UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Não há como falar em movimento negro e resistência negra se não pensar...

Não há como falar em movimento negro e resistência negra se não pensar nas músicas, danças e toda a beleza das cores e estampas que caracterizam os blocos afro, samba, samba-reggae pagode e afoxés.

A história brasileira é marcada por vários episódios de luta popular em defesa de direitos,que garantem dignidade, respeito e, acima disso, a vida. É neste contexto, que o 
povo negro, vítima da diáspora que os retirou do seu continente de origem – África -, conduziu o enfrentamento cotidiano na defesa de todas as dimensões sociais e culturais que reafirmam o lugar de protagonismo na construção de uma identidade e representatividade social.Na Bahia, estado brasileiro cuja população é majoritariamente composta por negros e negras, a professora Railma Souza explica que a resistência passa, em primeiro lugar, pelo enfrentamento à visão eurocêntrica. “Infelizmente, ainda enchemos a boca para dizer que pessoas cultas são as que ouvem alguns tipos de música, leem muitos livros […] o que constitui uma hierarquização da cultura”, pontua.Nesse sentido, Railma considera fundamental romper com essas noções estereotipadas e tentar compreender a complexidade das expressões da cultura do povo negro, do povo indígena, rural, periférico. “Enxergar a poesia de rua como poesia, o reggae, o rap, o hip hop, o funk e mesmo o pagode enquanto estilos musicais”

Mas as transformações não ocorrem apenas nas manifestações culturais. Mesmo nas religiões de divindades e de encantados as adaptações, apropriações e invenções estão presentes, sob todas as formas possíveis, mostrando-nos sua intensa complexidade. Neste sentido, a história e a cultura, em minha visão, é terreno da invenção de seres humanos, e disto não tenho como fugir, caso queira transformar meu desejo de entendimento das práticas e dos costumes em realidade. Afoxés e religiões não podem ser vistos como frutos da natureza, e, por conseguinte seus liames foram estabelecidos em processos variados ao longo do tempo como forma de resposta para diferentes fins, sendo impossível estabelecer um começo ou origem para tal questão. Além do samba, que é o estilo brasileiro mais famoso no mundo, outros ritmos também vieram da mãe África: Maracatu, Congada, Cavalhada, Moçambique. Além disso, muitos instrumentos musicais como: afoxé (tipo de chocalho feito com uma cabaça e uma rede de miçangas), agogô (cones de metal tocados com uma baqueta), barimbau, caxixi (cesto de vime em forma de chocalho encerrado no fundo uma cabaça com sementes), atabaque, cuíca (parecido com tambor, mas com uma varinha encostada à pele, que fricciona produzindo som) e entre outros.
As práticas e os costumes humanos são construções culturais e isto, até prova em contrário, não é nenhuma novidade entre estudiosos, notadamente os mais afeitos à Antropologia. No tocante a História, ao historicizar os processos de construção das manifestações culturais, pode-se perceber que muitas observações foram feitas (e ainda o são!) de forma naturalizadora, ora tomando o discurso dos “nativos” como plena verdade, ora utilizando-se de narrativas míticas, atribuindo uma origem na perspectiva de entender e traduzir determinado fenômeno. Há também estudos que preconizam por um ponto de vista que atribui às práticas determinadas funções ou utilidades, privilegiando às vezes uma das muitas facetas existentes no fazer cultural. Infelizmente ainda hoje existem trabalhos sendo feitos com uma perspectiva que atribui ao “fazer popular” a pecha de sobrevivência, reminiscência ou puro folclore. 

Os afoxés - “Os Afoxés surgem como um elemento de resistência. Os primeiros afoxés registrados como tal datam de 1895, momento muito próximo do pós-abolição. Os negros ainda tinham seus direitos restringidos pelo Estado e pelas elites brancas. E os afoxés começaram a ir para as ruas como forma de levar a alegria e as festividades negras para desfilar nos carnavais”, diz o artista, gestor e pesquisador cultural, Chicco Assis. Segundo Chicco, a trajetória dos afoxés na história brasileira é de altos e baixos. Os primeiros afoxés registrados foram “Embaixada Africana” e “Pândegos d’África”. Houve momentos de proibição dos batuques nas ruas e de desarticulação. Em 1949, surgiu os Filhos de Gandhy, um dos afoxés mais antigos ainda em funcionamento na cidade. Já em 1978 foi criado o Afoxé Badauê, que trouxe inovações na forma de fazer o afoxé, no desfile e nas performances, com Moa do Katendê e Jorjão Bafafé como fundadores.

“Pensar em afoxé, que tem como um possível significado ‘a força que vem de dentro’, é considerar que essa força vem de dentro dos terreiros de candomblé, já que muitos afoxés nascem dentro dos terreiros. Moa do Katendê traduzia a palavra badauê como “mensageiro da alegria”. Então, o afoxé, através da alegria, é esse espaço de resistência negra, de valorização das culturas afro-brasileiras, de valorização e de respeito das religiões de matriz africana. Não dá para pensar na luta do movimento negro, nas lutas de resistência se a gente não pensa nos afoxés”, ressalta.

Assis pontua ainda sobre importância do diálogo entre os blocos afro, como o Ilê Aiyê que Ttem maais de 45 anos, e os afoxés para a construção do movimento negro na Bahia e no Brasil. Para o pesquisador, a participação dos afoxés é muito significativa, mas por vezes é silenciada. “Quando a gente pensa no final da década de 1970, quando esses afoxés ressurgem e agregam a juventude negra soteropolitana, deram muito fôlego para essa revolução racial que começou a acontecer a partir do carnaval. Os afoxés deram o axé para que essa revolução pudesse acontecer. E que a gente até hoje pudesse reverenciar essas entidades carnavalescas.

UNEGRO e a CULTURA PRETA-  Nesse a UNEGRO em Marica criou o Projeto Identidade Preta – Ritmos Afro com o intuito de manifestar, resgatar, fortalecer e manter a cultura
negra. Os ritmos como dança, cantos, culinária afro, a capoeira e os turbantes, são símbolo da resistência. Os ritmos afro  
ensaiados semanalmente são o jongo, ijexá, samba de roda e samba reggae. Contendo como um dos idealizadores da UNEGRO RJ Ricardo Teixeira e ex diretora Luciane Vieira .
O bom trabalhos dos organizadores do projeto, a coordenadora Geral e diretora tb diretora UNEGRO em Marica Nilcea Nascimento, o Coordenador Afro, e diretor da UNEGRO RJ nucleo Marica Mestre Nego da Serrinha e por todos os componente da entidade da organização incluindo a atual presidente Monica Gurjão.
Registramos que este projeto de sucesso vai se estender por mais 3 cidades do estado do Rio de Janeiro.

Enfim o curso da história, vai se modificando com sua prática ao sabor do cotidiano, disputando espaços com os maracatuzeiros e se inserindo no cenário político atual. Eis algumas das questões que necessitam ainda serem mais bem trabalhadas, mas isso é motivo para outras histórias.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:

ALMEIDA, Renato. História da música brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguiet $ Comp., 1942. _____. Vivência e projeção do folclore. Rio de Janeiro: Livraria Agir, 1971. ANDRADE, Mário. Danças dramáticas do Brasil. 2o tomo. Belo Horizonte / Brasília: Ed. Itatiaia / INL / Fundação Nacional Pró-memória, 1982. ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional. Danças, recreação, música. V. II. São Paulo: Melhoramentos, 1967. BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas. In: LASK, Tomke (Org). O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa, 2000. BASTIDE, Roger. Imagens do Nordeste místico em branco e preto. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1945. _____. O carnaval de Recife. Revista do Brasil, abril de 1944. _____. Sociologia do folclore brasileiro. São Paulo: Editora Anhambi, 1959. BOAS, Franz. A formação da antropologia americana – 1883-1911. Rio de Janeiro: Contraponto/ Ed. UFRJ, 2004 (a). _____. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004 (b). CAPONE, Stefania. A busca da África no candomblé. Tradição e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas/Contracapa, 2004. CARNEIRO, Edison. Folguedos tradicionais. Rio de Janeiro: Conquista, 1974.

domingo, 5 de janeiro de 2020

O Negro André o abolicionista


André Rebouças (1838-1898) foi um engenheiro, professor, abolicionista e monarquista brasileiro. O primeiro engenheiro negro a se formar pela Escola Militar

André Pinto Rebouças nasceu em plena Sabinada, a insurreição baiana contra o governo regencial. Seu pai era Antônio Pereira Rebouças, um mulato autodidata que obteve o direito de advogar, representou a Bahia na Câmara dos Deputados em diversas legislaturas e foi conselheiro do Império. Sua mãe, Carolina Pinto Rebouças, era filha do comerciante André Pinto da Silveira.
André tinha sete irmãos, sendo mais ligado a Antônio, que se tornou seu grande companheiro na maioria dos seus projetos profissionais. Em fevereiro de 1846, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. André e Antônio foram alfabetizados por seu pai e frequentaram alguns colégios até ingressarem na Escola Militar.

Em 1857 foram promovidos ao cargo de segundo tenente do Corpo de Engenheiros e complementaram seus estudos na Escola de Aplicação da Praia Vermelha. André bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas em 1859 e obteve o grau de engenheiro militar no ano seguinte.
Os dois irmãos foram pela primeira vez à Europa, em viagem de estudos, entre fevereiro de 1861 e novembro de 1862. Na volta, partiram como comissionados do Estado brasileiro para trabalhar na vistoria e no aperfeiçoamento de portos e fortificações litorâneas.

Na guerra do Paraguai, André serviu como engenheiro militar, nela permanecendo entre maio de 1865 e julho de 1886, quando retornou ao Rio de Janeiro, por motivos de saúde. Passou então a desenvolver projetos com seu irmão Antônio, na tentativa de estruturação de companhias privadas com a captação de recursos junto a particulares e a bancos, visando a modernização do país.
As obras que André realizou como engenheiro estavam ligadas ao abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, às docas dom Pedro 2o e à construção das docas da Alfândega (onde permaneceu de 1866 até a sua demissão, em 1871).

Paralelamente, André dava aulas, procurava apoio financeiro para Carlos Gomes retornar à Itália, debatia com ministros e políticos por diversas leis. Foi secretário do Instituto Politécnico e redator geral de sua revista. Atuou como membro do Clube de Engenharia e muitas vezes foi designado para receber estrangeiros, por falar inglês e francês.

Participou da Associação Brasileira de Aclimação e defendeu a adaptação de produtos agrícolas não produzidos no Brasil, e o melhor preparo e acondicionamento dos produzidos aqui, para concorrerem no mercado internacional. Foi responsável ainda pela seção de Máquinas e Aparelhos na Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.

Na década de 1880, André Rebouças se engajou na campanha abolicionista e ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora. Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.

Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha. Mas o movimento militar de 15 de novembro de 1889 levou André Rebouças a embarcar, juntamente com a família imperial, com destino à Europa.
Por dois anos, ele permaneceu exilado em Lisboa, como correspondente do “The Times” de Londres. Transferiu-se, então, para Cannes, na França, até a morte de D. Pedro 2o.

Em 1892, com problemas financeiros, aceitou um emprego em Luanda, Angola, onde permaneceu por 15 meses. Fixando-se em Funchal, na Ilha da Madeira, a partir de meados de 1893, seu abatimento intensificou-se. Suicidou-se no dia 9 de maio de 1898, e seu corpo foi resgatado na base de um penhasco, próximo ao hotel em que vivia.

O QUE POUCA GENTE SABE É :Projetado e construído no século XIX pelo engenheiro negro André Rebouças, sem a utilização de mão de obra escrava, o edifício Galpão Docas Pedro II, localizado na Avenida Barão de Tefé, região central do Rio, virou alvo de uma disputa judicial. É que no imóvel deveriam ser instalados um centro de acolhimento turístico e um memorial de celebração à herança africana, espaços integrados ao Cais do Valongo. O memorial e o centro turístico fazem parte da exigência imposta pela Unesco na ocasião em que foi concedido ao sítio arqueológico o título de patrimônio cultural mundial. Apesar da exigência, o prédio, que fica bem em frente ao ao Valongo, tem sido utilizado para outros fins.

O edifício Galpão Docas Pedro II é um imóvel que pertence à União. Mas, segundo o Ministério
Público Federal (MPF), desde de o ano 2000, o imóvel é ocupado pela ONG Ação da Cidadania. Ainda de acordo com o MPF, a ONG, que é uma entidade privada, utiliza o imóvel para, sem nenhum custo, exercer atividades remuneradas. Por conta disso e para que as exigências da Unesco em relação ao Cais do Valongo sejam atendidas, o MPF entrou com uma ação judicial exigindo a reintegração de posse do imóvel. "Vê-se clara distorção: aquilo que deveria, quando muito, ser um convênio temporário para o desenvolvimento de um projeto social, eterniza-se como principal fonte de receita de uma entidade privada, literalmente servindo para remunerar todos os seus diretores e empregados", afirmam os procuradores do MPF, para justificar a ação judicial.

Se liga:somente em 2016, a ONG Ação Cidadania teve uma receita de R$ 1, 4 milhão e que pagou aos seus diretores, a título de pró-labores, R$ 119 mil. Os números sugerem que a organização não governamental está utilizando um imóvel público para desenvolver atividades com fins lucrativos. 

Apenas no final de  2019 as partes entraram em um acordo e a ong se comprometeu a deixar o prédio..."Queremos um centro de referência da memória do Valongo, com a proposta de se trabalhar os achados arqueológicos feitos neste local, para estarem em exposição. Precisamos de um museu no prédio das Docas Pedro II, tombado pelo Iphan no ano passado, um espaço construído pelo engenheiro negro André Rebouças. É um museu que terá a participação da comunidade negra.”


A lendade Oxum (Oro mi maió)

Dona de beleza e meiguice sem iguais, a todos seduzia pela graça e inteligência. -Oxum era também extremamente curiosa e apaixonada.

Oxum era rainha de um grande e rico território.
Este foi invadido pelos Ionis, atraídos pelo renome dessa riqueza fabulosa. Triunfaram da rainha, apoderaram-se da capital, saquearam o país, tomaram conta da fortuna da soberana.
Oxum, para não ser aprisionada, foi obrigada a fugir aproveitando a escuridão da noite; subiu numa jangada e dirigiu a Deus oração fervorosa. Depois, sob inspiração divina, pediu para seus súditos que preparassem abarás e os deixassem nas margens. Quando os invasores chegaram a beira da praia, estavam famintos; precipitaram-se sobre os abarás e os comeram.
Dentro não havia veneno, e sim, força divina - axé -. Todos caíram mortos. E assim Oxum pode retomar posse, ao mesmo tempo, de sua fortuna e de seu território. Daí por diante, devido a vitória tomou o nome de Oxum-Ioni.E quando certa vez se apaixonou por um dos orixás, quis aprender com Orunmilá, o melhor amigo de seu pai, a ver o futuro.

Oxum então seduziu Exu, que não pôde resistir ao encanto de sua beleza e pediu-lhe roubasse o jogo de ikin (cascas de coco de dendezeiro) de Orunmilá. Para assegurar seu empreendimento Oxum partiu para a floresta em busca das Iyami Oshorongá, as perigosas feiticeiras africanas, a fim pedir também a elas que a ensinassem a ver o futuro. Como as Iyami desejavam provocar Exu há tempos, não ensinaram Oxum a ver o futuro, pois sabiam que Exu já havia roubado os segredos de Orunmilá, mas a fazer inúmeros feitiços em troca de que a cada um deles elas recebessem sua parte.

Tendo Exu conseguido roubar os segredos de Orunmilá, o Deus da adivinhação se viu obrigado a partilhar com Oxum os segredos do oráculo e lhe entregou os 16 búzios com que até hoje as mulheres jogam. Oxum representa, assim a sabedoria e o poder feminino.

Em agradecimento a Exu, Oxum deu a Exu a honra de ser o primeiro orixá a ser louvado no jogo de búzios,
e entrega a eles suas palavras para que as traga aos sacerdotes. Assim, Oxum é também a força da vidência feminina.

Mais tarde, Oxum encontrou Oxóssi na mata e apaixonou-se por ele. A água dos rios e floresta tiveram então um filho, chamado Logun-Edé, a criança mais linda, inteligente e rica que já existiu.

Apesar do seu amor por Oxóssi, numa das longas ausências destes Oxum foi seduzida pela beleza, os presentes (Oxum adora presentes) e o poder de Xangô, irmão de Oxóssi, rompendo sua união com o Deus da floresta e da caça. Como Xangô não aceitasse Logun-Edé em seu palácio, Oxum abandonou seu filho, usando como pretexto a curiosidade do menino, que um dia foi vê-la banhar-se no rio. Oxum pretendia abandoná-lo sozinho na floresta, mas o menino se esconde sob a saia de Iansã a Deusa dos raios que estava por perto. Oxum deu então seu filho a Iansã e partiu com Xangô tornando-se, a partir de então, sua esposa predileta e companheira cotidiana.

O CHAMADO DE OXUM- OXUM, aparece sedutoramente em sua vida e adula você para lembrá-la de reverenciar a sua sensualidade. A totalidade é alimentada quando você concentra sua atenção e seu tempo no corpo, respeitando e dando espaço aos sentidos e à sensualidade.

Oxum está aqui para dizer que é hora de assumir sua sensualidade sem culpa.

Sua influência nos inspirará quando estivermos em busca de uma atitude mais independente em relação ao amor, além de aumentar a nossa auto-estima.

Os rituais de banho são os que mais nos favorecem quando desejamos refletir profundamente sobre um assunto sentimental.

Realize seus rituais de banho sempre na Lua Nova ou Cheia.

BANHO DE OXUM- Ache um tempinho para cuidar de si mesma e relaxar com o banho de Oxum. Coloque um fundo musical baixinho. Acenda uma vela amarela no banheiro, de modo a tornar o ambiente suave e agradável. Antes de entrar no banho acrescente algumas das ervas de Oxum e algum óleo na água para ficar envolta em sua fragrância.

Dizem que: As mulheres que desejarem ter filhos dirigem-se a Oxum pois ela controla a fecundidade graças aos laços mantidos com Ìyámi-Ajé (Minha mãe feiticeira).

Sobre esse tema, uma lenda conta que: "Quando todos os orixás chegaram à Terra, organizaram reuniões em que as mulheres não eram admitidas. Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e por não poder participar de todas as deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis.

Entregue-se à sensação prazerosa do calor da água, sentindo eliminar toda a tensão de todos os pontos de seu corpo, substituindo-a pela descontração e receptividade. Boie na água, aquecendo-se no calor, no aroma e na música. Feche os olhos e respire fundo.

Sinta o prazer! Sinta-se à vontade, sinta-se grata pelos dons do corpo e dos sentidos. Fique neste estado de relaxamento o tempo que quiser. Quando terminar o banho, passe um óleo natural no corpo. Sopre a vela agradecendo a Oxum.

Troque a roupa de cama e vista uma camisola amarela para continuar recebendo a energia da Deusa Oxum durante toda a noite.

"Eu vi Mamãe Oxum na cachoeira sentada na beira de um rio colhendo lírios, lírio ê colhendo lírios, lírio á colhendo lírios pra enfeitar nosso congá."
ORA IEIÊ Ô!!!
Claudia Vitalino
fonte:centropaijoaodeangola.com/

domingo, 15 de dezembro de 2019

Ensaio breve sobre: Cristãos Negros

"A Bíblia tem a cor de todas as culturas; é contemporânea de todas as eras. Ela é um livro apaixonadamente humano
Um passado destes poderia incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam, pelo contrário, o
monopólio da ética. Proclamam que adoram o Deus único, que deus é “amor”, e se consideram melhores que o resto da humanidade.

Sem querer agredir a fé cristã dogmática (a qual merece todo o nosso respeito), nem diminuir o valor histórico do cristianismo e da Igreja Católica, mas apenas contribuir para o diálogo inter-religioso, a fim de buscarmos o conhecimento da verdade que nos liberta (“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”), resumo nesta semana alguns dos principais dados da história negra do cristianismo dos cristãos, dados esses que comprovam minha tese de que essa modalidade de cristianismo não pode ter sido fundada pelo verdadeiro Jesus de Nazaré, o qual resumiu toda a sua doutrina religiosa na prática do amor: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (João 13,35). “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros” (João 13,34). “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu sentimento e com toda a tua força. 

Mitos dogmáticos ou dogmas mitológicos?- Já disseram que a cor negra é o sinal que o Senhor colocara em Caim por haver este matado a Abel, seu irmão (Gn 4.15). Outros, interpretando de maneira equivocada a profecia enunciada por Noé aos seus filhos, alimentam a hipótese de que o negro surgiu por causa da maldição imposta pelo patriarca sobre a irreverência de Cam (Gn 9.25).
Erudição alguma é necessária para se constatar a incongruência de tais mitos. Uma leitura atenta e descompromissada do Livro Santo há de mostrar que semelhantes teses não resistem a um exame mais atento. Teológica e historicamente, são falhas, dúbias, perniciosas.

Da História sagrada, infere-se ter sido toda a descendência de Caim destruída pelo Dilúvio. Além disso, a marca que pôs o Senhor no homicida não foi a cor, e, sim, um ideograma, denunciando-lhe o crime. Quanto ao caçula de Noé, o texto do Gênesis não comporta dúvidas: apenas um ramo dos camitas foi amaldiçoado: os cananeus. E a maldição cumpriu-se quando os hebreus tomaram-lhes as terras no século 15 aC. Os outros filhos de Cam são mencionados na Bíblia como nações fortes, poderosas e aguerridas. Haja vista o Egito, a Etiópia, a Líbia e as cidades de Tiro e Sidom.
De acordo com a concepção hebraico-cristã, não há nenhuma maldição em ser negro nem bênção alguma em ser branco. A bem-aventurança reside em se guardar os mandamentos de Deus, praticar a justiça e observar a beneficência:


"... Deus não faz acepção de pessoas; Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e obra o que é justo.", At 10.34-35.

A África no índice Bíblico das Nações - Conhecido como o índice das Nações, o capítulo 10 do primeiro livro da Bíblia faz referências a pelo menos três grandes nações africanas: Cuxe, Mizraim e Pute (Gn 10.6). Ou seja: Etiópia, Egito e Líbia. Apesar das muitas tribulações de sua história, estes povos vingaram: no passado, império; no presente, o vivo testemunho do vigor das civilizações negras. Durante toda a História Sagrada, o Egito sempre foi temido como potência mundial. À Etiópia era uma nação tão aguerrida e expansionista que, no tempo dos reis de Judá, invadiu aTerra Santacom um exército de um milhão de homens (2Cr 14.9). Quanto à Líbia, era vista pela Assíria como um contrapeso às ambições babilônicas (Na 3.9). Se coletivamente os africanos foram marcantes, individualmente destacam-se no texto bíblico.

A mulher negra de Moisés -No capítulo 12 de Números, lemos: "E falaram Miriã e Aarão contra Moisés, por causa da mulher cuxita, que tomara: porquanto tinha tomado a mulher cusita", Nm 12.1. Não fora o contexto deste triste e lamentável episódio, seríamos levados a pensar que a profetisa e o sumo sacerdote hebreus eram tão racistas quanto os criadores do apartheid. Todavia, mostra-nos o desenrolar da história que a má vontade de ambos não tinha como motivação o fato de Moisés haver tomado uma negra por mulher. O que eles não toleravam eram os privilégios que o grande líder desfrutava junto a Deus. Como não achassem nenhuma falha no legislador, houveram por bem censurar-lhe a união inter-racial que, diga-se de passagem, não era algo incomum entre os israelitas. Afinal, não se unira Abraão com uma egípcia e com uma egípcia não se casara José?

Eu sou negra e aprazíve -Como você imagina a Sulamita dos Cantares? Uma nórdica encontradição nas pinturas sacras da Renascença italiana? E se você descobrisse que o maior poema de amor deEu sou morena, mas agradável, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão." (Ct 1.5) Se o texto em português deixa alguma dúvida quanto à cor da formosíssima jovem, o texto inglês, apesar da infelicidade da partícula adversativa, é concludente: I am black but comely. Esta tradução parece estar mais de acordo com o original hebraico.
todos os tempos foi dedicado a uma negra? Ficaria escandalizado? As filhas de Jerusalém indignaram-se quando Salomão elegeu a formosa pastora de Quedar como a predileta de seu coração. Diante de tão descabida acepção, Sulamita protesta: "

O negro que ajudou a Jeremias -Jeremias profetizou no momento mais crucial e ingente do Israel do Antigo Testamento. Em breve, seriam os judeus entregues aos babilônios; perderiam em breve a soberania e em breve ficariam sem os mais caros símbolos nacionais e religiosos. É neste momento que aparece o profeta com uma mensagem impopular e nada patriótica: apregoa a submissão ao opressor e condena qualquer esboço de resistência. Por causa de sua atitude, foi Jeremias lançado no calabouço de Malaquias (Jr 38.6). E só não morreu porque um etíope chamado Ebede-Meleque intercedeu por ele junto ao rei Zedequias. Por sua corajosa postura, o negro Ebede é honrado até hoje.

Os negros no Novo Testamento- Muitos africanos ainda vêem a Igreja como típica empresa européia. Ainda se assustam com os pioneiros brancos e barbudos que, desde David Livingstone, cortam a negritude daquelas terras levando a mensagem do Cristo. Em sua origem, porém, a Igreja era tão multirracial quanto hoje. No Dia de Pentecostes encontravam-se em Jerusalém, além dos gregos, romanos e asiáticos, várias nações negras: Egito, Líbia e Cirene. E, nestes países, o Evangelho floresceu de maneira surpreendente. Haja vista a Igreja de Alexandria. Dela sairiam os teólogos Orígenes, Clemente e Atanásio.


Lembremo-nos também do ministro da Fazenda da Etiópia que se converteu quando retornava ao seu país (At 8.26-38). Acredita-se ter sido com este eunuco que teve início a Igreja Copta.


 Uma visão universal e transcultural da Bíblia -Durante vários séculos, a Bíblia foi vista como um livro exclusivamente branco e interpretado colonialisticamente pelas nações europeias. Deste triste contexto, excetuamos os missionários que sempre tiveram uma visão universal e trans-cultural das
Sagradas Escrituras. Jamais nos esqueçamos de que a Bíblia começou a ser escrita na África. Não é um livro branco, como pensamos; ou exclusivamente negro. A Bíblia tem a cor de todas as culturas; é contemporânea de todas as eras. Ela é um livro apaixonadamente humano e comprovadamente divino.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte: publicado no Jornal Mensageiro da Paz de Dez/98 por Claudionor Corrêa de Andrade é pastor e chefe do Setor Hispânico da CPAD




quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O Caso da queima dos arquivos logo a após a proclamação da República e, também, da abolição da escravização

Esse assunto, a queima dos arquivos, foi esgotado em estudo de Américo Jacobina Lacombe, que argumentou em favor da memória do advogado, jornalista e político baiano. Gilberto Freyre, ao que consta, também teria imputado a Rui a responsabilidade pela queima desses documentos, cuja destruição teria desprezado a memória nacional. Porém, há algo mais em jogo nesse enigma de nossa historiografia. A queima dos arquivos da escravidão, trata-se, na sempre feliz expressão de Lacombe, de uma pedra de escândalo em nossa história cultural.

Rui Barbosa: Orador, jurista, jornalista, abolicionista e homem público brasileiro nascido em Salvador, Bahia, fundador da Academia Brasileira de Letras, escolhendo Evaristo da Veiga como patrono da Cadeira n. 10 da ABL, ficou famoso ao traduzir a obra O papa e o concílio (1877), de
Doelinger, contra o dogma da infalibilidade do papa. Filho do médico, político e educador João José Barbosa de Oliveira, homem voltado para os problemas da educação e da cultura e que por vários anos dirigiu a Instrução Pública de sua província, e de dona Maria Adélia, que lhe deram ainda uma irmã mais nova, Brites Barbosa. Iniciou (1865) o curso jurídico em Recife e, conforme tradição da época, transferiu-se (1868), para a Faculdade de Direito de São Paulo.

Lá foi proposto sócio, juntamente com Castro Alves, do Ateneu Paulistano, então sob a presidência de Joaquim Nabuco. Formado em direito (1870) fez da introdução do livro um libelo contra a chamada questão religiosa. Em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira na tribuna e na imprensa, abraçando como causa inicial a abolição da escravatura. Casou-se (1876) com Maria Augusta Viana Bandeira, que lhe acompanharia a partir de então por todos os momentos da vida. Eleito deputado provincial pela Bahia (1878) e reeleito deputado geral nas duas eleições seguintes, participou da reforma eleitoral (1881) e da reforma do ensino (1882-1883).
A quais documentos se refere? Eram livros de matrícula, de controle aduaneiro e de recolhimento de tributos, que se encontravam nas repartições do ministério da Fazenda. Qual a importância desses documentos? Eram “comprovantes de natureza fiscal que pudessem ser utilizados pelos ex-senhores de escravos para pleitear a indenização junto ao governo da República”[3]. Havia um grupo de escravocratas, que se auto-identificava como o grupo dos indenezistas, e que pretendia receber do governo republicano uma indenização pela perda dos escravos, e das respectivas rendas, hipotecas e garantias, cuja causa fora a abolição dessa instituição hedionda e execrável.

Não se pode acusar Rui de alguma conivência com esse grupo. Quando ministro da fazenda Rui negou pedido de indenização, em passagem memorável de sua biografia. Conta-se que um grupo de escravocratas indenezistas teria requerido subvenção do governo para um banco encarregado de indenizar ex-proprietários de escravos e seus herdeiros “dos prejuízos causados pela lei de 13 de maio de 1888”[4]. A resposta de Rui fora seca, direta e feliz: “mais justo seria e melhor se consultaria o sentimento nacional se se pudesse descobrir meio de indenizar os ex-escravos não onerando o tesouro”; a resposta é de 11 de novembro de 1890, e valeu a Rui um diploma emblemático oferecido pela Confederação Abolicionista, que ainda funcionava.

Fato: O Estado de 19 de dezembro de 1890 publicou trechos da ordem, que pedia que os registros sobre servidão fossem enviados para a capital, onde se procederia a "queima e destruição imediata deles". No documento, o político chamava a escravidão de "instituição funestíssima que por tantos anos paralisou o desenvolvimento da sociedade e infeccionou-lhe a atmosfera moral ". E, dizia que a república era "obrigada a destruir esses vestígios por honra da pátria e em homenagem aos deveres de fraternidade e solidariedade para com a grande massa de cidadãos que a abolição do elemento servil entraram na comunhão brasileira."
Ele fez isso porque, quando os escravos foram libertados no Brasil, em 13 de maio de 1888, a lei estabeleceu que os antigos senhores não seriam indenizados, ou seja, não receberiam nenhuma recompensa pelo fato de estarem sendo obrigados a libertar seus escravos. Afinal, em pleno fim do século 19, era um absurdo achar que uma pessoa pudesse ser dona de outra pessoa!

A queima dos arquivos, nessa perspectiva, ainda que à época supostamente justificada pela necessidade de apagarmos os resquícios de nódoa terrível de nossa história, teve como causa uma justificativa instrumental: privar os escravocratas da instrução necessária de processos indenizatórios. Rui teria como objetivo preservar ao Tesouro, minar uma litigância que se avizinhava, bem como (talvez) colher elogios por atitude que à época era qualificada como liberal e humanitária. Simbolismo e gestos libertários estavam em voga, justamente por que nada fazíamos para resolver efetivamente o problema da escravidão proscrita, isto é, educando, protegendo, qualificando, albergando e libertando de fato (e não apenas de direito) o beneficiário da Lei Áurea.

Rui é criticado por ter ordenado a destruição de documentos preciosos. Nesse sentido, Rui diminuiu nossas possibilidades de contato com uma realidade histórica que nos explica. Por outro lado, sua ordem também é justificada pelo contexto no qual vivia, quando a ameaça reacionária era constante. Com o benefício do retrospecto, o culpamos por nos privar de documentação histórica irrecuperável. Porém, esse dedo em riste não leva em conta o tempo no qual Rui viveu, seus propósitos, e nem mesmo sua trajetória em favor do abolicionismo. E se o culpamos pela destruição de documentos cuja falta de preservação nos afeta, fazemos de documentos fins em si mesmos: não estaríamos pensando e escrevendo a história.

Na edição de 21 de dezembro de 1890 o Estado publicou na sua capa uma crítica à ordem de Ruy Barbosa. Ela questionava o direito de um ministro sobre o destino dos documentos que "mais do que aos arquivos das repartições, pertencem à história"

Nem tudo, porém, foi destruído. Aliás, quase nada. Há ainda milhares de documentos sobre a escravidão nos arquivos, usados pelos historiadores para escrever a história deste passado impossível de esquecer.
Rui Barbosa apoiou o "golpe republicano" que destituiu a monarquia, porem, se arrependeu anos mais tarde.
 - Sim o primeiro golpe da historia republicana se deu na sua fundação,mas ai e outra historia...

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.


fontes:
Lacombe, Américo Jacobina, Silva, Eduardo e Barbosa, Francisco de Assis, Rui Barbosa e a queima dos arquivos, Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1988. As informações apresentadas no presente ensaio foram colhidas nessa obra, para onde se dirige o leitor interessado no assunto.

sábado, 19 de outubro de 2019

QUEM É CUTI?!

Um dos mais destacados intelectuais negros contemporâneos – poeta, ficcionista, dramaturgo e
ensaísta – Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, nasceu na cidade de Ourinhos, São Paulo, em 31 de outubro de 1951. Formou-se em Letras pela USP em 1980. É Mestre e Doutor em Letras pela UNICAMP, tendo defendido dissertação sobre a obra de Cruz e Sousa, em 1999, e tese sobre Cruz e Sousa e Lima Barreto, em 2005. Militante da causa negra, é um dos fundadores e mantenedores da série Cadernos Negros, a qual dirigiu entre 1978 e 1993. É, também, um dos fundadores da ONG Quilombhoje Literatura, além de membro atuante entre os anos de 1983 e 1994. Desde então, faz questão de estar sempre nas edições anuais dos Cadernos, tanto em prosa como em poesia, apenas com uma exceção no número 17, publicado em 1994, do qual não participa. Cuti teve também atuação relevante no Jornegro, órgão da extinta Federação das Entidades Afro-brasileiras do Estado de São Paulo. A partir de 1978, esteve entre os organizadores de várias edições do FECONEZU – Festival Comunitário Negro Zumbi – realizados no interior do Estado.
.
Sua obra é marcada pela defesa de uma literatura e de uma dramaturgia focadas no negro brasileiro. Tem mais de 15 livros publicados, entre contos, poesias, fica, teatro e ensaios.
Na segunda década do século XX, o Modernismo retoma veementemente as ideias de se caracterizar uma nacionalidade literária, buscando na população pobre e nos índios a sua inspiração. Mas desses segmentos sociais quer tão somente as manifestações folclóricas, não seus conflitos. Assim, encontra motivos para experimentações de linguagem restabelecimento de mitos, superstições, danças, músicas e religiosidade. (CUTI, 2010, p. 18).

O autor arremata seu pensamento mais adiante quando afirma:

"A produção literária de negros e brancos, abordando as questões inerentes às relações inter-raciais, tem vieses diferentes por conta da subjetividade que a sustenta, em outras palavras, pelo lugar socioideológico de onde esses produzem. (CUTI, 2010, p. 33).

Alguns títulos: "A consciência do impacto nas obras de Cruz e Sousa e de Lima Barreto", tese de doutorado, "Negros em Contos", "Literatura Negro-Brasileira", "Lima Barreto e Negroesia".

POEMA TRINCHEIRA

Falaram tanto que nosso cabelo era ruim
que a maioria acreditou e pôs fim

(raspouqueimoualisoufrisoutrançourelaxou...)

ainda bem que as raízes continuam intactas
e há maravilhosos pelos crespos
conscientes
no quilombo das regiões
íntimas
de cada um de nós.


QUEBRANTO


às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada


às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço


às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredicto


às vezes sou o amor que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo com o vazio


às vezes as migalhas do que sonhei e não comi
outras o bem-te-vi com olhos vidrados
trinando tristezas


um dia fui abolição que me lancei de supetão no espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida uma constituição
que me promulgo a cada instante


também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser


às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno começo


fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto que me entrego



às vezes...


"Certa mordaça em torno da questão racial brasileira vem sendo rasgada por sucessivas gerações, mas sua fibra é forte, tecida nas instâncias do poder, e a literatura é um de seus fios que mais oferece resistência, pois, quando vibra, ainda entoa loas às ilusões de hierarquias congênitas para continuar alimentando, com seu veneno, o imaginário coletivo de todos os que dela se alimentam direta ou indiretamente. A literatura, pois, precisa de forte antídoto contra o racismo nela entranhado'. (CUTI, 2010, p. 13). 
- Acusado de rancor, resta a alternativa de viver acuado em si mesmo, enquanto aprende as regras da vista grossa e do escamoteamento da expressão. Na pauta do permitido todos devem se esforçar para o sustento de todas as notas de hipocrisia nas relações raciais.

Ele é um dos idealizadores do Quilombhoje-Literatura, grupo paulistano de escritores fundado em 1980, focado em estudos e debates sobre literatura negra.


Fonte: Quilombhoje

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

"Olhos que Condenam"- Afro Americano é o ator mais jovem ganhador do Emmy 2019 .

Um dia depois, da execução de Aghata em Los Angeles, na Califórnia, o jovem ator de 21 anos, Jharrel Jerome, subiu ao palco do Emmy Awards para ganhar o prêmio de Melhor Ator em Minissérie. “Rezei para que o título fosse concretizado e que realmente víssemos esses homens por quem eles são”, desabafou o intérprete de Korey Wise, em Olhos que Condenam. Para quem não sabe, a série, de Ava DuVernay, contou a história baseada em fatos reais de cinco meninos negros que foram condenados por “engano”, em 1989, nos EUA
O interprete de Korey fez um discurso emocionante que foi aplaudido de pé. O astro, que levou a categoria de Melhor Ator em Minissérie ou Filme para a TV, dedicou o prêmio aos cinco jovens negros da vida real que inspiraram a história do seriado:
Jerome, que pela primeira vez havia recebido uma indicação na carreira, derrotou Benicio del Toro ("Escape at Dannemora"), Mahershala Ali ("True Detective"), Hugh Grant ("A Very English Scandal"), Jared Harris ("Chernobyl") e Sam Rockwell ("Fosse/Verdon")

O jovem Jharrel Jerome fez história na noite de ontem ao ganhar o primeiro Emmy de sua carreira. O ator de 21 anos, premiado após interpretar Korey Wise na série da Netflix Olhos Que Condenam, foi também o mais jovem vencedor da noite, além de ter se tornado o primeiro afro-latino premiado como melhor ator em minissérie ou filme para TV.

“Estou aqui na frente de pessoas que me inspiram”, disse o ator, que agradeceu muito o apoio de sua mãe para interpretar Korey Wise. “Obrigado a Ava DuVernay, Netflix, minha equipe, porém, mais importante, isso é para os homens que conhecemos como os Cinco Inocentados, isso é para Raymond, Yusef, Antron, Kevin e Korey”Baseado em uma história real que tomou conta dos EUA, Olhos que Condenam narra o caso notório de cinco adolescentes negros, rotulados como os Central Park Five, que foram condenados por um estupro que não cometeram. Todos os episódios já estão disponíveis na Netflix.

Os "cinco absolvidos", como Jerome os definiu, devolveram o elogio da poltrona com o punho levantado. Jharrel Jerome interpreta Korey Wise, um dos cinco jovens envolvidos nesse escândalo judicial que ecoou em todo o país nos EUA. EFE.

Ok , o que tem em comum os dois casa bem a criança Ágatha e o jovem ?  Todas são pessoas negras. Mas você deve estar se perguntado o que isso tem a ver, certo? Bom, uma vez assisti a um episódio de Todo Mundo Odeia o Cris em que o Julius falava que sempre torcia para pessoas negras, inclusive as desconhecidas , não foi "só" Ágatha, temos o Jenifer Gomes, o Kauê dos Santos, o Kauã Rozário, o Kauan Peixoto foram outras crianças que tiveram a infância interrompida por conta de tiros disparados pela polícia nas comunidades do Rio de Janeiro neste ano.

É preciso lembrar que quanto mais escura a sua cor, mais você é visto como suspeito. A sociedade racista vê o negro como marginal e esquece que foi a maior responsável pela sua marginalização. Após produzir riquezas em séculos de escravidão, pessoas negras foram jogadas ao relento sem direito a nada. Todo o produto do seu trabalho foi para mãos brancas que vem passando esse capital produzido por nós de geração em geração.

Ser tomados por um sentimento de impotência de não estarmos no controle, né? sabendo que "todas as vitimas" inocentes de pais trabalhadores que fizeram tudo direito e que pagam impostos que incluem e pagam segurança com seus encargos e tributos obrigatórios como todo cidadão de bem

Se liga que : O estado muito preocupado com aqueles que se rebelaram contra o sistema, lutando para sair do lugar historicamente destinado a "gente como nós"as elites contra atacam. Criam assim uma força de segurança para proteger seu patrimônio gerado pela exploração da mão de obra negra. E pra isso prometem ao pobre que, tornando-se parte desse escalão, ele terá chances de ascender socialmente e ter uma vida digna. O negro marginalizado vê nesse emprego público o fim da sua pobreza, sem notar que ela foi gerada pelo próprio Estado que o emprega. Esse homem muitas vezes não aprendeu a ter senso crítico, afinal sua escola pública não tinha nenhuma estrutura ou ensino de qualidade. Só o que ele recebe é treinamento pra matar suspeitos que são um reflexo dele mesmo.

Nossa indignação pelo sangue até das crianças derramado é impossível não ficar indignado. Protestos online e offline são necessários para mostrar que nenhuma vida negra passará em branco, mas precisamos transformar essa indignação em ações palpáveis com rebeldia,mas sem perder a ternura pois se formos contaminados por este tipo de sistema perverso, nos transformaremos igual a tudo isso que combatemos .

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte: oul\mundo negro

quinta-feira, 21 de março de 2019

O PRIMEIRO DE MAIO PARTE I:Trabalhador negro ganha 36% menos que o não negro...

Abolicionismo e trabalho negro Muito já se escreveu ou ainda se tem escrito sobre a abolição do trabalho escravo no Brasil. O tema é, de fato, fundamental para se pensar a constituição de um mercado de trabalho
capitalista e a introdução plena de uma ordem social competitiva no país. Entretanto, a literatura especializada tem enfatizado muito precariamente no âmbito desse quadro a relevância da história do trabalhador negro livre antes da abolição da escravatura. Nesse sentido, nunca é demais assinalar que a história do trabalhador negro livre começa muito antes da abolição, sendo importante recuperar o significado dessa dupla inscrição numa reflexão que se quer mais acurada sobre a importância dos papéis e da participação do negro na formação e constituição do mercado de trabalho livre no Brasil. A abolição do trabalho escravo no Brasil não aconteceu de forma repentina: o processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre já pode ser identifica - do ao longo de todo o século XIX. 2 É certo que o processo de coartações e alforrias se faz presente em toda a história da escravidão, porém as diversas formas de liberação da mão-de-obra negra se intensifica visivelmente em seu último período. Contudo, esta situação de convivência de uma força de trabalho livre (e, sobretudo, negra livre) com uma estrutura de trabalho escravo, por seu turno, criou também, ela própria, algumas dificuldades à pró - pria valorização, diversificação e expansão do trabalho livre no Brasil, como de resto ao próprio desenvolvimento pleno do mercado de trabalho capitalista no Brasil.

Os projetos imigrantistas - O pensamento social brasileiro de fins do século XIX, entrincheirado em supostas teorias acadêmicas, em - bebidas ora num evolucionismo, ora num positivismo ou num determinismo calcificantes – ou, mesmo em alguns momentos, numa mistura improvável de muitas delas - refletiam e sustentavam a ideia da indiscutível superioridade civilizatória caucasiana e a consequente inviabilidade da construção e evolução de uma nação desenvolvida e próspera tanto pelo trabalho escravo, como também e, sobretudo, pelo concurso de uma população majoritariamente mestiça e negra 8 . A solução, portanto, numa só tacada, tanto para o problema emergencial da constituição de um mercado de trabalho livre e progressista quanto da formação de um povo capaz de capitanear o projeto desenvolvimentista.

O mercado de trabalho livre no Brasil Decorrente desse contexto, o desenvolvimento do mercado de trabalho capitalista no Brasil andou, desde seus primeiros momentos, pari passuà ocupação majoritária dos seus postos e, principalmente dos seus melhores postos, pelo elemento branco. Segundo Andrews, nos 40 anos pós-abolição, o Brasil recebeu um contingente de mais de dois milhões de imigrantes, o impacto desse afluxo populacional na composição racial do país foi significativa. Em 1890, os brancos constituíam 44% da popula - ção brasileira, pardos e pretos participavam, nesse mes - mo ano com 47% do total populacional. Todavia, de 1890 a 1940 o incremento populacional do elemento branco foi exponencial. Em 1940 a população branca contava 63,5% da população brasileira 9 No que tange especificamente ao mercado de tra - balho, Andrews relata que: O censo de 1893 da cidade de São Paulo mostrou que 72% dos empregados do comércio, 79% dos trabalhadores das fábricas, 81% dos trabalhadores do setor de transportes e 86% dos artesãos eram estrangeiros. Uma fonte de 1902 estimou que a força de trabalho industrial na capital era composta de mais de 90% de imigrantes; em 1913, o Correio Paulistano estimou que 80% dos trabalhadores do setor de construção eram italianos; e um estudo de 1912 sobre a força de trabalho em 33 indústrias têxteis do Estado descobriu que 80% dos trabalhadores têxteis eram estrangeiros, a grande maioria italianos”10. A ocupação majoritária do branco imigrante no mercado de trabalho acabou por empurrar a população não-branca para as ocupações subalternas e mais desvalorizadas. Serviços domésticos, empregos informais e bis - cates foram as atividades que restaram aos não-brancos, nas quais eles se encontram ainda hoje, majoritariamente. Por outro lado, a forte presença branca imigrante

A constituição de 1988, e os marcos jurídicos na luta anti-discriminatória no mercado de trabalho no Brasil A Constituição Federal de 1988 constituiu um marco na transição democrática e na institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Como marco jurídico de uma nova etapa da vida jurídica e política da República
brasileira, a Constituição de 1988 consagrou o primado do respeito aos direitos humanos, propugnado pela ordem internacional, como verdadeiro paradigma balizador do ordenamento jurídico nacional e, por consequência, orientador das relações de trabalhos, inclusive as pautadas neste artigo. Orientado por esse conjunto princípiológico, necessário foi que se abrisse a ordem jurídica brasileira ao sistema internacional de proteção dos direitos humanos, o que, por consequência, obrigou a toda uma nova interpretação de princípios tradicionais, tais como a soberania nacional na dimensão política, mas também no próprio âmbito das relações de trabalho, impondo a reorientação e relativização de valores implícitos. Assim, nos moldes dessa abertura ao ordenamento jurídico internacional, dada pela Constituição Federal de 1988, o Brasil ratificou diversos instrumentos internacionais. No âmbito das relações de trabalho, destaca- -se a Convenção 111 da OIT que estabelece parâmetros jurídicos para matérias relativas a ausência de igualdade ou, especificamente e propriamente, relativas à discriminação nas relações de trabalho. Nos termos do artigo 1º da Convenção discriminação significa: a) toda distinção, exclusão ou preferência, com base em Raça, cor, sexo, religião, opinião polí- tica, nacionalidade ou origem social, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profissão; b) Qualquer outra distinção, exclusão ou preferência, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidades, ou tratamento no emprego ou profissão, conforme pode ser determinado pelo país membro concernente, após consultar organizações representativas de empregadores e trabalhadores, se as houver, e outros organismos adequados (OIT, Artigo 1º). Todavia, com um escopo ainda mais amplo do que o de meramente sincronizar a agenda jurídica nacional ás orientações hegemônicas da ordem jurídica e política internacional, mesmo que lastreado nele, o legislador constituinte, já no pórtico da Carta Magna, no art. 1, inciso III, determinava também como basilar à nova ordem jurídica inaugurada pela nova Constituição e coetânea aos novos valores de uma sociedade em processo de democratização, a dignidade da pessoa humana. Inovava mais uma vez nossa carta jurídico-política maior, revertendo a lógica liberal; posto que tendo a noção de dignidade da pessoa humana um caráter universal, inseri-la no ordenamento jurídico constitucional significava vinculá-la irremediavelmente não somente ás normas infraconstitucionais, como também atrelá-la inexoravelmente á experiência social concreta.

Pesquisa mostra disparidade salarial independente da formação. Dieese sugere criação de cotas para negros nas empresas.
Um estudo divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que um trabalhador negro recebe em média um salário 36,1% menor que o de um não negro, independentemente da região onde mora ou de sua escolaridade. Segundo o estudo, a diferença salarial e de oportunidades de trabalho são ainda maiores nos cargos de chefia.

A pesquisa 'Os negros nos mercados de trabalho metropolitanos' foi feita nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. O estudo destaca que a desvantagem registrada entre a remuneração de negros e não negros é pouco influenciada pela região analisada, horas trabalhadas ou setor de atividade da economia.

“Em qualquer perspectiva, os negros ganham menos do que os brancos”, avalia a economista Lucia Garcia, coordenadora de pesquisa sobre emprego e desemprego do Dieese, em entrevista à Globo News. "O que observamos é que a progressão na educação melhora a educação da população negra, mas não extingue a
desigualdade. Encontramos mais desigualdades no ensino superior completo."

Rendimento médio por hora (2011/2012)
Escolaridade Negro Não-negro
Fund. incompleto R$ 5,27 R$ 6,46
Fund. completo R$ 5,77 R$ 6,76
Médio completo R$ 7,13 R$ 9,56
Sup. completo R$ 17,39 R$ 29,03



Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

Fonte: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais

sexta-feira, 1 de março de 2019

É a consciência coletiva da mulher negra que traz a ruptura das invisibilidades, que chama atenção para as lacunas existentes na luta de mulheres, do negro e nas políticas de classe.

No dia 8 de março de 2019, Candelária, as mulheres unidas sairão em marcha pela vida e
contra todas as formas de violência. Nós, mulheres negras, estaremos presentes em bloco e em toda força e potências de nossas vozes plurais!


As narrativas que acompanham o surgimento do Dia Internacional da Mulher são consequências demúltiplso fatos históricos. Relacionam-se a lutas pelos direitos sociais e políticos de mulheres quecomeçaram na segunda metade do século 19 e nunca se interromperam. É um dia legítimo de memória e continuidade daquelas que rasgaram as mantas instauradas pelo patriarcado, impulsionando perspectivas para um debate inicial de gênero.

No entanto, as mulheres que instigaram esse debate neste período são as mesmas que foram formadas para não refletir, em primeira instância, sobre as desigualdades raciais e de gênero, e até mesmo de classe. Teve pouco ou nenhum impacto em suas reflexões o que ocorreu às mulheres negras entre os séculos 16 e 19 nas Américas, no período de tráfico negreiro, ou o que ocorreu pós-abolição no Brasil. Isso revela o abismo que o racismo provoca mesmo em mentes que buscam emancipação de um grupo oprimido.



Transgredindo as fronteiras instauradas pelo racismo, a mulher negra já trazia elementos ancestrais que dialogam com o que a gente conhece hoje como interseccionalidade, através de uma herança malunga, que recriou laços políticos e estratégias de sobrevivência.

Em um País que viveu três séculos de escravização da população negra, as mulheres negras ainda são vistas pela sociedade como servas e são as mais agredidas, socialmente e fisicamente. No Brasil, 58,86% das mulheres vítimas de violência doméstica são negras, revelam dados de 2015 da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180).

Somos Mulheres Negras, meninas, adolescentes, jovens, adultas, idosas, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, heterossexuais, quilombolas, rurais, das favelas, da baixada, sem teto, sem terra, em situação de rua, trabalhadoras domésticas, prostitutas, artistas, profissionais liberais, servidoras públicas, terceirizadas, empreendedoras, intelectuais, yalorixás, estudantes, ativistas, parlamentares, professoras e juntas marcharemos no 8 de março contra o racismo e todas as formas de violências e pelo bem viver!




Um afro abraço.

MULHERES DA UNEGRO RJ

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...