UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 27 de agosto de 2016

28 de Agosto - Um discurso com um final perfeito...

A Marcha em Washington pelo Empregos e Liberdade aconteceu em Agosto de 1963 e foi o local do célebre discurso "Eu Tenho um Sonho" feito pelo Reverendo Dr. Martin
Luther King, Jr., presidente da Conferência de Liderança Cristã do Sul. A. Philip Randolph, um líder trabalhista e fundador da Irmandade Sleeping Car Porters, propôs uma grande passeata para a capital como uma forma de incintar o Congresso e a administração do Presidente John F. Kennedy a agir em defesa dos direitos civis. Outros envolvidos no planejamento incluia o próprio Rei, a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor o Presidente Roy Wilkins, e John Lewis, presidente da Comissão Coordenadora Estudantil pela Não-Violência. A passeata foi totalmente tranquila, e reunium um número estimado em 200 mil - 300 mil pessoas. Foi amplamente creditada com ajuda a passar a legislação revolucionária dos direitos civis em 1964 e 1965. Aqui é mostrada o dia da passeata com o Rei e Mathew Ahmann, o Diretor-Executivo da Conferência Nacional Católica para Justiça Interracial.

A história nos lembra do discurso, da multidão e do protesto pacífico. Mas nos bastidores, a famosa manifestação liderada pelo reverendo Martin Luther King Jr. em Washington, em 1963, provocou suspeitas, ansiedade e receio na Casa Branca de que o dia terminasse em violência.
Em todo o país, uma onda de protestos havia se espalhado após semanas de disputas raciais em Birmingham, no Estado do Alabama, onde cães policiais feriram manifestantes e potentes jatos de água foram usados em crianças.

Entre maio e o fim de agosto de 1963, houve 1.340 manifestações em mais de 200 cidades. Algumas aconteceram em comunidades por muito tempo divididas por questões raciais. Outras nunca haviam tido episódios de violência.

A aleatoriedade dos tumultos fez com que fossem ainda mais assustadores para as autoridades.

Com 200 mil manifestantes prestes a se reunir na capital dos Estados Unidos, o governo tinha medo de que Washington testemunhasse o mesmo caos e desordem.

Para o reverendo Martin Luther King Jr., o líder não-declarado do movimento pelos direitos civis, os acontecimentos do início do verão americano haviam transformado a luta pela igualdade racial do que ele chamava de "protesto negro" em uma "revolução negra". Os Estados Unidos, segundo ele, tinham chegado a um "ponto de explosão".

Mas as vozes da ansiedade também se fizeram ouvir dentro da administração Kennedy.

"Assuntos que não se resolvam com justiça e equilíbrio, cedo ou tarde serão resolvidos pela força e pela violência", alertou o vice-presidente Lyndon Baines Johnson. O único conselheiro negro do presidente, Louis Martin, também alertou para uma possível confusão iminente.
"O ritmo acelerado da inquietação dos negros", disse ele a Kennedy, em particular, "pode provocar o estado mais crítico das relações raciais desde a Guerra Civil". Durante uma reunião tensa na Casa Branca em maio, o procurador-geral Robert Kennedy também alertou seu irmão mais velho do risco de que a situação saísse do controle.

"Os negros agora estão hostis e furiosos e eles ficarão furiosos com tudo. Não dá para conversar com eles", disse.
"Meus amigos dizem que (até) as empregadas domésticas e funcionários negros estão hostis."

Durante boa parte de seu governo, John F. Kennedy enxergou os direitos civis mais como um assunto político a ser administrado do que como uma questão
moral a defender.

Pender para a última alternativa era arriscar a fragmentação do partido Democrata, que na época era um amálgama conturbado de liberais do norte, segregacionistas do sul e pragmáticos, como o presidente, que tentavam manejar as diferenças.

Kennedy, famoso por sua postura de distanciamento, tampouco tinha um compromisso emocional forte com a luta pela liberdade. Durante a maior parte do tempo, ele havia sido um observador da grande revolução social de sua época.

No verão de 1963, no entanto, ele percebeu que seu governo poderia vir a ser definido por sua resposta à crise racial. A inação não era mais uma opção. Como ele mesmo comentou durante um discurso televisivo em junho, as "chamas da frustração e da discórdia estão queimando em todas as cidades, ao norte e ao sul".

Controle- Para tirar os manifestantes das ruas, Kennedy havia finalmente apresentado um esperado projeto de lei que começaria a desfazer a segregação ─ sistema deapartheid racial que prevalecia na maior parte do sul dos Estados Unidos. Mas mesmo depois do pronunciamento à nação, e dado o aval da Casa Branca para a luta dos negros, os protestos e a violência continuaram. A possibilidade de uma enorme manifestação em Washington, portanto, provocava medo.

- Quando o governo descobriu, em meados de junho, sobre os planos para a manifestação em Washington, sua primeira resposta foi pressionar líderes negros pedindo o cancelamento.

Em uma reunião na Casa Branca, Kennedy disse a Luther King e a outros líderes dos movimentos de direitos civis que não queria "um grande show no Capitólio" porque isso complicaria os esforços para transformar o projeto de direitos civis em lei. Quando as tentativas de persuasão falharam, o governo decidiu brigar pelo controle da manifestação.

Nesse momento, o presidente foi surpreendentemente determinado. "É provável que eles venham aqui e defequem no Monumento (de Washington) inteiro", disse Kennedy a assessores. "Tenho um projeto de lei sobre direitos civis para passar e vamos fazê-lo."

Para impedir que a manifestação se transformasse em um enorme tumulto, Kennedy ordenou uma mobilização do aparato de segurança do governo federal sem precedentes fora de períodos de guerra.

Para começar, o FBI (a polícia federal americana) aumentou sua já vasta operação de vigilância ao movimento dos direitos civis, que incluía escutas dos telefonemas de Luther King. O órgão instruiu cada um de seus agentes no país a fornecer informações de inteligência sobre a quantidade de ativistas negros que planejavam ir até Washington e se eles tinham alguma ligação com organizações comunistas.

Outro receio era o de que ativistas negros, que haviam rejeitado as táticas não-violentas de grupos de direitos civis mais moderados, tomassem conta da manifestação. Cerca de 150 agentes do FBI foram destacados para se misturarem à multidão, trabalhando em conjunto com agentes do serviço secreto.

Outros ficavam em pontos de observação dos telhados do Lincoln Memorial, da Union station (principal estação ferroviária) e do Departamento do Comércio, com vista para o Passeio Nacional - espaço a céu aberto que fica entre o Capitólio e o Monumento de Washington. Na sede do FBI, que o então diretor J. Edgar Hoover temia ser atacada por manifestantes, a segurança também aumentou. Funcionários foram instruídos a sentar longe das janelas.

Semanas antes da manifestação, a perspectiva de violência também preocupou o departamento de polícia de Washington, que ficou em seu mais alto estado de alerta. O órgão preparou 72 possíveis cenários de desastre e uma resposta para cada um deles.

O fato de que três lados do Lincoln Memorial eram próximos da água facilitava a situação para a polícia. Mas cada esquina de Washington também foi protegida. Na colina do Capitólio, uma fila de policiais, distantes 1,5 metro uns dos outros, rodeava o Congresso.
Um policial ou um membro da guarda nacional estaria posicionado em cada canto do centro

financeiro para garantir a segurança em caso de saques. Para reforçar a presença da polícia, centenas de oficiais extras foram trazidos de forças de áreas vizinhas, e foram especialmente treinados para lidar com os protestos.

Apesar da grande mobilização, cães de guarda permaneceram em seus canis. Várias imagens dos protestos de Birmingham em maio, nas quais fotógrafos de jovens manifestantes foram mostrados sendo atacados por cães agressivos, chocaram tanto os americanos brancos, que a presença dos animais poderia facilmente incitar uma má reação da multidão.

Por causa das muitas prisões esperadas para o dia, um time de juízes locais foi mantido nas salas das cortes da cidade. Na prisão do distrito de Columbia, 350 detentos foram evacuados para criar espaço para os possíveis manifestantes presos. Cirurgias que estavam agendadas na região metropolitana de Washington foram canceladas para que 350 leitos pudessem ficassem disponíveis para emergências durante os manifestos. O hospital geral da capital chegou ao ponto de decretar um "plano nacional de desastres".

Aparato militar- A vida em Washington foi completamente interrompida com a possibilidade de protestos. Repartições públicas fecharam e funcionários federais foram recomendados a ficar em casa. Também foi decretada uma "lei seca", não permitindo a venda de bebidas alcoólicas pela primeira vez desde do chamada "Prohibition" (Proibição) - decreto do governo americano que proibiu a venda de álcool entre os anos de 1919 a 1933, em um movimento para garantir a "saúde pública e moral" da população.

O papel de Mahalia Jackson- Foi com o incentivo Mahalia ao dizer: "Fale a eles sobre o sonho, Martin", que fez Martin Luther King improvisar seu discurso histórico.
Como cantora gospel nascida em família pobre em New Orleans, ela chegou a ganhar um prêmio Grammy.
Mahalia passou a se envolver fortemente no movimento de direitos civis e cantou no funeral de King.
O receio de uma marcha possivelmente violenta também preocupava seus próprios organizadores. O movimento era liderado pelo carismático Bayard Rustin, que decidiu atuar bem de perto da organização para garantir que ele fosse um movimento pacífico.

Os organizadores concordaram em antecipar o horário de início da marcha para que os manifestantes não ficassem nas ruas depois de escurecer. Ainda mais difícil foi a decisão de mudar o local da concentração da marcha. O plano original para o protesto em massa nas escadarias do Congresso americano foi engavetado. Em vez disso, eles escolheram o Lincoln Memorial , uma área mais fácil de organizar as pessoas com menos tensão política.

Mesmo depois de quatro semanas de planejamento meticuloso, os oficiais da administração de Washington não puderam descartar o risco de violência. Assim, no dia da marcha, no distrito de Columbia, o presidente ordenou que fosse estabelecido um centro de operações militares - o maior da história dos EUA em tempos de paz. Logo no início da manhã do dia 28 de agosto, cinco bases militares montadas em áreas afastadas do centro da cidade já estavam com grande atividade, com veículos pesados de guerra e 4.000 soldados organizados na operação batizada de "Inside", pronta para atuar.

Para os fortes de Myer, Belvoir, Meade, além da base marinha de Quantico e da estação naval de Anascotia, foram trazidos 30 helicópteros com rápida capacidade de decolagem. No forte Bragg, na Carolina do Norte, 15 mil homens da força especial denominada STRICOM foram posicionados em sobreaviso, prontos para serem levadas à área dos confrontos pelo ar.

Se a violência se disseminasse, a rapidez com que as tropas chegassem a Washington seria essencial. Todas as proclamações presidenciais, ordens executivas e cartas de instrução militar foram preparadas antecipadamente. Se os protestos começassem, a Casa Branca emitiria uma proclamação presidencial exigindo que os manifestantes se dispersassem imediatamente.

Se a violência persistisse, o presidente assinaria uma ordem executiva autorizando o Pentágono (o departamento de segurança nacional dos EUA) a tomar "todas as medidas necessárias" para dispersar a multidão. Um memorando confidencial, demonstrava bem isso: "(A) intenção de utilizar a mínima força não deve prejudicar o fim da missão".

Em resposta ao possível deterioramento da situação, tropas utilizariam primeiramente rifles não carregados como forma de intimidação, com baionetas acopladas (parte cortante fixada às armas).

Se isso falhasse, gás lacrimogênio poderia ser utilizados, assim como rifles carregados com munição. A missão ganhou o nome de Operação Washington. Tão pesado era o arsenal militar, que um repórter observou à época que "a cidade foi transformada da capital da nação em tempo de paz para uma nação em guerra".

Dia 28 de agosto- Em toda a manhã do dia 28 de agosto, enquanto manifestos ganhavam forma do lado de fora de sua janela, o Presidente Kennedy permanecia seguro dentro da Casa Branca liderando uma reunião com estrategistas em política internacional para discutir a guerra do Vietnã. Antecipadamente à marcha, ele tinha resistido às exigências de Martin Luther King e demais líderes das chamadas "Big Six" (grandes seis) organizações de direito civil de recebê-los em audiência naquela manhã, já que ele não gostaria de ser identificado como um líder muito próximo das manifestações que poderiam se tornar violentas.

Seus conselheiros também estavam preocupados com a possibilidade de que os líderes negros chegassem à Casa Branca com uma lista de requisições nada razoáveis, impossíveis para o presidente realizar. Se eles deixassem o salão oval da casa presidencial sem um acordo, toda a demonstração nas ruas poderia mudar drasticamente. Para desapontamento

dos organizadores da marcha, Kennedy decidiu ser contra a iniciativa de enviar aos manifestantes uma mensagem presidencial, temendo que isso poderia provocar manifestações contra ele no "Mall" - área pública que circunda a Casa Branca. Em vez disso, ele concordou em receber uma delegação de líderes negros na Casa Branca somente depois que a marcha terminasse, com a esperança de que isso abrandasse a retórica contra ele.

Como precaução extra contra pronunciamentos inflamados - e também para prevenir os subversivos de tomar o controle do sistema de anúncio presidencial - um oficial da administração foi posicionado do lado direito do Lincoln Memorial com um interruptor para desligar o equipamento de som e também com uma vitrola de tocar discos. Se os manifestantes conseguissem tomar o palanque do microfone, o som seria cortado e a música "Ele tem o mundo todo em suas mãos", cantada por Mahalia Jackson, seria tocada no lugar.

O discurso histórico - Às 13h40, a asa oeste da Casa Branca acomodava uma pequena televisão no salão oval por meio da qual Kennedy começou a assistir King pouco antes de ele começar a falar. De pé e posicionado bem no meio da escadaria do mais magnificente púlpito que a América poderia oferecer, o orador pairou o olhar sobre o imenso "mar" de 200 mil manifestantes que se aglomeravam nos dois lados do espalho d'água até além dos limites do Mall, chegando ao Monumento Washington.

Milhares também formavam uma multidão nas áreas laterais do gramado, enquanto outros se mantinham na água da piscina com água até os joelhos para amenizar o calor. Outros ainda cantarolavam amontoados nas árvores expostas à brisa de fim de tarde. Eles não estavam apenas cantando, mas rezando, se abraçando, dando risadas e aplaudindo.

Com a imponente estátua de Abraham Lincoln pairando sobre ele, King então começou a falar para os manifestantes que sua presença à sombra simbólica do "grande emancipador" oferecia uma prova maravilhosa de que uma nova ordem estava se espalhando pelo país. Por muito tempo, ele reclamou do fato de os americanos negros serem exilados na sua própria terra, "paralisados pelas amarras da segregação e das correntes da discriminação".

Seria fatal para a nação "não vislumbrar a urgência do momento e subestimar a determinação do negro".      Sofrendo com o calor sufocante, a primeira reação dos manifestantes foi o silêncio. O discurso não estava indo bem.

Fale para eles sobre o sonho, Martin Mahalia Jackson, cantora que incitou King a iniciar histórico discurso
"Fale para eles sobre o sonho, Martin", gritou Mahalia Jackson, se referindo ao já conhecido artifício de discurso utilizado por King muitas vezes. A mensagem não havia entrado no discurso planejado por ele, porque seus assessores insistiram em material novo. Mas King decidiu deixar de lado suas anotações e adentrou espontaneamente no refrão pelo qual ele será lembrado para sempre na história.

"Eu tenho um sonho de que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado de sua crença", gritou King com seu braço direito levantado para o céu. Rapidamente, ele já estava ganhando seu ritmo vigoroso pela coro emocionado da multidão. "Sonhe!", gritavam eles. "Sonhe!"

Com sua voz alcançando toda a extensão do Mall, King imaginou um futuro em que crianças poderiam "viver numa nação onde eles não seriam julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu carácter". Foi assim que ele alcançou seu caloroso final.

King ainda pediu à multidão para sinalizar se estavam ouvindo bem. - Assistindo na Casa Branca, o presidente Kennedy estava imóvel. Como muitos americanos, esta foi a primeira vez que ele ouvira o discurso de um orador de 34 anos em sua totalidade - pela primeira vez ele avaliou seu método e ouviu sua cadência. "Ele é bom", disse Kennedy para um de seus assessores. "Ele é muito bom". Entretanto, o presidente parecia ter se impressionado mais pela qualidade da performance de King do que no poder de sua mensagem.
Mas a mensagem era vital. King fez um poderoso discurso pela mudança racial de forma não-violenta. E fez isso com tanta eloquência e poder que a mensagem reverberou não apenas no Mall de Washington, mas também na sala de estar dos americanos. Dias terríveis e violentos se seguiram. Ainda assim, mesmo com toda a preocupação com a segurança antes do manifesto, 28 de agosto de 1963 foi um dia incrivelmente belo.

Sem confrontos, a marcha provou-se um alívio para a polícia. Até o cair da tarde, houve apenas três prisões, todas envolvendo brancos. No evento, a única ameaça para a polícia não veio de um manifestante desordeiro, mas do frango distribuído mais cedo naquela manhã,

que não havia sido refrigerado adequadamente. Pouco depois das 16h, o chefe da polícia emitiu sua mais importante ordem do dia: nenhum dos oficiais deveria, sob qualquer hipótese, tocar no frango que fora preparado para o jantar.
Aos pés do Lincoln Memorial, Martin Luther King e seus colegas foram colocados em uma caravana de limousines oficiais que bem devagar cruzaram por entre a multidão no trajeto até a a Casa Branca.
Kennedy então recebeu os líderes negros com cumprimentos e repetiu o sonoro refrão que elevou o movimento de direitos civis a um novo plano espiritual: "Eu tenho um sonho".
Rebele-Se Contra o Racismo!

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:www.bbc.com/portuguese/noticias/

domingo, 21 de agosto de 2016

O legado Rio-2016 Olimpíadas Mérito da População Negra :Atletas Negr@s se destacam pela persistência

Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, em 1896, o
evento tem construído uma rica história, com conquistas esportivas inspiradoras. Nas Olimpíadas, tudo está no limite, fazendo cada triunfo ainda maior e de tirar o fôlego. Por isso, o Portal EBCdestaca alguns desses momentos.

Podemos dizer que tudo começou com Jesse Owens quando ele “desafiou” Hitler...
Aos 23 anos, o velocista Jesse Owens foi protagonista nas Olimpíadas de Berlim. A teoria nazista de superioridade da raça ariana foi derrubada pelo velocista negro e filho de escravos. Em seu país, os Estados Unidos, o atleta ainda era obrigado a andar na traseira do ônibus, por conta da política de segregação racial que privilegiava brancos. Além dessa conquista, Owens levou para casa o ouro nos 200m (20 segundos 7) e no salto em distância (8,13m) - ambos com recordes olímpicos -, e no 4x100m (39 segundos 8), ajudando o time norte-americano a bater o recorde mundial.
Melbourne, 1956: Brasileiro Adhemar Ferreira da Silva se torna bicampeão olímpico de salto triplo

- O brasileiro Adhemar Ferreira da Silva conquistou reconhecimento internacional ao ganhar duas vezes seguidas a medalha de ouro olímpica no salto triplo nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, e Melbourne, em 1956. Além das performances de sucesso nas provas, o brasileiro deixou sua marca no esporte por ter inventado a 'volta olímpica' para ser aplaudido de perto pelo público.

- Em Helsinque, em suas seis tentativas, o atleta bateu sucessivamente o recorde olímpico e mundial da prova por quatro vezes: 16,05m; 16,09m; 16,12m e, por fim, 16,22m, performance que o levou ao topo do atletismo internacional.

- Em Melbourne, consagrou-se campeão, tornando-se até então o único bicampeão brasileiro olímpico, com a marca de 16,35 metros. Ele só seria igualado 48 anos depois pelos iatistas Robert Scheidt, Torben Grael, Marcelo Ferreira e pelos jogadores de voleibol Giovanni e Maurício, todos bicampeões olímpicos em Atenas 2004. Sua vitoriosa carreira

no salto triplo, em especial depois de sua vitória em Melbourne, Austrália, conferiu-lhe o epíteto de “Canguru Brasileiro”.
Roma, 1960: Etíope Abebe Bikila entra para a história ao vencer maratona com pés descalços

Creative Commons - CC BY 3.0 - Abebe Bikila
Durante a 17ª edição das Olimpíadas em Roma, o etíope Abebe Bikila conquistou a medalha de ouro na maratona e se tornou o primeiro competidor da África subsaariana a ganhar uma medalha olímpica. Seu feito destaca-se ainda mais por ter sido o primeiro atleta a vencer uma maratona com os pés descalços. Após a conquista, foi recebido na Etiópia sob chuva de pétalas de rosa e confetes. O imperador também o condecorou com a
Ordem da Estrela da Etiópia.
México, 1968: Após cair, maratonista da Tanzânia corre maior parte do percurso com sangramento

Creative Commons - CC BY 3.0 - John Stephen Akhwari
Nas Olimpíadas de 1968, John Stephen Akhwari, da Tanzânia, chegou em último lugar na maratona. Ele correu a maior parte do percurso de 42 quilômetros pelas ruas da Cidade do México com uma perna enfaixada e sangrando, além das dores por conta de uma queda logo no início da corrida. Ele chegou mais de uma hora após o primeiro colocado e cerca de 20 minutos mais devagar que qualquer outro competidor. Mais tarde, perguntado sobre por que não tinha desistido da corrida, Akhwari pareceu perplexo e respondeu simplesmente: “Acho que vocês não entenderam. Meu país não me enviou à Olimpíada para começar a corrida. Eu fui enviado para completar a prova”.
Montreal, 1976: Nadia Comaneci foi a primeira ginasta da história a obter a nota perfeita nas Olimpíadas

Barcelona, 1992: Dream Team americano de Basquete vai para Olimpíadas
Creative Commons - CC BY 3.0 - Michael Jordan
A equipe masculina de basquete dos Estados Unidos selecionada para ir às Olimpíadas de 1992 foi apelidada de “Dream Team” (“Time dos Sonhos”). Isso porque a equipe era formada por grandes nomes da modalidade, como Michael Jordan, Charles Barkley e Patrick Ewing, para citarmos alguns. Foi a primeira vez que um time ativo na NBA foi recrutado para os Jogos Olímpicos. O “Time dos Sonhos” fechou os Jogos Olímpicos de Barcelona invicto, com média de 45 pontos de vantagem.
Com 9 ouros, velocista jamaicano Usain Bolt torna-se um raio certeiro nas pistas

- Primeiro homem a ser tricampeão olímpico nos 100m, 200m e 4x100m, em Pequim-2008, Londres-2012 e nos Jogos do Rio, ele se autodenomina 'uma lenda' no esporte Se alguém acha que um raio não cai no mesmo lugar, este alguém não conhece o jamaicano Usain St.
Leo Bolt. Depois de assombrar o mundo nos Jogos de Pequim, em 2008, vencendo os 100m, os 200m e o 4x100m, o velocista jamaicano repetiu a dose quatro anos depois. Em Londres, Bolt se tornou o primeiro homem na História a ser bicampeão olímpico nas duas provas mais velozes do atletismo e, segundo suas palavras, tornou-se uma lenda. Na Olimpíada do Rio, Bolt fez história mais uma vez, ao se tornar tricampeão olímpico nos 100m rasos, com o tempo de 9s81.

Usain Bolt também voltou a vencer nas outras duas provas nos Jogos de 2016. Nos 200m rasos, sua distância preferida já que costuma largar mal nos 100m, o velocista jamaicano foi o mais rápido do planeta, mesmo com a pista molhada, com o tempo de 19s78. Já no revezamento 4x100m, fechou de forma espetacular a prova, levando o time da Jamaica a registrar a marca de 37s27. Com os resultados históricos alcançados no Estádio Olímpico João Havelange (Nílton Santos), o Engenhão, o atleta acumula incríveis nove medalhas de ouro.
Em 2012, o show londrino do homem mais rápido do mundo teve início nos 100m rasos. Depois de passear pelas eliminatórias, ele venceu uma final recheada de rivais de peso, como o compatriota Asafa Powell e os americanos Justin Gatlin e Tyson Gay, com o tempo
de 9s63, quebrando o recorde olímpico. O também jamaicano Yohan Blake ficou com a prata, e o americano Gatlin completou o pódio.

— Muitas pessoas duvidaram de mim. Muita gente estava dizendo que eu não ia ganhar, que eu não parecia bem, mas mostrei que sou o número 1, que ainda sou o melhor. Dei mais um passo para me tornar uma lenda. Ainda faltam os 200m — disse Bolt, conforme publicado na edição de 22 de julho de 2016 da revista "A história dos Jogos Olímpicos", do GLOBO.
Quatro dias depois, Bolt voltou a voar baixo no Estádio Olímpico de Londres, desta vez nos 200m. O jamaicano correu a prova em 19s32, passando a impressão de que não quebrou o recorde olímpico (19s30) apenas porque reduziu o ritmo na reta final. Tirando onda, ele cruzou a linha com o dedo sobre a boca, como se pedisse silêncio, e ainda fez flexões na pista após a vitória:

— Só sei que agora eu sou uma lenda.
Poucos dias depois, ele acrescentou uma sexta medalha olímpica de ouro à sua coleção ao fazer parte do time jamaicano que venceu o 4x100m com o tempo de 36s84, novo recorde mundial.
— Fui lá e mostrei ao mundo que eu poderia fazer de novo. Este era o meu foco e consegui. Foi uma longa temporada, mas conquistei o que queria em Londres. Estou muito orgulhoso de mim mesmo — decretou o velocista jamaicano em 2012.

Sem tanto marketing, mas com um talento inigualável, outra lenda fez história em Londres: o nadador americano Michael Phelps, o atleta com maior número de medalhas de ouro na história até aqueles Jogos: 18.
Bolt se consolida como o maior velocista da história no adeus
O jamaicano fez o que se propôs e se converteu no primeiro homem na história a ser tricampeão dos 100 m, 200 m e revezamento 4x100 m.
"Nunca pensei que faria três vezes. Na primeira, fiquei feliz; na segunda, foi difícil; e a terceira é inacreditável. Botei a barra em uma altura que ninguém poderá me alcançar", afirmou.
Esta prova de superioridade foi a maneira de dizer adeus de forma triunfal. Aos 30 anos - completados neste domingo -, o astro já disse que não estará em Tóquio-2020. Sua despedida definitiva deverá ocorrer no Mundial de Londres, em 2017.

 Ele não é apenas um embaixador, tem um papel muito mais importante para ser desenvolvido e fazerem mais pessoas se engajarem com o esporte", disse Sebastian Coe, presidente da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (Iaaf).
Brasil tem ouro inédito e mais que dobra número de finais do último Mundial.

Mulher, negra e de origem na periferia, Rafaela Silva se reinventa
Depois da eliminação precoce nos Jogos de 2012 que quase a afastou do esporte, atleta tem campanha perfeita em casa e se torna a primeira judoca campeã olímpica e mundial no país
Esta não é apenas a história de uma medalha de ouro, a primeira do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. A narrativa escrita por Rafaela Silva no Parque Olímpico da Barra, nesta segunda-feira (08.07), tem trechos de determinação, de volta por cima, de segundas

chances. Ainda com o filme da campanha em Londres 2012 em mente, quando foi eliminada na segunda rodada e chegou a pensar em abandonar o judô, Rafaela subiu ao tatame da Arena Carioca 2 para exorcizar os fantasmas de quatro anos atrás e, mais uma vez, superar-se.
Em cinco vitórias estrategicamente perfeitas, a carioca se tornou a primeira campeã olímpica e mundial do judô brasileiro e a primeira medalhista de ouro do país nos Jogos disputados em casa. “O ginásio chegava a tremer. Eu via que minhas adversárias sentiam a pressão e eu não podia decepcionar todas essas pessoas que vieram torcer por mim aqui dentro da minha casa. Dedico essa medalha a todo o povo brasileiro que veio aqui torcer, a minha família e a meus amigos que viveram isso comigo diariamente”, emocionou-se.
Por que a 1ª medalha de ouro de uma nadadora negra é importante

Recordes são feitos para serem quebrados, diz um dos mais conhecidos clichês do esporte - e isso deverá ocorrer em algum momento com o tempo conquistado pela nadadora Simone Manuel na final dos 100 metros livre. Mas seu outro feito inédito não será superado.
Manuel tornou-se a primeira nadadora negra a ganhar uma medalha de ouro na história dos Jogos Olímpicos. E disse esperar que sua vitória leve a uma maior diversidade no esporte.

"Essa medalha não é só para mim, mas para todos os afro-americanos que vieram antes e serviram de inspiração", afirmou. "Espero inspirar outras pessoas. A medalha é para quem vier depois de mim no esporte."
Carcereiros, cortadores de cana e carregadores de mala dão a Fiji sua 1ª medalha olímpica na história
Como cientistas descobriram que tubarão de 400 anos é vertebrado mais velho do mundo
Entenda por que a vitória de Simone Manuel é tão significativa.
As piscinas foram um território proibido para negros americanos por gerações
As piscinas são há muito tempo um ponto especialmente sensível da questão racial nos Estados Unidos.

Afro-americanos não podiam entrar nelas quando a segregação ainda era praticada, e,
mesmo depois de ela ser abolida, brancos encontraram outras formas de mantê-los excluídos.
Mas, apesar de tudo isso, exceções podem surgir.
Por exemplo: a mãe de Cullen Jones, o primeiro negro a ser detentor de um recorde mundial de natação e medalhista de ouro nos Jogos de Pequim, levou o atleta para ter suas primeiras aulas após ele quase se afogar em um parque de diversões quando tinha 5 anos.
A ginasta americana 'massacrada' nas redes sociais mesmo após ouro

Aos 8, ele já competia. Em 2008, fez parte da equipe americana que venceu a final dos 4x100 metros livre.
Levou um longo tempo para chegarmos até o ponto atual
Ainda hoje, ver um negro vencer uma prova de natação é algo raro.
O holandês Enith Brigitha tornou-se o primeiro nadador negro a ganhar uma medalha olímpica ao chegar em terceiro nos 100 metros livre em Montreal, em 1976, perdendo para dois atletas que depois foram flagrados em exames antidoping, segundo o Hall Internacional da Fama da Natação.

O próximo feito viria só em 1988, nos Jogos de Seul, quando Anthony Nesty, do Suriname, tornou-se o primeiro homem descendente de africanos a ganhar o ouro na natação.
Anderson Silva ajudou Maicon Andrade a conquistar a medalha de bronze.Um brasileiro levou medalha na categoria acima de 80 kg no taekwondo. Algum desavisado pode perguntar se foi Anderson Silva o medalhado. Não, foi Maicon Andrade, 23 anos, quem levou o bronze na Arena Carioca 3, nos Jogos Olímpicos do Rio. Mas ele e seu técnico entendem que o ex-campeão do UFC de alguma maneira ajudou na conquista.
Anderson Silva, 41, uma das maiores estrelas de todos os tempos do MMA, teve sua base nas artes marciais no taekwondo, modalidade na qual não pratica mais há muitos anos (lutou dos sete aos 17). De 2013 até o ano passado passou a aventar a possibilidade de disputar os Jogos do Rio ao participar das seletivas brasileiras para uma vaga na categoria acima de 80 kg.

"O Brasil nunca ganhou o ouro no futebol porque eu nunca joguei". A frase é de Pelé, tricampeão do mundo pela Seleção...
Neymar e Marta, a Rainha, considerada por muitos como o "Pelé de saias". Dois craques, mas duas carreiras bem distintas. Neymar, de 24 anos, vive a realidade dos salários milionários das estrelas internacionais. Marta, agora trintona, tem cinco prêmios da Fifa de melhor do mundo e ainda sofre com a falta de reconhecimento do futebol feminino.
Marta, que foi eleita cinco vezes a melhor jogadora de futebol do mundo, recebe $400.000,00 por ano (R$ 1.300.000,00) de seus patrocinadores – Coca-Cola e Puma – que utilizam sua imagem para aumentar as vendas junto às mulheres. O clube em que Marta atua, o FC Rosengård da Suécia, não paga qualquer salário à atleta, dado que o futebol feminino atrai cerca de 1.000 pagantes por jogo naquele país. Mesmo assim, o salário de Marta é o segundo maior do mundo no futebol feminino, atrás apenas da atacante americana Alex Morgan ($450.000,00 por ano), que atua na principal liga de futebol feminino do mundo, a dos EUA.

Seleção celebra seus dias de 'empoderamento', mas segue cética
Marta no futebol feminino fez historia e A derrota nos pênaltis nesta terça-feira, que tirou a equipe da disputa pelo ouro, causou comoção no Maracanã. A goleira reserva Aline acredita que tamanho carinho ocorre porque o time representa o "espírito do tempo": as reivindicações das mulheres pelos mesmos direitos, oportunidades e salários que os "homens".
“Queríamos muito a medalha de ouro. Não só para benefício próprio, mas para o futuro da modalidade, para as próximas gerações aqui no Brasil
Marta representa um alicerce para que o futebol feminino do Brasil siga crescendo. Sua representatividade no exterior dá a visibilidade que a modalidade não alcançaria sem ela. Embaixadora da ONU - algo que CR7 tentou e não conseguiu -, leva ainda um exemplo de luta às mulheres e faz com que meninas sonhem ter sucesso em um esporte que até pouco era visto como "tabu" por ser classificado como masculinizado. A número 10 não sente o peso de sua camisa. É líder durante os jogos. Sabe que seu papel é servir de exemplo e assim o faz. Uma campeã com cinco títulos de melhor do mundo.

e "negro" Neymar desencantou:O atacante é a principal referência do futebol no país há pelo menos seis anos, desde que passou de jovem talentoso a um dos mais valiosos jogadores do planeta. Enquanto o país lamenta o fim do encanto, do futebol-arte, Neymar é uma resistência do encantamento, do drible, da molecagem. Ser protagonista da primeira medalha de ouro do futebol brasileiro o levaria a um patamar nacional diferente, principalmente com a final no mítico Maracanã. Ídolo de jovens que têm o hábito de copiar seus penteados ou visuais às vezes extravagantes, Neymar é hoje, dentro de campo, o principal símbolo do que se espera do futebol brasileiro.

  Aconteceu! O Brasil venceu a Alemanha na decisão do futebol nos Jogos Olímpicos Rio-2016 e garantiu o ouro inédito em casa. Neymar, que foi tão criticado( merecido que fique aqui o registro), fez um gol no tempo normal e marcou o último pênalti que garantiu a vitória.
Gente com base no número de gols feitos na seleção, como se o salário de um atleta dependesse somente da seleção – com o claro intuito de inferir “machismo” nos esportes. A comparação foi devidamente destruída pela página Caneta Desesquerdizadora, que colocou a realidade dos dados na mesma imagem.
De 2004 a 2014 a diferença salarial entre mulheres e homens diminuiu, com o rendimento feminino ultrapassando os 70% da renda masculina – e o tempo médio de estudo das mulheres aumentou com relação aos homens – 6,4 anos para elas e 5,3 para eles. Os destaques são da Pesquisa Mulheres e Trabalho: breve análise do período 2004-2014, divulgada nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e não e diferente o esporte ganhamos menos também que o homem negro...
Nossa gente como entramos neste debate!!!
Ah esta ia para a gente refletir...
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

Fonte: Superesportes\fotos net

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

“Convergências da Luta de Combate ao Racismo no Brasil”

Documento define pontos que unificam combate ao racismo no Brasil - 
Apesar dos avanços conquistados no Brasil no últimos anos, com a adoção de políticas de
promoção da igualdade racial e de ações afirmativas que possibilitaram, entre outras mudanças, a inclusão de afrodescendentes nas universidades, é inegável que a população negra ainda sofre racismo e frequentemente se vê em situação de discriminação. São os negros as maiores vítimas da violência e os que sofrem mais com a pobreza. Eles também têm pouca representatividade nas esferas políticas e tem renda média muito menor que a dos brancos. Diante desta realidade, a luta contra o racismo no Brasil continua fundamental para a construção de justiça social no país.
Movidas por esta convicção, lideranças do movimento negro representando vinte e uma organizações nacionais reuniram-se em janeiro, durante o Fórum Social Mundial Temático, realizado em Porto Alegre, para debater pontos que unificam o movimento e o diálogo de combate ao racismo, para construção da unidade. Os pontos foram sistematizados na Declaração de Porto Alegre e envolvem temas como o impedimento da redução da maioridade penal, combate ao extermínio da juventude negra e à intolerância religiosa. Conheça a íntegra do texto:

Construir 'Convergências da luta de combate ao racismo no Brasil'

Reunidas no dia 21 de Janeiro de 2016, durante o Fórum Social Temático de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, lideranças do movimento negro representando vinte e uma organizações nacionais, regionais e estaduais de treze estados brasileiros declaram e tornam públicos os seguintes pontos que orientam o diálogo para a construção da unidade da luta de combate ao racismo, iniciado em reunião das organizações negras na cidade de Salvador (Bahia) em de novembro de 2015.

I - Reafirmar os desafios da conjuntura e para o futuro da luta negra no Brasil apresentados na Carta de Salvador de 29 de novembro de 2015.

O Mundo vive uma grave crise econômica, política, ambiental, humanitária e moral que traz

como consequência a destruição da natureza; a desvalorização do trabalho; a recolonização, que envolve racismo, genocídio contra a população negra, em especial, em relação à juventude negra, a xenofobia e a criminalização dos movimentos sociais. A crise financeira mundial ainda não superada é usada para justificar o pensamento conservador que a cada dia ganha mais espaço na agenda pública na Europa e nas Américas.

Nos EUA, a tônica para a próxima disputa eleitoral entre os Republicanos é a busca do candidato mais ultraconservador, entre os ultraconservadores. Ideários nazi-fascistas orientam as políticas imigratórias nos EUA, Canadá e Comunidade Européia. Medidas draconianas contra estrangeiros, refugiados e trabalhadores não nacionais se intensificam. Crescem os conflitos armados e genocidas contra povos e nações não brancas e não ocidentais em todo planeta.

O povo brasileiro não está imune a crise, tem amargado seus nefastos efeitos, ultimamente potencializado por medidas regressivas do ajuste fiscal e na pauta imposta pela maioria conservadora do Congresso Nacional, tais como a redução da maioridade penal, ampliação da terceirização, lei antiterrorismo e outros ataques aos direitos trabalhistas.

No campo da luta por igualdade racial o agravo da crise é maior, o ambiente está muito mais desfavorável, pois será principalmente sobre os ombros dos (as) trabalhadores (as) negros (as) que pesará o ônus da crise. Será a maioria dos (as) desempregados (as), que mais sofrerão os altos e baixos do contingenciamento de recursos nas áreas sociais, tais como saúde e educação.

Diante da conjuntura adversa para luta contra o racismo e pela eminência do conservadorismo avançar sobre a pauta da igualdade racial, precisamos apostar na unidade do movimento negro como ferramenta de resistência e luta contra a onda conservadora que busca revogar as mais minúsculas conquistas da população negra.

O movimento negro vem ao logo dos últimos anos buscando consensos. Foi assim, que derrubou o “mito da democracia racial”; construiu a unidade em torno do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro); realizou a Marcha dos 300 Anos da Imortalidade de Zumbi dos Palmares, quando transformou Zumbi em herói nacional; as movimentações dos 500 Anos de Resistência Indígena, Negra e Popular; das mobilizações pela aprovação e a constitucionalidade das cotas raciais e pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

Em que pese os avanços alcançados nos últimos anos, através de um conjunto de políticas públicas, legislações e estruturas governamentais voltadas para ascensão da população negra e para o combate ao racismo ainda persiste a perversa desigualdade racial no nosso país. Há
muito a ser feito para o alcance da justiça racial, apesar do caminho tortuoso e longo, enfrentando uma carga de quinhentos anos de construção do racismo e da desigualdade, que não nos faz recuar, muito pelo contrário, aumenta nossa determinação na luta.

As organizações do Movimento Negro estarão sempre presentes nas justas mobilizações do povo, na construção de um país sem opressores, sem oprimidos e com soberania. Temos que ocupar as ruas, defender a democracia e uma agenda de retomada do desenvolvimento, que assegure direitos, valorize o trabalho, combata o racismo, machismo, homofobia e outras manifestações correlatas de ódio e opressão.
II - Considerar como ponto de partida para a construção de uma plataforma e um plano de lutas comum e unitário, as bandeiras abaixo relacionadas que foram decididas coletivamente na reunião de Salvador:
Contra a redução da maioridade penal;
Combater o extermínio/genocídio juventude negra;
Aprofundar as políticas e ações afirmativas no país, com destaque nas mulheres negras;
Autonomia das mulheres negras e participação nos espaços de poder público e privado;
Lutar pela efetivação das leis 10.639/03 e 11.645/08;
Avançar na pauta quilombola, nenhum quilombo sem suas terras regularizadas e tituladas e com políticas públicas para melhoria da qualidade de vida;
Combater a intolerância e violência religiosa, garantir a laicidade do estado e proteger a liberdade de culto;
Criminalizar a homofobia;
Pela aprovação da PL 4471/12, que põe fim aos autos de resistência;
Democratização dos meios de comunicação;

A cultura afro-brasileira é parte fundamental da cultura geral no Brasil, neste sentido atuaremos pela ampliação da sua inclusão nas políticas públicas, bem como, em toda e qualquer discussão do movimento negro brasileiro, enquanto instrumento de transformação
social.

III - Criar a "Convergências da Luta de Combate ao Racismo no Brasil".

Considerações:
a) É um espaço de busca de consensos em torno de pautas e agendas comuns.
b) Visa a construção de programas, agendas e lutas para além da institucionalidade da promoção da igualdade racial.
c) Sua metodologia de construção de convergências de pautas e agendas deve partir de consensos decorrentes dos acúmulos de cada força política e organização nacional, regional e local do movimento negro brasileiro.
d) Deve incorporar e se relacionar com os novos movimentos existentes ou em criação na luta de combate ao racismo no Brasil.
e) A "Convergências da Luta de Combate ao Racismo no Brasil" deve estar inserida, além das lutas de combate ao racismo, no debate mais amplo sobre o Desenvolvimento e de um Projeto para o Brasil.
IV – Propostas iniciais para a construção da "Convergências da luta de combate o racismo no Brasil".

+ Incorporar em nossas pautas as políticas e programas de luta contra o racismo com os objetivos do Decênio Internacional para os Afrodescendentes (2015 – 2014): Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento.

+ Apontar para agendas e pautas que são estratégicas para a população negra brasileira como: uma nova política de segurança pública e sobre as drogas.

+ Prioridades apresentadas para a construção de um plano e uma agenda de lutas: mulheres negras, juventude negra, quilombolas, intolerância religiosa e os direitos LGBT.

+ Eixos de lutas a serem considerados no ano de 2016: o racismo nas Olimpíadas; as eleições municipais com o estímulo e o apoio das candidaturas negras.


Assinam essa declaração:
ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, APN's - Agentes Pastorais Negros, CEN - Coletivo de Entidades Negras, Círculo Palmarino, CONAJIRA - Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade
Racial, CONAQ - Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas, CONEN - Coordenação Nacional de Entidades Negras, ENEGRECER – Coletivo Nacional de Juventude Negra, FNMN - Fórum Nacional de Mulheres Negras, FONAJUNE – Fórum Nacional de Juventude Negra, MNU - Movimento Negro Unificado, QUILOMBAÇÃO, Rede Afro LGBT, Rede Amazônia Negra, UNEGRO - União de Negros pela Igualdade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Representação racial e política :Homens brancos Representam 80% na Câmara...

Homens brancos representam 80%  na Câmara
Entre os eleitos, 15,8% se declararam pardos e apenas 4,1%, pretos. Para especialista da UFRJ, baixa representatividade é reflexo da falta de candidaturas.
A ausência de negros e de seus legítimos representantes no cenário político é perceptível até para os estrangeiros. Angela Davis, filósofa, escritora e ativista negra estadunidense, apresentou a seguinte crítica no Festival Latinidades: Não posso falar com autoridade no Brasil, mas às vezes não é preciso ser especialista para perceber que alguma coisa está errada em um país cuja maioria é negra e a representação é majoritariamente branca. Essa observação foi feita no ano de 2014, mas continua sendo a nossa realidade no presente ano de 2016.

Quem comanda a política é o poder econômico; e, decerto, quem detém esse poder é a elite branca brasileira, que o vem exercendo na forma de legado familiar, perpetuando-se no poder por gerações. Esse aspecto reflete em uma representação legislativa extremamente elitista, formada por homens brancos, cis, que corroboram com retrocessos dos direitos das "minorias", como os das mulheres, dos negros, dos LGBTs e da população pobre. Desse modo, é de suma importância a participação e representação dos interesses da população negra nesse órgão do poder, uma vez que neste tramitam e aprovam-se projetos de leis que, por seus conteúdos, são determinantes para a permanência ou mudança das condições de vida de negras e negros brasileiros.

Muitas" mulheres negras em sua grande maioria" contrárias ao golpe, a Eduardo Cunha e à bancada conservadora cristã evangélica, se manifestaram nas redes sociais em repúdio à tentativa de representatividade das Deputadas. Ademais, em seu discurso antes de apresentar o voto SIM, tratou das políticas públicas e demais programas do governo como "migalha", evidenciando uma fala extremamente equivocada, alheia às lutas, especialmente do povo negro que elas diz representar, e favorável à ideia da meritocracia. Como sabemos, milhares de pessoas negras e pobres conseguiram adentrar espaços universitários através das cotas, uma conquista do movimento negro dentro do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Sendo assim, não há de se falar em migalha, pois se trata de direito reparatório e a Sras. Deputadas, enquanto negras, deveria defender tais projetos, lutar por menos exclusão e mais educação para o nosso população negra...

A bancada federal eleita conservadora é composta por 80% de homens brancos. Entre os eleitos, 15,8% se declararam pardos e apenas 4,1%, pretos. No caso das mulheres, elas representarão quase 10% da Câmara dos Deputados no início de 2015. No conjunto de deputados, as pardas serão 1,6% e as pretas, 0,6%. Nenhum índio foi eleito.

No ano passado (2015), tivemos o debate sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, encabeçado por Eduardo Cunha – presidente da Câmara dos Deputados. Mais uma vez, os parlamentares negros falharam ao votar SIM, ao votar pelo encarceramento a juventude negra.



É preciso PENSAR a relevância de verdadeiros representantes em suas ações “nem toda representatividade é positiva” o número de votos dos políticos negros vieram de eleitores negros, pobres e periféricos.

Acredito que os políticos têm como obrigação atender às demandas de seus eleitores, cuja cor é o pontual fator de identificação para com essas lideranças. Não basta a ocupação de espaços. É necessário quebrar as normas do que é imposto para nós, sendo este o motivo pelo qual foram escolhidos. De alguma forma, os eleitores se identificaram, depositaram uma mínima esperança, e os colocaram para realizar modificações no sistema atual. Não adianta estar lá e não tocar na ferida exposta do racismo, machismo, conservadorismo, da LGBTFobia e das desigualdades socais. Não adianta adentrar nesse lugar e não atender os interesses do povo negro e suas multiplicidades.
Rio de Janeiro – Enquanto no Brasil a proporção de negros na população ultrapassa os 50%, entre pretos e pardos, na Câmara dos Deputados a proporção fica em 8,9%, com 46 dos 513 representantes do povo. Apesar de ruim, o quadro melhorou nas últimas décadas.
Para refletirmos sobre o assunto, de novo  Angela Davis: Devemos lutar não só para trazer pessoas negras para a esfera do poder, mas para garantir que essas pessoas vão romper com os espaços de poder e não simplesmente se encaixar nesses espaços. Podemos
observar explicitamente que somos minoria num espaço amplamente branco. E, nesse número minoritário de negros, boa parte ainda não conseguiu representar o anseio de seu povo. A maioria deles, muitas vezes, ocuparam tais espaços porque prometeram cumprir prioridades negras, mas se associaram e se adequaram aos interesses brancos. Sendo assim, considero de forma urgente uma reflexão do que desejamos: Ter representatividade negra que se omite e ignora as dores do povo negro? Ou Ter Representatividade negra que compreenda o seu papel e interfira na estrutura racista e machista que exclui, agride, tortura e mata pessoas negras diariamente?

Segundo o IBGE, as mulheres representam metade da população brasileira. Pelo Censo de 2010, 43% dos brasileiros se declaram pardos e 7,6%, pretos.

Reforma política
Reeleita para a próxima legislatura com mais de 48 mil votos, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) faz parte do 0,6% de mulheres pretas na Câmara em 2015. Ela entende que, sem uma reforma política com financiamento público de campanha, será difícil ampliar a participação da população negra no Legislativo.

Se liga:
1-Deputados Estaduais negros eleitos em 2006:30
2-Deputados Federais negros eleitos em 2006: 25 ou 5% do Congresso
3-Frente Negra nos municípios: duas, Salvador e Belo Horizonte
4-Frente Negra no Congresso Nacional: tem 220 deputados e quatro senadores
5-Vereadores negros eleitos nas capitais em 2008: 52
6-Cidade que mais elege vereadores negros em 2006: 16, Salvador
7-Estado que mais elege deputados estaduais negros em 2008: Rio de Janeiro
8-Estados que possuem Frente negra nas Assembleias Legislativas: 4, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Amapá
.9-Principal Frente negra em Assembleias: Frente Parlamentar de Igualdade Racial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais: tem 42 deputados
10-Partido que mais elege negros: PT
11-Partidos que possuem secretarias de negros:9, PHS,PT, PC do B,PMDB, PDT, PTB, PRB, PSTU, PCO, PSDB
12-Primeiro Deputado negro da história em 1897: Eduardo Gonçalves Ribeiro, pelo Amazonas
13-Primeira negra a ser eleita deputada: Antonieta de Barros, em 1934, para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Partido Liberal catarinense
14-primeiro negro a candidato a Presidência do Brasil: Minervino Oliveira, pelo PCdoB, em 1930
15-Nas eleições de 2010 foram eleitos 39 deputados estaduais negros 16-Nas eleições de 2010 foram eleitos 43 deputados federais negros
17-Nas eleições de 2010 a Bahia foi o estado que mais elegeu deputado federal negro.
18-Atualmente 8,5% dos deputado(a)s do Congresso Nacional são negros 18-Nas eleições de 2010 o PT foi o partido que mais elegeu negros, seguido pelo PRB
19-A maioria dos deputados negros eleitos em 2010 são oriundos de profissões como magistério, advocacia e serviço público.
20-Desde 1983, quando começaram a ser feitos esses tipos de mapeamento, há uma tendência no aumento da representação parlamentar negra no Congresso Nacional.

A Unegro/rj tinham como um de suas prioridades a atuação no movimento social e não na dimensão institucional. Por isto temos como norma a não ocupação de cargos institucionais e tendo como norma   ser obrigados a se afastarem de cargos de direção da entidade para mantiver a nossa "independência". Esta postura trás problemas de auto-sustentação permanentes para a entidade... Nos militantes da unegro somos  tod@s trabalhadores e que militavam de forma voluntária nas suas horas de folga, batalhavam tenazmente  para boa parte de nossa grande militância e entendemos através de vários e inflamados debates que precisamos que precisamos dar um passo alem, precisamos entrar na maquina para tentar construir a mudança e mais teremos candidatos negros em varias cidades do estado do Rio de Janeiro.

 
“Os quadros existem, noss@s negr@s estão aí,  mesmo  que não haja condições financeiras de fazer em pé de igualdade a campanha que os outros fazem... Pois para quem

levanta nossas bandeiras nunca fácil e não sera agora você não tem quem se interesse em contribuir esse tipo de campanha ??? - Tem gente que pode achar muito linda essas  histórias de vida, pode achar que é importante ter negros e negras, mas e o financiamento financiar... -Ele (os empresario) vai procurar dar recursos àqueles que o representa...
- Mais estamos aqui com a nossa cara preta, das favelas,periferias que foram forjados na  dor e na luta!

Rebele-se Contra o Racismo!

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
fonte:UNEGRO

sábado, 13 de agosto de 2016

Amina, a rainha Hauçá de Zaria - Nigéria

"Histórias de rainhas africanas, guerreiras onde cada uma em seu tempo comandaram
impérios mostrando ao mundo durante todos esses quase 10 mil anos de existência da humanidade a força, a garra e a beleza da Mulher Negra".
É sempre incrível estudar sobre o continente africano e toda sua riqueza histórica e cultural. Infelizmente, este local que faz parte da ancestralidade brasileira, não é alvo de muita atenção fora dos meios acadêmicos. O que além de ser absurdo é muito triste. Em todo modo, para nós, amantes da História de Gênero, estudar a mãe Africa e as mulheres incríveis que viveram por lá, é de um prazer enorme. Aqui selecionamos duas grandes mulheres e rainhas, que deixaram sua marca na História da Africa e do mundo, como duas das mulheres mais poderosas, africanas do século XVI.

Enquanto Elizabeth mantinha-se no trono inglês, na Africa, mais precisamente Nigéria, outra mulher lutava e muito por seu lugar ao sol, seu nome era Amina, a rainha guerreira.
A cidade Hauçá de Zaria, tradicionalmente encarregada da defesa dos outros estados hauça contra as incursões militares provenientes do sul se distinguiu pelo reinado de duas rainhas famosas cujos feitos estão ligados a expansão de Zaria:
 A rainha Bakwa Turunku, que mudou a capital para o sul da localização atual em 1536, e sua filha primogênita, a rainha Amina, famosa pela proeza militar e por haver expandido o domínio de Zaria na vasta região contida entre os rios Níger e Bênue.
Essa rainha de Zazzua, uma província da Nigeria conhecida atualmente por Zaria, nasceu por volta de 1533, durante o reinado do Sarkin Zazzau Nohir.


Sarkin é um titulo real. Ela foi a sua neta.
Zazzua foi uma das cidades Hauçá que dominaram o comercio trans-sahariano após o colapso do império Songhai a oeste. Sua riqueza deveu-se ao comercio de artigos de couro, tecidos, kola (obi), sal, cavalos e metais importados.

Aos dezesseis anos, Amina como é conhecida, pois seu verdadeiro nome era Aminatu, tornou-se a futura herdeira (Magajiya) de sua mãe, Bakwa de Turunku, a regente de Zazzua.
Com o titulo veio a responsabilidade pela guarda da cidade e assembleias diárias com outros oficiais.
Apesar do reinado de sua mãe ser conhecido pela paz e prosperidade, Amina decidiu aprender a arte militar dos guerreiros.

A rainha Bakwa morreu por volta de 1566 e o reino de Zazzua passou para seu irmão mais jovem, o príncipe regente Karama.
Por essa época, Amina tornou-se a chefe guerreira da cavalaria. Suas conquistas militares lhe trouxeram riqueza e poder.
Quando Karama  também morreu, após um reinado de dez anos, Amina foi coroada
rainha.
Três meses após assumir o poder ela iniciou sua primeira expedição militar e continuou lutando até a sua morte.

Se liga:No trigésimo quarto ano de seu reinado, ela já havia conseguido expandir os domínios de Zazzua para um tamanho nunca antes alcançado.
Seu alvo principal, todavia, não foi a anexação das terras vizinhas, mas forçar os governantes

locais a aceitar a condição de subjugados e assegurarem aos comerciantes Hauçás uma passagem livre pelas suas terras.
Deve-se a ela o credito pela popularização das cidades fortificadas em argila (artigo postado em algumas paginas atrás, quando falo de arquitetura africana), que se tornaram características das cidades-estados Hauçá desde então.
-"Cada cidade conquistada por ela foi murada e fortificada".
Posteriormente, cidades foram crescendo dentro dessas muralhas e algumas delas ainda existem. 
São conhecidas como "ganuwar Amina", ou as muralhas de Amina.
Seu nome "Amina, Yar Bakwa ta san rana," significa Amina, filha de Nikatau, "uma mulher

com capacidade de qualquer grande homem".

-AMINA FOI UMA RAINHA NIGERIANA É LENDA ATÉ HOJE EM SEU PAÍS.GOVERNOU E LUTOU PELO SEU PAÍS.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:https://en.wikipedia.org/wiki/Amina

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância no Brasil

Relatório e dados
Os entrevistados destacam que, pela primeira vez, a CCIR, criada em 2008, aliou os dados estaduais a números nacionais, informações de outros institutos e relatos de três diferentes pesquisas acadêmicas.

Os afro-brasileiros são discriminados, tratados com preconceito, para não dizer demonizados, por sermos de uma tradição africana/afrodescendente. Logo, estamos afirmando que o racismo é causa fundamental do preconceito ao candomblé e demais religiões afro-brasileiras"

Assassinatos: 
 Um pai de santo foi morto a tiros na esquina de casa no início desta quinta-feira (07/01/2016 12h30 ) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com a Polícia Militar, a vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. A ocorrência foi encaminhada à 59ª DP (Duque de Caxias).

Pai de santo é morto com tiros na cabeça dentro do centro de Umbanda em Simões Filho-Mais um caso de violência é registrado em Simões Filho, desta vez a vítima foi um pai de santo. Ele foi morto a tiros, na noite deste sábado (11/09/2015), dentro do centro de Umbanda, localizado na Rua L, no bairro de Simões Filho 1, em Simões Filho, cidade da Região Metropolitana de Salvador. Informações preliminares dão conta de que ele foi vítima

de um latrocínio (roubo seguido de morte).

O religioso Identificado apenas como “Aílton Gomes” foi atingido por vários disparos de arma de fogo em várias partes do corpo, inclusive na cabeça.

Papel do Estado
Um dos objetivos de aumentar o escopo do relatório da CCIR é chamar a atenção para o problema e nacionalizar o debate, além de pressionar Estados e o governo federal para a implementação de políticas públicas mais efetivas. Outra meta é cobrar a execução da legislação já existente, que tipifica o crime de intolerância religiosa.

Os dados do Disque 100, criado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, apontam 697 casos de intolerância religiosa entre 2011 e dezembro de 2015, a maioria registrada nos

Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Estado do Rio, o Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir), criado em 2012, registrou 1.014 casos entre julho de 2012 e agosto de 2015, sendo 71% contra adeptos de religiões de matrizes africanas, 7,7% contra evangélicos, 3,8% contra católicos, 3,8% contra judeus e sem religião e 3,8% de ataques contra a liberdade religiosa de forma geral.

Dentre as pesquisas citadas, um estudo da PUC-Rio sugere que há subnotificação no tema. Foram ouvidas lideranças de 847 terreiros, que revelaram 430 relatos de intolerância, sendo que apenas 160 foram legalizados com notificação. Do total, somente 58 levaram a algum tipo de ação judicial.

O trabalho também aponta que 70% das agressões são verbais e incluem ofensas como "macumbeiro e filho do demônio", mas as manifestações também incluem pichações em muros, postagens na internet e redes sociais, além das mais graves que chegam a invasões de terreiros, furtos, quebra de símbolos sagrados, incêndios e agressões físicas.

-"Embora existam também atritos entre algumas religiões cristãs, eles acabam não sendo tão violentos porque essas religiões têm uma origem comum e compartilham os mesmos valores. No caso das religiões de matriz africana, a intolerância recebe uma outra dimensão e resulta em violência, como no depredamento de casas, espancamento de pessoas e até mesmo assassinatos. "

Entre 2000 e 2010 o segmento religioso dos evangélicos foi o que mais cresceu no país, passando de 15,4% da população para 22,2%, segundo o IBGE. Isso equivale a um aumento de 16 milhões no número de adeptos, que chegou a 42,3 milhões em todo o Brasil, o que refletiu na política.
A bancada evangélica conta hoje com 78 parlamentares e tem representação na presidência da Câmara, com Eduardo Cunha (PMDB). Se a frente parlamentar fosse um partido, seria o
mais numeroso da Câmara Federal. Nas eleições de 2014, o PT elegeu 70 parlamentares, seguido do PMDB com 66 e PSDB, com 54

Durante investigação realizada entre 2010 e 2011, a Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação constatou vulnerabilidade de crianças e professores adeptos a religiões d matriz africanas escolas publicas brasileira. Violência física, exclusão social e humilhação, além do afastamento de profissionais da educação adeptos ao candomblé ou umbanda, ainda tem a proibição da pratica da capoeira e danças afro-brasileiras foram registrados pela relatoria... Intolerância e aprendida como racismo...

Mercado religioso
O professor de ciências da religião Frank Usarski, da PUC-SP, afirma que a tensão mais visível é entre algumas igrejas pentecostais e as religiões afro-brasileiras, apesar de existirem também atritos entre religiões que tenham a mesma raiz.

"Isso tem muito a ver com a lógica do mercado religioso. Hoje em dia não é mais uma convivência idealista, mas uma luta de segmentos, da necessidade de conquistar uma certa parcela da população. Dessa forma, o outro é estigmatizado, desvalorizado e inferiorizado", acrescenta, dizendo que a briga entre as religiões se orienta por uma lógica capitalista.

Ele cita, como exemplo, a briga entre vertentes da religião budista no Brasil, em que houve briga jurídica para impedir a entrada de líderes religiosos no país. Além disso, um grupo

reivindica um templo para si e o outro não quer devolvê-lo. "Não são só brigas simbólicas, mas também jurídicas."

As religiões de matriz africana chegaram ao Brasil entre os séculos XVI e XIX, trazidas pelos escravos, alguns deles sacerdotes, que eram traficados para cá. Como, naquela época, a única
religião aceita no País era o catolicismo, os devotos dos orixás tiveram que se comportar como cristãos, frequentando ritos e cultuando santos católicos. Dessa mistura entre tradição africana e influência europeia nasceu o candomblé – que une a devoção aos orixás com conceitos da religião católica –e posteriormente a umbanda, misto de culto aos orixás, com preceitos kardecistas e crenças indígenas.

Se liga: Ao mesmo tempo, o estudo aponta para o crescimento de educadores, tanto católicos como neopentecostais conversadores, que utilizam as escolas públicas e creches brasileiras para proselitismo religioso.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.bbc.com/portuguese/noticias/www.cartacapital.com.br/

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

"Caminhada até aqui foi dura de Rafaela Silva para superar o racismo e vencer!!!

-"Quem foi chamada de Macaca e que deveria estar na jaula é É OURO"! 

o Brasil dando show:-Judoca belga diz que foi vítima de preconceito em aeroporto de São Paulo: 'Vou à Justiça'Muitas mulheres negras, originárias de famílias pobres, encontram nele um forma de romper a barreira das dificuldades econômicas, tornando-se profissionais, atuando nas competições de alto rendimento. Algumas conseguiram uma performance reconhecida pelo mercado esportivo por meio de muito sacrifício, dedicação, vontade de vencer e um pouco de sorte porque no Brasil ainda é muito precária a situação do esporte dito amador.

Apesar do crescimento da participação dos negr@s nas diversas modalidades esportivas o número ainda é pequeno em relação à demanda. Com a crise econômica, um fantasma sempre presente em nossa sociedade, também esta via de trabalho fica cada vez mais complicada para quem é negra e pobre. Transformar a situação exige ações políticas governamentais e empresas privadas visando o desenvolvimento do esporte. É urgente a criação de mais clubes e espaços esportivos nas periferias para a formação de novos atletas.

Essa também é a historia de Rafaela - "A caminhada até aqui foi dura, mas valeu a pena. Muito obrigada pelas mensagens de apoio e pela torcida", explode Rafaela nas redes sociais logo após a conquista da primeira medalha de ouro dos Jogos do Rio de Janeiro. Junto com ela, milhares de fãs que acompanharam o triste episódio de racismo que quase fez a judoca desistir do esporte em 2012, durante a Olimpíada de Londres.

Desclassificada, na época, por uma catada de perna ilegal sobre a húngara Hedvig Karakas, ela foi obrigada a ler xingamentos preconceituosos a ser respeito como "macaca", entre outros bem criminosos.

Além de muito treino, foi preciso uma espécie de força-tarefa da comissão técnica e da família para levantar sua autoestima tão duramente golpeada, relatam aqueles que a seguem de perto. Mas o esforço valeu a pena. A resposta da judoca foi como a que se espera da campeã que ela é.

A principal atleta negra do judô é Rafaela Silva, primeira mulher brasileira campeã mundial da modalidade. Carioca da cidade de Deus , Rafaela é atleta da Ong Reação. Como todas as atletas negras, encontrou no esporte uma forma de combater a pobreza, a discriminação racial e reencontrar a cidadania.
Apesar da situação das mulheres negras praticantes de esporte ter melhorado em relação às dificuldades enfrentadas pelas pioneiras, os problemas ainda são relevantes. Primeiro e principal deles é a falta de patrocínio o que é muito desestimulante para aquelas que almejam seguir carreira na área.

O escasso incentivo financeiro impede o surgimento de novos clubes e torna inviável o desenvolvimento dos existentes. Com isto, muitas atletas seguem para o exterior onde os salários são melhores e o futebol feminino valorizado. A maioria das atletas negras continuam originárias das classes de menor renda e bons salários são fundamentais para o progresso pessoal e de suas famílias.

Se liga: No futebol feminino brasileiro a falta de incentivo aliada ao preconceito contra a mulher que o pratica afastam os anunciantes que acreditam que o futebol é esporte de homens. Além do mais, o esporte agrega muitas jogadoras negras e a publicidade é um dos segmentos mais racistas do país.

A melhor jogadora de futebol feminino nacional é Marta da Silva Vieira, ou somente Marta.
Eleita cinco anos seguidos como a melhor do mundo pelo FIFA, recebeu o prêmio Bola de Ouro da entidade. Natural de Dois Riachos/LA, mudou-se para o Rio de Janeiro, com 14 anos. Jogou pelo IK da Suécia onde foi eleita artilheira do campeonato por quatro anos e melhor atacante em 2007 e 2008. Possui artilharia em Copas do Mundo e nos jogos Pan-Americanos e duas medalhas olímpicas de prata e carreira de sucesso na Europa.

Marta é a primeira mulher a jogar uma partida internacional de futebol masculino e foi eleita pela ONU embaixadora da Boa Vontade.

Pretinha, Delma Gonçalves é outra jogadora de destaque. É a mais veterana da Seleção Brasileira. Está no time desde 1991. Iniciou sua carreira no Clube de Regatas Vasco da Gama do Rio de janeiro. Foi vice-campeã em Atenas 2004, logo depois foi jogar no Japão, onde está até hoje.

A varias formas de Rebela-se Contra o Racismo!

Um afro abraço.

.Claudia Vitalino.

fonte:euhistory.com/hoje-na-historia/www.mg.superesportes.com.br/

Um olhar para Religiosidade Negra ...

Nada mais delicado que as mudanças históricas de percepção e interpretação relacionadas a
religião africana e seu processo complexo de continuidades e descontinuidades no Novo Mundo. Uma leitura atenta e detalhada dos títulos que surgiram cronologicamente na literatura a respeito nos permitiria levantar dados para uma história instrutiva do prejuízo racial ou, melhor ainda, das relações inter-étnicas e interculturais na América Latina, marcadas por forte etnocentrismo cultural por parte das elites detentoras do domínio institucional oficial, que não podem ser atribuídas apenas a contextos locais, reflexo e conseqüência, por sua vez, dos interesses e situações internacionais que vem sucedendo desde a implantação da escravidão, por assim dizer, produto do mercantilismo europeu.

A questão da religião africana nas Américas - suas origens, áreas de influência, dogma, doutrina, liturgia, sacerdócio, mutilações, perseguições, transformações, diversidade de estilos e unidade epistemológica latente - apesar de ser aparentemente a parte mais

estudada, é a que mais precisa de um exame re-interpretativo. Esta revisão, que envolve a reformulação terminológica e conceitual quase total, deve ser de uma amplitude de perspectiva tal que permita, além de um estudo profundo da própria estrutura e conteúdos filosóficos, místicos e simbólicos da religião e da diversidade de suas manifestações, incluir seu significado histórico e contemporâneo como elemento fundamental que permitiu o processo dramático pela integridade psíquica e a preservação de um ethos latente específico que sobreviveu a todas as pressões do poder político-institucional.

Desde bruxaria, magia, sistema de superstições,ditos fetichismo, animismo, sincretismo, até as mais puras classificações de cultos afro-americanos, toda a ampla gama de designações que retrata simultaneamente o quadro do relacionamento intercultural, levaria a negar o caráter de religião ao sistema místico deixado pelos africanos e alterado pelos seus descendentes.Essa negação não somente tira os valores transcendentes da cultura trazida pelos escravos (justificando assim a arrogância lucrativa da submissão - forçada ou indireta - dos outros seres humanos), sendo que fundamentalmente desvia e encobre a unidade subjacente, o caráter transnacional das manifestações religiosas de raízes africanas e encobre, sobretudo, o fato de que a religião, condutora da continuidade institucional, permitiu os agrupamentos e comunidades que se constituíram em centros organizadores da resistência cultural. Mais que qualquer outra manifestação, a religião e as atividades que dela se derivam, nos proporciona os elementos que permitem recompor essa "comunalidade" que fala Mintz para o Caribe, ou "foco cultural", como prefere falar Brathwaite, falando precisamente sobre a religião africana.

-Assim como a civilização greco-romana expadiu-se pelas diversas formas do cristianismo, a civilização negro-africana expandiu-se e veiculou-se na diáspora através
das diversas acomodações e re-elaborações da religião tradicional africana.


O fato de que não puderam ser absorvidas pela Igreja do setor dominante, indicam claramente uma incompatibilidade institucional entre ambas as religiões. As variávies da religião negro-americana, com maior ou menor re-elaboração que deu significado e permitiu
a sobrevivência física e espiritual de importantes setores da população negra nas Américas.“Só um sacerdote do culto, em cargo elevado dentro da hierarquia da mesma, poderia produzir a classe do texto que esperava.“.

Não cabe dúvida de que a religão afro-americana - assim como o cristianismo - é o resultado
de um grande processo de seleções, associações, sínteses, re-interpretações de elementos arcaicos, absorção e re-elaboração de outros novos, cujas variações se foram estruturando de acordo com as bagagens culturais das etnias locais e de seu inter-relacionamento sócio-econômico, mas todas elas formando e delineando um sistema central básico.
A perspectiva do todo nos permitiria uma compreensão coerente da diversidade de modelos e situações, fragmentos de uma continuidade neoafricana, de um sistema místico e simbólico, distinto e específico, que participa dialeticamente do povo latino-americano e coloca uma parte do continente na órbita de uma comunidade transatlântica, todavia a ser conscientizada.

A sociedade branca, que está pronta para aceitar o Candomblé como folclore ou espetáculo
artístico, sente ameaçada sua segurança intelectual pela competição, em bases iguais, de uma filosofia que não é dela própria, uma filosofia que se chamará negritude, significando a verdadeira negritude, não aquela que não é mais que uma ideologia política. Mas por hora, só queremos destacar o conceito de negritude, da "verdadeira negritude", que Bastide caracteriza como "afirmação existencial" e não como ideologia política. Nesse sentido, negritude expressaria, por assim dizer, a latência africana, esse ethos, essa "comunalidade" que de uma maneira mais ou menos manifesta reúne as diversas expressões da religião afro-americana.

A religião foi e é o mais poderoso transmissor dos valores essenciais dessa negritude afro-americana. Valores que em nenhum caso permaneceram congelados; muito ao contrário, se conseguiram sobreviver com tanta pujança no meio de tantas pressões poderosas, foi devido fundamentalmente a essa extraordinária plasticidade e vitalidade, a esse processo dialético de resistência-acomodação que deu origem às diversidades: descontinuidade na continuidade, como preferem alguns especialistas.

A manutenção dessa estrutura básica, permitiu a esses cultos acomodar-se sem "embranquecer", interpretando o novo em termos de uma filosofia em que são renovados os valores de um passado, fonte de continuidade e estabilidade, ligados com uma história.

Essa renovação na estabilidade, essa mobilidade particular, é condutora como poucas da negritude.

Para dar um exemplo extremo, poderíamos examinar o fenômeno Jazz. É evidente que a música urbana negra dos Estados Unidos - assim como o samba no Brasil - revela sua profunda negritude apesar dos elementos externos que incorporou e re-elaborou, começando pelos próprios instrumentos que utiliza. Virgil Thompson classifica de jazz como "a referência
sobre-entendida", a expressão do negro. E acrescenta: "composição clássica européia, folclore anglo-saxão, dança hispânica, hinos, bateria, o lied alemão, ragtime, ópera italiana, todos são alimentos para a insaciável fome negra, provisões a serem trituradas, como se por dentro de todos os negros norte-americanos houvesse, ou talvez haja, alguma enzima antiga africana disposta a digerir vorazmente o que encontra em seu caminho na matéria sonora".

É conhecido o processo de encobrimento com o qual os africanos se acomodaram à conversão forçada exigida por seus donos. Suas próprias entidades sobrenaturais foram associadas a determinados santos e festividades católicos, com a idéia de enganar o branco, continuando com o seu próprio sistema, mas até onde isto foi possível é difícil de se determinar. Todas umas gamas de delicados mecanismos, de atuações falsas e verdadeiras, criaram uma ampla faixa de indeterminações e influências mútuas. Vários autores se dedicaram a confeccionar quadros nos quais são anotadas as várias associações entre entidades africanas e cristãs, e não insistiremos a respeito.

-Entretanto, vale chamar a atenção de que essas indeterminações e associações não são suficientes, no estado atual de seu processamento, para caracterizar a aparição de um novo sistema religioso.


Os sincretismos como mecanismos de contatos inter-étnicos e intelectuais foram e continuam sendo indiscutíveis. Mas, no que diz respeito à influência cristã, eles não se re-elaboraram homogeneamente para criar uma nova e única instituição que sincretizasse em um dogma e uma liturgia, as contribuições das instituições que se revelam alternativas e incompatíveis.
Inversamente, devido a sua compatibilidade, os sincretismos referentes às várias aproximações étnicas de origem africana foram acontecendo naturalmente; constituíram,

com diversidade formal, a unidade básica das variáveis homogêneas e o veículo condutor do "negrismo" nas variáveis heterogêneas.

Os sincretismos afro-cristão na América Latina são mais evidentes no plano individual, ainda que estaríamos tentados a preferir falar da soma de padrões. É bem sabido que quase todos, para não dizer todos, os negros da América Latina pertencem à religião cristã, católica em sua
maioria. Pelo menos são batizadas as cerimônias.

Apesar de não existir estatísticas a respeito, é possível perceber empiricamente que uma alta porcentagem dessa população freqüenta ou pertence a algum grupo ou comunidade, ou pratica alguma variação da religião afro-americana. Se a prática paralela de duas religiões cria em seus adeptos mecanismos sincréticos, estes não se deixam traduzir na organização institucionalizada de ambas, que mantém claramente separadas suas estruturas básicas, a não ser por rasgos mais ou menos complexos que, em um e outro sentido, transpassam os limites classe-grupo cultural sem alterá-los realmente.

Não existe uma nova religião, um resultado diferenciado das religiões que a deram origem; há uma alteração ou soma de crenças. Na Diáspora, a prática religiosa foi o fator preponderante que permitiu o reagrupamento institucionalizado dos africanos e seus descendentes.

Isto é de importância capital. A religião como elemento de coesão deu lugar a formação de grupos e associações cujos sistemas de crenças - resultante de referências étnicas e acomodações sócio-históricas - vinculam maneiras particulares de inter-relacionamento, normas, ações e valores que convertem os agrupamentos em verdadeiras comunidades com características peculiares.

Na Diáspora, o espaço geográfico que apresentava a África nativa e seus conteúdos, foi transferido para os sítios onde foram levantados casas, templos ou quartos em cujos recintos
se "plantaram", junto com os elementos e símbolos materiais nos lugares de adoração, os poderes dos antepassados e das entidades sobrenaturais que garantiriam não só a continuidade da existência, mas também uma forma de viver.

Foi através da prática contínua da religião que o negro conservou um sentido profundo de comunidade. A América Latina viu transportar, implantar e reformular em seu solo, um complexo cultural que se expressa através de associações religiosas, nas quais se mantém e renova o mais específico de seus sistemas de origem.

Dizer que nestas comunidades a religião é um elemento de coesão de formas particulares de
cultura, pareceria óbvio. Mas, é comum percebê-las somente como grupos religiosos.

Erro que desdibuja o significado profundo das comunidades como instrumentos institucionalizados de continuidade e re-elaboração e um sistema de cultura básico que insiste tenaz e dinamicamente em participar com seus valores próprios e diversidade de formas nas sociedades nacionais.


No Brasil....
A religião afro integra o folclore do país como bem material. Os escravizados vindos da África trouseram consigo o candomblé. Proibidos de praticar sua religião, os africanos associaram a cada orixá um ou mais santos católicos, conforme cada religião do, para exercerem sua religião sem serem perseguidos. Dos orixás de origem africana, se tornaram mais populares os seguintes: oxalá, xangô, yansã, oxún, ogun, oxósse, omolu, yemanjá, ibejis e exu.

As religiões chamadas afro-brasileiras surgiram durante o processo de colonização do Brasil, com a chegada dos escravos africanos. Em diferentes momentos da história, aos poucos, as religiões afro-brasileiras foram se formando nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elas adotam diferentes formas e rituais, diferentes versões de cultos.

Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos africanas. Por isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar as suas concepções através dos símbolos.

Na tentativa de catequizar os negros, os europeus promoveram uma grande mistura que

resultou nas hoje chamadas de religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, fruto da inter-relação de culturas.Alguns povos bantos eram adeptos do candomblé e foram seus introdutores no país. Atualmente, existem poucas casas de candomblé puro no Brasil, concentradas principalmente na Bahia. Por outro lado, o candomblé de caboclo e a cabula, outra variante do candomblé, tornaram-se as raízes remotas da umbanda, o mais difundido culto afro-brasileiro  na cidade do Rio de Janeiro.
 Porém, a religião oficial no Brasil é o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso... 
Que e outro assunto e já temos alguns textos aqui no nosso blog...

Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:www.paperini.net/antigo.acordacultura.org.br/https://www.mundonegro.inf.br/comisão de povos tradicionais da unegro

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