UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Votos que Zumbi Renasça em nos e que nunca percamos de vista a luta por uma sociedade justa.Boas Festas Gente Linda!!!

FIM : Hora de Recomeço...
O mês de dezembro representa um fim, de um ciclo mas também anuncia um recomeço ou um novo ano.

A vocês, que TOD@S contribuíram de uma forma ou de outra, direta- ou indiretamente, para tornar a UNEGRO este ano mais forte, mais cheio de vida, o meu muito obrigado!

Uns, podem achar que contribuíram com que uns  chamam de "besteiras", mas toda contribuição e valiosa, e nos proporcionaram no minimo muitos momentos de risadas alegres, descontraídas. - Valeu!!!

Aos que travaram, as batalhas - Valeu mais ainda!!!   - Os enfrentamentos que nos  fazem ser quem somos ...

 Obrigado!       Pela construção de lutar por uma sociedade mais justa onde negr@s e não negr@s possam ter oportunidades iguais...

O fim do ano nos aproxima do fim de parte de nossa caminhada na terra, mas nos aproxima também do começo de nossa vida definitiva. Se o corpo amadurece, a alma não envelhece; é dotada de juventude perene; se na velhice do corpo ela não se manifesta, isto se deve a deterioração do corpo, e não a insuficiência da alma humana, que tem o corpo como seu instrumento.

Nesse contexto pode-se crer que três sentimentos movem a tod@s :
1) Gratidão ao pelo dom da vida. O tempo é a primeira dádiva dada ao homem;
Junto com a gratidão vai um ato de arrependimento pelo possível descaso do tempo que foi confiado.

2) Mais maturidade... A vida é uma escola, em que vamos aprendendo a escalonar sempre

melhor os nossos valores, de modo a viver sempre mais acertadamente na demanda do Absoluto e Definitivo. - O começo de novo ano é um convite a mais seriedade e profundidade.

3) Alegria... Se, de um lado, o corpo vai-se fragilizando e com o tempo não nos faça renunciar a nenhum dos valores legítimos.


 - Vai chegando ao fim o ano como um barco que navega, é mais e mais penetrado pela luz da vida definitiva emitida pelo porto ao qual tende.  

- A vida não pode deixar de ser marcada por uma vida alegria interior, pois deve ser um progresso que, deixando para trás infantilismo e imaturidade, vai sendo invadida pelos valores eternos que lhe serão cada vez mais próximos.

É com estas ponderações que desejamos a tod@s unegrin@s e amigos um Natal e Fim de

Ano e Abençoado na Fé seja ela qual for ,que seja um passo largo em demanda da Eternidade.

"E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho espiritual negro: 
"(Martin Luther King)


Na hora do brinde, vamos tentar lembrar uns dos outros, cada um pensando nos outros, e quem sabe lá em cima, em algum lugar do espaço, a gente não se encontra?

AMIGOS SEMPRE SE ENCONTRAM!!!

Um beijo individual no coração de cada um de vocês, com todo o meu carinho e respeito.
Um afro abraço.


 Claudia Vitalino

sábado, 19 de dezembro de 2015

Lenda das quedas de água do Dala (Lunda) – Angola

Na margem esquerda da cascata do Dala, foi habitar o soba Cahibo, um autêntico Nero de raça negra, cuja memória aterrorizante ficou escravizada na tristíssima lembrança dos povos da Lunda, sempre prontos a recordar os seus crimes, tão bárbaros como estranhos, levados a termos com requintes da máxima selvajaria – manifestção doentia e miseranda de seu génio bárbaro, sedento de grandes emoções, que fizessem vibrar até o delírios, sua sensibilidade desumana !
Corre de memória em memória, que um dia, dominado pelo prazer extra-humano, possuído de uma vertigem de sangue, esse soba cruel mandou matar duas crianças virgens, das mais belas flores negras do seu enorme sobado.
Revestido de grande solenidade, como se estivesse a assistir à sua própria coroação, fazendo brilhar sua loucura, o soba Cahibo, impassível, assistiu ao acto de tortura das tristes virgens, mortas lentamente ante o deslumbramento selvagem da turba ignara.

Poucos dias depois de consumado o crime hediondo – pobre lembrança no recordar das gentes – apareceu na embala do soba Cahibo, sem se saber qual a sua origem, um lindo casal de aves, de penas brancas e muito setinosas.

Todos os dias ao pôr do sol, alegres e no ar bailando, as aves iam banhar-se nas revoltosas e frias águas da cascata da Dala.

Dizem os descendentes do antigo e poderoso sobado do sanguinário rei Cahibo que logo após a entrada das aves nas águas da cascata, um barulho ensurdecedor – dir-se-ia infernal batuque executado por uma enorme tribu aguerrida – se fazia ouvir durante algum tempo, amedontrando os habitantes da embala…
Depois de muito se banharem, esvoaçando envolvidas no pó da água, deixando cair aqui e ali, leves gotas de líquido cristalino, as aves felizes, regressavam, rompendo a nuvem húmida, ao sobado, ainda e sempre aterrorizado.
Aconselharam o soba a mandar matar as aves brancas.Receoso, julgando cair no desagrado dos mortos, o soba ordenou que não lhes tocassem, porque dizia – eram almas do céu vindas à terra !…

Uma tarde, já o sol ia a morrer no seu engano de todos os dias, as aves soltaram vôo, e lá foram, como de costume, banhar-se na cascata.

Nesse morrer do dia, o barulho foi tão grande, tão grande, que o medo, elevado à demência, endoidou a pobre gente do sobado.

Cahibo, agora mísero farrapo humano, juntou-se aos seus e, tremente, semi-louco, abalou de suas terras para não mais voltar.
E, no dia seguinte, as aves lá foram no cumprimento de sua estranha missão.



Mergulharam nas cristalinas águas da cascata do Dala e jamais voltaram do seu banho eterno…
É da crença – crença de ontem, de hoje e que irá pelos séculos fora – dos moradores da região do Dala, junto do rio Chiumbe, que essas aves brancas eram as almas das pobres virgens sacrificadas, miserandamente, pela crueldade do soba Cahibo, morto pouco tempo depois de abandonar suas terras, pelo desígnio dos deuses !

Um afro abraço.
fonte:casadecha.wordpress.com/category\

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

NEGRAS LÉSBICAS:O estereótipo sapatão: visibilidade, lesbofobia e f​eminilidade

"​SER UMA MULHER NEGRA LÉSBICA ME GARANTE PRESENCIAR LESBOFOBIA E RACISMO EM ESPAÇOS DE LUTA. ALGUMAS MUITAS VEZES ISSO ACONTECE DE FORMA NÃO PENSADA POR QUEM PRATICA E OUTRAS TANTAS DE FORMA BASTANTE DESLEGITIMADORA.”
​ ((REBECA NASCIMENTO )​

Estas colocações são a base da linha de pensamento aqui apresentada. Qual a representação das mulheres lésbicas na mídia? Qual o estereótipo de sapatão a que estamos acostumadas e acostumados? Quem são as lésbicas que sofrem diretamente com a lesbofobia e o que a feminilidade tem relação com isso?
Carol Ferza coloca muito bem qual a representação das mulheres lésbicas na televisão brasileira. Lésbicas brancas seguem o padrão de beleza imposto que já sabemos muito bem. Além de pertencerem a uma classe social financeiramente perfeita, suas vidas profissionais e pessoais não são afetadas pela orientação sexual. Lésbicas negras, por outro lado, são representadas de uma forma geral como a maioria dos homens negros são representados: atuando com trabalhos braçais, em péssima situação financeira, com interesses prioritariamente sexuais em relação a outras mulheres e sem acesso à educação.
“MEU DESEJO POR REPRESENTATIVIDADE NÃO VISA SIMPLESMENTE UMA VONTADE DE NUTRIR MINHA AUTOESTIMA. NÃO! TRATA-SE DE EDUCAR AS PESSOAS, MOSTRAR LÉSBICAS NEGRAS (E AS DEMAIS COLORIDAS) NA SUA ESSÊNCIA COMO PESSOAS, COMO CIDADÃS, COMO SERES HUMANOS DOTADOS DE SUAS VIRTUDES E MAZELAS COMO QUALQUER OUTRA, INDEPENDENTE DE SUA SEXUALIDADE.” (CAROL FERZA)

Essa representação difere sensivelmente da representação de mulheres lésbicas das grandes produções dos EUA, onde existem mulheres lésbicas brancas e negras, em suas variadas trajetórias, corpos, vivências e preferências, tanto em Orange Is The New Black quanto em The L Word – onde nenhuma das séries colocam mulheres brancas e negras em pé de igualdade – e outras séries e programas existentes, atuais ou não. Lembrando que isso não significa que são representações boas, muito pelo contrário, mas algo a ser tratado em outro texto, não apenas pela representação, mas também por todas as possíveis críticas a se fazer nas duas séries.

Rebeca aponta os impasses de militar sendo uma lésbica negra. O movimento negro ainda não está preparado para falar sobre lesbofobia e todas as agressões recorrentes às lésbicas negras, e o movimento lésbico ainda não está preparado para falar e discutir sobre racismo e todas as agressões recorrentes às lésbicas negras. Um ano se passou e poucas

mudanças ocorreram. Coletivos do movimento negro ainda não conseguem fazer o recorte para dialogar conosco e coletivos feministas prioritariamente lésbicos não avançam na desconstrução do racismo enraizado nos discursos, reações e pensamentos. As ações coletivas nos espaços feministas, quando não são prioritariamente lésbicos, abrangem pautas que possuem relação com mulheres lésbicas mas desconsideram estas mulheres, como Agnes Aguiar aponta e questiona.

A falta de representação e representatividade acarretam em formas de expressão que diferem a convivência, o discurso e a compreensão de tudo o que está em nossa volta. Como já mencionei, mesmo sem saber muito bem o que procurava, nunca me senti representada direta ou indiretamente na mídia, o que me fez absorver alguns padrões e demorar bastante tempo para me desprender dos mesmos. Um deles foi a feminilidade.

É bastante complicado, para mim, falar ou escrever sobre feminilidade. Não discordo de reflexões acerca da feminilidade que apontam que é uma imposição social extremamente agressora que fomenta o capitalismo patriarcal, mas não deixo de pensar, ainda assim, que mulheres negras tiveram suas feminilidades negadas desde que seus corpos começaram a desenvolver-se. A feminilidade está, atualmente, conectada com a beleza, delicadeza e sutileza feminina, no coração de mãe, na grande conquista que é dar vida a outro ser. Que
mulher negra é considerada delicada? Que mulher negra é considerada bela pelos padrões de beleza? Que mulher negra é sutil? Que mulher negra considera uma conquista dar vida a outro ser?

Na descoberta da minha lesbianidade, equivocadamente achei que precisaria me parecer ao máximo com um garoto para poder me aproximar de mulheres lésbicas, mas ao longo dos anos, percebi que resistir à feminilidade, para muitas mulheres, é algo que as protegem do assédio sexual – como consequência, as tornam uma sapatão visível e, automaticamente, as deixam mais vulneráveis às agressões lesbofóbicas da sociedade, por não serem “lésbica padrão da televisão” que atrai os olhares masculinos e fetichizam a relação lésbica.

O estereótipo sapatão é, muitas vezes, diretamente associado com a não aceitação da feminilidade. Ou seja, lésbicas masculinas ou a butch, estão muito mais vulneráveis às agressões lesbofóbicas da sociedade do que, por exemplo, lésbicas femininas, que estão mais vulneráveis a terem suas relações afetivas e sexuais extremamente fetichizadas pelo olhar masculino e a mídia num todo.


Mulheres lésbicas negras, “femininas ou masculinas”, estão suscetíveis às agressões lesbofóbicas e racistas e, independentemente de suas aparências e comportamentos, é impossível separar lesbianidade e negritude, mesmo quando essa mulher não corresponde aos esteriótipos de mulher negra e mulher lésbica. Sempre teremos dificuldade em encontrar espaços onde nossa saúde, não apenas corporal mas mental também, nossa vivência, nossas necessidades, nossa segurança, nossa representação, nossa participação e autonomia sejam inseridas em discussões, estejam representadas de uma forma séria e relevante. Sempre será extremamente difícil ter que dizer para as pessoas que existem lésbicas negras e existem negras lésbicas. Enquanto nossa representatividade for inexistente, enquanto formos pessoas invisíveis na sociedade, teremos a necessidade de nos colocarmos à frente de coletivos e espaços (públicos ou não), cobrando representação, pautando nossas próprias necessidades, mas não passando por cima das necessidades e pautas de outras mulheres, com diferentes sexualidades.

NÓS EXISTIMOS E RESISTIMOS.
 Que toda mulher negra e lésbica se afirme por mim, por
ela e por todas:Somos negras e lésbicas.

Afro abraços!

Por:Marisa Justino
UnegroNova Iguaçu / RJ
​Diretoria Plena - pasta LGBT

sábado, 12 de dezembro de 2015

Carolina Maria de Jesus - a voz dos que não têm a palavra...

Semi-analfabeta, negra e favelada, Carolina foi mãe de três filhos e nunca se casou.
Apesar de tais condições, a paixão dela pela escrita e leitura foi tamanha que passou a dividir seu tempo entre cata papel, cuidar dos filhos e escrever.Lançado pela Livraria Francisco Alves em agosto de 1960,

Historiografia:
Carolina Maria de Jesus (Sacramento MG, ca.1914 - São Paulo SP, 13 de fevereiro de 1977). Autora de diários e romance e também poeta. De família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância. Sua escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com a família para uma fazenda em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Retorna a Sacramento, em 1927, e, por causa das dificuldades econômicas, migra para Franca, São Paulo, em 1930, passando o primeiro ano na fazenda Santa Cruz e, depois, na cidade, onde trabalha como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de cozinha e doméstica. Com a morte da mãe em 1937, vai para São Paulo em busca de melhores condições de vida. De 1948 a 1961, reside na favela Canindé, sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas, numa reportagem sobre a inauguração de um playground no Canindé, conhece Carolina e se interessa pelos seus 35 cadernos de anotações em forma de diário, e publica um artigo na Folha da Noite. Em 1959, trabalhando na revista O Cruzeiro, o jornalista divulga trechos dos relatos escritos pela autora e, posteriormente, empenha-se na publicação que reúne esses relatos, Quarto de

Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, com notável sucesso editorial. Carolina muda-se para uma casa que consegue comprar no bairro de Santana e mantém o diário com registros do que lhe acontece ali, depois editados em Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, em 1961. Em 1963, publica Pedaços da Fome, seu único romance, que tem pouca repercussão. Em função dos contínuos desentendimentos com seus editores, bem como das dificuldades enfrentadas para manter-se em evidência e adaptar-se à vida no bairro de classe média, muda-se para um sítio no bairro de Parelheiros, São Paulo, em 1969, onde é praticamente esquecida pelo mercado editorial, apesar de algumas tentativas de voltar à cena literária. Após sua morte, são editadas obras escritas entre 1963 a 1977, das quais a mais significativa é Diário de Bitita, com suas memórias de infância e juventude, inicialmente lançado na França.

"O livro... me fascina. Eu fui criada no mundo. Sem orientação materna. Mas os livros guiou os meus pensamentos. Evitando os abismos que encontramos na vida. Bendita as
horas que passei lendo. Cheguei a conclusão que é o pobre quem deve ler.
Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)

-Em Quarto de Despejo, a mulher negra e favelada, com pouca escolaridade, registra o cotidiano de pobreza que rege seus dias, bem como a humilhação social e moral a que estão sujeitos os habitantes da favela do Canindé. As anotações de Quarto de Despejo, embora com descontinuidades cronológicas, não apresentam quebras na estrutura narrativa: cada dia é igual a todos os outros, e o que conduz o fluxo da vida é a fome e a luta contra ela. Nelas se pode constatar que o trabalho, precário, não traz mais do que a condição mínima da sobrevida e a reprodução da pobreza.


Nos apontamentos de seu dia-a-dia, Carolina Maria de Jesus oscila entre desânimo e alegria, sentimentos norteados pela carência de condições materiais para manter-se e a seus filhos em situação digna. Ao tratar dos outros moradores da favela, Carolina Maria de Jesus busca diferenciar-se e deixa documentada, em tom de denúncia ou de moralização, a perda da honra daqueles que, excluídos, estão no "quarto de despejo" da cidade. Escrever sobre a favela não é apenas uma forma de tentar dar sentido à própria vida, mas também de revelar a miserabilidade implicada na modernização dos anos 1950.
O relato do cotidiano da favela é direto e cru, sem que se temam os temas-tabus, como a ocorrência de incestos e de relações promíscuas, bem como o horror que a fome pode produzir. Estilisticamente, os recursos da repetição e das frases feitas indicam, no plano do sentido, o fechamento e a imobilidade do mundo social ali representado; a cada entrada no diário, a autora anota o horário em que acorda, os gastos que terá se quiser se alimentar e vestir os filhos e o que poderá, ou não, acumular em dinheiro, o qual tem valor concreto e imediato, quase como um objeto. Os momentos de lirismo aparecem em anotações sobre a

natureza, que surge como contraponto ao estado da miserabilidade a que são confinados os pobres.

Fugindo aos cânones do que se considera "literatura" em meios acadêmicos, Quarto de Despejo é mais do que um simples depoimento; trata-se de uma obra em que, a despeito das condições materiais e culturais de sua autora, constrói-se uma forte e única representação da dinâmica social urbana, vista pelo ângulo dos que são lançados à margem. Carolina Maria de Jesus escreve para denunciar a favela e para sair dela; escreve também para, diferenciando-se dos outros moradores, lutar contra o rebaixamento a que estão sujeitos os miseráveis, num momento em que se anuncia novo salto modernizador de São Paulo e do Brasil.

"A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago."

- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo", 1960.


Em Casa de Alvenaria, notam-se mais explicitamente as contradições da autora quanto ao que deseja para si mesma e para sua família. Também ficam patentes suas hesitações com relação aos anseios por reconhecimento público ou ao repúdio pelos mecanismos sociais que dificultam o trajeto profissional como escritora. Essa conjunção, por vezes discrepante, ajuda a entender as razões pelas quais essa obra é considerada pouco significativa e muito voltada para o trajeto instável de um indivíduo. Confinada à forma do diário, Carolina Maria de Jesus parece se sentir compelida a repetir uma fórmula, cujo efeito não tem a força de revelação de Quarto de Despejo. A figura da ex-favelada não desperta interesse, porque ela e sua obra são objeto de atenção apenas enquanto revelam a face negativa do desenvolvimentismo; já as oscilações ideológicas da mulher que, famosa, busca a atenção da imprensa e do público não
trazem à época elementos que se julguem significativos.

Diário de Bitita, publicado após a morte da autora, resgata a força literária da produção de Carolina Maria de Jesus. Trata-se de memórias da infância e da adolescência, em Sacramento e nas fazendas onde trabalha como colona, bem como de seus primeiros tempos em Franca. Nesta obra, os temas da injustiça social, da opressão, do preconceito contra os negros, dos abusos dos poderosos são apresentados a partir da perspectiva daquela que os viveu. Apesar de suas condições materiais, Carolina Maria de Jesus lutou para conquistar dignidade e para se constituir como alguém que resiste à exploração e à desumanização. A obra testemunha a história dessa luta e da opressão a que estão confinados os pobres no Brasil das primeiras cinco décadas do século XX.

Um afro abraço.

Fonte: Enciclopédia de Literatura

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

"No dia 10 de Dezembro pedimos Direitos Humanos Também Para Negros e Minorias"

Para podermos nos nossos próprios direitos individuais e coletivos, mas também em defesa dos interesses de todo o restante da população, torna-se fundamental que conheçamos e discutamos aspectos básicos do tema. O próprio conceito de minoria e as dificuldades e conseqüências de sua conceituação; a situação desses grupos perante o direito como um todo e especificamente perante o direito brasileiro; alguns exemplos de grupos minoritários; os tratados internacionais sobre o tema; a situação concreta do posicionamento da sociedade e das autoridades públicas para com o mesmo: essas são visões que devem ser analisadas cuidadosamente, sem se perder de vista o objetivo maior de promover a integração dos grupos mais discriminados às parcelas majoritárias da população, no sentido de eliminar quaisquer tipos de estereótipos, preconceitos ou discriminação em relação aos primeiros.

Desde o dia 22 de abril de 1500, nunca mais o Brasil se viu livre da discriminação, a qual nasceu com ele. Tudo começou com os índios, passando pelos negros escravos e alcançando os nossos dias, com a discriminação dos pobres, deficientes físicos, homossexuais, mulheres, crianças e adolescentes entre outros. Mas de todos os excluídos, os negros, com toda a certeza, foram os que mais sofreram com o preconceito. Junto com os indígenas, foram as grandes vítimas no Novo Mundo, sofrendo terríveis agonias e sofrimentos, participando de lutas, morte e martírio, em busca da libertação da horrível escravidão que lhes foi imposta. Durante os três primeiros séculos de história de nosso país, foram trazidos para cá, como escravos, mais de três milhões de africanos, os quais, através da força do seu trabalho, acumularam riquezas que hoje formam o patrimônio das atuais elites econômicas brasileiras. Com a abolição da escravatura, em 1888, o Estado Brasileiro deixou os negros à mercê da concorrência do mercado capitalista. Só depois de 100 anos do fim da escravidão, e mais de 400 anos de luta do povo negro, é que este Estado se propõe a pensar e elaborar políticas públicas para valorização dos descendentes de africanos escravizados no Brasil.

Preconceito

O Brasil é um país de dimensões continentais, dotado de recursos inimagináveis e, em sua maioria, ainda inexplorados. Além disso, desde que se tornou uma “esperança” mundial em

tempos passados, como o “Jardim do Éden” dos povos em sua maioria provenientes da Europa e que fugiam de focos de guerras e revoluções que assolaram o continente, principalmente no século XIX e atual, esta terra se transformou numa gigantesca “Arca de Noé”, acolhendo diversas raças e culturas que aqui depositaram sua confiança, sonhos e expectativas. O Brasil possui uma formação populacional altamente heterogênea em índices não experimentados por nenhuma outra nação do planeta, o que faz dele, realmente, um lugar especial e a prova viva de que é possível viver em harmonia étnica e cultural em meio a um oceano de miscigenação. Evidentemente que esta “harmonia” é relativa e deve ser observada com olhos atentos. Mas não se pode negar que o cenário nacional encontra-se livre de antecedentes históricos envolvendo atentados à bomba contra templos religiosos ou grupos racistas radicais declarados como se vê em países como Estados Unidos, França e Alemanha. O povo brasileiro, em toda a sua diversificação, é um povo uno, uma raça só oriunda de diversas outras raças, uma só entidade socio-política de larga base territorial. Mas esta aparente unidade não pode esconder uma outra realidade nacional: o racismo.

A violência contra o negro

No que diz respeito à violência policial no Brasil, segundo pesquisa do Datafolha, os negros são abordados com mais freqüência durante as blitz, recebem mais insultos e mais agressões físicas que os brancos. A desvantagem, revelada pela pesquisa Datafolha, não pára por aí: percentualmente, também há mais revistados negros que qualquer outro grupo étnico.

Entre os da raça negra, quase metade (48%) já foi revistada alguma vez. Desses, 21% já foram ofendidos verbalmente e 14%, agredidos fisicamente por policiais. Os pardos superam os negros em ofensas: 27% deles foram ofendidos verbalmente e 12% agredidos fisicamente. Ao todo, 46% já foram revistados alguma vez. A população branca é menos
visada pela polícia. Entre estes, 34% já passaram por uma revista, 17% ouviram ofensas e 6% já foram agredidos, menos da metade da incidência entre negros. Em cada três negros, um (35%, exatamente) teme mais a polícia que os bandidos e outro teme os dois na mesma proporção, aponta o levantamento. Para os entrevistados de cor branca, somente 19% (um em cada cinco) temem mais a polícia. Quase a metade, 47%, tem mais medo dos bandidos do que da polícia.

Quanto à criminalidade, constatou-se que dos homicídios dolosos contra menores, 54% das vítimas eram menores negros e 33,9% eram brancas, inserindo-se as restantes a outras categorias. Da população dos presídios, 68% das pessoas presas têm menos de 25 anos de idade, sendo que 2/3 são negros e mulatos;

O Impacto dos Instrumentos Internacionais de Proteção dos direitos humanos na Constituição atual

”Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1º: O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Parágrafo 2º: A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

Art. 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico , arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.


Lei 2889/56 (de prevenção ao genocídio)

Art. 1º - Quem, com intenção de destruir no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:

a) Matar membros do grupo;
b) Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe
a destruição física total ou parcial ;
d) Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) Efetuar a transferência forçada de crianças de um grupo para outro grupo.

Será punido:

- Com as penas do art. 121, § 2, do Código Penal, no caso da letra a;
- Com as penas do art. 129, § 2, no caso da letra b;
- Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
- Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
- Com as penas do art. 148, no caso da letra e.

Considerações finais

Gente precisamos acabar com a noção de que os negros são sempre sinônimos de criminalidade, samba,
pagode, moda, religião (candomblé), faxineiras, serventes etc., contribuindo, no máximo, como incentivadores da preservação de sua cultura. São necessárias iniciativas para frear e acabar com o racismo no Brasil, principalmente do auxílio da escola, dos meios de comunicação e da educação em geral. O papel da escola é de fundamental importância no combate ao racismo. O racismo que se infiltrou pode, da mesma forma, ser retirado do nosso convívio se houver uma participação clara e ativa da população. Não se trata de utopia, mas de um objetivo a ser alcançado, o qual deve, acima de tudo, eliminar os seguintes dados de uma vez por todas do cenário brasileiro:

- Cerca de 60% dos negros brasileiros estão na faixa de analfabetismo;
- Apenas 18% dos negros tem possibilidade de ingressar na universidade;
- A expectativa de vida dos negros é de apenas 59 anos (brancos 64 anos);
- A qualidade de vida do Brasil o leva a ocupar a 63ª posição mundial, separando só a população negra o Brasil passa a ocupar a 120ª posição;
- 15,5% dos réus negros respondem em liberdade (brancos 27%);
- O negro é o primeiro a entrar no mercado de trabalho e o último a sair;
- A participação do negro em áreas "elitizadas" é ínfima;
- As mulheres negras ocupadas em atividades manuais representam 79,4% do total;
- Apenas 60% das mulheres negras que trabalham são assalariadas;

- As condições de moradia dos negros são quatro vezes pior que a dos brancos;
- Dentre a população negra economicamente ativa apenas 6% está ocupada em atividades técnicas, científicas, artísticas, administrativas;
- Muitas mulheres negras saem do país como artistas e são recebidas como prostitutas;
- As mulheres negras estão nas piores condições de vida do país. Dos direitos das minorias no Brasil
Se liga:          A legislação brasileira referente às minorias étnicas, lingüísticas e religiosas como um todo é muito escassa. Excetuando-se as referentes aos índios, negros, e estrangeiros, não há, no Brasil, leis específicas sobre os demais grupos minoritários, como ciganos e judeus ou qualquer outro grupo minoritário que seja alvo de perseguições por parte de uma maioria. Ressalta-se ainda que, na legislação brasileira, são tratados objetivamente como minorias apenas os índios, enquanto os demais grupos (inclusive negros e estrangeiros) são mencionados sem levar em conta o próprio conceito do termo minoria, seja sob o aspecto sociológico (quantitativo), seja sob o aspecto antropológico (qualitativo); o que só vem a prejudicar a defesa dos interesses dos mesmos como grupos minoritários que, de fato, são.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 232, atribui ao Ministério Público Federal a defesa dos direitos e interesses indígenas, não se referindo, porém, à proteção do Ministério Público Federal em relação aos demais grupos minoritários.

Foi somente com a Lei Complementar 75, de 20.05.1993, que as minorias étnicas, como as comunidades negras isoladas (antigos quilombos) e ciganos, por exemplo, foram inclusas sob a tutela do MPF.

A CF, em seu artigo 215, inciso1º, também afirma que: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório brasileiro”

Concluindo:

A discriminação racial fere os direitos humanos à medida que exalta uns em detrimento de outros. Uma vez que a discriminação racial direta é facilmente percebida e pode punida de imediato, a sociedade tem caminhado para um outro tipo de discriminação racial, a indireta. Mesmo essa sendo mascarada por normas e atitudes aparentemente inofensivas, vem sendo reconhecidas pelo judiciário, ainda que tímida a sua punição.

Reconhecer a existência de discriminação racial no Brasil é uma forma de organizar políticas em leis em favor da não discriminação. O Estatuto da Igualdade Racial é um importante instrumento na luta por igualdade, devendo ser conhecido, respeitado e implementado.

Uma lei sozinha não é capaz de extirpar da sociedade um problema de gerações. A igualdade depende de um maior esclarecimento da população, pois a educação é a base

de uma sociedade organizada.
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

FONTE:www.fundodireitoshumanos.org.br-ÁVILA, F. B. de. Pequena enciclopédia de moral e civismo. 2ª. Ed. Fename. Ministério da Educação e Cultura. Rio de Janeiro: 1972

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

UNEGRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FAZ SUA PLENÁRIA E FECHA O BALANÇO 2015

Carta da UNEGRO

Negras e Negros Compartilhando o Poder Brasília, novembro de 2011 Carta de princípios da UNEGRO Os militantes da União de Negros pela Igualdade - UNEGRO de todo território brasileiro, reunidos no seu 1º Congresso Nacional, na cidade de Jacareí - SP, em maio de 2000, resgatando a tradição dos lutadores das causas dos negros brasileiros como Zumbi dos Palmares, Luiza Mahin, Luiz Gama, Aqualtune, Osvaldão, Helenira Rezende, Solano Trindade, João Cândido e os líderes da Revolta dos Búzios, e tantos outros que deram suas vidas pela construção de uma sociedade justa onde os afrodescendentes pudessem exercer, de fato, o seu legítimo direito de cidadania, evocando a condição de sujeitos históricos com a nossa felicidade guerreira declaram publicamente que seguirão e defenderão fielmente os princípios abaixo.

Listando:

1. Combater o racismo em todas as suas formas de manifestação, particularmente as ações sistêmicas que impedem o usufruto pleno dos direitos de cidadania.

2. Combater todas as formas de discriminação de gênero, sistêmicas ou não, particularmente aquelas que afetem as mulheres negras, maiores vítimas do sistema racista e machista.

3. Combater a exploração de classe em todas as suas manifestações, colocando-se ao lado dos interesses da classe proletária na sua luta plena pela emancipação do capital.

4. Defender intransigentemente a autodeterminação dos povos.

5. Defender os legítimos direitos de todas as manifestações culturais e religiosas de matriz africana, lutando contra a sua folclorização e apropriação indevida pela indústria cultural.

6. Solidarizar-se com a luta de todos os movimentos sociais e populares que se colocam no campo.

Progressista.

7. Combater o genocídio que o imperialismo pratica contra os povos africanos e afrodescendentes e das nações da periferia do capitalismo, genocídio este que se manifesta pela incitação às guerras pela indústria de armamentos, exploração das riquezas minerais e florestais, descapitalização das nações via o sistema financeiro internacional.

8. Combater o capitalismo neoliberal por entender este padrão de acumulação de riquezas como uma forma de genocídio das populações não brancas.

Nós, militantes da UNEGRO no território nacional, declaramos publicamente que defenderemos estes princípios de forma consciente e voluntária, como parte de um projeto de construção de um futuro feliz para as nossas futuras gerações.


O 4º Congresso Nacional da UNEGRO aconteceu em Brasilia para quase 1.000 filiados.

Nossa plenária nacional em Agosto de 2015 também em Brasilia.

Nos da UNEGRO RJ estaremos dia 11 de Dezembro realizaremos nossa plenária estadual

de preparação, com credenciamento de 08: 30 as 11:00hs- No SINDMETAL( Rua: Ana Neri nº 152 - 3º anadar no auditório) 
 Rumo IIV Congresso Nacional no Maranhão.

Um afro abraço.

A direção

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Uma lenda africana:“De quando o leão sabia voar”,

O leão, segundo se conta, tinha a capacidade de voar, e naquele tempo nada escapava dele. Como ele não queria que os ossos de suas presas fossem quebrados em pedaços, ele fez  com que um par de corvos brancos vigiasse os ossos, deixando-os para trás no seu covil, enquanto ele ia para a caça.

Mas um dia Sapo Grande foi até lá, e quebrou todos os ossos em pedaços, e disse: “Por que os homens e animais não podem viver muito?” E acrescentou estas palavras: “Quando ele vier, diga a ele que eu vivo naquele lago, se ele quiser me ver, ele deve vir aí.”

O Leão, estava caçando na floresta, e quis voar, mas ele descobriu que não podia voar. Então ele ficou com raiva, pensando que alguma coisa no covil estava errado, e voltou para casa. Quando ele chegou, ele perguntou: “O que você fez que eu não voasse?” Então, respondendo, os corvos disse: “Alguém veio aqui, quebrou os ossos em pedaços, e disse: “Se ele me quiser, ele pode procurar por min naquele lago lá longe!”

O Leão se foi, e chegou quando sapo estava sentado na margem, e ele tentou saltar furtivamente em cima dele. Quando ele estava prestes a pegá-lo, o Grande Sapo disse: “Ah!” e mergulhou, foi até o outro lado da piscina, e sentou-se lá. O Leão o perseguiu, mas como ele não conseguiu, ele voltou para casa.

A partir desse dia, se diz, o Leão caminhou somente sobre seus pés, e também começou a

se arrastar (quando espreitava e caçava), e os Corvos Brancos tornaram-se totalmente mudos desde o dia em que disseram: “Nada pode ser dito sobre esse assunto.”

Um afro abraço.

fonte:www.contioutra.com/




Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...