UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Nossa historia nossa gente:'Chiquinha Gonzaga"

 A mulher ousada que sacudiu o Rio de Janeiro na segunda metade do século 19 com sua música atendia pelo nome de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, ou então, pelo carinhoso diminutivo de Chiquinha Gonzaga.

Sua passagem pela música nacional é também um marco na história das mulheres do país. Feminista, Chiquinha desafiou e transgrediu muitos costumes machistas na época em que viveu, e, ainda mais: é atualmente tida como uma das maiores compositoras e instrumentistas da música brasileira. Sua obra tem mais de 2000 composições.

Nascida no Brasil ainda escravocrata, mais precisamente no dia 17 de outubro de 1847, Chiquinha era filha do rico militar José Basileu Neves Gonzaga e da negra Rosa Maria de Lima Gonzaga.
Numa época em que a mulher deveria se casar, ter filhos e sair pouquíssimo de casa, devotando toda sua vida ao marido e sendo obrigada a viver dentro de um sufocante regime patriarcal, Chiquinha fez seus estudos de música. Seu professor de piano foi o maestro Lobo.

Ela casou-se aos 13 anos com o oficial de marinha mercante Jacinto Ribeiro do Amaral, o qual nunca aceitou que sua esposa fosse a rodas boêmias, fato que tornou o casamento, imposto pelo pai de Chiquinha, rápido e cheio de brigas.
Aos 18 anos, Chiquinha deixou o marido e saiu de casa. Desfeito o casamento, ela se apaixonou por um engenheiro de estradas de ferro e os dois passaram a viver juntos.

Enquanto ele construía a estrada de ferro da Serra da Mantiqueira, viveram juntos e felizes, percorrendo o interior por causa da obra. Mas quando a construção acabou e eles voltaram ao Rio de Janeiro, o confronto com uma sociedade que os conhecia e os condenava, fez o amor durar pouco tempo. Separaram-se e ela passou a trabalhar, vivendo pobremente.

Sozinha, Chiquinha foi obrigada a dar aulas de piano para sustentar os filhos. Conheceu então o flautista Antônio da Silva Calado, que a introduziu nas festas e rodas de chorões. Num desses encontros com os músicos boêmios do Rio, em 1877, ela compôs, de improviso, a polca "Atraente", seu primeiro grande sucesso.
Foi também nesse período que Chiquinha Gonzaga, desejando entrar no teatro [na época era um tanto fechado às mulheres], musicou o libreto de Artur Azevedo "Viagem ao Parnaso", o qual, apesar de ser esplêndido, foi recusado por vários empresários de teatro por ter sido feito por uma autora, uma mulher. Mas isso não a fez desistir. Escreveu e musicou a peça em um ato "Festa de São João", em 1883.

Dois anos mais tarde, musicou a opereta de costumes "A Corte na Roça", com poesia de Francisco Sodré. A estréia dessa obra ocorreu no Teatro Imperial (mais tarde São José), no Rio de Janeiro, pela companhia portuguesa Souza Bastos. Foi com essa opereta que Chiquinha conseguiu impor-se no mundo musical brasileiro. No mesmo ano, dirigiu os músicos do teatro e a banda da Polícia Militar, tornando-se a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Em 1887, fez no Teatro São Pedro, no Rio, um concerto com 100 violões. Nessa época, Chiquinha participava ativamente do movimento pela libertação dos escravos. Vendia de porta em porta suas partituras a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora (organização antiescravista). Com o dinheiro que conseguiu ao vender a partitura de sua música "Caramuru", Chiquinha Gonzaga comprou, em 1888, a alforria do escravo e músico José Flauta, antecipando-se poucos meses à Lei Áurea. Foi também uma participante ativa da campanha pela proclamação da República.

Em 1897, compôs no ritmo rural estilizado do corta-jaca o tango "Gaúcho", lançado na peça "Zizinha Maxixe", de Machado Careca, o qual fez, na época, muito sucesso ao dançar esta música com sua parceira Maria Lino. Machado Careca, quatro anos mais tarde, faria uma letra para a composição, que passaria a se chamar "Corta-Jaca". Esta música fez tanto sucesso que foi incluída na revista luso-brasileira "Cá e Lá", encenada em Portugal e executada numa audição no Palácio do Catete, feita pela esposa do presidente Nair de Tefé. A execução da música de Chiquinha pela esposa do presidente foi considerada na época uma quebra de protocolo, causando escândalo nas altas esferas do poder brasileiro. Rui Barbosa deu o seu "pronunciamento", após a quebra de protocolo feito por Nair de Tefé, sobre a música e a dança da moda "...a mais baixa, mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba".
Em 1899, enquanto ouvia o ensaio do Cordão Rosa de Ouro, no Andaraí, Chiquinha compôs a primeira marcha carnavalesca intitulada "Ó Abre Alas". Depois, em 1902, fez uma viagem à Europa, na qual visitou Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Bélgica, Inglaterra e Escócia. Dois anos mais tarde seria convidada para apresentar-se no salão Neuparth, de Lisboa, e na igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica, Lisboa. Em 1906, tornou-se muito conhecida do público português ao musicar várias peças de autores portugueses, entre elas, "As Três Graças e A Bota do Diabo". Voltou ao Brasil somente em 1912, para assistir a estréia de "Forrobodó" —opereta em três atos escrita por Luíz Peixoto e Carlos Bittencourt, a qual Chiquinha musicara. A opereta —uma proposital caricatura de um baile da elite brasileira— teve 1500 apresentações e foi um grande sucesso popular.

Em 1915, Chiquinha musicou a peça "A Sertaneja", de Viriato Correia. No dia 27 de setembro de 1917, participou da fundação da Sociedade de Arrecadadora, o SBAT. Em 1919, lançou campanha de fundos destinados à construção de uma nova sepultura para Francisco Manuel da Silva, compositor do Hino Nacional Brasileiro. Sua última obra,aos 85 anos a música da peça "Maria",  de Viriato Correia, data de 1933. 

 Durante a sua vida enfrentou todos os tipos de preconceitos.Chiquinha morreu em 1935. Durante a sua vida, musicou aproximadamente 77 peças de teatro. Sua obra reúne mais de 2.000 composições, entre valsas, polcas, tangos, maxixes, lundus, fados, serenatas, músicas sacras. Entre suas inesquecíveis criações estão "Ó Abre Alas", "Atraente", "Casa de caboclo", "Faceiro", "Falena" e "Lua branca", entre outras.

Teve problemas com o governo, afrontou muitas "opiniões" maldosas que a sociedade tinha a seu respeito e foi considerada subversiva.

Tudo isso a custa de sua genialidade e de seu espírito libertário. Foi ela quem pela primeira vez promoveu concertos em teatros onde não era permitido a apresentação de certos instrumentos como o violão, pois estes instrumentos mais populares eram considerados pertencentes a um mundo de marginais e prostitutas. Chiquinha foi uma das pessoas responsáveis pela nacionalização da música brasileira num tempo em que tudo vinha da Europa.


Participou ativamente na luta pelo direito autoral e participou da campanha abolicionista, atitudes que a tornaram alvo dos preconceituosos da época. Autora de numerosa e variada obra musical que contribuiu para fixar o cancioneiro popular brasileiro com maxixes, modinhas e o nascente samba urbano. Essa compositora também teve o mérito de aproximar a música erudita da popular e foi uma das primeiras a introduzir o violão nos salões cariocas.

Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO! fonte:cafehistoria.ning.com/www.brasilescola.com .

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Gandhi:A filosofia de 'não-violência'



Satyagraha, a força da verdade.



O principio do  santyagraha frequentimente traduzido como o caminho da verdade ou busca da verdade tambem inspirou gerações de ativistas  e anti-racistas Martin Luther Kinge e Nelson Mandela


Frequentimente Gandhi afirmava que a simplicidas de seus valores, derivados das crenças tradicionais do hindu: verdade  e a não violencia:ahimsa 

 Gandhi sugeriu aos indianos que levassem um penhor em nome de Deus; embora eles fossem hindus e muçulmanos, todo acreditavam em um e no mesmo Deus. Gandhi decidiu chamar esta técnica de recusar submeter a injustiça de Satyagraha que quer dizer literalmente: "força da verdade". Uma semana depois de desobediência, as mulheres Asiáticas foram dispensadas do registro. Quando o governo de Transvaal finalmente pôs em pratica o "Ato de Inscrição Asiático" em 1907, Gadhi e vários outros hindus foram presos.

Sendo civil aos oponentes durante a desobediência, Gandhi desenvolveu o uso de ahimsa que significa "sem dor" e normalmente é traduzido "não violência". Gandhi seguiu o Ódio de preceito "o pecado e não o pecador. Desde que nós vivemos espiritualmente, ferir ou atacar outra pessoa são atacar a si mesmo. Embora nós possamos atacar um sistema injusto, nós sempre temos que amar as pessoas envolvidas. Assim ahimsa é a base da procura para verdade".
Gandhi também foi atraído a vida agrícola simples. Ele começou duas comunidades rurais em Satyagrahis: "Phoenix Farm" e "Tolstoy Farm". Escreveu e editou o diário "Opinião indiana", para elucidar os princípios e a prática de Satyagraha. Três assuntos foram apontados: a indagação para direitos dos hindus na África do Sul; sobre a proibição de imigrantes Asiáticos; e por fim, sobre o invalidamento de todos casamentos não Cristãos.
Gandhi constatou o poder do método de Satyagraha e profetizou como poderia transformar a civilização moderna. "É uma força que, se ficasse universal, revolucionaria ideais sociais e anularia despotismos e o militarismo."
A luta pela independência continua desafiadora...

Quase 60 anos após a morte de Mahatma Gandhi, seu princípio de "não-violência" continua a desafiar espíritos em todo o mundo. Preso, humilhado e subjugado várias vezes em vida devido à cor, origem, nacionalidade, ele respondeu a seus agressores de muitas maneiras – apresentando a lei, jejuando, liderando boicotes econômicos. Nenhuma de suas respostas, porém, continha qualquer ato de agressão. Absorvendo conceitos do hinduísmo, do islamismo e até do cristianismo, abandonou todos os requintes da vida e escolheu o caminho da simplicidade. E ainda conduziu uma nação, a Índia, à independência.
Mohandas Gandhi (seu verdadeiro nome) nasceu no dia 3 de outubro de 1869, na cidade de Porbandar. Seus pais eram descendentes de mercadores – a palavra gandhi, aliás, identifica os vendedores de alimentos e a casta à qual a família pertencia. Aos 13 anos, casou-se com Kasturbai, de mesma idade, numa união acertada entre as famílias. Aos 19, partiu para Londres para estudar Direito. Formado, transferiu-se para Durban, na África do Sul, onde verdadeiramente começou sua jornada política, pacifista e espiritual.

A jornada – Certa vez, quando viajava na primeira classe de um trem, foi informado de que teria que se transferir para a terceira classe devido à cor de sua pele – morena, tipicamente hindu. Gandhi se recusou a obedecer a ordem e foi atirado para fora da composição. O incidente, dizem os biógrafos, deram e ele a consciência das desigualdades de cor e poder. Logo em seguida, ele iniciou a trajetória como advogado, militando contra leis discriminatórias. Já em 1913, foi preso pela primeira vez, ao liderar uma marcha de mineiros indianos em greve.
Ao voltar à Índia natal, adotou um novo modo de vida. Iniciou a prática de jejuar freqüentemente e meditar, além de se manter em silêncio durante um dia inteiro, uma vez por semana. Também adotou os trajes simples de fazendas típicas de seu país: deixava, assim, de lado qualquer ostentação ou conforto material.

Desobediência civil – As ações pela independência da Índia, então ligada ao Império Britânico, intensificaram-se após o término da I Guerra Mundial, em 1918. Então, Gandhi se filiou ao Congresso Nacional Indiano, cuja atuação seria decisiva no processo de separação. Porém, a autonomia ainda estava distante, e muitas vidas se perderiam até a independência. Cedo, Gandhi ganhou notoriedade por suas posições, como a política de desobediência civil e o jejum como forma de protesto. Por isso, foi preso várias vezes pelas autoridades inglesas, que o viam como uma ameaça ao poder estabelecido.
Estrategista, Gandhi detonou a política conhecida como swadeshi, um boicote por parte dos indianos a todos os produtos importados da Grã-Bretanha. Era a sua forma de provocar prejuízos aos britânicos com o objetivo de tornar a Índia um negócio pouco rentável à Coroa. Para colocar a idéia em prática, estimulou os indianos a vestir o khadi, traje caseiro, interrompendo a compra dos têxteis britânicos. Outra ação eficiente que feriu os cofres da rainha foi a chamada Marcha do Sal, ocorrida entre 12 de março e 5 de abril de 1930. Gandhi conduziu milhares de indianos ao mar, a fim de coletarem seu próprio sal de cozinha, deixando de adquirir o produto industrializado dos britânicos – além de não pagar impostos.

Partilha – Em maio de 1933, iniciou uma greve de fome de 21 dias em protesto contra a "opressão" colonialista. Seis anos depois, voltou a protestar da mesma forma. Cada vez que iniciava o jejum, seguia-se uma comoção nacional que alimentava o desejo de libertação. Aliados propuseram várias vezes que Gandhi apoiasse um levante armado para expulsar os britânicos, mas o líder nunca permitiu. Nem mesmo em situações radicais com a do Massacre de Amritsar, em 1920: soldados britânicos abriram fogo contra uma multidão, matando centenas de pessoas que protestavam pacificamente contra a prisão de líderes nacionalistas indianos.

Encerrada a II Guerra Mundial, os britânicos não tinham mais condições de manter o domínio sobre um território tão grande como a Índia. Em sua terra, Gandhi era uma liderança quase incontestável. Assim, em 1947, britânicos, hindus e muçulmanos se sentaram para discutir a partilha do território. Optou-se pela criação de duas nações: o Paquistão, uma República muçulmana, e a Índia, República laica de maioria hinduísta. Gandhi não comemorou a partilha, à qual se opunha.

Para a formação dos dois Estados, milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas e rumar para o novo país. Muçulmanos foram para o Oeste e hinduístas marcharam para o Oriente. Durante o êxodo, houve inúmeros confrontos e milhares de mortes. Em janeiro de 1948, Gandhi iniciou outro jejum – o último –, desta vez visando a pacificação dos povos que até ali haviam dividido uma única nação. No dia 30, foi assassinado por Nathuram Godse, um hindu radical que acreditava que o líder pacifista havia feito muitas concessões ao Paquistão: Gandhi havia, por exemplo, concordado em honrar dívidas durante a criação dos dois Estados. O assassino, um ex-admirador de Gandhi, não fora capaz de seguir o principal ensinamento do líder: o da não-violência.

Gandhi sugere que a Índia pode ganhar sua independência por meios não violentos e por via da ego-confiança. Ele rejeita a força bruta e sua opressão e declara que a força da alma ou amor e que se mantém a unidade das pessoas em paz e harmonia.
"A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível."Mahatma GandhiUm afro abraço.
fonte:noticias.terra.com.br/Wikipédia, a enciclopédia livre.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Nossa história:"Dandara dos Palmares"

Dandara foi esposa e guerreira de Zumbi dos Palmares. Junto com ele, lutava para livrar os negros da dura vida que levavam. 
Ela representa, até hoje, liberdade e igualdade, o significado deste nome é "a mais bela".
 
 
Embora não haja registros de seu local de nascimento nem de sua ascendência africana, acredita-se que nasceu no Brasil e foi viver no Quilombo de Palmares ainda menina.
 
 Dandara dos Palmares, uma guerreira negra que lutou contra o sistema escravocrata do período colonial brasileiro  no Século XVII, casada com Zumbi dos Palmares e mãe de seus três filhos. Os nomes dos seus filhos eram Motumbo, Harmódio e Aristogíton.
De Zumbi muitos já ouviram falar, mas há inúmeros outros líderes negros que não entraram nas páginas dos nossos livros escolares, pois apesar da escravidão no Brasil ter durado quase 400 anos, grande parte deste momento histórico foi apagado das páginas da História Oficial. 
Até mesmo por isso, muitas informações sobre sua vida se perderam, pois a maioria da cultura negra sobrevive através de relatos e lendas. Não sabemos o local de seu nascimento e nem qual era sua ascendência africana, mas acredita-se que se estabeleceu ainda criança em Alagoas, no Quilombo dos Palmares, uma comunidade que durou mais de 100 anos e que chegou a abrigar mais de 20 mil negros foragidos das fazendas.
Líder nata, Dandara chegou a se opor contra os termos do Tratado de Paz assinado por Ganga-Zumba (tio de Zumbi) e pelo governo português, que estabelecia que os negros livres ficariam livres e que os escravos voltariam a ser escravos; pois defendia junto com Zumbi, que a liberdade é para todos, tanto faz se é um negro livre, um escravizado, um mestiço ou um índio.
 
Cuidava das crianças com anemia, dos anciões, dos que ficaram deficientes devidos aos maus tratos sofridos pelos senhores, do galinheiro, da horta... Enfim, lutava ao lado de Zumbi, mas 
Dandara não era apta apenas aos serviços domésticos. Plantava como todos, trabalhava na produção de farinha de mandioca, aprendeu a caçar, mas além disso aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e liderou as falanges femininas do exército palmarino derrubando mais uma vez o mito de que a mulher é o sexo frágil.
 Dandara compartilhava a posição de Zumbi contra o tratado de paz assinado por Ganga-Zumba. Entre outras negociações, o acordo requeria a mudança dos habitantes de Palmares para as terras no Vale do Cacau. Para Dandara, o tratado traria a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão.
 
Suicidou-se depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, ao ser capturada e levada como escrava após a destruição da Cerca dos Macacos, que fazia parte do Quilombo dos Palmares, por não aceitar ser escravizada.
 
Pertencia à nação nagô-jejê, da Tribo de Mahi, religião Muçulmana, africanos conhecidos como Malês. 
 
Um afro abraço.
fonte:http://www.overmundo.com.br/http://jornalcucalivre.blogspot.com/dandara-face-feminina-de-palmares-eu.html/http://gicult.com.br/blog/http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/de+dandara+a+sinha+moca/ http://gicult.com.br/blog/?p=1438
 

Nossa historia - Guerra dos Farrapos:"lanceiros negros"



"Em 06 de novembro de 1836, líderes dos farrapos no Rio Grande do Sul proclamam a República Piratini. Oficiais revolucionários reunidos na Câmara de Piratini elegem Bento Gonçalves presidente da República. Os oficiais de três brigadas elegem João Manoel de Lima e Silva general e comandante das armas."


A Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, foi a mais longa rebelião do período regencial, durando dez anos. Circunstâncias históricas, sociais e econômicas, como também a estreita relação que os gaúchos mantinham com o Uruguai, contribuíram para que o sul conservasse certa autonomia em relação ao governo do Império.
Os motivos da revolta foram vários, mas o principal foi a insatisfação dos gaúchos com os impostos excessivos e a taxação do gado na fronteira uruguaia, que dificultava a circulação dos rebanhos entre os dois países. No lado político, havia o ressentimento com relação à nomeação direta dos presidentes de província pelo poder central.Em 1836, os gaúchos promulgaram a separação da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul do território do Império, iniciando uma luta engendrada pela ocupação econômica da região. Em 1838, proclamaram a República Rio Grandense ou República de Piratini, estendendo o movimento no ano seguinte a Santa Catarina, proclamando a República Catarinense ou República Juliana. A revolta terminou em 1845; quando Caxias pacificou a província, vencendo os grupos rebeldes e estabelecendo, novamente, a ordem política do Império. Um acordo definitivo concedeu aos farrapos anistia irrestrita e recursos para saldar as dívidas contraídas durante a guerra.

Meses finais da Guerra dos Farrapos. Madrugada de 14 de novembro de 1844. Tropas imperiais comandadas pelo coronel Francisco Pedro de Abreu (1811-1891), o Moringue, atacam soldados farroupilhas que estavam acampados nas imediações do Cerro de Porongos, no atual município de Pinheiro Machado, no estado do Rio Grande do Sul, resultando na morte e na prisão de muitos. Em sua maioria, eram lanceiros negros, escravos que lutavam no exército farroupilha em troca da promessa de alforria. Anos depois, a divulgação de um documento que ficaria conhecido como Carta de Porongos, revelando um suposto acordo entre lideranças militares para dizimar esses lanceiros, inicia uma controvérsia que gera polêmica até hoje.


Para arregimentar soldados, os farroupilhas incorporaram escravos às suas fileiras, prometendo em troca a liberdade após o fim do conflito. De olho na alforria, alguns negros fugiram das propriedades onde eram mantidos escravos para aderir à luta. Outros foram cedidos por senhores de terra que apoiavam a revolução. Já senhores contrários ao movimento podiam ter seus escravos capturados à força, como aconteceu nas charqueadas – propriedades rurais onde se produz o charque (carne salgada) – de Pelotas.
Estima-se que em alguns momentos os lanceiros negros, como ficaram conhecidos estes soldados, tenham representado metade do exército rio-grandense. O africano José, de nação angola, foi um desses homens que sonharam em conquistar a liberdade pegando em armas. Em dezembro de 1837, José foi preso e interrogado pelas autoridades imperiais em Porto Alegre, informando que quase toda a “infantaria dos brancos” já havia desertado e que naquele momento os combatentes seriam quase exclusivamente “pretos, uns com armas e outros com lanças”. Estas eram as principais armas do conflito, já que as de fogo ficaram restritas a uma minoria. Além disso, pelo próprio caráter de guerra móvel, muitas vezes os lanceiros negros entravam nos batalhões sem maiores treinamentos.
No final da década de 1850, o político, charqueador e ex-líder farroupilha Domingos José de Almeida (1797-1859) denunciou publicamente o conteúdo da correspondência que teria sido enviada pelo então barão de Caxias (1803-1880) a Francisco Pedro de Abreu. A Carta de Porongos conteria evidências de um acordo prévio entre Caxias (comandante do Exército imperial no conflito) e o líder farroupilha Davi Canabarro (1796-1867). O objetivo seria favorecer a vitória imperial no combate do Cerro de Porongos. Em determinado trecho, Caxias informaria a Francisco Pedro o local, o dia e o horário para o ataque, garantindo-lhe que a infantaria farroupilha estaria desarmada pelos seus líderes.


A partir de então, o Combate de Porongos gerou uma acalorada controvérsia entre os historiadores e estudiosos que se debruçaram sobre o tema da Guerra dos Farrapos. Com base na Carta de Porongos, surgiram acusações de que o general Davi Canabarro – comandante do destacamento de negros – teria traído a causa farroupilha ao desarmar e facilitar a derrota dos lanceiros. Essa atitude teria como objetivo facilitar a assinatura do tratado de paz que vinha sendo negociado, já que o governo imperial era contra a ideia farroupilha de conceder a alforria aos escravos que lutaram como soldados. Por outro lado, negar a liberdade e mandar os lanceiros de volta às senzalas era algo não cogitado nem por alguns farroupilhas, devido ao temor de que um grande contingente de escravos militarizados, politizados e insatisfeitos com o não cumprimento da prometida alforria insuflasse levantes – a quantidade de escravos na província do Rio Grande do Sul em 1846, um ano após o término da Guerra dos Farrapos, correspondia a 20,9% da população.
Relatos da época, como o de Manuel Alves da Silva Caldeira, farroupilha presente em Porongos, afirmam que Canabarro teria sido avisado da aproximação de tropas inimigas e, mesmo assim, não teria tomado providência alguma. Pelo contrário, teria propositalmente desarmado e separado os lanceiros do resto das tropas acampadas perto do Cerro de Porongos. Dando crédito a estes argumentos, o episódio teria sido uma traição aos soldados negros.


A autenticidade da Carta de Porongos, no entanto, é questionada por alguns estudiosos, já que a versão que se tornou pública é uma cópia, e a original nunca foi encontrada. Uma das explicações é que o documento teria sido forjado pelo coronel Francisco Pedro de Abreu após o combate para desmoralizar Canabarro, único chefe farroupilha que ainda teria condições de reaglutinar as desgastadas forças rebeldes. Félix de Azambuja Rangel, subordinado ao coronel Francisco Pedro, afirma ter presenciado o momento em que seu comandante levou a carta para Caxias assinar e em seguida distribuir cópias entre os adversários. Por essa versão, os lanceiros negros não teriam sido traídos, e sim pegos de surpresa pelas tropas imperiais, assim como seus comandantes.
Parece haver consenso entre os pesquisadores de que os lanceiros foram atacados em condições extremamente desfavoráveis, com inferioridade de armamentos, e que acabaram eliminados em quantidade considerável.


Somente nos últimos anos a importância e a dimensão da participação negra neste conflito têm recebido maior atenção. Hoje é possível afirmar com segurança que negros, índios e mestiços desempenharam papel fundamental na Guerra dos Farrapos não somente como soldados, mas também trabalhando em diversos outros setores importantes da economia de guerra, como nas estâncias de gado, na fabricação de pólvora e nas plantações de fumo e erva-mate cultivadas pelos rebeldes.

Apesar das promessas, em nenhum momento a República Rio-Grandense libertou seus escravos. A questão da abolição era controversa entre seus líderes. Ao mesmo tempo em que o governo rebelde prometia liberdade aos escravos engajados e condenava a continuidade do tráfico de escravos, seu jornal oficial, O Povo, estampava anúncios de fugas de cativos. Houve uma tentativa de abolição por meio de projeto apresentado na Assembleia Constituinte de 1842 por José Mariano de Mattos (1801-1866), que foi recusado. Anos após o fim do conflito, vários líderes farroupilhas ainda tinham escravos, como Bento Gonçalves (1788-1847), que morreu deixando 53 cativos para seus herdeiros.

O destino dos lanceiros negros no fim do conflito também é tema controverso. As negociações de paz, que resultaram na assinatura do Tratado de Ponche Verde em 1845, definiram que os escravos ainda engajados deveriam ser entregues ao barão de Caxias e reconhecidos como livres pelo Império. Sabe-se que, juntamente com outro grupo feito prisioneiro em batalhas, foram enviados ainda em 1845 para o Rio de Janeiro na condição de libertos, como noticiaram o Jornal do Comercio e o Diário do Rio de Janeiro de 26 de agosto daquele ano. Se de fato receberam a liberdade ao chegarem a seu destino, não se tem certeza. O ex-farroupilha Manuel Caldeira levantou suspeitas de que tenham sido novamente escravizados e levados para a Fazenda de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, agora como propriedade do Estado.

Alguns soldados negros podem ainda, ao longo do conflito, ter escapado para o Uruguai, formado quilombos ou mesmo buscado refúgio nas cidades, onde tentaram se passar por homens livres. Muitos permaneceram escravos no próprio Rio Grande do Sul. Um sobrinho-neto do general Antônio de Souza Netto (1801-1866) relata que, após a batalha de Porongos, uma parte dos lanceiros negros teria acompanhado seu antepassado farroupilha até sua propriedade no Uruguai, e que descendentes destes soldados viveriam até hoje nessa área rural conhecida como Estância “La Gloria”, na região de Paissandu.

fonte:Vinicius Pereira de Oliveira é autor de De Manoel Congo a Manoel de Paula: um africano ladino em terras meridionais (EST Edições, 2006); Cristian Jobi Salaini é autor da dissertação “Nossos heróis não morreram: um estudo antropológico sobre as formas de ‘ser negro’ e de ‘ser gaúcho’ no estado do Rio Grande do Sul” (UFRGS, 2006). CARRION, Raul K. M. “Os lanceiros negros na Guerra dos Farrapos”. In: Ciências e Letras nº 37, jan. 2005portoAlegre:FaculdadePorto-Alegrensede ducação./www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/escravos-farrapo

domingo, 4 de novembro de 2012

“Dia Nacional da Cultura Brasileira”: 5 de Novembro

"A cultura brasileira é tão diversa que não se pode falar dela em apenas um dia. Em foco a construção de espaços de proteção e promoção da diversidade cultural como meios favoráveis ao desenvolvimento humano"

 Em 15 de maio de 1970, a Lei nº 5.579 instituiu o Dia Nacional da Cultura, comemorado a 5 de novembro de cada ano. Esta data foi escolhida porque a 5 de novembro de 1849 nasceu o conselheiro Ruy Barbosa, um dos intelectuais mais brilhantes de seu tempo.

  Brasil é um país de formação multirracial e por isso carrega um pouco do costume de cada povo que veio morar aqui. Dos negros, herdamos o candomblé, a capoeira, parte do nosso vocabulário e muito do nosso folclore. Dos índios, herdamos o artesanato, a pintura, comidas exóticas como o peixe na folha da bananeira e a rede. Do português, ficamos com o costume católico, a língua, as roupas.


Seus costumes do povo brasileiro, seu folclore, suas comidas e suas músicas são neste sentido, grandes representantes das peculiaridades da cultura do país.

CULTURA E DIVERSIDADE:

O substrato básico da cultura brasileira formou-se durante os séculos de colonização, quando ocorre a fusão primordial entre as culturas dos indígenas, dos europeus, especialmente portugueses, e dos escravos trazidos da África subsahariana. A partir do século XIX, a imigração de europeus não-portugueses e povos de outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasileiro. Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a França, a Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, países que exportam hábitos e produtos culturais para o resto do globo.

Sendo assim somos um país cuja principal marca cultural é a mistura. Desde o começo de sua história, o país foi marcado pela presença de diferentes povos e culturas, fazendo com que sua formação tivesse grande diversidade e mistura. Aqui viviam povos indígenas, em tribos, com uma cultura guerreira, muito ligada à natureza; em 1500 chegaram os colonizadores portugueses, que trouxeram para cá a cultura européia, com uma forte influência moura. O uso do negro africano como escravo na colônia, trouxe ainda novas crenças, falas e costumes, que as poucos foram se misturando e integrando a cultura local.

Os africanos

A cultura africana com sua diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravisados, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.

A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite-de-dendê. Este azeite é utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé.Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás.
Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colônial.
Posteriormente, com o fim da escravidão, diversos outros povos ainda vieram para o país, como italianos, japoneses e alemães, cada um acrescentando ao Brasil um novo detalhe cultural.
Com toda essa miscigenação de povos e culturas, não é de se estranhar que o Brasil tenha na sua língua, costumes, religião e manifestações culturais traços únicos, que podem se assemelhar a outras culturas do mundo, mas que sempre tem seus detalhes particulares.
Hoje o Brasil está em segundo lugar no que diz respeito a grandes populações afrodescendentes (47%), perdendo apenas para a Nigéria. Pode-se dizer que a África é um continente economicamente e culturalmente rico, pois apresenta uma diversidade de riquezas minerais, como petróleo e pedras preciosas. Seus habitantes, ao contrário do outros pensam, são inteligentes, criativos e trabalhadores, porém com a colonização, as terras africanas foram dominadas e perderam cerca de 60 milhões de habitantes devido o tráfico negreiro escravo. Vários grupos pertencentes à mesma tribo com dialetos e costumes comuns foram separados, gerando um violento processo de segregação racial, na qual o africano tornou-se inferior em sua própria pátria. Porém, vários questionamentos deram vazão a uma série de críticas no que envolve o ensino da história afro. Por que o ensino da cultura afro-brasileira especificamente? E os outros povos que contribuíram para a formação da identidade nacional?
Se liga:
Plano Nacional de Cultura -
 Define as diretrizes para as políticas públicas de cultura para os próximos dez anos. É o primeiro planejamento de Estado no campo cultural cujas diretrizes e metas foram amplamente debatidas com a sociedade. O PNC apresenta um conjunto de diretrizes, estratégias e ações que devem nortear as políticas culturais dos próximos dez anos do governo federal, dos estados e municípios, articulados por meio do Sistema Nacional de Cultura. São 48 metas, construídas sobre as 275 ações do PNC, organizadas nos seguintes temas: Reconhecimento e promoção da diversidade cultural; Criação, fruição, difusão, circulação e consumo; Educação e produção de conhecimento; Ampliação e qualificação de espaços culturais; fortalecimento institucional e articulação federativa; Participação social; Desenvolvimento sustentável da cultura; Mecanismos de fomento e financiamento; Políticas setoriais.


PEC 324/01 – A Proposta de Emenda à Constituição foi aprovada na Comissão Especial e está na Mesa da Câmara para ser votada em plenário. Depois será encaminhada ao Senado. A PEC estabelece um piso mínimo de 2% do orçamento federal; 1,5% do orçamento estadual e 1% do orçamento municipal para a cultura.
 LEI 10.639/03:Objetivos
Ensinar História e Cultura Afro-brasileiras e africanas não é mais uma questão de vontade pessoal e de interesse particular. É uma questão curricular de caráter obrigatório que envolve as diferentes comunidades: escolar, familiar, e sociedade. O objetivo principal para inserção da Lei é o de divulgar e produzir conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir objetivos comuns que garantam respeito aos direitos legais e valorização de identidade cultural brasileira e africana, como outras que direta ou indiretamente contribuíram (contribuem) para a formação da identidade cultural brasileira.
Um afro abraço.

Fonte: UFGNet/Wikipédia, a enciclopédia livre/UNEGRO-CULTURA/PORTAL EDUCAÇÃO 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Nossa Gente:Ruth de Souza fez história ao ser a primeira atriz negra a representar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.


Brasil é um país plural, com uma população formada por várias raças e etnias. País construído por colonizadores europeus, nativos indígenas e negros africanos em sua essência. Se o índio faz parte de uma minoria de brasileiros, negros e brancos quase que empatam em número populacional. Apesar da paridade numérica, os abismos sociais entre negros e brancos continuam a ser uma grande ferida na integridade racial do Brasil.

A presença negra na formação do Brasil veio através dos grupos étnicos africanos capturados em  suas tribos e feitos escravos nas terras da colônia. Desde então negros, brancos e índios misturaram-se, construindo uma população miscigenada com maioria visível de negros. O impacto da presença negra na população do Brasil sempre foi motivo de preocupação entre os colonizadores, que temiam uma rebelião da raça contra a minoria branca. Em 1609, para aumentar a população branca do Brasil, o rei Filipe II de Portugal (III da Espanha), proibiu a fundação de conventos no Brasil, para que os brancos europeus que migravam à colônia não fossem somente padres e missionários sem compromissos com a procriação. O medo de uma rebelião negra aumentou drasticamente em 1804, quando os escravos nativos de Hispaniola, no mar do Caribe, tomaram a parte ocidental da ilha e declararam a independência do Haiti, abolindo a escravidão. Muitos receavam que se sucedesse o mesmo no Brasil, e antes que acontecesse, foi iniciado um branqueamento da população brasileira durante o primeiro e o segundo impérios. Esta medida culminou com o incentivo do governo em trazer para o Brasil o imigrante europeu. Derrubadas as últimas fronteiras de disputa com a Espanha, o sul do Brasil passou a ser colonizado por imigrantes europeus, fazendo parte do processo político de branqueamento da população brasileira. Este conceito ultrapassou o Brasil imperial, não se esvaiu com a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888.

No século XX, já com o poder da mídia como fonte de propaganda de uma nação, a partir dos anos sessenta, a televisão tornou-se o principal  veículo desta propaganda mais não o único.  Tornou-se tão poderosa, que dita a moda e os modismos, os conceitos sociais e políticos e a forma linear de difusão de pensamentos de uma nação.


 
Ruth de Souza fez história ao ser a primeira atriz negra a representar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi no dia 8 de maio de 1945, em O Imperador Jones, de Eugene O’Neil, numa montagem do Teatro Experimental do Negro, grupo fundado por Abdias Nascimento e Agnaldo Camargo. E seu feito ajudou a abrir caminho para o artista negro no Brasil. 



Ruth de Souza não é apenas uma atriz negra batalhadora. É uma grande atriz, matéria bem mais complexa. Consegue condensar no tipo físico, maneira de ser em cena, falar, olhar, portar-se, as densidades e dores dos oprimidos. Se na órbita pessoal é tímida, discreta, ser de nenhuma bulha, em cena alardeia os megatons de eletricidade, magnetismo e comoção inexplicáveis, matéria secreta d’alma e sensibilidade inerente a todo grande criador.

Um artista de alta qualidade possui o dom misterioso (carisma) de chegar aos demais sem qualquer explicação mas, também, depois de todas as explicações. 

Ruth Pinto de Souza nasceu em 12 de maio de 1928, no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Filha de um lavrador e de uma lavadeira, desde criança sonhava em ser atriz. “Eu era apaixonada por cinema. Queria ser atriz, mas naquela época não tinha atores negros, e muita gente ria de mim: ‘Imagina, ela quer ser artista! Não tem artista preto’. Eu ficava meio chateada, mas sabia que ia fazer; como, não sabia”. Descobriu ao entrar para o Teatro Experimental do Negro, onde, além de Imperador Jones, atuou em Todos os Filhos de Deus Têm Asas e O Moleque Sonhador, também de O’Neil;Amanda, Joaquim Ribeiro; Anjo Negro, de Nelson Rodrigues; e O Filho Pródigo, de Lucio Cardoso. Em 1948, ganhou uma bolsa de estudos da Fundação Rockfeller e foi estudar na Howard University, uma universidade exclusiva para negros, em Washington. Nos Estados Unidos, estudou também na escola de teatro Karamu House, em Cleveland, Ohio.

A atriz também foi uma das pioneiras da TV brasileira. Participou de programas de variedades e musicais no início das transmissões da Tupi, até adaptar para a televisão, com Haroldo Costa, a peça O Filho Pródigo, que havia encenado no Teatro Experimental do Negro. “Eu acredito que foi o primeiro teatro na televisão, eu acho que fomos nós que fizemos”, conta. A primeira novela foi A Deusa Vencida (1965), de Ivani Ribeiro, na Excelsior. “Nessa novela todo mundo estava começando também, como a Regina Duarte”, recorda-se.

Ruth de Souza foi contratada pela TV Globo em 1968, para atuar na novela Passo dos Ventos, de Janete Clair. “Naquela época era muito agradável, havia muito entusiasmo de todo mundo. Sabe aquela coisa de querer fazer, ‘o que vamos fazer agora?’, querendo continuar o trabalho. Porque o ator sempre, nunca quer parar.” Na emissora, fez mais de 20 novelas. EmA Cabana do Pai Tomás (1969), de Hedy Maia, foi Tia Cloé: “Foi um sucesso muito grande, todo mundo me chamava de Tia Cloé”.

Com Grande Otelo, fez uma dupla inesquecível em Sinhá Moça (1986), de Benedito Ruy Barbosa. “Do meio para o fim, eu e o Otelo tomamos conta da novela, porque os personagens eram muito divertidos. Eram dois maluquinhos, escravinhos malucos”, conta. Em Mandala (1987), de Dias Gomes, voltou a atuar com o ator, formando com ele, Milton Gonçalves e Aída Lerner a primeira família negra de classe média da TV brasileira. Também teve papéis de destaque em O Bem-Amado(1973), de Dias Gomes; e O Clone, de Gloria Perez, além de trabalhar em minisséries como Memorial de Maria Moura(1994), adaptação do romance homônimo de Rachel de Queiroz, escrita por Jorge Furtado e Carlos Gerbase; e Amazônia – De Galvez a Chico Mendes (2007), de Gloria Perez.

A atriz estreou no cinema por indicação do escritor Jorge Amado em Terra Violenta (1948), adaptação de seu romanceTerras do Sem Fim dirigida por Tom Payne. No mesmo ano, atuou ao lado de Oscarito em Falta Alguém no Manicômio. Fez mais de 30 filmes, incluindo Sinhá Moça, também de Payne, que a levou a concorrer ao prêmio de Melhor Atriz do Festival de Veneza de 1954; o clássico O Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias; e As Filhas do Vento, de Joel Zito Araujo, com o qual foi premiada no Festival de Gramado de 2004. 


Um afro abraço.

Fonte: Boletim de Programação nº 171 de 17/04/1976 a 24/04/1976; ALMEIDA, Magda de. "Ruth de Souza, atriz, 40 anos de 'privilégio'" IN: O Estado de S.Paulo, 22/01/1986; MAZZONI, Vera Curi. "Ruth de Souza e o Teatro Experimental do Negro" IN: Ultima Hora, 14/06/1911; LARANGEIRA, Márcia. "Ruth: uma brava guerreira, dentro e fora do palco" IN: Jornal dos Sports, 21/11/1982; LOUCHARD, Aimee. "Em fotos, 40 anos de Ruth de Souza no palco" IN: O Globo, 01/01/1986; SILVA, Ana Beatriz Coelho e. "Um símbolo de força negra" IN: Ultima Hora, 12/05/1989; "Fora do ar no Brasil, Ruth de Souza está na TV Européia" IN: O Dia, 01/12/1989; "Atores Negros: escravos ou bandidos" IN: Jornal do Brasil, 01/08/1982; ARAÚJO, Joel Zito Almeida de. "A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira" São Paulo: SENAC, 2000FLORIDO, Eduardo Giffoni. "As grandes personagens da história do cinema brasileiro: 1930-1959" Rio de Janeiro: Fraiha, 1999; Site: http://us.imdb.com, eTV Globo/01/2008;TVhttp://pt.wikipedia.org,01/2008/virtualia.blogs.sapo.pt/29596.htm

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...