“Por um lado, prevalece há séculos a noção convencional da
Mãe Preta construída pela sociedade racista: um símbolo de subordinação,
abnegação e bondade passiva. Por outro lado, surge o retrato da mulher negra
construído por ela própria na ação social, na militância política e na vivência
cultural.”
História :
A mãe-preta é figura muito presente na história brasileira, desde o
período da escravidão até os primeiros anos do século XX, quando as negras
passam a serem preteridas pelas brancas imigrantes. Momento em que a sociedade
não valorizava mais o trabalho das mulheres negras e nem a presença delas na
cidade. Amas criadeiras passaram a ser vistas como perigosas moradoras de
cortiços que transmitiam doenças para as famílias brancas. A partir da metade
do século XIX, apareceram imagens divergentes de ama-de-leite:
a mãe negra não era mais a encarnação do alimento e dos cuidados afetuosos, tornou-se também um espectro de doença medonha. Com o leite de seu corpo poderia infectar o inocente com a tuberculose, ou até mesmo a sífilis. As moléstias que antes os patrões, consideravam seu dever cuidar vieram a ser consideradas importações transportadas pelas criadas.
A historiadora Maria Aparecida da Silva Lopes, afirma que nas primeiras décadas do século XX, muitos brancos passaram a deplorar o efeito corruptor que a criação dada por amas negras tinha sobre as crianças brancas, chegando a ponto de sugerir que os brancos absorviam os vícios das vidas dos negros, sem falar nas doenças passadas através do leite da mãe preta. Estes rejeitavam inteiramente a idéia das contribuições culturais da mãe preta, declarando que algumas escravas negras em nada contribuíram para a formação da raça e da nacionalidade.
Apesar dessa rejeição, a partir de 1920, o dia 28 de setembro, dia da aprovação da lei do ventre livre, passou a ser adotado como o dia da mãe preta. E em 1954 foi inaugurada na cidade São Paulo, no Largo do Paissandu, um monumento à mãe preta.
Lélia Gonzalez, antropóloga e feminista negra propôs na década de 1980, uma releitura da personagem estereotipada da “mãe-preta”. Para ela, essa figura, em vez de representar a aceitação da condição de escrava, afirmava a resistência negra construída no cotidiano das relações entre senhores e escravos. Já que por meio das cantigas de ninar repletas de palavras africanas e na linguagem cotidiana ensinada às crianças brancas a “mãe-preta” marcava traços africanos na sociedade brasileira. Para Lélia Gonzalez a língua brasileira deveria se chamar “pretuguês”, tamanha a influência da África e das mulheres negras em sua formação."
a mãe negra não era mais a encarnação do alimento e dos cuidados afetuosos, tornou-se também um espectro de doença medonha. Com o leite de seu corpo poderia infectar o inocente com a tuberculose, ou até mesmo a sífilis. As moléstias que antes os patrões, consideravam seu dever cuidar vieram a ser consideradas importações transportadas pelas criadas.
A historiadora Maria Aparecida da Silva Lopes, afirma que nas primeiras décadas do século XX, muitos brancos passaram a deplorar o efeito corruptor que a criação dada por amas negras tinha sobre as crianças brancas, chegando a ponto de sugerir que os brancos absorviam os vícios das vidas dos negros, sem falar nas doenças passadas através do leite da mãe preta. Estes rejeitavam inteiramente a idéia das contribuições culturais da mãe preta, declarando que algumas escravas negras em nada contribuíram para a formação da raça e da nacionalidade.
Apesar dessa rejeição, a partir de 1920, o dia 28 de setembro, dia da aprovação da lei do ventre livre, passou a ser adotado como o dia da mãe preta. E em 1954 foi inaugurada na cidade São Paulo, no Largo do Paissandu, um monumento à mãe preta.
Lélia Gonzalez, antropóloga e feminista negra propôs na década de 1980, uma releitura da personagem estereotipada da “mãe-preta”. Para ela, essa figura, em vez de representar a aceitação da condição de escrava, afirmava a resistência negra construída no cotidiano das relações entre senhores e escravos. Já que por meio das cantigas de ninar repletas de palavras africanas e na linguagem cotidiana ensinada às crianças brancas a “mãe-preta” marcava traços africanos na sociedade brasileira. Para Lélia Gonzalez a língua brasileira deveria se chamar “pretuguês”, tamanha a influência da África e das mulheres negras em sua formação."
Em 28 de setembro, data da
promulgação da Lei do Ventre Livre, comemora-se, também, o Dia da Mãe Preta.
É uma expressão tradicional. Hoje, o mais correto seria dizer-se Mãe Negra.
A Lei do Ventre Livre, sancionada em 1871 pela Princesa Isabel, foi dos primeiros atos oficiais visando a libertação dos escravos, talvez o mais difícil, porem dos mais emotivos, nessa caminhada longa que o Brasil percorreu até a abolição da escravatura. E foi a delicada mão de Isabel, a Redentora, que assinou a lei através da qual os filhos concebidos pelas negras escravas seriam livres a partir de então. Escravas, elas passavam a carregar no ventre filhos libertos.
A alegria que sentiram, ainda que continuassem presas aos grilhões do cativeiro cruel, provavelmente só quem é mãe pode compreender em sua plenitude. Toda mãe deseja uma vida melhor para seus filhos e, ainda que ela sofra, será feliz se puder assegurar ao fruto do seu ventre um futuro de bem estar e alegria. Por isso as negras escravas festejavam.
Não mais a sombra nefasta do trabalho escravo, não mais o pesadelo do pelourinho e da chibata, não mais o fantasma dos castigos sangrentos, das punições cruéis,
dos maus- tratos sem direito de queixa.
Nesse dia longínquo, por certo se ouviu nas senzalas um cântico alegre só entoado nos dias de festas na África distante de onde vieram e da qual sentiam tanta saudade. Dia de alegria para a mãe preta, mãe negra que muitas vezes teve que deixar de lado o próprio filho para alimentar em seu peito o filho da Sinhá, a senhora da sua vida e do seu destino.
A Lei do Ventre Livre, sancionada em 1871 pela Princesa Isabel, foi dos primeiros atos oficiais visando a libertação dos escravos, talvez o mais difícil, porem dos mais emotivos, nessa caminhada longa que o Brasil percorreu até a abolição da escravatura. E foi a delicada mão de Isabel, a Redentora, que assinou a lei através da qual os filhos concebidos pelas negras escravas seriam livres a partir de então. Escravas, elas passavam a carregar no ventre filhos libertos.
A alegria que sentiram, ainda que continuassem presas aos grilhões do cativeiro cruel, provavelmente só quem é mãe pode compreender em sua plenitude. Toda mãe deseja uma vida melhor para seus filhos e, ainda que ela sofra, será feliz se puder assegurar ao fruto do seu ventre um futuro de bem estar e alegria. Por isso as negras escravas festejavam.
Não mais a sombra nefasta do trabalho escravo, não mais o pesadelo do pelourinho e da chibata, não mais o fantasma dos castigos sangrentos, das punições cruéis,
dos maus- tratos sem direito de queixa.
Nesse dia longínquo, por certo se ouviu nas senzalas um cântico alegre só entoado nos dias de festas na África distante de onde vieram e da qual sentiam tanta saudade. Dia de alegria para a mãe preta, mãe negra que muitas vezes teve que deixar de lado o próprio filho para alimentar em seu peito o filho da Sinhá, a senhora da sua vida e do seu destino.
Ah, mãe preta tão sacrificada, tão desprendida, tão amorosa.
Mãe preta de leite branco que tantos brancos alimentou.
Mãe preta a quem o Brasil tanto deve e de cuja resignação e espírito de sacrifício muito aprendemos.
Mãe preta que mesmo velha, encarquilhada, carapinha branca, junto com os segredos da cozinha e do forno, junto com a arte dos quitutes que tão bem preparava, ensinava as mais sublimes lições de amor e de ternura, de abnegação e de perdão, pois a todos recebia em seu regaço, mesmo sofrendo e sendo espezinhada.
Nós te saudamos Mãe Preta, figura majestosa da nossa história colonial, exemplo de tantas virtudes e fonte de tanto carinho.
Deus te abençoe, Mãe Preta, mãe negra feita de ternura.
Um afro abraço.
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