Vivemos em nossa sociedade um histórico marcado pelo machismo. de desvalorização social e coisificação dupla, como mulheres negras, ainda no seculo XXI está livremente nos oprimindo por toda as Américas. Todos os dias. As negras Cláudias morrem nas mãos do Estado genocida e ninguém troca avatar em rede social ou presta solidariedade às famílias das vítimas. Continuamos com os menores salários, amplamente aceitas em subempregos e excluídas das atividades intelectualizadas, estamos morrendo mais e desfrutando da solidão afetiva que algumas nem ousam discutir e as que ousam são duramente atacadas, e, ainda, somos sexualmente descartáveis e fetichizadas. Na mídia, continuamos estereotipadas. Na saúde, somos também excluídas das discussões que resultam em políticas públicas que não nos incluem,Mulheres negras convivem com a violência doméstica e com o desemprego. Com desvalorização e baixos salários. Com assédio e apagamento nos espaços acadêmicos. E nada disso é abordado por feministas que alcançam um espaço midiático significativo.
Sabemos que ninguém salva ninguém, nem o feminismo. Mas Sobreviventes, no sentido estrito da palavra, são as mães solteiras, as trans, as lésbicas, as negras, as periféricas, as indígenas. E não é a imagem delas em historia aceitável que vai mudar a situação, e sim uma crítica eloquente e corajosa,
expondo as necessidades que a vida de nós mulheres negras guarda e que não pode mais esperar.
Somos o resultado desse processo de construção incompleta da luta feminista que nos deixou a deriva e surgimos agora como voz forte que foi sufocada por anos a fio, porque nossos passos vêm de longe, muito longe...
O Mapa da Violência de 2015 da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) aponta que 66,7% de mulheres negras são assassinadas a mais do que brancas. O feminicídio das negras aumentou entorno de 54% enquanto o das brancas diminuiu 9,8%. Dados como estes corroboram com outros dados alarmantes como o alto índice de mortalidade da juventude negra no país, cujo risco de morrer assassinado é 6,5 vezes maior que de jovem branco, compreendendo cerca de 77% dos jovens assassinados no país e de la pra ate hoje 2017 não diminuiu pois ainda estamos morrendo...
As mulheres da UNEGRO estarão em luta e e ainda em Marcha porque precisamos mostrar ao Brasil
que 57% dele é formado por negras e negros. É a comunidade onde mais tem a nossa raça/etnia depois da África. Nossas roupas, nossa música, nosso cabelo e nossa cor é nossa identidade que é tanto criticada e ao mesmo tempo apropriada por outras culturas.
que Diretas Já é o único caminho possível num governo golpista e ilegitimo endossado pelos gritos de Fora Temer, não foi apenas rasgar as urnas e a democracia, mas também “contra as mulheres trabalhadoras de no Brasil”
Até quando iremos conviver com a desigualdade de gênero e desigualdade racial?A luta das mulheres negras é incansável, mesmo com todo o sistema contra, elas continuam na batalha, mudando suas vidas, abrindo seus terreiros, liderando movimentos, seja eles na cidade ou nos acampamentos Sem Terra, criando seus filhos, trabalhando, entrando nas universidades, tentando resistir a toda violência simbólica, violência essa que insiste em permanecer como resquícios da escravidão do país e de uma abolição nada emancipadora para população negra.
No dia 30 de julho de 2017 voltamos a ocupar as ruas na cidade do Rio de Janeiro:
• Em defesa da democracia e contra o Golpe: Fora Temer!Diretas Já!
• Pela luta intransigente contra o racismo e a discriminação, independentemente da raça,etnia e/ou nacionalidade;
• Pelo fim do machismo, do racismo, da lesbofobia, da transfobia, da intolerância religiosa, da xenofobia, e do preconceito e discriminação de qualquer natureza;
• Pelo fim da pobreza;
• Contra a retirada de direitos e a precarização ainda maior do trabalho, por mais emprego, melhores salários e igualdade salarial para as mulheres negras;
• Contra a exploração sexual das crianças e adolescentes;
• Contra todas as formas de violência, racista e machista e homofóbica: física, verbal e psicológica;
• Contra o genocídio da juventude negra e periférica;
• Contra a intolerância religiosa, por respeito e preservação das religiões de matrizes africanas;
• Pela preservação da biodiversidade e do meio-ambiente, em defesa e reconhecimento da titulação de terras das Quilombolas, das Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas;
• Pela implementação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) alterada pela Lei 10.639/03 (obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no ensino fundamental e médio);
• Pelo direito à educação pública de qualidade e acesso e permanência na universidade;
• Pelo direito à saúde e direitos sexuais e reprodutivos (aborto legal, seguro e fim da violência obstétrica);
• Em defesa da moradia digna, do direito à cidade e à urbanidade;
• Pela valorização da trabalhadora doméstica (Lei Complementar 150/2015);
• Pelo empoderamento das mulheres negras, indígenas e afro indígenas;
• Contra o higienismo social e a gentrificação
• Por mais poder político para as mulheres negras, indígenas e afro indígenas, imigrantes e refugiadas;
• Pelo reconhecimento e preservação dos saberes materiais e imateriais da população de qualquer raça, etnia nacional ou estrangeira no Brasil (cultura, tecnologia, arquitetura, culinária, saúde etc.);
• Por uma política de Comunicação de enfrentamento ao racismo, com a consolidação de uma mídia igualitária, democrática, não racista e não sexista.
Nossos passos vêm de longe! Uma sobe e puxa a outra!
Vem marchar com a gente!!!
Finalizando: Esse feminismo classista busca a sua interligação com as demais lutas sociais, com outas condições de opressão e discriminação, como etnia, orientação sexual, religiosa, sempre dando
visibilidade à questão da mulher negra que tem no mercado de trabalho e no cotidiano da vida uma situação diferente da mulher branca, embora, ambas enquanto trabalhadoras sofram com a exploração do capital.
Mulheres da UNEGRO do Estado do Rio de Janeiro.
Claudia Vitalino.