UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 16 de agosto de 2015

Nossa Historia nossa gente: Jesse Owens

A participação do negro no esporte mundial tem suscitado a curiosidade e o interesse de muitas pessoas, estejam elas ligadas diretamente às áreas das atividades físicas, ou não. Também, algumas pesquisas, dentro desse tema, já foram feitas para tentar explicar o
desempenho dos atletas negros em algumas modalidades esportivas, sendo quase que exclusivamente voltadas para as “individualidades biológicas” dos afro-descendentes. 

"Há certas pessoas que estão acima de pautas, escopo de trabalho. Jesse Owens é uma delas. O sujeito que calou a boca de Adolf Hitler diante de 100 mil pessoas".

Tendo sua origem no feito do lendário corredor norte-americano Jesse Owens, na Olimpíada de Berlim, em 1936, a proposta deste artigo é justamente oferecer uma releitura do negro no esporte e refletir como foram produzidas, através da história, várias representações que engendraram muitas identidades neste sujeito, priorizando desnaturalizar uma destreza, a priori, para determinados esportes e outros, não. A questão do conhecimento que orientou esta pesquisa foram os estudos culturais e sua perspectiva da produção de identidade. Para tanto, procura-se resgatar um pouco da história da Educação Física no Brasil e seus primeiros olhares para as pessoas negras, mostrando como ela foi usada pelo movimento eugênico, para seus intentos de melhoria da raça brasileira.

Um discurso étnico-racial...

Temos observado ainda, muitas discussões a cerca da cor, dos brasileiros principalmente. Alguns cientistas de diversas áreas têm debatido sobre esse assunto. Enquanto alguns tentam demonstrar a diferença genética entre brancos e negros com a superioridade dos brancos, outros como Gilberto Freyre, que "enriqueceu" a ciência com a teoria Casa Grande – Senzala, onde se baseava os costumes da época, para ele os negros viviam numa paz regozijante da escravidão que se tornaram produtos dela, estudando a sociedade, isto não quer dizer que estavam corretos nas suas análises.

A Educação Física, aos poucos, foi adentrando no país; em 1931 torna-se obrigatória, por lei, a sua prática nas escolas secundárias, como promotora da saúde física, da educação moral e da regeneração da raça. Adotou-se, primeiramente, o método francês ou militar, que buscava eficiência nos movimentos, de forma racional e metódica, visando obter qualidades físicas e morais do indivíduo, de forma disciplinada.

A institucionalização da Educação Física no ensino brasileiro veio atender aos discursos
eugênico e autoritário do Estado, nos anos de1930, quando , também, foi intensa a entrada de livros e artigos, de cunho eugênico, de autores estrangeiros, como o periódico de Irving Fischer, A nova educação física, destacado por Catarino Filho (1982, p. 168-169):

“A nova educação física deverá formar um homem típico que tenha as seguintes características: talhe mais delgado que cheio, gracioso de musculatura, flexível, de olhos claros, pele sã, ágil, desperto, erecto, dócil, entusiasta, alegre, viril, imaginoso, senhor de si mesmo, sincero, honesto, puro de atos e de pensamentos, dotado com o senso de honra e da justiça, comparticipando do companheirismo de seus semelhantes'...

Jesse Owens: a performance esportiva

“O que importa são as rupturas significativas – em que velhas correntes de pensamento são rompidas, velhas constelações deslocadas e elementos novos são reagrupados ao redor de uma nova gama de premissas e temas”.

Jesse Owens, o “antílope de ébano”, como ficou conhecido por sua grande velocidade, saiu da bacia do Mississipi, no sul dos Estados Unidos - onde foram cometidas muitas atrocidades em nome do preconceito racial contra os negros - e veio a ganhar quatro medalhas de ouro na Olimpíada de Berlim, em 1936, de 100 m rasos, 200m, revezamento 4X100m e salto em distância, causando a irritação de Hitler e sua propaganda nazista de superioridade da raça ariana.

A performance de Jesse Owens quebrou um discurso secular de inferioridade das pessoas negras dentro do esporte, principalmente olímpico, e inspirou outros atletas negros a se lançarem no mundo do esporte; um deles foi Carl Lewis, considerado o sucessor de Owens,
também vindo do Mississipi. Lewis também ganhou quatro medalhas de ouro em Seul, em 1988.

O feito de Jesse Owens, até então, não tinha sido realizado por nenhum outro atleta de qualquer outra etnia. Esta conquista tornou-se um divisor de águas; um deles, foi o número cada vez maior de negros que começou a se destacar no atletismo mundial, de forma marcante, nas provas de velocidade e salto em distância, como também, superando, até então, a divisão de esporte de negros e esporte de brancos.

A partir dos resultados de Jesse Owens e do avanço das técnicas de treinamento, a raça negra começou a ser vista como objeto de estudo pela ciência do esporte. O negro passa de uma concepção de inferior, dentro de um movimento evolucionista, darwiniano e eugênico, para a rotulação a certos esportes em que a questão econômica não era um empecilho, como: o atletismo, principalmente nas provas de velocidade, pois, mais tarde os atletas negros se destacariam, também, nas provas de meio fundo e fundo, boxe e o futebol.

Na corrente de ascensão do treinamento esportivo, o esporte olímpico fugiu ao ideal do Barão de Cobertim, idealizador dos Jogos Olímpicos da era moderna. A "união entre os povos” era o que ele priorizava, mas, os jogos viraram uma disputa política dentro do esporte. O bloco socialista e o capitalista lutavam por uma superioridade dentro do campo esportivo. Esse período ficou conhecido como guerra fria, onde o primado no esporte era de quem possuía as melhores técnicas de treinamento e conseguia obter os melhores resultados.

A fisiologia, a cinesiologia e a anatomia passaram a exercer papel preponderante nesta filosofia; surgem os princípios do treinamento esportivo que vigoram até hoje na preparação física, sendo que, um deles, o da “individualidade biológica”, é o escopo do presente estudo. A individualidade biológica analisa os indivíduos e suas características genotípicas e fenotípicas para dirigi-lo a uma determinada modalidade esportiva e os métodos de treinabilidade. Essa nova proposta moldou o sujeito negro a determinados esportes e a representá-lo como corredor nato de velocidade, uma representação gerada a partir do crescente aparecimento de velocistas negros.

Como já mencionado, o sujeito negro foi alvo de muitos estudos, dentro do campo esportivo, e a fisiologia procurou decompô-lo em sistemas de funcionamento isolado. Atribuíram o desempenho dos atletas negros velocistas, segundo os estudos de Cintra Filho (1997), ao seu alto percentual de fibras rápidas, quadril mais estreito, quadríceps mais robusto e pernas (segmento do membro inferior abaixo do joelho até o tornozelo) mais finas; tudo isso para proporcionar uma melhor aerodinâmica para o deslocamento em alta velocidade. Também, foram buscar respostas na África, onde os corredores de provas de velocidade provinham da parte ocidental e os de prova de longa duração, da parte oriental; sendo essas duas regiões separadas, geograficamente, durante muito tempo, pela grande fossa africana ao leste, oriundas, no passado, por erupções vulcânicas e ao norte, pelo árido clima do deserto.

Outra questão inquietante é que tal supremacia dos velocistas negros e fundistas (corredores de longas distâncias) só ocorre entre o sexo masculino, sendo que, no feminino, existe um equilíbrio. Não é objetivo deste trabalho aprofundar-se nesta questão, pois, trata-se de assunto para outro estudo, mas, uma pergunta instiga, sob essa perspectiva: na cultura patriarcal em que são educados homens e mulheres de qualquer grupo étnico-racial, as habilidades corporais masculinas não são sempre mais favorecidas?

Recentemente, presencia-se a ruptura do sujeito negro, frente a estes discursos preestabelecidos pela ciência. Um exemplo disto é o nadador negro do Suriname, Anthony
Nesty, que ganhou em Seul, em 1988, a medalha de ouro no nado borboleta, modalidade que exige maior esforço e técnica do atleta. Nesty ganhou de dois ícones da natação mundial, o norte-americano, Mattheu Biondi e o alemão ocidental Michel Gross.

No Suriname, havia uma única piscina oficial de 50m, onde Nesty treinava, o bastante para o atleta negro ganhar uma bolsa de estudos na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos e tornar-se o primeiro e único negro a ganhar uma medalha de ouro de natação dos Jogos Olímpicos. Outro exemplo que quebrou o discurso sobre a fraca performance do negro na natação é o nadador brasileiro Edivaldo Valério, primeiro negro a compor a equipe olímpica da natação brasileira e a ganhar uma medalha de bronze nas Olimpíadas de 2000, em Sydney, no revezamento 4x100m livres.

Muitos acontecimentos vêm rompendo as representações que traduziram o negro em determinadas identidades, no âmbito esportivo e em outros campos sociais. Exemplo disso são as irmãs Wilhams no tênis, Tiger Wods no golfe, Rogério Clementino, primeiro cavaleiro negro do mundo elitista do hipismo (que irá compor a seleção brasileira nas Olimpíadas de Pequim) e o novo fenômeno da Fórmula 1, talvez, o último baluarte instituído como lugar de branco e rico a ser rompido por uma identidade negra, o inglês Lewis Hamilton, que, no Grande Prêmio do Brasil, em 2007, foi chamado pela repórter Global, como “inglesinho com jeito de jogador de futebol”. Esse comentário alude às representações que são produzidas na mídia do negro no esporte, pois, o fato de ver um afro-inglês na Fórmula 1 remete a algo fora do lugar, quando esse ambiente deveria ser um campo de futebol. Embora Hamilton não tenha nenhum jeito de jogador de futebol, o fato de ser negro, historicamente, o reduz a este esporte.

Também estiveram nos Jogos Pan-americanos, realizados na cidade do Rio de Janeiro em 2007, vários nadadores negros que obtiveram destaque. Este processo de quebra de discursos vem acontecendo com a descentralização de grupos das sociedades, que tentam se parecer homogêneas e de arrazoado chauvinismo. Os grupos étnicos, religiosos, raciais, etc., encobertos por essas supostas identidades nacionais unificadas, vêm procurando emergir e reivindicar outros espaços de atuação.

Finalizando...

O esporte, como grande fenômeno social, deu guarida ao sujeito negro pela sua inserção e representatividade, em algumas modalidades na prática esportiva. Durante muito tempo, o negro ficou estigmatizado nessas modalidades, estabelecidas por discursos científicos que o naturalizaram com habilidades corporais a priori. Esta imagem “natural”, produzida do atleta negro, alude a um outro debate, o da diferença.


Os esportes são um grande meio de se obter fama, dinheiro e sucesso, e é neste caminho que muitos negros pobres do Brasil e do mundo procuram caminhar. Se esforçam cada vez mais para obterem melhores resultados em sua carreira de esportista. Lutam contra a fome, o preconceito e a discriminação, já que vivem em lugares onde a ascensão social é predominante...
A ocidentalização da maneira de ser e ver das pessoas, ou seja, macho, branco, católico, heterossexual, se espraiou e se difundiu para grande parte das sociedades mundiais. Uma concepção de alteridade foi atribuída para aqueles que fugissem a esses padrões pre-estabelecidos e, como conseqüência, remetidos a um lugar diminuto no cenário social. Dentro deste processo de tentativa da homogenização da sociedade, ser diferente não
significa virar objeto de estudo, como são as pessoas negras, mas sim, construtores de sua própria identidade, numa sociedade híbrida, que não quer se amalgamar, e sim, confrontar-se, buscando comparações entre os grupos que formam as populações e o que representam.

Um olhar olhar acerca da história do sujeito negro, saindo dos alicerces em que sempre esteve fixado, e sugerir a reconstrução de outras formas de contextualizar a trajetória dos negr@s, na participação das atividades humanas.

Um afro abraço.

fonte: enciclopedia livre

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Os Crimes Contra Humanidade segundo os estudiosos não se reconhece a escravização Negra por que ?...

Infelizmente, muitos crimes, envolvendo milhares de pessoas, já foram cometidos em diversos países ao
longo da história. Alguns afetaram tantas vidas e causaram tantas mortes que ficaram marcados no tempo e são relembrados sempre, como o holocausto nazista.

 Separamos uma lista alguns crimes contra a humanidade.

* Holocausto judeu (1939-1945)
Vítimas: 6 milhões de judeus – autores: nazistas.
Em 1933, Adolf Hitler subiu ao poder na Alemanha e estabeleceu um regime racista sob o enganoso título de Nacional-Socialista. Esse regime foi baseado na doutrina racial de acordo com a qual os alemães arianos pertenciam à “raça pura”, enquanto os judeus eram considerados como “Untermenschen”, subumanos, que não faziam parte da raça humana. Os judeus foram perseguidos e mal tratados por muitos anos, até que em 1939 começaram a ser capturados e levados em comboios para os campos de concentração. Chegando aos campos eram separados em filas de mulheres, outras de homens e de crianças. Aqueles que estavam em condições físicas iriam trabalhar, (pensando que iriam sobreviver), os outros eram levados para as câmaras de gás, onde se despiam e em seguida eram mortos com gás. Depois os corpos eram queimados em crematórios ou então faziam-se algumas atrocidades, como a utilização da pele para candeeiros ou experiências médicas com as crianças.

* Genocídio ucraniano (1932-1933)
Vítimas: 3 milhões de ucranianos – autora: União Soviética.
Entre os anos 1932 e 1933, os ucranianos protagonizaram, a contragosto, algumas das páginas mais tristes e menos conhecidas da história soviética. Foram “páginas em branco”, porque foram omitidas durante décadas pelo regime capitaneado, à época, por Stalin. Ele queria dar uma “lição aos nacionalistas renitentes”. Primeiramente, acabou com os agricultores, assassinou muitos proprietários abonados e os demais foram deportados para o Casaquistão e a Sibéria. O segundo passo foi a nacionalização das pequenas propriedades privadas, e por fim, decretou o confisco dos alimentos. Pela primeira vez no Estado moderno alguém utilizaria a fome como uma arma de destruição coletiva.

*Sangue no Camboja (1975-1979)
Vítimas: 1,7 milhão de pessoas – autor Khmer Vermelho.
Pol Pot, líder dos comunistas que tomaram o poder no Camboja, resolveu “limpar” o país, não de uma etnia específica (embora minorias chinesas e vietnamitas tenham sido dizimadas depois), mas de todos os que pensassem de uma maneira anticomunista. Os intelectuais, monges e qualquer pessoa com uma profissão foram considerados “maçãs podres”. Quem não foi fuzilado na hora foi para campos de reeducação, onde trabalhavam até a morte. É o mais famoso autogenocídio da História. O desprezo pela vida marcava o lema do Khmer Vermelho: “Manter você vivo não nos traz nenhum benefício. Destruir você não será nenhuma perda para nós”.

*Morte em massa na Armênia (1915-1917)
Vítimas: 1,5 milhão de armênios – autores: Turcos Otomanos.
Na Primeira Guerra, acusados de traição e de complô com os russos, 2 milhões de armênios foram obrigados a deixar suas casas e marchar até uma região desértica próxima da Síria, onde eram deixados para morrer. É considerado o primeiro genocídio moderno em larga escala, feito de forma organizada
(serviu de inspiração para Hitler, que sempre o citava como exemplo). Até hoje, a Turquia nega o massacre. Quem “escoltava” os armênios até o deserto eram grupos paramilitares formados por ex-presidiários, que estupravam, roubavam e matavam os exilados durante a jornada.

* Massacre em Ruanda (Abril de 1994)
Vítimas: 700 mil Tútsis – autoras: Milícias Hútus.
Durante cem dias, milícias hútus promoveram um banho de sangue nesse pequeno país africano, na tentativa de exterminar os tútsis, outro grupo étnico. Além da barbárie, o que mais chocou o mundo foi a posição passiva da ONU e das grandes potências, que assistiram à carnificina sem intervir. Ao final, guerrilheiros tútsis tomaram o país. Aí, foi a vez de 2 milhões de hútus, com medo de vingança, deixarem a região. A principal arma usada para matar os tútsis eram as machetes (facões). Milhares delas foram importadas da China meses antes, num ato calculado de preparação.

* Porajmos, a caçada aos ciganos (1939-1945)
Vítimas: 500 mil Romanis (ciganos) – autores: nazistas.
Quando os nazistas chegavam aos acampamentos ciganos, matavam sem dó. Muitas vezes, eles nem faziam a seleção na chegada aos campos de concentração – acabavam com todos. Até hoje, os 500 mil ciganos mortos (na proporção, um grupo tão grande quanto o de judeus assassinados na Segunda Guerra) são pouco lembrados. Um dos casos mais macabros do médico nazista Josef Mengele é o dos gêmeos ciganos Guido e Ina, costurados um ao outro, pelas costas, como siameses. A mãe matou os dois com morfina para terminar com o sofrimento.


* Revolta Circassiana (últimas décadas do século XIX)
Vítimas: 400 mil circassianos – autor Império Russo.
Por volta de 1860, os russos estavam terminando de dominar o Cáucaso e a região da Chechênia. Mas no seu caminho estavam os circassianos, povos muçulmanos. Foi quando o general Yevdokimov teve a brilhante ideia de “convidar” (leia-se obrigar) os nativos a se mudar para o vizinho Império Otomano. Para garantir que os montanheses fossem realmente embora, os soldados destruíram aldeia por aldeia. A limpeza étnica foi tão completa que hoje ninguém mais na região do Cáucaso fala os idiomas dos povos circassianos.

* Crueldade na Bósnia (1992-1995)
Vítimas: 200 mil Bósnios – autores: Milícias e exército Sérvio.
Quando a antiga Iugoslávia se separou em vários Estados, os sérvios tentaram abocanhar o máximo de território. Quem mais sofreu foram os bósnios. Discriminados por serem muçulmanos, milhares foram executados e enterrados em valas comuns, enquanto a Europa e os EUA só assistiam. Em Srebrenica, milícias sérvias, debaixo do nariz das tropas da ONU, mataram 8 mil homens entre 12 e 60 anos. Cerca de 40 mil mulheres bósnias foram sistematicamente estupradas. E quando engravidavam eram obrigadas a dar à luz.

* Terror no Timor Leste (1975-1999)
Vítimas: 150 mil timorenses – autora: Indonésia.
Quando a ex-colônia portuguesa no sudeste da Ásia foi ocupada pela Indonésia, experimentou o inferno: plantações foram queimadas com napalm e seus reservatórios de água foram envenenados. E cerca de 20
mil pessoas “desapareceram”. Mesmo em protestos pacíficos, a repressão era brutal. Em 1991, 400 estudantes foram fuzilados em um cemitério por causa de uma passeata, diante de jornalistas do mundo inteiro. Em 1999, antes de sair do Timor, milícias indonésias mataram 61 pessoas que estavam escondidas numa igreja. A atrocidade ficou conhecida como Massacre de Liquiçá.

* Hererós e Namaquas (1904-1907)
Vítimas: 65 mil Hererós e 10 mil Namaquas – autora: Alemanha.
Foi o primeiro genocídio do século 20, na região onde hoje fica a Namíbia. Os poucos que não foram expulsos para o deserto de Kalahari acabaram nos campos de concentração, identificados por números e obrigados a trabalhar até a morte. Metade dos namaquas e 80% dos hererós foram mortos (os judeus perderam cerca de 35% de seu povo durante o massacre nazista). Um século depois, os alemães pediram desculpas, mas não ofereceram nenhuma compensação. Os alemães ainda envenenavam os poços pelo deserto. Anos depois, ossadas foram achadas em buracos – as pessoas cavavam com as próprias mãos em busca de água.

-Se tem 10 crime não relacionada que e a escravidão negra por que ninguém quer assumir essa conta e consequência do resultado direto e indireto na africa e no mundo pois mudou a trajetória do mundo e ate sucessão monárquica?...

Reduzir um homem à escravidão, comprá‑lo, vendê‑lo, retê‑lo na servidão, tudo isso são verdadeiros crimes, e crimes piores que o roubo. Com efeito, esbulha‑se o escravo não somente de qualquer propriedade mobiliária ou fundiária, mas da faculdade de a adquirir, da proprie­dade do seu tempo, das suas forças, de tudo o que a natu­reza lhe deu para conservar a sua vida ou prover às suas necessidades. A este mal junta‑se o de retirar ao escravo o direito de dispor da sua pessoa.

Ou não há moral de todo, ou é necessário convir neste princípio. Bem pode a opinião não estigmatizar este tipo de crime, bem pode a lei do país tolerá‑lo, nem a opinião nem a lei podem alterar a natureza das acções: e mesmo que esta opinião fosse a de todos os homens e o género humano reunido tivesse, a uma só voz, aprovado esta lei, tal crime permaneceria sempre um crime.

No que se segue, compararemos frequentemente com o roubo a acção de reduzir à escravidão. Estes dois cri­mes, embora o último seja muito menos grave, têm gran­des relações entre eles; e como um sempre foi o crime do mais forte, e o roubo o do mais fraco, encontramos todas as questões sobre o roubo resolvidas de antemão, e de acordo com os bons princípios, por todos os moralistas, enquanto o outro crime nem sequer
tem o seu nome nos seus livros. É necessário exceptuar, contudo, o roubo à mão armada, que se chama conquista, e outras espécies de roubos em que é igualmente o mais forte a esbulhar o mais fraco. Os moralistas também fazem vista grossa a estes crimes, bem como o de reduzir seres humanos à escravidão.

A razões alegadas para desculpar a escravidão dos negros...

"Diz‑se, para desculpar a escravidão dos negros comprados em África, que estes infelizes são ou criminosos condenados ao derradeiro suplício, ou prisioneiros de guerra que seriam executados, não fossem eles comprados pelos Europeus."

De acordo com este raciocínio, alguns escritores apresentam‑nos o tráfico dos Negros como sendo quase um acto de humanidade. Mas observaremos:

* Que este facto não está provado e nem sequer é verossímil. O quê? Antes de os Europeus comprarem os Negros, os Africanos degolavam todos os prisioneiros! Matavam não somente as mulheres casadas, como era, diz‑se, outrora uso entre uma horda de ladrões orientais, mas até as raparigas não casadas, coisa nunca antes relatada acerca de nenhum povo. O quê? Não fôssemos nós buscar negros a África, e os Africanos matariam os escravos que destinam agora a ser vendidos! Cada um dos dois parti­dos preferiria espancar até à morte os seus prisioneiros a trocá‑los! Para acreditar em factos inverosímeis são necessários testemunhos idóneos, e aqui temos apenas os das pessoas empregadas no comércio dos Negros. Nunca tive a ocasião de os frequentar, mas havia, entre os Romanos, homens que se consagravam ao mesmo comér­cio, e o seu nome é ainda uma ofensa.

* Supondo que se salva a vida do negro que se compra, não seria menos criminoso comprá‑lo, se fosse para revendê‑lo ou reduzi‑lo à escravidão. Seria uma acção igual à de um homem que, depois de ter salvo um infeliz perse­guido por assassinos, o roubasse. Ou então, se supusermos que os Europeus levaram os Africanos a deixar de matar os prisioneiros, seria a acção de um homem que tivesse conseguido dissuadir salteadores de assassinarem os tran­seuntes, e os tivesse persuadido a satisfazerem‑se com roubá‑los com ele. Dir‑se‑á, numa ou noutra destas supo­sições, que este homem não é um ladrão? Um homem que, para salvar outro da morte, lhe desse do seu necessário, estaria sem dúvida no direito de exigir uma compensação; poderia adquirir um direito sobre os bens e até sobre o trabalho de quem salvou, descontando, contudo, o que é necessário à subsistência do obrigado: mas não poderia sem injustiça reduzi‑lo à escravidão. Podem adquirir‑se direitos sobre a propriedade futura de outro homem, mas nunca sobre a sua pessoa. Um homem pode ter o direito de forçar outro homem a trabalhar para ele, mas não o de o forçar a obedecer‑lhe.

* A desculpa alegada é tanto menos legítima, quanto é, pelo contrário, o infame comércio dos bandidos da Europa que faz nascer entre os Africanos guerras quase contínuas, cujo único motivo é o desejo de fazer prisioneiros para os vender. Frequentemente, os próprios Europeus fomentam estas guerras mediante dinheiro ou intrigas, de modo que são culpados não somente do crime de reduzir homens à escravidão, mas ainda de todos os assassínios cometidos em África para preparar este crime. Têm a arte pérfida de excitar a cupidez e as paixões dos Africanos, de levar o pai a entregar os filhos, o irmão a trair o irmão, o príncipe a vender os súbditos. Deram a este infeliz povo o gosto destrutivo dos licores fortes. Comunicaram‑lhe este veneno, que, escondido nas florestas da América, se tornou, graças à activa avi­dez dos Europeus, um dos flagelos do globo; e ainda se atrevem a falar de humanidade!

*Ainda que a desculpa que alegamos umas linhas acima desculpasse o primeiro comprador, não poderia desculpar nem o segundo comprador nem o colono que fica com o negro, porque não têm agora o motivo de subtrair à morte o escravo que compram. São, em relação ao crime de reduzir à escravidão, o que é, em relação a um roubo, aquele que divide o saque com o ladrão, ou antes, o que encarrega outrem de um roubo, e que compartilha com ele o produto. A lei pode ter motivos para tratar diferen­ciadamente o ladrão e o seu cúmplice, ou o seu instigador; mas, em moral, o delito é o mesmo.

Por último, esta desculpa é absolutamente nula para os negros nascidos na fazenda. O senhor que os cria para os deixar na escravidão é criminoso, porque o cuidado que lhes dedicou na infância não pode dar‑lhe qualquer apa­rência de direito sobre eles. Com efeito, porque tiveram necessidade dele? É porque arrebatou
aos seus pais, com a liberdade, a faculdade de cuidar do seu filho. Será, pois, pretender que o primeiro crime pode dar direito a come­ter o segundo. Aliás, suponhamos mesmo que a criança negra foi abandonada livremente pelos seus pais: pode o direito de um homem sobre uma criança abandonada que criou ser o de a reduzir à escravidão? Daria uma acção de humanidade o direito a cometer um crime?

A escravidão dos criminosos legalmente condenados também não é legítima. Com efeito, uma das condições necessárias para que a pena seja justa é que seja determi­nada pela lei, quer quanto à sua duração, quer quanto à sua forma. Assim, a lei pode condenar a trabalhos públicos, porque a duração do trabalho, o alimento, as punições em caso de preguiça ou revolta, podem ser determinados pela lei; mas a lei nunca pode sentenciar um homem a ser escravo de outro homem em particular, porque a pena, dependendo então em absoluto do capricho do senhor, é necessariamente indeterminada. Aliás, é tão absurdo como atroz atrever‑se a aventar que a maior parte dos infelizes comprados em África é constituída por crimi­nosos. Será que se teme que o desprezo por eles não seja suficiente, que não sejam tratados com bastante dureza? E que como é que se pode supor a existência de um país onde se cometessem tantos crimes, e onde, no entanto, se fizesse uma justiça rigorosa?

"Da pretensa necessidade da escravidão dos negros, considerada em relação ao direito que dela pode resultar para os seus senhores"

Pretende‑se que é impossível cultivar as colônias sem os negros escravos. Admitiremos aqui esta alegação, suporemos que esta impossibilidade é absoluta: é claro que não pode tornar a escravidão legítima. Com efeito, se a necessidade absoluta de conservar a nossa existência pode autorizar‑nos a lesar o direito de outro homem, a violência deixa de ser legítima no preciso momento em que esta necessidade absoluta cessa igualmente: ora, não está aqui em causa este tipo de necessidade, mas apenas a perda da fortuna dos colonos. Assim, inquirir se este interesse torna a escravidão legítima é inquirir se me é permitido conservar a minha fortuna mediante um crime.
 A necessidade absoluta que eu pudesse ter dos cavalos do meu vizinho para cultivar o meu campo não me
daria o direito de lhos roubar; mas então porque teria eu o direito de o obrigar a ele próprio, pela violência, a cultivar para mim?
 Esta pretensa necessidade não altera, pois, nada aqui, e não torna a escravidão menos criminosa por parte do senhor.

Um afro abraço.
Fonte :livro os 10 mais\unegro

domingo, 9 de agosto de 2015

EXPOSIÇÃO LÉLIA GONZALEZ É SUCESSO DE PUBLICO1

A UNEGRO RJ É ELOGIADA PELA MINISTRA NILMA LINO GOMES / SEPPIR PELA EXCELENTE ATIVIDADE DO NÚCLEO DE NOVA IGUAÇU

A exposição em NI realizada pelo núcleo d@ Unegr@ - em parceria com a REDEH - foi um
gooll de placa. Entramos com pé direito. A Ministra visitou e deu a entrevista oficial no nosso stand. Falou da importância de LÉLIA GONZALEZ e como que ela ficou feliz ao encontrar o movimento social organizado em um espaço político de pesquisadores e intelectuais. De forma muito consciente , citou que não tem como desassociar a luta contra o racismo , do combate à homolesbotransfobia.

Pedimos que ela assinasse o livro de presença, o que o fez com maior prazer.

A Ministra deu um show de simpatia e humildade!

A exposição foi parte da programação cultural do Copene Sudeste e recebeu

aproximadamente 300 visitantes.

Dentre @s visitantes tivemos a honra de receber Maria da Conceição Evaristo / Escritora e Drª em Letras.
Teresa Cárdenas / Escritora Cubana
Beatriz Moreira Costa / Mãe Beata de Iemanjá ( Sacerdotisa Suprema dos Candomblés Ketu - Iorubá, Escritora, /atriz e Artesã )
Luciana Barreto / ( TV BRASIL )
Ministra Nilma Lino Gomes / SEPPIR / UFMG

Essa foi é uma iniciativa da Unegro- Nova Iguaçu em parceria com a associação Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH-RJ).

 Missão cumprida Unegrin@s!

A razão pela intolerância, sexismo, racismo, homofobia existe é o medo. As pessoas têm
medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido.
Afro abraços!
 
 fonte: Sonia Lopes\ UNEGRO-Nova Iguaçu

 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

UNEGRO QUE COMEMOROU 27 ANOS DE JULHO FAZ PLENARIA NACIONAL EM BRASILIA PARA DISCUTIR O IV CONGRESSO EM 2016...

Historicamente, o racismo sempre coletivismo tem rodeado o imaginário coletivo . E sustenta que o indivíduo não tem direitos, que sua vida e trabalho pertencem ao grupo (à "sociedade", à tribo, ao Estado, à nação), e que o grupo pode sa­crificá-lo ao seus próprios caprichos e interesses. A única
maneira de implementar uma doutrina deste tipo é através dá força bruta ? e o estatismo sempre foi o corolário político do coletivismo. A UNEGRO neste 27 anos lutando contra a discrimi­nação e racismo e direito a justiça e trabalha as questões que circundam o racismo.

Estado absoluto é simplesmente uma forma institucionaliza­da de uru regime de gangues, independentemente de qual gangue em particular mantenha o poder, E ? já que não há justificativa racional para esta regra, já que nada foi ou pode ser oferecido ? a mística do racismo é um elemento crucial para toda variante do Estado absoluto. O relacionamento é recíproco: o estatismo vem das guerras tribais pré-históricas, da noção de que os homens de uma tribo são presa natural para os de outra ? e estabelece suas próprias subcategorias internas de racismo, um sistema de castas determinadas pelo nascimento de um homem, assim como os títulos de nobreza ou a servidão, herdados. Contudo, a luta anti-racista foi historicamente submetida, inclusive através do isolamento político, o negro e a negra sempre resistiram. Há uma história política não institucional que nem sempre é contada. A começar por Quilombo dos Palmares, símbolo da resistência de um povo que luta pela vida em liberdade. Esta experiência histórica, em geral desconhecida, mesmo no ensino formal, representou uma radical contestação à ordem dominante, subvertendo a ideologia dominante quanto à boçalidade e indolência dos trabalhadores negros...
 Parte dos militante e dirigente da UNEGRO( 150 pessoas) estarão entre 7 e 9 de Agosto reunindo-se em Brasília para discutir e preparar a pauta de nosso próximo Congresso Nacional que acontecera em 2016.
Entre os convidados estarão a presidenta da UNE, Carina Vitral, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Nilma Lino Gomes, a presidenta da Fundação Cultural Palmares, Cida Abreu, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo,  o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, a secretária de políticas para as mulheres da Bahia, Olívia Santana e a diretora do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), Bia Barbosa.

No ano que vem para prefeito e vereadores, pela sua característica,( entre as varias pautas que vamos discutir estará) permitirá aprofundar essa reflexão e faze-la chegar às entranhas do país. Será um grave erro dos partidos progressistas e dos movimentos sociais permitirem que as reformas seja pauta exclusiva do Congresso, discutidas apenas em Brasília. Necessitamos mobilizar amplos setores da sociedade brasileira e provocar o debate na base da sociedade. Temos que trabalhar para conquistar avanços sociais importantes no ano que o Brasil completa 128 anos de desinstitucionalização da escravização brasileira. Temos que
terminar a abolição iniciada formalmente em 1888 e corrigir as imperfeições da nossa República


 
Lamentavelmente,apesar das ações afirmativas e das lutas “sem fim”, ainda é frequente na cultura popular asmanifestações insidiosas da pratica racial e enquanto isso persistir nosso lema é:
REBELE-SE CONTRA O RACISMO! 

um afro abraço.

domingo, 2 de agosto de 2015

Favela : Questões raciais e sociais...

Origens das Favelas...

De maneira geral, as favelas surgiram pela necessidade de sobrevivência de uma população carente de recursos. Sem alternativa, os cidadãos foram construindo casas em terrenos não povoados. As comunidades cresceram com grande rapidez ao longo dos anos, graças, em parte, ao descaso do poder público.

A formação de favelas no Rio está ligada ao término do período escravocrata, no final do século XIX. Sem posse de terras e sem opções de trabalho no campo muitos dos escravos libertos deslocaram-se para o Rio de Janeiro, então capital federal. O grande contingente de famílias em busca de moradia e emprego provocou a ocupação informal em locais desvalorizados, de difícil acesso e sem infraestrutura urbana.
Com a Proclamação da República, em 1889, a elite e os administradores do Rio queriam apagar do seu passado os vestígios de uma cidade colonial. Cortiços sem condições sanitárias e povoados por ex-escravos foram demolidos na reforma de Pereira Passos. Sem ter outras opções de moradia os desabrigados foram obrigados a construir suas próprias casas. Começou então a ocupação dos morros centrais da Providência e de Santo Antônio, em 1893, seguida pelo Morro dos Telégrafos eMangueira, em 1900.

Com o passar dos anos, a modernização das zonas nobres da cidade continuou. As pequenas ruas e os casarões deram lugar a longas avenidas e construções arrojadas. Muitas casas foram demolidas, diminuindo a oferta de moradia e elevando o preço dos aluguéis. O fenômeno provocou o aumento da formação de favelas, para atender a população mais carente.
Com uma rapidez incrível, as favelas foram se desenvolvendo em toda a zona sul, perto dos comércios e ao lado das regiões escolhidas para abrigar a nobreza e a elite. O Morro da Babilônia, entre a Praia Vermelha e a Praia do Leme, começou a ser ocupado em 1907. Dois anos depois apareceram favelas no Morro do Salgueiro, na Tijuca e na Mangueira. Em 1912, as comunidades já estavam instaladas em Copacabana e, logo depois, ocupavam também o Morro dos Cabritos, entre aLagoa e Copacabana, e o Morro Pasmado, em Botafogo.
Essa propagação das favelas nos bairros mais ricos parecia a única saída possível para a população pobre que precisava morar perto do local de trabalho. Num tempo em que apenas trens e bondes precários chegavam até as periferias da cidade, os nobres não queriam esperar por horas e horas seus empregados. Os morros eram uma solução cômoda também para elite. A alguns metros das mansões e jardins de Botafogo surgiram anos depois os primeiros barracos do Morro Santa Marta.


No entanto, desde o início do século XX as favelas foram vistas como um problema. Os morros provocavam medo e curiosidade, o que gerava desconhecimento sobre a situação. Em 1927, o arquiteto francês Alfred Agache apresentou um plano de urbanização e embelezamento para o Rio, em que propunha a transferência dos moradores das favelas por motivos sociais, estéticos e hierárquicos. Somente alguns projetos de Agache foram levados adiante, mas a ideia de que as comunidades precisavam ser eliminadas permaneceu.

Por volta de 1930, surgiram os primeiros loteamentos na zona oeste, como opção de moradia para a população de baixa renda. Em 1937, foi proibida a construção de novas favelas ou mesmo a melhoria das que já existiam. A lei vigorou até a década de 70.
Muitas favelas foram removidas neste período. Alguns moradores foram alojados em conjuntos habitacionais com uma estrutura precária, construídos em locais distantes do comércio da cidade. Esta constante locomoção e descaso com a população carente fez com que os cidadãos começassem a se organizar em associações para reivindicar seus direitos.
A Fundação Leão XII conseguiu implantar redes de água e luz em algumas favelas. A união entre a Igreja e o poder público deu origem à organização Cruzada São Sebastião, que também conseguiu melhorias com projetos de luz, água, esgoto e urbanização. Além disso, construiu um conjunto habitacional no Leblon conhecido como Cruzada, destinado aos moradores que residiam nas favelas removidas.

Até 1965, 30 mil pessoas haviam sido retiradas das favelas. O ápice da política de remoção ocorreu entre 1968 e 1975, quando 176 mil pessoas foram levadas para 35 mil unidades habitacionais. Muitas comunidades acabaram incendiadas e seus líderes desapareceram.
Houve casos dramáticos, como o da favela da Catacumba, que chegou a ter uma população superior a dez mil pessoas nos anos 60, mas foi removida em 1970. Por causa de sua localização, com vista privilegiada da Lagoa Rodrigo de Freitas, a comunidade sofreu especulação imobiliária e deu lugar a prédios de luxo. Pelo mesmo motivo foram extintas nos anos 60 as favelas da Praia do Pinto, de Macedo Sobrinho e da Ilha das Dragas, todas na região da Lagoa.
Em 1972 20% das favelas do Rio de Janeiro haviam sido eliminadas, o que não impediu que outras continuassem crescendo. Em 1974 o governo suspendeu o plano de erradicação, mas nenhuma outra política foi adotada, e as comunidades ficaram sujeitas ao abandono. Com o tempo, as moradias ganharam novas formas. Os barracos frágeis foram substituídos por construções feitas de tijolos e telhas. Desenvolveu-se, então, um mercado imobiliário dentro das favelas, com locais mais e menos valorizados, dependo dos serviços oferecidos.
Os governantes e administradores começaram a perceber que as velhas propostas de erradicação das favelas, com deslocamento e reassentamento dos cidadãos em áreas
distantes, não eram mais a solução. Tais projetos demandavam um altíssimo custo financeiro e, além disso, rompiam relações sociais e econômicas dos moradores.

Em 1993 surgiu o Grupo Executivo de Assentamento Popular (GEAP). A entidade estabeleceu as bases para uma política habitacional, reconhecendo que o morar urbano é direito do cidadão, que a moradia não é apenas casa, mas integração à cidade, cabendo à coletividade prover a estrutura habitacional necessária, com serviços públicos, transporte, educação, saúde, cultura e lazer.

Neste mesmo ano, foi lançado um ambicioso projeto da Prefeitura de Rio em parceria com empresas privadas, o Favela-Bairro. Com o objetivo de integrar as favelas aos bairros, desenvolveu diversas reformas em mais de 150 comunidades. Urbanizou algumas áreas, criou vias de acesso, realizou obras de saneamento básico. Foi um dos primeiros projetos a se integrar com a população para saber as reais necessidades dos moradores. Durante o sucesso do programa, outras muitas favelas surgiram, o que gerou também algumas críticas.

Hoje o Rio de Janeiro tem quase mil favelas, e várias ações estão em andamento para melhorar a infraestrutura e o ambiente das comunidades. Projetos do governo, de empresas e de uma infinidade de ONGs. As favelas não são, nem de perto, o que eram na sua origem. Elas se desenvolveram, ganharam ofertas de comércio e serviços. O poder público finalmente começou a se envolver com seus problemas.

Todo o trabalho ainda não é suficiente. As carências da população ainda são enormes. As favelas não param de surgir e crescer, o que nos leva a pensar em ações preventivas que precisam ser realizadas. Não há dúvidas de que as obras de urbanização foram de extrema importância. Foram elas que possibilitaram a chegada de serviços como a coleta de lixo, os correios e o fornecimento de energia, entre outros. São estas obras que ainda hoje criam espaços públicos dentro das comunidades, criam condições de convivência e segurança com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), por exemplo.
A atuação das Forças Armadas é um capítulo à parte nos impasses das UPPs. Pela Constituição, os militares federais não poderiam atuar em policiamento de rotina. Para atender ao pleito de Pezão, o Ministério da Defesa criou, há oito meses, a Diretriz Ministerial número 09, com o objetivo de dar amparo legal à intervenção. “Não se pode dizer que a atuação do Exército seja ilegal, pois foram criadas leis. Mas é inconstitucional”, aponta o advogado João Tancredo, presidente do Instituto Defensores de Direitos Humanos.

O malabarismo jurídico não garantiu à comunidade a paz esperada. São requentes os confrontos entre traficantes da Maré e soldados do Exército. Segundo informações da “Força

de Pacificação”, em mais de sete meses foram presos 390 suspeitos, além de 150 menores, e realizadas 241 preensões de drogas. A truculência continua a ser uma das reclamações dos moradores. 

Se liga:Inúmeros relatos e várias manifestações populares em favelas de UPP afirmam a presença de policiais corruptos, autoritários, torturadores e matadores, que só fazem aumentar o genocídio da juventude negra dentro das favelas de UPP. Vemos que a instituição Estado, no Rio de Janeiro, funciona sob as bases na- quilo que Foucault (1993) chama de biopoder; logo, sua função homicida é assegurada pelo racismo, que busca definir a legitimidade de tais ações. O racismo inscrito no Estado tem importância vital na gestão dos territórios e das populações, pois representa a condição com a qual a polícia pode exercer o direito de matar, humilhar e amedrontar, segundo a linguagem foucaultiana...

 O Exército informa que nenhum desvio de conduta de seus soldados foi comprovado.Todas essas ações iniciadas no passado nos dão agora condições de encontrar a raiz dos problemas dessa população. Está na hora de dar condições para que essa população cresça, para que consiga alcançar o mercado de trabalho e se desenvolver dentro dele. Está na hora de ensinar a sociedade que estes moradores de favelas fazem parte da cidade, que a cidade não vive sem eles e que eles podem e devem crescer e melhorar suas vidas. Temos que unir esforços e unir públicos para melhorar a qualidade de vida dessa população que faz a cidade girar...

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.passeidireto.com/unegro relações comunitarias

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Trabalhador Negro:Trem passa por cima de corpo na estação de Madureira...

No sentido de procurar esclarecer a tremenda desigualdade social em nosso país com relação a questão racial, colocamos alguns dados que desmistificam a falsa idéia da “democracia racial” no nosso país, como por exemplo: o rendimento médio dos homens não negro no Brasil
é quase duas vezes e meia maior que o de homens negros e quase quatro vezes mais que as mulheres negras, segundo dados do IBGE, a partir de informações do PNAD .

A convivência entre estes atores se desenvolvia em um drama diário, acompanhado e testemunhado por muitos outros atores que, assim como eles, lutavam “pelo pão de cada dia”. Logo, cumpre-me apresentar a forma ritual como essa convivência complementar se viabilizava e, por fim, apontar para possibilidades de interpretação para duas categorias chaves inerentes àquele “processo ritual”: o derrame e o esculacho.

Nos chama a atenção nesses relatos o tom de absoluta naturalidade como foram veiculadas as histórias. Todavia, a liminaridade entre legalidade e ilegalidade em que viviam esses indivíduos não me podia passar despercebido. Nessa mesma direção, não  surgir como uma personagem envolvida nos conflito Adílio Cabral dos Santos. Geralmente como empreendedor de violência contra o personagem que e um dos raros caros que a Vitima trabalhador , negro( ex detento)...

"SUPERVIA ADMITE QUE AUTORIZOU TREM A PASSAR SOBRE CORPO DE HOMEM NO RIO"
Um trem passou por cima do corpo de um homem que havia sido atropelado por outro coletivo e estava estendido nos trilhos. Imagens mostram o momento em que o condutor, auxiliado por pelo menos outros dois funcionários que estão ao lado dos trilhos, passa pelo corpo na estação de Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, na última terça-feira (28\07\15).
Há outras pessoas próximas aos trilhos, e os funcionários da empresa Super Via,

concessionária que administra o sistema, acenam para que o maquinista avance sobre o corpo. No dia do acidente, a empresa disse em nota que por volta das 17 horas agentes acionaram os Bombeiros para atender um homem que acessou a via irregularmente e foi
atingido por um trem. A vítima é Adílio Cabral dos Santos, que havia pulado o muro e invadido o local dos trilhos. 

Vídeo mostra momento em que trem passa por cima do corpo de homem que já havia sido atropelado Segundo os Bombeiros, não foi feito chamado em relação à ocorrência, e que houve apenas um aviso, por volta das 19h15, para atender uma ocorrência de trauma não relacionada à morte, e que apenas durante o atendimento a equipe foi informada por funcionários de que havia um corpo na linha férrea.
A Polícia Civil e a Agetransp, agência reguladora que fiscaliza os transportes no Rio de Janeiro, abriram investigação para apurar as responsabilidades. O episódio provocou a revolta do secretário estadual de Transporte, Carlos Roberto Osorio 
( Será?...). Ele qualificou o caso como desumano e disse que a apuração vai verificar quem deu o comando e o motivo para que o trem passasse por cima do corpo.

"Um absurdo, inaceitável. O centro de controle tem a visão de tudo que acontece no sistema, de que trem em cada trilho, e é ele que dá o comando ao maquinista. Se aquele trem estava irregularmente naquele trilho, alguma falha aconteceu e nós precisamosentender quem deu a autorização para que o trem prosseguisse, mesmo com o corpo na pista "

A exposição à violência e a tênue linha entre legalidade e ilegalidade Durante parte das percepções dos indivíduos acerca das instituições sociais. Os discursos expressavam que a convivência com a violência...

- “Se eles vem, eu não vou. Se eles estão num canto eu tô no outro. E assim vou passando o dia e levando pra casa o leite dos meninos” (Camelô falando de seu cotidiano nos trens)
- "A respeito do Concurso de crimes tais como, Violação e profanação do código penal brasileiro (art.210)"

Concluindo:
Costuma-se dizer, no Brasil, que “Deus ajuda a quem cedo madruga”. A expressão busca inferir legitimidade social a quem trabalha. Toda uma rede social estaria disponível para o ator social que vive do trabalho( e que tenta se reabilitar na sociedade). Geralmente, a crença neste adágio, talvez em função de processos políticos endógenos, associa legitimidade a direitos sociais que deveriam ser providos pelo Estado. Todavia, nem todos que acordam cedo são considerados oficialmente trabalhadores. Logo, o Estado por aqui não lhe confere direito social algum e, pior, pode não
lhe reconhecer direitos civis. Conseqüentemente, há situações em que o arbítrio e a violência de indivíduos que se apropriam da representação estatal comprometem a expectativa dessa legitimidade.
 
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:oglobo.globo.com/

terça-feira, 28 de julho de 2015

MULHERES NEGRAS NA PRÉ MARCHA   RUMO À BRASÍLIA!!!

A Unegro- RJ participou da Pré-Marcha de Mulheres Negras 2015 Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver reuniu no dia 26 de Julho, na orla de Copacabana centenas de

representantes e simpatizantes da lua antirracista, marcando também as comemorações do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25). O evento serve como preparação para a marcha nacional, que ocorrerá no dia 18 de novembro, em Brasília.

A Unegro - RJ marcou presença levando um grande número de mulheres Unegrinas oriunda de vários municípios do Estado do Rio de Janeiro


O objetivo foi alcançado com total êxito  e mais uma vez a UNEGRORJ cumpriu o
​ seu compromisso de representar - com ousadia - essas mulheres invisibilizadas por uma sociedade machista que cultua a beleza europeia​ e dificultando assim a sua inclusão social.


Nossa realidade contextualizada historicamente no escravagismo aponta que ser mulher negra no Brasil significa sofrer essa tripla discriminação, condição esta que se estrutura nas relações de trabalho. As mulheres negras estão na sua maioria em ocupações precárias e informais, diz o IBGE. O salário médio da trabalhadora negra continua sendo a metade do salário da trabalhadora não negra. Mesmo quando sua escolaridade é similar a de uma mulher branca, a diferença salarial gira em trono de 40% a mais para esta.


"A despeito da nossa contribuição, somos alvo de discriminações de toda ordem, as quais não nos permitem, por gerações e gerações de mulheres negras, desfrutarmos daquilo que produzimos. "

A identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras . Nós continuam

recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldades para entrar no mundo do trabalho e essa realidade tem que ser enfrentada para que possamos construir uma sociedade mais justa e igualitária, pautada no respeito às diversidades e na igualdade de direitos e oportunidades.

Estamos em marcha contra a remoção racista das populações das localidades onde habitam.Lutamos por moradia digna; por cidades que não limitem nosso direito de ir e vir e contra a segregação racial do espaço urbano e rural; por transporte coletivo de qualidade; por condições de trabalho decente nas diferentes profissões que exercemos. Valorizamos nosso patrimônio imaterial em terreiros, escolas de samba, blocos afros, carimbó, literatura e todas as demais manifestações culturais, definidoras da nossa identidade negra.

Ate Brasilia 18 de Novembro , uma puxa a outra!!!

Que possamos viver sem pedir desculpas por existimos!


Afro abraços!

fonte:UnegroNova Iguaçu /UNEGRO RJ\ Macha das Mulheres Negras 2015

domingo, 26 de julho de 2015

O RACISMO TRÁS PREJUÍZOS PARA A MULHER NEGRA...

Inúmeras pesquisas confirmam as dificuldades que implicam ser uma mulher negra no Brasil. Elas ganham menos, são maioria entre as que sofrem violência sexual e doméstica, são
mais mal tratadas no atendimento público de saúde e também são as maiores vítimas de homicídio, como comprova a pesquisa realizada pelo Ipea.

A mortalidade materna entre mulheres negras por causas variadas está aumentando no Brasil. O dado revela um fosso que separa as mulheres pretas e pardas das brancas, independentemente da classe social. Esse dado é reconhecido pelo Ministério da Saúde e foi tema de audiência pública da subcomissão especial que avalia as políticas de assistência social e saúde da população negra..

Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto. Os dados do estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado“, mostram em escala nacional a incidência dos maus-tratos contra parturientes. Xingamentos, recusa em oferecer algum alívio para a dor, realização de exames dolorosos e contraindicados até ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto à classe social ou cor da pele foram apontados como tipos de maus tratos sofridos por quem deu a luz nos hospitais públicos e privados

Aumento de mortes entre mulheres negras
Mas o número de mortes maternas provocadas por intercorrências vem diminuindo entre as mulheres brancas e aumentando entre as negras. De 2000 a 2012 as mortes por hemorragia entre mulheres brancas caíram de 141 casos por 100 mil partos para 93 casos. Entre mulheres negras aumentou de 190 para 202.

Por aborto, a morte de mulheres brancas caiu de 39 para 15 por 100 mil partos. Entre negras, aumentou de 34 pra 51. Segundo a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Rurany Ester, os dados refletem o aumento da investigação das mortes de mulheres em idade fértil, que aumentou nos últimos anos. Por exemplo: 2010 registou 1.719 mortes em partos, dos quais 74% das mortes tiveram suas causas investigadas. Em 2013 foram 1.438 mortes e 83% delas teve a causa apurada.

De acordo com dados do último Relatório Socioeconômico da Mulher, elaborado pelo governo

federal, 62,8% das mortes decorrentes de gravidez atingem mulheres negras e 35,6% mulheres brancas.

Nos últimos 22 anos, a mortalidade materna no Brasil caiu de 141 casos por 100 mil para 62 casos por 100 mil, uma redução de 56%, mas ainda está longe da meta estabelecida pela meta da ONU em 2015, de 35 mortes por 100 mil.

Esse racismo institucional viola os Direitos Humanos em saúde. São percepções culturais do plano individual que regulam as relações entre cliente e profissionPara denunciar qualquer tipo de violência contra a mulher disque 180.ais num local onde o atendimento deveria ser padronizado. Para as mulheres negras o resultado dessa discriminação muitas vezes é a morte e quando elas sobrevivem a esse processo guardam em si as mazelas desse método de exclusão exatamente num momento em que já estão fragilizadas.

Pauta das Mulheres Negras do Brasil também por isso estamos em marcha:

Estamos em Marcha: pelo fim do femicídio de mulheres negras ;
e pela visibilidade e garantia de nossas vidas;
pela investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a penalização dos culpados;
pelo fim do racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação promovendo a violência simbólica e física contra as mulheres negras;
pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de trabalho;
pelo fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções;
pela garantia de atendimento e acesso à saúde de qualidade às mulheres negras e pela penalização de discriminação racial e sexual nos atendimentos dos serviços públicos;
pela titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres

negras, pois é de onde tiramos o nosso sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade;
pelo fim do desrespeito religioso e pela garantia da reprodução cultural de nossas práticas ancestrais de matriz africana; pela nossa participação efetiva na vida pública.


"Pré Marcha  Estadual de Mulheres Negras no Rio de Janeiro, Hoje no Posto 1 no Leme"!!!

Um afro abraço.

FONTE:UNEGROSAUDE/CTSPN/MARCHA DAS MULHERES NEGRAS


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Negros no Brasil e no EUA são sempre negros ...

O Brasil orgulha-se de ser uma "democracia racial", enquanto os Estados Unidos são conhecidos pela aspereza de suas relações raciais. Ainda assim, desde a Segunda Guerra Mundial, os afroamericanos, que representam apenas 12% da população dos Estados Unidos, têm provado ter uma força política substancialmente maior na vida de seu país do
que os afro-brasileiros, que representam talvez 50% da população brasileira. Por que acontece isso? Existiriam formas pelas quais a história da luta dos negros nos Estados Unidos poderia trazer luz às lutas anti-racistas no Brasil?

EUA..
.Talvez as mais impressionantes conquistas do movimento afroamericano, do período pós-45, aconteceram durante a sua primeira fase: o movimento pelos direitos civis dos anos 50 e 60. Considerando a história das relações raciais nos Estados Unidos até aquela data, os avanços conseguidos durante aqueles anos foram verdadeirarnente extraordinários. A segregação foi superada, o sufrágio definitivo foi estendido ao povo negro através do Ato dos Direitos de Voto de 1965, e o governo federal instituiu programas de "igualdade de oportunidades" e "ação afirmativa" para combater o racismo.

Essas conquistas transformaram o Estado nacional, de um impositor da desigualdade racial, em exatamente o oposto: um ativo e poderoso oponente da discriminação racial e fiador das oportunidades para o povo negro (e outras minorias raciais, como os índios americanos, porto-riquenhos e mexicanos) em áreas como educação, moradia e emprego.

Os avanços políticos dos negros continuaram nos anos 70, mas principalmente nos níveis locais e estaduais. Afro-americanos foram eleitos para câmaras municipais e legislativos estaduais em crescente número, e muitas cidades e comarcas americanas (incluindo Los Angeles, Chicago, Detroit, Washington, Filadélfia, para nomear algumas) são governadas por prefeitos negros. Mas, a nível nacional, os anos 70 foram um período de incerteza e

estagnação para o movimento negro. Isto se deveu, em parte, ao assassinato de seu carismático líder Martin Luther King em 68, mas também, paradoxalmente, aos seus, sucessos durante os anos 50 e 60.

Em primeiro lugar, tendo superado as mais violentas e óbvias formas de discriminação racial, o movimento pelos direitos civis pareceu ter cumprido seu objetivo. Os tipos de discriminação que continuaram (e continuam) a existir eram muito mais sutis e difíceis de detectar e, portanto, era ainda mais difícil a mobilização de pessoas em seu repúdio. Em segundo lugar, os programas de oportunidades iguais possibilitaram a uma nova geração de afro-americanos o acesso às universidades, tornando-os assim parte dos profissionais liberais de classe média. Para esta jovem e crescente elite negra (talvez 15 a 20% da população negra), o sonho americano estava sendo realizado. Qual a necessidade, então, do movimento dos direitos civis? Sua missão tinha sido cumprida.

Mas, naturalmente, o racismo, que levou séculos para ser formado, não seria fácil e rapidamente extinto. Enquanto a nova classe média negra se beneficiava das oportunidades abertas pelo governo federal, o mesmo não acontecia com a sobrepujada maioria dos afro-americanos. Sua participação na renda nacional mostrou-se virtualmente imutável entre 1960 e 1980, permanecendo em níveis mínimos.

O racismo renovado

Durante os anos da administração Reagan, a necessidade de revitalizar e rejuvenescer o movimento negro para defender as conquistas alcançadas durante os anos 60 e 70 tornou-se cada vez mais visível. Jesse Jackson, um ex-colaborador de Martin Luther King, emergiu como o líder desse movimento que reconhece a necessidade de estender-se para além da população negra a criação de uma aliança interracial que envolva vários grupos étnicos não-brancos, mulheres e brancos liberais: essa é a razão para o conceito de "coalizão arco-íris" de Jackson.

Ele não teve um sucesso completo na formação dessa coalizão. Suas posições anti-semitas foram particularmente destrutivas ao alienar o apoio de um grupo étnico tradicionalmente simpático às aspirações dos negros. Mas, a despeito dessas falhas, a campanha de Jackson para a candidatura democrata de 1984 provou ter uma grande força política, vencendo
eleições em vários estados do Sul, alcançando até 25% dos votos em estados mais industrializados, como Illinois e Nova Iorque, e forçando o comprometimento do Partido Democrata em manter e estender as conquistas políticas dos negros dos anos 60. Respondendo ao ressurgimento do racismo americano representado por Reagan, o movimento negro norte-americano entra nos anos 80 com um sentido renovado de propósitos e missão.

BRASIL...

Como a experiência americana pode ser comparável àquela encontrada no Brasil? Nada refuta mais efetivamente o mito da "democracia racial" do Brasil que a extensa história da luta dos negros neste país. Nos últimos cem anos, nota-se uma progressão, desde o movimento abolicionista dos anos 1870 e 80, através das organizações culturais e políticas do período pós-1920 (a mais proeminente das quais foi a Frente Negra Brasileira, banida por Getúlio Vargas em 1937), até o Partido Negro Unificado  hoje  (Movimento negro unificado). Esses movimentos são uma evidência conclusiva — como se fosse necessária — da contínua existência da discriminação e desigualdade racial na multirracial sociedade brasileira.

Desde 1945 esses movimentos têm atraído entusiástico apoio de dezenas de milhares de seguidores e têm sido instrumento de estímulo à continuidade do debate público sobre as deficiências do "paraíso racial" brasileiro. Mas nenhum deles conseguiu gerar um movimento de massa, com o peso moral e político que fez de Martin Luther King, Andrew Young, Julian Bond, Jesse Jackson e outros líderes negros figuras de proeminência nacional nos Estados Unidos. Por que acontece isso?

Uma importante parte da resposta repousa no caráter paternalista e autoritário das relações
sociais e políticas brasileiras, que, mesmo durante períodos de democracia, torna muito difícil construir um movimento político de massas autônomo e nacional.

Mas é importante notar que o movimento pelos direitos civis nos EUA surgiu, e teve as suas vitórias mais retumbantes, na região mais tradicionalista, autoritária e repressiva do país: os estados do Sul. O autoritarismo, em si só, não pode explicar as diferentes trajetórias das lutas negras nos dois países; deve-se prestar atenção também na natureza das relações raciais brasileiras, onde não existe a separação racial imposta pelo Estado, como se verifica na segregação norte-americana ou no apartheid sul-africano. O caráter substancialmente mais relaxado da hierarquia racial brasileira trabalha para minar a mobilização política afro-brasileira de múltiplas formas.

As instituições próprias

Ao permitir a integração dos Negros-brasileiros, ainda que em termos de inferioridade, nas instituições básicas da sociedade, no Brasil, reduz a necessidade do população negra de desenvolver instituições sociais e culturais próprias e, por por sua vez  a segregação racial exigiu  nos Estados Unidos mais autonomia. Assim, o Brasil não compartilha com os Estados Unidos a tradição de igrejas e faculdades independentes, que favoreceram sensivelmente a formação da base ideológica e institucional e de liderança, para o movimento dos direitos civis.

Em contra partida, a ausência de um limite claramente estabelecido entre "negro" e "branco" no Brasil torna possível a cooptação, por parte do grupo racial branco, de negros-brasileiros particularmente talentosos e ambiciosos. Em um sistema mais rígido, tais indivíduos permanecem na casta racial negra e assumem posições de liderança dentro dela. Mas, no Brasil, não é impossível para eles negar a sua negritude; de fato, manter identidade negra-brasileira pode tornar-se um exercício consciente de força que muitos estão relutantes em assumir.

Concluindo...

Se a brutalidade e a crueza do racismo norte-americano provaram ser sua maior fraqueza, então, ao inverso, a flexibilidade e a sutileza do racismo brasileiro provaram ser a sua maior força. A indignação moral contra a desigualdade racial é muito mais difícil de ser gerada em um país onde a discriminação assenta-se sobre formas silenciosas e, às vezes, inconsistentes,
tornando difícil identificá-la e transformá-la em ação política. Impede ainda mais a criação de um sentido de indignação contra o racismo a triste necessidade de combater toda uma série de injustiças que caracterizam a sociedade brasileira.


Não é por acidente que o movimento negro, como a UNEGRO tem sido mais ativo e tem alcançado seus maiores êxitos onde existe um sistema mais agressivo de relações entre brancos e negros, mais ativo com a cara e com as experiencia vividas e exitosas. Nos não tentamos nos estender às áreas mais tradicionais do Brasil, a mobilização negra encontra obstáculos políticos, sociais e raciais discutidos acima por não podemos o Movimento Negro não escapou da perseguição da ditadura, por conta das suas manifestações de cunho racial. Os militares  distorcer o mito da democracia racial a seu favor e tacharam os militantes do movimento de impatrióticos, racistas e imitadores dos ativistas norte-americanos o que não verdade.

O Brasil foi o ultimo pais do mundo a abolir a escravização e pensar liberdade e direitos com apenas um pouco mais de 125 da lei Áurea deixam suas consequências...

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.cartacapital.com.br/

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