UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

terça-feira, 31 de maio de 2016

Analizando como silenciamos o estupro:A culpa é da vitima assim pensam os brasileiros sobre a violência contra a mulher

Todo mundo concorda que estupro é um dos piores crimes que existem. Ainda assim, 99% dos agressores sexuais estão soltos - e eles não são quem você imagina. Culpa de uma tradição milenar: o nosso hábito de abafar a violência sexual a qualquer custo. Entenda aqui por que é tão difícil falar de estupro.
Quase que pior que as histórias de estupro foi o que a ONU fez com o relatório que continha essas denúncias. O documento foi encaminhado de funcionário a funcionário a funcionário - sem que ninguém tomasse nenhuma providência. Repetidamente, o caso foi sendo abafado. Foi apenas quando a papelada caiu nas mãos de Anders Kompass, um oficial de direitos humanos da ONU na Suíça, que alguém agiu. Kompass vazou as informações para o governo francês, que finalmente abriu uma investigação na República Centro-Africana. Aí, sim, a ONU se viu obrigada a tomar uma atitude: afastou Kompass do cargo.


Para a maioria dos brasileiros, a mulher deve “dar-se ao respeito”. Ela deve obediência ao marido e só se sente realizada ao ter filhos e constituir família. A maioria ainda acredita que, “se a mulher soubesse se comportar melhor, haveria menos estupros”. Mais que isso: para a maioria dos brasileiros, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas”.
Mulher com roupa curta merece ser atacada...
Um estudo divulgado  pelo Ipea revela que a maioria da população brasileira acredita que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e que “se as

mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.[...]
A pesquisa [...] sobre a tolerância social à violência contra as mulheres, entrevistou 3.810

pessoas em todas as unidades da federação durante os meses de maio e junho de 2013, sendo que as próprias mulheres representaram 66,5% do universo de entrevistados.[...]

Na pesquisa do Ipea, os entrevistados foram questionados se concordavam ou não com frases sobre o tema. Nada menos que 26% concordaram que a mulher que usa roupa que mostra o corpo merece ser atacada. [UOL Cotidiano]A carne mais barata, estuprada e morta é da mulher negra

Os dados revelados pelo estudo dão ao movimento feminista, negro e de mulheres negras ferramentas importantes para o combate ao racismo e machismo na sociedade. Vamos lá, nós mulheres negras somos 25% da população brasileira sozinhas, ou seja, somos metade da população que sofre com machismo e metade da população que sofre com o racismo. Esse dado é importante, pois quando pensamos o que significa a violência contra mulher e a desigualdade de gênero a questão racial está profundamente correlacionada e não visibilizar este dado é não querer lidar com o problema da violência contra mulher de forma concreta (o mesmo deve ser dito sobre a dificuldade de termos dados sobre violência contra mulheres trans e travestis e qual a sua raça).

Segundo o Mapa da Violência, em 10 anos o número de mulheres negras mortas aumentou em 54%, no mesmo período o número de assassinatos de mulheres brancas caíram 9,8%. Isso não quer dizer que as mulheres brancas não sofram diretamente com a violência 
machista, só lembrarmos da semana passada quando sites, páginas de jornais e matérias de TV noticiaram a história de Ana Carolina Souza Vieira morta por causa do machismo da nossa sociedade. Esse dados demonstram o quanto o debate racial não pode ser dissociado do debate de gênero. É, praticamente, um desenho macabro para entendermos a necessidade da interseccionalidade dos debates.

Além disso, o documento também revela que 55,3% desses crimes aconteceram no ambiente doméstico, sendo 33,2% cometidos pelos parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Neste segundo semestre, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou o 9º Anuário sobre o tema, apresentando que no Brasil uma mulher é estuprada a cada 11 minutos e em nota técnica publicada pelo IPEA em março de 2014 foi apresentado que 70% dos estupros contra mulheres adultas são cometidos por parentes, namorados ou amigos das vítima,

neste mesmo documento do IPEA é apresentado que 51% das vítimas de violência sexual eram mulheres negras.
”O racismo permite que a sociedade entenda que essas mulheres [negras] podem ser violentadas”
Perfil das vítimas
Os registros demonstram que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% são crianças e adolescentes. “As consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima - que se dá exatamente nessa fase - estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, aponta a pesquisa.

Em metade das ocorrências envolvendo menores, há um histórico de estupros anteriores. Para o diretor do Ipea, “o estudo reflete uma ideologia patriarcal e machista que coloca a mulher como objeto de desejo e propriedade”.[Ipea]


Apesar destes dados porque nos chocamos com mais este caso...
"Acordei com 33 caras em cima de mim", diz garota de 16 anos vítima de estupro
De acordo com o pai dela, muito abalado, a agressão ocorreu no Morro São João, em Praça Seca, Rio de Janeiro: "Ela foi num baile, prenderam ela lá e fizeram essa covardia. Bagunçaram minha filha. Quase mataram ela. Estava gemendo de dor".
O crime foi colocado por um dos envolvidos um vídeo no Twitter. Nas imagens, o homem exibe o órgão genital da garota todo machucado e diz que ela teve relações sexuais com mais de 30, não aguentando o sofrimento. Ele se vangloria do sofrimento da moça, o que causou enorme revolta. No entanto, muitos internautas chegaram a fazer piada com o episódio, enquanto instituições de todo planeta soltavam notas repudiando o que já é chamado de "barbárie".


-Outro fato que vem chamando a atenção de algumas internautas - se é que toda essa história pode ficar ainda pior -, é que a indignação maior está vindo por parte das mulheres, enquanto a maioria dos homens permanece calada. "Quase todas as mulheres que encontrei falaram do ocorrido com indiguinação mais algumas também acharam que ela deve ter culpa"...  -Nenhum homem,no primeiro momento...
Seculo XI ainda tudo igual...
A maneira como leis e culturas lidam com o estupro mudou pouquíssimo nos últimos 4 mil anos
O Código de Hamurabi
Um dos primeiros códigos de leis conhecidos, de 4 mil anos, já falava emestupro. A peculiaridade é que, no caso de uma virgem, o ato era considerado um crime contra a

propriedade - do pai dela. Já as mulheres casadas eram executadas junto com seus estupradores, pois tinham cometido adultério.
Estupro bíblico - e o do Brasil
O Velho Testamento deixa claro: estuprar uma virgem só era crime se o homem não se casava com ela depois. Assim como no Brasil até 2002 - até essa data, estupradores podiam escapar da prisão caso se casassem com suas vítimas.
Roma antiga e Game of Thrones

Em Roma, ao final de um casamento, o casal passava por um pequeno ritual: a mulher fingia ter muito medo e se agarrava à mãe, enquanto os amigos do noivo a arrastavam à força até os aposentos do marido. É um ritual que lembra a época em que mulheres eram

sequestradas por invasores - e que George R. R. Martin reproduz em Game of Thrones.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte: UNEGRO- MULHER/https://vk.com/topic-73685647_31926732/https://hebreuisraelita.wordpress.com/tag/brasil.elpais.com › Brasil/fotos net

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