UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 6 de novembro de 2016

Ivete Sangalo, Buraka Som Sistema - Arca de Noé – A Galinha-d’Angola – V...




Por que a Galinha d’Angola tem pintas brancas?
Os mais antigos contam que esta história aconteceu durante uma das piores secas ocorridas nas savanas ao Sul da África.
O sol, inclemente, castigava todos os seres vivos: plantas e animais.
Logo os rios e lagos secaram, aumentando o sofrimento. O calor abria fendas no solo e levantava uma espessa poeira que borrava de cinza o céu borrado de azul.

Os habitantes dos vilarejos, desnorteados, fugiram para as montanhas, rogando por chuvas, mas não havia prece que desse jeito na calamidade.

Um dia, porém, uma mancha escura despontou no horizonte. Todos ficaram excitados. Sinal de que as chuvas estavam se aproximando.

Só que um elefante, desengonçado, atrapalhou tudo. Afugentando a nuvem.

A galinha-d'angola que, naquela época, além de uma crista avermelhada no alto da cabeça, tinha as penas inteiramente pretas, não se conteve. Indignada com a atitude do paquiderme, correu horas e horas atrás da nuvem, suplicando para que ela retornasse, sem se importar com os espinhos que iam rasgando-lhe as pernas desnudas.

- Por favor, Senhora, volte. Por favor, Senhora, volte – repetia sem cessar, enquanto o sangue escorria por suas feridas.

A Dona das Águas, finalmente, parou e disse:- Por causa de sua perseverança, da sua dor e da sua preocupação com o destino de todas as outras criaturas, eu regressarei. Graças aos meus poderes, interromperei a seca.
- Obrigada - agradeceu a ofegante corredora.
- E, como você se dirigiu a mim de um modo tão respeitoso, receberá de presente o brilho das gotas da chuva, que cairão sobre o seu corpo. Assim, será uma das aves mais bonitas da terra.

Não demorou muito para desabar um temporal, em meio a raios e trovões. A galinha,d'angola, toda molhada, ganhou como ornamento os pingos que foram resvalando em suas penas, transformando,a, como fora prometido, em uma das aves mais lindas de toda a África.
Devido à canseira da galinha-d'angola, suas descendentes ciscam por vários cantos do planeta, agitando a penugem de cor negra, como a pele da maioria dos povos de seu extenso continente. Enquanto exibem as penas salpicadas de pintas brancas} as galinhas-d'angola cacarejam como se estivessem expressando, até hoje, o esforço empreendido por sua ancestral:

To fraca, to fraca, to fraca, to fraca!

( Outros contos africanos para crianças brasileira – Rogério Andrade Barbosa)

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

REBELE-SE O RACISMO!
fonte:Education conquers Poverty! Invest in a future for disadvantaged young people

O Xadrez das Cores: o preconceito e o desafio da acolhida da diversidade



REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

sábado, 5 de novembro de 2016

Zumbi - Caetano Veloso


Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655.

Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue ao padre jesuíta católico Antônio Melo, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa, latim, álgebra e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, fugiu de Porto Calvo para viver no quilombo dos Palmares. Na comunidade, deixou de ser Franciso para ser chamado de Zumbi (que significa aquele que estava morto e reviveu, no dialeto de tribo imbagala de Angola).

No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após um batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além

de coragem e conhecimentos militares.

O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.

Importância de Zumbi para a História do Brasil - Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!


Um afr abraço.

Claudia Vitalino.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Navio negreiro - Tráfico de africanos para as américas




Navio negreiro (também conhecido como "navio tumbeiro") é o nome dado aos navios de carga para o transporte de escravos, especialmente os escravos africanos, até o século XIX.

Aprisionados no interior da África subsaariana, por outros africanos que lucravam com o tráfico, os escravos eram trazidos em marcha forçada até o litoral do continente, onde os sobreviventes, que não haviam sido comercializados localmente, eram despojados de suas roupas e eventuais pequenos pertences que ainda carregassem consigo, para serem vendidos aos comerciantes europeus, que os embarcavam nos navios negreiros. Neles, os escravos eram destinados aos porões da embarcação, onde ficavam presos em grupos às correntes. Cada navio, levava em média quatrocentos africanos amontoados. O mau-cheiro imperava, e o espaço para movimentação era mínimo, porque embora navios deste tipo fossem geralmente grandes, se otimizava o espaço do mesmo para caber o maior numero possível de escravos.

A partir de 1432 quando o navegador português Gil Eanes levou para Portugal a primeira carga de escravos negros vindos da África que os portugueses começaram a traficar os escravos com as Ilha da Madeira e em Porto-Santo. Mais adiante os negros foram trazidos para o Brasil.

A história dos navios negreiros é das mais comoventes. Homens, mulheres e crianças eram transportados amontoados em compartimentos minúsculos dos navios, escuros e sem nenhum cuidado com a higiene. Conviviam no mesmo local, a fome, a sede, as doenças, a sujeira, os agonizantes e os mortos.

Sem a menor preocupação com a condição dos negros, os responsáveis pelos navios negreiros amontoavam negros acorrentados como animais em seus porões que muitas vezes advinham de diferentes lugares do continente africano, causando o encontro de várias etnias e que por vezes eram também inimigas. Seus corpos eram marcados pelas correntes que os limitavam nos movimentos, as fezes e a urina eram feitas no mesmo local onde permaneciam. Os movimentos das caravelas faziam com que muitos passassem mal e vomitassem no mesmo local. Os alimentos simplesmente eram jogados nos compartimentos uma ou duas vezes por dia, cabendo aos próprios negros promover a divisa da alimentação. Como os integrantes do navio não tinham o hábito de entrar no porão, os mortos permaneciam ao lado dos vivos por muito tempo.

Quando o navio encontrava alguma dificuldade durante seu trajeto, o comandante da embarcação ordenava que os negros moribundos ou mortos fossem lançados ao mar, como alternativa para reduzir o peso do navio. Nestes casos, o mar acabava se tornando a única saída dos negros para a luz, antes de chegarem aos destinatários do comércio.
A organização da Companhia dos Lagos propunha-se a incentivar e desenvolver o comércio africano e dar expansão ao tráfico negreiro, sua viagem inicial motivou a formação de várias companhias negreiras, tais como:Companhia de Cacheu] (1675), Companhia de Cabo Verde e Cacheu de Negócios de Pretos (1690), Companhia Real de Guiné e das Índias (1693) e Companhia das Índias Ocidentais (1636). No Brasil, devido ao êxito do empreendimento, deu-se a criação da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649).

Somente no século XIX que as leis proibiram o comércio de negros. Entre 1806 e 1807, a Inglaterra acabou com o tráfico negreiro em seu Império e em 1833 proibiu o trabalho escravo. No Brasil, mesmo após o tráfico negreiro ter sido proibido, a escravidão permaneceu até 1888.

O tráfico transatlântico de escravos africanos começou a entrar em decadência, somente a partir da sua abolição no início do século XIX pelo Reino Unido, com alguns países como o Brasil persistindo em sua prática, até serem forçados a abandoná-lo décadas depois. Devido às péssimas condições, físicas e psicológicas, em que se encontravam os escravos transportados, muitos morriam, eram mortos ou suicidavam-se durante a travessia.

É no fim do século XVIII e início do século XIX, que conceitos provenientes da fé religiosa, do humanismo (e mais tarde do iluminismo), e mesmo da lógica mercantil foram sendo reunidos como prova da inviabilidade da manutenção de tal comércio, que beneficiava poucos, e impedia muitos de serem iniciados na moderna sociedade que nascia. É então, que percebendo que a eliminação do comércio escravo seria mais lucrativo para a sua indústria nascente que a Grã-Bretanha promove o fim (muitas vezes pela força) do comércio escravo e de seu veículo nefasto, o navio negreiro.

Alguns comerciantes resistiriam ainda por um certo tempo, negando-se a abandonar tão lucrativa empreitada, mas, o tempo encarregou-se de mostrar que o negócio com a vida humana só atraso o avanço e progresso do homem.


Se liga :Rebeliões eram frequentes. E algumas revoltas resultavam na conquista da embarcação pelos escravos, como a do navio Amistad, em 1839. Outras, porém, como a do Kentucky, em 1845, acabaram com a morte de todos os escravos rebeldes, cujos corpos foram lançados ao mar...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.


fonte:Claudia Vitalino/Wikipédia, a enciclopédia livre

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Zeca Pagodinho - Quando A Gira Girou - Cultos Afro


"- As religiões tradicionais africanas são aquelas praticadas no continente africano, geralmente em zona rural. Cerca de 29% da população africana pratica suas religiões tradicionais. 35% pratica o cristianismo e outros 35% o islamismo. Cerca de 1% pratica outras religiões, incluindo o hinduísmo".

Religiões afro-caribenhas
Vodu é o nome da religião afro no Haiti. Muito sincrética, é uma mistura de elementos da religião dos povos jejes – do antigo Reino do Daomé, hoje República do Benim, que cultuavam os voduns, divindades muito semelhantes aos orixás do povo vizinho, os iorubás – com a religião indígena das ilhas caribenhas. Santería é o nome da religião afro em Cuba. O sincretismo aqui é com o catolicismo. Cultuam os orixás dos iorubás, que chamam de lucumi (nome antigo dos orixás). É muito parecido com o candomblé. Também é chamado de Regla Del Ocha, ou simplesmente Regla. Seus praticantes são os santeros.
Religiões afro-brasileiras

Tambor de Mina é o nome da religião afro no Maranhão. Tem a mesma origem que o vodu haitiano, nos povos jejes (fon e ewe). O sacerdote máximo se chama Vodunon e os vodunsi são os praticantes. Xangô é o nome da divindade iorubá do trovão. Esta divindade é tão importante em Pernambuco que batiza a religião afro no Recife. Lá, os praticantes são chamados de xangozeiros.

O candomblé é a religião afro-brasileira mais conhecida e celebrada. Se espalhou da Bahia para os outros estados, chegando até mesmo no Rio Grande do Sul, onde já existia outra modalidade de religião afro-brasileira: o batuque. Existem vários graus hierárquicos dentro de um candomblé: abiã (simpatizante), iaô (iniciado), ebomi (irmão mais velho com 7 anos de iniciado), titulares de cargos vitalícios como alaxé (guarda dos implementos sagrados), alabê (tocador de atabaques), axogun (sacrificador), iabassê(cozinheira), amorô (responsável por Exu), equede (cuida dos orixás manifestados), ogã (contribui materialmente com o terreiro), babalaô (adivinho) e babalorixá (pai de santo) ou ialorixá (mãe de santo).

Macumba é o nome de um tambor de origem banta utilizado em rituais dessa matriz africana no Rio de Janeiro. Devido à pejoração construída pela Igreja Católica em torno da palavra, seus adeptos mudaram o nome para "candomblé de angola". Neste tipo de candomblé, se cultuam os inquices, divindades semelhantes aos orixás iorubás. Tata-ninkice e Mameto-ninkice são os cargos máximos.

Batuque é o nome dado pelos brancos à religião afro no Rio Grande do Sul devido ao barulho dos tambores. É uma religião bem diferente das outras afro-brasileiras, embora a base continue sendo a mesma: a cultura dos orixás. O sacerdócio é muito centralizado, sendo que o babalorixá ou ialorixá desempenha os papéis de pai de santo e sacrificador, é o responsável pelo Exu e também pelos implementos sagrados, e é o adivinho. Só existe uma categoria de omorixá (fCom base no Decreto nº 3048/99, sacerdotes das religiões de matrizes africanas,anda, podem se aposenar na categoria destinada a ministros de confissão religiosa. Mas são poucos os que tomam esta decisão.O principal problema é a exigência de recolhimento da contribuição retroativa. Isto porque o decreto tem menos de dez anos e a maioria dos casos são os de pessoas que se dedicaram à religião integralmente e não têm como pagar o valor exigido.

Uma outra possibilidade de benefício – o estabelecido pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) – choca-se com uma característica dos terreiros: a vivência comunitária. Segundo a Loas, pessoas a partir de 65 anos têm direito a receber um salário mínimo, desde que a renda familiar per capita seja inferior a um quarto do mínimo: R$ 95. No candomblé as casas costumam abrigar uma família numerosa e aí nem todos se enquadram nesta categoria.

As religiões de matrizes africanas estão assentadas no núcleo familiar e pelos laços de solidariedade. E o Estado brasileiro não reconhece essas especificidades, pois ainda tem uma lógica racista”, destaca o advogado e professor da Ufba e de outras instituições, Samuel Vida.

Por meio da sua assessoria de comunicação, o Ministério da Previdência Social explicou que as regras para os ministros de confissão religiosa são as mesmas. Algumas igrejas empregam seus ministros e recolhem a contribuição. O ministério não tem levantamento de segurados como ministros religiosos.

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

FONTE:istoe.com.br/unegro povos tradicionais

domingo, 30 de outubro de 2016

O Morro Não Tem Vez - Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell



O Morro Não Tem Vez - Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell

A obra O morro não tem vez, de Antonio Carlos Jobim e a sua ampla articulação e interpretação, com forte cunho social, que aborda a ligação da musica com o meio, o samba e a favela enquanto inspiração, entre outros tópicos, na sua publicação: “Em alguns aspectos o ambiente do Rio expõe o marco da divisão urbana, revelando forte tensão entre grupos humanos. A divisão e a tensão são visíveis na arquitetura - favela/bairro, no comportamento - violência/cortesia, na produção artística - música de concerto/música do morro”

Discriminação (distinção) de grupos foi uma característica muito importante na evolução da vida em grupo. Não é nenhuma novidade que tanto grupos de animais sociais não-humanos quanto grupos humanos identificam dois grupos sociais: o ”nós” e os “outros” (em psicologia evolutiva chamados “insider” e “outsider group”). Não surpreendentemente, “bárbaro” era o nome dado pelos gregos aos que não eram gregos. “Bárbaros” significa “os outros”. Da mesma forma, “tapuia” era o nome dado pelos Tupis a quem não era Tupi. Tapuia é a versão tupi de “os outros”. Também não surpreendentemente, bárbaros e tapuias recebiam significados pejorativos. “Os outros” não são somente os outros, eles geralmente são também os inimigos. Os outros não são “civilizados”, os outros não têm nossos costumes, os outros são violentos, os outros são maus, os outros não seguem nossos deuses (que são os únicos verdadeiros), os outros tem comportamentos estranhos que não são os nossos, os outros nos trazem doenças, os outros comem nossa comida, os outros nos matam, os outros merecem ser combatidos. Em suma, o inferno são os outros.

A favela enquanto tema e inspiração, o surgimento do samba e a necessidade da música dialogar com o seu ambiente durante a sua caracterização, o que, quando é desconsiderada, a torna incompleta, tudo isso desconstruindo, construindo e analisando a obra de Antonio Carlos Jobim: “A caracterização das práticas musicais, por exemplo, pode se tornar incompleta se, na descrição, o ambiente em que ocorre é desprezado. É necessário que se descrevam os elementos característicos que estruturam o produto artístico considerando-se o seu impacto no mundo social. As funções dos elementos que estruturam a forma artística estão, de algum modo, conectados ao tipo de prática e ao perfil do grupo onde ela ocorre...

-Mas note que nem sempre o “nós” e os ”outros” são inimigos. Muitas vezes estes cooperam. Geralmente os grupos cooperam quando existe uma grande recompensa suficiente para ambos, ou um grande inimigo (um “os outros” mais poderoso) e quando o risco de traição do grupo com o qual se coopera é menor do que o risco da não cooperação, ou se um grupo domina e escraviza o outro obrigando-o a “cooperar”. Volte aos livros de história e analise as cooperações entre povos humanos ao longo dos séculos.

Entretanto essa discriminação de grupos “nós” e “os outros”, presente nos animais que vivem em grupo, não exatamente corresponde ao preconceito humano. O preconceito humano evoluiu em função da vida social permitindo um maior sucesso na sobrevivência ao conseguir comida, água e abrigo (nada surpreendente até agora), mas foi carregado de particularidades humanas como religião e aspectos culturais e de dominação.
Existem muitos grupos com os quais podemos nos identificar ou não: grupos raciais (brancos, negros, indígenas, asiáticos), grupos religiosos (cristãos, muçulmanos, budistas, judeus, ateus), grupos sexuais (heteros, homos, bissexuais, transexuais), grupos de gênero (homem, mulher, neutro), grupos sociais (pobres, ricos, classe média, burgueses, operários), grupos políticos (esquerdistas, direitistas, comunistas, liberalistas, chavistas, anti-chavistas), grupos ideológicos-culturais (veganos, carnistas, hippies, geeks, nerds, otakus, punks, funkeiros, metaleiros) e nem sempre esses grupos são dicotômicos e mutuamente exclusivos. Você pode ser uma mulher, negra, cristã, homo, pobre, vegana e otaku, porque não? É claro que muitos grupos estão relacionados histórica, ideologica e economicamente a outros grupos o que dificulta a identificação de uma pessoa com dois deles (por exemplo, rico e esquerdista ocorre em uma frequência bem baixa). E note que nem sempre tais grupos sofrem preconceitos. Assim, por mais que existam pessoas que achem os metaleiros um bando de seguidores satânicos, não existe um preconceito institucionalizado contra os metaleiros porque eles, como grupo, não são dominados por outro. Em contrapartida, os funkeiros são passíveis de preconceito institucionalizado não exatamente por sua música, mas por, na grande maioria de casos, pertencerem a outros

grupos dominados como o grupo dos “negros ou pardos” e dos “pobres”. Como os grupos são ligados por aspectos histórico-sociais, ideológicos e econômicos, o preconceito de um grupo pode recair sobre um subgrupo que tenha uma parcela representativa de pessoas do grupo em questão. Os metaleiros não sofrem um preconceito institucionalizado, mas sim um discurso de discriminação grupal. O que obviamente não o torna aceitável. Se alguém sugerisse que todos os metaleiros deveriam ser presos por louvarem satã, esta pessoa estaria promovendo um discurso de ódio contra um discriminado grupo, entretanto, como o discurso de tal pessoa não é um preconceito aceito como normal e institucionalizado na sociedade, esse discurso nunca teria poder de lei. O que talvez não fosse realidade para os funkeiros.

Como preconceito é dominação, ele se institucionaliza através de leis (ou da falta de leis) ou através de aparelhos de controle social (estado, escolas, mídia, igreja, universidade). Ele se faz valer na justiça, nas conquistas sociais e na segregação social. Os dominadores possuem órgãos e instituições que proferem seus discursos preconceituosos, os legitimam, os normatizam, os disseminam, os dão força de lei e sustentam toda a base do preconceito e da dominação. Assim surgem até mesmo dominados que aceitam o ódio e justificam a segregação sofrida pelo seu próprio grupo. O preconceito institucionalizado vem sempre dos dominadores, nunca dos dominados.

"Assim, misandria, racismo reverso, heterofobia, cristofobia e cisfobia não existem como preconceitos institucionalizados".


 E esses discursos não se tornam aceitaveis por não serem preconceitos institucionalizados. O que estou concluindo é que preconceito é mais que discurso de segregação. Preconceito é institucionalização de discurso de segregação. Pronto, simples. O que isso muda e porque isso é importante? Muitas vezes esses esparsos discursos de segregação (e os raros discursos de ódios) travestidos de preconceitos institucionalizados servem de falácias e armas em “lutas” fictícias...



 Tal dualidade de preconceitos, entretanto, é aparente e não se revela na estrutura de dominação social.

O Morro Não Tem Vez 

(Tom Jobim)

O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar

Morro pede passagem
O morro que se mostrar
Abram alas pro morro...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Um afro abraço.
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Claudia Vitalino.
fonte:unegro\www.letras.mus.br\www.scielo.br/scielo.php

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Preconceito Racial:Desigualdade Racial na Saúde...



Há algumas explicações para a desigualdade racial na saúde. A primeira é o próprio preconceito: a discriminação aos negros, apesar da miscinegação brasileira, não acabou. A desigualdade econômica pesa, visto que a população negra tem menos poder financeiro para pagar um plano de saúde privado do que a branca. Há também o fato de a informalidade no emprego ser maior entre pretos e pardos – mulheres negras que trabalham como domésticas sem carteira assinada não têm direito a plano de saúde, por exemplo. E há a questão geográfica. "A rede do SUS [Sistema Único de Saúde] está mais presente em regiões de classe média, e a população negra por fatores históricos está concentrada em regiões periféricas", afirma Irineu Barreto, analista do Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo (Seade) que se dedica à pesquisa da desigualdade racial. "E mesmo nas regiões mais pobres a população negra tem mais dificuldade do que a branca. A pobreza é mais cruel para os negros".

É difícil concluir a partir de dados se o racismo na saúde tem diminuído ou aumentado no Brasil porque faltam pesquisas. A PNS de 2015 com detalhamento por raça e cor é a primeira a fazê-lo. Mas há um indício disso nos números sobre mortalidade materna do SUS. Em 2004, 62.659 mulheres morreram em decorrência do parto, das quais 47% eram brancas e 43%, negras, a soma de pretas e pardas. Dez anos depois, em 2014, 63.408 mortes foram registradas. Delas, 42% eram brancas, e 53%, negras. Em um período de dez anos, portanto, não só aumentou o número de mulheres que continuam a morrer de complicações de uma gravidez, a condição da parcela negra piorou enquanto a da branca melhorou. Há a ressalva de que, em 2004, o preenchimento dos dados ainda era precário. Havia médicos que assinalavam "branca" em vez de "preta" ou "parda" ao descrever a paciente na ficha. Naquele ano, as investigações sobre as mortes das mães também eram muito menores. Independentemente de melhorar ou piorar, o fato é que o quadro é grave.

E o governo?     - Era 27 de outubro de 2006 quando o então ministro da Saúde, Agenor Álvares, na abertura de um seminário sobre saúde da população negra no Rio de Janeiro, declarou que havia racismo no SUS. Médicos, por meio de entidades de classe, rejeitaram. O argumento usado pelo Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro era de que a discriminação era social, entre ricos e pobres, e não por cor, semelhante aos argumentos usados em áreas como educação para rejeitar cotas para negros em universidades. O ministro se baseava em dados coletados pela Fundação Oswaldo Cruz. Pesquisadoras analisaram 9.633 prontuários de grávidas e perceberam que, a cada 100 pacientes brancas, 16 não recebiam anestesia. Entre 100 negras, o número subia para 23. Entre pessoas mortas por doenças como tuberculose, aids e hipertensão arterial, o padrão se repetia.

 Ela percorreu o país para estudar políticas públicas, negociar com secretarias de saúde de municípios, mobilizar autoridades para o melhor tratamento do negro na saúde. A conclusão dela é que houve avanço no reconhecimento do racismo como um problema na saúde, mas pouco além disso. "A política não foi implementada como deveria", diz ela. "O Agenor Álvares foi o único a enfrentar o problema com seriedade. Depois dele uns e outros ministros disseram, mas não fizeram nada. O atual [Arthur Chioro] nem sequer responde. Faz cinco anos que a saúde do negro virou lei, e ela continua sendo ignorada".

Procurado  "compreende a situação de vulnerabilidade da população negra" e ressaltou o papel do SUS na "promoção da equidade". O órgão citou alguns dados da PNS para defender a atuação do governo: o acesso à Farmácia Popular, maior entre negros (25,3%)

do que entre brancos (22,1%), e a obtenção de medicamentos via SUS, com negros (35,2%) em vantagem sobre brancos (30,2%). Quanto ao sentimento dediscriminação no sistema de saúde, o ministério acrescentou que 53,9% dos discriminados alegaram como razão falta de dinheiro, 52,5% classe social e 13,6% raça e cor.


Se liga:   A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), instituída em 2009, a "Campanha SUS Sem Racismo", lançada em 2014 com cursos à distância para 5 mil profissionais da saúde em todo o país, e a abertura do segundo edital de pesquisa em saúde da população negra, que vai destinar R$ 2 milhões a pesquisadores, para que descubram maneiras de ajustar o sistema público de saúde para coibir a discriminação. O resultado das ações mencionadas pelo governo poderá ser medido, de modo concreto, só depois de 2018, para quando a próxima rodada da PNS está agendada...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Claudia Vitalino.
fonte:www.ceert.org.br/racismo/

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...