UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Zeca Pagodinho - Quando A Gira Girou - Cultos Afro


"- As religiões tradicionais africanas são aquelas praticadas no continente africano, geralmente em zona rural. Cerca de 29% da população africana pratica suas religiões tradicionais. 35% pratica o cristianismo e outros 35% o islamismo. Cerca de 1% pratica outras religiões, incluindo o hinduísmo".

Religiões afro-caribenhas
Vodu é o nome da religião afro no Haiti. Muito sincrética, é uma mistura de elementos da religião dos povos jejes – do antigo Reino do Daomé, hoje República do Benim, que cultuavam os voduns, divindades muito semelhantes aos orixás do povo vizinho, os iorubás – com a religião indígena das ilhas caribenhas. Santería é o nome da religião afro em Cuba. O sincretismo aqui é com o catolicismo. Cultuam os orixás dos iorubás, que chamam de lucumi (nome antigo dos orixás). É muito parecido com o candomblé. Também é chamado de Regla Del Ocha, ou simplesmente Regla. Seus praticantes são os santeros.
Religiões afro-brasileiras

Tambor de Mina é o nome da religião afro no Maranhão. Tem a mesma origem que o vodu haitiano, nos povos jejes (fon e ewe). O sacerdote máximo se chama Vodunon e os vodunsi são os praticantes. Xangô é o nome da divindade iorubá do trovão. Esta divindade é tão importante em Pernambuco que batiza a religião afro no Recife. Lá, os praticantes são chamados de xangozeiros.

O candomblé é a religião afro-brasileira mais conhecida e celebrada. Se espalhou da Bahia para os outros estados, chegando até mesmo no Rio Grande do Sul, onde já existia outra modalidade de religião afro-brasileira: o batuque. Existem vários graus hierárquicos dentro de um candomblé: abiã (simpatizante), iaô (iniciado), ebomi (irmão mais velho com 7 anos de iniciado), titulares de cargos vitalícios como alaxé (guarda dos implementos sagrados), alabê (tocador de atabaques), axogun (sacrificador), iabassê(cozinheira), amorô (responsável por Exu), equede (cuida dos orixás manifestados), ogã (contribui materialmente com o terreiro), babalaô (adivinho) e babalorixá (pai de santo) ou ialorixá (mãe de santo).

Macumba é o nome de um tambor de origem banta utilizado em rituais dessa matriz africana no Rio de Janeiro. Devido à pejoração construída pela Igreja Católica em torno da palavra, seus adeptos mudaram o nome para "candomblé de angola". Neste tipo de candomblé, se cultuam os inquices, divindades semelhantes aos orixás iorubás. Tata-ninkice e Mameto-ninkice são os cargos máximos.

Batuque é o nome dado pelos brancos à religião afro no Rio Grande do Sul devido ao barulho dos tambores. É uma religião bem diferente das outras afro-brasileiras, embora a base continue sendo a mesma: a cultura dos orixás. O sacerdócio é muito centralizado, sendo que o babalorixá ou ialorixá desempenha os papéis de pai de santo e sacrificador, é o responsável pelo Exu e também pelos implementos sagrados, e é o adivinho. Só existe uma categoria de omorixá (fCom base no Decreto nº 3048/99, sacerdotes das religiões de matrizes africanas,anda, podem se aposenar na categoria destinada a ministros de confissão religiosa. Mas são poucos os que tomam esta decisão.O principal problema é a exigência de recolhimento da contribuição retroativa. Isto porque o decreto tem menos de dez anos e a maioria dos casos são os de pessoas que se dedicaram à religião integralmente e não têm como pagar o valor exigido.

Uma outra possibilidade de benefício – o estabelecido pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) – choca-se com uma característica dos terreiros: a vivência comunitária. Segundo a Loas, pessoas a partir de 65 anos têm direito a receber um salário mínimo, desde que a renda familiar per capita seja inferior a um quarto do mínimo: R$ 95. No candomblé as casas costumam abrigar uma família numerosa e aí nem todos se enquadram nesta categoria.

As religiões de matrizes africanas estão assentadas no núcleo familiar e pelos laços de solidariedade. E o Estado brasileiro não reconhece essas especificidades, pois ainda tem uma lógica racista”, destaca o advogado e professor da Ufba e de outras instituições, Samuel Vida.

Por meio da sua assessoria de comunicação, o Ministério da Previdência Social explicou que as regras para os ministros de confissão religiosa são as mesmas. Algumas igrejas empregam seus ministros e recolhem a contribuição. O ministério não tem levantamento de segurados como ministros religiosos.

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

FONTE:istoe.com.br/unegro povos tradicionais

domingo, 30 de outubro de 2016

O Morro Não Tem Vez - Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell



O Morro Não Tem Vez - Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell

A obra O morro não tem vez, de Antonio Carlos Jobim e a sua ampla articulação e interpretação, com forte cunho social, que aborda a ligação da musica com o meio, o samba e a favela enquanto inspiração, entre outros tópicos, na sua publicação: “Em alguns aspectos o ambiente do Rio expõe o marco da divisão urbana, revelando forte tensão entre grupos humanos. A divisão e a tensão são visíveis na arquitetura - favela/bairro, no comportamento - violência/cortesia, na produção artística - música de concerto/música do morro”

Discriminação (distinção) de grupos foi uma característica muito importante na evolução da vida em grupo. Não é nenhuma novidade que tanto grupos de animais sociais não-humanos quanto grupos humanos identificam dois grupos sociais: o ”nós” e os “outros” (em psicologia evolutiva chamados “insider” e “outsider group”). Não surpreendentemente, “bárbaro” era o nome dado pelos gregos aos que não eram gregos. “Bárbaros” significa “os outros”. Da mesma forma, “tapuia” era o nome dado pelos Tupis a quem não era Tupi. Tapuia é a versão tupi de “os outros”. Também não surpreendentemente, bárbaros e tapuias recebiam significados pejorativos. “Os outros” não são somente os outros, eles geralmente são também os inimigos. Os outros não são “civilizados”, os outros não têm nossos costumes, os outros são violentos, os outros são maus, os outros não seguem nossos deuses (que são os únicos verdadeiros), os outros tem comportamentos estranhos que não são os nossos, os outros nos trazem doenças, os outros comem nossa comida, os outros nos matam, os outros merecem ser combatidos. Em suma, o inferno são os outros.

A favela enquanto tema e inspiração, o surgimento do samba e a necessidade da música dialogar com o seu ambiente durante a sua caracterização, o que, quando é desconsiderada, a torna incompleta, tudo isso desconstruindo, construindo e analisando a obra de Antonio Carlos Jobim: “A caracterização das práticas musicais, por exemplo, pode se tornar incompleta se, na descrição, o ambiente em que ocorre é desprezado. É necessário que se descrevam os elementos característicos que estruturam o produto artístico considerando-se o seu impacto no mundo social. As funções dos elementos que estruturam a forma artística estão, de algum modo, conectados ao tipo de prática e ao perfil do grupo onde ela ocorre...

-Mas note que nem sempre o “nós” e os ”outros” são inimigos. Muitas vezes estes cooperam. Geralmente os grupos cooperam quando existe uma grande recompensa suficiente para ambos, ou um grande inimigo (um “os outros” mais poderoso) e quando o risco de traição do grupo com o qual se coopera é menor do que o risco da não cooperação, ou se um grupo domina e escraviza o outro obrigando-o a “cooperar”. Volte aos livros de história e analise as cooperações entre povos humanos ao longo dos séculos.

Entretanto essa discriminação de grupos “nós” e “os outros”, presente nos animais que vivem em grupo, não exatamente corresponde ao preconceito humano. O preconceito humano evoluiu em função da vida social permitindo um maior sucesso na sobrevivência ao conseguir comida, água e abrigo (nada surpreendente até agora), mas foi carregado de particularidades humanas como religião e aspectos culturais e de dominação.
Existem muitos grupos com os quais podemos nos identificar ou não: grupos raciais (brancos, negros, indígenas, asiáticos), grupos religiosos (cristãos, muçulmanos, budistas, judeus, ateus), grupos sexuais (heteros, homos, bissexuais, transexuais), grupos de gênero (homem, mulher, neutro), grupos sociais (pobres, ricos, classe média, burgueses, operários), grupos políticos (esquerdistas, direitistas, comunistas, liberalistas, chavistas, anti-chavistas), grupos ideológicos-culturais (veganos, carnistas, hippies, geeks, nerds, otakus, punks, funkeiros, metaleiros) e nem sempre esses grupos são dicotômicos e mutuamente exclusivos. Você pode ser uma mulher, negra, cristã, homo, pobre, vegana e otaku, porque não? É claro que muitos grupos estão relacionados histórica, ideologica e economicamente a outros grupos o que dificulta a identificação de uma pessoa com dois deles (por exemplo, rico e esquerdista ocorre em uma frequência bem baixa). E note que nem sempre tais grupos sofrem preconceitos. Assim, por mais que existam pessoas que achem os metaleiros um bando de seguidores satânicos, não existe um preconceito institucionalizado contra os metaleiros porque eles, como grupo, não são dominados por outro. Em contrapartida, os funkeiros são passíveis de preconceito institucionalizado não exatamente por sua música, mas por, na grande maioria de casos, pertencerem a outros

grupos dominados como o grupo dos “negros ou pardos” e dos “pobres”. Como os grupos são ligados por aspectos histórico-sociais, ideológicos e econômicos, o preconceito de um grupo pode recair sobre um subgrupo que tenha uma parcela representativa de pessoas do grupo em questão. Os metaleiros não sofrem um preconceito institucionalizado, mas sim um discurso de discriminação grupal. O que obviamente não o torna aceitável. Se alguém sugerisse que todos os metaleiros deveriam ser presos por louvarem satã, esta pessoa estaria promovendo um discurso de ódio contra um discriminado grupo, entretanto, como o discurso de tal pessoa não é um preconceito aceito como normal e institucionalizado na sociedade, esse discurso nunca teria poder de lei. O que talvez não fosse realidade para os funkeiros.

Como preconceito é dominação, ele se institucionaliza através de leis (ou da falta de leis) ou através de aparelhos de controle social (estado, escolas, mídia, igreja, universidade). Ele se faz valer na justiça, nas conquistas sociais e na segregação social. Os dominadores possuem órgãos e instituições que proferem seus discursos preconceituosos, os legitimam, os normatizam, os disseminam, os dão força de lei e sustentam toda a base do preconceito e da dominação. Assim surgem até mesmo dominados que aceitam o ódio e justificam a segregação sofrida pelo seu próprio grupo. O preconceito institucionalizado vem sempre dos dominadores, nunca dos dominados.

"Assim, misandria, racismo reverso, heterofobia, cristofobia e cisfobia não existem como preconceitos institucionalizados".


 E esses discursos não se tornam aceitaveis por não serem preconceitos institucionalizados. O que estou concluindo é que preconceito é mais que discurso de segregação. Preconceito é institucionalização de discurso de segregação. Pronto, simples. O que isso muda e porque isso é importante? Muitas vezes esses esparsos discursos de segregação (e os raros discursos de ódios) travestidos de preconceitos institucionalizados servem de falácias e armas em “lutas” fictícias...



 Tal dualidade de preconceitos, entretanto, é aparente e não se revela na estrutura de dominação social.

O Morro Não Tem Vez 

(Tom Jobim)

O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar

Morro pede passagem
O morro que se mostrar
Abram alas pro morro...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Um afro abraço.
.
Claudia Vitalino.
fonte:unegro\www.letras.mus.br\www.scielo.br/scielo.php

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Preconceito Racial:Desigualdade Racial na Saúde...



Há algumas explicações para a desigualdade racial na saúde. A primeira é o próprio preconceito: a discriminação aos negros, apesar da miscinegação brasileira, não acabou. A desigualdade econômica pesa, visto que a população negra tem menos poder financeiro para pagar um plano de saúde privado do que a branca. Há também o fato de a informalidade no emprego ser maior entre pretos e pardos – mulheres negras que trabalham como domésticas sem carteira assinada não têm direito a plano de saúde, por exemplo. E há a questão geográfica. "A rede do SUS [Sistema Único de Saúde] está mais presente em regiões de classe média, e a população negra por fatores históricos está concentrada em regiões periféricas", afirma Irineu Barreto, analista do Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo (Seade) que se dedica à pesquisa da desigualdade racial. "E mesmo nas regiões mais pobres a população negra tem mais dificuldade do que a branca. A pobreza é mais cruel para os negros".

É difícil concluir a partir de dados se o racismo na saúde tem diminuído ou aumentado no Brasil porque faltam pesquisas. A PNS de 2015 com detalhamento por raça e cor é a primeira a fazê-lo. Mas há um indício disso nos números sobre mortalidade materna do SUS. Em 2004, 62.659 mulheres morreram em decorrência do parto, das quais 47% eram brancas e 43%, negras, a soma de pretas e pardas. Dez anos depois, em 2014, 63.408 mortes foram registradas. Delas, 42% eram brancas, e 53%, negras. Em um período de dez anos, portanto, não só aumentou o número de mulheres que continuam a morrer de complicações de uma gravidez, a condição da parcela negra piorou enquanto a da branca melhorou. Há a ressalva de que, em 2004, o preenchimento dos dados ainda era precário. Havia médicos que assinalavam "branca" em vez de "preta" ou "parda" ao descrever a paciente na ficha. Naquele ano, as investigações sobre as mortes das mães também eram muito menores. Independentemente de melhorar ou piorar, o fato é que o quadro é grave.

E o governo?     - Era 27 de outubro de 2006 quando o então ministro da Saúde, Agenor Álvares, na abertura de um seminário sobre saúde da população negra no Rio de Janeiro, declarou que havia racismo no SUS. Médicos, por meio de entidades de classe, rejeitaram. O argumento usado pelo Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro era de que a discriminação era social, entre ricos e pobres, e não por cor, semelhante aos argumentos usados em áreas como educação para rejeitar cotas para negros em universidades. O ministro se baseava em dados coletados pela Fundação Oswaldo Cruz. Pesquisadoras analisaram 9.633 prontuários de grávidas e perceberam que, a cada 100 pacientes brancas, 16 não recebiam anestesia. Entre 100 negras, o número subia para 23. Entre pessoas mortas por doenças como tuberculose, aids e hipertensão arterial, o padrão se repetia.

 Ela percorreu o país para estudar políticas públicas, negociar com secretarias de saúde de municípios, mobilizar autoridades para o melhor tratamento do negro na saúde. A conclusão dela é que houve avanço no reconhecimento do racismo como um problema na saúde, mas pouco além disso. "A política não foi implementada como deveria", diz ela. "O Agenor Álvares foi o único a enfrentar o problema com seriedade. Depois dele uns e outros ministros disseram, mas não fizeram nada. O atual [Arthur Chioro] nem sequer responde. Faz cinco anos que a saúde do negro virou lei, e ela continua sendo ignorada".

Procurado  "compreende a situação de vulnerabilidade da população negra" e ressaltou o papel do SUS na "promoção da equidade". O órgão citou alguns dados da PNS para defender a atuação do governo: o acesso à Farmácia Popular, maior entre negros (25,3%)

do que entre brancos (22,1%), e a obtenção de medicamentos via SUS, com negros (35,2%) em vantagem sobre brancos (30,2%). Quanto ao sentimento dediscriminação no sistema de saúde, o ministério acrescentou que 53,9% dos discriminados alegaram como razão falta de dinheiro, 52,5% classe social e 13,6% raça e cor.


Se liga:   A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), instituída em 2009, a "Campanha SUS Sem Racismo", lançada em 2014 com cursos à distância para 5 mil profissionais da saúde em todo o país, e a abertura do segundo edital de pesquisa em saúde da população negra, que vai destinar R$ 2 milhões a pesquisadores, para que descubram maneiras de ajustar o sistema público de saúde para coibir a discriminação. O resultado das ações mencionadas pelo governo poderá ser medido, de modo concreto, só depois de 2018, para quando a próxima rodada da PNS está agendada...

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Claudia Vitalino.
fonte:www.ceert.org.br/racismo/

sábado, 22 de outubro de 2016

Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra.

SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA   -Na sociedade brasileira, brancos, negros – pretos e pardos – e indígenas ocupam espaços
sociais diferentes, que se refletem nos indicadores sociais: negros e indígenas possuem os piores indicadores de escolaridade, estão inseridos nos piores postos de trabalho e têm menos acesso a bens e serviços sociais. Estas desigualdades levam à miséria material, isolamento espacial e social, e restrições à participação política. Este processo, denominado racismo, enraizou-se na cultura, no tecido social e nos comportamentos da sociedade brasileira (MUNANGA, 2006).

Há uma morte branca que tem como causa as doenças, as quais, embora de diferentes tipos, não são mais que doenças, essas coisas que se opõem à saúde até um dia sobrepujá-la num fim inexorável: a morte que encerra a vida. A morte branca é uma "morte morrida". Há uma morte negra que não tem causa em doenças; decorre de infortúnio. É uma morte insensata, que bule com as coisas da vida, como a gravidez e o parto. É uma morte insana, que aliena a existência em transtornos mentais. É uma morte de vítima, em agressões de doenças infecciosas ou de violência de causas externas. É uma morte que não é morte, é mal definida. A morte negra não é um fim de vida, é uma vida desfeita, é uma Átropos ensandecida que corta o fio da vida sem que Cloto o teça ou que Láquesis o meça. A morte negra é uma morte desgraçada. BATISTA; ESCUDER; PEREIRA, 2004, p.635).

Começamos com uma pergunta
Por que o negro tem menos acesso à saúde do que o branco no Brasil?
A discriminação no sistema público de saúde é mais sentida por negros do que brancos, segundo números da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) revelada em maio, e isso mostra que ela tem caráter racial. De toda a população branca atendida, 9,5% saem da unidade hospitalar com o sentimento de discriminação. O percentual é maior entre pretos (11,9%) e pardos (11,4%), ambas nomenclaturas adotadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cuja soma representa a população negra. Menos pretos e pardos saem com avaliação "boa" ou "muito boa" do atendimento, 70,6% e 69,4%, em relação aos brancos, 73,5% deles satisfeitos. E esses são só os dados menos "objetivos",negros têm desvantagem em todos os quesitos pesquisados pela PNS: consultam menos médicos e dentistas, têm menos acesso a remédios receitados no atendimento, tiveram mais dengue, têm mais problemas de saúde que impedem alimentação, têm menos planos de saúde (exceto quando o empregador paga a conta, outro sinal de desigualdade), usam menos escova, pasta e fio dental.

Há algumas explicações para a desigualdade racial na saúde. A primeira é o próprio preconceito: a discriminação aos negros, apesar da miscinegação brasileira, não acabou.

 A desigualdade econômicapesa, visto que a população negra tem menos poder financeiro para pagar um plano de saúde privado do que a branca. Há também o fato de a informalidade no emprego ser maior entre pretos e pardos – mulheres negras que trabalham como domésticas sem carteira assinada não têm direito a plano de saúde, por exemplo. E há a questão geográfica. "A rede do SUS [Sistema Único de Saúde] está mais presente em regiões de classe média, e a população negra por fatores históricos está concentrada em regiões periféricas", afirma Irineu Barreto, analista do Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo (Seade) que se dedica à pesquisa da desigualdade racial. "E mesmo nas regiões mais pobres a população negra tem mais dificuldade do que a branca. A pobreza é mais cruel para os negros".

É difícil concluir a partir de dados se o racismo na saúde tem diminuído ou aumentado no Brasil porque faltam pesquisas. A PNS de 2015 com detalhamento por raça e cor é a primeira a fazê-lo. Mas há um indício disso nos números sobre mortalidade materna do SUS. Em 2004, 62.659 mulheres morreram em decorrência do parto, das quais 47% eram brancas e 43%, negras, a soma de pretas e pardas. Dez anos depois, em 2014, 63.408 mortes foram registradas. Delas, 42% eram brancas, e 53%, negras. Em um período de dez anos, portanto, não só aumentou o número de mulheres que continuam a morrer de complicações de uma gravidez, a condição da parcela negra piorou enquanto a da branca melhorou. Há a ressalva de que, em 2004, o preenchimento dos dados ainda era precário. Havia médicos que assinalavam "branca" em vez de "preta" ou "parda" ao descrever a paciente na ficha. Naquele ano, as investigações sobre as mortes das mães também eram muito menores. Independentemente de melhorar ou piorar, o fato é que o quadro é grave.

"A redução das desigualdades sociais, considerando como causas determinantes e condicionantes de saúde: modos de vida, trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais, entre outros, podem estar associados ao racismo e a discriminação social"(BRASIL, 2009)

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, ao reconhecer o racismo, as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional como determinantes sociais das condições de saúde da população, elencou os seguintes objetivos específicos:

• Aprimorar os sistemas de informação em saúde pela inclusão do quesito cor em todos os instrumentos de coleta de dados adotados pelo Sistema Único de Saúde (SUS);

• Desenvolver ações para reduzir indicadores de morbimortalidade materna e infantil, doença falciforme, hipertensão arterial, diabetes mellitus, HIV/AIDS, tuberculose, hanseníase, cânceres de colo uterino e de mama, miomas, transtornos mentais na população negra;

• Garantir e ampliar o acesso da população negra do campo e da floresta e, em particular, das populações quilombolas, às ações e aos serviços de saúde; e

• Garantir o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra.

Claudia Vitalino.

fonte:epoca.globo.com\www.opas.org.br

domingo, 16 de outubro de 2016

Haiti.. Caetano Veloso e Gilberto Gil





O território que atualmente corresponde ao Haiti era ocupado por índios arauaques, quando, em 1492, Cristóvão Colombo chegou à ilha. Os espanhóis batizaram o lugar de Hispaniola, ocupando, primeiramente, a porção oriental do território. Escravizaram os índios que ali vivam, e até o final do século XVI, a população nativa foi reduzida em quase toda sua totalidade.

Em 1697, através da assinatura do Tratado de Ryswick envolvendo Espanha e França, a parte ocidental da ilha, onde atualmente fica o Haiti, foi cedida à França, recebendo o nome de Saint Domingue, sendo a mais importante possessão francesa nas Américas, onde ocorreu o cultivo de açúcar com a utilização de mão de obra escrava africana. Porém, os escravos africanos, influenciados pela Revolução Francesa, rebelaram-se em 1791, liderados pelo ex-escravo Toussaint L’Ouverture.

A abolição da escravidão ocorreu no ano de 1794, Toussaint foi nomeado governador vitalício em 1801. No entanto, uma expedição francesa encarregada de reconquistar a ilha prendeu Toussaint, que fora enviado para França, onde morreu em 1803.
Jean-Jacques Dessalines, antigo escravo, deu continuidade ao movimento de resistência, o resultado foi positivo, pois o país obteve sua independência no dia 1° de janeiro de 1804 e passou a se chamar Haiti, sendo a primeira República Negra das Américas e o primeiro país latino-americano a se declarar independente.

A elite, composta por mestiços, ficou insatisfeita com a nova política instalada no país, e, em 1806, tomou o poder após o assassinato de Dessalines. O Haiti teve sua administração fragmentada, o norte ficou sob domínio de Henri Christophe, o sul foi governado por Alexandre Pétion. Somente em 1820, sob o governo de Jean-Pierre Boyer, o país foi unificado.

Um dos períodos mais conturbados da história do Haiti teve início em 1957. Naquele ano, o médico François “Papa Doc” Duvalier foi eleito presidente da nação, instalando um regime ditatorial baseado na repressão militar que perseguiu muitos opositores – inclusive a Igreja Católica –, sua guarda pessoal, os tontons macoutes (bichos papões) eram os responsáveis pelos massacres.

O Papa Doc foi assassinado em 1971, no entanto, seu filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, assumiu a presidência do Haiti, dando continuidade às perseguições. Os protestos populares contra o regime ditatorial se intensificaram, e Baby Doc fugiu para a França em 1986, deixando no poder uma junta chefiada pelo general Henri Namphy.

Sob nova Constituição, realizaram eleições presidenciais livres em 1990, a maioria dos eleitores (67%) optou pelo padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide. Porém, no mesmo ano, Aristides foi deposto por um novo golpe militar e a ditadura foi novamente imposta no país. A Organização das Nações Unidas (ONU) impôs sanções econômicas ao Haiti para forçar a volta de Aristides. Somente em 1994, Aristide retornou ao cargo de presidente do Haiti.

Entretanto, os problemas no Haiti persistiram, fazendo com que Aristides fugisse para a África em fevereiro de 2004 e, atualmente, o país sofre intervenção internacional pela ONU.

Além de todos esses entraves políticos, a população haitiana enfrenta vários problemas de ordem socioeconômica. O Haiti é o país economicamente mais pobre das Américas, cerca de 60% da população é subnutrida e mais da metade vive com menos de 1 dólar por dia.
Em janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o país, provocando uma série de feridos, desabrigados e mortes. Estima-se que mais de 120 mil pessoas morreram em consequência desse terremoto.

Seis anos após o terremoto, chefe da ONU pede ao mundo que ‘continue ao lado do Haiti’
Na véspera do aniversário de seis anos do terremoto que devastou o Haiti, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon prestou homenagem as mais de 200 mil vítimas que faleceram durante a tragédia, incluindo 102 integrantes da ONU, e pediu nesta segunda-feira (11) que a comunidade internacional continue “ao lado do Haiti” em seu caminho rumo à reconstrução

“Unidos e em solidariedade com todos os haitianos que perderam entes queridos nesta catástrofe, honramos a memória de nossos colegas”, disse Ban, em uma declaração publicada por seu porta-voz.

O chefe da ONU reconheceu que o caminho para a recuperação e o desenvolvimento a longo prazo não é fácil e lembrou dos múltiplos desafios que os haitianos ainda vivenciam, como o deslocamento, a insegurança alimentar e a falta de acesso à água e saneamento. Para isso, pediu a comunidade internacional para continuar a apoiar esses esforços no país.


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.actionaid.org.br

Racismo é burrice






Racismo É Burrice 

Gabriel O Pensador

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos
Do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar
Porque o sangue é mais forte que a água do mar"

Racismo, preconceito e discriminação em geral
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá
Para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente, infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente
Esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão
Na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral

Racismo é burrice

Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O que que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil
Porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raíz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse: racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final
Faça uma lavagem cerebral

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...