apresentados no Novo Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus, Salvador e Senhor. A religião cristã tem três vertentes principais: o Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 1054 após o Grande Cisma do Oriente) e o protestantismo (que surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações. Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se tornou homem e o Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do mundo. Geralmente, os cristãos se referem a Jesus como o Cristo ou o Messias.
Os seguidores do cristianismo, conhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo). A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos; Os cristãos acreditam que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores. Jesus também é considerado para os cristãos como modelo de uma vida virtuosa, e tanto como o revelador quanto a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho ("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu ministério como evangelho
Não é fácil refletir sobre o holocausto - é penetrar num mundo de horror, de ódio, de perseguição, de cegueira ideológica, de estupidez, de equívocos, de conivências, de omissões e de impotência. Mas a tarefa, ainda que dolorosa, é necessária para que o passado não seja recalcado, a consciência moral não seja obscurecida e a humanidade não fique diminuída, ainda que a sensibilidade seja um tanto machucada.
A história humana revela o que o ser humano é e do que ele é capaz. Pensar o holocausto é voltar-se para a dimensão mais obscura e terrível da existência humana e ver que o ser humano foi capaz de produzir uma tragédia tão grande que nos faltam palavras suficientes para expressar o seu horror. O mundo não é mais o mesmo antes e depois do holocausto. A presença do mal é de tal maneira sufocante que muitos se recusam a aceitar um sentido para a vida. Como dizia Theodore Adorno:
"Depois de Auschwitz, a sensibilidade não pode deixar de ver em toda afirmação da positividade da existência uma charlatania, uma injustiça para com as vítimas, e tem de revoltar-se contra a extração de um sentido, por abstrato que seja, daquele trágico destino".
Um sobrevivente do holocausto declarou que a Europa se tornou um lago de sangue judeu congelado. No continente de Beethoven, de Goethe e da Revolução Francesa, as idéias do humanismo, cristianismo e racionalismo e os frutos da Revolução Francesa foram
terrivelmente despedaçados. Muitos cristãos transformaram suas cruzes em suásticas.
O consciência cristã se depara com o problema do sentido da existência, de como falar de Deus depois de Auschwitz, e com outro não menos grave: como é possível que esta tragédia tenha ocorrido na Europa, em países de longa tradição cristã? Até que ponto esta tradição favoreceu o surgimento do anti-semitismo, do nazismo e de regimes que a ele se aliaram? Que papel desempenharam os cristãos e suas igrejas naqueles acontecimentos? Que formas de colaboração, omissão e conivência existiram? Ou mesmo que formas de resistência e denúncia existiram também? Estas perguntas e outras relacionadas têm questionado a consciência cristã. Os cinquenta anos do final da Segunda Guerra mundial e o final do segundo milênio da era cristã têm motivado muitas reflexões e pronunciamentos coletivos. O Papa João Paulo II, em 1994, escreveu uma carta sobre a chegada do terceiro milênio, onde diz:
"Quando o segundo milênio já se encaminha para o seu termo, é justo que a Igreja assuma com maior consciência o peso do pecado dos seus filhos, recordando todas aquelas circunstâncias em que, no arco da história, eles se afastaram do espírito de Cristo e do seu Evangelho, oferecendo ao mundo, em vez do testemunho de uma vida inspirada nos valores da fé, o espetáculo de modos de pensar e agir que eram verdadeiras formas de anti-testemunho e de escândalo".
No mundo católico surgiram três importantes pronunciamentos: uma carta pastoral dos bispos alemães, em 1995, na comemoração dos 50 anos do final da Segunda Guerra; uma declaração de arrependimento dos bispos franceses das regiões onde houve campos de concentração de judeus, em setembro de 1997; e um documento do Vaticano, da Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, de 16 de março de 1998, intitulado: Nós Recordamos - uma reflexão sobre a Shoah. "Shoah" é uma palavra hebraica que significa extermínio e devastação, e é usada para se referir ao holocausto. Já o termo "holocausto" vem do grego e pertence ao mundo religioso: significa o sacrifício em que uma oferenda é inteiramente consumida pelo fogo. A idéia de holocausto aplicada à matança de judeus nos campos de concentração nazistas quer significar a abrangência da matança, que foi um verdadeiro genocídio. Estes campos de concentração exterminaram 6 milhões de judeus e 5 milhões de não-judeus, que incluíam poloneses, ciganos, comunistas, homossexuais e opositores do nazismo. O documento do Vaticano teve ampla repercussão na imprensa em todo o mundo. Infelizmente, os grandes jornais brasileiros não o publicaram na íntegra. A nossa reflexão sobre o holocausto e a consciência cristã quer abordar os grandes temas tratados neste documento e fazer a nossa apreciação.
A História das Relações Cristão-Judaicas
Para entendermos o anti-semitismo e o holocausto é preciso compreender a história das relações cristão-judaicas desde o princípio. Só assim podemos ter uma explicação mais ampla e satisfatória dos acontecimentos. Mesmo dispondo de um espaço limitado, tentaremos mostrar alguns dados importantes dessa relação, ainda que correndo o risco de simplificação.
O cristianismo é uma religião judaica. Do judaísmo recebeu o monoteísmo, a noção de Deus pessoal, o conceito de Criação, o homem como imagem e semelhança divina, o conceito de Aliança, o Decálogo, a maior parte das Sagradas Escrituras, a idéia messiânica, a fé na ressurreição dos mortos e muitos outros conteúdos. Podemos dizer que o cristianismo é uma releitura do judaísmo.
Jesus de Nazaré era judeu e filho de mãe judia. Circuncidado ao 8º dia, frequentava a sinagoga e o Templo de Jerusalém. Conhecia a Torá (Lei de Moisés) e a observava piedosamente. Era um fruto genuíno do judaísmo do Séc.I. Os seus discípulos também eram judeus. Depois da sua morte, eles se reuniam no Templo de Jerusalém. Eram chamados "os que pertenciam ao caminho" (At 9,2). Eram uma seita do judaísmo. Ainda não tinham o nome de cristãos. Apesar de Jesus ter morrido por incitação dos chefes judeus e seus seguidores, isso não o colocava fora do judaísmo. Muitos profetas tinham morrido de forma semelhante.
Os membros da nova seita passam a ser chamados cristãos quando começam a incorporar os gentios de origem grega, em Antioquia (At. 11,19-25). Nesta época surge uma polêmica: os gentios convertidos deveriam ou não ser circuncidados. O apóstolo Paulo toma partido da
não-circuncisão. Um forte conflito se instaura. A recém-formada Igreja acaba decidindo em favor da não-circuncisão dos gentios. Isto marca a primeira ruptura com o judaísmo. Além disso, a morte violenta do Diácono Estevão e do Apóstolo Tiago favorece a hostilidade entre os dois grupos.
A expansão do cristianismo entre os gentios vai lhe dando uma configuração distinta do judaísmo. Entretanto, o judaísmo, segundo Paulo, é a boa oliveira na qual foram enxertados os ramos da oliveira selvagem, que são os gentios (Rm 11, 17-24). A oposição dos judeus é obra da providência divina para que o Evangelho seja anunciado aos gentios. Os judeus continuam sendo o povo dos patriarcas, da aliança, da adoção filial, do culto e das promessas divinas, pois dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 9, 4-5; 11, 28-29).
Nos primeiros séculos da Igreja, há uma Ecclesia ex-circumcisione e uma Ecclesia ex-gentilibus, isto é, uma Igreja de judeus (circuncidados) e uma Igreja de gentios (não-circuncidados). Da Igreja da Circuncisão dá testemunho a Carta de Tiago, onde a assembléia cristã é chamada sinagoga (Tg 2,2). Os dois grupos formavam uma unidade eclesial, que logo passou a se chamar Igreja Católica, isto é, universal.
Nos anos 70 d.C., os romanos destróem o Templo de Jerusalém, arrasam a cidade e massacram os judeus. Os judeus restantes, cuja maioria pertencia ao grupo dos fariseus, tentam reorganizar o judaísmo, sem templo e sem sacerdotes. Por volta do ano 85 d.C., reúnem-se em Jâmnia, liderados pelo Rabino Gamaliel II e tomam uma série de medidas. Uma das orações judaicas, a Oração das 18 Bênçãos, passa a ter uma maldição contra os cristãos:
O Documento Sobre o Holocausto
O tema do holocausto não podia ser ignorado. Há muitos anos que grupos e pessoas envolvidas no diálogo cristão-judaico vêm solicitando um documento da Santa Sé sobre este assunto. Várias sugestões foram enviadas e o documento finalmente foi publicado, em março de 1998. A publicação no L’Osservatore Romano traz uma carta de João Paulo II à Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, desejando que o documento ajude a sanar as feridas das incompreensões e das injustiças do passado e favoreça a memória na construção de um futuro onde a Shoah jamais seja possível.
O documento está dividido em cinco partes e a sua sinopse é a seguinte:
1. O dever de memória do extermínio. A condenação do genocídio. Pede-se a participação dos cristãos na reflexão e aos judeus que escutem.
2. Trata-se de uma memória moral e religiosa do pior sofrimento do povo judaico.
3. Balanço histórico bastante negativo das relações cristão-judaicas, agravado pelas teorias racistas que logo foram apropriadas pelo nazismo, ambos condenados pela Igreja Católica.
4. Anti-semitismo nazista e a Shoah. Diferença entre antijudaísmo dos cristãos e o anti-semitismo racista. Falta de solidariedade de muitos cristãos. Lamento pela atitude negativa dos filhos da Igreja. A ação de Pio XII em favor dos judeus. Agradecimento das autoridades judaicas pelas vidas salvas. Condenação de perseguições raciais e genocídios. Menção a outros grandes massacres deste século.
5. Olhando juntos para o futuro. Consciência das raízes judaicas da fé cristã. Anseio de melhores relações com o judaísmo.
Pontos Controversos - a ascensão do nazismo
Alguns pontos do documento causaram insatisfação, por afirmações tímidas, unilaterais ou omissão. Isto fica evidente quando comparado com as declarações do episcopado francês e as do episcopado alemão. O documento da Santa Sé lembra que, no início dos anos 30, a Igreja na Alemanha condenou o racismo e o nazismo, pela ação de jornalistas católicos, de membros do clero e do ensinamento público dos bispos, em declarações coletivas. No entanto, quando Hitler chegou ao poder, logo depois o parlamento alemão teve que votar medidas que lhe concediam plenos poderes. A Igreja e o Zentrumspartei, o partido de centro que aglutinava os católicos, decidiram votar a favor de Hitler, de modo que ele se tornou ditador com os votos católicos. Convém lembrar que surgiu a possibilidade de a Igreja fazer uma concordata com o governo alemão. Concordata é um tratado internacional entre a Santa Sé e um país que define direitos e deveres. A concordata com o III Reich permitiria à Igreja assegurar a sua liberdade religiosa, bem como a autonomia das instituições católicas: escolas, hospitais, instituições de caridade, imprensa e associações juvenis, de artesãos e operárias. Na emergência de um regime totalitário que tem por natureza cooptar ou destruir o que é diferente, este tratado era um instrumento jurídico que defenderia a Igreja da invasão totalitária e garantiria a ela os direitos que possui uma comunidade religiosa numa sociedade liberal...
O problema desta concordata foi a legitimidade conferida ao regime, tanto internamente quanto externamente, além dos novos poderes que Hitler passou a dispor com a aprovação do parlamento. É preciso lembrar também que nos anos 30 havia um forte descrédito dos regimes liberais, agravado pela crise de 29. Muitos achavam que só os regimes fortes poderiam é poderiam resolver os problemas. Isto explica o surgimento dos regimes totalitários e autoritários, inclusive no Brasil. Além disso a Igreja tinha saudades da cristandade e não prezava o liberalismo político. Pio XI falava da "peste do liberalismo laicista". Um outro perigo ameaçava a Igreja: o comunismo. Este era considerado o pior de todos - era intrinsecamente mau e muitos o comparavam à peste negra, que na Idade Média dizimou um terço da população da Europa. Assim, uma concordata com um regime de direita era considerada um mal menor. Alguns desses regimes, inclusive, acenavam com uma deferência especial à Igreja e com o combate aos seus adversários e inimigos, numa espécie de reconquista parcial da cristandade. Foi o caso da Itália facista, da França de Pétain, da Espanha de Franco e da Croácia de Pavelic, a antemurale christianitatis, uma fortaleza avançada da Europa católica nos Bálcãs, que fazia frente aos sérvios ortodoxos e aos muçulmanos.
Hitler não cumpriu a concordata. O regime totalitário começou a cercear as instituições católicas de diversas maneiras e a propaganda nazista elaborou uma releitura do cristianismo à luz da ideologia da supremacia da raça ariana. Era um cristianismo despido de sua judaicidade, sem o Antigo Testamento. A Igreja era um corpo estranho naquele mundo e deveria ser cooptada ou destruída.
"Que não haja esperança para os apóstatas e que o reino do orgulho seja prontamente erradicado em nossos dias, os nazarenos (cristãos) pereçam subitamente, que sejam cancelados do livro dos vivos e não sejam contados no número dos justos. Bendito sejas tu, ó Senhor, que abaixas os orgulhosos"
A condenação do anti-semitismo
Quanto ao anti-semitismo, o documento do Vaticano faz uma distinção nítida entre o anti-semitismo racial e o anti-semitismo cristão, chamado anti-judaísmo. O primeiro se funda na negação da unidade do gênero humano, criado à imagem e semelhança de Deus, e na negação da igual dignidade de todas as raças e povos (IV); afirma uma origem diferenciada das raças e torna legítima a desigualdade entre elas. O segundo se baseia em interpretações errôneas e injustas do Novo Testamento, atribuindo uma culpa aos judeus e gerando sentimentos de hostilidade para com este povo. Tais interpretações circularam por demasiado no mundo cristão, mas não são da parte da Igreja enquanto tal (III). O primeiro foi apropriado pelo nacional-socialismo num regime neopagão, que não reconhece qualquer
realidade transcendente como fonte da vida e critério do bem moral. Este regime transformou um grupo humano e o Estado em valor absoluto e decidiu cancelar a existência do povo judaico.
A Igreja pecadora
O documento do Vaticano não fala de pecados ou faltas da Igreja ou da Hierarquia, mas apenas de faltas e pecados "de seus filhos". Isto contrasta enormemente com os outros dois pronunciamentos. Os bispos franceses lembram que em 41, quando cerca de 40 mil judeus estavam internados nos campos de concentração franceses, num momento em que o país estava parcialmente ocupado, abatido e prostrado, a hierarquia considerou como seu dever primeiro proteger os fiéis e assegurar da melhor maneira a vida de suas instituições. Esta prioridade absoluta, reconhecem, ocultou a exigência bíblica de respeito a todo ser humano, criado a imagem de Deus. Na sua maioria, as autoridades eclesiásticas foram levadas por uma obediência demasiada ao poder estabelecido e ficaram paralisadas pelo conformismo e pelo medo de represálias. Não foram capazes de perceber, prosseguem, que a Igreja deve exercer um papel de suplência num corpo social fraturado. Quando outras instituições foram caladas, a sua palavra, pelo prestígio que possui, poderia fazer frente ao irreparável. Confessam que o silêncio foi uma falta. Reconhecem que a Igreja falhou, falhou como educadora de consciência e que é responsável, junto com o povo cristão, por não ter prestado auxílio quando o protesto e a proteção eram possíveis e necessários. Os bispos esclarecem que não querem julgar nem a consciência nem a pessoa dos seus predecessores que viveram naquela época, mas que estão considerando as ações e suas consequências32. E concluem:
"Esta falha da Igreja da França e sua responsabilidade pelo povo judeu fazem parte de sua história. Nós confessamos esta falta, imploramos o perdão de Deus e pedimos ao povo judeu que ouça a nossa palavra de arrependimento".
Conclusão
Para "sanar as feridas das incompreensões e das injustiças do passado", como desejava o então Papa João Paulo II, e disse "É preciso ir bem mais além do que foi este documento. Ainda existe uma outra chaga aberta: a fuga de oficiais nazista e facistas croatas no final da guerra com a colaboração de membros do clero e da diplomacia da Santa Sé". Este assunto ainda não está devidamente esclarecido e nem é mencionado no documento.
Este documento está longe de por fim ao debate histórico e inter-religioso sobre o cristianismo e o holocausto. Os principais problemas não estão no que ele diz, mais no que ele não diz. O que ele diz contudo, tem uma difusão mundial em ambientes católicos e pode ajudar a consciência de muitos a despertar para um problema que eles nem suspeitam que existe. Os pontos obscuros e as lacunas estão sendo explicitados e discutidos na imprensa, em diversas publicações e em ambientes eclesiais e de diálogo inter-religioso.
Relembrando que a Igreja em seus primordio...
Ano um
“Os deuses não estavam mais, e Deus não estava ainda”
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que nasce um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Tora demasiadamente jovem. Ele funda uma seita que visa proibir o culto dos outros deuses, exceto o seu. O sujeito é finalmente morto, mas a seita se expande com o êxito que se conhece.
O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que mesmo o estalinismo não conseguirá igualar: o fundador é proclamado “verdadeiro homem e verdadeiro Deus” (“Deus-Homem”, em linguagem comum). Os que duvidam disso são proclamados imediatamente hereges, e sofrerão mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.
O holocausto Negro, sim o holocausto negro...
Os navios negreiros trouxeram pelo menos 13 milhões de pessoas da África para as Américas, na maior deportação da história mundial. Seu martírio começou no ano 1492, ano da chegada (e não descoberta) de Cristóvão Colombo às Américas. Neste final do século XV, a Espanha vivia uma época de grande prosperidade comercial e também de grande conturbação social. No mesmo ano de 1492, os reis católicos da Espanha, Isabel e Fernando, davam aos judeus a escolha entre a conversão, a morte ou o exílio.
No estudo de Ney, surpreende a relação que este faz entre a procura desenfreada pelo lucro e o fato de que, conforme publicou a revista Der Spiegel em 1998, “O comércio de escravos estava nas mãos de judeus”.
“Não existe mais dúvidas de que o povo judeu foi o que cometeu este crime: eles tinham o monopólio, eles conservavam as condições comerciais, eles possuíam os navios, e era
deles o lucro. Aqui não há mais nada a provar. Tudo é conhecido. O último navio de escravos, o navio ORION, pertencia à companhia de navegação judaica Blumenberg, de Hamburgo”.
Parece ser injusto culpar aqui todo um povo pelo ato de alguns de seus membros. Mesmo apesar do fato de alguns judeus terem sido protagonistas do genocídio contra os negros africanos – NR.
Os navios negreiros trouxeram pelo menos 13 milhões de pessoas da África para as Américas, na maior deportação da história mundial. Seu martírio começou no ano 1492, ano da chegada (e não descoberta) de Cristóvão Colombo às Américas. Neste final do século XV, a Espanha vivia uma época de grande prosperidade comercial e também de grande conturbação social. No mesmo ano de 1492, os reis católicos da Espanha, Isabel e Fernando, davam aos judeus a escolha entre a conversão, a morte ou o exílio.
No estudo de Ney, surpreende a relação que este faz entre a procura desenfreada pelo lucro e o fato de que, conforme publicou a revista Der Spiegel em 1998, “O comércio de escravos estava nas mãos de judeus”.
“Não existe mais dúvidas de que o povo judeu foi o que cometeu este crime: eles tinham o monopólio, eles conservavam as condições comerciais, eles possuíam os navios, e era
deles o lucro. Aqui não há mais nada a provar. Tudo é conhecido. O último navio de escravos, o navio ORION, pertencia à companhia de navegação judaica Blumenberg, de Hamburgo”.
Parece ser injusto culpar aqui todo um povo pelo ato de alguns de seus membros. Mesmo apesar do fato de alguns judeus terem sido protagonistas do genocídio contra os negros africanos – NR.
Na Bíblia há várias passagens relativas a escravos (especialmente o Antigo Testamento). Quase sempre são prescrições atenuantes. Por exemplo: não se deve entregar um escravo fugitivo, nem utilizá-lo em tarefas degradantes ou serviços desnecessários; ao escravo é reservado o dia de descanso (sábado). Em resumo: apesar de reconhecer a escravidão, a religião a atenuava. Essa foi basicamente a herança do mundo antigo no que diz respeito aos preceitos religiosos.
Com a ascensão social e política da Igreja na Idade Média e a consequente cristianização das monarquias, a pressão a favor dos pobres, das mulheres e dos escravos tornou-se maior. Por exemplo, uma lei do século VI (sob influência da Igreja) afirmava que nenhum escravo poderia ser preso caso estivesse em um altar católico: seu dono deveria pagar uma pesada multa caso fizesse isso. Nesses séculos conhecidos pelos especialistas como Alta Idade Média (V-X) o Catolicismo que se difundiu na Europa pressionou aquelas sociedades a considerar a escravidão algo ultrajante aos seres humanos, já que, pela fé em Jesus Cristo, somos todos filhos de Deus.
Apesar disso, a escravidão só lentamente diminuiu – para dar lugar, pouco a pouco, à servidão. Com ela, a dignidade humana estava muito acima da escravidão. Nessa, o escravisado era uma coisa que falava; naquela, o servo tinha deveres (e muitos!) – mas também direitos (como, por exemplo, a inalienabilidade da terra).
Mas os homens são dificilmente civilizados (e com revezes regulares). Mesmo com a pregação regular da Igreja, na Europa medieval a escravidão continuou tão comum que teve que ser reiteradamente condenada pela Igreja (Concílios de Koblenz, em 922, de Londres, em 1022, e no Conselho de Armagh, ocorrido na Irlanda em 1171). Naquele Concílio de Londres, por exemplo, foi decidido: “Que futuramente, na Inglaterra, ninguém queira entrar naquele comércio nefasto no qual estavam acostumados a vender homens como animais irracionais” (artigo 27).
O problema era que as antigas leis romanas, seu código civil, reorganizado nos anos 529-534 pelo imperador bizantino Justiniano I como Corpus Iuris Civilis (Conjunto do Direito Civil), regulamentava a escravidão. Segundo ele, embora o estado natural da Humanidade fosse a liberdade, os direitos dos povos poderiam, no entanto, substituir a lei natural e escravizar pessoas. Basicamente um escravo era: 1. alguém cuja mãe era escrava, 2. qualquer pessoa capturada em batalha, . qualquer um que se vendeu para pagar uma dívida (fato comum nos primeiros séculos medievais).
Com a ascensão do Cristianismo, o direito também se cristianizou. Os advogados medievais, a partir do século XI, chegaram à conclusão que a escravidão era contrária ao espírito cristão. Isso para cristãos (e que não me venha nenhum fariseu acusar a Igreja de não legislar para não cristãos). Em contrapartida, por exemplo, foi o Islã quem difundiu largamente a escravidão. Vejamos isso com mais pormenor.
Começo com uma citação do grande historiador Fernand Braudel (1902-1985): “O tráfico negreiro não foi uma invenção diabólica da Europa. Foi o Islã, desde muito cedo em contato com a África Negra através dos países situados entre Níger e Darfur e de seus centros mercantis da África Oriental, o primeiro a praticar em grande escala o tráfico negreiro (...). O comércio de homens foi um fato geral e conhecido de todas as humanidades primitivas. O Islã, civilização escravista por excelência, não inventou, tampouco, nem a escravidão nem o comércio de escravos”.
Aqui chegamos à escravidão negra. Muitos séculos ANTES da chegada dos brancos europeus à África, tribos, reinos e impérios negros africanos praticavam largamente o escravismo, exatamente como os berberes (e demais etnias muçulmanas). Os europeus do século XVI tinham verdadeiro pavor de deixar o litoral ou mesmo desembarcar de seus navios e avançar para longe da costa e capturar escravos. Estes eram trazidos pelos próprios africanos, que tinham grandes mercados espalhados pelo interior do continente, abastecidos por guerras entre as tribos, ou mesmo puro sequestro. Isso pode ser facilmente comprovado, por exemplo, com a descrição do império de Mali feita pelo cronista muçulmano Ibn Batuta
(1307-1377), um dos maiores viajantes da Idade Média, e o depoimento de al-Hasan (1483-1554) sobre Tumbuctu, capital do império de Songai. Ademais, havia tribos africanas que praticavam sacrifícios humanos, naturalmente de escravos. Às vezes, para interromper a chuva, mulheres negras (e escravas) eram crucificadas.
Entrementes, a Igreja Católica, reiteradamente, condenava a escravidão. Há inúmeras bulas papais a respeito: Sicut Dudum (1435) – Eugênio IV manda libertar os escravos das ilhas Canárias; em 1462, Pio II instrui os bispos a pregarem contra o tratamento de escravos negros etíopes, e condena a escravidão como um “crime tremendo”; Paulo III, na bula Sublimus Dei (1537) recorda aos cristãos que os índios são livres por natureza (isto é, ao contrário dos negros, eles não praticavam a escravidão); em 1571 o dominicano Tomás de Mercado declarou desumana e ilícita a escravidão; Gregório XIV (Cum Sicuti, de 1591) e Urbano VIII Commissum nobis, de 1639) condenaram a escravidão.
A historia é historia e na maioria das vezes contada pelos dominadores e sendo assim pra finalizar uma releitura e sempre bem vinda...Com a ascensão social e política da Igreja na Idade Média e a consequente cristianização das monarquias, a pressão a favor dos pobres, das mulheres e dos escravos tornou-se maior. Por exemplo, uma lei do século VI (sob influência da Igreja) afirmava que nenhum escravo poderia ser preso caso estivesse em um altar católico: seu dono deveria pagar uma pesada multa caso fizesse isso. Nesses séculos conhecidos pelos especialistas como Alta Idade Média (V-X) o Catolicismo que se difundiu na Europa pressionou aquelas sociedades a considerar a escravidão algo ultrajante aos seres humanos, já que, pela fé em Jesus Cristo, somos todos filhos de Deus.
Apesar disso, a escravidão só lentamente diminuiu – para dar lugar, pouco a pouco, à servidão. Com ela, a dignidade humana estava muito acima da escravidão. Nessa, o escravisado era uma coisa que falava; naquela, o servo tinha deveres (e muitos!) – mas também direitos (como, por exemplo, a inalienabilidade da terra).
Mas os homens são dificilmente civilizados (e com revezes regulares). Mesmo com a pregação regular da Igreja, na Europa medieval a escravidão continuou tão comum que teve que ser reiteradamente condenada pela Igreja (Concílios de Koblenz, em 922, de Londres, em 1022, e no Conselho de Armagh, ocorrido na Irlanda em 1171). Naquele Concílio de Londres, por exemplo, foi decidido: “Que futuramente, na Inglaterra, ninguém queira entrar naquele comércio nefasto no qual estavam acostumados a vender homens como animais irracionais” (artigo 27).
O problema era que as antigas leis romanas, seu código civil, reorganizado nos anos 529-534 pelo imperador bizantino Justiniano I como Corpus Iuris Civilis (Conjunto do Direito Civil), regulamentava a escravidão. Segundo ele, embora o estado natural da Humanidade fosse a liberdade, os direitos dos povos poderiam, no entanto, substituir a lei natural e escravizar pessoas. Basicamente um escravo era: 1. alguém cuja mãe era escrava, 2. qualquer pessoa capturada em batalha, . qualquer um que se vendeu para pagar uma dívida (fato comum nos primeiros séculos medievais).
Com a ascensão do Cristianismo, o direito também se cristianizou. Os advogados medievais, a partir do século XI, chegaram à conclusão que a escravidão era contrária ao espírito cristão. Isso para cristãos (e que não me venha nenhum fariseu acusar a Igreja de não legislar para não cristãos). Em contrapartida, por exemplo, foi o Islã quem difundiu largamente a escravidão. Vejamos isso com mais pormenor.
Começo com uma citação do grande historiador Fernand Braudel (1902-1985): “O tráfico negreiro não foi uma invenção diabólica da Europa. Foi o Islã, desde muito cedo em contato com a África Negra através dos países situados entre Níger e Darfur e de seus centros mercantis da África Oriental, o primeiro a praticar em grande escala o tráfico negreiro (...). O comércio de homens foi um fato geral e conhecido de todas as humanidades primitivas. O Islã, civilização escravista por excelência, não inventou, tampouco, nem a escravidão nem o comércio de escravos”.
Aqui chegamos à escravidão negra. Muitos séculos ANTES da chegada dos brancos europeus à África, tribos, reinos e impérios negros africanos praticavam largamente o escravismo, exatamente como os berberes (e demais etnias muçulmanas). Os europeus do século XVI tinham verdadeiro pavor de deixar o litoral ou mesmo desembarcar de seus navios e avançar para longe da costa e capturar escravos. Estes eram trazidos pelos próprios africanos, que tinham grandes mercados espalhados pelo interior do continente, abastecidos por guerras entre as tribos, ou mesmo puro sequestro. Isso pode ser facilmente comprovado, por exemplo, com a descrição do império de Mali feita pelo cronista muçulmano Ibn Batuta
(1307-1377), um dos maiores viajantes da Idade Média, e o depoimento de al-Hasan (1483-1554) sobre Tumbuctu, capital do império de Songai. Ademais, havia tribos africanas que praticavam sacrifícios humanos, naturalmente de escravos. Às vezes, para interromper a chuva, mulheres negras (e escravas) eram crucificadas.
Entrementes, a Igreja Católica, reiteradamente, condenava a escravidão. Há inúmeras bulas papais a respeito: Sicut Dudum (1435) – Eugênio IV manda libertar os escravos das ilhas Canárias; em 1462, Pio II instrui os bispos a pregarem contra o tratamento de escravos negros etíopes, e condena a escravidão como um “crime tremendo”; Paulo III, na bula Sublimus Dei (1537) recorda aos cristãos que os índios são livres por natureza (isto é, ao contrário dos negros, eles não praticavam a escravidão); em 1571 o dominicano Tomás de Mercado declarou desumana e ilícita a escravidão; Gregório XIV (Cum Sicuti, de 1591) e Urbano VIII Commissum nobis, de 1639) condenaram a escravidão.
É claro que a imagem que a grande mídia nos transmite é bem diferente desta, pois ela atende em sua grande parte a interesses sionistas. Como eles não podem rebater as teses apresentadas, só resta ignorar ou difamar a obra. E justamente ciente disso, o livro da comunidade religiosa norte-americana dá um conselho aos seus leitores sobre a relação entre os negros e judeus, e que estendemos às comunidades quilombolas brasileiras:
“… é uma relação que necessita de análises adicionais. [...] Ela é torcida e mal entendida, e é realmente tempo de se ocupar novamente com os documentos e examinar The secret Relationship between Blacks and Jews.”
conscientes de que havia algo de muito estranho na relação entre o tráfico negreiro e o judaísmo internacional – coisa aparentemente pouco manifestada no Brasil.
Um afro abraço.
fonte: See more at: http://www.ricardocosta.com/artigo/igreja-catolica-e---cravidao#sthash.5RXqwCzb.dpuf/Wikipédia, a enciclopédia livre