Entre os religiosos católicos, a prática da autoflagelação era considerada um ato de purificação após ser cometido um ou vários pecados, principalmente durante a Idade Média onde temos como exemplo Martinho Lutero. Atualmente, o Vaticano condena esta prática, porém, o ato ainda divide opiniões entre clérigos e leigos. A autoflagelação pública é comum entre os cristãos católicos durante a celebração da Semana Santa nas Filipinas, por exemplo.
Na teologia reformada (protestantes), que aponta apenas a Bíblia como única regra de fé, entende-se que a autoflagelação é inútil e condenável por não considerar que «Cristo morreu uma só vez pelos [nossos] pecados, o justo pelos injustos» (I Coríntios 15:3). Cristo «se entregou a si mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus» ((Efésios 5:2) e foi o único sacrifício agradável a Deus (I Pedro 1:19-20; Hebreus 9:22-28) e a autoflagelação é vista até mesmo como mais uma obra da carne (Colossenses 2:20-23). Cabe ao ser humano, buscar o arrependimento sincero e a ajuda de Deus para o perdão/transformação (I João 2:1). A autoflagelação pública é ainda pior por se tratar de hipocrisia (Mateus 6:1; Marcos 7:21-23).
A Semana Santa é a ocasião em que é celebrada a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição.
Jesus Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava, o governo cobrando altos impostos, riquezas extremas para uns e miséria para outros.
Ao chegar a Jerusalém, foi aclamado pela população como sendo o Messias, o Rei, mas os romanos não acreditavam que ele era filho de Deus, duvidavam dos seus sábios ensinamentos, de sua missão para salvar a humanidade, então passaram a persegui-lo.
No Brasil, existem também relatos de autoflagelação entre indígenas Bororo durante cerimônias de enterro
Já para os evangélicos, a “Semana Santa” não altera em nada suas rotinas, visto que, eles aprendem desde os primeiros passos na fé cristã a ter uma vida devocional de oração e leitura da Palavra.
Segundo Erivan Pedro de Moura, pastor da Igreja Batista Renascença, eles relembram constantemente a vida e o ministério de Jesus Cristo, inclusive nesta semana.
A programação varia muito conforme a comunidade evangélica. Particularmente, na Igreja Batista Renascença, é seguida a ordem normal dos cultos semanais. Os membros da comunidade ficam à vontade para se confraternizar com seus entes queridos e eles não possuem costumes específicos como os católicos.
“As mensagens nos cultos costumam ser temáticas, enfatizando o ministério de Jesus Cristo. Também celebramos o memorial da Ceia do Senhor, memorial este instituído pelo próprio Jesus”, coloca o pastor ao frisar que, assim como a Igreja Católica, a Igreja Evangélica concorda que este seja um período apropriado para explicar às pessoas o verdadeiro significado da morte e ressurreição de Cristo, que deve trazer alegria e esperança às suas vidas.
“No entanto, não focamos na “Semana Santa” ou Páscoa como tradição a ser seguida. A Páscoa faz parte da tradição judaica e Jesus foi superior a esta tradição, por isso foi morto por ela.
Não concordamos com o jejum de quem se abstém de carne apenas neste período, pois praticamos o jejum bíblico, que é atemporal e traz consigo propósitos específicos e não ligados à tradição”, acrescenta.
O pastor declara ainda que a Páscoa que se comemora hoje não se assemelha nem de longe com a Páscoa bíblica. A festa de hoje é recheada de práticas e simbologia pagãs.
“O ovo e o coelho de hoje nada têm a ver com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Semana Santa deve nos reportar ao sentimento de liberdade e não ao consumismo desenfreado com cheiro de chocolate”, finaliza.
Umbandistas seguem tradições do catolicismo
O feriado santo é carregado de simbologias e significados que são interpretados de maneiras diferentes por católicos, protestantes, umbandistas e espíritas. Nos terreiros de umbanda, as comemorações da Semana Santa têm início na Quarta-feira Santa com o fim da Quaresma.
"Muito antes do cristianismo, o povo africano já respeitava a Quaresma, porém com um significado diferente dos fatos relacionados à vida de Jesus Cristo."
Enquanto os cristãos celebram a morte e a ressurreição de Cristo, os africanos celebram o Lorogun, período em que os orixás entram em guerra contra o mal, para trazer o pão de cada dia para seus filhos.
Segundo o umbandista José Edmilson Bezerra, de 57 anos, a Semana Santa começa na quarta-feira que antecede o domingo de Páscoa, 40 dias após a quarta-feira de cinzas, quando se comemora na umbanda o retorno aos trabalhos com os orixás no sábado de aleluia.
"Seguimos as mesmas tradições da igreja católica, guardamos as quartas e sextas, não comemos carne vermelha nestes dias. Todo o mês de março é feito oferendas para os Exus, para agradecer tudo que foi conseguido durante o ano e no sábado de aleluia batemos os tambores, que simbolizam o começo dos trabalhos.
O Cardeal de Caracas, Dom Jorge Urosa, ressaltou em um sermão a incompatibilidade entre o catolicismo e a umbanda.
Desnecessário dizer que aqui no Brasil também é necessário lembrar com frequência que esses sincretismos não são possíveis. Alguns bispos têm procurado distanciar as lavagens de igrejas de qualquer atividade religiosa católica.
Segue transcrição trecho das palavras do Cardeal Urosa:"Não podemos ser umbandistas e católicos. Talvez pessoas com uma fé débil queiram iludi-los dizendo que sim, que se pode ser umbandista e católico. Não senhor. Pão, pão; queijo, queijo. Todo mundo entende isso, certo? Pois bem, a umbanda é uma religião totalmente diferente da religião católica...
Doutrina espírita não celebra a Páscoa
De acordo com o espírita Paulo James, o espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de religiosidade das diversas igrejas cristãs.
A doutrina espírita não adota práticas especiais neste feriado de cunho religioso, portanto, não há celebração especial nesta data por parte do movimento espírita, embora haja atitude de respeito às expressões de fé instituídas no Brasil há séculos.
"Não nos apegamos a nenhum costume ou rótulo religioso. Vivemos e vemos Jesus vivo no nosso dia a dia, sem precisarmos de nenhum culto exterior.
Nós respeitamos todos os crédulos religiosos, embora não seguimos as suas formas e exteriorizações, nos mantendo acreditando na imortalidade do espírito", declara Paulo James ao contar que, na doutrina espírita, a morte é consequência do processo de reencarnação, que não tem nenhuma conotação especial a não ser a volta para o mundo espiritual e, portanto não há necessidade de se relembrar sempre com tristeza a data.
A Páscoa para os espíritas representa uma reflexão mediante a libertação espiritual, sendo um sentido bem mais amplo. Por isso os espíritas não vêm a necessidade de ser este dia um dia de feriado.
Para eles, Jesus é mestre por excelência, é um educador que ensina como agir rumo ao bem e a libertação. "Não seria o derramamento do sangue que teria significado, mas toda sua trajetória que nos ensina como vencer e como agir como filhos de Deus", acrescenta Paulo James.
O espiritismo, embora sendo uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição, para eles, Jesus apareceu a Maria de Magdala e as discípulos, com seu corpo espiritual, que chamam de perispírito.
"Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as Leis naturais do nosso mundo para afirmar o seu conceito de missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, ate mesmo a ressurreição, finaliza o espírita.
No islamismo, a autoflagelação está presente entre algumas vertentes, sejam nos muçulmanos xiitas em datas específicas como na celebração de Ashura, ou em grupos étnicos do noroeste africano...
Se liga:
"Cristo" é um epíteto dado a Jesus e significa "ungido" em grego. Mas qual era o verdadeiro nome de Jesus? Como judeu que era, ele tinha um nome aramaico (o aramaico, derivado do hebraico, era a língua falada pelos judeus do século 1º da nossa era): Yehoshua (ou Yeshua) ben Youssef, isto é, Josué, filho de José.
Mas Jesus também era conhecido como Jesus de Nazaré, ou Jesus o Nazareno, em razão de sua cidade de origem. Ao ter sido batizado no rio Jordão e reconhecido como o mensageiro de Javé que viera libertar o povo judeu da opressão romana (Yehoshua significa "Javé salva"), Jesus recebeu o epíteto de Mashiach ("Messias"), que em hebraico quer dizer "ungido". Como o Novo Testamento foi redigido num grego tardio chamado koiné, o nome Yeshua Mashiach foi traduzido para Iesoûs ho Khristós, literalmente "Jesus o Ungido".
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:www.voaportugues.com/www.meionorte.com/
fonte:www.voaportugues.com/www.meionorte.com/
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