UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Racismo e luta de classes: Dr. Frantz Fanon

"Frantz Fanon morreu em 1961, quando tinha 36 anos, o pensamento do autor ainda é discutido por acadêmicos e ativistas políticos em diferentes línguas e regiões. Entretanto, essa presença no cenário
atual é acompanhada por intensos debates sobre o que se considera como estatuto central de sua obra, e principalmente, quais categorias apresentadas por ele podem ser apropriadas como elementos relevantes para a compreensão da sociedade contemporânea" (MBEMBE, 2011 e GORDON, SHARPLEY-WHITING E WHITE, 2000).
“Nossos pais os Gauleses”
Frantz Omar Fanon nasceu em Julho em 20 de julho de 1925, no seio de uma família de classe média em Forte de France, Martinica, região francesa no Caribe. A Martinica ainda hoje é considerada um departamento ultramarino insular francês, e os seus habitantes – a grande maioria composta por negros que se sentem franceses – aprendiam nas escolas assimiladas, frequentadas por Fanon, que os “pais de sua Pátria” eram os Gauleses. Em 1944, quando a França estava invadida pela Alemanha nazista, Fanon alistou-se no exercito francês para lutar contra a invasão, mas lá no front de guerra, junto aos franceses brancos nascidos na metrópole, percebeu que a sua cor o impedia de ser visto como igual pelos seus “compatriotas”. Por mais que pensava, sentia ou desejasse o contrário, em face do Branco era visto apenas como Preto:

Subjetivamente, intelectualmente, o antilhano se comporta como um branco. Ora, ele é um preto. E só o perceberá quando estiver na Europa; e quando por lá alguém falar de preto, ele saberá que está se referindo tanto a ele quanto ao senegalês. (FANON, 2008:132)

"A percepção deste não-reconhecimento em face do branco francês exerceu grande influência em Fanon impactando os seus futuros escritos e prática política."

Os chamados estudos culturais ou pós-coloniais, embasados em uma perspectiva pós-estruturalista, têm retomado a leitura fanoniana a partir de uma leitura do colonialismo como “discurso” (ou paradigma) implícito à sociedade moderna, promotora de experiências racializadas. A contribuição central de Fanon,
segundo esta corrente, seria a ruptura com uma noção essencialista de identidade (hegeliana) rumo a uma noção aberta aos jogos fluidos – como contraposição a ontológicos – da identificação (HALL, 1996 e 2009; APPIAH, 1997 e ÁLVARES, 2000).

Outra linha de estudos um pouco diversa desta anterior é uma corrente originalmente surgida na América Latina, autodenominada pensamiento decolonial. Esta vertente, também conhecida como proyecto decolonial ou proyecto de la modernidad/colonialidad, visualiza em Fanon a possibilidade de analisar o
capitalismo (Sistema-Mundo) contemporâneo a partir de uma “perspectiva do Sul”. Pautadas em uma crítica ao pós−modernismo e o pós−estruturalismo, pelo que atribuem ser uma demasiada vinculação desses estudos à “matrizes de poder colonial”, esta corrente difere dos Estudos Pós-Coloniais ao divergir da ideia de superação do colonialismo que o termo “Pós” atribui.

Além disso, identifica nos estudos pós-coloniais uma subestimação dos aspectos econômicos da realidade social, em detrimento das dimensões culturais e subjetivas. Propõe nesse sentido, a noção de Heterarquia – relação entre as várias esferas sem uma atribuição prévia de hierarquia – entre economia, cultura, subjetividade e política (DUSSEL, 1977; MINGOLO 2000; MALDONADO-TORRES, 2005 e QUIJANO 1991, 1998, 2000).

A terceiro-mundismo e a luta de classes- Em dezembro de 1960, depois de circular por várias partes do continente africano fomentando a necessidade de expandir a guerra de libertação a outros países, no auge de sua atuação política, Fanon inicia a escrita de um livro que problematizaria a relação da revolução argelina com outros povos do Continente. No entanto, para a sua surpresa é diagnosticado é diagnosticado com leucemia, e percebe, mediante aos estágios a medicina se encontra nesta época, que lhe resta pouco tempo de via.

Inicia assim a escrita apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da escrita de forma a sintetizar seus acúmulos teóricos antes que seu tempo esgote. É neste contexto, que será escrito em questão de meses o famoso Les damnés de la terre. Enquanto escrevia o livro e revisava os trechos, chegou
a voar para Itália a fim de encontrar Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Prefácio do seu livro.

O livro trata, entre outros assuntos, dos conflitos implícitos ao colonialismo e à luta anticolonial. Alerta que a violência é parte fundante da sociedade colonial, estando presente em todas as suas expressões materiais e simbólicas. Constata ainda que a superação da lógica colonial só seria viável náquelas situações em que os colonizados empreendessem força material proporcionalmente capaz de abalas as forças sociais a ponto de fazer surgir um homem novo:

A descolonização se propõe a mudar a ordem do mundo, é, como se vê, um programa de desordem abosoluta(…)é um processo histórico: isto é, ela só pode ser compreendida, só tem inteligibilidade, só se torna translúcida para si mesma na exata medida em que discerne o movimento historicizante que lhe dá forma e conteúdo. A descolonização é o encontro de duas forças congenitamente antagônicas, que têm precisamente a sua origem nessa espécie de substancialização que a situação colonial excreta e alimenta. (…) a descolonização é verdadeiramente a criação de homens novos. Mas essa criação não recebe a sua legitimidade de nenhuma potência sobrenatural: a “coisa” colonizada se torna homem no processo mesmo pelo qual ela se liberta. (FANON, 2010:52-3)

Num diálogo constante com os movimentos internacionais ligados ao terceiromundismo, Frantz Fanon alerta que mesmo na África, o processo de revolução nacional não podem ignorar as especificidades de entificação da capitalismo, a composição das diferentes de classes sociais e seus interesses. Os países coloniais são economicamente mente mortal, tal como descreve Hegel em sua metáfora do senhorio e do servo, e que parecia impossível atrasados e subdesenvolvidos a partir da relação histórica com suas metrópoles sanguessugas. Esta realidade relega as colônias uma produção de bens primários voltados à exportação, uma classe operária insipiente, um campesinato palperizado e analfabeto e uma burguesia local subordinada à interesses externos.
Acrítica à negritude

"Os povos colonizados, não seguiram inertes à colonização e buscaram desenvolver estratégias diversas de resistência e emancipação. É o Branco que cria o Negro, mas é, por outro lado “o negro que cria a negritude” (FANON, 1968:20), afirmando-se na luta por um reconhecimento objetivo".

A pesar de reconhecer a legitimidade histórica da luta anti-racista e dos movimentos de afirmação cultural (FANON, 2010:244), na medida em que promovem o questionamento dos valores racistas europeus, Fano
alerta que muitas vezes a luta anti-racista – classificada por ele como “racismo anti-racista” – ou de afirmação cultural não consegue superar os limites e contradições históricas que a forjaram.

O “conceito de negritude” admite, “é a antítese afetiva, senão lógica, desse insulto que o homem branco fazia á humanidade”. E completa: “Essa negritude lançada contra o desprezo do branco se revelou, em certos setores, como o único fator capaz de derrubar interdições e maldições” (FANON, 2010:246). No entanto, essa contraposição, historicamente necessária, levou o movimento a um impasse: “ à afirmação incondicional da cultura europeia sucedeu a afirmação incondicional da cultura africana” (Idem).

Se o colonialismo definiu como essencialmente negro a emoção, o corpo, a virilidade, ludicidade, mas, sobretudo, classificou hierarquicamente estes elementos como inferiores, frente à não menos fetichizada (e ilusória) imagem criada para o Europeu – Razão, civilização, cultura, universalidade -, o movimento de negritude, sem romper com estes fetichismos, apenas inverteu os polos da hierarquia, passando a considerar como positivo àquilo que o colonialismo classificou como inferior.

Assim a inocência, musicalidade, o ritmo “nato” do africano, passam a ser afirmados pelos movimentos anti-racistas como elementos essencialmente africanos, mas agora, vistos como superiores e desejáveis frente à frieza tecnicista ocidental (SENGHOR, 1939). As “almas da gente negra” passam a ser classificadas como essências metafísicas, ou no mínimo históricas, que precisariam ser resgatas e afirmadas para que o negro se reencontre consigo próprio.

Para Fanon, está aí uma armadilha que o movimento de negritude – e talvez o conjunto do movimento negro contemporâneo – corria o risco de ficar preso. Esta “essência negra” que se busca restaurar ou libertar, é na verdade uma invenção do racismo colonial, a serviço da desumanização do africano escravizado nas Américas e aceitá-la, é afirmar retoricamente a rejeição aos pressupostos coloniais, sem rejeitá-los de fato. (FANON, 2010:253)

Os seres humanos são o que fazem e como fazem, mas ter como objetivo último a preservação ou resgate cultural é inverter a ordem de prioridade do mundo, tomando o secundário como primário, valorizando o produto em detrimento do produtor. Esta postura, inicialmente legítima, poderia segundo Fanon levar os movimentos anti-racistas a alguns impasses perigosos, tais como: meter todos os negros no mesmo saco; busca por um passado glorioso em detrimento de uma realidade objetivamente desumanizadora; valorização acrítica e apaixonada de “tudo que for africano”, acompanhada por uma negação quase religiosa de tudo que for “ocidental”; aceitação do pressuposto racista de que a cultura negra é estática e fechada, portanto morta; valorização cultural tomada por central.

Para Fanon seria necessário ir além da – e não se limitar à – afirmação das especificidades culturais historicamente negadas, mas não se limitar a ela. Não é a cultura – historicamente negada – que deve resistir mas sim as pessoas que a produzem, a partir de seus referenciais que estão em constante transformação. É certo que o colonialismo nega ao colonizado a possibilidade de entificação de uma cultura autêntica, e por isto, a emancipação cultural, passa pela emancipação das pessoas que produzem e se produzem pela cultura. É o colonialismo em seu ato negador e reificador que atribui uma ausência de movimento histórico à cultura colonizada, engessando-a em catálogos antropológicos, vendo-as e tratando-as como elementos mortos…

Fanon no século XXI- Recuperar Fanon na atualidade é como afirma Wallerstein (2008:11), apostar numa “luta cujo desfecho é completamente incerto”. Muitos acontecimentos históricos posteriores à morte de Fanon nos levantam o questionamento de como ele analisaria ou confrontaria o colonialismo no século XXI? Os retrocessos políticos observados na Argélia com a islamização do Estado após a independência; as diversas e sucessivas ditaduras e decapitação de lideres anti-imperialistas nos países africanos recém-libertos; a queda do Muro de Berlin e o surgimento de uma geração para o qual a perspectiva de futuro está
ausente; as conquistas democráticas ( relativas) obtidas sem violência nos países subdesenvolvidos; e mesmo as drásticas alterações na sociedade moderna, provocada pela reestruturação produtiva e sua crescente financeirização da economia e readequação das fronteiras nacionais; o surgimento dos Novos Movimentos Sociais, suas viradas paradigmáticas e o próprio Neoliberalismo. Todos estes novos conflitos e contradições, impensáveis à época de Fanon levantam o questionamento se o autor estaria ultrapassado.

Do genocídio perpetrado pelo Estado de Israel aos palestinos à Erupção da Primavera Árabe; do alto e desproporcional índice de mortalidade materna das mulheres negras no Brasil, em relação às mulheres brancas às políticas higienistas de faxina urbana, tirando de circulação a força usuários de drogas e moradores de rua indigestos à especulação imobiliária de determinadas áreas; da persistência do racismo no Brasil ao atual e violento processo de extermínio vivenciado pela juventude negra no Brasil; da manutenção atualizada da “exploração do homem pelo homem”, reconfigurada e ressignificada não para se desfazer, mas para se intensificar… Em todos estes e outros problemas sociais presentes e latentes, colocam-nos diante de dilemas para os quais Frantz Fanon tenha muito a dizer.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:ÁLVARES, Cláudia. “Teoria pós-colonial, Uma abordagem sintética” in Revista de Comunicação e Linguagens - Tendências da Cultura Contemporânea”, J. Bragança de Miranda e E. Prado Coelho (org.), Lisboa, Relógio de Água, 2000/APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África e a filosofia na cultura / Kwame Anthony Appiah: tradução Vera Ribeiro; revisão de tradução Fernando Rosa Ribeiro. – Rio de Janeiro: Contratempo, 1997/BHABHA, Homi K. O local da cultura / Homi K. Bhabha, tradução de Myriam Ávlila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Glauce Renata Gonsalves – Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. 395 p. Coleção Humanitas./BRAH, Avtar Difference, Diversity, Differentiation. In:. Cartographies of Diaspora: Contesting Indentities. Longon/New York, Routledge, 1996, capítulo 5,pp.95-127.

domingo, 25 de junho de 2017

Zaire; As águas que caem pelo oceano”

Falar do Zaire é reviver a memória da glória da história do reino do Kongo, que sempre teve intelectuais
europeus a serviço de missionários para que escrevessem a história do reino sem entender a dimensão sócio-cultural e espiritual comunitária. No entanto, sem o olhar crítico, nenhum de nós jovens entenderá o processo de registro de nossa história.

Os historiadores ignoravam a sabedoria ancestral que se transmite pela oralidade. A partir daí, começava o preconceito contra os kongos e seus saberes. Pantoja, na apresentação do livro do Patrício Batsîkama, “O reino do kongo e a história de Angola”, escreveu: “o uso das tradições orais na reconstrução dos percursos históricos faz parte da renovada historiografia africana” PANTOJA, 2009.

No passado, Zaire ou Nzadi que significa “as águas que caem pelo oceano”. Este é o berço do poder reconhecido pelos estudiosos da história da África. E, para o nosso conhecimento, Zaire não foi descoberta por nenhum estrangeiro, bem como Ngola-Angola também não foi descoberta, apesar de muitos “professores” de História de Angola, reproduzirem o discurso eurocêntrico sem questionar.

Sabe-se que os europeus exploraram e levaram para Europa máscaras e artefatos culturais bantus. Aliás, essa prática era vista como normal. As figuras de múmias estão exposta nos museus franceses, alemães e ingleses. Nesta arena cultural das práticas nativas religiosas, temos que referenciar a profetisa Kimpa Vita, como negra e líder espiritual híbrida, pois ela tinha dentro de si a africanidade e se apropriou dos conhecimentos bíblicos, pregando os valores nativos bantus.

Ela contextualizava ao seu povo, os rituais africanos e dava importância ao seu povo. Imaginem o que aconteceu depois? Simplesmente, ela foi queimada viva numa fogueira. Kimpa Vita era profetisa e líder espiritual do chamado “antonianismo”, que pregava a restauração dos valores tradicionais dos Kongos. Alguns desses valores tradicionais seriam o respeito à ancestralidade e aos mais velhos e a terra “Santa” Mbanza-Kongo.

- No entanto, Nzadi-Zaire contém uma das histórias mais antigas dentro da África Negra envolvendo os “Mani e Ntotilas-Reis ou chefes” na língua Kikongo, língua oficial no Reino do Kongo. Até hoje, a língua continua sendo a única herança viva no Zaire, pois é a língua “materna” de muitos cidadãos desta etnia.

O que aconteceu é que Nzadi- Zaire foram invadidos pelos aventureiros europeus. Confrontar o historiador
Santos sobre o assunto lembrando que Zaire foi a entrada do cristianismo europeu, pois o primeiro aventureiro chegou “na foz do rio Nzadi- Zaire”, o tal Diogo Cão juntamente com os missionários e militares. Desde então, vale destacar que ali começava o desprezo das nossas práticas nativas religiosamente falando, e da nossa espiritualidade ancestral, que ficou simplesmente ofuscada em prol do cristianismo.

Um dos estudiosos do reino do kongo escreveu que há três linhagens “Nsaku, Mpânzu e Ñzînga”. Porém, Raphaël Batsîkama Patrício Batsîkama, os autores de um artigo “Estruturas e Instituições do Kongo” apontam que as três linhagens são os poderes locais;

Aparentemente, parece existir divisão de poderes no antigo reino do Kôngo:

“NSAKU: Sacerdócio, Presbiteriano; Religião (e Magia), Consagração das Autoridades, Diplomacia, Constituição, Poder Judiciário, Poder Legislativo.

“MPANZU: Guerra, Manufatura, Segurança da Corte, Segurança do País, Direito de Eleger

“NZINGA: Administração, Justiça, Poder Executivo (limitado), poder político (limitado), Classe das Elites das Migrações”.

São essas três linhagens que estruturam a gerência pública. Tudo indica que os Nsâku e os Mpânzu seriam os verdadeiros detentores do poder executivo que exercem através da sua Mãe Nzînga (BATSÎKAMA & BATSÎKAMA, 2011 p. 9).

Esses poderes, na atualidade, não existem mais, até porque a monarquia já não tem poder. Poderia nos dizer que Zaire “modernizou-se”, os representantes locais reconhecidos tradicionalmente como Sobas, não têm poder decisório no Zaire. Na verdade, no que se refere a esses poderes é uma visão anterior dos europeus e dos autores do artigo, confrontaram com várias fontes europeias.

"O cristianismo é intolerante, principalmente, com as práticas religiosas africanas e nativas. Isto é de conhecimento de estudiosos como, por exemplo, de Mudimbe, 2013, que enfatiza que os europeus que chegavam ao solo africano não respeitavam a cultura local."

O que resta das práticas nativas será que ainda há algo? Além da “apropriação do patrimônio africano” o
que resta de nós? Um dado que restou é que os bakongos apropriaram-se do cristianismo inclusive o estudioso que fala Mudimbe na sua obra “A invenção da África”.
A instabilidade e as revoltas que assolaram o Congo até 1965 culminaram com a tomada do poder por parte do tenente-general Mobutu Sese Seko, à época comandante e chefe do Exército congolês. Mobutu autodeclarou-se presidente por cinco anos e em 1970 consolidou o seu poder ao ser eleito presidente sem oposição. Em 1971 foi adoptado o novo nome do Estado, com a proclamação oficial da República do Zaire. Este nome e os novos símbolos nacionais mantiveram-se até 1996, quando em finais da Primeira Guerra do Congo Mobutu foi derrubado e fugiu do país. Laurent-Désiré Kabila assumiu a presidência e recuperou a denominação anterior do país,República Democrática do Congo, que se manteve desde então
Hoje Zaire é uma província que se localiza na parte noroeste de Angola, faz fronteira com Oceano Atlântico, Bengo e Uíge. Infelizmente, a província do Zaire carece de muita coisa, seu povo sobrevive da pesca e agricultura, apesar de, no seu subsolo como dizem, ter muito petróleo e outros recursos naturais… Nossa terra é a terra dos nossos ancestrais os Ntotilas – todos os Reis/ Rainhas.
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:BATSIKAMA, Mampuya Cipriano Patrício. As origens do Reino do Kongo. Mayamba editora, Luanda, 2010./MUDIMBE, Y.
V . A invenção de África. Gnose, filosofia e a Ordem do Conhecimento.Tradução Ana Madeiros. Coedição Edições, Lda e Mulemba, Angola e Portugal, 2013./SANTOS, Sousa Egídio de António. Esboço da História de Angola como poderia silenciar-me? Editora Kilombelombe, Luanda, 2012./ (Ver Santos, 2012, p. 66. E seguintes. Esboço da história de Angola)./ MUDIMBE, Y. V . A invenção de África. Gnose, filosofia e a Ordem do Conhecimento. Tradução Ana Madeiros. Coedição Edições, Lda e Mulemba, Angola e Portugal, 2013.

domingo, 18 de junho de 2017

O movimento racial nos EUA:Os Panteras Negras

Panteras Negras é o nome de um partido negro revolucionário que foi fundado nos Estados Unidos
Em meados do século XX, os Estados Unidos eram um país permeado por práticas racistas contra os
negros. Estes tinham lugares específicos para sentar no ônibus, andar nas ruas e locais típicos para frequentar, onde não se misturassem com os brancos. Em meio a discriminação, surgiram alguns nomes importantes para a conquista de direitos civis, sociais e políticos para os negros, como Martin Luther King e Malcolm X, por exemplo. Outros dois importantes nomes para o movimento dos negros nos Estados Unidos foram Huey Newton e Bobby Seale. Eles foram responsáveis por fundar, em 1966, o Partido dos Panteras Negras.

Denominados inicialmente de Partido dos Panteras Negras para a Autodefesa, o grupo passou a adotar o marxismo como orientação política, buscando interligar a perspectiva da luta de classes entre burguesia e trabalhadores articulada com o contexto da luta racial nos EUA. Isso levou inclusive à reivindicação de uma indenização por parte dos capitalistas e do Estado dos EUA pelos séculos de escravidão a que os africanos estiveram submetidos.


Dessa forma, os Panteras Negras entendiam a mão de obra escrava como formadora da riqueza do principal país capitalista do século XX. Por isso, também divulgavam a necessidade de realizar a expropriação dos meios de produção dos capitalistas brancos. O contato com as posições políticas defendidas por Mao Tsé-tung em seu Livro Vermelho serviram ainda para o grupo se ver como uma vanguarda na luta do movimento negro estadunidense.

Uma das formas de ação dos Panteras Negras era o armamento das comunidades negras. Tal posicionamento era decorrente dos constantes atos de violência e brutalidade policial a que estavam submetidos cotidianamente. Por isso, a ação inicial do grupo era contra uma das principais instituições repressivas do Estado: a polícia. Inúmeros foram os casos de confrontos armados entre os Panteras Negras e as forças policiais, resultando em mortes tanto entre os militantes quanto de policiais.

Os Panteras Negras se envolveram em vários conflitos com a polícia por causa de suas manifestações. A década de 1960 foi a principal neste quesito. Esses confrontos com a polícia, por vezes, terminavam em tiroteios com mortes para ambos os lados. Muitos aconteceram na Califórnia, mas também em Nova York e Chicago. Em uma dessas ocasiões, um dos fundadores dos Panteras Negras, Huey Newton, feriu fatalmente um policial. Foi, então, imediatamente preso pelo assassinato de um policial, preconizando o fim do movimento revolucionário.

Não só Huey Newton, mas também outros membros do Partido dos Panteras Negras foram presos sob
acusações de atos criminais. O crescente número de prisões esvaziou gradativamente a ação do partido. Por outro lado, a polícia reagia com, cada vez mais, severidade. A hostilidade empregada foi tamanha que o próprio Congresso abriu investigações sobre a ação policial. De toda forma, os Panteras Negras foram reprimidos, sua liderança dissolvida e o movimento perdeu a simpatia dos negros. A mudança no cenário fez com que os remanescentes do Partido dos Panteras Negras abandonassem a violência das reivindicações e adotassem estratégicas políticas convencionais e a prática de serviços sociais para a população negra. Com atividades mais discretas, porém mais funcionais para suprir as carências dos negros, o Partido dos Panteras Negras manteve-se ativo até a década de 1980.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

Fonte:http://www.marxists.org/history/usa/workers/black-panthers/

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Corte de 50% da subvenção do Rio de Janeiro considerado o espetáculo do carnaval do Mundo

Com raízes históricas no período colonial, o Carnaval tornou-se uma lucrativa atividade comercial no século XX.
Na verdade, essa história começou muito, mas muito antes do Brasil ser Brasil. Ela tem início lá na
Antiguidade, com os gregos, hebreus e romanos, mas com uma cara e um objetivo totalmente diferentes do carnaval como conhecemos: as festas, que aconteciam entre novembro e dezembro, eram promovidas para comemorar o sucesso nas colheitas e homenagear as divindades – sempre com muita bebida e muita comida....

A história do carnaval no Brasil iniciou-se no Período Colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram cheirosas. O entrudo era considerado ainda uma prática violenta e ofensiva, em razão dos ataques às pessoas, mas era bastante popular.
Muito além da escola de samba!
A palavra samba, de origem africana, significa provavelmente brincando como um cabrito, pulando e se divertindo. A origem do Samba remonta à cultura africana e isso pode ser comprovada, por exemplo, através da introdução, já na América, de inúmeros instrumentos musicais, tais como cuíca, berimbau, ganzá e reco-reco. Certamente, os africanos do grande grupo etnolinguistico chamado banto deram a maior contribuição para a base do samba na música brasileira e outras manifestações.

-"Isso pode explicar o fato de as famílias mais abastadas não comemorarem com os escravos, ficando em suas casas. Porém, nesse espaço, havia brincadeiras, e as jovens moças das famílias de reputação ficavam nas janelas jogando águas nos transeuntes."

Por volta de meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, principalmente após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.

-"A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que passou a desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas".

As comunidades negras do Rio de Janeiro criaram as Escolas de Samba, nas quais os terreiros (ainda não eram as quadras como conhecemos atualmente) eram similares aos templos de Candomblé da década de 70, nos quais somente as mulheres faziam parte dos rituais. As mulheres eram
representantes de um tema muito comum na África. Por exemplo, a ala das baianas, um grupo de idosas, referência aos movimentos de dança circulares as manifestações rituais das religiões afro- brasileiras simbolizando a Mãe África.

Os enredos...
O Enredo é um samba canção que consiste de letra e música criados a partir de um resumo do tema. Uma época especial para letras de samba do Grupo Especial foi entre 1986 e 1996 quando o universo cultural e simbólico afro-brasileiro foram amplamente enfatizados. Este período inclui dois momentos históricos muito importantes para os negros: o centenario de abolição da escravatura no Brasil (1888-1998) e o terceiro centenário da morte de Zumbi dos Palmares (1695-1995) - um líder da causa negra. Podemos mencionar outras referências importantes para a cultura afro neste período: em 1986, Grande Othelo (G.R.E.S. Estácio de Sá), Caymmi (G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira) e Ganga Zumba (G.R.E.S. Engenho da Rainha); em 1988, quatro Escolas de Samba que tiveram temas focados sobre a Abolição da Escravatura no Brasil - G.R.E.S.

Se liga: - O Sambódromo carioca e os desfiles
As escolas de samba e o carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas na avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo, também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse período.

Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do carnaval brasileiro.

O carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.

HOJE : A decisão do prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella sobre o corte de 50% da subvenção dada para todas escolas de samba do Grupo Especial para o Carnaval 2018 atingiu em cheio o mundo do samba que ainda está atordoado com a novidade. A redução deve atingir em cheio também todos os grupos de acesso, da Série A e da Liesb, e muitas escolas dificilmente terão condições de colocarem seus desfiles na rua. O site CARNAVALESCO apurou que a prefeitura da cidade que abrir o debate se é necessário ter o super espetáculo das escolas, com comissão de frente mirabolante, alegorias opulentas e fantasias recheadas de materiais exorbitantes.

- "Mais em entrevista a G1 logo depois de eleito Crivella disse em entrevistas destacou a importância do carnaval e do desfile das escolas de samba para o turismo do Rio. Disse inclusive que iria estudar uma mudança de datas do repasse municipal para facilitar os preparativos do desfile. Mas condicionou tudo isso à avaliação dos contratos e das dívidas da prefeitura que vai assumir em janeiro". (em nenhum momento falou de corte)

Além disso, Crivella espera receber soluções criativas das agremiações, como festas e eventos sociais e culturais durante o ano inteiro, e que não sejam somente os ensaios técnicos no Sambódromo e os
desfiles oficiais. A Riotur deve ter R$ 200 milhões por ano para apoiar eventos que atraiam turistas e a alocação desses recursos será feita pelo Conselho de Turismo.

Sobre a “valorização” dos sambistas em detrimento do espetáculo, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) Jorge Castanheira espera uma reunião das escolas com o prefeito.

Finalizando: Rio recebeu 977 mil turistas no carnaval em plena crise e arrecadou R$ 2,2 bilhões

A cidade do Rio de Janeiro recebeu 977 mil turistas neste carnaval, que geraram uma receita ao município de US$ 782 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) e uma ocupação média de 84% na rede hoteleira, segundo dados divulgados hoje (22) pela Secretaria Municipal de Turismo (Riotur).

Durante o carnaval, dez navios atracaram no porto do Rio, trazendo 26 mil turistas. Nos bairros de Ipanema e do Leblon, na zona sul da cidade, a ocupação chegou a 92%, enquanto em Copacabana, também na zona sul, foram ocupados 85% dos quartos.

Em relação aos blocos carnavalescos, o público somado chegou a 4,5 milhões, incluindo os desfiles
pré-carnavalescos de janeiro e fevereiro. No desfile de hoje do Monobloco, por exemplo, a prefeitura estimou um público de 500 mil pessoas
-E ai seu prefeito como vai "cuidar neste milhões de trabalhadores" em plena crise...
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:www.suapesquisa.com/carnaval\www.brasil.gov.br ›

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Cronologia das abolições da escravidão

1791, agosto - Rebelião dos escravos da parte francesa da Ilha de Santo Domingo (atual Haiti)
1793 - Abolição da escravidão na parte francesa da Ilha de Santo Domingo (atual Haiti)
1794, 4 de fevereiro - Promulgação do decreto da Convenção do 16 chuvoso do Ano II da República Francesa, que abolia a escravidão
1802, 20 de maio - Promulgação da lei do 30 floreal do Ano X da República Francesa pelo qual se restaurava a escravidão nas colônias ultramarinas francesas de acordo com a legislação anterior a 1789.
1803 - Dinamarca proíbe o tráfico negreiro.
1807 - A Grã-Bretanha proíbe o tráfico negreiro, assim como a importação de cativos e escravos por parte dos EUA.
1814 - Os países baixos proíbem o tráfico negreiro.
1815, fevereiro - As potências européias (Áustria, França, Grã-Bretanha, Portugal, Prussia, Rússia e Suécia) se comprometem a proibir o tráfico negreiro no Congresso de Viena. Em 29 de março, Napoleão I promulga um decreto de abolição do tráfico negreiro durante os "Cem Dias" que duraram a efêmera restauração do Império Francês.
1818, 15 de abril - Promulgação na França da primeira lei de proibição do tráfico negreiro.
1821 - Fundação, em Paris, da Sociedade da Moral Cristã, seguida um ano mais tarde pela criação de seu Comitê para a Abolição do Tráfico e da Escrvidão.
1822 - Abolição da escravidão em Santo Domingo (Haiti).
1823 - Abolição da escravidão no Chile.
1826 - Abolição da escravidão na Bolívia
1827, 25 de abril - Promulgação na França da segunda lei de proibição do tráfico negreiro.
1829 - Abolição da escravidão no México.
1831, 22 de fevereiro - Promulgação na França da terceira lei de proibição do tráfico negreiro.
1833 a 1838 - Abolição da escravidão nas colônias britânicas das Índias Ocidentais, Guiana e Maurício.
1834 - Fundação em Paris da Sociedade Francesa para a Abolição da Escravidão.
1839 - Fundação em Londres da Sociedade Anti-escravista Britânica e Estrangeira que começou a publicar o boletim Repórter Anti-Escravidão. Esta sociedade prosseguiu suas atividades com o nome de Anti-Escravidão Internacional e seguiu publicando seu boletim.
1846 a 1848 - Abolição da escravidão nas colônias dinamarquesas das Ilhas Virgens.
1846 - Abolição da escravidão em Túnez.
1847 - Abolição da escravidão na colônia sueca de São Bartolomeu.
1848 - Abolição da escravidão nas colônias francesas.
1851 - Abolição da escravidão na Colômbia.Cronologia das abolições da escravidão
1852, fevereiro - Promulgação na França dos primeiros decretos relativos À contratação de trabalhadores livres na África e Índia com destino às colônias do Caribe.
1853 - Abolição da escravidão na Argentina.
1854 - Abolição da escravidão na Venezuela.
1855 - Abolição da escravidão no Peru.
1863 - Abolição da escravidão nas colônias holandesas do Caribe e Insulíndia.
1863 a 1865 - Abolição da escravidão nos EUA.
1866 - Promulgação na Espanha de um decreto que abolia o tráfico negreiro.
1873 - Abolição da escravidão na colônia espanhola de Porto Rico.
1876 - Abolição da escravidão na Turquia.
1885 - Adoção na Conferência de Berlim de medidas para reprimir a prática da escravidão na África.
1880 a 1886 - Abolição progressiva da escravidão na colônia espanhola de Cuba.
1888 - Abolição da escravidão no Brasil.
1890 - Celebração da Conferência de Bruxelas sobre a Escravidão na África.
1896 - Abolição da escravidão em Madagascar.
1924, junho - Criação da Comissão Temporária sobre a Escravidão pelo Conselho da Sociedade das
Nações (SDN)
1926, 26 de setembro - Aprovação da Convenção relativa à Escravidão pela SDN.
1930 - Acordo sobre o Trabalho Forçado da Oficina Internacional do Trabalho (OIT).
1948 - Aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU.
1949, dezembro - Aprovação do Acordo para Repressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição pela Organização das Nações Unidas (ONU).
1956, setembro - Aprovação da Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, do Tráfico de Escravos e das Institutições e Práticas Análogas à Escravidão pela ONU.
1957 - Acordo sobre a Abolição do Trabalho Forçado da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
1974 - Criação do Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas da Escravidão na Comissão de Direitos Humanos da ONU.
1980 - Abolição da escravidão na Mauritânia.
1989, novembro - Aprovação da Convenção sobre os Direitos da Criança pela ONU.
2000, novembro - Entrada em vigor do Acordo 182 sobre a proibição das piores formas de trabalho infantil e da ação imediata para sua eliminação da OIT.
2000, dezembro - Proibição da escravidão, do trabalho forçado e do tráfico de seres humanos na Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia.
2001, maio - Promulgação na França de uma lei que reconhece que "o tráfico negreiro e a escravidão praticadas do século XV ao XIX constituiram um crime contra a humanidade."
2001, setembro - Reconhecimento da natureza de "crime contra a humanidade" da escravidão e do tráfico negreiro pela Conferência Mundial das Nações Unidades contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, celebrada em Durban (África do Sul).
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Fonte: Fazer valer a lei 11.645/08

domingo, 11 de junho de 2017

A cor do racismo

O que teria levado Hitler a declarar: “… o extermínio dos judeus será minha prioridade ao assumir o poder…”?

Qual a razão de nações inteiras optarem pelo uso de escravos africanos?

Por que um movimento optaria por lemas como “Brasil para brasileiros sem a presença de estrangeiros”?

O racismo é antigo, tão antigo quanto o pecado do homem. Você já parou para pensar quantas barbaridades não se cometeram em nome do preconceito racial?!

O que é Racismo? -  Em toscas palavras, o racismo assim pode ser conceituado: é o ato de colocar uma pessoa em situação de inferioridade, subjugada, por causa de sua cor de pele ou etnia, em detrimento de outra que, por causa de sua situação racial, se autodenomina de “raça superior”.

Embora alguns usem o binômio: racismo e preconceito de modo intercambiável, os estudiosos, contudo, costumam fazer diferença entre eles. É que o racismo sempre será acompanhado de alta dose de preconceito, mas nem sempre preconceito quer dizer racismo. As manifestações preconceituosas podem envolver muito mais que raça.

No Brasil - O racismo surge, portanto, na cena política brasileira, como doutrina científica, quando se avizinha à abolição da escravatura e, conseqüentemente, à igualdade política e formal entre todos os brasileiros, e mesmo entre estes e os africanos escravizados. Como

não posso me alongar sobre esse ponto, remeto-os a alguns trabalhos já clássicos sobre o período, entre os quais cabe destacar: A escola Nina Rodrigues, de Mariza Corrêa (1998); e O espetáculo das raças, de Lilia Schwarcz (1993).

Se liga:   Muitos indivíduos, possuíam [indivíduos possuíam]preconceito por pessoas de cores diferentes e isso era reforçado pelo império, que trazia inúmeros inúmeros negros para serem escravizados no Brasil, além disso, o ocultamento da África era evidente.

O racismo brasileiro, entretanto, não deve ser lido apenas como reação à igualdade legal entre cidadãos formais, que se instalava com o fim da escravidão; foi também o modo como as elites intelectuais, principalmente aquelas localizadas em Salvador e Recife, reagiam às desigualdades regionais crescentes que se avolumavam entre o Norte e o Sul do país, em decorrência da decadência do açúcar e da prosperidade trazida pelo café. Quem não se lembra do temor de Nina Rodrigues ao ver se desenvolver no Sul uma nação branca, enquanto a mestiçagem campeava no Norte?

Esta dissertação analisa o obstáculo mais saliente para a consolidação da democracia no Brasil, qual seja a exclusão racionalizada profundamente enraizada naquela sociedade. Tal exclusão tornou-se "normal" na sociedade brasileira e faz parte do senso comum ordinário. A brancura simbólica tem sido utilizada pelas elites para justificar os seus próprios privilégios e para excluir a maioria dos brasileiros do exercício de seus direitos de cidadãos plenos e iguais. (Reitner, 2003, p. iv)

"Nesse sentido, as enormes desigualdades raciais brasileiras são o que realmente importa,
fazendo com que a esfera das relações raciais pareça pura ilusão provocada por um plano muito bem urdido de dominação e opressão sociais".


A teoria sociológica deve, portanto, manipular simultaneamente dois discursos, o nativo e o analítico, seja para entender o significado cultural, seja para desnudar a lógica implícita das relações sociais. Do mesmo modo, estamos fadados a nos mover entre as teorias de classe e as teorias de identidades sociais, entre "classe" e "raça".

Proposições - Reconhecer o fenômeno do genocídio da juventude negra como um problema de Estado e determinar o seu enfrentamento como uma das prioridades da gestão pública, em âmbitos municipal, estadual e federal, a fim de se ampliar e efetivar o grau de eficiência e eficácia das políticas públicas;
Dar visibilidade à situação de vulnerabilidade a que está submetida a juventude negra nas agendas dos diversos segmentos sociais;
Ampliar espaços de reflexão sobre a violência letal contra a juventude negra;
Realizar amplamente audiências públicas que tratem da temática nas diversas cidades brasileiras;
Implementar e fortalecer o Programa Juventude Viva, inclusive com ampliação de infraestrutura, equipe e orçamento;
Aumentar a porcentagem de cotas e políticas afirmativas para o ingresso e permanência de pessoas negras em universidades públicas e privadas;
Aprovar e efetivar o projeto de lei 4471/2012 que prevê a obrigatoriedade de investigação
 de mortes e lesões corporais em atividades policiais;
Denunciar o Estado brasileiro nas instâncias internacionais cabíveis pelo crime contra a humanidade de genocídio da juventude negra, a fim de responsabilizar o Estado e determinar medidas de reparação e outras obrigações correspondentes
Um afro abraço.
Claudia Vitalino


.fonte:BOBBIO, Norberto, PASQUINO, Gianfranco, MATTEUCCI, Nicola. Dicionário de Política, 11. ed., Brasília: UnB, 1983.\FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 1.380/SANTOS, Christiano Jorge. Crimes de Preconceito e de Discriminação – Análise Jurídico-Penal da Lei 7716/89 e Aspectos Correlatos, 1º ed., São Paulo, Max Limonad, 2001/SILVEIRA, Fabiano Augusto Martins. Da criminalização do Racismo – Aspectos Jurídicos e Sociocriminológicos, 1º ed., Belo Horizonte, Del Rey, 2006

terça-feira, 6 de junho de 2017

Infância Roubada:Brasil tem 2,6 milhões de crianças em situação de trabalho infantil...

Brasil tem 2,6 milhões de crianças e adolescentes (entre 5 e 17 anos) em situação de trabalho infantil,
segundo levantamento feito pela Fundação Abrinq. O panorama nacional da infância e adolescência é lançado nesta terça-feira (21) pela organização sem fins lucrativos que promove a defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

A pesquisa ainda aponta um aumento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos em situação de trabalho infantil, e redução de 659 mil crianças e adolescentes na faixa de 10 a 17 anos na comparação entre os anos de 2014 e 2015 – segundo dados da Pnad 2015. A maior parte delas encontra-se nas regiões Nordeste e Sudeste, sendo que, proporcionalmente, a Região Sul lidera a concentração desse público nessa condição.

A compilação reúne os dados mais recentes no tema, disponibilizados em órgãos como IBGE, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Disque Denúncia, entre outros.

Pobreza - O “Cenário da Infância e Adolescência – 2017” também revela que 17,3 milhões de crianças de 0 a 14 anos, equivalente a 40,2% da população brasileira nessa faixa etária, vivem em domicílios de baixa renda, segundo dados do IBGE (2015).

"Entre as regiões que apresentam a maior concentração de pobreza (pessoas que vivem com renda domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo), o Nordeste e o Norte do País continuam apresentando os piores cenários, com 60% e 54% das crianças, respectivamente, vivendo nessa condição".
O guia também traz números sobre o que é considerado como “extrema pobreza”, isto é, crianças cuja família tem renda per capita é inferior a ¼ de salário mínimo: 5,8 milhões de habitantes (13,5% da população) de 0 a 14 anos de idade.

A publicação chama a atenção sobre o fato de as regiões que mais concentram crianças e adolescentes no
Brasil apresentarem, justamente, os piores indicadores sociais. No Norte do país, 25,5% dos bebês dos nascidos são de mães com menos de 19 anos.

Violência - De acordo com o estudo, quase 18,4% dos homicídios no país são praticados contra crianças e adolescentes. Pouco mais de 80% deles com armas de fogo.

A região Nordeste concentra a maior proporção de homicídios de crianças e jovens por armas de fogo e supera a proporção nacional em 5,4 pontos percentuais.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:www.ibge.gov.br/busca.saraiva.com.br

sábado, 27 de maio de 2017

O racismo no Brasil debatendo Machado de Assis

 A tentativa de branqueamento do Brasil:  A redenção de Cam, de Roberto Brocos, 1895, por sugestão da leitora Maria Utt. O quadro venceu a medalha de ouro da Exposição de Artes Plásticas de 1895 e está no Museu das Belas Artes, no Rio.
“São tanto mais de admirar e até de maravilhar essas qualidades de medida, de tato, de bom gosto, em suma de elegância, na vida e na arte de Machado de Assis, que elas são justamente as mais alheias ao nosso gênio nacional e, muito particularmente, aos mestiços como ele. […]. Mulato, foi de fato um grego da melhor época, pelo seu profundo senso de beleza, pela harmonia de sua vida, pela euritmia da sua obra.”
A ideia de embranquecimentos dos brasileiros é antiga, e muitos eram abolicionistas não por questões humanitárias, mas porque acreditavam ser necessário estancar o quanto antes a introdução de sangue negro entre os nacionais. Em um ensaio publicado em Lisboa, em 1821, o médico e filósofo Francisco Soares Filho aponta a heterogeneidade do Brasil como o grande empecilho para o país se tornar um Estado Moderno: “Hum povo composto de diversos povos não he rigorosamente uma Nação; he um mixto de incoherente e fraco”. O livro de Andreas Hofbauer, Uma história do branqueamento ou o negro em questão, transcreve vários trechos do artigo de Francisco Soares Filho, “Ensaio sobre os melhoramentos de Portugal e do Brasil”, entre os quais destaco o que fala da necessidade e das vantagens de se promover a miscigenação controlada:

“Os africanos, sendo muito numerosos no Brasil, os seus mistiços o são igualmente; nestes se deve fundar
Hofbauer também cita o artigo de António d’Oliva de Souza Sequeira, “Addição ao projeto para o estabelecimento politico do reino-unido de Portugal, Brasil e Algarves”, de 1821, no qual, além de reforçar as ideias do benefício da mestiçagem de seu conterrâneo, aponta a necessidade de promover a imigração:

“Como o Brasil deve ser povoado da raça branca, não se concederão benefícios de qualidade alguma aos

(Um breve parênteses: não sei se sou apenas eu que consigo ver semelhanças entre o discurso acima,
de 1821, com o de “esqueçamos isso de brancos, negros, amarelos etc… somos todos Brasileiros!”, muito comumente encontrados em artigos de Ali Kamel, Demétrio Magnoli e Yvonne Maggie, por exemplo, apoiados pelo requentamento da teoria da mestiçagem, feito por Gilberto Freyre.)
A ideia de que, em 100 anos, os brasileiros seriam todos brancos, foi atualizada em 1911 por João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional. Nessa época o cientificismo já tinha biologizado o conceito de raça, e o racismo brasileiro se dividia entre duas correntes de pensamento. A segregacionista, que dizia que a

Apostando sempre no seu povo, essa última tornou-se a posição oficial do governo brasileiro, que tentava vender, no exterior, a ideia de um país com grande futuro à espera dos europeus; ou à espera de europeus, para ser mais exata. Participávamos de feiras e congressos internacionais, disputando imigrantes com

“(…) no Brasil já se viram filhos de métis (mestiços) apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca […]. Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismos(…) mas a influência da seleção sexual (…) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(…) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio“.
A elite intelectual brasileira, formada por literatos, políticos, cientistas e empresários, indignada com as declarações do diretor do Museu Nacional, foi debater nos jornais e revistas. Alguns clamavam que 100 anos era um absurdo de tempo, que o apagamento do negro se daria em muito menos. Outros debochavam
do otimismo de Lacerda, como o escritor Silvio Romero, que acreditava que o processo, que todos concordavam ser irreversível, levaria, pelo menos, uns seis ou oito séculos. Mas todos concordavam que era

De fato, o governo brasileiro financiou a vinda de imigrantes europeus, não fez absolutamente nada que ajudasse escravos e libertos e proibiu a entrada de africanos. Um decreto de 28 de junho de 1890 diz que
Art. 1o – Todo estrangeiro poderá, entrar no Brasil desde que satisfaça as condições estabelecidas por essa lei.
Art. 2o – Atender-se-á, na admissão de imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na

Imigração europeia- O decreto, me parece que foi revogado apenas 1980. Mas as “características mais convenientes” da nossa ascendência europeia ainda são as desejáveis e estimuladas pelo governo, como nos
O fato mais visível é o branqueamento de Machado de Assis. Sobre esse assunto, que é longo e complexo, sugiro a entrevista com o professor Eduardo de Assis Duarte e, para quem quiser se aprofundar

País rico é país sem pobreza”, apaga completamente as presenças negra e mestiça da capital federal do início do século. Tais atitudes colocam o governo como propagador e vítima das políticas oficiais de branqueamento da população e de ensino deficiente, voltado para o descaso com e o esquecimento do passado escravocrata brasileiro.

O racismo institucional esta envolvidos na criação, produção e aprovação de tal comercial estudado um pouco mais a vida dos africanos no Brasil, não teriam cometido erros tão banais. E tão graves, porque em nome de um governo e de uma instituição que diz ter uma história construída por todos os brasileiros, mas que parece, nesse caso, retratar apenas aqueles brasileiros que sempre foram mais brasileiros do que os outros. A nossa desigualdade entre iguais.

Tivessem esses profissionais dado uma olhada nos levantamentos demográficos da época (embora “raça” não tenha entrado nas estatísticas entre 1890 e 1940 – porque “éramos todos brasileiros”…) ou nas
crônicas publicadas em jornais e revistas da época, ou o interesse de conhecerem um pouco melhor o assunto em questão, saberiam que a população negra e mestiça do Rio de Janeiro deveria ser, no mínimo, 30 e 40% do total, mas aparentava ser muito mais.

A então capital federal, onde já era numerosa a presença de escravos e libertos, recebeu grandes

Machado de Assis- Do morro aos círculos da elite- Pobre, negro e epilético. Nascido nessas condições, Machado de Assis encontrava-se em condições completamente adversas para que se tornasse, ainda em

Crescendo no Morro do Livramento, o pai de Machado era pintor de paredes e sua mãe lavadeira. Seus avós paternos foram escravos alforriados. Conseguiu iniciar sua carreira literária graças ao “apadrinhamento” de Manuel Antônio de Almeida – autor do célebre “Memórias de um Sargento de Milícias” – quando trabalhava como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. Fez carreira como funcionário público, em uma época em que a ascensão se dava por indicação direta da família real: em 1867 foi indicado por D. Pedro II como diretor-assistente do Diário Oficial, e pouco depois como assistente de diretor. Em 1888 recebe do Imperador uma condecoração oficial da Ordem da Rosa. Tendo sido indicado a concorrer ao cargo de deputado pelo Partido Liberal, Machado prefere retirar sua candidatura para não comprometer sua carreira.

Esses pequenos apontamentos biográficos sobre o autor tem o propósito de demonstrar qual era a posição social à qual pertenceu em sua vida: um burocrata do Estado, tendo ascendido socialmente de forma surpreendente graças ao seu talento e, não menos significativamente, graças ao apadrinhamento de figuras importantes da classe dominante, constando entre elas ninguém menos do que D. Pedro II, Imperador do Brasil. Esse fato é determinante para a posição ambígua que terá a obra de Machado em relação ao racismo e a questão negra.

As obras da juventude- Os primeiros gêneros nos quais Machado se empenha são as crônicas, o jornalismo e as poesias, que foram seu ganha-pão em publicações como o Diário do Rio de Janeiro, o Jornal das Famílias ou a Semana Ilustrada. Seus primeiros romances, reconhecidos hegemonicamente pela crítica contemporânea como “obras menores”, são exemplares característicos dos romances de folhetim da

A maturidade: a crítica social de um cínico-Quando Machado já se encontra em uma posição social de conforto, tendo seu nome assegurado no cânone literário e sua condição econômica garantida, o autor irá realizar o melhor de sua obra, expressando aquilo que merecidamente o consagraria como um dos grandes autores da literatura mundial. É então que aparece a sua crítica social. Esta, no entanto, não é a de um autor
que se indigna diante de uma sociedade de miséria, empenhando seus esforços em transformá-la, como vemos, por exemplo, nos poemas abolicionistas de Castro Alves. É a de alguém que tem a consciência

plena de que nada irá mudar, e cabe apenas um apontamento pessimista, cínico e resignado da tamanha hipocrisia de uma sociedade da qual o próprio autor se tornou um “medalhão”. O cinismo de Machado ao criticar a sociedade é o de alguém que sabe que está cuspindo no prato em que comeu.

Finalizando:Além disso, chama atenção como os negros aparecem sempre como objetos em sua relação com a escravidão e o racismo, em uma posição passiva e submissa, completamente à mercê aos caprichos dos senhores sem nunca oferecer resistência. A única exceção é o caso de Prudêncio, que deixa de ser um escravo passivo para tomar de forma ativa o lado dos senhores que oprimem. Mesmo assim, diante de seu antigo senhor, Prudêncio se curva e se submete, agora já não mas pela imposição do castigo e da lei, mas meramente pela “força do hábito”. Retratar os negros de tal maneira é uma posição no mínimo curiosa para um negro que teve que se colocar como sujeito para fazer sua carreira literária, a troco, é claro, de engolir o sapo de “comportar-se bem” diante da classe dominante;Se liga: Os negros escravizados no Brasil, bem diferente de como aparecem na literatura de Machado, não eram meramente “coitados submissos”. Criaram milhares de Quilombos, protagonizaram enormes lutas de resistência, mataram senhores, fugiram aos milhares. Resistiram, sempre. Muito diferente da postura cínica que apresenta Machado quando, por meio de seu irônico narrador em “Pai contra mãe”, afirma: “(...) os escravos fugiam com freqüência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.vida, um dos mais célebres brasileiros de todos os tempos, tendo sido fundador e o primeiro presidente da composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência européia, assim como a defesa do trabalhador nacional. um pouco mais, a leitura de seu livro “Machado de Assis Afrodescendente: escritos de caramujo”. Veríssimo, atendendo ao apelo de Nabuco, nunca incluiu o artigo em seus livros; e para acabar com qualquer dúvida quanto à mulatice, a certidão de óbito de Joaquim Maria Machado de Assis diz que o grande escritor, da “cor branca”, faleceu de “arteriosclerose”contingentes de negros e mulatos após a assinatura da Lei Áurea, chegados das áreas rurais e de diversas partes do Brasil. Eles eram, então, a maioria a circular pelas ruas, em busca de emprego, que não havia, ou época: incluindo histórias de amor e tragédias, são obras bastante distintas de seus romances da maturidade.então renomada Academia Brasileira de Letras e sendo reconhecido como o maior escritor do país. O trajeto para que isso
ocorresse, obviamente, não se deu sem muitas dificuldades.fazendo bicos, tentando se adaptar à nova realidade. Uma “sociedade movediça e dolorosa”, como nos contam as crônicas de João do Rio, entre tantas outras tão fáceis quantos de achar, caso houvesse interesse. estava proibida a entrada de africanos no Brasil, e é reforçado por outros em 1920 e 1930, quando os banidos não necessariamente precisam ser africanos, mas apenas parecer. Em 1945, um decreto lei não mais proíbe, mas diz que: mostra, exatamente 100 anos depois do pronunciamento de João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional,esse comercial da Caixa Econômica Federal. Argentina, Chile e Estados Unidos, e o discurso de Lacerda, representante brasileiro no I Congresso Universal de Raças, em Londres, tenta aplacar o medo dos europeus de compartilharem o Brasil com uma raça inferior: apenas uma questão de tempo, desde que o Brasil continuasse a promover a entrada de brancos europeus, a não fazer nada para integrar os negros que já estavam no país ou para baixar a taxa de mortalidade entre eles, e a dificultar a entrada de novos africanos mestiçagem já nos tinha posto a perder e que nunca seríamos uma nação desenvolvida; e a assimilacionista, que apostava na salvação através do processo de branqueamento, com imigrantes europeus.outra nova origem para a casta branca. (…) Os mistiços conservarão só metade, ou menos, do cunho Africano; sua côr he menos preta, os cabellos menos crespos e lanudos, os beiços e nariz menos grossos e chatos, etc. Se elles se unem depois à casta branca, os segundos mistiços tem já menos da côr baça, etc. Se inda a terceira geração se faz com branca, o cunho Africano perde-se totalmente, e a côr he a mesma que a
dos brancos; às vezes inda mais clara; só nos cabellos he que se divisa huma leve disposição para se encresparem. (…) E deste modo teremos outra grande origem de augmento da população dos brancos, e quase extinção dos pretos e mistiços desta parte do Mundo; pelo menos serão tão poucos que não entrarão em conta alguma nas considerações do Legislador.”

pretos, que queirão vir habitar no paiz. (…) E como havendo mistura da raça preta com a branca, (…) terá o Brasil, em menos de 100 anos todos os seus habitantes da raça branca. (…) Havendo casamentos de brancos com indígenas, acabará a côr cobre; e se quizerem apressar a extinção das duas raças, estabeleção-se premios aos brancos, que se casarem com pretas, ou indígenas na primeira e segunda
geração: advertindo, que se devem riscar os nomes de “mulato, crioulo, cabôco” e “indígena”; estes nomes fazem resentir odios, e ainda tem seus ressaibos de escravidão (…) sejão todos ‘Portuguezes!”.linha de sucessão representada pelas mulheres mostra a redenção pelo “branqueamento”.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:chc.cienciahoje.uol.com.br/por-que-rui-barbosa-mandou-queimar-os-documentos/https://salespoa.wordpress.com/UNEGRORJ

terça-feira, 23 de maio de 2017

Mais um dialogo LGBTfobia a cor

"Sabemos que a sociedade tem formação patriarcal, machista e ela foi na sua conformidade de ser
humano criada dentro de preceitos religiosos cristãos fundamentalistas. Com isso, o aprendizado do preconceito foi alto e a sociedade foi incorporando esse preconceito". Ninguém nasceu com ele, mas aprendeu a viver a partir dessa construção social.

A igualdade, direito básico dentro dos Direitos Humanos, é um tema intensamente debatido hoje, e não é para menos. Basta olhar os veículos de comunicação e até mesmo as redes sociais para se deparar com notícias, textos, relatos e comentários sobre casos de racismo, islamofobia, machismo e LGBTfobia que acontecem diariamente no Brasil e no mundo.

A cor carrega o pré conceito- O preconceito de cor, escancarado na semana passada com três casos relacionados à televisão, é tão sério que reduziu a expectativa de vida do brasileiro negro. A possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que um branco, segundo uma pesquisa divulgada em 2013 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Pelo levantamento, a expectativa de vida de um homem brasileiro negro é menos que a metade a de um branco.
O  negr@ gay- No início do século XX, ao patologizar a homossexualidade, o discurso médico dizia que a única permissão que deveria se dar a indivíduos homossexuais era a do ocultamento. A ferocidade verbal que distinguia sujeitos de direitos, entre normais e anormais, marcou profundamente as formas de relacionamento dentro do próprio movimento LGBT.
Ao se permitir o ocultamento, pode-se também aprofundar as mazelas históricas no que dizia respeito à falta de registro de como mulheres lésbicas foram levadas à margem desde a antiguidade, exceção feita à poeta Safo. Raros são os casos em que nos deparamos com registros sobre esse tema.

"O corpo negro é constantemente objetificado e personagem do imaginário como o viril, o forte, o másculo; prova disso é uma busca rápida pelo mundo virtual com as palavras gays + negr@s"
Se liga :Gays homens foram chamados de sodomitas, bestas, anormais e invertidos durante toda a História em que se fala sobre a homofobia. Mulheres sequer foram nominadas. Negros eram propriedades. Deduz-se que todos esses qualificativos se referiam a homens brancos de padrões ocidentais. Portanto, faltam traços que possam também destacar de que forma outros sujeitos foram sendo levados da ocultação à invisibilidade. É o caso de negr@s gays.

Se o pluralismo é próprio da vida em sociedade, é preciso trazer à tona temas centrais que compõem essas várias ideias: a existência de homens e mulheres gays, negros e pobres. Escamotear isso é negar a diversidade (que muitas vezes oculta e invisibiliza) e asseverar a política da homogeneização ou padronização dos corpos e sujeitos

Ainda hoje o corpo negro é constantemente objetificado e personagem do imaginário como o viril, o forte, o másculo e negras maquinas de fazer sexo  prova disso é uma busca rápida pelo mundo virtual com as palavras gays + negr@s. Saindo do campo do fetiche, o que cabe é o ocultamento e a constante adjetivação com a justificativa “...não tenho nada contra, mas...”. Combater a homofobia é também combater o racismo e o sexismo, são lutas indissociáveis. Ser negro impõe barreira, ser negro e homo ou transexual é o fim...

A Violência -O Brasil é um dos países recordistas em violência de gênero. Relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Interssexuais (ILGA) diz que apenas em 2016 o país teve 343 homicídios de LGBTs. É quase um morto por dia. As mais vulneráveis são justamente as transexuais. (assim como de pessoas negras, pobres, em situação de rua e diversas condições de vulnerabilidade).

Os 10 piores estados do Brasil para ser negro, gay
...

Com base em pesquisas do Mapa da Violência, do Ipea e do GGB, o Brasil Post fez um ranking dos estados mais perigosos para ser uma mulher, um negro ou um homossexual. Confira o resultado nas listas com os números absolutos discriminados ao lado:

Dandara será mais uma numero...
A lenta morte de Dandara, os pontapés cheio de ódio e a humilhação foram registradas com um aparelho celular pelos jovens agressores. No vídeo, podem-se ouvir risadas, satisfação em espancar Dandara, em um bairro da periferia de Fortaleza.

Não  gente Dandara nunca tenha sido ativista. Era apenas uma menina negra e pobre da periferia do Nordeste, que não se via no corpo em que nasceu, e que ousou viver de acordo com seus sentimentos e sua vontade. Para seus assassinos, o pecado de Dandara foi ser ela mesma.

Não se sabe ainda o que levou Dandara a escolher seu nome. Por uma coincidência, ela deu a si o nome de um mito da resistência e contra a opressão – Dandara, mulher de Zumbi dos Palmares. 
A primeira  morreu como heroína se jogando de um penhasco quando as tropas portuguesas capturam Zumbi e o seu quilombo, no fim dos anos 1600.

Em 2017, já não queremos nenhum heroísmo as nossas  Dandaras. Infelizmente para  LGBTs negr@s, sobretudo travestis e transgêneros e etc  viver de acordo com a sua verdade já é um ato heroico 
Dandara dos Santos, presente!

Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte;https://www.cartacapital.com.br\https://pt-br.facebook.com/unegrolgbt

sábado, 20 de maio de 2017

A Luta e Resistência Negra por DIRETAS JÁ!

"Com inflação, taxa de desemprego e dívida externa nas alturas, o período era de

enfraquecimento do Regime Militar. João Figueiredo seria o último militar no poder no Brasil."  

Diretas Já - Brasil, 1984
O movimento Diretas Já foi uma manifestação que reivindicava a volta das eleições presidenciais diretas no Brasil, e ocorreu entre 1983 e 1984, com o país há mais de 30 anos vivendo sob o regime militar. Dezenas de protestos aconteceram com a bandeira das Diretas Já, mais foi a manifestação realizada em 16 de abril, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, que entrou para a história. Cerca de 1.500.000 participaram do protesto pedindo a volta do regime democrático ao país. Até hoje, essa é considerada a maior manifestação popular da história do Brasil. Os resultados da pressão popular vieram poucos anos depois, com a aprovação de uma nova Constituição, em 1988, e eleições diretas para presidente em 1989. Na época importantes nomes da política nacional, como Tancredo Neves( que se estivesse vive coitado...), Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

-O poder civil é reestaurado em 1985 e a nova Constituição Federal passa a valer em 1988. A emenda que aprovaria a eleição direta não foi aprovada em 1985, mas Tancredo Neves, que apoiava o movimento, foi venceu as eleições indiretas daquele ano. A primeira eleição direta para presidente, em 1989, elegeu Fernando Collor exatamente por isto precisamos ter cuidado...

HOJE UM ANO DEPOIS DO GOLPE A CASA CAIU- O governo Temer fez com que muitas pessoas adoecessem psicologicamente: aumento do desemprego, repressão aos movimentos sociais e pouca esperança para o futuro. É preciso que a esquerda se atualize,

saia do lugar comum, se reinventem a partir das novas experiências. As organizações tradicionais passam por tensionamentos com relação aos métodos utilizados, e a questão fundamental é a seguinte: em um cenário pós-golpe, ou nos reinventamos, ou seremos enterrados pelas velhas estruturas. Em face de uma fragmentação crescente, é importante construir novas metodologias que unifiquem as pessoas a partir de valores, opiniões e perspectivas de futuro. A juventude negra durante um bom tempo afirma que a reinvenção necessariamente perpassa pelo empoderamento político da população negra, solidariedade e atualização de um projeto de país efetivamente democrático, participativo e inclusivo.

Temer e Aécio foram flagrados!Temer foi acusado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de tentativa de obstrução à Justiça graças ao conteúdo de delações do grupo JBS. Segundo a PGR, o peemedebista teria agido em coordenação com o senador Aécio Neves

Se liga:"Agora existem provas de que Temer, baseado em atos de corrupção, comprou silêncios com uma série de negociatas. Ele perdeu as condições políticas de continuar, precisa cair..." 
Diante da gravidade do quadro e com a responsabilidade de não deixarmos o Brasil mergulhar no imponderável, só nos resta a renúncia do presidente Michel Temer e a mudança na Constituição.



É preciso aprovar a antecipação das eleições presidencial e do Congresso Nacional!

Os movimentos sociais negros-  A atual conjuntura política do país tem sido marcada por grandes e duros ataques aos direitos dos que lutam pelo pão de cada dia. O Congresso Nacional, o Governo Federal e a elite brasileira lutam para aprovar medidas que retirem os direitos historicamente conquistados pelos movimentos sociais do país.
Nos mais variados aspectos, a população negra enfrenta o racismo institucional que estrutura a sociedade. Do nascer ao morrer, somos violentados e sofremos bastante ao longo da vida, na garantia de acesso à saúde, à educação, à terra. Há dificuldades nos mais variados aspectos da vida, com a enorme desvantagem de ser o alvo preferencial da violência do Estado.É um conjunto de fatores que a gente vivencia que são frutos da escravidão e do racismo.

Diante do acirramento da luta de classes e do recrudescimento do Racismo, é fundamental

construirmos cada vez mais vínculos de solidariedade entre as diversas forças do movimentos sociais  na batalha aos nossos reais inimigos: O Racismo e o Capitalismo  selvagem que visa o lucro de poucos com o trabalho de muitos, aumentar a idade para aposentadoria sem aumentar a expectativa das mulheres negras que estão ainda a baixo de todas as piramides sociais  é determinar que uma parcela importante da sociedade trabalha sem carteira assinada,recebe menos que um salario minimo , expectativa de vida de menos de 62 anos , morra e vivem sem ter o direito de ter direitos...

Resistência- O período de tantos ataques exige ainda mais resistência de um povo que não só vive, mas resiste. As centrais sindicais e os movimentos sociais estão unidos no "FORA TEMER E DIRETAS JÁ DEPOIS DAS ÚLTIMOS ESCANDA-LOS"

A UNEGRO no Rio de Janeiro e em um país no qual falar de classe trabalhadora ,estudantes e homens e mulheres é falar sobre a vida de negros e negras e não negr@s porque essa é uma luta pela vida e pelo futuro do nosso povo, o que faz com que devamos

fortalecer as paralisações nos locais de trabalho, estudo, e participar das manifestações que estão sendo organizadas em cada cidade.


Vamos, juntas, organizar a luta e a resistência em nossos bairros!

REBELE-SE E VENHA PRA LUTA E PRA RUA VOCÊ TAMBÉM!

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
fonte:UNEGRORJ\fotos net

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O dia 25 de maio é celebrado como “Dia da Libertação Africana”

Dia 25 de maio é comemorado o Dia de Libertação da África. A data foi institucionalizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, pela importância da criação em Addis Adeba, na
Etiópia, da Organização da Unidade Africana (OUA), em 25 de maio de 1963, através de uma carta assinada por 32 chefes de estados africanos independentes, que eram contrários ao estado de subordinação que a África enfrentava há séculos, através do colonialismo, do neocolonialismo e da partilha do continente. A iniciativa visava acelerar o fim da colonização na África.

Gente foram décadas de exploração, fragilidade a qualquer tipo de dominação por falta de segurança, e garantia de uma soberania Estatal, na ausência do reconhecimento à autodeterminação. Os países Africanos pela abundância de riquezas naturais que possuem, despertaram atenção dos países Europeus, que procuravam mão de obra a baixo custo, e um mercado em que podiam escoar seus produtos, fruto da Revolução Industrial. Podemos assim dizer que o primeiro contato com o esse povo não fora apenas dominação, mas também comercial.

No entanto, as duas grandes guerras que fustigaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram aqueles países colonizadores sem condições para manterem um domínio econômico e militar nas suas colônias. Estes problemas, associados a um movimento independentista que tomou uma forma mais organizada na Conferência de Bandung, na Indonésia, com a prestimosa presença de 6 chefes Estados Africanos, e 27 Estados asiáticos, levou as antigas potências coloniais a negociarem a independência das colônias. Apesar dos movimentos revolucionários que se fazia crescer no continente, alguns países como a Argélia e a República Democrática do Congo, somente foi alcançada a independência após desgastantes conflitos que se estenderam por até anos de guerra.
Em resposta a isso os países independentes, reuniram no dia 25 de Maio de 1963 em Adis Ababa,
Etiópia, com participação de 32 Governos de países africanos, a fim de criar uma organização cujo princípio básico seria união de toda a África.


Assim foi instituída a OUA- Organização de União Africana, depois substituída pela OUA- União Africana em 2002, tendo como objetividade a promoção de solidariedade entre os Estados membros, coordenar e intensificar a cooperação econômica e cultural, na garantia de oferecer uma vida melhor para seus povos, uma organização que caberia a função, defender a soberania, integridade territorial erradicando assim, todas as formas de colonialismo na África.

Constituída por 52 membros, cobrindo quase todo o continente. Tendo como suspenso 4 países entre eles: Guiné-Bissau, Madagáscar, Nigéria e Mali, pela ocorrência constante de instabilidade política. A União Africana, um exemplo da União Europeia, possui vários órgãos para regular o funcionamento das entidades e as relações entre seus membros.

Considerando que, desde a sua criação, a Organização da Unidade Africana desempenhou um papel determinante e valioso na libertação do Continente, na afirmação de uma identidade comum e na realização
da unidade africana, e que forneceu um quadro único para uma ação coletiva na África, como nas relações com o resto do mundo.

-Atualmente, face aos acontecimentos dilacerados entre conflitos étnicos, a OUA, tem desenvolvido mecanismo de forma a fazer face aos multifacetados desafios com que o Continente e os povos se confrontam, face às mudanças sociais, econômicas e políticas que se operam na África e no mundo.

Neste âmbito, reconhecem a necessidade de acelerar o processo de implementação do Tratado de criação da Comunidade Econômica Africana, com vista a promover o desenvolvimento socioeconômico da África e
enfrentar, de forma mais efetiva, os desafios da mundialização, guiados pelo desejo comum de uma África unida e forte, e pela necessidade de construir uma parceria entre os governos em todos os segmentos da sociedade civil, em particular as mulheres, os jovens e o setor privado, a fim de consolidar a solidariedade e coesão entre seus povos.

A situação do flagelo de conflitos na África constitui um importante impedimento para o desenvolvimento socioeconômico do continente. Contudo não estão sendo medidos os esforços no estabelecimento de medidas necessárias para reforçar as instituições comuns e dotá-las dos poderes e recursos necessários para lhes permitir desempenharem efetivamente as suas missões em prol do povo africano.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:www.internacionaldaamazonia.com/ww.cultura.gov.br/o-dia-a-dia-da-cultura/

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...