UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A midia e o negro no Brasil...

Estereotipação:

Os negros, da mesma forma que os brancos e demais etnias, são dotados de suas particularidades. Não particularidades comportamentais exclusivas dos negros, mas sim particularidades típicas dos seres humanos.
Quando digo particularidades, refiro-me física e mentalmente.
Dois caucasianos não são iguais nem em físico e muito menos em comportamento e por mais que existam semelhanças, cada um possui sua própria personalidade e identidade. Com os negros não é diferente.

Victor Drummond

Pele alva, cabelos escorridos, traços europeus. É fácil encontrar na
mídia esse fenótipo considerado hoje padrão de beleza. Mas aquele ser humano dotado de mais melanina (ops! Olha o preconceito aí), traços largos e cabelos crespos não aparece na mídia. Esta etnia sempre desempenhou papéis secundários neste meio. Em filmes e novelas, os negros sempre fazem papel de motorista, empregada, o pagodeiro do bairro, etc.

Mas falar que a mídia é preconceituosa ou não, exige um pouco de cautela. Pode-se defender o argumento de que os veículos de comunicação são preconceituosos. Justificaria-se pelo fato de que há poucos negros desempenhando papéis de apresentadores, protagonistas, âncoras de telejornais e aparecendo em capas de revistas. A modelo Naomi Campbell e a jornalista Glória Maria seriam raras exceções - e já até viraram chavões - quando se fala de quem venceu o preconceito na mídia.

Por outro lado, é possível defender que a mídia não é preconceituosa. Justamente porque ela procura contemplar as pessoas de cor negra com posições de destaque. São poucos os casos? A resposta é sim, como já foi dito. Mas é preciso levar em conta um fator histórico-social que explica essa "raridade".

Os negros sempre foram marginalizados pela sociedade. A partir do momento em que foi abolida a escravidão e não houve nenhuma política de integração dos mesmos às atividades comuns, tornaram-se uma classe marginalizada. Isso é incontestável. Só há pouco tempo, negros conseguem vencer essa barreira do preconceito e da exclusão social, com belos exemplos.

Entretanto, existe ainda uma maioria despreparada. Não porque tenham menos capacidade, mas porque nunca lhes foi possível expor ou desenvolver todas as suas potencialidades. Com isso, torna-se justificável haver poucos negros que se destacam na mídia.

Evidências e estigmas

Acontece que há fatos que apontam para o preconceito. A própria Glória Maria já afirmou que o acesso para o negro na mídia está "mudando sim, melhorando não (...) Se vamos eu e uma outra menina loira de olho azul fazer um teste com um diretor de qualquer outra emissora no Brasil, as duas com igualdade de condições, ele vai dar a vaga para mim ou para a outra? Para a outra, é lógico (...)". Parece que sempre houve uma tentativa de deixar os negros numa posição marginalizada.

A novela A cabana do pai Tomás (1969), da Rede Globo, utilizou um ator branco maquiado de preto para ser o protagonista. Havia atores negros apenas em papéis secundários. A atual novela das sete, Da cor do pecado (2004), que tem como protagonista a atriz negra Taís Araújo, deixa uma margem de dúvida em relação à real intenção do boletim. O próprio título da novela, que associa a cor negra ao pecado, reforça a dúvida.


A personagem vilã, de Giovana Antonelli, refere-se aos negros como sendo uma "racinha qualquer". E o motorista de Lima Duarte na trama tinha que ser quem? Um negro, claro. Na revista Teoria e Debate, o comunicador Hélio Santos diz que "na verdade, essa mídia reforça um estigma (...) eu não vou negar que o negro não ocupe a maioria das funções subalternas. Mas quando você só evidencia isso, você reforça".

Leonardo Silvino, publicitário, escreveu que "na mídia os negros são tão excluídos quanto nas universidades (...) O moreno e o índio são quase excluídos da programação da TV. Os comerciais adotam a mesma fórmula dos shows de realidade: diversos brancos, dois ou três negros e um ou outro asiático. Será que existe preconceito? É claro que ele não seria explícito".

Hélio Santos acrescenta que um dos raros momentos em que o negro está na mídia é no carnaval. "No carnaval você vê os negros na mídia sem falar, só rindo."


O negro na mídia, principalmente na publicidade, é retratado em imagem sempre das mesmas formas: socialmente carente, trabalhador braçal, malandro ou atleta.
Também é engraçado perceber que o cabelo do negro na mídia possui apenas três variações: ou black power, ou com trancinhas ou curto quase raspado. Fora desses padrões o negro homem sempre é mostrado de cabeça raspada.
Alguns podem argumentar que essas são as únicas opções possíveis, mas dizer isso só revelaria ignorância quanto ao visual do negro no cotidiano. Que visual é esse? Não existe um padrão, simples assim.
Preconceito velado

O inglês Lewis Hamilton não ganhou a etapa de São Paulo da Fórmula 1, mas levou o título do campeonato vencendo justamente um brasileiro. Primeiro negro a conquistar a principal categoria do automobilismo mundial, Hamilton e familiares sofreram um racismo que não acreditavam encontrar por aqui. As manifestações foram exaustivamente reproduzidas pela imprensa européia, mas no Brasil a repercussão foi quase nula, revelando a omissão da mídia nativa em denunciar o preconceito de seus cidadãos.

Para Márcio Gualberto, para além da presença física na teledramaturgia ou na publicidade, existe nos meios de comunicação em geral, sobretudo no jornalismo, “incapacidade, indiferença e má vontade” para lidar com a questão do preconceito racial. Gláucia Matos acredita que este cenário se refere ao papel da mídia em manter o preconceito. “Existem inúmeros casos de racismo nos tribunais. Os jornais também não dizem que a maioria dos jovens assassinados no país são negros”, afirma.

Admissão de culpa
O sociólogo brasileiro Florestan Fernandes dizia que a característica mais marcante do racista brasileiro é a de não se considerar racista. A melhor tradução prática dessa afirmação surge em “Não Somos Racistas”, livro de Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Rede Globo. “Ao mesmo tempo em que admite que existem diferenças, diz que é preciso ignorá-las para não criar uma divisão no país. É algo paranóico”, comenta Gualberto.

Na avaliação de Dennis de Oliveira, a mídia insiste que o racismo no Brasil não tem um caráter sistêmico, abordando a questão sempre pela ótica individual. “A ação da mídia é sempre no sentido de minorar a questão, tirando-lhe a seriedade para que não entre na agenda publica.”

O professor aponta que a única forma de superação do preconceito nos meios de comunicação seria o movimento negro se organizar para construir mídias alternativas. Gláucia Matos afirma que existem conquistas por conta da atuação do movimento, que tem monitorado e denunciado com maior rigor. “Mas no que depender da mídia”, diz ela, “ainda falta muito.”


fonte:baoobaa.com/home/o-negro-na-midiaEm cache/www.canaldaimprensa.com.br/www.direitoacomunicacao.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...