A história da devoção a São Cosme e São Damião é antiga e atravessa continentes. A fé nos santos irmãos ganhou importância principalmente pelo sincretismo com Ibeji, o orixá duplo dos nagôs, que representa os gêmeos.
Se liga:São Cosme e São Damião foram cristãos mártires pela fé Cristã e foram cultuados bem no início da Igreja (300 ou 400 d.c.) e , ainda hoje, seus nomes são lembrados na Liturgia da Missa.
COMO SURGIU O SINCRETISMO RELIGIOSO NO BRASIL?
Na época da escravatura, os escravos africanos criaram uma maneira engenhosa de enganar o Senhor do Engenho, que forçava a conversão e proibia o culto as religiões de matrizes africanas.
Atualmente, na Igreja Católica, o dia de Cosme e Damião é 26 de setembro, por conta do dia
de São Vicente de Paulo, que morreu no dia 27, e passou a ser festejado nessa data, pois a morte do Santo é o dia em que ele nasce no céu e para a Igreja.
Como não se sabe o dia certo da morte de Cosme e Damião, a festa deles foi transferida para o dia 26, mas ainda são festejados por alguns no dia 27.
"Parece que o costume de distribuir doces as crianças, no dia 27, também foi um costume introduzido pelo Candomblé"
É comum a associação entre os santos católicos e os erês, que é um estado infantilizado do transe no candomblé. Por isso, inclui-se a distribuição de balas, doces e refrigerantes nas homenagens aos santos, especialmente no Rio de Janeiro e não são poucas as casas de candomblé que fazem obrigações para os Ibeji, geralmente discretas e não necessariamente em setembro.
COMO SURGIU O SINCRETISMO RELIGIOSO NO BRASIL?
Na época da escravatura, os escravos africanos criaram uma maneira engenhosa de enganar o Senhor do Engenho, que forçava a conversão e proibia o culto as religiões de matrizes africanas.
Atualmente, na Igreja Católica, o dia de Cosme e Damião é 26 de setembro, por conta do dia
de São Vicente de Paulo, que morreu no dia 27, e passou a ser festejado nessa data, pois a morte do Santo é o dia em que ele nasce no céu e para a Igreja.
Como não se sabe o dia certo da morte de Cosme e Damião, a festa deles foi transferida para o dia 26, mas ainda são festejados por alguns no dia 27.
"Parece que o costume de distribuir doces as crianças, no dia 27, também foi um costume introduzido pelo Candomblé"
É comum a associação entre os santos católicos e os erês, que é um estado infantilizado do transe no candomblé. Por isso, inclui-se a distribuição de balas, doces e refrigerantes nas homenagens aos santos, especialmente no Rio de Janeiro e não são poucas as casas de candomblé que fazem obrigações para os Ibeji, geralmente discretas e não necessariamente em setembro.
A mistura foi tão completa que ultrapassou a fronteira das religiões e classes: católicos e adeptos do candomblé, ricos e pobres oferecem a mesma comida sacrificial do candomblé às imagens dos santos cristãos. E mais, chega-se a fabricar imagens dos santos que incorporam uma terceira figura – Doú – uma corruptela de “idowu”, o nome dado, numa família nagô, àquele que nasce depois de um par de gêmeos. “Sempre tidos como muito traquinas, os idou deram origem ao ditado nagô: Exu lehin Ibeji – Exu vem depois dos Ibeji”.
Erê - encontra sincretismo religioso, nas religiões de matriz africana, com os santos católicos São Cosme e São Damião. É o intermediário entre a pessoa e seu Orixá, é o aflorar da criança que cada um guarda dentro de si; reside no ponto exato entre a consciência da pessoa e a inconsciência do Orixá. É por meio do Erê que o Orixá expressa sua vontade, que o noviço aprende as coisas fundamentais do Candomblé - e também na Umbanda - como as
danças e os ritos específicos de seu Orixá. A palavra Eré vem do yorubá, iré, que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa “fazer brincadeiras”. O Erê - não confundir com criança que em yorubá é omodé - aparece instantaneamente logo após o transe do Orixá, ou seja, o Erê é o intermediário entre o iniciado e o Orixá. Durante o ritual de iniciação, o Erê é de suma importância, pois é o Erê que muitas das vezes trará as várias mensagens do Orixá ao recém-iniciado.
Você sabia que: Mas por que caruru para sete meninos? Segundo a peculiar tradição afro-luso-baiana, existiam sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, conta Odorico Tavares, em seu livro “Bahia – Imagens da terra e do povo”.
A fertilidade das iorubás, que tem inclusive motivado pesquisas médicas, provavelmente é um dos motivos da importância dos santos e orixás irmãos. A Nigéria, inclusive, é o país com o maior índice de nascimento de gêmeos no mundo inteiro.
No modo africano de homenagear os Ibeji e também outros orixás, o pedido de esmola para a preparação da comida é um ponto fundamental. A mesma tradição já existiu na Bahia, mas foi abandonada pela maioria das pessoas. Entretanto, ainda é possível encontrar quem mantenha esse costume, inclusive fora da Bahia.
Existem várias recomendações para quem faz o caruru, que cada um escolhe obedecer ou adaptar. Quem oferece o caruru deve cortar o primeiro quiabo e, depois de pronto, colocar a comida aos pés dos santos em vasilhas novas e fazer um pedido. A galinha do xinxim não pode ser comprada morta. Durante a festa não deve ser servida bebida alcoólica. E quem encontrar no prato um quiabo inteiro deve oferecer um caruru no próximo ano.
IBEJIS- A história dessas "entidades"
Ìbejì ou Ìgbejì é divindade gêmea da vida, protetor dos gêmeos na mitologia iorubá, identificado no jogo do merindilogun pelos odusejioko e iká. Dá-se o nome de Taiwo ao primeiro gêmeo gerado e o de Kehinde ao último. Os Yorùbá acreditam que era Kehinde quem mandava Taiwo supervisionar o mundo, donde a hipótese de ser aquele o irmão mais velho.
"Cada gêmeo é representado por uma imagem. Os iorubás colocam alimentos sobre suas imagens para invocar a benevolência de Ìbejì. Os pais de gêmeos costumam fazer sacrifícios a cada oito dias em sua honra".
O animal tradicionalmente associado a Ìbejì é o macaco colobo, um cercopiteco endêmico nas florestas da África subsariana. A espécie em questão é o Colobus polykomos, ou colobo-real, que é acompanhado de uma grande mística entre os povos africanos. Eles possuem coloração preta, com detalhes brancos, e pelas manhãs eles ficam acordados em silêncio no alto das árvores, como se estivessem em oração ou contemplação, daí eles serem considerados por vários povos como mensageiros dos deuses, ou tendo a habilidade de escutar os deuses. A mãe colobo quando vai parir, afasta-se do bando e volta apenas no dia seguinte das profundezas da floresta trazendo seu filhote (que nasce totalmente branco) nas costas. O colobo é chamado em iorubá de edun oròòkun, e seus filhotes são considerados a reencarnação dos gêmeos que morrem, cujos espíritos são encontrados vagando na floresta e resgatado pelas mães colobos pelo seu comportamento peculiar.
Na África, as crianças representam a certeza da continuidade, por isso os pais consideram seus filhos sua maior riqueza.
A palavra Igbeji quer dizer gêmeos. Forma-se a partir de duas entidades distintas que coexistem, respeitando o princípio básico da dualidade.
Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos) que os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas.
Entre as divindades africanas, Igbeji é o que indica a contradição, os opostos que caminham juntos, a dualidade. Igbeji mostra que todas as coisas, em todas as circunstâncias, têm dois lados e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados forem ouvidos.
Na África, o Igbeji é indispensável em todos os cultos. Merece o mesmo respeito dispensado a qualquer Orixá, sendo cultuado no dia a dia. Igbeji não exige grandes coisas, seus pedidos são sempre modestos; o que espera como, todos os Orixás, é ser lembrado e cultuado. O poder de Igbeji jamais podem ser negligenciado, pois o que um orixá faz Igbeji pode
desfazer, mas o que um Igbeji faz nenhum outro orixá desfaz. E mais: eles se consideram os donos da verdade. Os gêmeos Ibeji entre os iorubas, hoho e Fon são objeto de culto.
Não são nem orixá nem vodum, mas o lado extraordinário desses duplos nascimentos é uma prova viva do princípio da dualidade e confirma que existe neles uma parcela do sobrenatural, a qual recai em parte na criança que vem ao mundo depois deles.
Recomenda-se tratar os gêmeos de maneira sempre igual, compartilhando com muita equidade entre os dois tudo o que lhes for oferecido. Quando um deles morre com pouca idade o costume exige que uma estatueta representando o defunto seja esculpida e que a mãe a carregue sempre. Mais tarde o gêmeo sobrevivente ao chegar à idade adulta cuidará sempre de oferecer à efígie do irmão uma parte daquilo que ele come e bebe. Os gêmeos são, para os pais uma garantia de sorte e de fortuna.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fontes:https://historiasdopovonegro.wordpress.com/https://pt.wikipedia.org
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