UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 28 de março de 2016

Nossa historia:Filho de ex escrava vira Doutor...

Veridiano Farias, filho do estivador Franklin Fortunato Farias e de Maria José Sabina, neto da
escrava Fortunata e do tabalhador de charqueada Barbosa Farias, conhecido entre os amigos como “O Teimoso”, por ser muito perseverante, é o primeiro médico negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGS)

 Ainda criança, foi morar em Porto Alegre com a família. Desde muito cedo aprendeu a tocar vários instrumentos, o lhe que permitiu trabalhar como músico instrumentista em bailes. Casou-se com Isabel, com que teve dois filhos.

Começou a estudar muito tarde, formando-se no ensino secundário em 1942, já com 36 anos. Veridiano teve vários empregos. Na empresa de transporte coletivo, trabalhou como motorneiro de bonde, motorista de ônibus e, nas horas vagas, tocava trompete na Banda da Carris de Porto Alegre. Além de tocar na empresa, trabalhou nas orquestras das rádios Gaúcha, Difusora e Farroupilha.

Em 1940 formou-se no magistério (ensino secundário), prestando concurso para o Departamento Estadual de Saúde para o cargo de chofer sanitarista. Ainda assim, continuou a dar aulas particulares de música e a tocar nas várias orquestras da cidade.

Participava da vida cultural de Porto Alegre, compunha para blocos carnavalescos. Foi um dos fundadores do bloco “Os Prediletos” e ensaiador do grupo carnavalesco “Os Imbrutos”. Era amigo dos sambistas da cidade como Lupicínio Rodrigues, Rubens Santos e Túlio Piva. Tocou na orquestra Jazz Paris, com Lupicínio, por muito tempo.

-Veridiano Farias ficou conhecido entre os amigos como “O Teimoso”, por não desistir diante das dificuldades. As várias atividades de Veridiano Farias não impediriam que lutasse para realizar sua vocação na Medicina. Ao concluir seus estudos secundários prestou três ou quatro vezes o vestibular para medicina, não sendo aprovado. Segundo seu neto e biógrafo, era porque não conseguia solicitar a revisão das avaliações.

Diante da recusa da universidade, prestou vestibular no Rio, tirando em segundo lugar. Iniciou o curso na Faculdade de Medicina Gama Filho. Vivendo da música no Rio de Janeiro, fez algumas disciplinas na então capital do país, solicitando em 1946, sua transferência para Porto Alegre, obtendo-a após apelar para o influente Getulio Vargas. Em carta ao ex-presidente, contou sua história, revelando que só prestou vestibular no Rio de Janeiro porque no Rio Grande do Sul a universidade criava obstáculos a sua entrada; declarando a necessidade de ficar perto da mulher e dos filhos, solicitou a interferência do político para que voltasse a sua terra natal, no que prontamente foi atendido.

Formou-se em 15 de dezembro de 1951, tornando-se o primeiro médico negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o segundo do Estado. Conseguiu rapidamente emprego como dermatologista no Hospital Colônia Itapuã, pois poucos médicos clinicavam lá, em razão de ser um hospital de periferia e dos surtos de lepra que assolavam constantemente a região. Médico dedicado, Veridiano estava prestes a ser promovido a diretor da instituição. Faltavam cinco dias para assumir o novo cargo quando, no trajeto de ida para o hospital, na estrada Porto Alegre-Itapuã, sentiu fortes dores no peito, parou o carro e caiu sobre o volante, vitimado por um ataque cardíaco, em 10 de agosto de 1952.


Se liga:
Formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1922, Luciano Raul Panatieri é, conforme os registros, o primeiro médico negro formado no Rio Grande do Sul. Ele viveu entre os anos de 1897 e 1972, trabalhou em Rio Pardo e na capital gaúcha. O interesse pela literatura o levou ao Grêmio Rio-pardense de Letras.

Segundo seu neto, “a história de Veridiano é a história de um homem que lutou contra a intolerância e atravessou com sacrifícios as barreiras de sua vida”
Um afro abraço.

fonte:https://historiaviajante.wordpress.com/http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/veridiano/http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cs/default.php?

quinta-feira, 24 de março de 2016

Semana Santa: "A tradição"

Entre os religiosos católicos, a prática da autoflagelação era considerada um ato de purificação após ser cometido um ou vários pecados, principalmente durante a Idade Média onde temos como exemplo Martinho Lutero. Atualmente, o Vaticano condena esta prática, porém, o ato ainda divide opiniões entre clérigos e leigos. A autoflagelação pública é comum entre os cristãos católicos durante a celebração da Semana Santa nas Filipinas, por exemplo.

Na teologia reformada (protestantes), que aponta apenas a Bíblia como única regra de fé, entende-se que a autoflagelação é inútil e condenável por não considerar que «Cristo morreu uma só vez pelos [nossos] pecados, o justo pelos injustos» (I Coríntios 15:3). Cristo «se entregou a si mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus» ((Efésios 5:2) e foi o único sacrifício agradável a Deus (I Pedro 1:19-20; Hebreus 9:22-28) e a autoflagelação é vista até mesmo como mais uma obra da carne (Colossenses 2:20-23). Cabe ao ser humano, buscar o arrependimento sincero e a ajuda de Deus para o perdão/transformação (I João 2:1). A autoflagelação pública é ainda pior por se tratar de hipocrisia (Mateus 6:1; Marcos 7:21-23).

A Semana Santa é a ocasião em que é celebrada a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição.

Jesus Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava, o governo cobrando altos impostos, riquezas extremas para uns e miséria para outros.

Ao chegar a Jerusalém, foi aclamado pela população como sendo o Messias, o Rei, mas os romanos não acreditavam que ele era filho de Deus, duvidavam dos seus sábios ensinamentos, de sua missão para salvar a humanidade, então passaram a persegui-lo.

No Brasil, existem também relatos de autoflagelação entre indígenas Bororo durante cerimônias de enterro

Já para os evangélicos, a “Semana Santa” não altera em nada suas rotinas, visto que, eles aprendem desde os primeiros passos na fé cristã a ter uma vida devocional de oração e leitura da Palavra.

Segundo Erivan Pedro de Moura, pastor da Igreja Batista Renascença, eles relembram constantemente a vida e o ministério de Jesus Cristo, inclusive nesta semana.

A programação varia muito conforme a comunidade evangélica. Particularmente, na Igreja Batista Renascença, é seguida a ordem normal dos cultos semanais. Os membros da comunidade ficam à vontade para se confraternizar com seus entes queridos e eles não possuem costumes específicos como os católicos.

“As mensagens nos cultos costumam ser temáticas, enfatizando o ministério de Jesus Cristo. Também celebramos o memorial da Ceia do Senhor, memorial este instituído pelo próprio Jesus”, coloca o pastor ao frisar que, assim como a Igreja Católica, a Igreja Evangélica concorda que este seja um período apropriado para explicar às pessoas o
verdadeiro significado da morte e ressurreição de Cristo, que deve trazer alegria e esperança às suas vidas.

“No entanto, não focamos na “Semana Santa” ou Páscoa como tradição a ser seguida. A Páscoa faz parte da tradição judaica e Jesus foi superior a esta tradição, por isso foi morto por ela.

Não concordamos com o jejum de quem se abstém de carne apenas neste período, pois praticamos o jejum bíblico, que é atemporal e traz consigo propósitos específicos e não ligados à tradição”, acrescenta.

O pastor declara ainda que a Páscoa que se comemora hoje não se assemelha nem de longe com a Páscoa bíblica. A festa de hoje é recheada de práticas e simbologia pagãs.

“O ovo e o coelho de hoje nada têm a ver com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Semana Santa deve nos reportar ao sentimento de liberdade e não ao consumismo desenfreado com cheiro de chocolate”, finaliza.

Umbandistas seguem tradições do catolicismo

O feriado santo é carregado de simbologias e significados que são interpretados de maneiras diferentes por católicos, protestantes, umbandistas e espíritas. Nos terreiros de umbanda, as comemorações da Semana Santa têm início na Quarta-feira Santa com o fim
da Quaresma.

"Muito antes do cristianismo, o povo africano já respeitava a Quaresma, porém com um significado diferente dos fatos relacionados à vida de Jesus Cristo."


Enquanto os cristãos celebram a morte e a ressurreição de Cristo, os africanos celebram o Lorogun, período em que os orixás entram em guerra contra o mal, para trazer o pão de cada dia para seus filhos.

Segundo o umbandista José Edmilson Bezerra, de 57 anos, a Semana Santa começa na quarta-feira que antecede o domingo de Páscoa, 40 dias após a quarta-feira de cinzas, quando se comemora na umbanda o retorno aos trabalhos com os orixás no sábado de aleluia.
"Seguimos as mesmas tradições da igreja católica, guardamos as quartas e sextas, não comemos carne vermelha nestes dias. Todo o mês de março é feito oferendas para os Exus, para agradecer tudo que foi conseguido durante o ano e no sábado de aleluia batemos os tambores, que simbolizam o começo dos trabalhos.
O Cardeal de Caracas, Dom Jorge Urosa, ressaltou em um sermão a incompatibilidade entre o catolicismo e a umbanda.
Desnecessário dizer que aqui no Brasil também é necessário lembrar com frequência que esses sincretismos não são possíveis. Alguns bispos têm procurado distanciar as lavagens de igrejas de qualquer atividade religiosa católica.

Segue transcrição trecho das palavras do Cardeal Urosa:"Não podemos ser umbandistas e católicos. Talvez pessoas com uma fé débil queiram iludi-los dizendo que sim, que se pode ser umbandista e católico. Não senhor. Pão, pão; queijo, queijo. Todo mundo entende isso, certo? Pois bem, a umbanda é uma religião totalmente diferente da religião católica...


Doutrina espírita não celebra a Páscoa
De acordo com o espírita Paulo James, o espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de religiosidade das diversas igrejas cristãs.


A doutrina espírita não adota práticas especiais neste feriado de cunho religioso, portanto, não há celebração especial nesta data por parte do movimento espírita, embora haja atitude de respeito às expressões de fé instituídas no Brasil há séculos.

"Não nos apegamos a nenhum costume ou rótulo religioso. Vivemos e vemos Jesus vivo no nosso dia a dia, sem precisarmos de nenhum culto exterior.

Nós respeitamos todos os crédulos religiosos, embora não seguimos as suas formas e exteriorizações, nos mantendo acreditando na imortalidade do espírito", declara Paulo James ao contar que, na doutrina espírita, a morte é consequência do processo de reencarnação, que não tem nenhuma conotação especial a não ser a volta para o mundo espiritual e, portanto não há necessidade de se relembrar sempre com tristeza a data.

A Páscoa para os espíritas representa uma reflexão mediante a libertação espiritual, sendo um sentido bem mais amplo. Por isso os espíritas não vêm a necessidade de ser este dia um dia de feriado.

Para eles, Jesus é mestre por excelência, é um educador que ensina como agir rumo ao bem e a libertação. "Não seria o derramamento do sangue que teria significado, mas toda sua trajetória que nos ensina como vencer e como agir como filhos de Deus", acrescenta Paulo James.

O espiritismo, embora sendo uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição, para eles, Jesus apareceu a Maria de Magdala e as discípulos, com seu corpo espiritual, que chamam de perispírito.

"Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as Leis naturais do nosso mundo para afirmar o seu conceito de missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, ate mesmo a ressurreição, finaliza o espírita.

No islamismo, a autoflagelação está presente entre algumas vertentes, sejam nos muçulmanos xiitas em datas específicas como na celebração de Ashura, ou em grupos étnicos do noroeste africano...

Se liga:
"Cristo" é um epíteto dado a Jesus e significa "ungido" em grego. Mas qual era o verdadeiro nome de Jesus? Como judeu que era, ele tinha um nome aramaico (o aramaico, derivado
do hebraico, era a língua falada pelos judeus do século 1º da nossa era): Yehoshua (ou Yeshua) ben Youssef, isto é, Josué, filho de José.
Mas Jesus também era conhecido como Jesus de Nazaré, ou Jesus o Nazareno, em razão de sua cidade de origem. Ao ter sido batizado no rio Jordão e reconhecido como o mensageiro de Javé que viera libertar o povo judeu da opressão romana (Yehoshua significa "Javé salva"), Jesus recebeu o epíteto de Mashiach ("Messias"), que em hebraico quer dizer "ungido". Como o Novo Testamento foi redigido num grego tardio chamado koiné, o nome Yeshua Mashiach foi traduzido para Iesoûs ho Khristós, literalmente "Jesus o Ungido".

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.voaportugues.com/www.meionorte.com/

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SINCREMISMO: XANGÔ é SÃO JERONIMO....


 Comemora-se no dia 30 de Setembro o dia do Orixá Xangô, sincretizado por São Jeronimo. Ele foi doutor da igreja, nasceu na Dalmácia (Iugoslávia) no ano de 342.

Jeronimo, que significa "que tem um nome sagrado", consagrou toda a vida ao estudo das sagradas escrituras. Passava dias lendo vários autores. Por volta dos 40 anos foi ordenado sacerdote. É de São Jeronimo, a famosa tradução latina da Bíblia, chamada "Vulgata" (ou tradução feita para o povo ou vulgo) e que foi a Bíblia oficial para a Igreja Católica durante 15 séculos. Foi viver na Terra Santa, numa gruta, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, em 30 de setembro, com aproximadamente 80 anos de idade.

XANGÔ não é São Jeronimo, mas historicamente ocorreu o sincretismo, a aproximação das "identidades" e por tal fato comemoramos o dia de Xangô no mesmo dia de São Jeronimo. XANGÔ é o senhor da justiça, seu poder se manifesta na pedreira. E aqui um ponto de contato com a "versão" do santo católico, que também se retirou para uma vida de estudo numa gruta que, em imagens, se assemelha a uma pedreira.

Seu símbolo é o machado de duas faces, significando que o machado tanto protege seus filhos das injustiças como os punem quando as cometem e utiliza estrela de 6 pontos que representa o poder equilibrador do universo.XANGÔ é o orixá da justiça divina, com a balança de nossos atos na sua mão esquerda e seu machado na mão direita pronto para julgar e executar como bem diz a sua lei: "Quem deve paga, quem merece recebe", XANGÔ é também o irxá das pedreiras, o senhor daquilo que é imbatível, rígido que não dobra com facilidade...

Por isto talvez Xangô estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.


Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Filho de Oxalá e Iemanjá, Xangô é considerado rei dos orixás. No culto afro-brasileiro, Xangô é definido como a divindade das tempestades, dos raios e dos trovões. Na mitologia, Xangô cuida da administração, do poder e da justiça, representando a autoridade constituída no panteão africano. Pode-se dizer que Xangô é um dos orixás mais populares, respeitado e divulgado dos candomblés e terreiros do Brasil. O dia votivo de Xangô é a quarta-feira e a festa especial a ele dedicada acontece no dia 30 de setembro.

Orixá é uma designação genérica das divindades cultuadas pelos iorubas no Sudoeste da atual Nigéria, e também de Benin e Norte do Togo, de onde foram trazidos os negros escravizados para o Brasil e com eles suas crenças, às quais foram sendo incorporadas por outras manifestações religiosas. Os Orixás, também chamados Santos, são entidades sobrenaturais que servem como intermediários entre Deus e os homens. A maior parte deles é a personificação de forças e fenômenos da natureza. Além de todos os Orixás apresentarem dimensão espiritual, existe ainda a dimensão material, que pode ser representada por um objeto ou conjunto de objetos sobre o qual sua força espiritual é assentada através do ritual de consagração chamado de assentamento. O Orixá Xangô é apresentado como sendo um homem jovem de físico forte com estrutura óssea bem desenvolvida, ágil, sensual, arrebatando, através da dança, suas devotas. Os cânticos em louvor de Xangô têm ritmo acelerado e vibrante. Um chocalho especial chamado xereré é usado para animar as filhas de santo. A dança é executada com passos guerreiros ao som de instrumentos percussivos. Os assistentes, entusiasmados, reverenciam o santo incitando-o aos gritos de “Ôkê! Ôkê!”. Xangô vem armado com uma lança, trazendo ao pescoço colares de contas brancas e vermelhas, pulando e rodopiando vigorosamente. Seu grito é “êi-í-í”.


No local do culto (terreiro), também denominado de Xangô, há um altar ou congar chamado de Peji, onde são colocadas oferendas e comidas para o santo. O poderoso Orixá Xangô gosta de comer amalá (quiabo com camarão ou carne servido com angu de inhame ou farinha) e bejiri (quiabo com inhame, azeite, camarão, sal e cebola). Nas quartas-feiras, dia da semana consagrado a Xangô, renova-se a comida e a água do santo.
Os cultos afro-brasileiros disseminados pelo Brasil pouco diferem um dos outros no que diz respeito aos ritos, às divindades, às categorias protetoras ou às finalidades dos seus cerimoniais. Inspirado na liturgia Nagô, o Xangô (rito) é praticado por diversos grupos étnicos brasileiros, ficando conhecido por diferentes denominações, como Macumba, no Rio de Janeiro; Candomblé, na Bahia; Xangô, em Pernambuco e Alagoas; Casas de Mina ou Nagô, no Maranhão; Terreiros, no Pará, Pernambuco e Bahia; Canjerê, em Minas Gerais e Rio Grande do Sul; e Babaçuê (também chamado Batuque de Santa Bárbara), praticado na região Norte, principalmente no Pará.
Os grupos de Xangô são cultos independentes entre si, concentrados em torno da figura de um sacerdote-adivinho, com uma infraestrutura de pessoas hierarquicamente qualificadas, outras ritualmente iniciadas (filhas de santo) ou candidatas à iniciação, e os simpatizantes. As práticas rituais e das crenças religiosas foram ao longo do tempo sofrendo influências do catolicismo e das tradições indígenas. Todavia, seguem em geral o modelo das tradições religiosas dos Ewe-Fon (Jeje) e dos Yoruba (Nagô), povos da Costa da Mina (corresponde à atual região do Golfo da Guiné, de onde veio grande parte dos escravos traficados para as Américas), cujas culturas se impuseram no domínio religioso sobre as dos demais povos introduzidos.
Essas tradições consagram o culto a uma série de divindades subordinadas a um criador, descendentes de uma família mitológica, organizados em panteões com função de controlar as forças da natureza e de regular a conduta dos indivíduos.

Embora sejam observadas algumas variações de região para região e até mesmo diferenças entre grupos de um mesmo local, as linhas gerais da organização, o funcionamento e o sistema de crenças não apresentam diferenças significativas, quer no Brasil, quer em outras partes da América onde sua existência também é registrada, como em Cuba, Haiti, Porto Rico, Jamaica, Honduras Britânica, Guiana Holandesa e Trinidad.

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo...

Um afro abraço.


fonte : UNEGRO/Povos Tradicionais

terça-feira, 22 de março de 2016

Tem Negro no Arco - Íris, Sim!

III Conferência LGBT do Estado do Rio de Janeiro.

Nos dias 18, 19 e 20 de Março de 2016, foi realizada a IIIConferência LGBT
do Estado do Rio de Janeiro. O coletivo UNEGRO LGBTT -RJ - mesmo não fazendo delegado nato - contou com a participação de uma grande delegação pois esteve presente 80 % da comissão de trabalho participando ativamente nos grupos de discussões e contribuindo para o enriquecimento do debate e aprovando as nossas propostas para nacional.

Outro ponto alto da Conferência foi o protagonismo da população negra LGBTT, que esteve todo tempo interagindo e se fazendo visível nos grupos de trabalho.

O coletivo ganhou um grande reforço com a entrada da Presidente Nacional do Conselho LGBT, companheira Marcelle Esteves , que estará representando , como sempre fez, as mulheres negras LGBT na Conferência Nacional.

- O guerreiro Jordhan Lessa , coordenador da pasta LGBT da Unegro de Maricá , também saiu delegado para nacional.
- Contamos com Esther Silveira e Fernanda Machado, ambas ativistas do coletivo Unegro LGBTT*.

"Que a gente consiga tirar dessa Conferência propostas que virem política pública para todos e todas. Não aguentamos mais ter nossos direitos cerceados".

Marcelle Esteves, representante do Conselho Nacional LGBT. —
em OAB/RJ - OFICIAL.

Ainda como parte da agenda de Março o coletivo UNEGRO LGBT ,participou ativamente do ato a favor da democracia realizado no dia 18 de Março,na Praça XV. Teve pretas e pretos LGBTT, sim! #nãovaitergolpe

Povo preto e LGBTT lutando para garantir a manutenção da nossa democracia, em Praça XV, Centro, Rio De Janeiro.


Tem Negro no Arco Íris, Sim!

Respeitosamente, 

Marisa Justino

domingo, 20 de março de 2016

21 de Março – Dia Internacional de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa...

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebra-se em 21 de março em referência ao Massacre de Sharpeville.

Em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação. Porém, mesmo tratando-se de uma manifestação pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada resultando em 69 mortos e 186 feridos.

A Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Normas de Discriminação Racial da ONU, ratificada pelo Brasil, diz que: “Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida”.

Essa luta repercutiu no mundo todo abrindo um ascenso de lutas raciais nos Estados Unidos da América pelos direitos dos negros e negras, servindo de exemplo para todos nós, com as leis de direitos civis e ações afirmativas, que proporcionaram uma mobilidade do negro nas instituições e um fortalecimento do movimento negro, sindical, popular e estudantil nos anos 60, 70 e 80 no mundo todo. De onde surgiram vários ícones como MalconX, Luter King e os Panteras Negras os quais são referências para as massas negras que lutam até hoje nos Estados Unidos pela anistia e liberdade de Múmia Abjamal (ex-Pantera Pegra).

A partir do triste episódio de Shaperville, ocorreram alguns avanços para algumas conquistas da população negra trabalhadora pelo mundo. Entretanto, refluíram muito à medida que os governos neoliberais e de frente popular na América Latina foram se consolidando pela repressão às lutas dos trabalhadores e estudantes e aos povos originários. Podemos citar como exemplo, a Bolívia, Venezuela, Chile e Peru e nos governos ditos socialistas, como Cuba. O Brasil escreve sua história com uma marca da submissão aos Estados Unidos.

No Brasil, higienização étnico-social e criminalização da pobreza
Mais de cinquenta e dois anos depois do Massacre de Shaperville, no Brasil, o racismo

também tem assumido formas cada vez mais perversas. Além das práticas neoliberais, a aproximação dos chamados “grandes eventos” (Copa e Olimpíadas) tem alimentado políticas de higienização social e criminalização da pobreza que, sem margem de dúvidas, atingem mais intensamente a população negra. O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído pela Lei nº 11.635, sancionada em 27 de dezembro de 2007 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A data remete ao falecimento de Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum, terreiro de Candomblé localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, em Salvador (BA). Em 2000, a mãe de santo foi vítima de infarto fulminante após ver seu rosto estampado na capa de publicação edição 39,da IURD com a manchete “macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.


Na data, entidades atentam sobre a necessidade de respeitar a diversidade religiosa e reduzir os casos de crimes de ódio.

A liberdade religiosa é um patrimônio social da humanidade que precisa ser devidamente resguardado, e , isso também inclui o direito de não seguir qualquer credo, ou mesmo não ter crença na existência de nenhuma divindade. Igualmente importante, a liberdade de expressão assegura o direito de expressar livremente opiniões, ideias e pensamentos. No entanto, o grande desafio é harmonizar as duas liberdades, sem que uma cerceie a outra.

 -Gente apenas em 2014, o Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), recebeu 149 denúncias de discriminação por motivação religiosa. A maioria, 26,17%, foram do Rio de Janeiro e, 19,46%, de São Paulo. O número representa uma redução em comparação com 2013, quando foram recebidas 228 ligações ao todo.

Entre as religiões mais discriminadas estão as de matriz africana, como o candomblé e a

umbanda. O mesmo balanço mostra que 35,39% das vítimas de discriminação por motivação religiosa eram negros, enquanto 21,35% eram brancos e, 0,56%, indígenas. Esses dados mostram que a intolerância religiosa também está ligada à discriminação racial.

.Sabendo que a melhora das condições de vida da população negra se deu não apenas devido às políticas públicas, mas como resultado da organização e da mobilização do movimento negro, do movimento sindical e o crescimento da consciência racial do nossa população.

A história das religiões dos africanos e seus descendentes no Brasil é marcada pela resistência incansável de seus devotos. Ao lembrarmos a resistência negra, a referência ao feminino continua sendo central. As Yalorixás negociaram com políticos de alto escalão pelo direito de vivenciar plenamente suas crenças religiosas e também buscaram atrair a atenção e o apoio de intelectuais e artistas, numa tentativa de quebrar estereótipos negativos da religião e cultura negra.


Se Liga:
O empenho para integração do Negro do Brasil no processo Político, Econômico, Cultural e Social, iniciou somente pós III Conferência Mundial Contra o Racismo Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlatas, que aconteceu em 2001, na África do Sul cidade de Durban, iniciativa internacional que teve a participação de quase duas dezenas de chefes de Estados que ao definirem acordos o Estado Brasileiro que também participou esta cumprindo o compromisso no país. Considerando as legislações que nesta ultima década foram institucionalizadas, podemos afirmar que na Convivência Comunitária Comunidade Negra e Comunidade do Samba são os mais novos segmento da sociedade civil.

A legislação brasileira instituiu os primeiros conceitos de racismo em 1951 com a Lei Afonso Arinos (1.390/51) que classificava a prática como contravenção penal.

Somente a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5.º, XLII, é que classificou a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeitando o delinquente a pena de reclusão.

“...No caso brasileiro, nós temos de valorizar o fato de nós construirmos um sociedade
multirracial. Tenho dito isso, seguidamente, nos meus pronunciamentos como presidente da Republica, porque não se trata de valorizar por valorizar. É porque isso é parte constitutiva da nação. A nação brasileira se compõe dessa multiplicidade.
Então quando falo do negro, estou falando do brasileiro, do cidadão, da cidadã brasileira. Temos a obrigação de ressaltar esse aspecto. Aqui, não se trata de um movimento, de parcialidade. É uma parcialidade que forma um todo. E esse todo é, precisamente, hoje expressivo, porque é múltiplo, porque tem uma enorme variedade de participações raciais e culturais. E nós temos de desenvolver formas civilizadas de convivência, que reconheçam o diverso e entendam que, realmente, o Brasil se distingue porque foi ou virá a ser capaz de fazer com que essa diversidade produza um resultado positivo para o conjunto do país, para o conjunto da nação.

Há um aspecto que nós devemos insistir sempre, que faz falta no mundo de hoje, que é o aspecto da tolerância, do respeito à diversidade. Se o mundo de hoje é um mundo que tem um lado preocupante, é o da intolerância. E essa intolerância, geralmente, se apresenta sob forma de racismo...”

Por isto, que a luta contra o racismo nos tempos atuais ocorre dentro de um contexto de resistência ao capitalismo neoliberal e na construção de uma nova perspectiva societária. A procura de alternativas societárias que se observa em algumas nações no continente latino-americano que tem em comum o questionamento a submissão a esta ordem global do
capitalismo (em maior ou menor grau) é de grande importância para ser discutida no movimento anti-racista. Em outras palavras, o combate ao racismo tem natureza, antes de tudo, política e ideológica. Fora disto, como disse o pensador jamaicano Stuart Hall, não terá qualquer importância.

Um afro abraço.

fonte:www.andes.org.br/imprensa/noticias/GT de Povos tradicionais da UNGRORJ- Comissão de Combate a Intolerania Religiosa UNEGRO RJ

Muito Prazer eu sou Maria Auxiliadora da Silva coloco cores vivas na vida acinzentada...

Na vitrine de uma galeria de arte em Paris, uma tela repleta de cores retrata uma festa de candomblé, com pessoas cantando, tocando atabaques e dançando. O dono da galeria diz o
preço ao cliente, uma quantia repleta de zeros que a autora jamais imaginaria receber por todos os 39 anos que viveu. O marchand francês explica que a obra, com traços quase infantis, está na fronteira entre o naif (primitivismo) e a arte bruta, fora do condicionamento cultural e do conformismo social, e foi produzida por uma artista brasileira genial, exaltada pela crítica internacional, que morreu nos anos 70. O que ele não disse, por não saber, é que pintar foi a forma encontrada por Maria Auxiliadora da Silva para pôr cores vivas em sua própria vida acinzentada.

A pintora mineira, de Campo Belo, filha mais velha de uma lavadeira (que nas horas vagas bordava e esculpia em madeira) com um trabalhador braçal em ferrovia, nasceu em 1935 e cresceu numa família de 18 irmãos. Entre a obrigação de tingir as linhas que a mãe usava para bordar e os desenhos que fazia em carvão nas paredes de madeira da casa, ia descobrindo os tons do colorido e uma forma de se relacionar com o mundo através de imagens. Mudar para São Paulo não melhorou muito a qualidade de vida daquela família enorme, mas deu à Auxiliadora a oportunidade de vivenciar a efervescência artística que, nos anos 60, girava em torno do poeta, teatrólogo e agitador cultural, Solano Trindade, numa cidadezinha próxima da capital, que foi rebatizada de Embu das Artes.

Maria Auxiliadora nasceu em 24 de maio de 1935, em Campo Belo, MG. Era de uma família de 18 irmãos, filhos de Dona Maria, uma humilde bordadeira, que acumulava ainda as funções de dona de casa, escultura e pintora e de trabalhadora braçal da estrada de ferro Oeste de Minas (Rede Mineira de Viação- RMV). Mudou-se com a mãe e seus irmãos para São Paulo, na esperança de melhores oportunidades que a capital paulista podia oferecer.

Auxiliadora, ainda criança, já mostrava uma inclinação natural para tingir os fios que a mãe bordava para fora e, com 11 anos, já desenhava figuras, com carvão, nos muros. Frequentou

a escola poucos anos. Auxiliadora teve trabalhos humildes, como doméstica, por exemplo. Sua saúde era frágil e, aos 22 anos, teve de ser submetida a sua primeira cirurgia. Somente com 32 anos ela passou a se dedicar integralmente à pintura, trabalhando na casa dos pais e, depois, na própria casa.

Sem conhecimento formal da pintura, pois jamais estudou arte, Auxiliadora foi aprimorando sua técnica. No final dos anos 1960, juntou-se com outros integrantes da família, como seu irmão o pintor João Cândido, ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade , no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato, voltado principalmente para a cultura e arte de origem africana.

Assim como Solano, ficou pouco tempo no Embu. Auxiliadora retornou à Capital e passou a expor seus trabalhos na Praça da República, conhecendo então o físico e crítico de arte Mário Schemberg, que a apresentou ao cônsul dos EUA, Alan Fisher. Este último organizou, em 1971, com sucesso, uma exposição da artista na galeria USIS do Consulado Americano, em São Paulo.

A notoriedade durou pouco, pois Auxiliadora continuava sendo admirada apenas por alguns
artistas primitivistas, como Ivonaldo Veloso de Melo e Crisaldo Moraes. Em 1972, aos 37 anos, Auxiliadora voltou a estudar, inscrevendo-se no Centro de Alfabetização de Adultos, universo que também retratou em seus trabalhos. Em suas obras mostrou a dura realidade dos cursos noturnos, repleta de dificuldades na aprendizagem.

Nos dois últimos anos de vida, Auxiliadora travou uma batalha contra o câncer, que a levou ser operada seis vezes nos últimos dez meses de vida e a recorrer a medicamentos tradicionais. Ainda assim nunca parou de pintar, registrando cenas desta realidade como extrema-unção, hospitais, ambulâncias, velórios e enterros; além de pintar seu auto-retrato. A artista faleceu em 20 de agosto de 1974, de câncer generalizado, na cidade de São Paulo.

O reconhecimento de sua obra se deu postumamente, principalmente pela crítica internacional. Emanuel von Lauenstein Massarani, adido cultural do Brasil na Suíça, a situou na fronteira entre a arte primitivista e a arte bruta, longe do conformismo social e cultural. Coube ao marchand alemão Werner Arnhold, no final da década de 1970, contribuir
definitivamente para que Auxiliadora alcançasse renome na Europa, levando seus trabalhos a feiras de arte e exposições na Basiléia, Dusseldorf e Paris. A crítica internacional logo ficou fascinada pela forma como trabalhava as cores e as temáticas tipicamente brasileiras. Segundo seus críticos, Auxiliadora passava para a tela a sua leitura da realidade de seu cotidiano.

Um afro abraço.

fonte:www.catalogodasartes.com.br/antigo.acordacultura.org.br/

segunda-feira, 14 de março de 2016

Negro Cosme, herói da Balaiada e conhecido como o Imperador da Liberdade...

A história oficial nega a visibilidade do negro na construção do país, tratando heróis da luta pela liberdade e dignidade do povo brasileiro como verdadeiros marginais. Amparada pela falsa crença na democracia racial brasileira, parte da sociedade finge desconhecer que, hoje como antes, os negros ocupam os piores postos de trabalho, recebem os menores salários, sobrevivem em favelas e periferias...

A Independência do Brasil deu início a um período de grande instabilidade política no Maranhão. Diversas rebeliões aconteceram entre 1822 e 1840, em função da disputa pelo poder por parte de vários grupos da elite local. Os conflitos envolveram ainda pessoas das camadas livres pobres. Tal situação facilitou as fugas de escravos e a formação de quilombos.
"A Balaiada foi um dos maiores conflitos ocorridos no Brasil. Entre 1838 e 1840, o Maranhão foi palco de uma insurreição popular em que os quilombolas tiveram participação decisiva."

-Devemos ao povo francês, com a sua marcante Revolução no século 18, uma feliz síntese sobre quais devem ser os grandes propósitos de quem se dedica à luta política: liberdade, igualdade, fraternidade (solidariedade). No longo arco da história, já está cabalmente demonstrado que há uma vinculação dialética entre os três objetivos: um exige e condiciona o outro, de modo que não se pode separá-los totalmente.
Assim, quando Negro Cosme, herói da Balaiada e conhecido como o Imperador da Liberdade, reuniu milhares de negros que viviam no Maranhão em um levante que ganhou repercussão nacional, não lutava apenas pela liberdade formal dos escravos. De modo imbricado, havia a demanda por igualdade e por solidariedade com os mais pobres.

Na província do Maranhão, há mais de  170 anos, ocorreu uma célebre revolta de escravos. A insurreição de milhares de negros (1838-1840) liderados por Cosme Bento das Chagas tornou-se o fermento mais explosivo durante a Balaiada (1838-1841). Aquele acontecimento revelou um aumento do nível de amadurecimento dos negros escravos pois, através da insurreição buscaram superar a escravidão (após sucessivas fugas e a constituição de diversos núcleos de quilombolas) impondo uma forma mais incisiva de resistência àquela sociedade escravista. Tamanha era a resistência ao trabalho e à condição de escravo que, quando eclodiu a Balaiada (1838), a revolta dos negros e os numerosos quilombos já sacudiam todo o Maranhão. E todo aquele movimento ganhou mais consciência quando liderado pelo negro Cosme Bento das Chagas. Inclusive, a insurreição escrava teve continuidade mesmo após o fim da revolta dos balaios (1841).

- Também, antigos e novos núcleos de quilombos se mantiveram ou foram criados, alguns concentrando cerca de 400 a 500 quilombolas.

Preso, seu processo foi aberto em março de 1841, arrastando-se por mais de um ano, pois somente em 5 de abril de 1842, realizou-se o seu julgamento. Negro Cosme foi condenado à forca por liderar no Maranhão uma das mais temidas insurreições do povo negro já ocorridas no Brasil. À frente dos quilombolas, lutava para pôr fim à escravidão, junto com líderes como o índio Matroá, o vaqueiro Raimundo Gomes e de Manoel Ferreira dos Anjos, o Balaio.

Cosme liderava um exército de escravos formado principalmente de africanos, visto que no Maranhão tinha um grande contingente de negros naquela época. Cosme organizou um grande quilombo em Lagoa Amarela e nele fundou uma escola. Negro Cosme contava com um exército de aproximadamente três mil homens.

Luís Alves de Lima só considerou a província realmente “pacificada” após a prisão de Cosme, no entanto, os combates foram tão intensos e ferozes que a política oficial se viu frustrada na tentativa de poupar a vida dos escravos que seriam devolvidos/entregues aos seus antigos senhores.

Cosme foi enforcado em Itapicuru Mirim entre os dias 19 e 25, provavelmente em 20 de setembro de 1842, transformando-se em símbolo da luta contra escravidão
Ele foi enforcado em frente a Cadeia Pública de Itapecuru (Maranhão), hoje Casa da Cultura Profº João Silveira.

Essa reflexão sobre a nossa história mantém imensa atualidade. Só teremos uma sociedade com liberdade plena quando esta for igual para todos. Por isso, temos buscado

todos os caminhos possíveis para gerar no Maranhão mais igualdade de oportunidades e uma sociedade que pratique permanentemente a solidariedade (fraternidade).

Um afro abraço.

fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre/antigo.acordacultura.org.br

terça-feira, 8 de março de 2016

Dia Internacional da Mulher: 8 de março e um apanhado do feminismo negro...

- Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Introdução:
Durante grande parte de sua história, a maioria dos movimentos e teorias feministas tiveram líderes que eram principalmente mulheres brancas de classe média, da Europa Ocidental e da América do Norte...

No entanto, desde pelo menos o discurso de Sojourner Truth, feito em 1851, às feministas dos Estados Unidos, mulheres de outras etnias e origens sociais propuseram formas alternativas de feminismo.

-"Esta tendência foi acelerada na década de 1960, com o movimento pelos direitos civis que surgiu nos Estados Unidos e o colapso do colonialismo europeu na África, no Caribe e em partes da América Latina e do Sudeste Asiático. "

Desde então as mulheres nas antigas colônias europeias e no países em desenvolvimento propuseram feminismos "pós-coloniais"- nas quais algumas postulantes, como Chandra Talpade Mohanty, criticam o feminismo tradicional ocidental como sendo etnocêntrico. Feministas negras, comoAngela Davis e Alice Walker, compartilham este ponto de vista.Desde a década de 1980, as feministas argumentaram que o movimento deveria examinar como a experiência da mulher com a desigualdade se relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da década e início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente,e que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias.


Historia.
Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o "8 de março" foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

Racializando a conversa: A Mulher Negra...
É fundamental explicitar as grandes distâncias que ainda separam homens e mulheres e negros e brancos no Brasil. O retrato das desigualdades no Brasil mostra como racismo e sexismo são elementos estruturantes que mantém as violências históricas contra a população negra.
O pensamento feminista negro coloca a mulher negra no centro do debate, não somente em termos de produção e análise, mas no sentido de privilegiar o lugar que a mulher negra ocupa na estrutura social. Para além da compreensão de que as desigualdades devem ser objetos de produção de conhecimento reflexivo e crítico dá espaço às vozes que foram historicamente silenciadas, as vozes das mulheres negras. Há importantes e diversas intelectuais e militantes negras, além das já citadas, como bell hooks (nascida Gloria Watkins, adotou o nome de sua avó, escrito assim mesmo, em minúsculo), Angela Davis, Audre Lorde, Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Jurema Werneck, Grada Kilomba, entre outras.

No Brasil, seu início se deu no final da década de 1970, a partir de uma forte demanda das mulheres negras feministas: o Movimento Negro tinha sua face sexista, as relações de gênero funcionavam como fortes repressoras da autonomia feminina e impediam que as ativistas negras ocupassem posições de igualdade junto aos homens negros; por outro lado, o Movimento Feminista tinha sua face racista, preterindo as discussões de recorte racial e privilegiando as pautas que contemplavam somente as mulheres brancas.

O problema da mulher negra se encontrava na falta de representação pelos movimentos sociais hegemônicos. Enquanto as mulheres brancas buscavam equiparar direitos civis com
os homens brancos, mulheres negras carregavam nas costas ainda o peso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limitava à figura masculina, pois a mulher negra também estava em posição servil perante à mulher branca. A partir dessa percepção, a conscientização a respeito das diferenças femininas foi ganhando cada vez mais corpo. Grandes nomes da militância feminina negra foram fazendo história, a exemplo de Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro. A atenção e a produção de conteúdo foram dedicadas a discussões de raça e classe, buscando romper uma zona de conforto que o ativismo feminista branco cultivava, especialmente aquele que limitava sua ótica aos problemas das mulheres de boa condição financeira e acesso à educação.

No entanto, isso não foi suficiente para que o Feminismo Hegemônico passasse a reconhecer as ativistas negras e resgatasse as memórias das mulheres que lutaram na linha de frente de diversos movimentos sociais. Para as meninas e mulheres que vêm a conhecer os movimentos pelos direitos da mulher, há um vácuo de modelos negros nos quais se espelhar, mas não por falta de pessoas atuantes e sim por causa da invisibilidade. É preciso que haja a iniciativa de buscar figuras inspiracionais, caso contrário os nomes mais celebrados serão extremamente limitados.

 Rompimento e necessidade do feminismo negro
Grande parte das reclamações relatadas são repetições de um único discurso: as negras criam caso, plantam confusão e discórdia, enxergam racismo onde há boas intenções e não são compreensivas.Sera?
Isso acontece porque há a tendência de englobar as mulheres a partir de uma única característica em comum: o gênero. Supondo que todas passam pelos mesmos problemas e desejam as mesmas coisas, o Feminismo que não se atenta para as especificidades de cada grupo feminino acaba atuando sob omissão, muitas vezes deliberada. As necessidades das mulheres negras são muito peculiares e sem que seja feita uma profunda análise do racismo brasileiro, é impossível atender às urgências do grupo.
A luta das feministas negras é uma batalha contínua para nivelar seu lugar ao lugar das mulheres brancas. Isso, por si, levanta a importante reflexão sobre a representação feminina na mídia, seu espaço no mercado de trabalho, o lugar de vítima da violência sexual, o protagonismo da maternidade, entre outros temas, pois se há tanto por que as mulheres brancas precisam lutar, é bastante preocupante o fato de que as mulheres negras nem sequer conquistaram igualdade quando em comparação com outros indivíduos do seu próprio gênero.

Dados:Um pouco do retrato das desigualdades
Segundo a pesquisa “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil” (IPEA, 2013), a taxa corrigida de feminicídios no Brasil foi de 5,82 óbitos por 100.000 mulheres no período de 2009 a 2011. Estima-se que ocorreram, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia.

No Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres negras (61%), que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. Merece destaque a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).

De acordo com dados do último Relatório Socioeconômico da Mulher, elaborado pelo Governo Federal, 62,8% das mortes decorrentes de gravidez atingem mulheres negras e 35,6%, mulheres brancas.

Quando se fala de aborto, a realidade também é violenta para as mulheres negras. Atualmente no Brasil ocorrem cerca de 1 milhão de abortos e 250 mil internações anualmente


por complicações nos procedimentos realizados em clínicas clandestinas. Os procedimentos são realizados em locais com pouca ou nenhuma higiene e por pessoas não capacitadas
para auxiliar as mulheres que procuram essa saída, maioria de mulheres negras. Informações podem ser encontradas na pesquisa Itinerários e Métodos do Aborto Ilegal em cinco capitais brasileiras.

Esses dados mostram que mulheres negras também são vítimas do Estado. Quando se fala em genocídio da população negra, é necessário se fazer os recortes porque mulheres negras também estão morrendo.

Em relação à violência policial, inegavelmente os jovens negros são mais atingidos. O que também atinge mulheres negras. São mães perdendo filhos, irmãs perdendo irmãos, filhas perdendo pais. Violência não letal às mulheres negras que se vêem sozinhas para cuidar das famílias. Na verdade, a construção de feminilidade das mulheres negras é diferente da das mulheres brancas. Mulheres negras não foram aquelas que ficavam em casa enquanto o marido trabalhava: desde o pós-abolição, em sua maioria, são aquelas responsáveis por suas famílias. Por conta das violências pelas quais passam, criou-se o mito da mulher negra forte, guerreira, que enfrenta tudo. Mulheres negras precisam ser fortes porque o Estado é omisso. Essa denominação, além de encobrir a omissão e ilegalidade do Estado, também é desumana no sentido de não reconhecer suas fragilidades próprias da condição humana.

Madurecimento.
São evidentes os sinais de maturidade e crescimento da onda do feminismo negro. Nas ruas já se fazem notar os cabelos crespos ou trançados e turbantes coloridos, na contracultura do alisamento que marcou os penteados femininos, das brancas inclusive, nos últimos tempos. Décadas de luta do movimento negro, somadas às políticas públicas inclusivas nas universidades, à multiplicação de saraus pela periferia, ongs de mulheres negras ;dirigindo entidades mistas e de blogueiras negras . A marcha da mulheres negras e no momento o que mais explicita esses  frutos...
Que venha a próxima...

Um afro abraço.

fonte:foto net/OLLINS, P.H. Black Feminist Thought: knowledge, consciousness and the polittics of empowerment. Nova York: Routledge, 2000.CRENSHAW, K. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory, and Antiracist Politics. University of Chicago Legal/Forum, 14, 1989.revistaforum.com.br/www.fundaj.gov.br/

domingo, 6 de março de 2016

"Carta das Mulheres da UNEGRO"

O dia 8 de Março – Dia Internacional da Mulher - representa a resistência das mulheres
no mundo, a nossa indignação contra assassinatos, mortes no parto ou por aborto
clandestino. Representa ainda a luta contra o assédio moral e sexual, contra baixos salários, contra a tripla jornada, contra o machismo e todo o sistema opressor que precisa manter a mulher humilhada e com a baixa autoestima. A União de Negros Pela Igualdade parabeniza a presidenta da República do Brasil, Dilma Rousseff, pela sanção do projeto de Lei de Tipificação do Feminicídio como crime hediondo e qualificação do assassinato de mulheres por razões de gênero.O Brasil ocupa a 5ª posição em ranking global de homicídios de mulheres, entre 83 países elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU), assim, nosso país se soma a outras 15 nações latino-americanas cujo empenho legal é enfrentar o fenômeno na região. A taxa de mortes por assassinato de mulheres para cada 100 mil habitantes era de 4,8 casos, como mostra os estudos da temática. A média mundial foi de dois casos. Foram 4.762 mulheres mortas violentamente no Brasil em 2013; 13 vítimas fatais por dia. O quadro foi ainda mais alarmante em relação às mulheres negras. A década 2003-2013 teve aumento de 54,2% no total de assassinatos desse grupo étnico, saltando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. Aproximadamente mil mortes a mais em 10 anos. Em contraposição, houve recuo de 9,8% nos crimes envolvendo mulheres brancas, que caiu de 1.747 para 1.576 entre os anos. De acordo com o "Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”. Morreram assassinadas, proporcionalmente ao tamanho das respectivas populações, 66,7% mais meninas e mulheres negras do que brancas, como mostra essa Mapa. Portanto, a vitimização de mulheres negras - a violência contra elas, que pode não ter se concretizado como homicídio -, cresceu 190,9% na década analisada.
A vitimização desse grupo era de 22,9%, em 2003, e saltou 66,7% no ano passado. Esse quadro é agravado quando se analisa a situação das negras nos estados do Amapá, Paraíba, Pernambuco e Distrito Federal, em que os índices passam de 300%, como releva ainda esse Mapa.

-Até quando avanços na legislação e na efetivação das políticas de proteção aos direitos humanos, promoção da igualdade de gênero e racial, superação da violência, promoção da
saúde integral e exercício dos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres serão bloqueadas e vilipendiadas pelos conservadores e fundamentalistas?


Reiteramos nosso repúdio contra os atos de intolerância na Câmara dos Deputados durante a votação da Medida Provisória 696/2015,em que o plenário aprovou destaque do PRB que retira do texto original a expressão "da incorporação da perspectiva de gênero" entre as atribuições do recém criado Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humano. Com esse destaque visa-se eliminar a possibilidade de debate público sobre estratégias destinadas à superação das desigualdades de gênero, de orientação sexual e de raça, entre outras que violam o direito humano e à educação de
milhões de brasileiras e brasileiros. A UNEGRO considera extremamente grave tais manobras, que são frutos da atuação de determinados grupos que propagam preconceitos e desinformação, inviabilizam o debate público e agem contra as conquistas da sociedade
brasileira com relação a igualdade entre homens e mulheres.É preciso lembrar que essas conquistas fazem parte da nova agenda política e foram compromissos assumidos pelo Brasil em acordos internacionais, principalmente na Conferência dos Direitos das Mulheres em 2001, na Dinamarca. Nesse sentido, a UNEGRO, que tem o compromisso de defender as políticas públicas de enfrentamento à violência e discriminação de todas as formas, vêm somar-se ao clamor da sociedade brasileira na denúncia de práticas patriarcais seculares enraizadas nas relações sociais e nas diversas institucionalidades do Estado que devem ser combatidas no cotidiano de maneira permanente.

Rebele-se contra o racismo!
Um afro abraço.

(fonte: Mulheres daUNEGRO)

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...