UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Clementina de Jesus: A Voz da Cor e Arte....

Sambista fluminense, dona de uma voz inconfundível, potente e ancestral, Clementina de Jesus foi a síntese do Brasil, expressão de um país de forte herança africana e de singular formação religiosa. Conhecida como
Rainha Quelé, carregava consigo os banzos de seus ancestrais, transformados em cantos, encantos e segredos nos jongos, no partido-alto e nas curimbas que cantava. Diferentemente das conhecidas e famosas “divas do rádio” que brilharam na primeira metade do século XX, a cantora negra tinha um timbre de voz grave, mas com grande extensão e um repertório de músicas afro-brasileiras tradicionais.

Se liga:"Seu pai, Paulo Batista dos Santos, foi mestre de capoeira, violeiro e estucador. Com a mãe, Amélia de Jesus dos Santos, parteira, aprendeu os cantos de trabalho, partido-alto, ladainhas e jongos, assim como corimás e ponto de candomblé. A família residia na Rua Carambita e depois se transferiu para o bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, quando Clementina tinha entre oito e dez anos de idade, onde ganhou o apelido de "Quelé"."

Nascida na cidade de Valença (RJ), região do Vale do Paraíba, tradicional reduto de jongueiros, Clementina era filha da parteira Amélia de Jesus dos Santos e de Paulo Batista dos Santos, capoeira e violeiro da região. Uma de suas avós chamava-se Teresa Mina. A pequena Clementina viveu a infância na cidade natal, ouvindo sua mãe cantar enquanto lavava as roupas a beira do rio. Assim foi guardando na memória tesouros que mais tarde gravaria em discos. Aos sete anos veio com a família para a cidade do Rio de Janeiro, bairro de Oswaldo Cruz, onde mais tarde surgiria a tradicional Escola de Samba Portela. Lá frequentou em regime semi-interno o Orfanato Santo Antonio e “Cresceu assim num misticismo estranho: vendo a mãe rezar em jejê nagô e cantar num dialeto provavelmente iorubano, e ao mesmo tempo apegada a crença católica.” (Hermínio Bello de Carvalho).

Até os quinze anos, Clementina participou do grupo de Folia de Reis de seu João Cartolinha, renomado mestre da região. Foi João quem levou a moça para o Bloco As Moreninhas das Campinas, embrião da
Escola de Samba Portela, onde ocorriam de rodas de samba e onde Clementina conheceu grandes bambas como Paulo da Portela, Claudionor e Ismael Silva. Nesse tempo, a voz de Clementina já chamava a atenção e ela foi convidada por Heitor dos Prazeres para ensaiar suas pastoras, o que fez durante muitos anos. Casou-se com Albino Pé Grande e foi morar no Morro da Mangueira, de onde não saiu mais. Ao longo destes anos Clementina trabalhou como lavadeira e empregada doméstica. Sua atividade de cantora ela exercia sem intenção de fazer-se profissional, cantava porque preciso era cantar, por prazer, por alegria.

A carreira profissional de Clementina de Jesus como cantora começou aos 63 anos, depois que o produtor e compositor Herminio Bello de Carvalho a encontrou na festa da Penha em 1963, quando ela cantava na Taberna da Glória. Hermínio ficou fascinado pela sambista e quando a reencontrou, na inauguração do restaurante Zicartola, passou a ensaia-la em sua casa, preparando-a para o espetáculo Rosa de Ouro, show que a consagraria. Participavam do show, além de Clementina de Jesus e da cantora Aracy Côrtes, diversos sambistas das Escolas de Samba cariocas, entre os quais os ainda desconhecidos Paulinho da Viola e Elton Medeiros. A crítica foi unânime em exaltar Clementina e seu desempenho, tanto no show quanto nos dois LPs gravados ao vivo, as primeiras gravações da cantora. Nos anos seguintes Clementina participou dos discos Mudando de conversa, Fala Mangueira! e Gente da antiga, este último um disco antológico da música brasileira, ao lado de João da Baiana e Pixinguinha. No continente africano, participou do encontro das artes negras de Dakar em 1966, ao lado de outros bambas como Martinho da Vila e artistas como Rubem Valentin. Clementina foi o maior sucesso do festival e grande destaque. Ao final do show da cantora as pessoas invadiam o palco para abraçá-la, contou Sérgio Cabral. Também no mesmo ano ela representou a música brasileira no festival de cinema de Cannes, na França.

Naquele mesmo ano de 1966, Clementina gravou seu primeiro disco solo, intitulado Clementina de Jesus, com repertório de jongo, curima, sambas e partido-alto. A capacidade de Clementina de transmitir poderosa emoção através do canto chamou a atenção dos críticos, que, de novo, renderam-se aos encantos
de sua voz. Também Milton Nascimento, fascinado pelo banzo de Clementina, convidou a cantora para participar de seu disco chamado Milagre dos Peixes gravando a excepcional faixa Escravos de Jó.

Ao todo a cantora gravou 13 LPs entre álbuns solos e participações em álbuns coletivos, com destaque para o disco O Canto dos Escravos, composto de vissungos de escravos da região de Diamantina, recolhidos por Aires da Mata Machado. Unanimidade entre a crítica, Clementina foi louvada como elo entre África e Brasil, tendo sido reverenciada por grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina, João Nogueira, Clara Nunes, Caetano Veloso, Maria Bethânia e João Bosco. Todos a tratavam com muito carinho, inclusive alguns a chamavam carinhosamente de mãe Clementina. O sambista Candeia compôs um samba em homenagem à Rainha Quelé chamado “Partido Clementina de Jesus”, que a cantora gravou ao lado de Clara Nunes em 1977 no LP “As Forças da Natureza”.

Em 1983 houve uma grande homenagem à cantora no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação de grandes sambistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho e João Nogueira. Clementina faleceu vítima de derrame em Inhaúma, Rio de Janeiro, no ano de 1987, aos oitenta e seis anos.
 
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:https://pt.wikipedia.org/dicionariompb.com.br/clementina-de-jesus

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Agora são 196 :Trabalhador Negro com transtorno mental e assassinado em São Paulo após pedir PIZZA...

É inegável que a cada ano mais indivíduos utilizam as ruas como moradia, fato desencadeado em decorrência de vários fatores: ausência de vínculos familiares, desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas, doença mental, entre outros fatores.
Entre a população em referência predominam as pessoas do sexo masculino (82%), com idade entre 25 e 44 anos (53%) e que nunca estudaram ou não concluíram o ensino fundamental (63,5%). Em relação à cor, 39,1% são pardos, 27,9% negros, 29,5% brancos, 1,3% indígenas, 1% amarelo oriental e 1,2% de cor não identificada.

Portanto, esse desinteresse do Estado pelas pessoas que se encontram na referida situação influencia diretamente no comportamento da sociedade, sendo que os moradores de rua são tratados ora com compaixão, ora com repressão, preconceito, indiferença e violência muitas fezes causada pelos próprios policias que não enxergam este morador e trabalhador como cidadãos
O carroceiro morto por um PM na Rua Mourato Coelho, em Pinheiros, na noite desta quarta-feira (12), sofria de transtorno mental, de acordo com um amigo ouvido em São Paulo. Na manhã desta quinta (13), o colega foi até o local onde o homem foi baleado e recolheu a carroça de materiais recicláveis que pertencia a ele e ficou para trás.

O taxista revela ainda uma característica importante de Ricardo e aponta com descrença a tese de que ele teria pedido comida na pizzaria. “Ele pode ter chegado lá e pedido uma pizza para pagar, mas não para pedir. Ele era muito orgulhoso com isso. Ontem na hora que aconteceu ele já tinha três carroças de papelão lotadas, todo dia ele fazia isso, ele tinha sempre dinheiro.”

- A Pizza Prime emitiu uma nota em que afirma: A Pizza Prime lamenta a morte de Ricardo. Esclarecemos que a unidade Pinheiros se encontrava fora do horário de funcionamento durante a fatalidade e não tivemos nenhum contato com o morador de rua.

De acordo com o amigo do carroceiro, apesar dos episódios de confusão mental, o homem, identificado apenas como Ricardo, nunca agrediu ou fez mal a alguém. Testemunhas ouvidas pelo G1 disseram que ele estava alterado e segurava um pedaço de madeira quando foi baleado. "Baixa o pau", teria dito o policial antes de atirar, segundo Maria do Socorro, que presenciou a cena.Uma outra testemunha, Clayton Silva, diz que filmou a ação do agente, mas teve o celular retirado por outros policiais, que apagaram as imagens.

De acordo com o rapaz, os PMs chegaram a apontar uma arma para ele ao exigir o aparelho.
Cerca de 15 minutos após os tiros, os policiais colocaram a vítima dentro de uma viatura sob gritos de "assassinos” e “fascistas”. À reportagem, os agentes disseram que a socorreram para um hospital, mas não souberam informar qual. Eles tampouco deram mais detalhes sobre as circunstâncias dos disparos. Mais de 15 equipes da PM estavam no local e até um helicóptero sobrevoava a área.

Ricardo da Silva Nascimento era só mais um "Silva"que a estrela não brilhou ;.... tinha aproximadamente
39 anos e atuava como carroceiro nas ruas havia mais de 10 anos. Os tiros foram em frente de uma unidade do supermercado Pão de Açúcar e muitos clientes que estavam acostumados com a presença do homem se revoltaram com a polícia.

Ricardo, da visibilidade e representa as inúmeras vítimas de inúmeros estigmas, essas pessoas somavam 101,8 mil no Brasil em 2015, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Desse total, 40% não possuem documentos de identificação, de acordo com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR).
Dados são da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; Minas Gerais é o Estado que concentra o maior número de mortes, seguido de Goiás

Durante o primeiro semestre deste ano, 195 moradores de rua foram assassinados em todo o Brasil, segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República divulgados nesta semana. Isso representa uma média superior de uma morte por dia em todo o país
Violência contra morador de rua cresce em todo o país moradores de rua estão sendo assassinados em todo o Brasil com tiros na cabeça, pauladas, pedradas. Também são queimados e envenenados. A escalada de violência contra essa população parece não ter fim e estarrece a sociedade, principalmente as entidades que militam na proteção dos direitos humanos.

Se liga como os casos são banalizados:Somente em março, quatro moradores de rua do Distrito Federal foram queimados e assassinados com balas na cabeça.

Assassinatos- De acordo com dados do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Material Reciclável (CNDDH), de março do ano passado até agora foram 91 assassinatos, 43 deles em Belo Horizonte, onde a organização está sediada. Mas de acordo com o cientista social Maurício Botrel, que trabalha no CNDDH, esses números estão longe da realidade. Os dados mais próximos da violência diariamente enfrentada pela população de rua são
os da capital mineira, graças a um acordo informal com a Polícia Civil, que comunica ao centro todos os casos de violência contra essa população. “A estatística mais real é a de Belo Horizonte, pois temos dados oficiais. Nos outros estados recebemos apenas informações da imprensa e de quem atua no área, mas tudo muito impreciso. Pelos números de Belo Horizonte dá para imaginar o que acontece nas outras cidades”.

Uma reunião do Comitê Nacional de Monitoramento da População em Situação de Rua,vai se reunir  tratar do aumento dessa violência. A reportagem procurou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, mas ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.

Política só no papel - Em 23 de dezembro de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou o Decreto 7.053, que instituiu a Política Nacional para a População em Situação de Rua. O texto prevê a integração das políticas públicas em cada nível de governo, a implantação de centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua, canais de comunicação para o recebimento de denúncias de violência e o acesso dessas pessoas aos benefícios previdenciários e assistenciais e aos programas de transferência de renda. 

Década Internacional de Afrodescendentes
Ao declarar a Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), a comunidade internacional reconhece que os povos afrodescendentes representam um grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos. Cerca de 200 milhões de pessoas autoidentificadas como afrodescendentes vivem nas Américas. Muitos outros milhões vivem em outras partes do mundo, fora
do continente africano. .

“A mudança da cultura racista e discriminatória se dá pela reformulação de valores sociais e a reiteração dos valores já previstos como medidas anti-discriminatórias. O Estado deve promover a proteção das pessoas vítimas da violência exacerbada e não encaixá-las como protagonistas em razão de suas condições socioeconômicas.
Não há como reverter uma política genocida sem repensar como um todo a reconstrução de nossa estrutura social e do nosso estigmar neste sistema de justiça criminal. Isso passa desde o combate ao racismo em todas as suas formas, quanto o processo de formulação de novas perspectivas de vida em sociedade”

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Claudia Vitalino.
Um afro abraço.


fonte:G1\ultimosegundo.ig.com.br/fotos net e unegrorj

quarta-feira, 12 de julho de 2017

CARTA ABERTA DA UNEGRO RJ AO PREFEITO MARCELO CRIVELLA

A UNEGRO/RJ ENTIDADE MISTA, QUE TEM EM SUA DIRETRIZ O COMBATE AO RACISMO, INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, HOMOFOBIA, ETC.ABRAÇA A LUTA DE COMBATE AO RACISMO A TODOS OS 

POVOS TRADICIONAIS DE MATRIZ AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA , EIXO DE NOSSA ANCESTRALIDADE, PARA A LUTA , RESISTÊNCIA E PRESERVAÇÃO DAS CASAS DE AXÉ, PORTANDO-NOS COMO PARCEIROS DE TODOS OS NOSSOS RELIGIOSOS, ADEPTOS, SIMPATIZANTES E CO IRMÃOS, NA LUTA PELO DIREITO A PRÁTICA RELIGIOSA E LIBERDADE DE CULTO, SEM PERSEGUIÇÃO OU INTENÇAÕ PENTECOSTAL TRAVESTIDA DE GOVERNO MUNICIPAL , RASGANDO A CONSTITUIÇÃO DE 1988.

É INDICÍVEL O DECRETO 43.219\2017, QUE APÓS A PERMANÊNCIA A  MAIS DE 200 ANOS DE CANDOMBLÉ E CULTURA NEGRA EM TERRITÓRIO BRASILEIRO, DE TODAS AS SUPERAÇÕES E CONQUISTAS SUPERADAS COM DIGNIDADE DO NOSSO POVO, TENDO COMO BALAUSTRE OS ORIXÁS, INKICES E VODUNS, E COMO REFÚGIO E PORTO SEGURO AS CASAS DE AXÉ, VENHA SER DELIMITADO ESPAÇOS, EVENTOS, ATOS, ETC. A PARTIR DA AUTORIZAÇÃO OU LIBERAÇÃO DE UM PREFEITO EVANGÉLICO PENTECOSTAL, QUE VEM DE FORMAS CRUEL E INDIGNA, PERSEGUINDO, PUNINDO E IMPEDINDO NOSSA CULTURA ,( CARNAVAL, PAGODES, SAMBAS, CULTOS RELIGIOSOS DE MATRIZ AFRICANA OU AFRO-BRASILEIRA), NUM BOICOTE TRUCULENTO, RETROCEDENDO TODAS AS NOSSAS CONQUISTAS E AVANÇOS.  

ISTO VAI, MAIS UMA VEZ, CONTRA TODOS OS PRINCÍPIOS E PONTO DA CARTA COMPROMISSO, ASSINADA POR CRIVELLA, EM SALVAGUARDAR, "DAR PROTEÇÃO E APOIO AO QUE É CULTURAL, RELIGIOSO OU SAGRADO DE CADA CIDADÃO, ASSIM COMO A CULTURA POPULAR AFRO-BRASILEIRA: CAPOEIRA, SAMBA, JONGO CULINÁRIA E OUTRAS FORMAS DE EXPRESSÕES CULTURAIS DOS VARIADOS SEGMENTOS RELIGIOSOS E RECONHECER OS DIFERENTES SABERES DAS REPRESENTAÇÕES CULTURAIS, RACIAIS E RELIGIOSAS, BEM COMO COMPREENDER SUAS RAÍZES HISTÓRICAS, DEFENDENDO, DENTRE OUTRAS CONTEXTOS, O ENSINO OBRIGATÓRIO DA HISTÓRIA DA ÁFRICA E DA HISTÓRIA E DAS CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS NAS ESCOLAS DAS REDES PÚBLICA E PRIVADA DO PAÍS, À LUZ DA LEI 10.639/03”. 

IRMÃOS VAMOS NOS UNIR E CENTRALIZAR ESSE PREFEITO, DIZENDO A ELE QUE NÃO PRECISAMOS QUE ELE AVALIE, PERMITA OU AUTORIZE A REALIZAÇÃO DE NOSSOS EVENTOS, INTERFIRA QUANDO PROFESSAMOS NOSSA FÉ, NEM MUITO MENOS NOS NOSSOS EVENTOS, POIS ESTAMOS NUM ESTADO LAICO E QUE O QUE ESPERAMOS DELE , É O QUE TODA A POPULAÇAÕ DO MUNICIPIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESPERA, UMA SAÚDE SAUDAVEL, POIS A DO NOSSO MUNICIPIO ESTÁ DOENTE, UMA EDUCAÇAÕ ALFABETIZADA POIS ELA ESTÁ ANALFABETA, E MUITA SEGURANÇA POIS A DO MUNICIPIO EM QUESTÃO ESTÁ INSEGURA E AMEAÇADA.

ABAIXO A DITADURA RELIGIOSA, A PERSEGUIÇÃO AS NOSSAS CASAS DE AXÉ E NOSSOS ADEPTOS.       
LIBERDADE RELIGIOSA JÁ!

NOSSOS  PASSOS VEM DE LONGE E NÃO CABE NUM DECRETO  SR° PREFEITO CRIVELLA!

Não mexa na minha ancestralidade
agenda
MEU MO JUBÁ A TODOS.

COMISSÃO PERMANENTE DE POVOS TRADICIONAIS DA UNEGRO RJ

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Cais do Valongo Patrimônio da Humanidade: E agora...

Marco da herança africana no Rio de Janeiro, o Cais do Valongo agora é Patrimônio da Humanidade. O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)

Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Cais do Valongo, no Rio
de Janeiro (RJ), teve sua candidatura aceita pelo Centro do Patrimônio Mundial, para ser reconhecido como Patrimônio da Humanidade. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, receberam nesta terça-feira, 1° de março, comunicado da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), por intermédio do Ministério das Relações Exteriores, informando que aceitou o dossiê da candidatura como completo e apto a iniciar os trâmites de análise por suas instâncias técnicas.

Elaborado pelo Iphan e a Prefeitura do Rio de Janeiro, com o aporte de um qualificado corpo de especialistas contratados, o dossiê servirá como base para o trabalho de uma missão de avaliação, formada por representantes dos órgãos consultivos da UNESCO, que visitará a região portuária e o Cais do Valongo nos próximos meses. O trabalho técnico prosseguirá com a participação da comunidade e do Comitê Consultivo da Candidatura, composto por várias instituições governamentais e da sociedade civil, especialmente as representativas da preservação e valorização da herança africana.

O Iphan e a Prefeitura do Rio veem com muito otimismo a possibilidade de inscrição do Cais do Valongo na lista do Patrimônio Mundial que, uma vez concretizada, representará o reconhecimento do seu valor universal excepcional, como memória da violência contra a humanidade representada pela escravidão, e de resistência, liberdade e herança, fortalecendo as responsabilidades históricas, não só do Estado brasileiro, como de todos os países membros da UNESCO. É, ainda, o reconhecimento da inestimável contribuição dos africanos e seus descendentes à formação e desenvolvimento cultural, econômico e social do Brasil e do continente americano.

A grande porta de entrada de africanos escravizados no Brasil
O Brasil recebeu cerca de quatro milhões de escravos nos mais de três séculos de duração do regime escravagista, 40% de todos os africanos que chegaram vivos nas Américas, entre os séculos XVI e XIX. Destes, aproximadamente 60% entraram pelo Rio de Janeiro, sendo que aproximadamente hum milhão pelo
Cais do Valongo. A partir de 1774, por determinação do Marquês do Lavradio, Vice-Rei do Brasil, o desembarque de escravos no Rio foi integralmente concentrado na região da Praia do Valongo, onde se instalou o mercado de escravos que, além das casas de comércio, incluía um cemitério e um lazareto.

O objetivo era retirar da Rua Direita, atual Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados. Após a chegada eles eram destinados as plantações de café, fumo e açúcar do interior e de outras regiões do Brasil. Os que ficavam no Rio de Janeiro, geralmente eram os utilizados em trabalhos domésticos, ou nas obras públicas. A vinda da família real portuguesa para o Brasil e a intensificação da cafeicultura ampliaram consideravelmente o tráfico escravagista.

Em 1811, com o incremento do tráfico e o fluxo de outras mercadorias, foram feitas obras de infraestrutura, incluindo o calçamento de pedra de um trecho da Praia do Valongo, que constitui o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo.

O local foi desativado como porto de desembarque de escravos em 1831, quando o tráfico transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra – norma solenemente ignorada, que recebeu a denominação irônica de lei para inglês ver. Doze anos depois, em 1843, o Cais do Valongo foi aterrado para receber a Princesa das Duas Sicílias e Princesa de Bourbon-Anjou, Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II, recebendo o nome de Cais da Imperatriz.

"Com a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, pôs-se fim verdadeiramente ao tráfico para o Brasil, embora a última remessa conhecida date de 1872 e a escravidão tenha persistido até a Abolição, em 1888."
Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado. No entanto, durante as obras do Porto Maravilha, com as escavações realizadas no local em 2011, foram encontrados milhares de objetos como parte de calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos. Entre os achados raros,
há uma caixinha de joias, esculpida em antimônio, com desenhos de uma caravela e de figuras geométricas na tampa.

Em 2012, a prefeitura do Rio de janeiro acatou a sugestão das Organizações dos Movimentos Negros e, em julho do mesmo ano, transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública. O Cais do Valongo passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.

Em 20 de novembro de 2013, Dia da Consciência Negra, o Cais do Valongo foi alçado a patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Representantes da UNESCO também consideraram o sítio arqueológico como parte da Rota dos Escravos, sendo o primeiro lugar no mundo reconhecido pela UNESCO. O evento reforçou ainda mais a intenção da cidade de lançar a candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio da Humanidade.

O dossiê elaborado ao longo de um ano de trabalho, coordenado pelo antropólogo Milton Guran, resgata a história trágica e cruel do tráfico negreiro e analisa com detalhes a importância histórica e o simbolismo do sítio arqueológico para todos os brasileiros, em especial os afrodescendentes.

O Sítio Arqueológico do Cais do Valongo não só representa o principal cais de desembarque de africanos escravizados em todas as Américas, como é o único que se preservou materialmente. Pela magnitude do que reprsenta, coloca-se como o mais destacadi vstígio do tráfico negreiro no continente americano.

O Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) se reuniu, neste deste domingo (2), em Cracóvia, na Polônia. Quase 200 países devem enviar representantes para o encontro, que vai durar 11 dias. O comitê analisa uma lista de sítios, como são chamados os locais candidatos a Patrimônio da Humanidade.

Este ano, são 26 os indicados a patrimônio cultural, sete a natural e um a patrimônio mundial misto. O Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, é o candidato brasileiro a patrimônio cultural.

É algo que, certamente, tem que ser celebrado, pois vai pode significar (não obrigatoriamente, dado o descaso que envolve tudo que tem a ver com os patrimônios históricos, artísticos e culturais) a preservação do local.
Se liga: Também quer dizer também uma daquelas histórias cercadas das contradições e exemplar do racismo e de tudo que diz respeito a negros e negras no Brasil. Uma história que, inclusive, já fica evidente na matéria publicada pela Folha. O artigo começa dizendo que o local é um marco da “herança africana no Brasil”, quando, na verdade, de acordo com os próprios critérios da Unesco, Valongo é um patrimônio da humanidade exatamente por ser um registro de ações criminosas da humanidade e um local de memória e sofrimento (o que o coloca na mesma categoria de patrimônios tombados como o campo de concentração de Auschwitz e a cidade de Hiroshima).

Inaugurado em 1811, o cais foi o principal ponto de desembarque de escravos africanos nas três Américas. Em 1911, o Cais do Valongo foi aterrado e redescoberto 100 anos depois, durante as obras para a Olimpíada do Rio.

Debaixo da terra estavam milhares de objetos como calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis, pulseiras, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Cais do Valongo é um local de preservação da memória, com valor extraordinário para toda a humanidade.

Na reunião, um grupo técnico do Comitê do Patrimônio Mundial também vai avaliar o estado de conservação dos locais que estão na lista. A coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Rebeca Otero,
disse que os governos precisam se comprometer com a preservação.

A organização reconhece 20 patrimônios culturais e naturais no Brasil. Um deles é o conjunto de reservas do Cerrado, formado pelos parques nacionais das Emas e da Chapada dos Veadeiros, que ficam em Goiás. Esse conjunto está na pauta para ser avaliado.

O principal problema é que o perímetro de proteção da Chapada dos Veadeiros diminuiu nos últimos anos. Os técnicos do Patrimônio Mundial recomendaram que, até fevereiro deste ano, o governo federal garantisse a preservação da área, mas isso não ocorreu. Agora, os parques podem ser declarados em estado de risco e sair da lista do patrimônio. Há um mês, no entanto, o presidente Michel Temer assinou decreto ampliando a área de preservação em quase quatro vezes, passando de 65 mil para 240 mil hectares.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

EM 87 ANOS DA ACADEMIA ATORES NEGROS A GANHAREM O OSCAR...

Ao contrário de 2016, quando atores negros foram ignorados pela Academia de Artes e Ciência Cinematográficas de Hollywood, a lista do Oscar 2017 conta com o recorde de indicações: foram seis atores negros indicados no total.

"Até agora, a premiação com mais negros indicados havia sido a de 2006, ano dos filmes Dreamgirlse Ray, com cinco."

No ano passado, todos os 20 indicados nas categorias de atuação eram brancos, o que gerou críticas nas redes sociais e a repercussão da campanha #OscarSoWhite (#OscarMuitoBranco). Para mudar essa imagem, em 2017 as seis principais categorias possuem pelo menos um diretor, atriz ou ator negro.

Este ano se destacam três filmes com atores e temática afro-americanos: Cercas, Estrelas além do tempo e Moonlight.
Entre os indicados à categoria de Melhor Filme está Cercas, estrelado por Denzel Washington e Viola Davis, ambos negros. Denzel Washington foi indicado a Melhor Ator e Viola Davis está na lista de Melhor Atriz Coadjuvante. O ator também dirigiu o filme.

O ano de 2017 também é o primeiro em que três atrizes negras são indicadas em uma mesma categoria, a de atriz coadjuvante. Além disso, Viola Davis se tornou este ano a primeira atriz negra a ser indicada três vezes ao Oscar.SIDNEY POITIER - Na noite de 13 de abril de 1964, em Los Angeles, Sidney Poitier se tornava o primeiro ator negro a ganhar um Oscar.

"Sidney Poitier KBE (Miami, 20 de fevereiro de 1927) é um ator, diretor, autor e diplomata bahamense,
nascido nos Estados Unidos".
Poitier cresceu em Cat Island, nas Bahamas. Em 1963 fez história ao se tornar o primeiro ator negro da história a receber o prêmio Oscar de melhor ator principal por sua performance no drama Uma Voz nas Sombras (Lilies of the Field) em 1963. Em 2002 se tornou o primeiro artista negro a receber um Oscar honorário pelo conjunto da obra. É pai da também atriz Sydney Tamiia Poitier.

Pelo papel do operário Homer Smith em “Lillies of the Field” (“Uma Voz nas Sombras”), Poitier subiu ao palco para receber a estatueta de Melhor Ator das mãos de Anne Bancroft. Aliás, o beijo na bochecha da atriz (branca) causou polêmica na época. Sinal de que o inédito prêmio ainda não derrubaria completamente o preconceito dentro da sociedade americana, vigente até hoje, infelizmente.

Eram tempos de debates e embates. Tempos de luta pelos direitos civis. Por igualdade racial. Em agosto de 1963, Martin Luther King anunciara que tinha um sonho, diante de quase 300 mil pessoas, em Washington. Um sonho por um dia em que todos estariam “prontos para dar as mãos e cantar as palavras de uma velha canção negra: ‘Enfim livres, livres enfim. Graças a Deus Todo-Poderoso, nós estamos enfim livres.’”

A Academia já havia premiado um artista negro antes. Em 1940, Hattie McDaniel ganhou como Melhor Atriz Coadjuvante pela governanta Mammy, humilde e fiel à patroa Scarlett O’Hara (Vivien Leigh) em “E o
Vento Levou”. Mas era o clássico negro estereotipado.

Poitier rompeu com esses padrões desde o início. Conduziu a carreira de forma altiva. Não aceitou o jogo da indústria e recusou diversos papéis de negros típicos em Hollywood. Com isso, virou exemplo, ganhou respeito do meio cinematográfico e admiração de seus pares de cor.

Em 1959, foi indicado ao Oscar de Melhor Ator pela atuação em “Acorrentados” (“The Defiant Ones”). Antes, já tinha interpretações de destaques, em filmes como “Blackboard Jungle” (1955) e “Edge of the City” (1957). A consagração definitiva veio em 1964, com “Lillies of the Field” – depois, brilharia no ótimo “Ao Mestre com Carinho” (“To Sir, with Love”), de 1967.

Nas poucas palavras de seu breve discurso, Poitier agradeceu ao diretor Ralph Nelson e ao roteirista James
Poe.

Somente 38 anos depois um negro voltaria a ganhar a estatueta de Melhor Ator: Denzel Washington, por “Dia de Treinamento”, no Oscar de 2002. Justamente na cerimônia em que Sidney Poitier seria homenageado pelo conjunto da obra.

Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

Os 16 atores negros vencedores do Oscar

Se liga O Oscar começou a ser entregue em 1929. A primeira indicação para uma atriz (ou ator) negra veio apenas dez anos depois. Hattie McDaniel ganhou pelo papel de Mammy, em '...e o vento levou'. McDaniel
foi muito criticada durante sua carreira por interpretar papéis de domésticas que, segundo movimentos de direitos civis, perpetuavam estereótipos.

Hattie McDaniel
Sidney Poitier,
Louis Gossett, Jr.
Denzel Washington
Cuba Gooding, Jr;
Whoopi Goldberg;              

Halle Berry;
Jamie Foxx;
Morgan Freeman;
Forest Whitaker ;
Jennifer Hudson;
Mo'Nique;
Octavia Spencer;
Lupita Nyong'o;
Viola Davis;


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte: history.com/news.bbc.co.uk

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Racismo e luta de classes: Dr. Frantz Fanon

"Frantz Fanon morreu em 1961, quando tinha 36 anos, o pensamento do autor ainda é discutido por acadêmicos e ativistas políticos em diferentes línguas e regiões. Entretanto, essa presença no cenário
atual é acompanhada por intensos debates sobre o que se considera como estatuto central de sua obra, e principalmente, quais categorias apresentadas por ele podem ser apropriadas como elementos relevantes para a compreensão da sociedade contemporânea" (MBEMBE, 2011 e GORDON, SHARPLEY-WHITING E WHITE, 2000).
“Nossos pais os Gauleses”
Frantz Omar Fanon nasceu em Julho em 20 de julho de 1925, no seio de uma família de classe média em Forte de France, Martinica, região francesa no Caribe. A Martinica ainda hoje é considerada um departamento ultramarino insular francês, e os seus habitantes – a grande maioria composta por negros que se sentem franceses – aprendiam nas escolas assimiladas, frequentadas por Fanon, que os “pais de sua Pátria” eram os Gauleses. Em 1944, quando a França estava invadida pela Alemanha nazista, Fanon alistou-se no exercito francês para lutar contra a invasão, mas lá no front de guerra, junto aos franceses brancos nascidos na metrópole, percebeu que a sua cor o impedia de ser visto como igual pelos seus “compatriotas”. Por mais que pensava, sentia ou desejasse o contrário, em face do Branco era visto apenas como Preto:

Subjetivamente, intelectualmente, o antilhano se comporta como um branco. Ora, ele é um preto. E só o perceberá quando estiver na Europa; e quando por lá alguém falar de preto, ele saberá que está se referindo tanto a ele quanto ao senegalês. (FANON, 2008:132)

"A percepção deste não-reconhecimento em face do branco francês exerceu grande influência em Fanon impactando os seus futuros escritos e prática política."

Os chamados estudos culturais ou pós-coloniais, embasados em uma perspectiva pós-estruturalista, têm retomado a leitura fanoniana a partir de uma leitura do colonialismo como “discurso” (ou paradigma) implícito à sociedade moderna, promotora de experiências racializadas. A contribuição central de Fanon,
segundo esta corrente, seria a ruptura com uma noção essencialista de identidade (hegeliana) rumo a uma noção aberta aos jogos fluidos – como contraposição a ontológicos – da identificação (HALL, 1996 e 2009; APPIAH, 1997 e ÁLVARES, 2000).

Outra linha de estudos um pouco diversa desta anterior é uma corrente originalmente surgida na América Latina, autodenominada pensamiento decolonial. Esta vertente, também conhecida como proyecto decolonial ou proyecto de la modernidad/colonialidad, visualiza em Fanon a possibilidade de analisar o
capitalismo (Sistema-Mundo) contemporâneo a partir de uma “perspectiva do Sul”. Pautadas em uma crítica ao pós−modernismo e o pós−estruturalismo, pelo que atribuem ser uma demasiada vinculação desses estudos à “matrizes de poder colonial”, esta corrente difere dos Estudos Pós-Coloniais ao divergir da ideia de superação do colonialismo que o termo “Pós” atribui.

Além disso, identifica nos estudos pós-coloniais uma subestimação dos aspectos econômicos da realidade social, em detrimento das dimensões culturais e subjetivas. Propõe nesse sentido, a noção de Heterarquia – relação entre as várias esferas sem uma atribuição prévia de hierarquia – entre economia, cultura, subjetividade e política (DUSSEL, 1977; MINGOLO 2000; MALDONADO-TORRES, 2005 e QUIJANO 1991, 1998, 2000).

A terceiro-mundismo e a luta de classes- Em dezembro de 1960, depois de circular por várias partes do continente africano fomentando a necessidade de expandir a guerra de libertação a outros países, no auge de sua atuação política, Fanon inicia a escrita de um livro que problematizaria a relação da revolução argelina com outros povos do Continente. No entanto, para a sua surpresa é diagnosticado é diagnosticado com leucemia, e percebe, mediante aos estágios a medicina se encontra nesta época, que lhe resta pouco tempo de via.

Inicia assim a escrita apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da escrita de forma a sintetizar seus acúmulos teóricos antes que seu tempo esgote. É neste contexto, que será escrito em questão de meses o famoso Les damnés de la terre. Enquanto escrevia o livro e revisava os trechos, chegou
a voar para Itália a fim de encontrar Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Prefácio do seu livro.

O livro trata, entre outros assuntos, dos conflitos implícitos ao colonialismo e à luta anticolonial. Alerta que a violência é parte fundante da sociedade colonial, estando presente em todas as suas expressões materiais e simbólicas. Constata ainda que a superação da lógica colonial só seria viável náquelas situações em que os colonizados empreendessem força material proporcionalmente capaz de abalas as forças sociais a ponto de fazer surgir um homem novo:

A descolonização se propõe a mudar a ordem do mundo, é, como se vê, um programa de desordem abosoluta(…)é um processo histórico: isto é, ela só pode ser compreendida, só tem inteligibilidade, só se torna translúcida para si mesma na exata medida em que discerne o movimento historicizante que lhe dá forma e conteúdo. A descolonização é o encontro de duas forças congenitamente antagônicas, que têm precisamente a sua origem nessa espécie de substancialização que a situação colonial excreta e alimenta. (…) a descolonização é verdadeiramente a criação de homens novos. Mas essa criação não recebe a sua legitimidade de nenhuma potência sobrenatural: a “coisa” colonizada se torna homem no processo mesmo pelo qual ela se liberta. (FANON, 2010:52-3)

Num diálogo constante com os movimentos internacionais ligados ao terceiromundismo, Frantz Fanon alerta que mesmo na África, o processo de revolução nacional não podem ignorar as especificidades de entificação da capitalismo, a composição das diferentes de classes sociais e seus interesses. Os países coloniais são economicamente mente mortal, tal como descreve Hegel em sua metáfora do senhorio e do servo, e que parecia impossível atrasados e subdesenvolvidos a partir da relação histórica com suas metrópoles sanguessugas. Esta realidade relega as colônias uma produção de bens primários voltados à exportação, uma classe operária insipiente, um campesinato palperizado e analfabeto e uma burguesia local subordinada à interesses externos.
Acrítica à negritude

"Os povos colonizados, não seguiram inertes à colonização e buscaram desenvolver estratégias diversas de resistência e emancipação. É o Branco que cria o Negro, mas é, por outro lado “o negro que cria a negritude” (FANON, 1968:20), afirmando-se na luta por um reconhecimento objetivo".

A pesar de reconhecer a legitimidade histórica da luta anti-racista e dos movimentos de afirmação cultural (FANON, 2010:244), na medida em que promovem o questionamento dos valores racistas europeus, Fano
alerta que muitas vezes a luta anti-racista – classificada por ele como “racismo anti-racista” – ou de afirmação cultural não consegue superar os limites e contradições históricas que a forjaram.

O “conceito de negritude” admite, “é a antítese afetiva, senão lógica, desse insulto que o homem branco fazia á humanidade”. E completa: “Essa negritude lançada contra o desprezo do branco se revelou, em certos setores, como o único fator capaz de derrubar interdições e maldições” (FANON, 2010:246). No entanto, essa contraposição, historicamente necessária, levou o movimento a um impasse: “ à afirmação incondicional da cultura europeia sucedeu a afirmação incondicional da cultura africana” (Idem).

Se o colonialismo definiu como essencialmente negro a emoção, o corpo, a virilidade, ludicidade, mas, sobretudo, classificou hierarquicamente estes elementos como inferiores, frente à não menos fetichizada (e ilusória) imagem criada para o Europeu – Razão, civilização, cultura, universalidade -, o movimento de negritude, sem romper com estes fetichismos, apenas inverteu os polos da hierarquia, passando a considerar como positivo àquilo que o colonialismo classificou como inferior.

Assim a inocência, musicalidade, o ritmo “nato” do africano, passam a ser afirmados pelos movimentos anti-racistas como elementos essencialmente africanos, mas agora, vistos como superiores e desejáveis frente à frieza tecnicista ocidental (SENGHOR, 1939). As “almas da gente negra” passam a ser classificadas como essências metafísicas, ou no mínimo históricas, que precisariam ser resgatas e afirmadas para que o negro se reencontre consigo próprio.

Para Fanon, está aí uma armadilha que o movimento de negritude – e talvez o conjunto do movimento negro contemporâneo – corria o risco de ficar preso. Esta “essência negra” que se busca restaurar ou libertar, é na verdade uma invenção do racismo colonial, a serviço da desumanização do africano escravizado nas Américas e aceitá-la, é afirmar retoricamente a rejeição aos pressupostos coloniais, sem rejeitá-los de fato. (FANON, 2010:253)

Os seres humanos são o que fazem e como fazem, mas ter como objetivo último a preservação ou resgate cultural é inverter a ordem de prioridade do mundo, tomando o secundário como primário, valorizando o produto em detrimento do produtor. Esta postura, inicialmente legítima, poderia segundo Fanon levar os movimentos anti-racistas a alguns impasses perigosos, tais como: meter todos os negros no mesmo saco; busca por um passado glorioso em detrimento de uma realidade objetivamente desumanizadora; valorização acrítica e apaixonada de “tudo que for africano”, acompanhada por uma negação quase religiosa de tudo que for “ocidental”; aceitação do pressuposto racista de que a cultura negra é estática e fechada, portanto morta; valorização cultural tomada por central.

Para Fanon seria necessário ir além da – e não se limitar à – afirmação das especificidades culturais historicamente negadas, mas não se limitar a ela. Não é a cultura – historicamente negada – que deve resistir mas sim as pessoas que a produzem, a partir de seus referenciais que estão em constante transformação. É certo que o colonialismo nega ao colonizado a possibilidade de entificação de uma cultura autêntica, e por isto, a emancipação cultural, passa pela emancipação das pessoas que produzem e se produzem pela cultura. É o colonialismo em seu ato negador e reificador que atribui uma ausência de movimento histórico à cultura colonizada, engessando-a em catálogos antropológicos, vendo-as e tratando-as como elementos mortos…

Fanon no século XXI- Recuperar Fanon na atualidade é como afirma Wallerstein (2008:11), apostar numa “luta cujo desfecho é completamente incerto”. Muitos acontecimentos históricos posteriores à morte de Fanon nos levantam o questionamento de como ele analisaria ou confrontaria o colonialismo no século XXI? Os retrocessos políticos observados na Argélia com a islamização do Estado após a independência; as diversas e sucessivas ditaduras e decapitação de lideres anti-imperialistas nos países africanos recém-libertos; a queda do Muro de Berlin e o surgimento de uma geração para o qual a perspectiva de futuro está
ausente; as conquistas democráticas ( relativas) obtidas sem violência nos países subdesenvolvidos; e mesmo as drásticas alterações na sociedade moderna, provocada pela reestruturação produtiva e sua crescente financeirização da economia e readequação das fronteiras nacionais; o surgimento dos Novos Movimentos Sociais, suas viradas paradigmáticas e o próprio Neoliberalismo. Todos estes novos conflitos e contradições, impensáveis à época de Fanon levantam o questionamento se o autor estaria ultrapassado.

Do genocídio perpetrado pelo Estado de Israel aos palestinos à Erupção da Primavera Árabe; do alto e desproporcional índice de mortalidade materna das mulheres negras no Brasil, em relação às mulheres brancas às políticas higienistas de faxina urbana, tirando de circulação a força usuários de drogas e moradores de rua indigestos à especulação imobiliária de determinadas áreas; da persistência do racismo no Brasil ao atual e violento processo de extermínio vivenciado pela juventude negra no Brasil; da manutenção atualizada da “exploração do homem pelo homem”, reconfigurada e ressignificada não para se desfazer, mas para se intensificar… Em todos estes e outros problemas sociais presentes e latentes, colocam-nos diante de dilemas para os quais Frantz Fanon tenha muito a dizer.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:ÁLVARES, Cláudia. “Teoria pós-colonial, Uma abordagem sintética” in Revista de Comunicação e Linguagens - Tendências da Cultura Contemporânea”, J. Bragança de Miranda e E. Prado Coelho (org.), Lisboa, Relógio de Água, 2000/APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África e a filosofia na cultura / Kwame Anthony Appiah: tradução Vera Ribeiro; revisão de tradução Fernando Rosa Ribeiro. – Rio de Janeiro: Contratempo, 1997/BHABHA, Homi K. O local da cultura / Homi K. Bhabha, tradução de Myriam Ávlila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Glauce Renata Gonsalves – Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. 395 p. Coleção Humanitas./BRAH, Avtar Difference, Diversity, Differentiation. In:. Cartographies of Diaspora: Contesting Indentities. Longon/New York, Routledge, 1996, capítulo 5,pp.95-127.

domingo, 25 de junho de 2017

Zaire; As águas que caem pelo oceano”

Falar do Zaire é reviver a memória da glória da história do reino do Kongo, que sempre teve intelectuais
europeus a serviço de missionários para que escrevessem a história do reino sem entender a dimensão sócio-cultural e espiritual comunitária. No entanto, sem o olhar crítico, nenhum de nós jovens entenderá o processo de registro de nossa história.

Os historiadores ignoravam a sabedoria ancestral que se transmite pela oralidade. A partir daí, começava o preconceito contra os kongos e seus saberes. Pantoja, na apresentação do livro do Patrício Batsîkama, “O reino do kongo e a história de Angola”, escreveu: “o uso das tradições orais na reconstrução dos percursos históricos faz parte da renovada historiografia africana” PANTOJA, 2009.

No passado, Zaire ou Nzadi que significa “as águas que caem pelo oceano”. Este é o berço do poder reconhecido pelos estudiosos da história da África. E, para o nosso conhecimento, Zaire não foi descoberta por nenhum estrangeiro, bem como Ngola-Angola também não foi descoberta, apesar de muitos “professores” de História de Angola, reproduzirem o discurso eurocêntrico sem questionar.

Sabe-se que os europeus exploraram e levaram para Europa máscaras e artefatos culturais bantus. Aliás, essa prática era vista como normal. As figuras de múmias estão exposta nos museus franceses, alemães e ingleses. Nesta arena cultural das práticas nativas religiosas, temos que referenciar a profetisa Kimpa Vita, como negra e líder espiritual híbrida, pois ela tinha dentro de si a africanidade e se apropriou dos conhecimentos bíblicos, pregando os valores nativos bantus.

Ela contextualizava ao seu povo, os rituais africanos e dava importância ao seu povo. Imaginem o que aconteceu depois? Simplesmente, ela foi queimada viva numa fogueira. Kimpa Vita era profetisa e líder espiritual do chamado “antonianismo”, que pregava a restauração dos valores tradicionais dos Kongos. Alguns desses valores tradicionais seriam o respeito à ancestralidade e aos mais velhos e a terra “Santa” Mbanza-Kongo.

- No entanto, Nzadi-Zaire contém uma das histórias mais antigas dentro da África Negra envolvendo os “Mani e Ntotilas-Reis ou chefes” na língua Kikongo, língua oficial no Reino do Kongo. Até hoje, a língua continua sendo a única herança viva no Zaire, pois é a língua “materna” de muitos cidadãos desta etnia.

O que aconteceu é que Nzadi- Zaire foram invadidos pelos aventureiros europeus. Confrontar o historiador
Santos sobre o assunto lembrando que Zaire foi a entrada do cristianismo europeu, pois o primeiro aventureiro chegou “na foz do rio Nzadi- Zaire”, o tal Diogo Cão juntamente com os missionários e militares. Desde então, vale destacar que ali começava o desprezo das nossas práticas nativas religiosamente falando, e da nossa espiritualidade ancestral, que ficou simplesmente ofuscada em prol do cristianismo.

Um dos estudiosos do reino do kongo escreveu que há três linhagens “Nsaku, Mpânzu e Ñzînga”. Porém, Raphaël Batsîkama Patrício Batsîkama, os autores de um artigo “Estruturas e Instituições do Kongo” apontam que as três linhagens são os poderes locais;

Aparentemente, parece existir divisão de poderes no antigo reino do Kôngo:

“NSAKU: Sacerdócio, Presbiteriano; Religião (e Magia), Consagração das Autoridades, Diplomacia, Constituição, Poder Judiciário, Poder Legislativo.

“MPANZU: Guerra, Manufatura, Segurança da Corte, Segurança do País, Direito de Eleger

“NZINGA: Administração, Justiça, Poder Executivo (limitado), poder político (limitado), Classe das Elites das Migrações”.

São essas três linhagens que estruturam a gerência pública. Tudo indica que os Nsâku e os Mpânzu seriam os verdadeiros detentores do poder executivo que exercem através da sua Mãe Nzînga (BATSÎKAMA & BATSÎKAMA, 2011 p. 9).

Esses poderes, na atualidade, não existem mais, até porque a monarquia já não tem poder. Poderia nos dizer que Zaire “modernizou-se”, os representantes locais reconhecidos tradicionalmente como Sobas, não têm poder decisório no Zaire. Na verdade, no que se refere a esses poderes é uma visão anterior dos europeus e dos autores do artigo, confrontaram com várias fontes europeias.

"O cristianismo é intolerante, principalmente, com as práticas religiosas africanas e nativas. Isto é de conhecimento de estudiosos como, por exemplo, de Mudimbe, 2013, que enfatiza que os europeus que chegavam ao solo africano não respeitavam a cultura local."

O que resta das práticas nativas será que ainda há algo? Além da “apropriação do patrimônio africano” o
que resta de nós? Um dado que restou é que os bakongos apropriaram-se do cristianismo inclusive o estudioso que fala Mudimbe na sua obra “A invenção da África”.
A instabilidade e as revoltas que assolaram o Congo até 1965 culminaram com a tomada do poder por parte do tenente-general Mobutu Sese Seko, à época comandante e chefe do Exército congolês. Mobutu autodeclarou-se presidente por cinco anos e em 1970 consolidou o seu poder ao ser eleito presidente sem oposição. Em 1971 foi adoptado o novo nome do Estado, com a proclamação oficial da República do Zaire. Este nome e os novos símbolos nacionais mantiveram-se até 1996, quando em finais da Primeira Guerra do Congo Mobutu foi derrubado e fugiu do país. Laurent-Désiré Kabila assumiu a presidência e recuperou a denominação anterior do país,República Democrática do Congo, que se manteve desde então
Hoje Zaire é uma província que se localiza na parte noroeste de Angola, faz fronteira com Oceano Atlântico, Bengo e Uíge. Infelizmente, a província do Zaire carece de muita coisa, seu povo sobrevive da pesca e agricultura, apesar de, no seu subsolo como dizem, ter muito petróleo e outros recursos naturais… Nossa terra é a terra dos nossos ancestrais os Ntotilas – todos os Reis/ Rainhas.
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:BATSIKAMA, Mampuya Cipriano Patrício. As origens do Reino do Kongo. Mayamba editora, Luanda, 2010./MUDIMBE, Y.
V . A invenção de África. Gnose, filosofia e a Ordem do Conhecimento.Tradução Ana Madeiros. Coedição Edições, Lda e Mulemba, Angola e Portugal, 2013./SANTOS, Sousa Egídio de António. Esboço da História de Angola como poderia silenciar-me? Editora Kilombelombe, Luanda, 2012./ (Ver Santos, 2012, p. 66. E seguintes. Esboço da história de Angola)./ MUDIMBE, Y. V . A invenção de África. Gnose, filosofia e a Ordem do Conhecimento. Tradução Ana Madeiros. Coedição Edições, Lda e Mulemba, Angola e Portugal, 2013.

domingo, 18 de junho de 2017

O movimento racial nos EUA:Os Panteras Negras

Panteras Negras é o nome de um partido negro revolucionário que foi fundado nos Estados Unidos
Em meados do século XX, os Estados Unidos eram um país permeado por práticas racistas contra os
negros. Estes tinham lugares específicos para sentar no ônibus, andar nas ruas e locais típicos para frequentar, onde não se misturassem com os brancos. Em meio a discriminação, surgiram alguns nomes importantes para a conquista de direitos civis, sociais e políticos para os negros, como Martin Luther King e Malcolm X, por exemplo. Outros dois importantes nomes para o movimento dos negros nos Estados Unidos foram Huey Newton e Bobby Seale. Eles foram responsáveis por fundar, em 1966, o Partido dos Panteras Negras.

Denominados inicialmente de Partido dos Panteras Negras para a Autodefesa, o grupo passou a adotar o marxismo como orientação política, buscando interligar a perspectiva da luta de classes entre burguesia e trabalhadores articulada com o contexto da luta racial nos EUA. Isso levou inclusive à reivindicação de uma indenização por parte dos capitalistas e do Estado dos EUA pelos séculos de escravidão a que os africanos estiveram submetidos.


Dessa forma, os Panteras Negras entendiam a mão de obra escrava como formadora da riqueza do principal país capitalista do século XX. Por isso, também divulgavam a necessidade de realizar a expropriação dos meios de produção dos capitalistas brancos. O contato com as posições políticas defendidas por Mao Tsé-tung em seu Livro Vermelho serviram ainda para o grupo se ver como uma vanguarda na luta do movimento negro estadunidense.

Uma das formas de ação dos Panteras Negras era o armamento das comunidades negras. Tal posicionamento era decorrente dos constantes atos de violência e brutalidade policial a que estavam submetidos cotidianamente. Por isso, a ação inicial do grupo era contra uma das principais instituições repressivas do Estado: a polícia. Inúmeros foram os casos de confrontos armados entre os Panteras Negras e as forças policiais, resultando em mortes tanto entre os militantes quanto de policiais.

Os Panteras Negras se envolveram em vários conflitos com a polícia por causa de suas manifestações. A década de 1960 foi a principal neste quesito. Esses confrontos com a polícia, por vezes, terminavam em tiroteios com mortes para ambos os lados. Muitos aconteceram na Califórnia, mas também em Nova York e Chicago. Em uma dessas ocasiões, um dos fundadores dos Panteras Negras, Huey Newton, feriu fatalmente um policial. Foi, então, imediatamente preso pelo assassinato de um policial, preconizando o fim do movimento revolucionário.

Não só Huey Newton, mas também outros membros do Partido dos Panteras Negras foram presos sob
acusações de atos criminais. O crescente número de prisões esvaziou gradativamente a ação do partido. Por outro lado, a polícia reagia com, cada vez mais, severidade. A hostilidade empregada foi tamanha que o próprio Congresso abriu investigações sobre a ação policial. De toda forma, os Panteras Negras foram reprimidos, sua liderança dissolvida e o movimento perdeu a simpatia dos negros. A mudança no cenário fez com que os remanescentes do Partido dos Panteras Negras abandonassem a violência das reivindicações e adotassem estratégicas políticas convencionais e a prática de serviços sociais para a população negra. Com atividades mais discretas, porém mais funcionais para suprir as carências dos negros, o Partido dos Panteras Negras manteve-se ativo até a década de 1980.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

Fonte:http://www.marxists.org/history/usa/workers/black-panthers/

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Corte de 50% da subvenção do Rio de Janeiro considerado o espetáculo do carnaval do Mundo

Com raízes históricas no período colonial, o Carnaval tornou-se uma lucrativa atividade comercial no século XX.
Na verdade, essa história começou muito, mas muito antes do Brasil ser Brasil. Ela tem início lá na
Antiguidade, com os gregos, hebreus e romanos, mas com uma cara e um objetivo totalmente diferentes do carnaval como conhecemos: as festas, que aconteciam entre novembro e dezembro, eram promovidas para comemorar o sucesso nas colheitas e homenagear as divindades – sempre com muita bebida e muita comida....

A história do carnaval no Brasil iniciou-se no Período Colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram cheirosas. O entrudo era considerado ainda uma prática violenta e ofensiva, em razão dos ataques às pessoas, mas era bastante popular.
Muito além da escola de samba!
A palavra samba, de origem africana, significa provavelmente brincando como um cabrito, pulando e se divertindo. A origem do Samba remonta à cultura africana e isso pode ser comprovada, por exemplo, através da introdução, já na América, de inúmeros instrumentos musicais, tais como cuíca, berimbau, ganzá e reco-reco. Certamente, os africanos do grande grupo etnolinguistico chamado banto deram a maior contribuição para a base do samba na música brasileira e outras manifestações.

-"Isso pode explicar o fato de as famílias mais abastadas não comemorarem com os escravos, ficando em suas casas. Porém, nesse espaço, havia brincadeiras, e as jovens moças das famílias de reputação ficavam nas janelas jogando águas nos transeuntes."

Por volta de meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, principalmente após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.

-"A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que passou a desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas".

As comunidades negras do Rio de Janeiro criaram as Escolas de Samba, nas quais os terreiros (ainda não eram as quadras como conhecemos atualmente) eram similares aos templos de Candomblé da década de 70, nos quais somente as mulheres faziam parte dos rituais. As mulheres eram
representantes de um tema muito comum na África. Por exemplo, a ala das baianas, um grupo de idosas, referência aos movimentos de dança circulares as manifestações rituais das religiões afro- brasileiras simbolizando a Mãe África.

Os enredos...
O Enredo é um samba canção que consiste de letra e música criados a partir de um resumo do tema. Uma época especial para letras de samba do Grupo Especial foi entre 1986 e 1996 quando o universo cultural e simbólico afro-brasileiro foram amplamente enfatizados. Este período inclui dois momentos históricos muito importantes para os negros: o centenario de abolição da escravatura no Brasil (1888-1998) e o terceiro centenário da morte de Zumbi dos Palmares (1695-1995) - um líder da causa negra. Podemos mencionar outras referências importantes para a cultura afro neste período: em 1986, Grande Othelo (G.R.E.S. Estácio de Sá), Caymmi (G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira) e Ganga Zumba (G.R.E.S. Engenho da Rainha); em 1988, quatro Escolas de Samba que tiveram temas focados sobre a Abolição da Escravatura no Brasil - G.R.E.S.

Se liga: - O Sambódromo carioca e os desfiles
As escolas de samba e o carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas na avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo, também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse período.

Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do carnaval brasileiro.

O carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.

HOJE : A decisão do prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella sobre o corte de 50% da subvenção dada para todas escolas de samba do Grupo Especial para o Carnaval 2018 atingiu em cheio o mundo do samba que ainda está atordoado com a novidade. A redução deve atingir em cheio também todos os grupos de acesso, da Série A e da Liesb, e muitas escolas dificilmente terão condições de colocarem seus desfiles na rua. O site CARNAVALESCO apurou que a prefeitura da cidade que abrir o debate se é necessário ter o super espetáculo das escolas, com comissão de frente mirabolante, alegorias opulentas e fantasias recheadas de materiais exorbitantes.

- "Mais em entrevista a G1 logo depois de eleito Crivella disse em entrevistas destacou a importância do carnaval e do desfile das escolas de samba para o turismo do Rio. Disse inclusive que iria estudar uma mudança de datas do repasse municipal para facilitar os preparativos do desfile. Mas condicionou tudo isso à avaliação dos contratos e das dívidas da prefeitura que vai assumir em janeiro". (em nenhum momento falou de corte)

Além disso, Crivella espera receber soluções criativas das agremiações, como festas e eventos sociais e culturais durante o ano inteiro, e que não sejam somente os ensaios técnicos no Sambódromo e os
desfiles oficiais. A Riotur deve ter R$ 200 milhões por ano para apoiar eventos que atraiam turistas e a alocação desses recursos será feita pelo Conselho de Turismo.

Sobre a “valorização” dos sambistas em detrimento do espetáculo, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) Jorge Castanheira espera uma reunião das escolas com o prefeito.

Finalizando: Rio recebeu 977 mil turistas no carnaval em plena crise e arrecadou R$ 2,2 bilhões

A cidade do Rio de Janeiro recebeu 977 mil turistas neste carnaval, que geraram uma receita ao município de US$ 782 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) e uma ocupação média de 84% na rede hoteleira, segundo dados divulgados hoje (22) pela Secretaria Municipal de Turismo (Riotur).

Durante o carnaval, dez navios atracaram no porto do Rio, trazendo 26 mil turistas. Nos bairros de Ipanema e do Leblon, na zona sul da cidade, a ocupação chegou a 92%, enquanto em Copacabana, também na zona sul, foram ocupados 85% dos quartos.

Em relação aos blocos carnavalescos, o público somado chegou a 4,5 milhões, incluindo os desfiles
pré-carnavalescos de janeiro e fevereiro. No desfile de hoje do Monobloco, por exemplo, a prefeitura estimou um público de 500 mil pessoas
-E ai seu prefeito como vai "cuidar neste milhões de trabalhadores" em plena crise...
Um afro abraço.

Claudia Vitalino

fonte:www.suapesquisa.com/carnaval\www.brasil.gov.br ›

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Cronologia das abolições da escravidão

1791, agosto - Rebelião dos escravos da parte francesa da Ilha de Santo Domingo (atual Haiti)
1793 - Abolição da escravidão na parte francesa da Ilha de Santo Domingo (atual Haiti)
1794, 4 de fevereiro - Promulgação do decreto da Convenção do 16 chuvoso do Ano II da República Francesa, que abolia a escravidão
1802, 20 de maio - Promulgação da lei do 30 floreal do Ano X da República Francesa pelo qual se restaurava a escravidão nas colônias ultramarinas francesas de acordo com a legislação anterior a 1789.
1803 - Dinamarca proíbe o tráfico negreiro.
1807 - A Grã-Bretanha proíbe o tráfico negreiro, assim como a importação de cativos e escravos por parte dos EUA.
1814 - Os países baixos proíbem o tráfico negreiro.
1815, fevereiro - As potências européias (Áustria, França, Grã-Bretanha, Portugal, Prussia, Rússia e Suécia) se comprometem a proibir o tráfico negreiro no Congresso de Viena. Em 29 de março, Napoleão I promulga um decreto de abolição do tráfico negreiro durante os "Cem Dias" que duraram a efêmera restauração do Império Francês.
1818, 15 de abril - Promulgação na França da primeira lei de proibição do tráfico negreiro.
1821 - Fundação, em Paris, da Sociedade da Moral Cristã, seguida um ano mais tarde pela criação de seu Comitê para a Abolição do Tráfico e da Escrvidão.
1822 - Abolição da escravidão em Santo Domingo (Haiti).
1823 - Abolição da escravidão no Chile.
1826 - Abolição da escravidão na Bolívia
1827, 25 de abril - Promulgação na França da segunda lei de proibição do tráfico negreiro.
1829 - Abolição da escravidão no México.
1831, 22 de fevereiro - Promulgação na França da terceira lei de proibição do tráfico negreiro.
1833 a 1838 - Abolição da escravidão nas colônias britânicas das Índias Ocidentais, Guiana e Maurício.
1834 - Fundação em Paris da Sociedade Francesa para a Abolição da Escravidão.
1839 - Fundação em Londres da Sociedade Anti-escravista Britânica e Estrangeira que começou a publicar o boletim Repórter Anti-Escravidão. Esta sociedade prosseguiu suas atividades com o nome de Anti-Escravidão Internacional e seguiu publicando seu boletim.
1846 a 1848 - Abolição da escravidão nas colônias dinamarquesas das Ilhas Virgens.
1846 - Abolição da escravidão em Túnez.
1847 - Abolição da escravidão na colônia sueca de São Bartolomeu.
1848 - Abolição da escravidão nas colônias francesas.
1851 - Abolição da escravidão na Colômbia.Cronologia das abolições da escravidão
1852, fevereiro - Promulgação na França dos primeiros decretos relativos À contratação de trabalhadores livres na África e Índia com destino às colônias do Caribe.
1853 - Abolição da escravidão na Argentina.
1854 - Abolição da escravidão na Venezuela.
1855 - Abolição da escravidão no Peru.
1863 - Abolição da escravidão nas colônias holandesas do Caribe e Insulíndia.
1863 a 1865 - Abolição da escravidão nos EUA.
1866 - Promulgação na Espanha de um decreto que abolia o tráfico negreiro.
1873 - Abolição da escravidão na colônia espanhola de Porto Rico.
1876 - Abolição da escravidão na Turquia.
1885 - Adoção na Conferência de Berlim de medidas para reprimir a prática da escravidão na África.
1880 a 1886 - Abolição progressiva da escravidão na colônia espanhola de Cuba.
1888 - Abolição da escravidão no Brasil.
1890 - Celebração da Conferência de Bruxelas sobre a Escravidão na África.
1896 - Abolição da escravidão em Madagascar.
1924, junho - Criação da Comissão Temporária sobre a Escravidão pelo Conselho da Sociedade das
Nações (SDN)
1926, 26 de setembro - Aprovação da Convenção relativa à Escravidão pela SDN.
1930 - Acordo sobre o Trabalho Forçado da Oficina Internacional do Trabalho (OIT).
1948 - Aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU.
1949, dezembro - Aprovação do Acordo para Repressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição pela Organização das Nações Unidas (ONU).
1956, setembro - Aprovação da Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravidão, do Tráfico de Escravos e das Institutições e Práticas Análogas à Escravidão pela ONU.
1957 - Acordo sobre a Abolição do Trabalho Forçado da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
1974 - Criação do Grupo de Trabalho sobre as Formas Contemporâneas da Escravidão na Comissão de Direitos Humanos da ONU.
1980 - Abolição da escravidão na Mauritânia.
1989, novembro - Aprovação da Convenção sobre os Direitos da Criança pela ONU.
2000, novembro - Entrada em vigor do Acordo 182 sobre a proibição das piores formas de trabalho infantil e da ação imediata para sua eliminação da OIT.
2000, dezembro - Proibição da escravidão, do trabalho forçado e do tráfico de seres humanos na Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia.
2001, maio - Promulgação na França de uma lei que reconhece que "o tráfico negreiro e a escravidão praticadas do século XV ao XIX constituiram um crime contra a humanidade."
2001, setembro - Reconhecimento da natureza de "crime contra a humanidade" da escravidão e do tráfico negreiro pela Conferência Mundial das Nações Unidades contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, celebrada em Durban (África do Sul).
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Fonte: Fazer valer a lei 11.645/08

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