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segunda-feira, 4 de junho de 2012
Lendas Africanas III: O príncipe leão Sundiata Keita...
A História do Mali está intimamente ligada ao nome de um herói lendário: Sundiata Keita. Homem tão extraordinário que a sua vida converteu-se numa lenda. Ele, o fundador do império malinqué, assentou as bases para fazer nascer nesta região africana um dos mais imponentes reinos do continente, onde floresceu o comércio com todo o seu esplendor.
A origem de Sundiata é um pouco confusa. As fontes escritas que se referem a ele são escassas. São as tradições orais que constituem a fonte genuína de documentação.
O seu nascimento dá-se em circunstâncias extraordinárias. É filho da segunda esposa do rei Naré Fa Maghan. Nasce feio, com deficiência motora e débil por volta de 1210. Com três anos ainda não sabe andar e fala mal. Diz uma tradição que uma doença incurável o impedia de caminhar.
A primeira mulher do rei, chamada Samura, nada teme com este nascimento. A sucessão do trono está garantida para o seu filho primogénito. Vive tranquila. Um príncipe incapacitado não pode ser um grande governante.
Os acontecimentos, porém, precipitam-se. Sumaoro Kantê, rei dos Sosso, ocupa o Mali e mata todos os filhos do rei Naré… menos Sundiata. O menino salva a vida, porque a sua deficiência não aparenta qualquer perigo. Sumaoro lamentará por toda a vida este erro.
O príncipe Sundiata refugia-se no Gana. Converte-se num grande mago e, graças ao seu poder mágico, cura a sua enfermidade. O exílio dura muitos anos. Aprende a caçar, a lutar e a recitar os provérbios que contêm a sabedoria dos seus antepassados. Começa a recrutar um bom grupo de soldados e forma um exército.
Ele decide reconquistar o trono do seu pai e, durante o regresso à terra, passa por todos os reinos que conheceu quando ia para o exílio. Reúne mais soldados, arqueiros e cavaleiros.
fonte:www.audacia.org/cgi-bin/pt.shvoong.com › Livros › Infância E Juventude.
O anúncio da sua chegada suscita um grande entusiasmo entre os Malinqués, cujos clãs haviam formado exércitos próprios. Também estes se aglutinam à volta de Sundiata.
Conta a lenda que tanto o príncipe Sundiata como o rei Sumaoro são feiticeiros. Este último é vulnerável ao ferro e o seu animal preferido é um galo branco. Apenas um esporão de galo branco poderia destruí-lo.
Sabendo disso, Sundiata constrói um arco de madeira com um esporão branco numa das extremidades. O dia da batalha decisiva ocorre em 1235. Os adversários medem forças em Kirina.
Na véspera da batalha, cumprem o ritual de declaração de guerra:
– Eu sou o inhame selvagem das rochas (planta de raiz semelhante à batata-doce). Ninguém me fará sair de Mali – grita Sumaoro.
– Tenho no meu acampamento sete ferreiros que te despedaçarão. Então, inhame, eu te comerei – replica Sundiata.
– Eu sou o musgo venenoso que faz vomitar os valentes.
– Eu sou o galo voraz. O veneno não me preocupa.
– Tem cuidado, Sundiata, ou queimarás o pé, porque eu sou um carvão em brasa.
– Pois eu sou a chuva que apaga o fogo.
As intenções dos litigantes são manifestas. No decorrer da batalha, Sundiata armou a flecha no seu arco especial e disparou. O esporão de galo branco roçou o ombro esquerdo do rei Sumaoro. E o monarca sente que as forças lhe escapam. Foge e a sua derrota consuma-se.
O príncipe Sundiata persegue-o, mas não consegue capturá-lo. A cidade de Sosso é arrasada.
Depois da grande vitória de Kirina, o rei Sundiata estabelece a capital do reino em Niani, na actual fronteira do Mali com a Guiné-Conacri. Sela uma grande aliança com os chefes da região, para criar um grande império. É aclamado solenemente Mansa – o rei dos reis ou imperador. Nasce, deste modo, um dos grandes impérios de África, que floresceram na Idade Média.
A vitória de Kirina favorece a economia. Depois dela, a agricultura desenvolve-se com o cultivo de arroz, favas, inhame, cebolas e do algodão. O imperador Sundiata controla o comércio na zona e também as minas de ouro do Gana.
No seu apogeu, este império abarcou grande parte da curva do rio Níger.
Tal como o nascimento, também a morte de Sundiata está envolvida de mistério. Segundo uma tradição, ele morre no decurso de uma cerimónia, trespassado por uma flecha. Outra tradição diz que morre afogado em circunstâncias inexplicáveis. O que se sabe é que falece por volta do ano 1255.
"O império malinqué"
As origens do império do Mali remontam ao século vii. No início do século x, os Malinqués impuseram a sua dinastia às outras comunidades e no século xi o seu rei converteu-se ao Islão, embora «a grande massa do povo continuasse na idolatria», como comentava um explorador em 1068.
Os descendentes de Sundiata tornaram-no esplendoroso no século xiv, graças sobretudo aos feitos de Kanka Mussa, em cujo reinado o império se estende muito para fora das suas fronteiras.
Os seus sucessores não tiveram a mesma audácia e, a partir do século seguinte, muitos povos proclamaram independência e o Mali ficou reduzido a um território sem importância.
Na actualidade, os Malinqués vivem quase de costas voltadas para este passado glorioso e a sua vida desenvolve-se em aldeias tranquilas.
Um afro abraço.
fonte: Contos Africanos/lendasafricanas33c.blogspot.com
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