UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quarta-feira, 20 de abril de 2016

21 de Abril-Movimentos nativistas e de libertação – Inconfidência Mineira

No século XVIII, a ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação
de centros urbanos pela colônia acompanhada pela formação de camadas sociais intermediárias. Os filhos das elites mineradoras, buscando concluir sua formação educacional, eram enviados para os principais centros universitários europeus. Nessa época, os ideais de igualdade e liberdade do pensamento iluminista espalhavam-se nos meios intelectuais da Europa.

Na segunda metade do século XVIII, a economia mineradora dava seus primeiros sinais claros de enfraquecimento. O problema do contrabando, o escasseamento das reservas auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as atividades empreendidas na colônia. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.

No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama. Sua cobrança serviria para complementar os valores das dívidas que os mineradores acumulavam junto à Coroa. Sua arrecadação era feita pelo confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.

Causas
Esse imposto era extremamente impopular, pois muitos colonos consideravam sua prática extremamente abusiva. Com isso, as elites intelectuais e econômicas da economia mineradora, influenciadas pelo iluminismo, começaram a se articular em oposição à dominação portuguesa. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais. O plano seria colocado em prática em fevereiro de 1789, data marcada para a cobrança da derrama.

Aproveitando da agitação contra a cobrança do imposto, os inconfidentes contaram com a mobilização popular para alcançarem seus objetivos. Entre os inconfidentes estavam poetas como Claudio Manoel da Costa e Tomas Antonio Gonzaga; os padres Carlos Correia de Toledo, o coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o alferes Tiradentes, um dos poucos participantes de origem popular dessa rebelião. Eles iriam proclamar a independência e a proclamação de uma república na região de Minas.

Com a aproximação da cobrança metropolitana, as reuniões e expectativas em torno da inconfidência tornavam-se cada vez mais intensas. Chegada a data da derrama, sua
cobrança fora revogada pelas autoridades lusitanas. Nesse meio tempo, as autoridades metropolitanas estabeleceram um inquérito para apurar uma denúncia sobre a insurreição na região de Minas. Através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou seus companheiros pelo perdão de suas dívidas, várias pessoas foram presas pelas autoridades de Portugal.

Tratando-se de um movimento composto por influentes integrantes das elites, alguns poucos denunciados foram condenados à prisão e ao degredo na África. O único a assumir as responsabilidades pela trama foi Tiradentes. Para reprimir outras possíveis revoltas, Portugal decretou o enforcamento e o esquartejamento do inconfidente de origem menos abastada. Seu corpo foi exposto nas vias que davam acesso a Minas Gerais. Era o fim da Inconfidência Mineira.

Tiradentes mártir?
É versão comum na historiografia a ideia segundo a qual Tiradentes teria sido o principal líder do movimento, o que explicaria a decisão da rainha de Portugal, d. Maria 1ª, de manter a pena de morte para Joaquim José da Silva Xavier ao invés de alterá-la, como fez em relação aos demais, para o banimento nas colônias portuguesas na África.

De fato, Tiradentes foi o único dentre os inconfidentes a assumir a participação na conspiração. Ato de coragem, sem dúvida, isso acabou encobrindo vários aspectos importantes, que afastam Joaquim José da Silva Xavier da figura de mártir construída no século 19, a partir da recuperação de seu exemplo pelos que defendiam a proclamação da República.

Há fortes indícios de que Tiradentes não ocupava senão um lugar marginal, secundário, nas articulações do movimento. Não era, portanto, seu principal líder, o cabeça do grupo.

O inventário de seu patrimônio também revela que Tiradentes possuía vestuário e mobílias semelhantes aos utilizados pela aristocracia da época. Sabendo-se que isso era fator importante de distinção social, trata-se de mais um indício que aponta para o fato de que a Inconfidência Mineira, apesar de seu caráter anticolonial, visava construir um Estado
independente, que garantisse o controle do espaço político e social aos grupos sociais representados em sua liderança.

Objetivos principais:
- Obter a independência do Brasil em relação a Portugal;
- Implantar uma República no Brasil;
- Liberar e favorecer a implantação de manufaturas no Brasil;
- Criação de uma universidade pública na cidade de Vila Rica.

A Questão da Escravidão
Mesmo tendo caráter separatista, os inconfidentes impunham limites ao seu projeto. Não pretendiam dar fim à escravidão africana e não possuíam algum tipo de ideal que lutasse pela independência da “nação brasileira”.

"Não havia consenso com relação à libertação dos escravos. Alguns inconfidentes, entre eles Tiradentes, eram favoráveis à abolição da escravidão, enquanto outros eram contrários e queriam a independência sem transformações sociais de grande impacto."

Curiosidades- A construção do Heroi ...
A partir da publicação de Norberto, intensificaram-se as alusões de Tiradentes com Cristo. Ter sido traído e morto por lutar pela salvação do povo/pátria foram características presentes na vida dessas duas figuras. A partir daí as representações imagéticas foram cada vez mais se assemelhando.
Dessa forma, Tiradentes estava cada vez mais presente no imaginário dos brasileiros, e aos poucos todos iam se identificando com esse homem. Começaram a ligar Tiradentes às principais transformações pelas quais passava o país: a Independência, a Abolição e a República. A sua aceitação veio, assim, acompanhada de sua transformação em herói
nacional, mais do que em herói republicano. Ele unia o país através do espaço, do tempo e das classes. Para isso, sua imagem precisava ser idealizada e a falta de documentos contribuiu para que esse processo fosse tranqüilo.

Aos poucos todos os regimes e movimentos políticos se apropriaram de alguma forma da imagem de Tiradentes. O governo republicano declarou o dia 21 de abril feriado nacional e, em 1926, construíram a estátua em frente ao prédio da Câmara. O governo militar em 1965 o declarou patrono cívico da nação brasileira e mandou colocar retratos seus em todas as repartições públicas. Durante o Estado Novo foram representadas peças teatrais, com apoio oficial, exaltando o herói. Nessa época também houve uma tentativa em modificar a representação tradicional. José Walsht Rodriguespintou Tiradentes como alferes, um herói cívico e um militar de carreira. Tentativa falha, pois até hoje quando pensamos em Tiradentes, o ligamos com aquela imagem barbuda, serena, imortalizada assim como a imagem de Cristo.

- Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.

Um afro abraço.

fonte:www.historiadobrasil.net/https://pt.wikipedia.org/wiki/

terça-feira, 19 de abril de 2016

Escravidão Indígena x Escravidão Africana...

No século XVI, assim que os portugueses iniciaram a produção açucareira no Brasil, se inicia um debate sobre qual força de trabalho poderia ser empregado nesse tipo de negócio. Afinal de contas, para que o açúcar desse lucro em pouco tempo, era necessário uma produção em larga escala sustentada por um grande número de trabalhadores.

A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas também foram vítimas desse processo. A escravidão indígena foi abolida oficialmente pelo Marquês do Pombal, no final do século XVIII.   Desse modo, os colonizadores se dispuseram a promover a escravidão dos índios que ocupavam as terras ou dos africanos disponíveis do outro lado do oceano.


Escravidão Indígena.
Os portugueses realizaram a colonização dos índios de três formas: trabalho escravo utilizando a força bruta, aculturação do índio para que ele fosse separado da tribo e a utilização do indígena como trabalhador assalariado. No início do período colonial, os índios eram vistos como essenciais para os negócios do ciclo do açúcar.

A Coroa tinha interesses na escravidão indígena porque eles eram necessários para a produção dos engenhos. A partir de 1570, começaram a ser criadas leis que inibiam a escravização dos índios; porém, elas possuíam brechas e o procedimento continuou a ocorrer. Os colonizadores enfrentaram problemas para escravizar os índios brasileiros, porque muitos morriam de tanto trabalhar ou pelo contágio com doenças provenientes da metrópole.

Mesmo sendo mais acessível,  dos escravizados indígenas mostrava-se problemática por uma série de fatores conjunturais. Primeiramente, devemos destacar que os índios não eram acostumados a uma rotina de trabalho extensa, tendo em vista que privilegiavam uma economia de subsistência. Por outro lado, muitos deles morriam ao contrair as doenças trazidas pelo europeu, e aqueles que eram escravizados articulavam facilmente a sua fuga mediante o conhecimento do território.

Não bastando tais explicações, devemos salientar que a Igreja também teve enorme peso para que a escravidão indígena não ganhasse força no espaço colonial. Tal influência explica-se pelo fato de a Igreja ter o claro interesse em converter os índios à crença católica. Naturalmente, se esses índios fossem submetidos à escravidão, logo demonstrariam uma resistência maior em aceitar a religião do colonizador. Por fim, vemos que o próprio governo de Portugal expediu várias leis proibindo o apresamento indígena.


A igreja também teve grande influência no declínio da escravidão indígena, pois ela tinha interesse em catequizar os índios. Aos poucos, os índios foram substituídos pelos negros africanos, pois os senhores e os comerciantes viam o tráfico negreiro como um investimento bem maior.
 
Escravidão Africana

Os escravizados africanos mostrava-se como uma alternativa mais viável, tendo em vista que os portugueses já tinham fixado, desde o século XV, vários entrepostos ao longo do litoral africano. Ao mesmo tempo em que já dominavam essas rotas, o governo português logo percebeu que o tráfico de escravos para a América seria interessante, já que essa atividade também poderia gerar divisas para os cofres do Estado e tornou-se um negócio interessante para os portugueses, pois Portugal já tinha um certo domínio das regiões naquele continente e tinha o apoio da Igreja Católica, uma situação bem diferente do que aconteceu com os índios. O tráfico negreiro alavancava diversos aspectos da economia brasileira, como a área naval e a agrícola.

A escravidão se transformou em uma vertente da economia muito importante e o tráfico negreiro tornou-se cada vez mais intenso. Os escravos eram trazidos de forma precária nos navios e muitos morriam no caminho. Ao chegar ao Brasil, eles eram separados de amigos e familiares para que fossem vendidos aos grandes proprietários de terra.

Nas fazendas, os escravos eram obrigados a trabalhar na lavoura e viviam nas senzalas, um local que era habitado por todos os escravos. Eles eram obrigados a trabalhar por praticamente todo o dia. Além disso, não tinham uma boa alimentação e nenhuma condição de higiene. Existiam também os escravos domésticos que viviam na chamada Casa Grande e exerciam funções de confiança e desfrutavam de uma pequena comodidade.

Com a péssima condição em que viviam, eles não tinham uma alta expectativa de vida. Algumas vezes eram mortos ou torturados por seus donos. Diversas vezes, eles eram amarrados em troncos e açoitado
Para os colonizadores, principalmente os senhores de engenho, o escravo africano apresentava um melhor desempenho no trabalho com a lavoura, e o investimento em sua aquisição mostrava-se bastante rentável. Não bastando essas explicações de cunho econômico, a própria Igreja considerava que a escravidão africana seria um “castigo de Deus” contra os vários povos daquele continente, tomado pelas crenças politeístas e a própria religião islâmica.

Dessa forma, vemos que a escravidão africana se tornou predominante no espaço colonial brasileiro. Contudo, em certas regiões de menor desempenho econômico, vemos que a escravidão indígena se tornou em uma alternativa bastante comum. Geralmente, um escravo índio custava metade de um escravo vindo da África. Com isso, percebemos que os dois tipos de escravidão acabaram se mantendo ao longo de nossa história.

Os Quilombos
Quando os escravos fugiam, eles costumavam criar comunidades que receberam o nome de quilombos(originalmente, o nome significava um local de repouso de certas populações

nômades). Juntos, eles plantavam, pescavam e desenvolviam atividades de artesanato para que fossem utilizadas pela comunidade. Além disso, eles tentavam conviver em uma realidade parecida com a que tinham na África.

Os quilombos podiam ser encontrados em sua maioria nos seguintes estados: Rio de Janeiro, Goiás, Pernambuco, Alagoas, Bahia, dentre outros. Eles ficavam escondidos nas matas para que dificultasse uma possível captura dos quilombolas.

O quilombo mais importante foi o Quilombo dos Palmares, situado em Alagoas. Inicialmente, esse quilombo era habitado por poucos escravos; porém, após a invasão holandesa em Pernambuco, muitos escravos fugiram para esse quilombo. Ele chegou a ocupar uma faixa de 200 km e sofreu diversas tentativas de invasão pelos portugueses e holandeses. O líder desse quilombo foi Zumbi dos Palmares. O Quilombo dos Palmares somente foi destruído em janeiro de 1694, mas os quilombolas continuaram lutando até o ano de 1716.

Um afro abraço.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Contos Africanos esquecidos:A hora de partir

Mamãe lua sabia que as pessoas não queriam morrer. Elas desejavam, viver para sempre, como ela: nascendo, crescendo, minguando e reaparecendo toda-poderosa e cheia no céu. Então, em uma bela moite, mamãe lua chamou um lagarto e pediu que ele fosse à terra e dissesse para todos, homens, mulheres, meninos e meninas, que a partir daquele dia todos acordariam e viveriam até o final dos tempos.

─ Pode deixar, mamãe lua! Vou avisar todo mundo ─ disse o lagarto, deixando-a tranquila, pois sua mensagem chegaria para as pessoas rapidamente.
E o lagarto foi caminhando, todo bonito e faceiro, sempre parando para olhar alguma coisa ou conversar com alguém, em vez de se concentrar em sua missão. Quando estava no meio do caminho, encontrou uma árvore carregada de frutas bem madurinhas. Subiu na árvore e comeu, comeu, até ficar com a barriga bem cheia. “ Acho que vou descansar um pouquinho antes de continuar a minha viagem “ , pensou o lagarto. E ali mesmo, debaixo da árvore, dormiu.
A centopeia, que cuida para que a morte chegue no tempo certo para cada um, soube da mensagem que mamãe lua havia enviado para a terra. Preocupada, ela chamou um mongoose, um pequeno animal de pelo curto, muito ágil e esperto, e pediu:

─ Corra até a terra e diga a todos, homens, mulheres, meninos e meninas, que quando morrerem jamis voltarão a viver. Eles devem morrer pra sempre!
O mongoose chegou rapidamente à terra e avisou todas as pessoas que elas morreriam para sempre. Tempos depois, chegou o lagarto trazendo a menssagem da mamãe lua. Mas já era tarde demais. As pessoas estavam muito tristes.
Mamãe lua soube da situação e ficou muito brava com o lagarto:

─ Onde já se viu?
E foi ela mesma falar com todas as pessoas.
─ Eu não posso mudar a situção ─ lamentou. ─ A mensagem da centopeia chegou primeiro. Mas digo que, mais do que nunca, vocês devem viver intensamente cada momento, com muito amor e respeito à vida que existe em cada pessoa, bicho, planta, em cada grão de terra, em todo o universo. Porque todos nós somos um. Estamos ligados pela grande força da vida.
Mamãe lua abriu um grande sorriso e continuou:

─ E quando chegar o dia de vocês partirem para a terra dos espíritos dos seus antepassados

vocês viverão para sempre por meio das coisas que realizarem aqui, do amor que alimentarem e da vida que continuará nascendo, crescendo e morrendo neste planeta.
Uma paz imensa encheu o coração de toda a gente. E todos foram dormir porque o dia seguinte sempre será um novo dia.

Um afro abraço.

fonte:hypescience.com/10-civilizacoes-antigas-esquecidas/www.ifce.edu.br/...

terça-feira, 5 de abril de 2016

Sou o Bloco Afro Agbara Dudu significa em yorubá "Força negra"

Bloco afro fundado no bairro de Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro em 4 de abril de 1982.
O nome Agbara Dudu significa em yorubá "Força negra". Considerado o primeiro bloco afro do Rio de Janeiro, ainda que existissem três anteriormente: Afoxé Os Filhos de Gandhi do Rio de Janeiro (fundado por trabalhadores da zona do Cais do Porto do Rio de Janeiro), Dudu Éwe..

"Afoxé, também chamado de candomblé de rua, é um cortejo de rua que sai durante o carnaval. Trata-se de uma manifestação afro-brasileira com raízes no povo iorubá. Geralmente, seus integrantes são vinculados a um terreiro de candomblé."

Etimologia
O termo "afoxé" provém da língua iorubá. É composto por três termos: a, prefixo nominal; fo, significa dizer, pronunciar;xé, significa realizar-se. Segundo Antonio Risério, afoxé quer dizer "o enunciado que faz acontecer".Características.
Para quem não conhece o candomblé e suas cantigas, o afoxé se parece com um bloco carnavalesco diferente, mas é o "candomblé de rua", segundo Raul Lody. As suas principais características são as roupas, nas cores dos orixás, as cantigas em língua iorubá, instrumentos de percussão, atabaques, agogôs, afoxés e xequerês. O ritmo da dança na rua é o mesmo dos terreiros, bem como a melodia entoada. Os cantos são puxados em solo, por alguém de destaque no grupo, e são repetidos por todos, inclusive os instrumentistas. Antes da saída do grupo, ocorre o ritual religioso (como a cerimônia do "padê de Exu" feita antes dos ritos aos orixás numa festa de terreiro). Afoxé é um cortejo de rua que tradicionalmente sai durante o carnaval de Salvador, Fortaleza e Rio de Janeiro.

É importante observar, nessa manifestação, os aspectos místico, mágico e, por conseguinte, religioso. Apesar de os afoxés se apresentarem aos olhos dos menos entendidos como simples bloco carnavalesco, fundamentam-se os praticantes em preceitos religiosos ligados ao culto dos orixás, motivo primeiro da existência e realização dos cortejos. Por isso, afoxé
também é conhecido e chamado por candomblé de rua. Os grupos de afoxés passam por grandes modificações, como todo o fato folclórico, sujeito e aberto às modificações socioculturais. Apesar de todas as modificações e desfigurações, esses grupos procuram manter valores e características de "africanidade" como: cânticos em dialetos africanos; uso de um instrumental de percussão, incluindo atabaques, agogôs e cabaças; utilização de cores e símbolos que possuam significados específicos dentro dos preceitos religiosos dos terreiros de Candomblé. Não obstante, surgiu o afoxé de caboclo ou afoxé de índio, criação natural do processo de aculturação e assimilação de novos valores.

Etimologia
O termo "afoxé" provém da língua iorubá. É composto por três termos: a, prefixo nominal; fo, significa dizer, pronunciar;xé, significa realizar-se. Segundo Antonio Risério, afoxé quer dizer "o enunciado que faz acontecer".

As agremiações conhecidas por índios do Brasil, Tribo Costeira da índia, índios da Floresta representam em Salvador as novas tendências; contudo, baseadas nas características dos afoxés africanos. Os grupos Império da África, Filhos de Ode, Mercadores de Bagdá, Cavaleiros de Bagdá, Filhos de Obá, Congos da África e Filhos de Gandhi representam as agremiações que procuram manter os valores "afro" tradicionais. Na cidade de Salvador, os dias dos afoxés ocorrem no domingo e terça-feira de carnaval, sempre à tarde. As
agremiações, além de desfilar pelo centro da cidade, visitam terreiros de Candomblé e casas de pessoas amigas. O espírito satírico é uma constante nessas apresentações. É comum observarmos troças que criticam os babalaôs jogando búzios, imitação dos negros nagôs com as marcas tribais no rosto e dos trabalhos braçais desempenhados pelos negros.

Dessa maneira, alguns costumes vinculados às raízes africanas são satirizados pelos próprios descendentes dessa cultura. O que realmente importa é a liberdade de criar
situações cômicas. As proposições dos afoxés e dos seus participantes modificam-se de grupo para grupo. Veremos, no desenrolar desse trabalho, o afoxé em Fortaleza baseado exclusivamente em preceitos religiosos, constituindo-se numa complexa liturgia. Observaremos, também, que o grupo de afoxé da cidade do Rio de Janeiro, Filhos de Gandhi, está baseado nos preceitos do ritual Gexá. E ainda os vestígios do afoxé nas cidades de Cachoeira e Recife, e outras significativas considerações sobre o afoxé e seu campo de ação. Os laços lúdico-religiosos que congregam as pessoas nos afoxés importam antes de mais nada pela manutenção de valores culturais; pertinentes ao afoxé e suas tradições negro-africanas, transpostas para o Brasil, adaptadas e assimiladas dentro de uma nova realidade.

- O afoxé Embaixada da África foi a primeira manifestação negra a desfilar pelas ruas da Bahia, em 1885. Em seu primeiro desfile, utilizou indumentária importada da África. No ano seguinte, surgiu o afoxé Pândegos da África.

Um afro abraço.

Lenilda Campos
fonte:www.dicionariompb.com.br/culturabancodobrasil.com.br/https://pt.wikipedia.org/

segunda-feira, 28 de março de 2016

Nossa historia:Filho de ex escrava vira Doutor...

Veridiano Farias, filho do estivador Franklin Fortunato Farias e de Maria José Sabina, neto da
escrava Fortunata e do tabalhador de charqueada Barbosa Farias, conhecido entre os amigos como “O Teimoso”, por ser muito perseverante, é o primeiro médico negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGS)

 Ainda criança, foi morar em Porto Alegre com a família. Desde muito cedo aprendeu a tocar vários instrumentos, o lhe que permitiu trabalhar como músico instrumentista em bailes. Casou-se com Isabel, com que teve dois filhos.

Começou a estudar muito tarde, formando-se no ensino secundário em 1942, já com 36 anos. Veridiano teve vários empregos. Na empresa de transporte coletivo, trabalhou como motorneiro de bonde, motorista de ônibus e, nas horas vagas, tocava trompete na Banda da Carris de Porto Alegre. Além de tocar na empresa, trabalhou nas orquestras das rádios Gaúcha, Difusora e Farroupilha.

Em 1940 formou-se no magistério (ensino secundário), prestando concurso para o Departamento Estadual de Saúde para o cargo de chofer sanitarista. Ainda assim, continuou a dar aulas particulares de música e a tocar nas várias orquestras da cidade.

Participava da vida cultural de Porto Alegre, compunha para blocos carnavalescos. Foi um dos fundadores do bloco “Os Prediletos” e ensaiador do grupo carnavalesco “Os Imbrutos”. Era amigo dos sambistas da cidade como Lupicínio Rodrigues, Rubens Santos e Túlio Piva. Tocou na orquestra Jazz Paris, com Lupicínio, por muito tempo.

-Veridiano Farias ficou conhecido entre os amigos como “O Teimoso”, por não desistir diante das dificuldades. As várias atividades de Veridiano Farias não impediriam que lutasse para realizar sua vocação na Medicina. Ao concluir seus estudos secundários prestou três ou quatro vezes o vestibular para medicina, não sendo aprovado. Segundo seu neto e biógrafo, era porque não conseguia solicitar a revisão das avaliações.

Diante da recusa da universidade, prestou vestibular no Rio, tirando em segundo lugar. Iniciou o curso na Faculdade de Medicina Gama Filho. Vivendo da música no Rio de Janeiro, fez algumas disciplinas na então capital do país, solicitando em 1946, sua transferência para Porto Alegre, obtendo-a após apelar para o influente Getulio Vargas. Em carta ao ex-presidente, contou sua história, revelando que só prestou vestibular no Rio de Janeiro porque no Rio Grande do Sul a universidade criava obstáculos a sua entrada; declarando a necessidade de ficar perto da mulher e dos filhos, solicitou a interferência do político para que voltasse a sua terra natal, no que prontamente foi atendido.

Formou-se em 15 de dezembro de 1951, tornando-se o primeiro médico negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o segundo do Estado. Conseguiu rapidamente emprego como dermatologista no Hospital Colônia Itapuã, pois poucos médicos clinicavam lá, em razão de ser um hospital de periferia e dos surtos de lepra que assolavam constantemente a região. Médico dedicado, Veridiano estava prestes a ser promovido a diretor da instituição. Faltavam cinco dias para assumir o novo cargo quando, no trajeto de ida para o hospital, na estrada Porto Alegre-Itapuã, sentiu fortes dores no peito, parou o carro e caiu sobre o volante, vitimado por um ataque cardíaco, em 10 de agosto de 1952.


Se liga:
Formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1922, Luciano Raul Panatieri é, conforme os registros, o primeiro médico negro formado no Rio Grande do Sul. Ele viveu entre os anos de 1897 e 1972, trabalhou em Rio Pardo e na capital gaúcha. O interesse pela literatura o levou ao Grêmio Rio-pardense de Letras.

Segundo seu neto, “a história de Veridiano é a história de um homem que lutou contra a intolerância e atravessou com sacrifícios as barreiras de sua vida”
Um afro abraço.

fonte:https://historiaviajante.wordpress.com/http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/veridiano/http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cs/default.php?

quinta-feira, 24 de março de 2016

Semana Santa: "A tradição"

Entre os religiosos católicos, a prática da autoflagelação era considerada um ato de purificação após ser cometido um ou vários pecados, principalmente durante a Idade Média onde temos como exemplo Martinho Lutero. Atualmente, o Vaticano condena esta prática, porém, o ato ainda divide opiniões entre clérigos e leigos. A autoflagelação pública é comum entre os cristãos católicos durante a celebração da Semana Santa nas Filipinas, por exemplo.

Na teologia reformada (protestantes), que aponta apenas a Bíblia como única regra de fé, entende-se que a autoflagelação é inútil e condenável por não considerar que «Cristo morreu uma só vez pelos [nossos] pecados, o justo pelos injustos» (I Coríntios 15:3). Cristo «se entregou a si mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus» ((Efésios 5:2) e foi o único sacrifício agradável a Deus (I Pedro 1:19-20; Hebreus 9:22-28) e a autoflagelação é vista até mesmo como mais uma obra da carne (Colossenses 2:20-23). Cabe ao ser humano, buscar o arrependimento sincero e a ajuda de Deus para o perdão/transformação (I João 2:1). A autoflagelação pública é ainda pior por se tratar de hipocrisia (Mateus 6:1; Marcos 7:21-23).

A Semana Santa é a ocasião em que é celebrada a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição.

Jesus Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava, o governo cobrando altos impostos, riquezas extremas para uns e miséria para outros.

Ao chegar a Jerusalém, foi aclamado pela população como sendo o Messias, o Rei, mas os romanos não acreditavam que ele era filho de Deus, duvidavam dos seus sábios ensinamentos, de sua missão para salvar a humanidade, então passaram a persegui-lo.

No Brasil, existem também relatos de autoflagelação entre indígenas Bororo durante cerimônias de enterro

Já para os evangélicos, a “Semana Santa” não altera em nada suas rotinas, visto que, eles aprendem desde os primeiros passos na fé cristã a ter uma vida devocional de oração e leitura da Palavra.

Segundo Erivan Pedro de Moura, pastor da Igreja Batista Renascença, eles relembram constantemente a vida e o ministério de Jesus Cristo, inclusive nesta semana.

A programação varia muito conforme a comunidade evangélica. Particularmente, na Igreja Batista Renascença, é seguida a ordem normal dos cultos semanais. Os membros da comunidade ficam à vontade para se confraternizar com seus entes queridos e eles não possuem costumes específicos como os católicos.

“As mensagens nos cultos costumam ser temáticas, enfatizando o ministério de Jesus Cristo. Também celebramos o memorial da Ceia do Senhor, memorial este instituído pelo próprio Jesus”, coloca o pastor ao frisar que, assim como a Igreja Católica, a Igreja Evangélica concorda que este seja um período apropriado para explicar às pessoas o
verdadeiro significado da morte e ressurreição de Cristo, que deve trazer alegria e esperança às suas vidas.

“No entanto, não focamos na “Semana Santa” ou Páscoa como tradição a ser seguida. A Páscoa faz parte da tradição judaica e Jesus foi superior a esta tradição, por isso foi morto por ela.

Não concordamos com o jejum de quem se abstém de carne apenas neste período, pois praticamos o jejum bíblico, que é atemporal e traz consigo propósitos específicos e não ligados à tradição”, acrescenta.

O pastor declara ainda que a Páscoa que se comemora hoje não se assemelha nem de longe com a Páscoa bíblica. A festa de hoje é recheada de práticas e simbologia pagãs.

“O ovo e o coelho de hoje nada têm a ver com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Semana Santa deve nos reportar ao sentimento de liberdade e não ao consumismo desenfreado com cheiro de chocolate”, finaliza.

Umbandistas seguem tradições do catolicismo

O feriado santo é carregado de simbologias e significados que são interpretados de maneiras diferentes por católicos, protestantes, umbandistas e espíritas. Nos terreiros de umbanda, as comemorações da Semana Santa têm início na Quarta-feira Santa com o fim
da Quaresma.

"Muito antes do cristianismo, o povo africano já respeitava a Quaresma, porém com um significado diferente dos fatos relacionados à vida de Jesus Cristo."


Enquanto os cristãos celebram a morte e a ressurreição de Cristo, os africanos celebram o Lorogun, período em que os orixás entram em guerra contra o mal, para trazer o pão de cada dia para seus filhos.

Segundo o umbandista José Edmilson Bezerra, de 57 anos, a Semana Santa começa na quarta-feira que antecede o domingo de Páscoa, 40 dias após a quarta-feira de cinzas, quando se comemora na umbanda o retorno aos trabalhos com os orixás no sábado de aleluia.
"Seguimos as mesmas tradições da igreja católica, guardamos as quartas e sextas, não comemos carne vermelha nestes dias. Todo o mês de março é feito oferendas para os Exus, para agradecer tudo que foi conseguido durante o ano e no sábado de aleluia batemos os tambores, que simbolizam o começo dos trabalhos.
O Cardeal de Caracas, Dom Jorge Urosa, ressaltou em um sermão a incompatibilidade entre o catolicismo e a umbanda.
Desnecessário dizer que aqui no Brasil também é necessário lembrar com frequência que esses sincretismos não são possíveis. Alguns bispos têm procurado distanciar as lavagens de igrejas de qualquer atividade religiosa católica.

Segue transcrição trecho das palavras do Cardeal Urosa:"Não podemos ser umbandistas e católicos. Talvez pessoas com uma fé débil queiram iludi-los dizendo que sim, que se pode ser umbandista e católico. Não senhor. Pão, pão; queijo, queijo. Todo mundo entende isso, certo? Pois bem, a umbanda é uma religião totalmente diferente da religião católica...


Doutrina espírita não celebra a Páscoa
De acordo com o espírita Paulo James, o espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de religiosidade das diversas igrejas cristãs.


A doutrina espírita não adota práticas especiais neste feriado de cunho religioso, portanto, não há celebração especial nesta data por parte do movimento espírita, embora haja atitude de respeito às expressões de fé instituídas no Brasil há séculos.

"Não nos apegamos a nenhum costume ou rótulo religioso. Vivemos e vemos Jesus vivo no nosso dia a dia, sem precisarmos de nenhum culto exterior.

Nós respeitamos todos os crédulos religiosos, embora não seguimos as suas formas e exteriorizações, nos mantendo acreditando na imortalidade do espírito", declara Paulo James ao contar que, na doutrina espírita, a morte é consequência do processo de reencarnação, que não tem nenhuma conotação especial a não ser a volta para o mundo espiritual e, portanto não há necessidade de se relembrar sempre com tristeza a data.

A Páscoa para os espíritas representa uma reflexão mediante a libertação espiritual, sendo um sentido bem mais amplo. Por isso os espíritas não vêm a necessidade de ser este dia um dia de feriado.

Para eles, Jesus é mestre por excelência, é um educador que ensina como agir rumo ao bem e a libertação. "Não seria o derramamento do sangue que teria significado, mas toda sua trajetória que nos ensina como vencer e como agir como filhos de Deus", acrescenta Paulo James.

O espiritismo, embora sendo uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição, para eles, Jesus apareceu a Maria de Magdala e as discípulos, com seu corpo espiritual, que chamam de perispírito.

"Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as Leis naturais do nosso mundo para afirmar o seu conceito de missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, ate mesmo a ressurreição, finaliza o espírita.

No islamismo, a autoflagelação está presente entre algumas vertentes, sejam nos muçulmanos xiitas em datas específicas como na celebração de Ashura, ou em grupos étnicos do noroeste africano...

Se liga:
"Cristo" é um epíteto dado a Jesus e significa "ungido" em grego. Mas qual era o verdadeiro nome de Jesus? Como judeu que era, ele tinha um nome aramaico (o aramaico, derivado
do hebraico, era a língua falada pelos judeus do século 1º da nossa era): Yehoshua (ou Yeshua) ben Youssef, isto é, Josué, filho de José.
Mas Jesus também era conhecido como Jesus de Nazaré, ou Jesus o Nazareno, em razão de sua cidade de origem. Ao ter sido batizado no rio Jordão e reconhecido como o mensageiro de Javé que viera libertar o povo judeu da opressão romana (Yehoshua significa "Javé salva"), Jesus recebeu o epíteto de Mashiach ("Messias"), que em hebraico quer dizer "ungido". Como o Novo Testamento foi redigido num grego tardio chamado koiné, o nome Yeshua Mashiach foi traduzido para Iesoûs ho Khristós, literalmente "Jesus o Ungido".

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.voaportugues.com/www.meionorte.com/

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