UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 9 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER : 8 DE MARÇO...

POR QUE  8 DE MARÇO:
Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.negras, brancas ou amarelas. evangelicas,católicas, judias ou mulçumanas. jovens ou idosas. Não importa. O 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, simboliza o universo feminino no mundo. E já não se pode mais negar que as conquistas femininas avançaram muito nos últimos anos. As mulheres ao longo do século XX marcaram, de maneira definitiva, os seus rumos para este novo milênio. 

Diversos fatores contribuiram para essa realidade. As mudanças nas taxas de fecundidade, nos níveis educacionais e da sua participação no mercado de trabalho sintetizam o novo papel da mulher na sociedade. "As mulheres que vieram depois de 1945 passaram por um "boom" de transformações. A começar pela bomba atômica, pelo pós-guerra. Depois veio a pílula, o movimento feminista, a educação sem limites para os filhos, as drogas, a produção independente, hormônios. O processo de inserção feminino no mercado de trabalho também foi intenso e nada igualitário. Tudo isso nesta minha geração. Passamos por tudo", conta Helena Hoerlle. Aos 87 anos, a socióloga alemã naturalizada brasileira, juntamente com outras milhares de mulheres, sentiu na pele as mudanças que alteraram a situação feminina no mundo.
 No Brasil, até 1879, as mulheres eram proibidas de freqüentar cursos de nível superior e, durante boa parte do século 19, só poderiam ter educação fundamental. Mesmo com a legislação que permitia a instrução feminina, as mulheres tinham o acesso dificultado.Substancialmente, o panorama atual é bastante diferente daquelas décadas atrás. As recentes discussões acerca dos novos papéis da mulher e do homem na sociedade não só representam um enorme passo para a conquista feminina como também abrem espaço para novas configurações de identidades. Com o novo papel da mulher da sociedade, muda também a estrutura familiar. Hoje, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, acumularam mais anos de estudos, não dependem financeiramente do marido e adiam casamento e filhos. 

E mais: estudiosos e consultores são praticamente unânimes em dizer que o mundo corporativo caminha para valores tidos como mais femininos: importância do relacionamento, trabalho em equipe, uso de motivação e persuasão em vez de ordem e controle, cooperação no lugar de competição. E toda essa teoria parece estar de acordo com as estatísticas sobre o avanço profissional das mulheres, aqui e no mundo todo. 
Os números demonstram, por exemplo, que no caso de donos de empresas, as mulheres representam 17% dos empregadores brasileiros em 1991 e passaram a 22,4 % em 1998, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), feita pelo IBGE. Hoje esse índice pulou para quase 29%. Os avanços são também incontestáveis nos cargos gerenciais e nas profissões liberais, como medicina, direito, arquitetura – com até 300% de aumento, na participação feminina em uma década. As mulheres já são 40% da força de trabalho no país e 24% dos gerentes.
 Não há a menor dúvida de que o século que acabou foi o de maior avanço das mulheres em toda a História da humanidade.  Elas estão conquistando espaço no mundo inteiro, em praticamente todas as atividades.  No Brasil, 20 milhões de mulheres entraram na população economicamente ativa em duas décadas. Todo esse avanço dá a impressão de que o futuro é cor-de-rosa. Porém, por mais que as mulheres tenham entrado de vez no mercado de trabalho e estejam se dando muito bem o preconceito e violência ainda persistem e elas recebem uma remuneração em média cerca de 30% menor do que os homens, conforme a Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada em março de 2007, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 A liberação sexual
Nos anos 50, o feminismo ganhou um novo aspecto: a construção da identidade feminina e a liberação sexual. Em 1949, a escritora Simone de Beauvoir publicou O Segundo Sexo, que demolia o mito da "natureza feminina" e negava a existência de um "destino biológico feminino". O livro causou impacto imediato e provocou críticas não só dos conservadores - devido principalmente aos capítulos dedicados à sexualidade feminina -, mas também da esquerda.

Um novo impulso chegou nos anos 60, com a criação da pílula anticoncepcional. A revolução sexual acompanhava outros acontecimentos da época, como a guerra do Vietnã e a ascensão do movimento estudantil. Com a chegada da pílula, um dos pretextos para a repressão sexual feminina, a gravidez indesejada, não tinha mais porque existir. Depois de cerca de 40 anos de existência, a pílula é usada por cem milhões de mulheres em todo o mundo.
Outro sinal dos tempos viria em 1964, quando a inglesa Mary Quant escandalizou com uma saia dois palmos acima do joelho. O pedaço de pano de trinta centímetros rapidamente conquistou mulheres de todo o mundo. Em 1971, preenchendo a longa lista de tabus quebrados, a brasileira Leila Diniz apareceu de biquíni em uma praia carioca, exibindo a enorme barriga da gravidez.
O direito a escolher os próprios governantes mobilizou mulheres de todo o mundo durante boa parte da primeira metade do século 20. No Brasil, essa conquista aconteceu em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. A Nova Zelândia foi o primeiro país a permitir o voto feminino, em 1893. Na França, apesar de "igualdade" estar entre os lemas da Revolução Francesa, a mulher só conseguiu votar a partir de 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Marcos e conquistas:
1827 - Surgiu a primeira lei sobre educação das mulheres, permitindo que freqüentassem as escolas elementares. Instituições de ensino mais adiantado ainda eram proibidas a elas. 
1879 - As mulheres têm autorização do governo para estudar em instituições de ensino superior; mas as que seguiam este caminho eram criticadas pela sociedade.
1914 – A primeira jornalista de que se tem notícia Eugênia Moreira escreve artigos em jornais afirmando que "a mulher será livre somente no dia em que passar a escolher seus representantes”; 
1919 - É construído o primeiro monumento a uma mulher. Tratava-se de um busto, uma homenagem à Clarisse Índio do Brasil, que morreu vítima de violência urbana, no Rio de Janeiro;
1928 - As mulheres conquistam o direito de disputar oficialmente as provas olímpicas. 
1932 - O Governo de Getúlio Vargas promulgou o novo Código Eleitoral pelo Decreto nº 21.076, garantindo finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras;
1948 - A holandesa Fanny Blankers-Keon, 30 anos, mãe de duas crianças, consagrou-se a grande heroína individual das Olimpíadas, superando todos os homens. Conquistou quatro medalhas de ouro no atletismo;
1962 - O presidente João Goulart sanciona a Lei n° 4.121 que ampliou os direitos da mulher casada no Brasil;
1974 - Izabel Perón torna-se a primeira mulher presidente;
1977 - A escritora Rachel de Queiroz torna-se a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras;
1985 - Surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM, em São Paulo;
1994 - Roseana Sarney é a primeira mulher eleita governadora de um estado brasileiro: o Maranhão. Foi reeleita em 1998.
1997 - As mulheres já ocupam 7% das cadeiras da Câmara dos Deputados; 7,4% do Senado Federal; 6% das prefeituras brasileiras. O índice de vereadoras eleitas aumentou de 5,5%, em 92, para 12%, em 96.
2006 - A aprovação da Lei Maria da Penha (lei número 11.340) que trata de forma diferenciada a questão da violência doméstica e sexual da mulher.

 A CELEBRAÇÃO DESTE DIA
Nas eleições de 2010, a grande novidade foi a eleição da primeira mulher para a chefia da República. Neste aspecto, o Brasil deu um grande salto na equidade de género, sendo uns dos 20 países do mundo que possui mulher na chefia do Poder Executivo. Com a alternância de gênero no Palácio do Planalto, o número de ministras cresceu e aumentou a presença de mulheres na presidência de empresas e órgãos públicos, como no IBGE e na Petrobrás.
Nos municípios, as mulheres são, atualmente, menos de 10% das chefias das prefeituras. Nas Câmaras Municipais as mulheres são cerca de 12% dos vereadores. Mas, em 2012, quando se comemoram os 80 anos do direito de voto feminino, haverá eleicões municipais. A Lei de Cotas determina que os partidos inscrevam pelo menos 30% de candidatos de cada sexo e dê apoio financeiro e espaço no programa eleitoral gratuito para o sexo minoritário na disputa. Os estudos acadêmicos mostram que, se houver igualdade de condições na concorrência eleitoral, a desigualdade de gênero nas eleições municipais poderá ser reduzida.
As mulheres brasileiras já possuem nível de escolaridade maior do que o dos homens, possuem maior esperança de vida e são maioria da População Economicamente ativa (PEA) com mais de 11 anos de estudo. Elas já avançaram muito em termos sociais e não merecem esperar mais 80 anos para conseguir igualdade na participação política.
Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.

Se liga:
Acesso ao Ligue 180 – As mulheres em situação de violência na Espanha devem ligar para 900 990 055, discar a opção 1 e, em seguida, informar a atendente (em Português) o número 61-3799.0180.
Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA
REBELE-SE CONTRA O RACISMO! 
 fonte:IBGE/www.agenciapatriciagalvao.org.br/inde

segunda-feira, 4 de março de 2013

População Negra: Espelho, espelho meu...

Viver em sociedade implica a necessidade de uma postura em relação às diferenças  e essa tende a ser uma condição comum até para quem busca compreender a ética ou a justiça. Mas, e quando as diferenças não são perceptíveis?    Ou melhor, o que ocorre quando, em vez de reconhecê-las (e valorizá-las), passamos ao largo e assumimos o posicionamento de quem prefere fingir que elas não existem?

A História oficial relegou aos negros o papel secundário, dificultando o caminho em direção à sua inclusão social e criando um estado de desigualdade difícil de ser alterado. Difícil, mas não impossível ser apresentada ao longo desses quase 512 anos de existência, um episódio marcante é contado com relação à luta pela liberdade do negro, em um país onde o trabalho escravo foi durante muito tempo explorado e os próprios escravos humilhados a severas punições se descumprissem o mandado, é possível encontrar as personalidades negras brasileiras que a duras penas conseguiram dar a volta por cima.


O primeiro passo para mudar esse quadro é o entendimento de que há, sim, uma discriminação racial. Ela acontece ora de maneira mais explicita, como nas piadas, ora de maneira mais velada. O número reduzido de negros ocupando cargos mais altos nas empresas é um bom exemplo. De um modo ou de outro, a ação silenciosa do preconceito tem mantido os índices de desigualdades em patamares inaceitáveis para um país que se pretende democrático. De posse dos números e observando a realidade com alguma isenção, devemos deixar de lado o mito de que as condições são iguais.

Vale ressaltar que a desigualdade não se reflete apenas nos indicadores sociais ou nos desníveis de renda: essa é a expressão mais evidente do racismo. Ela evidencia uma estrutura cultural e social que acaba por mascar uma discriminação mais profunda: a desvalorização, desumanização e desqualificação, ou o não reconhecimento simbólico das tradições, saberes e fazeres do povo afro-descendente.


Identidade, quem somos?

A identidade de um povo, num Estado nacional, pode se transformar, lentamente, seguindo as modificações históricas ou de forma mais veloz, sobretudo em períodos de guerra ou de grandes transformações locais ou mundiais. Muitas vezes tais mudanças são geradas durante certo tempo e, a partir de algum movimento, tornam-se visíveis.

Assim sendo, para entender o presente, é preciso compreender o que a história significa no passado e para o futuro e, ainda, a diferença entre a história, os pontos de vista históricos e as interpretações da história.
O Estado brasileiro, escravista durante mais de trezentos anos, reestruturado por conceitos republicanos excludentes, impôs e estimulou, ao longo da história, conceitos de nacionalidade que determinaram um discurso cultural distante da realidade multi-cultural do país.
A cultura brasileira, essencialmente permeada por valores femininos, negros, caboclos, indígenas, definida por encontros e conflitos, foi mediada, durante anos, pelo discurso da democracia racial e sua manifestação material legitimada a partir de uma leitura política branca.
A rica diversidade da cultura dos povos de origem européia aqui recriada, as africanidades brasileiras, as contribuições asiáticas, judias e árabes, as expressões indígenas resultantes dos conflitos da colonização, as características de nossa 'antropofagia', nossa identidade construída com referência em uma diversidade hierarquizada -, nem sempre essa dinâmica foi considerada pelo discurso que justifica e teme as desigualdades estruturais.
Começa, porém, a ser desenhada uma cultura de democracia participativa, que necessariamente inclui a cidadania cultural. O Brasil, Estado/nação, vive, neste momento, um período privilegiado no que diz respeito às possibilidades de concretizar transformações fundamentais abortadas em vários períodos da história. As profundas transformações dos conceitos de identidade nacional são então amparadas por uma política cultural inclusiva, que começa a se materializar valorizando a diversidade e desestruturando a hierarquia herdada da escravidão.
Espelho, espelho meu...



Multi-cultural...

O mercado foi motivado, surgiram e foram ampliadas várias publicações destinadas ao público negro. Uma nova estética, mais inclusiva, começa a ser visível na moda. A comunicação, inicialmente a oficial e agora, lentamente, a comercial, começa a tratar o negro como pessoa e a incluir imagens de seres humanos dos vários grupos étnicos.
0 mercado cultural, entretanto, continua excludente e o financiamento a produções negras muito tímidas. Há ainda uma imensa distância entre o discurso cultural e a prática da inclusão. Os produtos do teatro, da música, da dança, da literatura, do cinema, da televisão e da pintura, apresentados no cotidiano, estão longe de refletir a dinâmica social. Os produtores, com referência nos conceitos criados pelo mito da democracia racial, tratam o negro como segmento, de forma descontextualizada e eventual.
Por sua vez, os movimentos negros, que motivaram com seu ativismo histórico as mudanças atuais, têm sido parceiros críticos do Estado e começam a atuar junto a outros setores para aprofundar as transformações e para garantir que a agenda do governo seja agilizada. A descrença nas instituições e a indiferença em relação à representação política começam a serem transformadas no conjunto da população.
Nota-se uma profunda transformação em curso na identidade nacional. A compreensão das africanidades, aqui recriadas como parte do ethos brasileiro, muda as referências e rompe as limitações impostas por um falso eurocentrismo e põe por terra os conceitos de raça e de fragmentação da diversidade. A inclusão valorizada do negro desmobiliza a necessidade de se provar que o diferente é melhor ou pior, além de permitir trocas mais profundas e prazerosas entre os humanos de várias origens....


 Transformação em curso na identidade nacional e  a compreensão das africanidades...
Mudanças não se processam da noite para o dia, nem tão pouco sem o envolvimento de parte expressiva da população. Para estabelecer o equilíbrio nessas relações, é necessária a participação de vários setores da sociedade civil, governos e ONGs e, principalmente, veículos de comunicação. Não se pode esquecer que, historicamente, a mídia, de maneira geral, sempre produziu conteúdo identificado com critérios e valores europeus, levando a uma "escassez de respeito ao déficit de reconhecimento da civilização e da população descendente de africanos", no dizer do professor Júlio César de Tavares. Basta percorrer a programação da TV, freqüentar as redações de jornais e revistas, analisar seu conteúdo, buscar referencias sobre os temas ou assuntos vinculados à cultura negra para constatar que os afro-descendentes não estão representados de acordo com sua presença numérica e simbólica na nossa sociedade. Chega-se a conclusão de que os veículos não sabem lidar com as diferenças: então se tem uma comunicação influenciada ideologicamente, ainda que de maneira sutil. O pior resultado dessa prática é o racismo.
Com isso, não só esse país como o mundo todo teve uma dificuldade grandiosa em aceitar que a condição de todas as pessoas era a mesma, independente de raça, credo ou religião. A história do negro foi prejudicada e os livros esqueceram-se de destacar grandes pessoas que lutaram pela igualdade racial e lutam até hoje.

Não vos alerto por represália 

Nem cobro meus direitos por vingança. 
Só quero 
Banir de nossos peitos 
Esta goma hereditária e triste 
Que muito me magoa 
E tanto te envergonha.

Autor: Rodrigo Almeida

Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
FONTE:A cor da Cultura/http://www.coladaweb.com/sociologia

sábado, 2 de março de 2013

O 1º DE MARÇO E O TRABALHO HISTÓRICO DA POPULAÇÃO NEGRA:O "problema" da abolição...


Da Escravização e Migrações:
Desde o dia 22 de abril de 1500, nunca mais o Brasil se viu livre da discriminação, a qual nasceu com ele. Tudo começou com os índios, passando pelos negros escravos e alcançando os nossos dias, com a discriminação dos pobres, deficientes físicos, homossexuais, mulheres, crianças e adolescentes entre outros. Mas de todos os excluídos, os negros, com toda a certeza, foram os que mais sofreram com o preconceito. Junto com os indígenas, foram as grandes vítimas no Novo Mundo, sofrendo terríveis agonias e sofrimentos, participando de lutas, morte e martírio, em busca da libertação da horrível escravidão que lhes foi imposta. Durante os três primeiros séculos de história de nosso país, foram trazidos para cá, como escravos, mais de três milhões de africanos, os quais, através da força do seu trabalho, acumularam riquezas que hoje formam o patrimônio das atuais elites econômicas brasileiras. Com a abolição da escravatura, em 1888, o Estado Brasileiro deixou os negros à mercê da concorrência do mercado capitalista. Só depois de mais de 100 anos do fim da escravidão, e mais de 400 anos de luta do povo negro, é que este Estado se propõe a pensar e elaborar políticas públicas para valorização dos descendentes de africanos escravizados no Brasil.

“O escravo corresponde a um capital fixo cujo ciclo tem a duração da vida de um indivíduo; assim sendo, (...) forma um adiantamento a longo prazo do sobretrabalho eventual a ser produzido. O assalariado, pelo contrário, fornece este sobretrabalho sem adiantamento ou risco algum. Nestas condições, o capitalismo é incompatível com a escravidão”.
No Brasil Colônia, a base da economia e de sua riqueza estava no trabalho escravo. O Brasil foi o último país da América a abolir o terrível regime escravista, no ano de 1888, ato que condenou a Monarquia e abriu as portas para a República. Na época, o trabalho assalariado já despontava como o mais adequado à sociedade industrial em formação. Os negros, que até então não tinham outro trabalho a não ser o braçal se viram, repentinamente, sem labor ou onde morar, pois sua permanência nas terras do antigo senhor de escravos não era mais possível. Ao mesmo tempo, o Brasil abriu suas portas à mão de obra imigrante, principalmente de pessoas vindas da Europa, negligenciando os ex-escravos negros, em sua grande maioria, marginalizando-os, deixando-os sem trabalho e sem acesso à escola, refugiados em quilombos, favelas, mocambos e palafitas. De repente, os negros foram declarados livres e, após a alegria inicial, descobriram-se sem teto, trabalho e meios de sobrevivência. Durante a vida toda, os negros trabalhavam para seus senhores, nunca para si, recebendo um mínimo para sua subsistência. Com o fim da escravidão, não ocorreu aos abolicionistas a necessidade de garantir-lhes meios para sua sobrevivência nem a posse da terra para sua fixação. Favorecidos de um lado, a marginalização dos negros não acabou, apenas "mudou de roupagem", pois sua discriminação ganhou uma outra perspectiva: o esquecimento.
 O Pré -conceito...

O Brasil é um país de dimensões continentais, dotado de recursos inimagináveis e, em sua maioria, ainda inexplorados. Além disso, desde que se tornou uma "esperança" mundial em tempos passados, como o "Jardim do Éden" dos povos em sua maioria provenientes da Europa e que fugiam de focos de guerras e revoluções que assolaram o continente, principalmente no século XIX e atual, esta terra se transformou numa gigantesca "Arca de Noé", acolhendo diversas raças e culturas que aqui depositaram sua confiança, sonhos e expectativas. O Brasil possui uma formação populacional altamente heterogênea em índices não experimentados por nenhuma outra nação do planeta, o que faz dele, realmente, um lugar especial e a prova viva de que é possível viver em harmonia étnica e cultural em meio a um oceano de miscigenação. Evidentemente que esta "harmonia" é relativa e deve ser observada com olhos atentos. Mas não se pode negar que o cenário nacional encontra-se livre de antecedentes históricos envolvendo atentados à bomba contra templos religiosos ou grupos racistas radicais declarados como se vê em países como Estados Unidos, França e Alemanha. O povo brasileiro, em toda a sua diversificação, é um povo uno, uma raça só oriunda de diversas outras raças, uma só entidade socio-política de larga base territorial. Mas esta aparente unidade não pode esconder uma outra realidade nacional: o racismo.

Apesar do negro ter alcançando a igualdade jurídica a partir da abolição, a desigualdade sócio-econômica com relação aos brancos se mantinha a mesma, e a ideologia de 400 anos de escravidão se mantinha forte, definindo a diferença entre os dois, sendo o negro eternamente visto como um indivíduo submisso e inferior aos brancos. Mais do que isso o negro, com o fim da escravidão, passa a ser visto como um fator de concorrência ao mercado de trabalho, a ameaça viva de tirar do branco as oportunidades que sempre lhe couberam. O preconceito racial continuou a ser exteriorizado de maneira discreta e branda e existe ainda hoje em várias regiões do Brasil, manifestando-se em maior ou menor grau, em todas as classes sociais.

Um exemplo típico de racismo se comprova com os dados de pesquisa do Datafolha, que publicou uma pesquisa onde revela que os negros são abordados com mais freqüência em batidas policiais, recebendo mais insultos e agressões físicas do que os indivíduos brancos. Por questão desta abordagem, são igualmente mais revistados que pessoas de outra etnia. A escolaridade e a condição financeira têm pouca influência sobre a freqüência e incidência destas batidas policiais e da violência que ora se comete. Esta violência é praticada quase sempre contra indivíduos negros ou mulatos, seja na forma de ofensa verbal ou agressão física. Conclui-se que os métodos de abordagem da polícia junto ao indivíduo levam em consideração sua aparência física (vestimentas), a etnia (fatos principal) e um estereótipo completamente fora de sentido: a expressão facial da pessoal. O indivíduo que se encontra dentro da tipificação psicológica acaba fazendo parte de um sistema seletivo e discriminatório, e este indivíduo, geralmente, é pobre, negro ou mestiço...

O negro e o mercado de trabalho no Brasil ainda nos dias atuais: Raça e etnicidade


Trabalho assalariado sem Brasil,Elementos étnicos raciais e representaram Criterios Não-Econômicos Que ordenaram preferencias e hierarquias Entre OS Trabalhadores e atuaram Como UMA base de normativa parágrafo como RELAÇÕES Sociais. A Partir de hum branco e de hum negro simbólicos, local e historicamente situados, estabeleceu-se relacionalmente o Lugar De CADA Trabalhador Nessa Sociedade, o Que POR SUA Vez exerceu Influência sobre como possibilidades de Inserção dos indivíduos não Mercado de Trabalho e não preenchimento de determinadas ocupações.

Infelizmente, o passado escravista registrou no inconsciente coletivo a absurda noção da inferioridade do negro, criando-se um preconceito que se manifesta de diferentes formas. E isto atingiu também muitos negros, que se sentem inferiores em relação à sua condição, chegando a abominar a sua própria cor, valorizando a cultura branca como padrão ideal. Por causa das razões históricas, os negros continuam sendo um dos setores mais pobres e sofridos da sociedade brasileira. Deles foi tirada a liberdade, dificultada a conservação de sua cultura e memória e, até hoje, não foi restituída efetivamente a condição da plena cidadania.

Estudos da Fundação SEADE revelam que, em 1996, havia o seguinte quadro de desemprego, só na região metropolitana de São Paulo: homens negros 77% maior que a dos brancos (20%); mulheres negras 20% em relação às brancas (15,6%). A inserção ocupacional das mulheres apresentava diferenças marcantes segundo a cor. Pouco mais de um terço das mulheres negras e 29% das pardas trabalham nos Serviços Domésticos, forma de ocupação de apenas 13% das brancas. No setor serviços estavam ocupadas 43% das negras e 36% das pardas. E na luta por trabalho, hoje, até postos de subemprego tradicionalmente ocupados pelos negros, estão em acirrada disputa pelo crescente número de desempregados. Para sobreviverem muitos afrodescendentes não encontram outro caminho que o arriscado mercado da droga e da contravenção. O país campeão de desigualdades tem grande parte de sua força de trabalho sobrevivendo em condições de subemprego, quando não de desemprego. O negro empregado acaba obtendo rendimentos inferiores aos percebidos pelo branco, sempre sendo relacionado a trabalhos com pouca qualificação. Por causa do preconceito, a mão-de-obra negra é direcionada para trabalhos domésticos e pesados, sendo a sua cor fator determinante, estando acima de sua qualificação e formação.

Ironicamente, mesmo com o preconceito vigente, o Brasil é o país com a segunda maior população negra do mundo. Mesmo com todo este contingente de indivíduos negros, poucos deles têm acesso ao que, a princípio, está disponível à população branca, como mercado de trabalho digno, escolas privadas ou universidades. Segundo o IBGE, em relação à qualidade de vida da população, o Brasil ocupa a 63ª posição no mundo. Considerando-se a população negra, o Brasil fica na 120ª posição mundial, ressaltando com isso a diferença entre os níveis de vida da população branca e da população negra. Uma pesquisa sobre desigualdade racial no Brasil, realizada pela Federação do Órgão para Assistência Social e Educacional - FASE, demonstrou índices que levam à conclusão de que a qualidade de vida da população negra está próxima a dos países mais pobres. As famílias negras ainda são marginalizadas no processo produtivo, sendo assim os seus filhos também são marginalizados. Desta forma, no momento em que a criança deveria estar na escola ela está na rua procurando sobreviver. Segundo dados do UNICEF, de 2000 menores carentes, 1600 são negros . Os negros e mulatos constituem um setor desproporcionalmente alto entre os pobres, uma vez que estes representam 42,5% da população total, mas 62,4% da população pobre. A pirâmide social coloca homens brancos e mulheres brancas no topo e homens negros e mulheres negras na base, estando a mulher negra em situação ainda pior.

A violência contra o negro.
No que diz respeito à violência policial no Brasil, segundo pesquisa do Datafolha, os negros são abordados com mais freqüência durante as blitz, recebem mais insultos e mais agressões físicas que os brancos. A desvantagem, revelada pela pesquisa Datafolha, não pára por aí: percentualmente, também há mais revistados negros que qualquer outro grupo étnico.

Entre os da raça negra, quase metade (48%) já foi revistada alguma vez. Desses, 21% já foram ofendidos verbalmente e 14%, agredidos fisicamente por policiais. Os pardos superam os negros em ofensas: 27% deles foram ofendidos verbalmente e 12% agredidos fisicamente. Ao todo, 46% já foram revistados alguma vez. A população branca é menos visada pela polícia. Entre estes, 34% já passaram por uma revista, 17% ouviram ofensas e 6% já foram agredidos, menos da metade da incidência entre negros. Em cada três negros, um (35%, exatamente) teme mais a polícia que os bandidos e outro teme os dois na mesma proporção, aponta o levantamento. Para os entrevistados de cor branca, somente 19% (um em cada cinco) temem mais a polícia. Quase a metade, 47%, tem mais medo dos bandidos do que da polícia.
Quanto à criminalidade, constatou-se que dos homicídios dolosos contra menores, 54% das vítimas eram menores negros e 33,9% eram brancas, inserindo-se as restantes a outras categorias. Da população dos presídios, 68% das pessoas presas têm menos de 25 anos de idade, sendo que 2/3 são negros e mestiços;

Não se pode ignorar o racismo, o preconceito, a discriminação, aceitando os estereótipos que marginalizam, oprimem, humilham e matam o povo negro. A Constituição de 1988 soube repudiar a marginalização do negro, tipificando o racismo como crime em seu artigo 5° , inciso XLII. Mesmo assim, ainda imperam no país diferentes formas de discriminação racial, velada ou ostensiva, que afetam mais da metade da população brasileira, constituída de negros ou descendentes de negros privados do pleno exercício da cidadania. Os casos de discriminação racial que vêm acontecendo durante anos neste país merecem uma apreciação mais cuidadosa por parte das autoridades, correndo o risco de se transformar (se é que já não se transformou) num ato de omissão diante do dever do direito em realizar a justiça, ao menos a justiça dos homens. O preconceito racial se constitui um grave obstáculo ao exercício do direito à igualdade. Os negros têm de lutar contra tudo aquilo que está sedimentado e que, quase inconscientemente, é posto em circulação na nossa sociedade. Para lutar contra o preconceito é preciso realizar atos que demonstrem a necessidade de que os segmentos vítimas de discriminação tenham seus direitos reconhecidos. Infelizmente, ainda estamos longe de constituir uma verdadeira democracia racial e, apesar de sermos uma nação etnicamente plural, as "minorias", sobretudo os negros, não têm o mesmo reconhecimento dos brancos colonizadores. O espaço negro é limitado e o indivíduo é discriminado, não sendo reconhecido em suas atividades. Discriminado e marginalizado, o negro é visto perante a sociedade como um indivíduo sem qualificação, limitado, estando restrito ao mercado de trabalho formal. Sempre é colocado em posições inferiores, sendo o que mais sofre com a péssima situação sócio-econômica do país, estigmatizado por ser "escuro" ou pardo. E, ironicamente, o negro é a grande força de trabalho do Brasil, porém o que mais sofre com as crises e com a discriminação. No passado, ele ajudou a construir este país para os brancos; no presente, quando tenta desfrutar o produto de seu trabalho, encontra as portas fechadas pela terra à qual se dedicou.
Se liga...
Ascensão social e trabalho...
Estudos feitos por Hasenbalg, indicam também as dificuldades específicas para a população afro-descendente, com relação a ascensão social quando afirma que estes “...sofrem uma desvantagem competitiva em todas as etapas do processo de mobilidade social. Suas possibilidades de escapar às limitações de uma posição social baixa são menores que as dos brancos na mesma origem social, assim como são maiores as dificuldades para manter as posições já conquistadas”. (HASENBALG & SILVA, 1988: 177)

Quando analisamos a situação de afro-descendentes que já alcançaram a classificação social como classe média, surgem outras indagações relativas à sua “nova” identidade. Uma análise importante atinente à temática, pode ser encontrada em Castells, referindo-se às relações raciais nos Estados Unidos, para quem:

“...os negros de classe média são precisamente os que se sentem mais frustrados com a desilusão com o ‘Sonho Americano’, sentindo-se completamente discriminados pela permanência do racismo, enquanto a maioria dos brancos acredita que os negros estão sendo favorecidos demais pelas políticas de ação afirmativa, reclamando de discriminação invertida....”, mas, de modo geral, “...os afro-americanos afluentes não se sentem bem-vindos na sociedade como um todo. Realmente, não são bem aceitos. Não só a hostilidade racial entre os brancos continua sendo uma constante, como as conquistas dos negros do sexo masculino de classe média ainda os colocam em uma posição bem inferior à dos brancos em termos de educação...” (CASTELLS, 2000: 75).
Para a população negra de classe média a superação dos estereótipos vinculados à cor, (admitindo-se que os negros se encontram muito freqüentemente realizando atividades desprestigiadas socialmente), constitui-se um problema que podemos associar a uma redefinição da própria identidade negra. Como se não fossem suficientes as dificuldades de uma recente transição do país de economia agrícola para economia urbana industrial e de serviços, há, ainda, o peso da herança deixada pelo longo período de escravidão no país, que influencia o racismo a que negros ainda são submetidos.

Neste sentido é que os afro-descendentes se empenham para a aquisição de certos símbolos que garantam sua distinção em relação ao restante dos afro-descendentes pertencentes às camadas populares, como a posse de um diploma universitário, o exercício de um trabalho não manual e o cultivo de algumas práticas de consumo que envolve diferenças no tamanho das residências, no modelo e ano do automóvel adquirido, no número de empregados domésticos e no modo de vestir.

A ascensão social da população negra tem como maior obstáculo a discriminação racial existente em nossa sociedade. Ao incorporar uma representação do espaço social como um espaço em que é possível a ascensão social, os cidadãos negros de classe média muitas vezes relevam o fato de o racismo existente na sociedade brasileira tornar suas perspectivas de futuro frustradas, o que corresponde a reconhecermos que um conjunto de possibilidades teoricamente existentes, na prática podem se tornar inviáveis para um negro no Brasil, limitando efetivamente o campo de suas possibilidades, já que nem sempre o capital cultural acumulado pelos negros pode ser convertido em uma posição social correspondente.
Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

fonte: http://jus.com.br/revista/texto/5227/direitos-humanos-no-brasil#ixzz2M2GDijSV/Ricardo NóbregaVerônica Toste DaflonIuperj/www.ipea.gov.br.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Hilton Cobra é o novo olhar na Fundação Cultural Palmares

O ator e diretor da Cia dos Comuns, Hilton Cobra, é o mais novo presidente da Fundação Palmares.A decisão foi da ministra Marta Suplicy.Hilton Cobra é um idealizador na pesquisa tetral negra. Como diretor da Cia Comuns, objetivou a missão artística, cultural e política de se criar um maior conhecimento da cultura negra. Ele procurou ampliar o espaço de atuação de profissionais negros no mundo das artes cênicas.

     "Eu sou diretor da "Companhia dos Comuns". Essa idéia surgiu há dez anos quando vim morar no Rio de Janeiro - sou baiano - porque eu via poucos atores negros no palco. Então isso foi despertando em mim vontade de ampliar e abrir espaço para outros atores - e não somente atores e atrizes - mas também diretores e dramaturgos negros, que ainda não tem muito no mercado carioca, e no brasileiro em geral". (
Hilton Cobra)

 Cobra possui 25 anos dedicados às expressões culturais e artísticas. Como gestor pela direção do Centro Cultural José Bonifácio, da Prefeitura do Rio de Janeiro, entre 1993 e 2000, criou e produziu projetos como: “Nossas Yabás”, “Projeto Griot”, “Zumbi Rio – 300 Anos”, “Kilunge – Feira do Livro Afro-brasileiro” e “Fazendo Arte”.

No currículo, também traz importantes trabalhos como as criações de “Olonadé – A cena negra brasileira”, mostra de discussões sobre o fazer teatral e a busca de uma tábua estética, a partir da perspectiva das culturas de matriz africana, e daCia dos Comuns, que em 2001 surgiu no Rio de Janeiro, a partir da necessidade de se ampliar a presença de Companhias de Teatro Negro Contemporâneo, no cenário cultural brasileiro. Com a Comuns montou: “A Roda do Mundo”, de 2001, “Candances – A Reconstrução do Fogo”, de 2003, “Bakulo” – os bem lembrados, de 2005, e “Silêncio”, de 2007. Em 2008, encarnou o personagem de Lima Barreto, Policarpo Quaresma, na montagem homônima dirigida por Luiz Marfuz, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, em Salvador. No mesmo ano, ganhou o Prêmio de melhor ator (curta) no Festival de Cinema de Brasília.

Em Salvador, a Cia dos Comuns e o Bando de Teatro Olodum promoveram o“Fórum Nacional de Performance Negra”, encontro nacional de representantes de grupos e companhias de teatro e dança, artistas, pesquisadores e acadêmicos negros, que teve o objetivo de discutir mecanismos de financiamentos para a produção artística afro-brasileira.
Esteve sempre envolvido com o universo das artes, da cultura e com a defesa da igualdade racial. 

Seu mais recente projeto é a criação do “AKOBEN”,um movimento de âmbito nacional da classe artística negra que reivindica uma política cultural honesta, inclusiva e verdadeiramente democrática, desenvolvido em 2012.José Hilton Santos Almeida, Hilton Cobra, ou Cobrinha é ator, diretor teatral e produtor cultural,nasceu em Feira de Santana, na Bahia, em 25 de maio de 1956, dia dedicado ao Continente Africano.

Por: Aduni Benton.

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Fonte: Ascom/ Fundação Cultural Palmares/Aduni Benton - Diretora de Cultura da UNEGRO/RJ

Angenor de Oliveira mais pode me chamar de Cartola ...

 "Modéstia, sensibilidade, criatividade e honestidade são só alguns dos adjetivos que nos remetem à lembrança do maior compositor da história do samba e um dos maiores da verdadeira música popular brasileira: Cartola."

Angenor de Oliveira nasceu no dia 11 de outubro de 1908, no bairro do Catete, Rio de Janeiro. Por motivos financeiros a família de Cartola teve que se mudar para o morro da Mangueira.
Festas de rua e desfiles de Reis foram um laboratório musical para o menino Cartola que aprendeu a tocar cavaquinho com o pai. Aos 15 anos, depois da morte da mãe, foi viver uma vida própria de boêmia, deixando escola e família para trás.
Tinha o curso primário, trabalhou em tipografias e como pedreiro. Nas construções em que trabalhava usava um chapéu parecido com uma cartola para se proteger do cimento, daí surgiu o apelido. Em 1925, junto com Carlos Cachaça, fundou o Bloco dos Arengueiros, que em 1928, desdobrou-se com outros blocos do morro da Mangueira na fundação da segunda escola de samba da cidade do Rio de Janeiro, o G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira, tendo as cores da escola (verde e rosa) escolhidas por ele mesmo.
Operário da construção civil, Angenor de Oliveira incomodava-se muito com o cimento que caía sobre seus cabelos e por isso usava um chapéu, o que motivou seus companheiros a darem-lhe o apelido de Cartola, que mais tarde ficaria conhecido por suas belíssimas composições, ainda vivas depois de tantas décadas.

Considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, Cartola nasceu no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras. Tomou gosto pela música e pelo samba ainda moleque e aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. Dificuldades financeiras obrigaram a família numerosa a se mudar para o morro da Mangueira, onde então começava a despontar uma incipiente favela...Na Mangueira, logo conheceu e fez amizade com Carlos Cachaça — seis anos mais velho — e outros bambas, e se iniciaria no mundo da boemia, da malandragem e do samba...

Com o samba no sangue e mangueira no tom...
Com o forte movimento de organização dos blocos de carnaval, iniciado na década de 20, diversas escolas de samba começaram a surgir e ganhar notoriedade. Surgiu então no Estácio a escola de samba Deixa Falar, criada por Ismael Silva, outro nome imortal na história do samba. Mais tarde, no dia 28 de abril de 1928, Cartola e outros sete amigos — Euclides, José Claudino (Massu), Pedro Caim (Pedro Paquetá), Heitor dos Prazeres (Mano Heitor), Saturnino Gonçalves (Satur), Abelardo da Bolinha e Zé Espinguela — reunidos na casa de Euclídes da Joana Velha, em nome de todos os blocos da Mangueira, fundam a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. O nome foi inspirado em uma música de Cartola, assim como as cores, verde e rosa, que também foram escolhidas pelo Mestre. Na gravação de uma de suas músicas,Inverno do meu Tempo, antes de versar ele conta como surgiu a idéia. 
— Quem criou esse nome de estação primeira fui eu, porque eu tinha um samba que se chamava Sonhos de Estação Primeira, salve o morro de Mangueira. E aí ficou esse nome: Estação Primeira. Eu morava no Catete, depois mudei-me pra Laranjeiras e lá tinham dois ranchos, o da Aliança e o dos Arrepiados, que era verde e rosa. Por isso eu gostava dos Arrepiados. Quando vim para o morro, que fundamos a Escola, eu me lembrei das cores verde e rosa e pedi pra botar. Eles aceitaram, mas o Carlos [Cachaça] disse que já tinha um rancho lá em Mangueira, dos Caçadores da Floresta, que tinha essas cores, verde e rosa. Então calhou.— conta Cartola, que em seguida fala sobre sua paixão pelo samba — Eu gosto mais de fazer samba-canção porque é o estilo que eu acho bonito. Eu não gosto muito desses sambas corridos, tem que ser uma coisa muito boa. Eu mesmo já fiz muitos, mas fui caindo mais pro lado da canção. Eu não levo jeito pra fazer outro tipo de música. O parceiro meu que foi mais frequente foi Carlos Cachaça, com quem eu escrevi mais músicas — conta o Mestre, não esquecendo do seu grande amigo e concunhado.
A glória na velhiceEm 1970 Cartola protagonizou uma série de apresentações promovidas pela União Nacional dos Estudantes, intituladas "Cartola Convida", na praia do Flamengo, onde recebia grandes nomes do samba. Também naquele ano, a Abril Cultural lançou um volume dedicado à sua obra na série "História da música popular brasileira", no qual o sambista interpretou "Preconceito" (de sua autoria). Em 1972 Paulinho da Viola gravou "Acontece" e Clara Nunes gravou "Alvorada" (com Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho). Em 1973 Elza Soares gravou "Festa da Vinda" (parceria com Nuno Veloso).
Mas a consagração definitiva viria somente em 1974, alguns meses antes de completar 66 anos, quando o sambista finalmente gravou seu primeiro disco-solo. Cartola, lançado em uma iniciativa do pesquisador musical, produtor de discos e publicitário Marcus Pereira. O disco, que recebeu vários prêmios e foi considerado um dos melhores daquele ano,reunia uma coleção de obras-primas de Cartola e uma equipe de instrumentistas de primeira linha no acompanhamento.

O sambista interpretou "Acontece", "Tive Sim", "Amor Proibido"e "Amor Proibido" (canções de autoria própria), "Disfarça E Chora" e "Corra E Olhe O Céu" (parceria com Dalmo Casteli), "Sim" (com Oswaldo Martins), "O Sol Nascerá" (com Élton de Medeiros), "Alvorada" (com Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho), "Festa Da Vinda" (com Nuno Veloso), "Quem Me Vê Sorrindo" (com Carlos Cachaça) e "Ordenes E Farei" (com Aluizio).
Também em 1974 a mesma gravadora Marcus Pereira lançou o LP "História das escolas de samba: Mangueira", no qual Cartola interpretou algumas faixas. Pouco depois, durante uma entrevista ao radialista e produtor Luiz Carlos Saroldi, em um programa especial para a Rádio Jornal do Brasil, apresentou dois sambas ainda inéditos: "As Rosas Não Falam" e "O Mundo é um Moinho". Ainda naquele ano, o sambista participou do programa radiofônico "MPB - 100 ao vivo" - os programas foram editados em oito LPs com o mesmo título e em um dos álbuns ocupou todo um lado, deferência só concedida a dois outros convidados, Luiz Gonzaga e Paulinho da Viola - e se apresentou no bairro carioca de Botafogo, em que atuou ao lado da cantora Rosana Tapajós e do flautista Altamiro Carrilho Gal Costa regravou "Acontece".
Logo depois, em 1976, a mesma gravadora lançou o segundo LP, também intitulado Cartola. O sucesso do álbum foi puxado por uma de suas mais famosas criações, "As Rosas Não Falam", incluída na trilha sonora de uma novela da Rede Globo. Ainda em seu segundo disco, Cartola interpretou suas composições "Minha", "Sala de Recepção", "Aconteceu", "Sei Chorar", "Cordas de Aço" e"Ensaboa". Gravou também as canções "Preciso me encontrar" (de Candeia), "Senhora tentação" (de Silas de Oliveira) e "Pranto de Poeta" (de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Também nesse ano, Clementina de Jesus gravou "Garças Pardas" (parceria com Zé da Zilda).
A grande popularidade obtida pelo samba levou Cartola a uma divulgação inédita de seu trabalho. Realizou seu primeiro show individual, no Teatro da Galeria, no bairro do Catete, acompanhado pelo Conjunto Galo Preto. O show foi um sucesso de público e se estendeu por quatro meses em várias partes do país.

Em 1977 o sambista dividiu com um novo parceiro, Roberto Nascimento, uma turnê por palcos do Sesc, no interior de São Paulo.Em meio ao grande sucesso, Cartola voltou a desfilar pela Mangueira, após 28 anos de ausência no desfile de carnaval. O seu samba"Tive, Sim" foi defendido por Ciro Monteiro na I Bienal do Samba, promovida pela TV Record, e terminou classificado em quinto lugar no concurso. Também foi convidado pela Prefeitura de Curitiba para integrar o juri do desfile das escolas de samba locais, onde, pela primeira e única vez julgou um desfile das escolas. Beth Carvalho gravou com sucesso "O mundo é um moinho". Em junho de 1977 a Rede Globo apresentou o programa "Brasil Especial" número 19, dedicado exclusivamente a Cartola, e que obteve grande êxito. Em setembro daquele mesmo ano, o sambista participou (acompanhado por João Nogueira) do "Projeto Pixinguinha", no Rio de Janeiro, e depois em uma excursão pelas principais cidades brasileiras. O sucesso do espetáculo os levou a excursionar por São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
Ainda em 1977, em outubro, a gravadora RCA lançou "Verde que te quero rosa", seu terceiro disco-solo, com igual sucesso de crítica. Um dos grandes destaques do álbum foi "Autonomia", com arranjo do maestro Radamés Gnatalli. Desse LP fazem parte o samba-canção "Autonomia", além de "Nós Dois" (composta especialmente para o casamento com Zica, em 1964). Recriou "Escurinha"(samba do mangueirense Geraldo Pereira, falecido prematuramente em consequência de uma briga com "Madame Satã"). Estão presentes ainda os sambas "Desfigurado", "Grande Deus", "Que é feito de você" e "Desta vez eu vou" (todos de sua autoria), "Fita meus olhos" (com Osvaldo Vasques) e "A canção que chegou" (com Nuno Veloso)
Em 1978, buscando tranqüilidade, muda-se para jacarepaguá, nesta época descobre que estava com câncer, faleceu no dia 30 de novembro de 1980. É uma das grandes referências históricas da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira e da MPB.
Se liga: Mesmo tendo sido um dos maiores poetas, não só do samba como da música popular brasileira, Cartola foi uma grande vítima da mesma exploração que padece o povo brasileiro. Angenor de Oliveira morreu muito pobre, morando em um pequeno sobrado, que foi doado a ele pela prefeitura.

"Cartola não existiu.Foi um sonho que tivemos."
- Nelson Sargento
Um afro abraço.
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fonte:Carneiro, Luiz Felipe “Os doze maiores clássicos de Cartola”(Fitinha, 22/11/2008); e “Cartola – Uma Biografia” Conexão Professor, Secretaria de Educação, Portal do Governo do Rio de Janeiro/ Wikipédia, a enciclopédia livre.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

José Mariano, negro: Um pé no salão e outro na senzala...


Em julho de 1887, com 60 votos a favor e 27 contra, a Câmara negou ao liberal pernambucano José Mariano, negro, o direito de assumir sua cadeira de deputado. Impedido de tomar posse, Mariano embarcou para Recife e, ao fazer escala em Salvador, foi aclamado por cerca de 5 mil pessoas, sendo depois alvo de “extraordinária recepção” na capital de sua província.
História:    Nascido no Engenho Caxangá, município pernambucano de Ribeirão, em oito de agosto de 1850 (um ano após o nascimento de Joaquim Nabuco no Recife), viveu os tempos tumultuados da segunda metade do século XIX e primeiros anos do século XX. Foi contemporâneo de Joaquim Nabuco (1849-1911), com ele frequentou a mesma turma da Faculdade de Direito do Recife, tendo se formado em Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais no dia 28 de janeiro de 1870.           Ao contrário de Joaquim Nabuco que, depois de formado, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi atuar no escritório de advocacia do seu pai, conselheiro José Thomas Nabuco de Araújo, o nosso José Mariano permaneceu no Recife, onde enveredou pela política e pelo jornalismo.
Ingressou na carreira política no Partido Liberal, ao lado dos jovens de sua época como João Francisco Teixeira, Afonso Olindense, José Maria de Albuquerque Melo, João Ramos, Luís Ferreira Maciel Pinheiro, João Barbalho Uchoa Cavalcanti e assim traçaram as basesdo que viria a ser o Movimento Abolicionista em Pernambuco.No jornalismo, José Mariano vem fundar A Província, que inicia sua circulação em seis de setembro 1872 e se prolonga até a data de quatro de junho de 1933. Inicialmente, no formato de 45 x 29 cm, dispunha de quatro páginas, circulando duas vezes por semana, representando o Partido Liberal em Pernambuco.

Estava assim criada a trincheira deste aguerrido jornalista, que começa fazendo oposição ao bispo de Olinda, Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, no episódio então chamado da Questão Religiosa. No confronto das ideias de católicos e maçons, por vezes as palavras se transformavam em luta armada a tomar conta das ruas. As lutas só vieram cessar com condenação e prisão do bispo Dom Vital, em dois de janeiro de 1874, e sua transferência para o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro.
A Província, por sua vez, já se transformava em jornal diário desde 1º de outubro de 1873, tendo como seu redator-chefe José Maria de Albuquerque Melo, que vem a ser assassinado quando das eleições municipais de 4 de março de 1895, por questões políticas entre o Partido Republicano Autonomista e o governo de Barbosa Lima, provocando o primeiro abalo na vida de José Mariano.

Em 1884, reunindo elementos da sociedade local, vem fundar, a 8 de outubro, na paróquia das Graças, o Clube do Cupim, cujo “estatuto” dispunha de um só artigo: Libertar os escravos por todos os meios
Inicialmente eram 19 os seus associados, todos escondidos sob pseudônimos lembrando os nomes de estados da federação; o do José Mariano, por exemplo, era Espírito Santo.
O movimento desta “associação secreta” provocou uma morsa muito grande nos proprietários de escravos, face as constantes fugas promovidas pelos seus “cupins” que encaminhavam os seus “ingleses” (como eram apelidados os escravos cativos) para a Província do Ceará, que já emancipara os seus cativos desde o ano de 1872.

A partir das eleições para a Câmara Federal de 1887, A Província se firmou nas candidaturas de José Mariano e Joaquim Nabuco, arvorando abertamente a bandeira do
Movimento Abolicionista, publicando artigos diários em favor dos candidatos do Partido Liberal.
A vitória de Joaquim Nabuco, como representante do Primeiro Distrito, sobre o Conselheiro Manuel Machado Portela é alcançada em 15 de setembro de 1887, obtendo o candidato liberal 1407 votos contra 1270 dados ao seu opositor.
No retorno à Câmara Federal, Joaquim Nabuco continuaria o seu apostolado em favor da causa da Abolição da Escravidão Negra, tendo em José Mariano a sua base eleitoral em Pernambuco, sua província natal.

A luta vai até o seu porvir quando, em 13 de maio de 1888, a princesa regente assina a lei extinguindo a escravidão negra das terras do Brasil.
Com o advento da República em 1889, os dois amigos se separam: Joaquim Nabuco, fiel à Monarquia, afastou-se da política; José Mariano, porém, permanece nas atividades partidárias, apoiando o primeiro governador de Pernambuco, coronel José Cerqueira de Aguiar Lima.
Em nada mudou o panorama da província com o novo regime. Mantiveram-se as mesmas punições e retaliações feitas no Império contra a província de Pernambuco, com a perda do território da Comarca do São Francisco para a Bahia (1827) e o não ressarcimento pelas perdas do território da Comarca das Alagoas (1817), e até o não reconhecimento do seu líder maior, frei Joaquim do Amor Divino Caneca (1779-1825), como o verdadeiro Mártir da República, Pai da Pátria e outros títulos ainda hoje negados.Mas de José Mariano Carneiro da Cunha se ouviu o primeiro brado de rebeldia contra o regime despótico do segundo presidente republicano, o Marechal Floriano Peixoto, quando do seu manifesto hipotecando seu apoio à Revolta da Armada, publicado na edição de A Província de 5 de novembro de 1893, em que ressalta:

É preciso que a nação inteira se levante fazendo uma última intimação ao Marechal Floriano Peixoto para que deixe o poder, pelo bem da paz e salvação da República.

O manifesto custou a prisão de José Mariano, em 14 de novembro do mesmo ano, que, depois de recolhido ao Forte do Brum, foi transferido para a Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro, onde permaneceu.

Mesmo prisioneiro no Rio de Janeiro, José Mariano vem a ser o candidato às eleições federais de 1º de março de 1895, elegendo deputado a si e aos seus companheiros de chapa do 1º Distrito Eleitoral de Pernambuco; mesmo atrás das grades, era ele mais importante líder político de sua província.

Mas o grande golpe estava por vir em 24 de abril de 1898, quando veio a falecer a sua mulher Olegária Gama Carneiro da Cunha, conhecida como A mãe dos pobres. Companheira de jornadas nas lutas em favor da emancipação dos escravos, a sua ausência da paisagem veio roubar-lhe o interesse pela vida.

Retirado da vida pública, recolhido aos seus afazeres notariais no Rio de Janeiro, José Mariano Carneiro da Cunha vem a falecer em oito de junho de 1912; era pai do poeta Olegário Mariano e do jornalista e escritor José Mariano Filho.
A garantia de seus direitos civis no Brasil.
Um primeiro passo seria dado em 1951 com a Lei Afonso Arinos, que caracterizou o preconceito racial como contravenção penal. Após mais de 100 anos da discriminação sofrida por José Mariano na Câmara do Império, a Constituição de 1988 estabeleceria que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei”.
         Resultado da mobilização da sociedade civil, o preceito constitucional foi regulamentado pela Lei 7.716/89, Lei Caó. E, mais recentemente, a Lei 9.459/98, Lei Paim, alterou o Código Penal para incluir o crime de injúria racial.    Mas a maioria dos brasileiros desconhece que tais conquistas têm como pano de fundo uma história de luta e resistência, dos quilombos ao movimento negro, sob a exploração desumana do Brasil escravagista, dos quatro séculos de escravidão na Colônia e no Império, até ao racismo dissimulado pelo mito da democracia racial no período pós-Abolição, que não garantiu aos negros o direito à terra e a condições adequadas de sobrevivência e desenvolvimento.  A população afrodescendente – 44% dos brasileiros, segundo o IBGE – continua a desfrutar das piores condições de vida no País.
"O racismo é um fenômeno estrutural na sociedade brasileira e afeta as possibilidades de inclusão dos negros e negras na sociedade. Os movimentos negros conquistaram o reconhecimento publico de que o racismo está presente nas relações sociais e é um fator fundamental de desigualdade. O caminho do Brasil para a democracia e a cidadania demanda que o racismo e outras formas de iniqüidade social sejam abolidas no nosso cotidiano, por isto, posicionar-se e combater o racismo é compromisso inerente a uma proposta de governo popular, democrático e solidário."
A contribuição dos negros à formação do Brasil, com suas raízes africanas e todo um passado multimilenar omitido pelo eurocentrismo, é uma história que a escola não ensina. Ao ter o acesso negado às fontes de sua identidade cultural, o negro brasileiro fica, mais ainda, desfavorecido na sua luta pela mobilidade social. E uma das razões dessa injustiça reside no plano da cultura e das práticas sociais, manifestando-se por meio da discriminação racial ou do “racismo à brasileira”, que tanto conhecemos.
Estamos em meio a um turbilhão de mudança sócio cultural e principalmente de visão de mundo, o acúmulo de conhecimento aliado aos avanços sociais não nos permite retroceder, conseguimos alterar a Lei Federal 9.394/1996 modificada pela Lei 10.639/03 e complementada pela Lei Federal 11.465/08 que inclui a obrigatoriedade na rede pública e privada do ensino da temática â História afro-brasileira e indígena...
Um afro abraço.
UNEGRO 25 ANOS DE LUTA...
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fonte:www2.uol.com.br/JC/sites/especial./www.alepe.pe.gov.br 

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...