Nas últimas duas décadas, foram lançados diversos livros dedicados a estimular crianças e adolescentes a aprender o valor das diferenças étnico-raciais. São obras e referências que, cada vez mais, estão contribuindo para o desenvolvimento psicossocial e cultural de meninas e meninos no País.
O direito a aprender é garantido a cada criança e a cada adolescente. Por meio da leitura, crianças reinterpretam a realidade, aprendem novos valores e entram em contato com a sua própria cultura. O direito a conhecer e a ouvir múltiplas histórias amplia suas perspectivas e aprendizados, contribuindo, assim, para a construção de uma sociedade mais igualitária.
A ação faz parte da campanha Por uma infância sem racismo, lançada pelo UNICEF e seus parceiros para alertar a sociedade sobre os impactos do racismo na infância e adolescência. Baseada na ideia de ação em rede, a campanha convida pessoas, organizações e governos a garantir direitos de cada criança e de cada adolescente no Brasil.
Participe dessa ação e ajude a divulgá-la! Estimule a leitura de histórias sobre a diversidade étnico-racial entre as crianças e os adolescentes!
Sobre literatura infantil e a questão racial.
Saiu outro dia no jornal norte-americano The Washington Post: pai de uma estudante negra do 5º ano da região de Detroit, nos Estados Unidos, está processando a escola onde a menina estuda por considerar que ela foi racialmente assediada.
O livro em questão, From Slave Ship to Freedom Road (Do navio negreiro à estrada da liberdade, em tradução livre), foi escrito pelo celebrado autor negro Julius Lester, autor do best-seller infantil To be a slave (Ser um escravo, em tradução livre) e professor de estudos afro-americanos da Universidade de Massachusetts.
Motivo: o professor teria lido em voz alta trechos de um livro infantil sobre escravidão, durante uma aula em que os alunos preparavam-se para celebrar o Black History Month (mês da celebração da história e cultura negra, comemorado tradicionalmente em fevereiro naquele país).
Trata-se de uma narrativa sobre a escravidão do ponto de vista de um escravo. A obra é baseada em uma série de pinturas sobre o tema feitas por Rod Brown, artista cujo trabalho já foi exposto no Schomburg Center for Research in Black Culture, de Nova Iorque, e no Frederick Douglass Museum, de Washington DC.
A princípio, por suas biografias, jamais os dois seriam suspeitos de propagar conteúdo racista em suas obras. No entanto, é isso o que o processo pretende provar.
No Brasil...
Isso aconteceu na mesma semana em que jornais de todo o Brasil noticiaram o parecer do Conselho Nacional de Educação no qual o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, um dos maiores clássicos da literatura infantil do Brasil, foi considerado inadequado para uso em sala de aula, por ter conteúdo racista.
A primeira edição de Caçadas de Pedrinho é de 1933. Monteiro Lobato costumava dizer que “um país se faz com homens e livros”, não era negro nem professor, mas criou o Sítio do Picapau Amarelo.
A semelhança entre os dois casos não pode ser mera coincidência. Tanto aqui quanto nos Estados Unidos, a discussão sobre como falar de “raça” e racismo nas escolas está na ordem do dia. E provoca reações apaixonadas. O próprio ministro da Educação se manifestou contra o veto a Caçadas de Pedrinho e favorável a uma explicação, em nota, sobre o conteúdo racista de passagens do livro.
Marisa Lajolo, professora titular da Universidade Estadual de Campinas e especialista em Monteiro Lobato, acha que nem nota explicativa o livro deve ter: “O que a nota exigida deve explicar? O que significa esclarecer o leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos na literatura? A quem deve a editora encomendar a nota explicativa? Qual seria o conteúdo da nota solicitada? A nota deve fazer uma autocrítica (autoral, editorial?), assumindo que o livro contém estereótipos? A nota deve informar ao leitor que Caçadas de Pedrinho é um livro racista? Quem decidirá se a nota explicativa cumpre efetivamente o esclarecimento exigido pelo MEC?”
Repúdio histórico:
A nossa primeira sensação, ao tomar conhecimento dos casos, é de repúdio. Os episódios parecem ser excessos de um tempo em que tudo parece poder ser rotulado como racismo.
Mas em um debate onde tantos o cheia de dúvidas.pois poder como tantas outras publicações, fazer uma distorção do que e belo e feito, bem e mau , certo e errado, quando não temos modelo positivos a nos espelhar, mais além do que a figura subserviente e não de igual para igual.
Indiscutível que Monteiro Lobato é o autor maior da literatura infantil brasileira. Sou, como todo mundo, apaixonada por seus livros. Leio-os para minhas filhas, e não acho que isso fará delas pessoas racistas. Não acho que eles devam ser banidos das escolas. Mas na minha opinião dever haver resava e discurasão quanto a seu conteudo.
Gente ouvir, em sala de aula, termos como “negra beiçuda”, como várias vezes foi chamada a Tia Nastácia. Atribuir o incômodo apenas a um excesso de sensibilidade de quem reclama talvez seja falta de sensibilidade de quem vê, nesse fenômeno, apenas o lado do autor e do texto.
Apenas quem passar por deste..." desconforto " em seu bem-estar mental e emocional, numa idade tudo esta em formação pode saber qua o estrago feito em gerações e gerações de crianças brasieira.
fontes:
Assessoria de Comunicação do UNICEF
Estela Caparelli
E-mail: mecaparelli@unicef.org
Telefone: 61 3035 1963
Keila Grinberg
Departamento de História
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
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