nos serviços públicos se estendam aos cargos comissionados, não podemos ver com naturalidade a sub-representação de negros nos ministérios e nos altos escalões do governo. Não há negros no Supremo Tribunal Federal – STF, mais Alta Corte da nação, fato inaceitável, pois caracteriza uma flagrante insensibilidade e atraso do Governo atual em matéria de representação de negros em espaços de poder e decisão, considerando que havíamos avançado nessa matéria durante o governo Lula.
Políticas de Igualdade Racial (PIR)
18. A UNEGRO está entre os principais artífices das políticas de igualdade racial, participou de todo processo de estruturação da SEPPIR, entre 2003 a 2015 teve quadros unegrinos contribuindo com a gestão, compõe o Conselho Nacional de Igualdade Racial desde sua instalação. Essa experiência acumulada permite dizer que a PIR está em crise. Os principais fatores são: crise econômica e política, sub-financiamento da PIR, falta de efetividade, não legitimação da necessidade da PIR por parcela dos operadores decorrente do racismo institucional, banalização dos instrumentos legais que promovem a igualdade racial (Constituição Federal, Lei Caó, Lei 10.639/03 e Estatuto da Igualdade Racial). Hoje o único instrumento que dispõe de efetivo funcionamento é a cota nas universidades públicas, ainda assim, não são direitos universalizados em todas as instâncias federativas, e sofrem boicotes através de autodeclarações falsas.
19. Para a UNEGRO a falta de defesa efetiva dos instrumentos legais que a dão suporte a PIR fragiliza politicamente sua efetiva implantação. Excetuando a Lei 10.639/03, as outras matérias tem habitado pouco o cotidiano do movimento negro. A ausência de atores sociais comprometidos com a defesa de conquistas gera vulnerabilidade e esquecimento.
20. Consideramos que a PIR tem limites objetivos, 500 anos de marginalidade construída pela escravidão e o racismo não se supera em 15 anos apenas com ações afirmativas. Por isso o movimento negro precisa de projeto político para o Brasil, sair do isolamento nos movimentos sociais, superar a subestimação, no campo progressista, sobre o impacto do racismo na luta de classe e vençam a constante relativização do movimento em incorporar nas suas reivindicações pautas gerais estruturantes à nação.
Violência contra mulheres e jovens
21. O Estado e os governantes têm dado respostas insuficientes sobre a violência policial e as sucessivas chacinas (a maioria envolvendo agente policial) que impactam sobre a juventude negra em todo país, somado ao criminoso silêncio diante do crescimento da violência contra as mulheres negras, constatado no Mapa da Violência recém-divulgado. Há uma incômoda semelhança dessas respostas em governos de diferentes campos políticos, em especial quando a vítima é um jovem negro da periferia. Sugerindo autonomia das instituições policiais aos governos, ou uma aprovação inconsciente e silenciosa das práticas violentas, devido a existência no Brasil de um racismo atávico herdado de épocas que remontam a escravidão. Não há plano de redução da mortalidade da juventude negra, ainda que o Mapa da Violência constate que dos 56.337 assassinatos na última década, 30.072 foram jovens negros de 15 a 29 anos, não verificamos uma ampla comoção social e esforços governamentais para extinguir esse fenômeno que envergonha a nação. O racismo naturalizou secularmente o assassinato de jovens negros e a violência crescente contra as mulheres negras.
22. Diante do exposto, mesmo consciente de que o racismo é um oponente poderoso e ator fundamental das derrotas acumuladas na luta antirracismo, o movimento negro brasileiro terá que repensar sua ação. O contraponto à ofensiva racista pode e deve ser aperfeiçoado. Recrudesce o racismo, o ódio e a intolerância nas redes sociais, na televisão e no cotidiano social em geral. Para a UNEGRO, movimento negro deve, sem negar a especificidade, discutir as grandes pautas nacionais e a partir de um olhar negro propor um projeto para o país, que incorpora todos. Não podemos nos furtar da condição de falar como maioria populacional. Esse olhar negro mais estrutural sobre o Brasil não revoga as ações afirmativas, ao contrário, compreendemo-las como instrumento para acumulação de forças, não um fim estratégico suficiente, que ao ser implantado superará o racismo.
Convergência Negra
23. A necessidade de unidade na luta do negro contra o racismo e a desigualdade social está entre os mais consolidados consensos para as lideranças e militância negra, não há registro histórico em que a luta contra opressão racial tenha se desenvolvido positivamente ignorando a força da união. Aliás, o sucesso e fracasso de Palmares estão ligados a capacidade de manter ou não a unidade entre as várias comunidades que o compunha. A abertura dos principais ciclos de acumulação política do movimento negro teve como pano de fundo um processo de construção de convergência.
24. A fragmentação e o choque entre as diferentes táticas de combate ao racismo tem gerado confusão, desperdício de energia e talentos, subutilização de lideranças negras comprometidas com o antirracismo e com capacidade de dialogar mais amplamente com a sociedade brasileira. Mantendo a pulverização das ações, fica impraticável obter sucesso na mobilização e contato com as massas, enfraquecendo a legitimidade da representação e provocando descompassos, incompreensões e falta de adesão da população negra as propostas do movimento. Há um perigoso agravante gerado pela falta de coesão no movimento negro: distanciamento e autonomização de um amplo setor da juventude negra - especialmente entre os cotistas – dificultando a transmissão de acúmulos e legados.
25. A UNEGRO, desde sua gênese, tem compromisso com a unidade do movimento negro, por isso sempre nos somamos às ações comuns e compomos as estruturações de fóruns e outros processos de aglutinação e unidade na luta das organizações negras brasileiras. Em documentos congressuais temos reiterado o compromisso da unidade e nos esforçando cotidianamente nesse caminho, sem vaidade ou disputa de protagonismo. Compreendemos que a verdadeira disputa se dá na conquista de corações e mentes das massas com objetivo de posicioná-la em favor das teses de justiça social e compromisso com a luta pela superação do racismo.
26. A UNEGRO acredita na viabilidade de um espaço político capaz de galvanizar ideias, organizações e lideranças negras com representatividade e legitimidade para conduzir os rumos da luta contra o racismo, valorizando consensos, zelando pela unidade e formulando saídas para superação dos impasses econômicos, sociais e políticos que forçam a permanência da população negra nas franjas da sociedade.
27. Por isso, a UNEGRO assume o compromisso de envidar esforços na construção de um amplo processo de convergência das pautas políticas e das organizações do movimento negro, na perspectiva da consolidação de um polo hegemônico para impulsionar a luta política contra o racismo no Brasil, tal qual, ocorreu com a Frente Negra Brasileira/FNB (1932) e o Teatro Experimental do Negro/TEN (1945), Movimento Negro Unificado/MNU (1978) e a Coordenação Nacional de Entidade Negras/CONEN (1991) - em seus primórdios.
Balanço e perspectiva para UNEGRO
28. Do 4º Congresso Nacional da UNEGRO aos dias atuais foi um período de crescimento lento e gradual da Entidade, de modo que nos consolidamos como uma das maiores, mais coesas e influentes entidades do movimento negro brasileiro. Participamos entre os protagonistas das principais ações do movimento negro, respondemos adequadamente os desafios exigidos na luta contra o racismo, ampliamos nossa capacidade de interlocução no movimento negro e social, com o poder público e outras instituições politicas (partidos, fundações, organismos multilaterais, etc.).
29. Articulamos, com o movimento negro, audiências no Palácio do Planalto para defender reivindicações relacionadas à incorporação de negras e negros no altos cargos da gestão pública e nas estatais, além de levar medida para organizar o acompanhamento e controle da implantação das cotas no serviço público federal. Participamos das reuniões com a Presidenta Dilma e o movimento negro, bem como participamos de reuniões da Presidenta com os movimentos sociais em diferentes ocasiões. Sempre com pautas que enfrentam os principais gargalhos do racismo e atendam os interesses dos trabalhadores.
30. Articulamos setores expressivos do movimento negro para se posicionarem e agirem unitariamente contra a redução da maioridade penal, a perda do status de ministério da SEPPIR, fatos que produziram resultados positivos parciais, mas demonstraram que há maturidade no movimento negro para a construção de uma ampla convergência de agenda e pauta para ação unitária em 2016. Participamos da construção de duas reuniões, em Salvador e Porto Alegre onde balizaram os termos dessa ampla unidade. Há reconhecimento do papel fundamental que a UNEGRO joga para o sucesso desse delicado processo de costura de unidade em cenário histórico de diversidade, fato que aumenta nossa responsabilidade com os rumos da luta racial no Brasil.
31. Garantimos nossa participação nas grandes mobilizações nacionais provocadas pela tentativa de golpe à democracia e para exigir mais direitos aos trabalhadores e ao povo. Valorizando a compreensão de que é necessário o movimento negro incorporar bandeiras das lutas gerais dos movimentos sociais. Compomos o Conselho Deliberativo do Fórum Nacional de Democratização dos Meios de Comunicação – FNDC, principal espaço de luta contra o monopólio midiático. Compusemos, desde o inicio, o vitorioso processo de construção da Frente Brasil Popular, importante engenharia política responsável pela mais ampla unidade da esquerda brasileira desde a época de FHC. Além de acompanhar e compor a construção da Frente Povo Sem Medo, mais uma alternativa de articulação do movimento negro, nossa perspectiva nessas frentes é somar esforços para sedimentar uma sólida unidade dos movimentos sociais e suas frentes.
32. Reforçando nosso internacionalismo, participamos dos esforços dos movimentos sociais brasileiros na organização de todas as versões e atividades preparatórias do Fórum Social Mundial. Compomos os esforços da sociedade civil em incidir na integração continental, pressionamos o governo para garantir participação popular na consolidação do MERCOSUL e UNASUL, participamos das Cúpulas Sociais no Brasil, Venezuela, Uruguai e Paraguai dando um corte racial nas reivindicações da sociedade civil. Nossa participação assídua nas discussões sobre integração da América Latina resultou na eleição da UNEGRO para integrar o Fórum Permanente de Participação Popular da UNASUL, com isso, estamos entre as dez organizações nacionais que representam a sociedade civil brasileira nessa instância formal de participação da sociedade civil.
33. No diálogo com o poder público assumimos importantes conselhos de políticas públicas: Conselho Nacional de Igualdade Racial – CNPIR, Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE, Conselho Nacional de Saúde – CNS, Conselho Nacional de Direitos Humanos – CNDH e Conselho Nacional de Política Cultural - CNPC. Compomos o Comitê Técnico de Saúde da População Negra, Comissão de Acompanhamento de Implantação das Cotas nas Universidades Públicas Federais do Ministério da Educação e a Comissão Nacional de Enfretamento do Tráfico de Pessoas – CONATRAP, do Ministério da Justiça. Consideramos relativo sucesso em nossa tática, visto que esses espaços formais de controle social aumentam o alcance, responsabilidades e protagonismo da UNEGRO.
34. Apesar de vários pontos positivos elencados, responsáveis pelo fortalecimento da Entidade no movimento negro e social, há desafios não superados. No plano político precisamos aproximar mais a Entidade da juventude periférica e dos cotistas; nos posicionar cotidianamente diante dos fatos envolvendo racismo ou outros temas de interesse da população em geral; aprimorar a participação da UNEGRO nos órgãos de controle social; ajustar nossa presença nas Operativas Estaduais da Frente Brasil Popular; dialogar, filiar e abrir a Entidade para incorporar amplamente mais lutadores sociais (sindicalistas, feministas, LGBTs, intelectuais, líderes partidários, etc.); nos apropriar da discussão sobre cultura e garantir a presença da UNEGRO e sua militância nos espaços de cultura negra (escolas de samba, afoxés, clubes negros, irmandades, casas de matriz africanas, grupos de capoeiras, posses de hip hop, et.); mergulhar nas massas com objetivo de criar sentimento de pertencimento em ambas as partes e engajá-las na luta politica contra o racismo e por um projeto nacional que incorpore o povo como prioridade.
35. No plano organizativo precisamos estruturar uma direção mais enxuta e coesa, com compromisso, disponibilidade e condições de assumir tarefas; fortalecer as coordenações nos estados e conectá-las às ações nacionais; investir na formação dos quadros dirigentes, intermediários e da militância; organizar as finanças da Entidade com vista a liberar quadro para cuidar exclusivamente da Entidade, ter uma sede e profissionalizar a comunicação; aprimorar o protagonismo jovem e feminino.

Esse documento esta sendo debatido pela UNEGRO em todo pais...

No RJ foi tema de nossos debates nos municípios e nos coletivos de base e formação...
Plano de luta 2016 / 2020
Essa parte será construída nas plenárias estaduais e finalizada nos grupos de trabalho durante o Congresso.

Um afro abraço.

A DIREÇÃO.

fonte:www.unegro.org.br

Movimento Black onde começou -Desarmado e perigoso!

O mais antigo conhecimento do uso da expressão "Black Power" veio de um livro de
Richard Wright de 1954 intitulado "Black Power". O primeiro uso da expressão em um sentido político pode ter sido por Robert F. Williams, presidente da NAACP, escritor e editor da década de 1950 e 1960.

- A expressão "Black Power" foi criada por Stokely Carmichael, militante radical do movimento negro nos Estados Unidos, após sua vigésima sétima detenção em 1966. "Estamos gritando liberdade há seis anos. O que vamos começar a dizer agora é poder preto".

Black Power (em português: Poder negro) foi um movimento entre pessoas negras no mundo ocidental, especialmente nos Estados Unidos. Mais proeminente no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, o movimento enfatizou o orgulho racial e a criação de instituições culturais e políticas negras para cultivar e promover interesses coletivos, valores antecipadamente, e segura autonomia para os negros.
Ainda no rock, o tecladista Billy Preston, famoso por ter tocado com os Beatles, também aderiu ao movimento e passou boa parte dos anos 70 excursionando com um black power de dar inveja. Por fim pinçamos o nome da sul-africana Miriam Makeba, carinhosamente chamada de Mama Africa, que durante seu exílio nos Estados Unidos, adotou o black power. Ainda em 1970, o fenômeno da disco music ganhou espaço e liderado pelos negros, surgiu com força total e logo caiu nas graças do público, tendo sido o black power um dos principais ícones do movimento, destacado na cabeça de membros de grupos como o Earth Wind and Fire.Apesar de sair de moda nos anos 80, o afro voltou com força total no começo do século 21, mais uma vez amplamente difundido na música. A partir de 2000, Lauryn Hill e Lenny Kravitz e um pouco antes, a cantora Erykah Badu repescaram o fluxo da estética como mensagem de afirmação. Com o avanço dos anos, o estilou ganhou ainda mais força, e nomes como a baixista Esperanza Spalding e a cantora brasileira Anelis Assumpção foram exemplos da preferência aos cabelos naturais.

Na política, o carisma de líderes como Martin Luther King e Malcom X arregimentavam multidões. Os cabelos black power ditavam a moda, não como um estilo puro e simples, mas como a maneira encontrada para demonstrar o orgulho e a união da raça em todo o planeta. Na seara musical, a soul music surge como uma autêntica manifestação da cultura

negra e um dos ritmos que mais influenciou a música brasileira no início dos 70s. Quase 40 anos depois, a Som Livre lança a coletânea Soul Brasil, um retrato fiel da soul music no País, com gravações originais de artistas que entraram para a história musical brasileira.

Enquanto isso nas terras tupiniquim ...

Os anos 60 foram marcados pelo sentimento libertário e pela luta do movimento negro, nascido na América, e que não demorou para desembarcar no Brasil. Provavelmente, foi nesta década que o mundo conheceu o verdadeiro sentido da palavra consciência negra.

Desarmado e perigoso...
O subúrbio do carioca ferveu ao balanço da música negra em 1977. O gênero que fundia a soul music ao samba ganhava uma projeção inédita e transbordava e importava idéias: os artistas burilavam suas canções, enquanto os adeptos em geral se espelhavam na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos para combater o preconceito racial. O assédio das gravadoras, que buscavam seu quinhão black, transformava a música negra em uma arma prestes a disparar.

Era nesse clima vitorioso que Gérson King Combo aguardava no camarim do clube Magnatas o início do que prometia ser “o lançamento do movimento Black Rio”.

No ano anterior, ele havia levado cerca de 30 mil pessoas ao Portelão para dançar as

músicas de Volume I. Como de costume, chegou com seu Dodge Dart com bancos de veludo e hipnotizou a platéia com uma performance incendiária, que incluía os músicos da União Black e um funcionário exclusivo para pôr e tirar sua capa de “rei”. Dessa vez, entretanto, o empregado não teria trabalho.

“Estava tudo bem organizado, todos pareciam unidos naquele ideal black, da vestimenta à posição de enfrentamento”, lembra Zé Rodrix, que esteve no show. “Mas quatro camburões da Polícia Federal chegaram e colocaram todo mundo para fora com truculência. Não fiquei para ver o final...” A repressão ao show de Combo não era um fato isolado. Os órgãos da repressão estavam preocupados com o possível direcionamento político do movimento black. Em entrevista à Folha de S.Paulo de dezembro de 2001, o executivo da Philips André Midani confirmou o temor com o engajamento dos artistas negros. “Os militares achavam, com toda a razão, que, se um dia a favela fosse se politizar, se militarizar, era a revolução social neste país. Não sei quem inventou isso, mas se uma vez tive problema, foi quando alguém disse que eu recebia dinheiro do movimento black norte-americano para comandar a subversão nas favelas. Aí passei uns dias ruins.”

A incorporação dos artistas negros aos festivais, no início da década, já havia sido conturbada. E dias ruins quem viveu de fato foi Erlon Chaves, que subiu ao palco para defender “Eu Também Quero Mocotó”, ao lado de sua Banda Veneno, no FIC de 1970. Como parte da performance, duas garotas loiras surgiram no palco e os três se beijaram na boca. Foi o suficiente para Chaves ser preso e torturado pelo Dops. Curiosamente, o mesmo FIC revelou Toni Tornado com “BR-3”. Chaves ainda faria arranjos em Ela (1971), disco de Elis que continha “Black Is Beautiful”, mas nunca mais exibiu a mesma confiança profissional. Tornado também foi alvo de investigações da polícia, que temia que ele disseminasse um movimento semelhante ao dos Panteras Negras – também pesou o namoro com a atriz branca Arlete Sales.

Em 1974, no lançamento de um disco da equipe Soul Grand Prix pela WEA (gravadora criada no Brasil por Midani), um comando da polícia invadiu o Guadalupe Country Clube, no Rio de Janeiro. Portanto, a repressão policial fazia parte da realidade dos nossos funk soul brothers desde sempre. Cabelos black power e sacolas de discos eram revirados à procura de drogas quando se ia ao Clube Renascença e ao Canecão, onde ocorriam os Bailes da Pesada de Ademir Lemos e o DJ Big Boy. Mas, então, não havia uma preocupação formalizada dos militares. A música negra até meados dos anos 70 ia do suingue de Bebeto ao easy listening de Ed Lincoln, passando por Orlandivo, Franco e, claro, o samba-rock de Jorge Ben. A posterior conscientização do subúrbio carioca é que começou a incomodar os órgãos de repressão.

Primavera blackA Phonogram tinha dois tradutores do soul: Tim Maia e Cassiano. Desde 1968, Tim difundia o gênero. Após a viagem mística de sua fase “Racional”, estava de volta ao mercado secular. A sonoridade daqueles renegados álbuns fora extremamente influente na passagem da soul music para o funk. Cassiano privilegiou a suavidade em seus arranjos, conseguindo êxito com “Primavera”. Em 1976, ele estava com Cuban Soul e a pérola “A Lua e Eu” nas mãos. A Polydor cuidava de Gérson Combo e União Black, cujo álbum saiu em 1977.

Diluição-Diferentemente da tropicália, os artistas negros tornaram-se subversivos por exibir orgulho de sua cultura e cor. Não pretendiam, necessariamente, se víncular à luta armada ou, apesar da importação de valores, aos Panteras Negras. Gérson disse que “na época da ditadura era um radical sem consciência”. Pára-quedista, ele viu Caetano e Gil presos no Realengo, em 1968, mas, como definu “cabeça de soldado é feita para obedecer”.

A musicalidade era o ponto de convergência daquela geração e a influência estrangeira surgiu como uma opção à MPB, que não oferecia canais para ela se expressar. Como escreveu Ana Maria Bahiana no Jornal da Música, os blacks “acreditavam que o samba tinha capitulado aos brancos e era coisa de turista”.

Seja como for, a ação repressiva surtiu efeito neutralizador. “Todos recuaram, a proposta black ficou descaracterizada e a consciência, perdida”, acredita Zé Rodrix. Já em 1978, muita coisa mudou. Tim Maia preferiu mergulhar nas discotecas com “Sossego” (título sugestivo). Jorge Ben deu uma guinada para um som mais dançante e menos atrelado à poesia de subúrbio em A Banda do Zé Pretinho. Dom Beto buscou Lincoln Olivetti para lançar Nossa Imaginação desatrelado do movimento. Gérson, depois de Volume II, passou

anos no ostracismo até ser resgatado pela geração hip hop. Seu discurso não resistiu às novas regras do mercado, que, mesmo com o fim do AI-5, redirecionaria os artistas para a disco music, que considerava uma vertente de fácil manipulação e maior potencial de venda. As equipes de som tiveram de buscar no miami bass as sementes do funk carioca. O ímpeto e a atitude original se esvaíram. A cabeça (pensante) do movimento adormeceu e, a partir do advento da discoteca, a música black dirigiu o foco para os quadris para “dançar bem, dançar mal, dançar sem parar”.

"Hoje, parte dos jovens negros assimilam a expressão "Black Power" a um estilo de cabelo ... O histórico e político que existe para a criação da expressão é resistência,cultural  contra o sistema."


São quase 70 anos na luta da afirmação de estética como identidade na diáspora, em que o cabelo e sua naturalidade sobressaem aos padrões de beleza ocidentais para se afirmar como instrumento de resistência e cultura. Nesse contexto, seja na política ou nas artes, o black power foi e é um símbolo que transcende as fronteiras da beleza e significa para o negro o resultado da luta de seus antepassados e também a determinação em manter viva a identidade de quem lutou pelos seus direitos. Na busca de direitos, cabelo é identidade e é também um símbolo de respeito.

Lançar os cabelos cacheados no plano daquilo que é “diferente”, “exótico”, abre espaço para uma tolerância passageira...

-Mais, que pode até durar algumas estações sera? eu duvido...
Aliás, esse espaço é bem pequeno. Aparentemente, nele só cabem os ondulados (perfeitamente desarrumados?!) e cacheados definidos. 
Os cabelos crespos continuam na outra ponta, pouco representados, ainda...
- Esta aberto o fraterno debate...

Um afro abraço.


Claudia Vitalino.

fonte:www.parana-online.com.br/super.abril.com.br/cultura/www.afreaka.com.br/.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Origem que se tem noticia da capoeira : De luta proibida a esporte nacional.

Raízes africanas -     A história da capoeira ficou conhecida no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escravizada africana foi muito utilizada
no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravizados vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, comemorar a iniciação dos jovens à vida adulta com uma cerimônia chamadan'golo (que significa "zebra" em quimbundo). na África, faziam muitas danças ao som de músicas. Durante a cerimônia, os homens competiam numa luta animada pelo toque de atabaques em que ganhava quem conseguisse encostar o pé na cabeça do adversário.      O vencedor tinha o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens que estavam sendo iniciadas à vida adulta.Com a chegada dos invasores portugueses e a escravização dos povos africanos, a capoeira foi introduzida no Brasil.

No Brasil - Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando

fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.
Os senhores de engenho proibiam os escravizados de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os

escravizados utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escrizados brasileiros.

-A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.

Três estilos da capoeira ou capoeiragem.
É uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. Desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas...

A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela
mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.

Etimologia
Existem duas possibilidades comumente aventadas para se explicar a origem do termo "capoeira":
derivaria do cesto homônimo utilizado pelos escravos para transportar as aves capadas até os mercados onde elas seriam comercializadas: os escravos, no caminho até os mercados, se distrairiam com movimentos de luta, originando, assim, a denominação "capoeira" para os movimentos praticados; derivaria do termo tupi kapu'era, que significa "o que foi mata", através da junção dos termos ka'a ("mata") e pûera ("que foi". Refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil onde era praticada agricultura indígena. Acredita-se que a capoeira tenha obtido o nome a partir destas áreas que cercavam as grandes propriedades

rurais de base escravocrata. Capoeiristas fugitivos da escravidão e desconhecedores do ambiente ao seu redor frequentemente usavam a vegetação rasteira para se esconderem da perseguição dos capitães do mato.

Você sabia?
     -  Em 26 de novembro de 2014, durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), declarou a roda de capoeira como sendo um patrimônio

imaterial da humanidade. De acordo com a organização, a capoeira representa a luta e resistência dos negros brasileiros contra a escravidão durante os períodos colonial e imperial de nossa história.

Se liga:    Hoje em dia, a capoeira se tornou não apenas uma arte ou um aspecto cultural, mas uma verdadeira exportadora da cultura brasileira para o exterior. Presente em dezenas de países em todos os continentes, todo ano a capoeira atrai ao Brasil milhares de alunos estrangeiros e, frequentemente, capoeiristas estrangeiros se esforçam em aprender a

língua portuguesa em um esforço para melhor se envolver com a arte. Mestres e contra-mestres  respeitados são constantemente convidados a dar aulas especiais no exterior ou até mesmo a estabelecer seu próprio grupo. Apresentações de capoeira, geralmente administradas em forma de espetáculo, acrobáticas e com pouca marcialidade, são realizadas no mundo inteiro.

- É comemorado em 3 de agosto o Dia do Capoeirista.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:www.suapesquisa.com/www.copacabanarunners.net/https://pt.wikipedia.org/wiki/

quarta-feira, 11 de maio de 2016

13 de Maio: Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo

O dia 13 de maio é considerado o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo,
data em que foi assinada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 1888.
O Dia da Denúncia contra o racismo mostra o lado cruel da sociedade. É a manifestação de inconformismo com o racismo estruturante da sociedade brasileira. E nós cristãos/ãs (ou não) somos chamados/as a ser voz profética contra este mal que está incorporado na nossa cultura, conforme a orientação de Paulo em Romanos 12.2:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos renovando a vossa mente a fim de poderes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito”. Indignar-se é uma atitude própria das pessoas sensíveis às injustiças.
O racismo existe como instrumento de dominação de um grupo sobre outro/os por meio da desvalorização a partir da aparência física. É uma ideologia que foi construída durante os séculos XVIII/XIX na Europa e disseminada pela elite intelectual e política brasileira no final do século XIX e início do século XX.
A ideia central era de superioridade de um grupo humano, no caso os arianos (brancos, loiros, de olhos azuis) sobre os demais grupos, tendo na outra extremidade de uma escala de valores, os povos indígenas, africanos, como atrasados, feios, inferiores mental, moral e espiritualmente. Estes eram considerados raças inferiores.
Também foram forjadas as falsas teologias europeias, durante os séculos da escravização, as quais consideravam que negro não tinha alma, que a África era o inferno, que as crenças e

valores dos povos africanos eram do Mal, e, promoveu a invisibilidade da África e africanos no contexto bíblico erroniamente interpretado para justificar o dominio de um povo a outro... Hoje vivemos na ambiguidade: a ciência tardiamente comprovou o que já era óbvio, que somos uma raça humana. Mas as desigualdades raciais, os preconceitos e discriminações permanecem como se existissem várias raças.

Votando...
A Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. A lei marcou a extinção da escravidão no Brasil, o que levou à libertação de 750 mil escravos não legais (restantes), a maioria deles trazidos da África pelos portugueses.



Censo de Justiça? - O principal objetivo dos contratos de locação de serviço era o agenciamento de trabalhadores livres a um baixo custo. Pessoas livres e pobres também locavam seus trabalhos. Contudo, no caso dos libertandos, o custo do trabalho contratado era ainda mais baixo. O desejo de abandonar a escravidão fazia com que estes trabalhadores acabassem concordando, ao menos formalmente, com condições de trabalho desvantajosas. Contrariados, muitas vezes eles contestavam estes contratos na justiça e se recusavam a cumpri-los, denunciando o domínio excessivo de seus credores.


Mais...
 -  Observando todos esses fatos que marcam o fim da escravidão no Brasil, ocorreu de modo lento. Da lei Eusébio de Queirós até a Lei Áurea passaram-se quase quarenta anos. Ao mesmo tempo, as leis aprovadas nesse meio tempo eram de impacto lento ou muito tímido. Por fim, vemos que a lei que encerra a exploração da força de trabalho dos negros não falava sobre os desafios e problemas que essa grande parcela da população enfrentaria a partir daquele momento.

Nossos passos vem de longe.
Na verdade, os escravizados já estavam mobilizados em torno desta causa havia muitos anos. Um dos primeiros ícones da luta pela libertação dos escravos, considerado o mais importante até hoje, foi o movimento do Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi dos Palmares.

É compromisso de todo mundo lutar por um mundo mais justo, e está incluída aí a justiça racial. Afinal, além de sofrer com as desigualdades sociais, a população negra sofre também com o maior câncer da sociedade brasileira: o racismo.
"Representa o grito sufocado dos negros. Mas ainda há muitos desafios, estamos longe do ideal. Pobreza tem cor e não é por acaso”
Hoje o país acompanhou não a muito tempo as declarações de um Parlamentar do Rio de Janeiro, que em um programa de TV afirmou que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays, porque “foram muito bem educados”, relacionando a relação entre brancos e negros com “promiscuidade. Na mesma semana outro deputado, desta vez um de São Paulo, usou o twitter para dizer que “os africanos são amaldiçoados”.
"Infelizmente as palavras destes parlamentares racistas soam apenas como versão em prosa e verso de uma dura realidade que mais 127 anos após a abolição, persiste: a morte física, cultural e simbólica de negras e negros".

Vivemos uma cultura racista que se expressa de forma natural em todas as áreas: nas relações pessoais, grupos, espaços públicos, escolas, igrejas, etc..: Preto/a tem que se colocar

no seu lugar ( inferior); o pecado é preto; quero ser mais alvo que a neve; e os negros batalhões? Ele/ela é negro/a (preto/a), mas até que é bonito/a; é um preto/a de alma branca... E a lista negra? E o denegrir, fazer negrice? E o cabelo ruim? As manifestações racistas são públicas, explícitas, mascaradas, sutis; são conscientes e inconscientes.
Outro caso de conhecimento publico foi da estagiária em uma renomada universidade de São Paulo que processou a instituição por sentir-se vítima de racismo pela forma como foi advertida por causa de seu penteado - cabelo (crespo), solto, estética afro. Mas, esta chefia diz que não é racista, e que a questão é apenas disciplinar: obrigatoriedade de usar cabelos presos. Seu cabelo incomodou.

Se liga:“Nenhuma sociedade do mundo deixou uma etnia quase 400 anos escravizada e resolveu apenas com a assinatura de um papel chamado de Lei Áurea. A desigualdade é o fruto da perversidade dos sucessivos partidos políticos que nada ou muito pouco fizeram para compensar o povo negro nestes quatro séculos de escravidão e exclusão.

O racismo violento que tem crescido é o racismo religioso, ou a intolerância religiosa, contra as religiões de matrizes africanas por parte de evangélicos. A teologia racista, uma das colunas de sustentação do racismo anti-negro/a ainda prevalece no contexto das igrejas que reproduzem a ideia de que as crenças, a espiritualidade, os valores culturais africanos são relacionados com o demônio e com o diabo. 

A mídia tem noticiado com frequência casos de violência praticada pelo "radicalismos de certos evangélicos" contra

seguidoras/es destas religiões, o que tem gerado separações familiares doenças e mortes...
 E muitas vezes nossos preconceitos são maiores que nosso amor, que o senso de justiça e  igualdade...
Neste dia de  reflexão devemos lembrar todos nos da especie humana merecem respeito carinho ou atenção, independentemente da cor da sua pele,raça e crédulo. Isto significa que você deve tratar bem á todos , não importa se ele é não negro, caucasiano , negro, índio ou oriental.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.uneb.br/www.ebc.com.br/

sexta-feira, 6 de maio de 2016

UNEGRO - RJ Realiza seu primeiro modulo do Curso de Formação política: Lutas na Diáspora.

As perspectivas que temas que serão analisados a luta do mundo do trabalho, em defesa da nossa inclusão nas universidades, em defesa dos direitos humanos da população negra, para as mulheres, para a juventude negra, para as religiões de povos tradicionais de matriz africana, para as comunidades tradicionais de quilombos, enfim, para o conjunto das principais frentes de vivência da nossa condição de negras e negros nessa sociedade.

Curso Estadual de Formação (Módulo I), destinada aos militantes e quadros da Unegro do estado do Rio de Janeiro, com vistas a preparar melhor ideologicamente os militantes antirracistas, da organização para os embates políticos do movimento negro. O Curso Estadual de Formação (Módulo I), realizado neste final de semana foi uma decisão política

da Direção Estadual, e faz parte do calendário anual da UNEGRO RJ, quando foi elaborada a agenda de ações da entidade. A Formação do Povo Brasileiro e a Construção na Nossa Identidade Nacional na Luta Antirracista que terá a presença do presidente nacional de nossa entidade Edson França, historiador, num dialogo entre militante, pensadores e acadêmicos , a temática antirracista tais como racismo, raça, discriminação, etnia, etnocentrismo entre a militância social negra e que, incompreendidas acabam desarmando os argumentos travados na luta cotidiana. Acreditamos que teremos neste primeiro modulo rico em conteúdo para fortalecer e qualificar a militância da Unegro no combate ao racismo e trabalhar força nossas trincheiras aos que acham nos negros e minorias naturalmente inferiores ao grupo a qual ele pertence.

Os racistas criam argumentos consistentes para justificar o ato do racismo cientificando teses como a classificação hierárquica das raças constatando, de acordo com França, a superioridade biológica, intelectual e cultural do branco sobre as outras raças, além de verificarem que as diferenças raciais são causas de habilidades, direito ao uso do espaço físico, divisão do trabalho, papel social, vocação e desenvolvimento diferentes, colocando negros e negras na base da cadeia biológica humana, comparável a um animal. Outro tema importante, abordado no curso da Unegro,

diz respeito ao acúmulo de conquistas do Movimento Negro contemporâneo brasileiro que, a partir de ações acordadas coletivamente, conseguiram destruir a falácia da “democracia racial” no Brasil.

A nosso grito de luta:


REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Escreva-se e Filie-se.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Divindade por acaso :Hailé Selassié...

Graças à globalização digital, vamos descobrir, pois, não existe nada escondido, que não venha a ser revelado, ou oculto, que não venha a ser conhecido (Lucas 12:2). Que a verdade seja exaltada! para glória do criador! e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8:32).

Hailé Selassié: divindade por acaso
Uma profecia influenciou um dos maiores movimentos raciais do século 20 e gerou uma religião que cultuava um rei tirano e carismático. Conheça a saga dos rastafáris e de seu deus, Hailé Selassié I, imperador sanguinário da Etiópia

Felipe Van Deursen 
Uma das grandes armas do cristianismo para angariar fiéis é a linguagem cheia de simbologias da Bíblia, usada para conquistar classes oprimidas. Mas em poucos lugares essa identificação foi tão longe como na Jamaica. Na antiga colônia britânica, os escravos africanos tinham uma liberdade religiosa maior que seus semelhantes nas colônias espanholas e portuguesas. E, no meio de práticas como magia negra e ritos africanos diversos, o ex-escravo George Liele apresentou aos negros a Bíblia e as histórias de dor e privação do Antigo Testamento - metáforas claras do sofrimento imposto àqueles homens longe de sua terra natal. Era 1774 e nascia a primeira igreja batista na ilha, com uma corrente de negros cristãos dos Estados Unidos, que viam o Chifre da África como um dos berços do cristianismo: o etiopianismo.

Mais de 140 anos depois, um jamaicano, convicto de que os negros do mundo todo só teriam mais liberdade se estivessem unidos, criou em Nova York, em 1916, a Unia (Universal Negro Improvement Association, "associação universal para o progresso negro", em inglês). Seu nome era Marcus Garvey e, bom orador que era, somaria 1 500 seguidores em dois meses. Um número irrisório perto dos estimados 4 milhões que apoiariam, em 1921, a convenção

internacional liderada por ele para a criação de um Estado negro único. Líderes de 25 países participaram do encontro, mas logo a elite dos Estados Unidos o colocou na cadeia. Ficou preso dois anos, foi deportado para a Jamaica e, em 1927, de líder negro, Marcus Garvey virou profeta de uma nova religião. "Olhem para a África", disse. "Quando um rei negro for coroado, a redenção estará próxima."

Não demorou mais que três anos. Em 1930, um nobre africano negro foi coroado imperador da Etiópia. Para os seguidores de Garvey, o sinal era óbvio. O novo rei havia adotado o nome Hailé Selassié I ("poder da Santíssima Trindade" em amárico, língua etíope) e títulos tradicionais da Igreja cristã etíope, como Rei dos Reis e Leão Conquistador das Tribos de Judá. Trechos da Bíblia atestavam, a profecia se cumpria, chegava o redentor negro. Surgia a religião que tinha em Selassié I nada menos do que Deus. O nome de batismo do imperador inspirou o do novo culto: Ras ("príncipe") Tafari Makonnen.

Hailé Selassié era Deus para os rastafáris por causa da profecia. "O rastafarianismo servia para dizer que ter origem africana não significava pertencer a uma raça de escravos, mas a um povo orgulhoso com uma história mais antiga que a de todas as nações europeias, inclusive a grega. Mesmo se Selassié não fosse coroado em 1930, o rastafarianismo teria surgido, não importa o termo que fosse usado", afirma Paulos Milkias, especialista canadense em História recente da Etiópia. Para a Etiópia, uma das nações mais antigas do mundo, Selassié ganhou aura divina por ser coroado imperador e descender diretamente de Salomão, rei de Israel por volta de 1000 a.C.

Leão de Judá
Tafari Makonnen nasceu em 1892 no nordeste da Etiópia. Aos 38 anos, tornou-se rei. O grande desafio de Selassié nos anos 30 foi Benito Mussolini, que invadiu a Etiópia em 1935. Os etíopes resistiram, mas o imperador se exilou na Inglaterra nos anos de guerra, o que, segundo um dos funcionários do palácio real entrevistados pelo polonês Ryszard Kapuscinski no livro O Imperador, o deixou com complexo de inferioridade em relação aos líderes guerrilheiros. Selassié voltou ao trono após os ingleses terem ajudado a expulsar os italianos, em 1941. Isso afetou diretamente a opinião do profeta jamaicano sobre o líder. Garvey, em 1937, escreveu em um artigo: "Todo negro orgulhoso de sua raça deve ter vergonha da maneira como Hailé Selassié se rendeu aos lobos brancos da Europa". Mas, para os devotos rasta, o editorial fez pouca diferença.

Analfabetos etíopes se endividavam para pagar um escriba que levasse ao rei seus lamentos e desejos. Uma simples troca de olhares com ele, dizia-se, enchia as pessoas de esperança. Inteligente e astuto, Selassié sentia a necessidade de evidenciar isso no palácio real. Para tanto, privilegiava os cargos de maior confiança para os despreparados e ignorantes. Não fazia a menor questão de competência, bastava que fossem fiéis. Fechava os olhos para a corrupção e com frequência a incentivava.

O rei era muito centralizador. "Qualquer despesa acima de 10 dólares precisava ser aprovada pessoalmente por ele", disse uma das fontes ouvidas por Kapuscinski. O jornalista

entrevistou, nos anos 1970, vários funcionários do governo: empregados como o secador de sapatos, o porta-toga oficial, camareiros, porta-bolsas, carregadores de presentes e guarda-cães, além do colocador de almofadas.

Como Selassié era um homem miúdo, havia a necessidade de, em reuniões e viagens oficiais, um funcionário se antecipar ao imperador quando ele fosse se sentar. "Eu possuía um conhecimento especializado (…). Era capaz de escolher com rapidez e eficiência a almofada adequada", disse o lacaio, que esbanjava um portfólio com 52 almofadas diferentes. "Nosso amo não podia viajar sem mim. Se sua dignidade exigia que ele se sentasse em tronos, ele não podia fazer isso sem ter sob os pés uma almofada, e eu era seu ‘colocador’."

Viagem ao Brasil
O imperador rodou o mundo à procura de parcerias para implantar seu projeto de modernizar a Etiópia. Viajou tanto que a imprensa (estrangeira, pois a local era fraca e submissa) o criticava muito por isso. Em 1966, ao visitar a ilha onde surgiu a religião que leva seu nome, ele se assustou com a multidão de jamaicanos, chegando a negar sua divindade (veja quadro à esq.). Anos antes, em 1960, Selassié viajou para o Brasil, onde se reuniu com o presidente Juscelino Kubitschek na recém-fundada Brasília, mas teve que voltar correndo para sua
capital, Adis-Abeba, quando explodiu um golpe contra ele. Os líderes rebeldes foram massacrados, e a maior parte da população, apesar da fome e miséria crônicas, permanecia leal a Selassié. No entanto, estudantes, professores e militares estavam cada vez mais insatisfeitos com a modernização que nunca vinha e a corrupção desenfreada. Na montanhosa e escaldante Etiópia, os ventos começavam a mudar de lado. Em 1974, militares tomaram o palácio imperial. Era o fim dos 44 anos de poder de Hailé Selassié.

O golpe não afetou o caráter divino de Selassié, nem para os etíopes, nem para os rastafáris. Preso em um dos palácios do império, ele ainda era tratado como um deus, até pelos soldados que o depuseram. Sua rotina cheia de protocolos continuava a mesma, e ele queria saber notícias da revolução, que instaurou uma nova e sangrenta ditadura. Enquanto isso, o rastafarianismo chamava atenção no mundo todo graças a uma propaganda poderosa, o reggae, e a Bob Marley, que se tornava pop star.

O visual rasta tornava-se conhecido, com seus cabelos jamais cortados, toucas, alimentação vegetariana e, principalmente, o consumo de maconha, que, assim como todos os hábitos rasta, são interpretações de trechos da Bíblia. A erva é considerada a hóstia rasta, um sacramento que permite interagir com o Senhor dos Senhores, Hailé Selassié I, o sanguinário imperador da Etiópia - o qual, por sua vez, nunca colocou um baseado na boca. •

Jah chegou!
O deus dos rastafáris teve medo de desembarcar na Jamaica
Cerca de 100 mil pessoas aguardavam sob a chuva que caía no aeroporto de Kingston a chegada de Hailé Selassié I à Jamaica, em 20 de abril de 1966. Rastas batucavam e sacudiam bandeiras etíopes enquanto fumavam maconha em um cálice especial. Quando o avião pousou, a chuva cessou. Assustado, Selassié se recusou a sair até que lhe garantissem segurança. "Naquele dia disse a meu chefe que não ia trabalhar porque meu Deus vinha",
afirma Ras DaSilva ao repórter americano Chris Simunek no livro Paraíso na Fumaça. Seu amigo Ras Campbell se encontrou com Selassié em um evento que reuniu líderes rasta com o imperador. "Eu segurei a mão de Sua Majestade. Foi como se eu pusesse o dedo na tomada e sentisse as vibrações elétricas. Não consegui ver o branco e o preto, só a profundidade do espaço", diz. Mas o imperador não demonstrou interesse pelo rastafarianismo. Chegou a convidar os jamaicanos a ingressar no cristianismo etíope. Três meses depois de Selassié ter deixado o Caribe, a polícia pôs abaixo o maior assentamento rasta de Kingston, deixando centenas deles sem teto, incluindo Campbell.



Um afro abraço.

fonte:aladebaianas.com.br/guiadoestudante.abril.com.br

terça-feira, 26 de abril de 2016

2016 - 1º de Maio:Trabalhador negro e o valor da divercidade...

Apesar de constituir quase metade da população brasileira, os afro-brasileiros são sub-representados nas empresas, em particular nos altos escalões.

Racismo no Brasil: negros ganharam 57,4% do salário dos brancos em 2013

Pesquisa de emprego do IBGE revela que negros ganharam, em média, pouco mais da metade dos brancos em 2013.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do resultado de sua pesquisa de emprego. Um dos resultados apontados pela pesquisa revela que trabalhadores de cor preta ou parta ganharam, em média, muito menos do que os indivíduos de cor branca no Brasil em 2013.

Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. Em termos numéricos, estamos falando de uma média salarial de R$ 1.374,79 para os trabalhadores negros, enquanto a média dos trabalhadores brancos ganham R$ 2.396,74.
Algumas empresas no Brasil estão desenvolvendo iniciativas em favor da diversidade que visam à inclusão de afrodescendentes, entre outros grupos historicamente discriminados, no mercado de trabalho. 

"Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que um trabalhador negro recebe em média um salário 36,1% menor que o de um não negro, independentemente da região onde mora ou de sua escolaridade. Segundo o estudo, a diferença salarial e de oportunidades de trabalho são ainda maiores nos cargos de chefia".


Se liga:    Durante os anos 90, a globalização, o multiculturalismo, e o movimento pela responsabilidade social empresarial provocaram mudanças sobre como pensarmos e agirmos diante uma sociedade e um mercado cada vez mais diversos. No Brasil, esses desenvolvimentos junto às reivindicações do movimento negro e do movimento sindical colocaram em pauta as questões de discriminação e diversidade raciais e geraram um diálogo nacional em torno delas. As instituições públicas, privadas e as do terceiro setor
começaram a assumir o desafio de diminuir a discriminação racial e ao mesmo tempo procurar maneiras de abraçar a diversidade racial que caracteriza o país.

Surgiram ações afirmativas na forma de cotas raciais em algumas universidades e alguns Ministérios, estimulando ainda mais o debate. As empresas não podiam ficar fora da discussão por muito tempo e começaram a tomar medidas em resposta às cobranças da sociedade e/ou em função da disseminação de políticas e práticas de diversidade, oriundas de suas matrizes localizadas em países estrangeiros.

A pesquisa 'Os negros nos mercados de trabalho metropolitanos' foi feita nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e
São Paulo. O estudo destaca que a desvantagem registrada entre a remuneração de negros e não negros é pouco influenciada pela região analisada, horas trabalhadas ou setor de atividade da economia.

“Em qualquer perspectiva, os negros ganham menos do que os brancos”, avalia a economista Lucia Garcia, coordenadora de pesquisa sobre emprego e desemprego do Dieese, em entrevista à Globo News. "


O que observamos é que a progressão na educação melhora a educação da população negra, mas não extingue a desigualdade. Encontramos mais desigualdades no ensino superior completo." A pesquisadora mostra que nas áreas metropolitanas, os negros correspondem a 48,2% dos ocupados, mas, em média, recebem por seu trabalho 63,9% do que recebem os não negros. Entre os trabalhadores com nível superior completo, a média de rendimentos por hora é de R$ 17,39 entre os negros, e de R$ 29,03 entre os não negros .

'O trabalhador negro encontra dificuldades ao longo de toda a sua vida profissional
", avalia a pesquisadora. "


Desde o momento de conseguir um emprego até nas oportunidades para progredir na carreira.' Segundo a pesquisa do Dieese, na Região Metropolitana de São Paulo, enquanto 18,1% dos trabalhadores não negros alcançam cargos de direção, apenas 3,7% dos negros atingem esta função de chefia.A pesquisa aponta ainda que os negros se concentram nas ocupações de menor prestígio e valorização como pedreiros, serventes, pintores, caiadores e trabalhadores braçais na construção, faxineiros, lixeiros, serventes, camareiros e empregados domésticos.

-O Dieese diz que as políticas de ação afirmativa como as cotas raciais nas universidades ajudam a dar mais oportunidades de trabalho e estudos para a população negra, mas será necessário a criação de cotas nas empresas para que este público seja efetivamente atendido.

Mas há que acreditar que enfrentar essas dificuldades e frustrações vai valer a pena. Apostar na diversidade, e especificamente na diversidade racial, é contribuir para uma sociedade mais justa e uma economia mais competitiva. Parabenizo essas treze empresas que estão caminhando nesse sentido. Tomara que minha pesquisa contribua para o aperfeiçoamento e expansão das suas iniciativas e inspire outras empresas a abraçarem o valor, tanto ético como econômico, da diversidade.

Um afro abraço.
fonte:g1.globo.com/.../11/trabalhador-negro-www.scielo.br/scielo.php?script\ttps://umhistoriador.wordpress.com/

sábado, 23 de abril de 2016

Mesmo já tendo passado a data a origem do Dia das Mães...

Introdução:       No Brasil, o Dia das mães é comemorado sempre no segundo domingo de maio (de acordo com decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas). É uma data especial, pois as mães recebem presentes e lembranças de seus filhos. Já se tornou uma tradição esta data comemorativa. Vamos entender um pouco mais sobre a história do Dia das Mães.

História do Dia das Mães
Encontramos na Grécia Antiga os primeiros indícios de comemoração desta data. Os gregos prestavam homenagens a deusa Reia, mãe comum de todos os seres. Neste dia, os gregos faziam ofertas, oferecendo presentes, além de prestarem homenagens à deusa.

Os romanos, que também eram politeístas e seguiam uma religião muita parecida com a grega, faziam este tipo de celebração. Em Roma, durava cerca de 3 dias ( entre 15 a 18 de março). Também eram realizadas festas em homenagem a Cibele, mãe dos deuses.

-Porém, a comemoração tomou um caráter cristão somente nos primórdios do cristianismo. Era uma celebração realizada em homenagem a Virgem Maria, a mãe de Jesus.
Mas uma comemoração mais semelhante a dos dias atuais podemos encontrar na Inglaterra do século XVII. Era o “Domingo das Mães”. Durante as missas, os filhos entregavam presentes para suas mães. Aqueles filhos que trabalhavam longe de casa, ganhavam o dia para poderem visitar suas mães. Portanto, era um dia destinado a visitar as mães e dar presentes, muito parecido com que fazemos atualmente.

O dia das mães começou no início do século XX, inspirado na jovem norte-americana,

Annie Jarvis. Ela entrou numa profunda depressão, após a morte de sua mãe. Os amigos, muito preocupados com o sofrimento da jovem, tiveram a ideia de fazer durar para sempre a lembrança de sua querida mãe, através de uma festa que aconteceria ano após ano.
- Annie pediu que a homenagem também fosse destinada a todas as mães do mundo, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração do Dia das Mães se espalhou por todos os Estados Unidos.

No ano de 1914, o presidente dos Estados Unidos Thomas Woodrow Wilson oficializou o dia 9 de Maio.

Outro registro relacionado ao Dia das Mães está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era

chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cake”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872, pela escritora Júlia Ward Howe, autora de O Hino de Batalha da República.

No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Em Portugal, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro domingo de Maio.

 A enciclopédia livre Wikipédia mostra que existe uma diferença de datas de comemoração do Dia da Mãe em muitos países, apesar do sentido ser o mesmo: homenagear a mamãe e

também vender produtos. 

Veja abaixo a relação de países e datas da comemoração:
 Datas fixas

3 de março: Geórgia.
8 de março: Albânia, Rússia, Sérvia, Montenegro, Bulgária, Romênia, Moldavia, Butão.
21 de março: Egito, Síria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait.
7 de abril: Grécia
10 de maio: México, Guatemala, Bahrein, Hong Kong, Índia, Malásia, Qatar, Singapura.
15 maio: Paraguai
26 maio: Polônia
27 de maio: Bolívia, República Dominicana
12 de agosto: Tailândia (Aniversário da rainha Mom Rajawongse Sirikit)


15 de agosto: Bélgica e Costa Rica (Dia de Atención De Maria)
8 de dezembro: Panamá
Dias variáveis no mês

Segundo domingo de fevereiro: Noruega.
Primeiro domingo de maio: Portugal, Lituânia, Hungria, Cabo Verde, Espanha, Moçambique, Angola.
Segundo domingo de maio: África do Sul, Austrália, Bélgica, Brasil, China, Dinamarca, Alemanha, Estônia, Finlândia, Grécia, Itália, Japão, Canadá, Cuba, Países Baixos, Nova Zelândia, Áustria, Peru, Suíça, Formosa, Turquia, EUA, Venezuela.
Último Domingo de Maio: França (se coincide com Pentecostes, é transferido para o primeiro domingo de Junho), Suécia.
Terceiro domingo de outubro: Argentina, Bielorrússia.
Início do mês de outubro: Índia.
Dias variáveis no ano

Primeiro dia da primavera: Palestina, Líbano.
2 semanas depois do Natal: Iugoslávia.
Curiosidades

A data de comemoração do dia das mães mais antiga faz parte da mitologia. Na Grécia

antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a mãe dos deuses.
Em Israel, abandonaram a comemoração do Dia das Mães. Em seu lugar preferem comemorar o Dia da Família. A comemoração acontece anualmente no mês de fevereiro.


Maternidade na literatura africana: Mãe África Na cultura africana, a maternidade ocupa um lugar de honra e é a mais alta expressão da condição feminina. A literatura e a narrativa africanas, por isso, centram-se no tema pela mão de uma geração nova de escritores que examinam as bases antropológicas e culturais da maternidade e aprofundam o impacto das personagens maternas em África.

Mãe poderosa

Tanto na literatura como na vida temos visto que a mãe africana é poderosa, mas, quando a maternidade é vivida de forma obsessiva e exclusiva, acaba por transformar estas mulheres em vítimas.


 Existe ainda outra manifestação mais extrema da associação entre maternidade e poder, designada por Carol Boyce Davies como «mãe suprema», representação simbólica da tradição presente nas obras do escritor nigeriano Chinua
Achebe.

O nome mais frequente em ibo para a mãe é Nneka, que significa «mãe é suprema». Na novela de Achebe.

 Quando Tudo se Desmorona (Lisboa: Mercado de Letras, 2008) sugere-se que, para sobreviver num futuro tão diferente do mundo tradicional, devem combinar-se  as qualidades masculinas e femininas de maneira harmoniosa: Okonkwo, protagonista desta novela, não aceita, todavia, este respeito tradicional pela mãe, pelo que padecerá consequências nefastas.

Um afro abraço.

fonte:www.esoterikha.com/www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/

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