UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 29 de janeiro de 2017

“Qual é o conceito de Burguesia Negra ...

Burguesia negra ???
A discussão tem  a finalidade de dissidir e não de levantar esta bandeira e linfatizar

que: não nos interessa a proposta de uma adaptação aos moldes da sociedade capitalista . Esta não é a solução que devemos aceitar como se fora mandamento inelutável. .Um caminho caminho de compartilhar o poder para a população negra , fundada em sua experiência histórica, na utilização do conhecimento crítico e inventivo de suas instituições golpeadas pelo colonialismo e pelo racismo...A aristocracia passa a se desenvolver totalmente dependente do mercado criado e sustentado pela burguesia, sendo apenas uma financiadora cada vez mais desnecessária frente a alta acumulação que o mercantilismo é capaz de propiciar à burguesia: a troca de mercadoria humana na África pelas mercadorias de alto valor de troca da colônia para serem levadas à Europa geram lucros inestimáveis para qualquer cálculo que façamos hoje. A consequência não poderia ser outra: a burguesia torna-se mais poderosa do que a aristocracia, e o poder determinado nas mãos da última deixa de satisfazer o primeiro impulso de classe da burguesia, que a partir do meio do séc XVIII começa a se ampliar sua área de atuação e de lucro, e se ver limitada pelos acordos Absolutista.
Introdução:
No transcurso da colonização, surgiu uma pequena-burguesia negra: camada social de africanos constituída de funcionários da colônia, trabalhadores especializados em diversos ramos da indústria, empregados do comércio, profissionais liberais e um número - ainda que diminuto - de proprietários urbanos e rurais. A elite negra situava-se socialmente entre as massas trabalhadoras africana e a minoria de brancos, representantes da metrópole. Apesar do contato com as massas camponesas e culturas tradicionais africanas, aquela pequena-burguesia negra aspirava ter um nível de vida equivalente ao dos brancos. Para tanto incorporavam os hábitos, roupas, língua e arquitetura do colonizador. As negras em

alguns casos alisavam os cabelos e buscavam clarear a pele. Porém, os negros da África e da diáspora que haviam assimilado o branqueamento, não conseguiam fugir do drama da marginalização. Vestidos a moda européia “de terno, óculos, relógio e caneta no bolso do paletó, fazendo um esforço enorme para pronunciar adequadamente as línguas metropolitanas", não deixavam de ser discriminados. No plano social, continuavam sendo negros e, conseqüentemente, tratados como inferiores.


"O termo burguesia negra surgiu, pela primeira vez, nos Estados Unidos, na obra "Black Bourgeoisie", publicada em 1957 por E. Franklin Frazier, relativamente às famílias de classe média negra. Segundo a obra de Frazier, a atitude da classe média negra, ou das famílias afro-americanas que aspiram a esse estatuto social, distancia-se dos problemas das classes trabalhadoras e pobres da comunidade a que pertencem. Frazier ressalta o facto de que a chamada burguesia negra se preocupa mais com a imagem da sua posição social do que com a construção de uma base social e econômica para a comunidade afro-americana nos EUA".

Se liga gente: A escravidão, enquanto elemento lucrativo, jamais foi questionada fortemente pelo iluminismo.

Entretanto, esse fervilhar de ideias faz com que no Haiti toda a população que havia passado pela experiência da libertação americana (financiada pela França e composta por exércitos negros do Haiti) passe a questionar seu embargo econômico e a condição de sua população, e começa a reivindicar que seja ele também um país pertencente a nova onde de liberdade que vive a burguesia francesa e americana.

O Haiti, através de seu processo revolucionário, foi capaz de romper suas amarras, e passou por uma série de ataques vindos da sua ex metrópole contra seu sucesso: logo após sua independência, a França invade a ilha e mata Toussaint de Louverture, principal líder da Revolução e governador da recém República. Dessalines reorganiza o exército e em 1803 derrotam os franceses. Desde então, o Haiti já sofreu, como castigo ao seu excesso libertário,

um forte embargo econômico de 60 anos, uma multa de 150 milhões de francos de indenização aos franceses pela perca da colônia. Entre 1915 e 1934, o território foi ocupado pelos EUA, com a justificativa de proteger interesses americanos (bem parecidos com o propósito do norte da África…). Desde então o país passa por todo tipo de intervenções de Estados e exércitos, visando seu silêncio e seu controle para que não se vasasse pelo mundo a história de sucesso (que poderia ser) de uma colônia liberta pela luta, escravos libertos pelas próprias mãos.

Tal elemento foi fundamental para que todos os países que antes eram colônias francesas só avistassem sua libertação nacional em meio à crise capitalista que a burguesia passou na década de 60 do séc XX – onde a França conseguiu, com sucesso, passar quase dois séculos sem que nenhum domínio colonial fosse questionado.

Desde o surgimento do capitalismo e das ideias iluministas, a questão do povo negro ainda não foi resolvida. É preciso que questionemos, como nos faltou questionar no século XVII, XIX e XX, porque continuam existindo, e romper com a ideia de que se mantém por mera anacronia, e que faz parte de um elemento retrógrado na realidade mundial. Se fosse interessante para a burguesia romper com o racismo, teria o feito assim como rompeu com o teocentrismo e centralizou o poder sobre a matéria e sobre os que a possuíam. As defesas democráticas da burguesia estão ligadas diretamente de quanto dependem suas necessidades econômicas – se não é lucrativo libertar escravos, continuarão acorrentados; se não é lucrativo se abdicar da colônia haitiana, esta continuará servindo aos interesses mercantis da França revolucionária. Principalmente, se não é interessante economicamente deixar ao povo negro haitiano suas terras livres para sua autogestão, acionarão EUA, Comissão de Paz da ONU e manterão aprisionado o povo negro do Haiti, congelando o sucesso de sua vitória.
O movimento Black Power utilizou a expressão burguesia negra de uma forma negativa para
identificar uma franja da classe média que tinha tendências de integração e identificação com a comunidade branca, nomeadamente quanto ao tratamento e à atitude discriminatórios relativamente à classe trabalhadora pobre e negra. 
Por arrastamento, eram considerados também de burguesia negra todos aqueles que não estivessem envolvidos nos movimentos civis de lutas sociais e políticas da comunidade afro-americana. 

O sociólogo William J. Wilson salientou as semelhanças em termos de educação e progressão social observadas entre as classes médias negra e branca, enquanto que a classe pobre negra se distanciava cada vez mais em termos sociais, econômicos e mesmo geográficos da burguesia negra. Por seu lado, o autor Abdul Alkalimat defende que a posição da classe média afro-americana teve duas vertentes, já que as barreiras sociais que foram eliminadas de pouco serviram às classes economicamente desfavorecidas daquela comunidade. Se por um lado desencadeou grandes mudanças no seio da sociedade norte-americana ao aceder à educação e ao emprego qualificado com a consequente ascensão social e econômica, por outro essas mesmas conquistas foram usadas para silenciar as classes trabalhadoras e pobres afro-americanas cuja situação não se alterou muito nas últimas décadas.
 

Voltando...
"A partir do Século XIX, muitos pensadores começaram a levantar teorias sobre a origem do patriarcado. Alguns afirmaram, e ainda afirmam, que o domínio masculino sobre o feminino é da natureza. Que, naturalmente, os machos são dominadores. Mas os pensadores mais importantes que mais convenceram neste aspecto o pensamento contemporâneo foram Marx e Engels." 

A abolição da escravidão entrou fortemente nesse jogo, pois combatida como excesso, jamais teve questionado seu elemento mais fundamental, pois ainda era preciso, e ainda o é, que a divisão pelo racismo em meio ao trabalho continue existindo. Basta que analisemos o trajeto histórico da transição da escravidão negra em todo mundo para o trabalho livre, onde contamos com países como EUA e África do Sul onde o racismo foi constitucional, e casos como o Brasil, onde a ideologia e as relações de trabalho cumpriram o mesmo processo. principal desafio do marxismo hoje é conseguir dar conta de reconstruir a direção que seguiu a burguesia, desde sua ascensão até o momento de crise estrutural que vive, notando que em todo esse processo, o racismo e o imperialismo sempre foram e sempre serão suas bases essenciais.

 Foi a razão pela qual, sem a menor organização consciente, conseguiu arrancar a aristocracia de todos os seus tronos. Foi a razão pela qual, por toda a existência do capitalismo, conseguiu superexplorar os trabalhadores brancos sob a ameaça de serem substituídos pelos miseráveis negros, que inflam dia a dia as filas de desemprego. Foi somente pelo racismo que a burguesia conseguiu justificar, sem Deuses ou outros mundos, sua superioridade enquanto raça e enquanto cultura, dominante sobre qualquer outra forma de vida não branca/européia. Enfim, é somente assim, pela situação de miséria justificada pelo racismo, que a burguesia consegue hoje superexplorar os territórios semi-colonizados da África, estabelecer as grandes Agroindústrias no Brasil e na África do Sul.
Na Grã-Bretanha, a burguesia negra surge nos finais da década de 80 constituída por empresários africanos, caribenhos e sul-asiáticos que se organizaram de forma a estabelecerem as suas pequenas ou médias empresas como reação de décadas de pobreza nunca resolvidas pelas diferentes políticas sociais levadas a cabo pelo Governo britânico. Embora este surto de livre iniciativa estivesse de acordo com as políticas neoliberais do Governo de Margaret Thatcher, a verdade é que a burguesia negra se deparou com uma série de dificuldades reais. Entre essas dificuldades estava o acesso difícil ao crédito bancário, a expansão das empresas para mercados fora dos das minorias étnicas e por último o facto de, nessa expansão, serem obrigados na prática a contratar empregados brancos já que muitas das empresas, organizações e bancos mostravam a sua preferência em lidar com brancos. Temendo perder as oportunidades de negócios muitas destas empresas da burguesia negra optaram por praticar o racismo como procuradores de interesses alheios.

Eles demonstraram que a divisão sexual do trabalho dava origem a uma divisão social do trabalho, levando ao aperfeiçoamento das tecnologias, dando origem ao excedente (lucro). Tais excedentes, usados como valores de troca, originaram uma classe dominante que, vivendo destes excedentes, escravizou, criou a propriedade privada, em detrimento da comunidade. Segundo Engels, nessa época o sexo feminino é dominado e reduzido ao âmbito privado, para fornecer o maior número de filhos para produzir mais, defender a terra e o Estado. A supremacia masculina surge, pois, com a cultura competitiva do excedente, em que as mulheres vão pouco a pouco sendo dominadas para que possibilitem produzir mais riqueza. Instalada a divisão sexual do trabalho, nasceu o patriarcado.

Retornando um pouco...
- Na Grã-Bretanha, a burguesia negra surge nos finais da década de 80 constituída por empresários africanos, caribenhos e sul-asiáticos que se organizaram de forma a estabelecerem as suas pequenas ou médias empresas como reação de décadas de pobreza nunca resolvidas pelas diferentes políticas sociais levadas a cabo pelo Governo britânico.
Embora este surto de livre iniciativa estivesse de acordo com as políticas neoliberais do Governo de Margaret Thatcher, a verdade é que a burguesia negra se deparou com uma série de dificuldades reais. Entre essas dificuldades estava o acesso difícil ao crédito bancário, a expansão das empresas para mercados fora dos das minorias étnicas e por último o facto de, nessa expansão, serem obrigados na prática a contratar empregados brancos já que muitas das empresas, organizações e bancos mostravam a sua preferência em lidar com brancos. Temendo perder as oportunidades de negócios muitas destas empresas da burguesia negra optaram por praticar o racismo como procuradores de interesses alheios.

Finalizando...

Talvez o senso comum nos ajude a descobrir porque, em benefício de uma peculiar ou singular visão de mundo, pedem-nos para sacrificar o nosso juízo e o que os sentidos de todos os homens normais do mundo podem descobrir pela simples e serena observação da realidade, ajudados pelo conhecimento antropológico mais a moral da história é que ser pobre hoje no Brasil é bonito, dá ibope, dá voto, dá credibilidade. Ser rico é motivo vexatório ( imagem criada pela origem historia desta riqueza concentrada e questionável na maioria das vezes e lamentável), é também e sempre, alvo de críticas por sua vida “perdulária” e “luxuosa”, que e visto pela população ao longo processo histórico vicioso que alguns ricos ainda mais ricos e a maioria dos pobres ainda mais pobres...

"-Gente não e uma defesa ou não do capitalismo mais e uma questão que precisamos discutir".

Lutar contra a formação do capitalismo, contra sua manutenção, contra suas reformas cada vez mais precarizantes. É contra a ilusão do nacionalismo, do culturalismo, da luta por fora do combate a um outra classe, e assim, ao lado da classe certa a qual pertencemos: rumo à Revolução proletária. E na vanguarda, os negros e negras que à força deram e dão o sangue que mantém viva a carcaça desse mórbido capitalismo.

Sendo assim e sem mais delongas será que o Brasil é, de fato, "um país capitalista" financiado pela classe burguesa e orquestrada por um grupo sob o hino de democracia, que na verdade é democrática somente para a ótica dos poucos favorecidos economicamente e sempre menos favorecidos o “pobre” que continuam a margem e excluídos de varias formas.

Um afro abraço.


Claudia Vitralino.

fonte:www.cultura.mt.gov.br

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