UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 17 de novembro de 2013

Analizando 20 de novembro num contesto politico deste capitulo da história brasileira...

A Lei 10.639 de 2003 estabelece que no dia 20 de novembro seja comemorado o Dia da Consciência Negra. A data é feriado em boa parte do Brasil e foi criada para discutir a História dos negros no país, sua cultura e sua colaboração para a nação que temos hoje. Além disso, é também uma oportunidade para lembrar e evidenciar os problemas sociais que ainda afligem essa parcela da população.

Por que uma data...

A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira. 
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados heróis nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importante está sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória à inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.

Zumbi dos Palmares:

Um herói brasileiro “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade. O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras. Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.
Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife. O menino era Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil.

O papel africano na manutenção da escravidão:



 Por muito tempo, a historiografia brasileira ignorou o papel de africanos e seus descendentes na manutenção da escravidão, tanto no Brasil como na África. Apenas a partir da década de 1990 é que historiadores passaram a dar importância à influência africana nesse sistema, deixando as pessoas de origem africana de serem tratadas apenas como vítimas da escravidão, mas também como agentes ativos. A escravidão já era praticada na África muitos séculos antes da chegada dos europeus. Desde o século VIII reinos africanos ao sul do deserto do Saara promoviam a captura de pessoas para serem vendidas aos árabes ao norte do deserto. Seis grandes rotas ligavam nações ao sul do Saara aos povos árabes do norte. Os negros africanos atravessavam o deserto para vender aos islâmicos ,algodão, ouro, marfim e sobretudo escravos. Voltavam com sal, joias, objetos metálicos e tecidos para serem entregues à nobreza africana. Quando os portugueses chegaram ao reino de Kano, na atual Nigéria em 1471, encontraram um império enriquecido há pelo menos um século graças a venda de ouro, escravos, couro e sal. Em algumas regiões africanas a escravidão já estava tão enraizada que escravos eram usados como forma de pagamento de tributos.
A chegada dos europeus ao Continente Africano só fez aumentar um sistema pré-existente. Os reinos africanos, que já se enriqueciam com a venda de seus cidadãos ou de inimigos vizinhos como escravos para os árabes, lucraram ainda mais com a demanda de mão-de-obra dos europeus. Os africanos monopolizavam praticamente todo o sistema escravagista dentro da África. A participação europeia se limitava a fortes situados no litoral onde os escravos seriam embarcados para as Américas. A tarefa de capturar os futuros escravos e levá-los ao litoral para serem vendidos para os europeus era feita pelos próprios africanos, à mando da nobreza africana, que enriquecia seus reinos com esse comércio de pessoas. O rei africano Osei Kwame, do Império Ashanti, era conhecido por viver em palácios luxuosos construídos graças ao dinheiro que lucrava com a escravidão.
O repúdio organizado e documentado à escravidão não surgiu na África, mas na Europa. Isso se deu a partir do século XVIII, através do iluminismo e suas ideias de liberdade e igualdade entre os homens. A escravidão só foi abolida no século XIX graças ao poder de intervenção da Inglaterra. O movimento abolicionista inglês surgiu em 1787, liderado por 22 líderes religiosos ingleses. Os abolicionistas se organizavam em comitês, que visavam espalhar para a sociedade inglesa as imagens dos horrores da escravidão, que causaram grande comoção na população. Esses grupos conseguiram conquistar muitos aderentes e simpatizantes, que passaram a promover boicotes no País. No ano de 1787, 300 mil ingleses aderiram ao boicote ao açúcar produzido por escravos. Para pressionar o Parlamento Britânico, os abolicionistas entravam com petições na Câmara dos Comuns para forçar a feitura de uma lei que protegesse o direito dos negros. Foram em média 170 petições por ano, entre 1788 e 1800, chegando a 900 petições em 1810. No ano de 1807, depois de anos de pressões populares, a Inglaterra extinguiu o tráfico de escravos, e em 1833 a escravidão foi abolida em território britânico. Durante todo esse período, foram mais de 5 mil as petições com milhares de assinaturas enviadas à Câmara dos Comuns por cidadãos britânicos pedindo o fim da escravidão. No século XIX, a Inglaterra, a superpotência da época, passou a pressionar o Brasil a abolir o tráfico negreiro e a escravidão, e esse poder de pressão foi decisivo para o fim da escravatura no Brasil.

Africanos e descendentes como senhores de escravo...

No Brasil, a participação de africanos e seus descendentes como agentes ativos do sistema escravista também foi crucial. Em determinados momentos da História brasileira era comum que, após conseguirem a liberdade, ex-escravos adquirissem um ou vários escravos. Isso se fez notar especialmente em Minas Gerais no século XVIII. A sociedade mineira era essencialmente urbana e isso proporcionava uma grande oportunidade de ascensão social para as pessoas, inclusive escravos. A extração do ouro enriqueceu a região e agitava a economia. Sapateiros, ferreiros, alfaiates, tecelões e chapeleiros conseguiam enriquecer. Mulheres escravas vendiam doces e refeições para os mineradores a mando de seu senhor e muitas vezes conseguiam comprar sua liberdade com o dinheiro que sobrava. A carta de alforria na época custava 150 mil réis, equivalente ao preço de uma casa simples. Também era comum que senhores estipulassem em seu testamento que seus escravos deveriam ser libertos após a sua morte. A participação de negros entre a população livre brasileira e entre os senhores de escravos era notável.

"A abolição do ponto de vista politico"

As elites latifundiárias das colônias inglesas nas Antilhas sofreram perdas nesse processo a partir do momento em que haviam ganhado mais um custo de produção com o desenvolvimento de relações de trabalho assalariadas e que perdiam espaço na concorrência com a produção brasileira. Sentindo-se lesados, esses latifundiários passaram a exercer pressão sobre o parlamento inglês a fim de que a escravidão fosse combatida de forma mais efetiva. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen (em inglês, Aberdeen Act), que concedia à Marinha Real Britânicapoderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como consequência da pressão inglesa, em 1850, o tráfico foi oficialmente extinto, com a Lei Eusébio de Queirós. Isso reduziu a quantidade nos primeiros anos e elevou os preços, mas em alguns anos o comércio estava nos mesmos níveis. Em1871, foi promulgada a Lei do Ventre Livre, que garantiu a liberdade aos filhos de escravos. Oito anos depois, em 1879, iniciou-se uma campanha abolicionista estimulada por intelectuais e políticos, como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.No dia 13 de maio de 1888, a escravidão foi abolida pela Lei Áurea.
- A abolição da escravatura, de forma concreta, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão. 

Legado de e de ruim...

Tanto os indígenas quanto os escravos africanos foram elementos essenciais para a formação não somente da população, mas também da cultura brasileira. A diversidade étnica verificada no Brasil decorre do processo de miscigenação entre colonos europeus (portugueses), indígenas e africanos. A cultura brasileira, por sua vez, apresenta fortes traços tanto da cultura indígena quanto da cultura africana. Desde a culinária, onde se verificam o vatapá, o caruru e chegando até a língua portuguesa, é impossível não perceber a influência da cultura dos povos que foram escravizados no Brasil.

A origem da feijoada brasileira tem sido alvo de controvérsias, alguns afirmam que, ao contrário do que é amplamente difundido, não tem origem entre os escravos, mas em um prato português. Nesse aspecto, entretanto, é importante ressaltar que partes dos porcos utilizados no preparo da feijoada não eram usados pelos escravocratas, o que reforça a tese de que, como em outros espaços da cultura brasileira, houve uma reelaboração a partir do que os negros dispunham para sua alimentação.


"No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da anterior."


 Se liga:
O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial, contra a inferioridade da classe perante a sociedade. Além desses assuntos, enfatizam sobre o respeito enquanto pessoas humanas, além de discutir e trabalhar para conscientizar as pessoas da importância da raça negra e de sua cultura na formação da população negra brasileira e da cultura do nosso país.

Um afro abraço.

UNEGRO 25 anos de luta...
Rebele-se contra o racismo!

fonte:Agencia Brasil/Gabriel Soares de Sousa, Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro), Leonardo Dantas Silva. Tratado descritivo do Brasil em 1587.Fundação Joaquim Nabuco, 2000/Prado Jr. Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 2008. Página 35/Enciclopédia Barsa, Encyclopædia Britannica do Brasil, 1999.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

HERÓI INJUSTIÇADO:“O ALMIRANTE NEGRO”


O marinheiro João Cândido aparece como o herói da Revolta da Chibata. Corajoso, ele liderou em 1910 o motim no qual dois mil marinheiros negros obrigaram a Marinha a extinguir punições desumanas contra os soldados, como ofensas, comida estragada e chicotadas. Os revoltosos conseguiram seu objetivo, mas foram expulsos dos quadros militares ou presos e mortos. Só recentemente João Cândido saiu da condição de personagem esquecido da historiografia oficial para o papel de protagonista. Em 2008, uma lei finalmente concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros. A reparação, porém, foi incompleta. No ano do centenário da Revolta da Chibata, João Cândido e os outros revoltosos continuam sem as devidas promoções e seus familiares sem receber indenização – como aconteceu com os que resistiram à ditadura militar, por exemplo. Os prejuízos com a expulsão da Marinha não foram compensados. 

Para negar indenização aos anistiados, há dois anos, o governo alegou que, se todos os descendentes recebessem, haveria um rombo no orçamento. O tempo derrubou o álibi: apenas dois grupos de parentes pediram anistia. A verdade é que, por trás do argumento, estava também a resistência da Marinha. Agora, a família de João Cândido torna a reivindicar seus direitos. Por causa da exclusão da Marinha, ele não pôde mais conseguir emprego formal. Mudou-se para São João de Meriti, o mais pobre dos municípios da Baixada

Fluminense, onde parte de sua família vive até hoje. Por décadas, sustentou a mulher e os sete filhos com o que ganhava como pescador. Uma imagem nada condizente com o personagem épico que o jornal “O Paiz” descreveu como “o árbitro de uma Nação de 20 milhões de almas”. O filho recorda-se das dificuldades: “Usávamos tamancos em vez de sapatos, vestíamos roupas velhas, não tínhamos eletricidade”, relata. João Cândido morreu na miséria em 1969, em Meriti.

Se liga:
A Marinha tornou público seu ressentimento contra João Cândido em 2008, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou uma estátua em homenagem a ele, na Praça XV. Na ocasião, oficiais reclamaram e só se acalmaram quando conseguiram a garantia de que o monumento não ficaria de frente para a Escola Naval, situada ali perto. A estátua está voltada para o mar. Diante de tal rejeição, o filho do Almirante Negro se mostra cansado de brigar. “Se agora, no centenário da Revolta, não liberarem a indenização e a promoção dele, eu desisto de brigar”, diz Candinho.

Um afro abraço.



fonte: ISTOÉ

sábado, 2 de novembro de 2013

Capoeira: historia e origem...


A capoeira, na sua mais completa definição e formação, nasceu no Brasil. Com início da colonização, os portugueses viram no trabalho escravo um instrumento para o desenvolvimento desejado. Tentaram, no começo, escravizar e explorar o trabalho dos indígenas que aqui já viviam, mas as características físicas e culturais, somadas à resistência ao trabalho cativo por parte dos índios, os levam à morte rápida no cativeiro. A saída encontrada pelos colonizadores foi a escravidão negra, o tráfico de homens negros, trazidos do continente africano para o início de grande saga que marcou a sociedade brasileira: o período das torturas, da lei da chibata e da morte como reguladora das relações de trabalho. Um povo passou a viver na escravidão.
Assim, já no início do século XVI, milhares de africanos foram desembarcados em terras brasileiras. Com eles, a história do país ganhou alterações. Inicialmente foram mão-de-obra nos canaviais e depois na mineração e em outras atividades produtivas. Foram trazidos contra sua vontade mas, naturalmente, trouxeram sua cultura, sua vivência e, com ela, a semente da liberdade que nunca morreu, mesmo na terra marcada pelos horrores da escravidão.
É claro que essa cultura não estava nas escolas, nos livros nem nos museus. Mas era guardada no corpo, na mente, na vivência histórica do povo e transmitida há séculos através das gerações. Manifestava-se por intermédio da música, da dança, da comida, da filosofia e da religião. Basta recorrer à história do Brasil e encontraremos, a partir do século XVI, a cultura negra presente com o seu vasto conjunto de expressões.
A origem do termo, que a maioria dos etnólogos acredita que seja originário do tupiguarani, “caa” significa mato e “puera” que foi mato. Diziam que quando o negro fugia ele ia para o mato, para a “capoeira”. Estima-se que a capoeira surgiu por volta de 1600, mas não se sabe ao certo se foi nas senzalas ou nos quilombos.
Nas senzalas, era praticada nos momentos de folga e para os senhores não desconfiarem de que aquilo era um combate, aliaram aos golpes, a ginga e a música.
Nas fugas para o quilombo, a capoeira foi muito útil para os escravos nas lutas contra os capitães-do-mato e capatazes. Os negros ficavam escondidos na mata, e quando os capitães chegavam, esperavam a hora certa para atacá-los. Nas batalhas para a destruição dos quilombos a capoeira também foi de grande valia para os negros.



A Resistência
Nenhum povo vive eternamente sob o jogo da escravidão sem se revoltar. Com o negro no Brasil não foi diferente. Suas primeiras reações contra o cativeiro foram as fugas e as revoltas individuais e desorganizadas. Com o tempo, sentiu a necessidade de organizar sua resistência contra o opressor e passou a planejar as fugas e a pensar as formas de luta que travaria para se libertar. Também entendeu que precisava de refugios seguros, longe ds fazendas, da polícia e capangas do branco escravocrata.
O Corpo Como Arma
Para realizar as fugas, o negro entendeu que prescisava lutar. Não tinha acesso a armas nem a qualquer outro recurso de guerra. Tinha apenas seu corpo e a vontade férrea de se ver em liberdade. Havia trazido da África lembrança de jogos e "dança das zebras", disputa festiva pelo amor de uma mulher. O próprio trabalho pesado dotava-lhe de força os músculos. Era preciso juntar e canalizar essa agilidade e força para a luta. A observação do comportamento de alguns animais brasileiros, particularmente o lagarto, a cobra e a onça, que atacam e defendem-se com destreza, ajudou na formação de um conjunto de movimentos que reuniu, então, a agilidade, a técnica e a força.

"Começaram a ser ensaiadas, inicialmente, as rasteiras, os pulos, as cabeçadas que iriam se desenvolver muito mais posteriormente."

O Nome
Tornou-se necessário praticar, treinar e organizar os movimentos conhecidos em forma de luta. Para isso era necessário afastar-se das vistas dos feitores e guardas das fazendas, engenhos e minas. Mais uma vez o negro encontrou na natureza esse apoio. Entrava nos matos próximos às senzalas para se esconder e se preparar para a luta. Escolhia o mato com poucas árvores e de ramagem baixa. Essa vegetação leva o nome indígina de "capoeira". Esse termo passou a designar também a forma de lutar e de adestrar o corpo utilizada pelo negro para enfrentar seus opressores: a Capoeira.

Arte - Dança - Música - Instrumento ...

Louvo aqui meu berimbau mestre eterno de todo capoeira na senzala ele avisava da chegada do feitor Berimbau avisou ê ô a chegada do feitor...
Mas, nem sempre era possível afastar-se para o mato para o ensaio da luta. Como o negro nunca deixou de praticar sua cultura, era comum, durante o período da escravidão, que se juntassem grupos de homens e mulheres para a cantoria, para a dança e mesmo para o culto aos orixás que também são saudados com ritmos e cantos. Como a Capoeira nasceu conjugado movimentos de danças, os encontros festivos ou místicos passaram também a ser mais uma oportunidade para a sua prática, já que esses encontros, principalmente os festivos, não eram reprimidos pelos donos de escravos. Assim a Capoeira ganhou o acompanhamento de cantos e ritmos que acabaram incorporados eram os disponíveis e já conhecidos pelo negro com destaque para o berimbau, o atabaque e o agogô. Mas foi o berimbau que ficou como uma espécie de símbolo da Capoeira já que o atabaque e o agogô integram a mitologia africana chegando mesmo, no caso do atabaque, a ser reverenciado como uma divindade. Desta forma, o berimbau, considerado o mestre dos mestres na Capoeira, ganhou importância nas lutas pelas suas possibilidades rítmicas e sonoras. Ganhou a função de comandar o jogo da capoeira com seus diferentes toques. Então, ao som dos instrumentos, palmas e cantorias, o negro recriava o seu universo cultural, cultivava o seu misticismo, alegrava-se ou lamentava-se e ainda se preparava para a luta.



Primeiro registro sobre a capoeira. (Rugendas, 1824)
Os feitores e capatazes passavam ao lado da festança e acreditam ser apenas um encontro para a "dança de Angola", que recebia esse nome em função da nação africana que mais cedeu negros para o tráfico de escravos. Afastando-se os feitores, intensificava-se o treinamento e o negro aparelhava-se cada vez mais para lutar. Mesmo que um feitor parasse e ficasse admirando a dança, dificilmente compreenderia que aqueles movimentos, executados com leveza dos felinos e com a plástica de um bailarino, pudesse trazer, no seu conjunto, poderosos golpes desequilibrantes, traumatizantes e rápidos como o bote da temível cascavel.

As Fugas e os Quilombos
Mas a escrevidão continuava, o sangue do negro molhava as terras do Brasil ao mesmo tempo que sua força-de-trabalho movia a economia da então colônia portuguesa. Mas o negro não aceitava a condição de escravo nem os métodos desumanos da escravidão. Lutava, fugia, procurava ganhar forças junto a outros setores da comunidade, sensibilizava os chamados abolicionistas.

Em suas fugas utilizava-se da Capoeira para o enfrentamento com os seus opositores. Embrenhava-se no mato, procurava um lugar onde a água fosse boa e a terra generosa e que fosse de difícil acesso aos chamados "capitães-do-mato", homens encarregados de recapturar os negros fugitivos. Essas localidades, que agregavam geralmente um significativo número de homens e mulheres negros, ficaram conhecidos como "quilombos" e seus moradores como"quilombolas".

"Capitão do Mato a procura de escravos foragidos." (Rugendas, 1824)

O mais famoso e importante quilombo da história brasileira foi o quilombo de Palmares, que surgiu no início do século XVII onde hoje se situa o atual Estado de Alagoas.
Esse quilombo ganhou importância pela sua organização interna, sua capacidade de resistência na guerra contra os escravocratas e pela eficiência de seus integrantes na produção de alimentos, roupas e posteriormente armas. Palmares resistiu a quase um século as agressões dos brancos.
Todo quilombo possuía um líder, o Ganga Zumba que, por sua vez obedecia a um líder maior, com influencias em vários outros quilombos, chamado Zumbi, um misto de homem-guerreiro e de deus da guerra. O mais famoso foi justamente o lendário Zumbi dos Palmares, hoje símbolo da toda luta e resistência contra todas as formas de injustiça e de opressão. Zumbi dos Palmares comandou os guerreiros de Palmares nos últimos anos de existência daquele quilombo.
Estrategista habilidoso, guerreiro imbatível, instituiu a Capoeira no adestramento de seus homens. Palmares foi destruído em 1694 pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Zumbi conseguiu escapar vivo, mas tempos depois foi traído. Preso, foi decapitado e sua cabeça viajou quilômetros para assustar, intimidar os negros. Não adiantou. Os negros julgavam Zumbi imortal e a luta continuou...

A Abolição e as Dificuldades
Em 1888 ocorreu "Abolição da Escravatura". O mínino que se pode dizer é que a capoeira desempenhou importante papel para apressar o fim da escravidão instituída. Foi luta, foi resistência, foi instrumento que apavora os opressores. Reunidos em grupos, os negros formavam as famosas "maltas", conjunto de capoeiristas temíveis que investiam contra fazendas e engenhos para libertar outros negros. A capoeira convenceu, pelo medo, aqueles que insistiam em ver na escravidão vantagens econômicas, que o melhor seria a abolição.

Mas os problemas dos negros não terminam com a assinatura da Lei Áurea. A falta de trabalho, o difícil acesso à educação e mesmo a exploração dos que conseguiam alguma forma de emprego continuam existindo e marcam nossa história até os dias de hoje.
Os capoeiristas, após a abolição, encontraram mais uma vez na capoeira meio de sustento e instrumento de educação de seus filhos e apadrinhados. Faziam exibições públicas, participavam de apostas e desafios nos quais sempre se podia ganhar algum dinheiro. Continuou também como uma arma de defesa de uma camada social explorada e discriminada.

Por outro lado, foi impossível barrar o surgimento de grupos que colocavam a capoeira a serviço de grã-finos e de políticos inescrupulosos que sabiam muito bem usar o povo contra o próprio povo. As Maltas menos esclarecidas eram utilizadas para desmanchar comícios, perseguir adversários políticos e desmanchar reuniões públicas. Consta até mesmo que, aproveitando-se da ilusão de que a princesa Isabel era protetora dos negros, os monarquistas criaram grupos de capoeiristas que atacavam os republicanos.

A Proibição
Perseguida a ferro e fogo durante a escravidão, a capoeira continuou sendo alvo dos poderosos mesmo após a abolição. Agora era com leis que tentavam dar-lhe um fim. O código penal de 1890, criado e imposto durante o governo de Deodoro da Fonseca, proibiu a prática da capoeira em todo o território nacional. O código foi reforçado com decretos que especificavam penas pesadas contra capoeiristas. A perseguição oficial somava-se o ódio de alguns chefes, chefetes e vassalos da polícia que tentaram, então, exterminar por completo a capoeira. O motivo só pode ser aquilo que ela traz na sua essência: A Liberdade.

E foi em nome da liberdade, agora não somente para o negro mas para a capoeira como um todo, que a luta continuou. E mesmo sob o ferro da repressão, grandes nomes de capoeiristas célebres passaram para a história como Nascimento Grande, Manduca da Praia, Natividade, Pedro Cobra e Besouro Magangá, entre outros. Mas é o nome desse último, Besouro nasceu na Bahia e ganhou esse nome devido à lenda que o cerca, atribuindo-lhe a capacidade de se transformar em inseto e fugir voando quando cercado por muitos homens armados. Sem usar armas, o famoso capoeira, bateu-se a vida toda contra a injustiça. Defendeu trabalhadores contra patrões desonestos, investiu inúmeras vezes contra a polícia para defender inocentes. Perseguido, nunca deixou-se prender. Nem as balas conseguiram acabar com ele. Foi vítima de uma arma mais poderosa: A Traição. Seu nome é glória na capoeira e símbolo de todo aquele que combate a injustiça e a desigualdade.


Mesmo com toda perseguição, a Capoeira não foi extinta. Nos terreiros, nos quintais, no mato, ela continuou sendo transmitida de pai para filho, de amigo para amigo, de camarada a camarada. Continuou inclusive seu aperfeiçoamento, sua capacidade de dotar o corpo de condições perfeitas para todo o tipo de enfrentamentos. Sobreviveu aos diversos períodos ditatoriais pelos quais passou a República no Brasil.

Em 1932, no Governo de Getúlio Vargas, o país enfrenta mais uma de suas inúmeras crises. Getúlio Vargas, político esperto, trata de agradar o povo com medo de sua possível revolta organizada. Sabia que a Capoeira estava latente no seio do povo e mandou que a liberassem. Impôs, porém, a condição de que ela fosse praticada apenas como folguedo  como "folclore", e que perdesse, assim, sua condição de cultura popular, de elemento utilizado pelo povo.


Da Angola Surge a RegionalFoi após a liberação que a história de Capoeira sofre uma profunda divisão. Continuou sendo praticada nas suas origens  ainda com o nome de Capoeira de Angola mas perdia terrenos para outras formas e costumes que visavam atender a interesses econômicos, como o turismo, e interesses políticos para agradar autoridade plantão. Um nome que lutou a vida toda para preservação da Capoeira, como cultura popular, como herança histórica foi Mestre Pastinha- Vicente Ferreira Pastinha, chamado Mestre dos Mestres na Capoeira. Para Pastinha, a Capoeira era muito mais que luta, que esporte, era filosofia de vida.

Mestre Pastinha

A grande marca da Capoeira de Angola é o seu apego à intuição, à capacidade do corpo de responder as necessidades, cultiva mais que a força, o reflexo e a malícia. Caracteriza-se muito mais pela defesa do que pelo ataque e perspicácia em perceber o melhor momento para os golpes fatais. Essas características dotam-lhe de grande beleza plástica e nas rodas, os movimentos parecem ocorrer em câmera lenta. Isso deu ao Mestre Pastinha a condição de ser chamado de "O Poeta da Capoeira".

Outro nome a respeito e importância dentro da Capoeira foi o Mestre Bimba - Manoel dos Reis Machado, baiano, criador da Capoeira Regional. Bimba aprendeu capoeira com um negro africano. Seu primeiro contato foi com a Capoeira de Angola. Tendo sido um excelente aluno, tornou-se rapidamente um exímio capoeirista. Preocupou-se com o aperfeiçoamento técnico da capoeira e foi o primeiro a tentar sistematizar uma linha para o aprendizado da luta. Passou a estudar os movimentos do corpo na capoeira, seu equilíbrio e a velocidade que precisavam atingir. Tomou contato com outras lutas, observou novamente as danças brasileiras. Juntou tudo isso e formou um mátodo de ensino no qual, antes de conhecer a capoeira propriamente, o aluno passa por uma série de exercícios físicos que lhe darão condições de jogo, e luta. Bimba foi absorvido, em grande parte, pelas idéias de transformar a capoeira em puro Esporte Nacional, sem associá-la a sua Essência História mas, nem por isso, deixou de prestar um grande serviço à Capoeira. Sua preocupação maior foi a de permitir que qualquer um, branco, negro, forte ou fraco, tivesse acesso ao aprendizado da Capoeira.


Mestre Bimba
Pensando assim, em 1937 Bimba fundou sua famosa academia agora com todo um método de ensino. Não havia mais o improviso, nem o peso da intuição e da malícia. Com Bimba a Capoeira precisava ser treinada exaustivamente e o condicionamento físico passou a ser mais importante que a malícia e o reflexo. Com a incorporação de elementos de outras lutas, os golpes de ataque passaram a ter mais presença e importância do que os de defesa, a força ganhou mais destaque que a manha e a astúcia. Muitos dizem que a Capoeira Regional empobreceu a Capoeira, mas talvez esta não tivesse sobrevivido às perseguições se não fossem as inovações concluídas por Mestre Bimba. E nunca poderá ser negado que a Regional é uma evolução da Capoeira de Angola. E a Capoeira está viva.
Umbanda e Capoeira regional: dois desenvolvimentos paralelos?

Depois de esboçar um breve panorama do desenvolvimento da Capoeira em nosso século, e de assinalar os condicionamentos sociais que influíram nesse desenvolvimento, acreditamos que uma comparação com a evolução das religiões afro-brasileiras (especialmente com o surgimento da Umbanda) pode ser altamente instrutiva.

" Sem tentar equiparar exatamente a Umbanda com a Capoeira Regional, há certos paralelismos óbvios no desenvolvimento de ambas, demonstrando que as mesmas forças sociais foram acionadas nos dois casos, principalmente o impulso para um "embranquecimento" das expressões culturais negras."

Como afirmamos anteriormente, não pretendemos negar a essas novas manifestações mestiças sua importância ou valor, já que sua ampla aceitação popular mostra que, além dos interesses de classe que possam ter causado seu aparecimento (ou ter influído neste), constituem, atualmente, manifestações autênticas da cultura popular brasileira. No entanto, sustentamos que têm, efetivamente (ou lhes são conferidas), conotações ideológicas, quando são utilizadas para monopolizar a legitimidade na área que lhes diz respeito, ou são apresentadas como meta à qual, inevitavelmente, devem aspirar as expressões negras que lhes deram origem (por exemplo, quando se clama que a Umbanda é religião e o Candomblé, ou qualquer variante ortodoxa, é superstição, ou que a Capoeira Regional é uma arte marcial e a Capoeira mais tradicional "apenas" folclore).

Esta análise deverá, forçosamente, ser superficial, mas acreditamos que pode apenas  proporcionar algumas pistas interessantes a serem aprofundadas em trabalhos posteriores...
As religiões afro-brasileiras, durante o fim do século passado e parte da metade deste, foram perseguidas e reprimidas pela polícia. Isto se devia ao fato de que o uso de tambores, as danças, os transes, os sacrifícios de animais, a ênfase em melhorar a vida dos adeptos através de meios sobrenaturais (adivinhação, oferendas, trabalhos) eram todos elementos que caracterizavam a religiosidade africana, mas não coincidiam com a visão dominante, branca e católica do que deveria ser uma religião. Seus praticantes, negros e pertencentes às camadas sociais mais baixas, desprovidos de poder político, não podiam opor argumentos à visão racista que os considerava, junto com suas manifestações culturais, um estigma do qual a sociedade brasileira deveria livrar-se para "progredir".


Durante a segunda metade do século passado, o Espiritismo de Allan Kardec se populariza na sociedade brasileira. Nas classes baixas, mistura-se com as práticas afro-brasileiras, influindo enormemente sobre elas. Surge assim a Macumba carioca, o Candomblé de Caboclos baiano etc. Nas classes médias, impõe-se uma versão mais ortodoxa do Kardecismo.Durante meados da década de 20, um grupo de homens de classe média, brancos, de procedência espírita, insatisfeitos com o que consideravam uma ênfase desproporcional dada aos aspectos doutrinário e intelectual por parte do Kardecismo, começam a freqüentar os centros afro-brasileiros da periferia. Somando à sua bagagem espírita uma ênfase no utilitário e em diferentes aspectos do colorido ritual desses centros, criam uma nova religião que denominam Umbanda (Brown, 1977, p. 33). Esta "Umbanda Branca,", ou "Pura", como é apresentada, elimina elementos de origem africana desses centros: sacrifícios de animais, oferendas materiais, tambores, danças. Estes aspectos, aos quais consideravam "primitivos", chocavam-se com seus valores de classe média.

Esse grupo, a partir de uma casa mãe, começa a fundar outros centros e, em 1939, cria a primeira Federação de Umbanda, com o objetivo de proteger seus filiados contra a perseguição da polícia. Em 1941, realizam o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda, no qual propuseram-se a codificar o ritual e a ideologia umbandistas e deram sua versão da origem da mesma, remontando às antigas civilizações da índia ou do Egito (e não da África, porque, aqui, na opinião deles, os grupos só possuíam uma cultura "rudimentar") (Brown, 1977, p. 34).

Essa religião, já "brasileira" e expurgada do "afro durante certo tempo" vê-se restrita, majoritariamente, a núcleos de classe média.
A queda do regime de Vargas possibilita uma aceleração da organização e da difusão da nova religião, através dos meios de comunicação. Multiplicam-se as federações e os líderes de classe média, com sua Umbanda Branca, conseguem maior prestígio e legitimidade para a religião. Este fato, além de sua influência ante políticos locais e a polícia, fazem com que vários centros de menor nível sócio-econômico e com raízes africanas mais fortes entrem em sua esfera de influência, em troca de favores políticos. Por sua vez, os líderes dessas federações de classe média têm de flexibilizar um pouco sua definição de religião, para

permitir o ingresso destes centros de classe baixa que, por seu grande número, formavam uma clientela política notável. Para finalidades da década de 50, políticos umbandistas conquistam cargos de vereadores e também de deputados estaduais.

A capoeira como esporte
Na década de 60, a Bahia continuava sendo o centro nevrálgico da Capoeira. Mas, por essa época, muitos Mestres, atraídos pelas possibilidades econômicas do Sul, começaram a emigrar para o Rio de Janeiro e São Paulo. A Capoeira, aos poucos, espalhava-se pelo Brasil inteiro.

Fora de seu contexto geográfico e social, distante de suas raízes negras e baianas, a Capoeira já não pode ser praticada como uma manifestação artística espontânea, e tampouco estereotipada como folclore. Também não pode ser uma luta ao estilo de Bimba, que desafiava "qualquer lutador, de qualquer luta, a enfrentá-lo com sua Regional" (Itapoan, 1982, p. 16) e que treinava esquivando-se de pedras jogadas por seus alunos e de navalhas suspensas por um fio (Itapoan, 1982, p 39).

Começa então a ganhar popularidade a idéia de que, devidamente regulamentada, a Capoeira poderia ganhar um lugar junto às artes marciais orientais, já aceitas pela sociedade brasileira. Passaria, assim, a ser "a arte marcial brasileira", uma luta esportiva com competições regulamentadas.

Surgem, assim, em fins da década de sessenta, os primeiros campeonatos e tentativas de regulamentação da Capoeira. Em 1968 e 1969, realizam-se, numa base da Força Aérea, no Rio de Janeiro, o primeiro e o segundo simpósios brasileiros de Capoeira. Neles, tentou-se "criar uma única nomenclatura para os golpes, um único sistema de graduação de alunos, critérios para graduação de Mestres, tudo com a intenção de fundar federações de Capoeira (...) e transformá-la no ‘esporte nacional’” (Capoeira, 1985, p. 132). Naquela mesma época, realizam-se na Bahia os primeiros campeonatos de Capoeira.

Em 1972, a Capoeira é declarada "esporte" pelo Conselho Nacional de Desportos, e sua prática, como tal, é regulamentada oficialmente, através da Confederação brasileira de

Pugilismo. Em 1974, é criada a primeira Federação de Capoeira em São Paulo, e em 1984, a segunda, no Rio de Janeiro. Falta ainda surgir outra, num terceiro estado, para que se possa criar a Confederação Nacional de Capoeira, livrando-a da tutela do pugilismo. Em meados da década de 70 realizam-se também os primeiros campeonatos nacionais de Capoeira.
Um afro abraço.

fonte:
AUMEIRA, Bíra. (1981), Capoeira: A Brazilian Art Form: 1.ª edição, Palo Alto, Sun Wave.
 (1986), Capoeira: A Brazilian Art Form. 2.ª edição, modificada, Berkeley, North Atlantic Books.
AREIAS, Almir das (1983), O que é Capoeira. São Paulo, Brasiliense/BROWN, Diana. (1977), "O Papel Histórico da Classe Média na Umbanda". Religião e Sociedade, 1 (1)/31-32./ (1985), "Uma História da Umbanda no Rio". Cadernos do ISER; n ° 18/9-42./CAPOEIRA, Nestor. (1981), O Pequeno Manual do Jogador de Capoeira. São Paulo, Ground. (1985), Galo já Cantou: Capoeira para Iniciados. Rio de Janeiro, Arte Hoje.CARNEIRO, Edison. (1975), "Capoeira". Cadernos do Folclore, n ° 1.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Tereza de Benguela a rainha negra de Mato Grosso..


Tereza de Benguela foi uma liderança quilombola que viveu no século XVIII. Mulher de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso. Quando seu marido morreu, Tereza assumiu o comando daquela comunidade quilombola, revelando-se uma líder ainda mais implacável e obstinada Benguela comandou a estrutura política, econômica e administrativa do Quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou resgatadas das vilas próximas.
 Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que dominavam o uso da forja.
O Quilombo do Quariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha, desenvolvia agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes alente e guerreira ela comandou o Quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, não se sabe se africana ou brasileira. Dizem que liderou um levante de negros e índios, instalando-se próximo a Cuiabá, não muito longe da fronteira com a atual Bolívia. Durante décadas, Teresa esteve à frente do quilombo, o qual sobreviveu até 1770, século XVIII. 



No período colonial e pós-colonial no Brasil, os quilombos, espaços de resistência de homens e mulheres negros, reuniam milhares de habitantes, dentre eles negros/as, indígenas e brancos pobres. Estes habitantes eram denominados de quilombolas ou mocambeiros. Estes termos aparecem na documentação desde o século XVI. 

O quilombo mais conhecido entre nós é o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. Este quilombo é considerado por muitos especialistas um “estado africano no Brasil”, por outros é considerado a “República de Palmares” devido sua extensão territorial. Seu líder Zumbi dos Palmares foi decapitado, no entanto a historiografia não sabe precisar ao certo como se deu sua morte.
O que sabemos é que Zumbi faleceu no dia 20 de novembro de 1695. Por isso, o dia da Consciência Negra é comemorado nesta data, com a finalidade de homenagear toda a população negra que lutou bravamente pela libertação do açoite, que liderou levantes em busca da liberdade e que construiu o patrimônio social e cultural brasileiro. 
A Coroa Portuguesa, junto à elite local agiu rápido e enviou uma bandeira de alto poder de fogo para eliminar os quilombolas. Tereza de Benguela foi presa. Não se submetendo a situação de escravizada, suicidou-se.
Nossa homenagem, em especial, às mulheres negras quilombolas que resistiram bravamente à opressão e lutaram pela libertação de seu povo.
Claudia Vitalino.

Um afro Abraço.
 fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CONTOS AFRICANOS:A GALINHA D ANGOLA


COMO SURGIU A GALINHA D ANGOLA?
ntigamente as aves viviam felizes nos campos e florestas africanas, até que a inveja se instalou entre elas tornando insuportável a convivência.

Nessa ocasião, quase todos os pássaros passaram a invejar a família do Melro, que era muito bonito.
O macho, com sua plumagem negra e seu bico amarelo –alaranjado, despertava em todos a vontade de ser igual a ele.
As fêmeas tinha o dorso preto, o peito pardo-escuro, malhado de pardo-claro, e a garganta com manchas esbranquiçadas. Elas causavam inveja maior ainda.
O Melro, vaidoso, certo de sua beleza, prometeu que se todas as aves o obedecessem usaria seus poderes mágicos e os tornaria negros com plumagem brilhante.
Entretanto, os pássaros logo começaram a desobedecê-lo. Então ele, furioso, jurou vingança, rogou-lhes uma praga e deu-lhes cores e aspectos diferentes.

Para a Galinha D”Angola, disse que seria magra e sentiria fraqueza constante. Fez com que seu corpo se tornasse pintado assim como o de um leopardo.



Dessa forma, seria devorada por aqueles felinos, que não suportariam ver outro animal que tivesse o corpo tão belo, pintado de uma maneira semelhante ao deles. Ela pagaria assim por sua inveja. E foi isso que aconteceu.

Desde esse dia a Galinha D”Angola, embora seja muito esperta e voe para fugir dos caçadores, vive reclamando que está fraca, fraca.
Com suas perninhas magras, foge com seu bando assim que surge algum perigo e é muito difícil alcançá-la. Suas penas, cinzas, brancas ou azuladas, são sempre manchadinhas de escuro tornando as galinhas d”angola belas e cobiçadas.


Claudia Vitalino.

Um afro abraço.

fonte: Muitos mitos, lindas lendas. Editora Callis, 2007. São Paulo. 1ª. Edição. Ilustrações de Iontr Zilberman. P. 9.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Kwanza: História do K11 em Nova Iguaçu.

 Kwanza, o maior rio que nasce e desagua na Angola ...

Não há um museu sequer em Nova Iguaçu. Não por falta de histórias para contar – e resgatar. Se alguém duvida do potencial histórico desse município da Baixada Fluminense, que possui mais de 800 mil habitantes e originou outras seis cidades, emancipadas ao longo do século passado - Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Queimados, Japeri e Mesquita -, certamente não conhece o professor Ney Alberto Gonçalves de Barros.

Uma área cedida por latifundiários, antes ou depois do “cativeiro”, para servir de moradia para africanos ou afro-descendentes, não pode ser considerado um Quilombo. A formação de um reduto quilombola implica relembrar um conjunto de ações literárias, tais como: revoltas (algumas, com morte de feitore e senhores); fugas; incêndios em senzalas e casas grande; localizações do Quilombo em lugar estratégico, cercado de obstáculos, de preferência , naturais; ataques (confrontos) recebidos por defensores do escravismo (militares ou para militares da Guarda Nacional) etc. Quilombo é conquista.
A denominação – “Pedra do Quilombo”- é forte indício da existência de formação quilombola, pertinho de Maxambomba.

No testamento de Luiz Manoel da Cunha (de 1799) aparece o nome “Quanza”, perto de Maxambomba (nome que deve ter vindo, também, com a cultura africana). Para confirmar a existência deste Quilombo temos que procurá-lo, com pesquisas arqueológicas ou documentos anteriores ao ano de 1799.
O visitante interessado em conhecer a “varginha” (Cratera do nosso “extinto” Vulcão), a “Pedra do Quilombo” (contenda), a plataforma de lançamento de Asa Delta e outras paisagens maravilhosas, muitos caminhos sobem a esses pontos. O mais conveniente é o que está ligado à Estrada de Madureira’, nas proximidades da UNIG ou um pouco depois dela.  o antigo “tatu-Gamela”.
A denominação – “Quanza” – está registrada em um dos Livros da Freguesia de Santo Antonio de Jacutinga (quando esta estava num lugar chamado “Prata”).
Com a questão... futuros pesquisadores.
Quanza, Cauanza, Kaonze, caonze, K-11...
Kwanza, Cauanza, Coanza,
Quanza, Caonze ou K11



Muitos anos antes da inauguração da Estrada de Ferro que passa em Nova Iguaçu ter sido inaugurada aparece o nome “Quanza”. Luiz Manoel da Cunha, em seu testamento de (1799, 3 de abril), declara: “nesta Freguesia de Sancto Antonio de Jacutinga no lugar chamado Quanza destrito da mesma Freguesia onde sou morador”. Luiz Manoel tinha ligações, diversas, com a “Fazenda de Maxambomba” e com a “Fazenda de Caxueira” (em cujas terras surgiria a Estação ferroviária – “Jeronymo de Mesquita”(1884). Em 1909 (16 de janeiro), num Translado de “escriptura”, está a denominação “Cauanza”. No Registro Geral de Imóveis (Comarca de Iguassú), com data de 12 de agosto de 1929, o citado lugar, com grafia alterada, indica: “no lugar denominado Kaonze”. Em correspondência de 1956, “Caonze”. Em jornais e em Atas da Câmara Municipal, na década de trinta, encontramos “Caonze” e K-11.
Antigos moradores – do Caonze – revelaram que a corruptela K-11 surgiu, pela primeira vez, no letreiro de um microônibus (“perua”), que fazia a ligação da Estação (ferroviária) ao “Larguinho do Caonze” (depois, Praça Marília Barbosa, esposa do Professor Leopoldo Machado Barbosa).
Em Angola (África) corre o Rio Kwuanza (Coanza) e, se não ocorreu mudança no nome, é, também, o nome do dinheiro angolano. Em Angola temos as seguintes regiões: Kwanza Norte e Kwanza Sul.
Na crueldade promovida pelo escravismo, os angolanos relembravam suas origens culturais dando nomes africanos, de acordo com seus linguajares. Francisco Manoel Brandão acreditava que o Rio da “Caxueira” (aquele do Parque Municipal de Nova Iguaçu, na “Gleba Modesto Leal”), recebeu, dos quilombolas, a denominação –“Quanza” -, registrado no referido Testamento.

Atualmente:

 K-11 é conhecido como "bairro nobre de Nova Iguaçu" por causa dos belos prédios que se tem ali por perto. As luxuosas casas daquela região fazem parte do bairro K-11, como muitos acham, e até moradores de lá se identificam.

É comum a identificação do K-11 como tudo que for do lado sul da linha do trem, porém o K-11 só se estende da passarela do Leopoldo (Rua vereador Helcio Chambarelli) até a fronteira com Mesquita.
Os principais pontos de referencia do bairro são os grandes prédios Azul e Amarelo (D. Pedro I e II), a praça central, a antiga secretária de saúde e a caixa d'água que servia para abastecer a cidade.

O unico ônibus que passa no bairro é o Mirante Nova Iguaçu - K11 1001

Um afro abraço.

fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Nobel de Literatura Wole Soyinka....

Wole Soyinka (Abeokuta, 13 de julho de 1934) é um escritor nigeriano.

Em 1986, foi agraciado com o Nobel de Literatura e muitos o consideram o dramaturgo mais notável da África.
Nigéria, um país dividido. A independência em 1960 não significou a união dos 300 grupos étnicos e culturais que compõem o país. A falta de unidade entre o sul, rico em petróleo, e o norte, agrícola, dava o tom das profundas diferenças econômicas. O conflito nigeriano que primeiro chocou o mundo aconteceu apenas sete anos após a independência. Quando o conflito terminou, em janeiro de 1970, as mortes chegavam a 3 milhões. Hoje, a cisão também é religiosa. Muçulmanos, católicos, protestantes, iorubas, hindus, entre outros, disputam seu espaço. A violência tem se intensificado com atentados e ataques de radicais muçulmanos a cristãos católicos e protestantes. Desta nação bela e conflitada, origem de tantos milhões de brasileiros, nasce a obra de Wole Soyinka. Por escrever e pregar a liberdade de expressão, Wole Soyinka foi considerado um bandido perigoso em seu país. Cartazes com a foto dele, procurado vivo ou morto, foram colocados por toda parte. Essa é uma das histórias que este dramaturgo, poeta, ensaista e romancista, premiado com o Nobel de Literatura em 1986 conta nesta entrevista exclusiva feita ao Brasil.


Historia...
Escritor e homem de letras nigeriano, Akinwande Oluwole Soyinka nasceu a 13de julho de 1934, em Abeokuta, nas proximidades de Ibadan. Filho de ummestre-escola e da dona de uma loja, teve acesso a uma educação cuidada.
Após ter concluído os seus estudos propedêuticos no Instituto Superior deIbadan, partiu em 1954 para o Reino Unido, matriculando-se no curso deLiteratura Inglesa da Universidade de Leeds, que concluiu em 1959.


Enquanto estudante apaixonou-se pelo teatro, e por altura da sua formação, jáhavia levado a palco algumas peças da sua autoria, como A Quality Of Violence(1959), The Swamp Dwellers e The Lion And The Jewel, em que descrevia asandanças de um professor e de um ancião chefe tribal africano, na suatentativa de conquistar o coração de uma jovem. Ambas foram reunidas numvolume em 1963. Em 1960 regressou à Nigéria, onde, após ter recebido umabolsa da Fundação Rockefeller, fundou uma companhia de teatro, The 1960Masks. Publicou nesse ano A Dance In The Forests (1960), peça que celebravaa Independência da Nigéria, e que combinava uma expressão tradicional africanacom técnicas europeias do teatro de vanguarda. Em 1965 apareceu com Kongi'sHarvest e The Road.
A Guerra Civil nigeriana rebentou em 1967, em consequência do movimentoseparatista do biafra. Soyinka publicou, nesse ano, um artigo em que apelava àpaz, e foi imediatamente aprisionado e acusado de conspiração com osrebeldes. Libertado em 1969 sobretudo por força dos protestos de váriosescritores, como por exemplo, Robert Lowell e Lillian Hellman, começou atrabalhar como professor. 

Em 1970 publicou Madmen And Specialists, uma peça de teatro em que exprimiao seu descontentamento face à corrupção e à sede de poder que se vivia nopaís e, em 1972 debruçou-se sobre a sua experiência no cárcere ao publicarThe Man Died, obra que acabou por ser interdita no seu país.

Observando as garras da censura assomando-se do seu trabalho, optou porabandonar a Nigéria nesse ano de 1972. Chegou portanto a Inglaterra, onde setornou professor convidado no Churchill College de Cambridge. Doutorou-se pelaUniversidade de Leeds em 1973. Durante esse período publicou obras comoJero's Metamorphosis (1972) e Death And The King's Horsemen (1975).

Mudou-se para o Gana em 1975, onde colaborou com o periódico Transitioncomo editor mas, depois de um golpe de estado ocorrido no país, regressou àNigéria, onde passou a ocupar o cargo de professor catedrático de Inglês naUniversidade de Ife. Em 1976 publicou Myth, Literature, And The African World,um célebre embrião do pensamento pan-africanista que o caracterizou.

Em 1993 participou numa marcha de protesto contra o regime militar do ditadorSani Abacha, o que fez com que tivesse que deixar o país no ano seguinte,acusado de atentados bombistas contra o exército. Pôde no entanto regressarem 1998, após a morte de Abacha.
Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1986. Em 2001 Soyinkapublicou King Baabu, uma paródia aos ditadores africanos.

Ele foi homenageado na 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura tem no teatro um aliado. Como em muitos países africanos durante anos, na Nigéria o teatro popular é um meio mais acessível de representação da vida e da ficção do que o romance. Um pouco por isso, a lista de livros de Wole Soyinka inclua muitas peças. São 21 no total. Na maioria, textos que tratam da realidade africana em forma da fantasias, como a história de O leão e a joia, primeira obra do autor traduzida para o português...

Um afro abraço.

fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre.

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...