UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 6 de setembro de 2015

As conquistas da população negra e sua identidade...

Nas raízes históricas da sociedade brasileira a cultura política sempre reservou aos indivíduos da população negra uma posição subalterna na hierarquia social. A posição imposta a estes indivíduos tem na esfera do trabalho a sua expressão mais clara e definida, sobre os quais persistem inúmeras situações de discriminação, ligadas a valores negativos imputados à
imagem social do negro a partir de: marca da cor, habilidade pessoal .    A afrocidadanização também representa e abarca diversos sentidos, tais como: o reconhecimento da identidade racial como positiva; o protagonismo da população negra como fundadora e criadora da sociedade brasileira; o direito à igualdade e à liberdade de seus direitos e deveres; o direito à diferença; o direito a disputar os benefícios sociais em igualdade de oportunidades e de condições, ou seja, a afrocidadanização seria um processo de construção de uma verdadeira democracia racial, uma equidade social na qual todos os indivíduos, inclusive os da população negra, sejam contemplados e plenamente estabelecidos na sociedade brasileira.

A efetivação deste sonho é um processo que tem a ver com outras conquistas básicas: a conquista de capital cultura, a partir da ampliação das oportunidades educacionais; a mudança do habitus cultural da sociedade brasileira, que considera os indivíduos da população negra como subalternos. Portanto, a afro consciência de se pertencer à população negra aliada à ação social representa a garantia da cidadania plena.
A discussão sobre o acesso de negros nas universidades foi intensificada, em virtude da ampliação do debate em torno da possibilidade efetiva da implementação das políticas de ação afirmativa na sociedade brasileira. Esta política é um instrumento específico, capaz de efetivar a inédita presença nas universidades brasileiras de segmentos sociais até então ausentes desse espaço de construção da cidadania.

Neste sentido, o que desejo é pensar esta integração como expressão ampla do exercício pleno da cidadania, através de um processo de cidadanização ou, melhor ainda, de um processo de afrocidadanização. O conceito de afrocidadanização forjado por mim representa meu sonho, minha utopia. Ele está alicerçado em três pilares fundamentais: o Afro, que dá significado e concretude à consciência do indivíduo da população negra de sua identidade racial positiva; Ação, representando um processo de luta e de conquista galgada na participação nos movimentos sociais; e o terceiro pilar, a Cidadania, que representa a conquista de todos os direitos significativos aos indivíduos em uma sociedade democrática e justa.


Movimentos Sociais...
Os movimentos sociais são considerados como uma fonte da formação de política e teve um
papel de destaque nas lutas contra o regime militar, onde as ações do estado eram questionadas.Os movimentos contestavam diversas formas de segregação que a ditadura impunha a muitos setores da sociedade, mas foi nos anos 80 que os movimentos foram fortalecidos graças a intensa organização civil em torno dessas questões.

São ações coletivas que agem como resistência a exclusão e lutam pela inclusão social. Segundo Gohn "movimentos sociais são ações sociais coletivas de caráter sócio – político e cultural que viabilizam distintas formas da população de se organizar e expressar suas demandas" (2001; p.13). Essas organizações partem de uma simples denúncia e são expressas a partir de ações como mobilizações coletivas.

A partir das reflexões de Ilse Scherer-Warren, pode-se caracterizar movimento social como um "grupo mais ou menos organizado, sob uma liderança determinada ou não; possuindo programa, objetivos ou plano comum; baseando-se numa mesma doutrina, princípios valorativos ou ideologia; visando um fim específico ou uma mudança social" (1987;p.13).

Desde 1886, vários países do mundo celebram o dia 1º de maio como a data comemorativa das conquistas dos trabalhadores ao longo da história. No Brasil, mesmo com a Consolidação das leis do trabalho – CLT em 1943, as diferenças históricas desfavoráveis aos negros no mercado de trabalho ainda persistem.(JARDIM,2012).

A população negra é alvo de desigualdade no mercado de trabalho, sua inserção no campo profissional enfrenta grandes desafios, pois o ambiente de trabalho é um lugar onde centram atitudes que transmitem preconceito e racismo.

Os campos de atuação profissional são setores em que predominam postos de trabalho com menores exigências de qualificação e experiência profissional, menores remunerações, e consequentemente condições de trabalho mais precárias e menos valorizadas socialmente; como por exemplos: empregos domésticos e na construção civil entre outros. (JARDIM, 2012).

"E comum pessoas negras ocupando cargos de inferioridade e submissão mesmo tendo capacidade, habilidade e escolaridade para exercerem cargos de liderança."

A Lei nº 10.639/03 5é uma alteração da Lei nº9.394, de 20 de dezembro de 1996, que instituiu Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de História e Cultura Afro- Brasileira e Africana.

"Conhecer nossas origens e nossas raízes é buscar sedimentar nossa identidade ainda inconclusa."

Estudar e refletir sobre a África de ontem e de hoje, a história do Brasil contada na perspectiva do negro, com exemplos na política, na economia, na sociedade em geral é um dos objetivos que precisamos alcançar.[...]a constante presença da marca africana dos nossos ancestrais na literatura, na música,na criatividade,na forma de viver e de pensar,de dançar,de falar,de rezar e festejar.(Moraes,2010,p.7)
A escola é uma instituição que forma gerações e tem como competência de respeitar matrizes culturais e constrói identidades, visando a dignidade do indivíduo, respeitando as especificidades da herança cultural inclusa na infinita diversidade que constitui a riqueza humana.

A Lei nº9.394/96 passou a vigorar acrescida dos seguintes artigos:

Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficinas e particulares, torna-se obrigatório e cultura Afro-Brasileira[...].

Art.79-B.O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como "Dia Nacional da Consciência Negra"6
Porém, a implementação dessa Lei é defeituosa por dois motivos.O primeiro,sendo por não há uma qualificação adequada na formação dos professores para ministrar os conteúdos obrigatórios sancionados na Lei.O segundo, seria pela falta de estabelecimento de metas para esta implementação e a não indicação do órgão responsável por tal fiscalização.(MORAES;2010)

Devemos ter certos cuidados em relação a abordagens do ponto de vista pedagógicos, no que
se refere o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e africana. A problemática não está na escolha do tema a veiculação de ideias racistas, mas,sobretudo, "na abordagem, na escolha de materiais, no cuidado com a construção dos argumentos"(MORAES;2010,p.23), mas na não discussão de situações cotidianas em que o preconceito se expressa, tanto na sala de aula como nos outros espaços e momentos escolares.

Movimento Negro
Com o passar do tempo, os movimentos sociais ganharam novas identidades, dentre elas as questões étnico – raciais, como por exemplo, o movimento afro-brasileiro que deixou de ser predominantemente movimento de manifestações culturais para ser também de luta de construção de identidade e de luta contra a discriminação racial e todas as formas de preconceito. (GOHN;2001)

(...)Movimento negro é a luta dos negros na perspectiva de resolver seus problemas na sociedade abrangente, em particular os provenientes dos preconceitos e das discriminações raciais, que os marginalizam no mercado de trabalho, no sistema educacional, político, social e cultural. Para o movimento negro, a questão racial, é por conseguinte uma questão de identidade racial, é utilizada não só como elemento de mobilização, mas também de mediação das reivindicações políticas.Em outras palavras para o movimento negro, a "raça" é o fator determinante de organização dos negros em torno de um projeto comum de ação.

Uma cultura que difere dos "padrões da normalidade" que é imposto pela sociedade legitimada por preconceitos o negro é "inferiorizado" ( em vários aspectos, dentre eles destaca-se a cor da pele que muitas vezes é motivo de risos e piadas. Possuem um patrimônio cultural diversificado, saberes que dizem respeito à religião,culinária, música e dança etc. A enorme dificuldade em ingressar no mercado de trabalho e nas Universidades marcam essa luta.

A participação do povo negro na construção da sociedade brasileira, nos ajuda na superação de mitos, na discussão sobre a áfrica escravizada com uma visão de caráter selvagem, incivilizado ou inferiores pela cor da pele (JARDIM;2012). Precisa-se romper com esses preconceitos arraigados em nosso imaginário social que tendem a tratar a cultura negra e africana como sofrimento, miséria ou pessoas menos favorecidas(GOHN;2001).

Os movimentos negros visam resgatar e garantir a construção de oportunidades iguais que primam pelo conhecimento garantindo os direitos e a valorização da história, da cultura e da identidade dos mesmos, direcionando a população negra quanto às reivindicações, para que os negros fossem integrados de fato à sociedade, usufruindo os mesmos direitos enquanto
cidadãos (DOMINGUÊS;2007). Lutam juntos por uma sociedade anti-racista e igualitária, alcançando a equidade entre raças e classes, como forma de eliminar as desigualdades sociais, presentes em nosso país desde a colonização, explorando os que são "desiguais" em classe e cor.

A luta dos negros vem tentando resolver seus problemas na sociedade que é composta por indivíduos preconceituosos e racistas, que os marginalizam,oprimem e os humilham em diversos segmentos como educação, política, mercado de trabalho entre outros. Lutam para garantir o fortalecimento e manutenção de suas culturas e valores e, sobretudo sua identidade enfrentando toda e qualquer forma de exclusão racial (ARAÚJO Jr;2005).

Nas décadas de 60 e 70 a juventude brasileira ligada aos movimentos sociais negros, reforça sua identidade através da música, por meio do Soul Music e da moda através do estilo Black Power, essas formas de representação social que até hoje está ligada ao negro, se iniciaram nos Estados Unidos juntamente como o movimento pelos direitos civis em que Martin Luther King lutava pela igualdade entre negros e brancos. (MERLO;2011)

Relembrando: Dentre as lutas e representações de resistência do povo negro lembramos os grandes marcos como Zumbi dos Palmares, reconhecido como um dos principais representantes da resistência negra a escravidão no período do Brasil colonial,Revolta dos Malês e Chibata, manifestações decorrentes de um processo histórico de insatisfações individuais e coletivas.

Sabemos que os negros foram trazidos da África para o Brasil, tiveram que lidar com o novo o desconhecido e arbitrário nesse contexto essa população teve que se reinventar, sendo obrigados a deixarem de praticar seus costumes adotando práticas europeias. Viam em embarcações chamadas de navio negreiro, em péssimas condições sem nenhum respeito eram maltratados e humilhados, ao chegarem no Brasil eram vendidos para os donos de terra (MEDEIROS;2008).

Alguns negros resistiam, fugiam e formavam os quilombos, que eram comunidades grandes de negros, escondidos na mata fechada. Diante dessa junção em pequenos grupos foram nascendo os primeiros movimentos organizados.
Moraes enfatiza que, após a abolição da escravidão, os primeiros anos foi marcada por uma longa luta para efetivação de uma verdadeira liberdade á população negra. Apesar do pequeno contingente de escravos libertos em 13 de maio de 1888, a grande parcela da população brasileira definida étnica e racialmente como negra foi tomada pelas autoridades como um problema para o desenvolvimento da nação. (MORAES,2010).

Com a proclamação da república a situação ficou ainda pior para a população negra,uma vez que a oligarquia agrária se instalou no poder. O governos oligárquicos que se instalaram na América Latina entre 1889 e 1930 foram extremamente refratários em relação a populações negras. (GEORGE ANDREWS,2007 apud MORAES,2010, p.36).

Diante dessa realidade os escravos, agora libertos não mediram esforços para encontrar saídas ao caso de exclusão e opressão mantido no pós-abolição, surgiram nas principais capitais mobilizações definidas como protesto negro. (MORAES,2010)
A imprensa negra foi um dos primeiros movimentos negros, deu inicio a profundas mudanças no país a partir de ideias que buscavam levantar assuntos como forma de protesto antirracista nos jornais que circulavam no pais. (FERNANDA MERLO; 2011).

Procurava dentro das possibilidades da época lutar pela integração da população negra no ambiente social urbano daquele período, a questão educacional era uma das principais reivindicações, vista como possibilidade de obterem um lugar digno no seio da sociedade. (MORAES;2010).

A partir daí surgem movimentos que vão dando força ao movimento negro no país, entre eles está a Frente Negra Brasileira (1931-1937) que se inicia em São Paulo, objetivando a interação do negro na sociedade para que o mesmo usufruísse dos mesmos direitos dos
brancos, visto que, os negros viviam as margens, impedidos de exercerem seus papeis devido à hierarquia de raças imposta à sociedade (MORAES;2010)

Em 1937, com o golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas,a Frente Negra foi fechada e proibida de funcionar. Em 1944 no Rio de Janeiro surge o Teatro Experimental do Negro- TEN, é um dos movimentos mais reconhecidos, criado por Abdias do Nascimento para contestar a discriminação racial através da formação de atores e dramaturgos afro-brasileiros.(MORAES;2010)

A educação do Teatro Negro incorporou ao projeto: a perspectiva emancipatória do negro em seu percurso político e consciente de inserção no mercado de trabalho ( na medida em que pretendia formar profissionais no campo artístico no teatro) (ROMÃO,2005, apud MORAES,2010,p.43)

O TEN reuniu pessoas comuns operários, empregadas domésticas, pessoas sem profissão definidas, e implicou em sua atuação um comprometimento de caráter pedagógico indo além da formação de atores, tendo por base um veiculo poderoso de educação popular, tornando-os mais conscientes e autônomos (MORAES;2010).

Finalizando
É necessário antes de tudo romper com os nossos próprios preconceitos, arrancar do nosso interior toda carga negativa de racismo e interiorização ao negro, para que assim possamos nós juntar aos movimentos por uma sociedade igualitária.
Neste sentido também, as sutilezas da discriminação racial à brasileira, pautadas principalmente no fenótipo, tomado por Castro e Guimarães (1993) como uma forma de capital, têm sido solapadas em sua virulência pelas recentes transformações nas consciências das identidades raciais — uma das maiores contribuições que a educação superior tem prestado aos indivíduos da população negra. Além disso, é igualmente significativa a quantidade de reflexões sobre este tema que naturalmente aparece, quando indagados sobre a questão da identidade racial negra positiva ou sobre a percepção de racismo. De fato, a construção de uma identidade racial negra positiva vem transformando o habitus cultural da sociedade brasileira, que vai lentamente passando da desqualificação do negro e do descrédito da sua capacidade profissional para o reconhecimento do valor das suas conquistas individuais e coletivas nas esferas da educação  e do trabalho.


Essas questões devem ser discutidas cotidianamente, para que possamos conscientizar as pessoas e principalmente as autoridades.
Com este estudo podemos concluir que os movimentos sociais assumem grande relevância na garantia de oportunidades iguais. Lutam em prol de uma sociedade anti-racista, afim de alcançar a equidade entre raças e classes.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
fonte:arquivo.geledes.org.br/

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Jorge Ben -- "Xica Da Silva"


Nossa gente nossa historia:Charles Drew Médico e Cientista

 

 Cientista médico e cirurgião estadunidense nascido em Washington, D.C, pioneiro no desenvolvimento dos bancos de sangue e internacionalmente reconhecido como autoridade em plasma sanguíneo, cujas ideias revolucionaram a medicina, especialmente de emergência e cirúrgica. Filho de Richard e Nora Drew, graduou-se no Amherst College (1926) com um grau B.A. e onde foi jogador de american football, e empregou-se no Morgan College ensinado biologia e diretor de atletismo.Chegou a McGill University onde obteve os graus M.D. e C.M., master de surgery, (1933) em medicina. Recebeu o doutorado em ciências médicas na Columbia University's College of Medical and Surgeons (1940). Tornou-se o primeiro diretor do American Red Cross Blood Bank (1941) e abriu um banco de plasma sangüíneo no Presbyterian Hospital in New York City, NY. Praticou medicina e ensinou cirurgia ao longo de toda sua carreira. Chefe de cirurgia do departamento da Howard University (1941-1950), ajudou a estabelecer bancos de sangue para servir aos Aliados da Europa durante a II Guerra Mundial (1939-1945).

Em 1943, durante a II Guerra Mundial, o comando militar norte-americano proibiu transfusões de sangue de negros para soldados brancos. Esta técnica, que já salvou milhões de vidas, era, então, uma recente inovação científica, fruto das pesquisas de um brilhante médico, Charles Drew, que também respondia pela presidência da Cruz Vermelha norte-americana. Este mesmo Drew insurgiu-se contra a determinação do Pentágono, que considerou um disparate. No entanto, prevaleceu a decisão dos generais e o cientista foi destituído de seu cargo à frente da Cruz Vermelha. Um pequeno detalhe exacerba o ridículo deste capítulo da História: Charles Drew, o brilhante cientista que desenvolveu a técnica de transfusão de sangue, era afro-descendente.

Eis, infelizmente, uma metáfora perfeita do racismo. A elite da sociedade racista sempre foi pragmática e racional no momento de aproveitar o conhecimento dos negros. Ao mesmo tempo, com estupidez que beira a bestialidade, também sempre insistiu no mito da inferioridade negra. Os generais do Pentágono não viram nenhum problema em utilizar-se da maravilhosa descoberta do plasma, que viabilizou a transfusão de sangue, mesmo vinda do cérebro de um negro. Mas não conseguiram digerir a idéia de que soldados brancos pudessem receber sangue de afro-descendentes.

Por mais gritante que esta esquizofrenia intelectual possa nos parecer, ela tem sua lógica. Não só nos Estados Unidos, mas em todas as terras onde se desenvolveram economias fundadas na mão-de-obra escrava negra, se criou e difundiu um sistema de idéias para sustentar que estas pessoas eram destituídaos de humanidade, sensibilidade, inteligência ou qualquer outro tipo de virtude. Sua única

Mesmo nas lides mais rudes, se observa outra faceta desta mesma contradição. Os negros trabalhavam à exaustão, enquanto as elites brancas orgulhavam-se das mãos de toque suave e das unhas compridas, sinais evidentes de que não precisavam trabalhar. No entanto, era sobre os negros que recaía – e ainda recai – a pecha de preguiçosos e indolentes.

IDEOLOGIAS NÃO SE FUNDAMENTAM EM FATOS, MAS EM INTERESSES
A lógica desta imensa farsa está nas necessidades da expoliação – do trabalho dos negros e da terra dos indígenas. O mito da inferioridade racial foi construído para adormecer as consciências, mas não apenas da sociedade branca. Estava apontado também contra as consciências negras (e indígenas).

Costumamos pensar nas ideologias como estruturas, ou até como sistemas, mas a compreensão mais adequada é a de um processo. Como as sociedades, as ideologias existem em transformação e adaptação permanentes. São carregadas de contradições e elementos, não só racionais e objetivos, mas também inconscientes. Elas não se fundamentam em fatos, mas em interesses – e os interesses se transformam ao longo do tempo. Assim, quando os senhores adquiriam escravos em função dos seus conhecimentos e habilidades, não atendiam a uma racionalidade neutra, mas à racionalidade dos seus interesses. Esta mesma racionalidade lhes ditava a necessidade de inferiorizar os negros. Sob este prisma, não há contradição no fato de que a mesma sociedade procurava escravos letrados para ajudarem na administração de seus negócios e proibia explicitamente a alfabetização dos negros.

A verdadeira contradição da sociedade escravocrata não residia na esquizofrenia da sua racionalidade, mas na necessidade de destruir constantemente os trabalhadores que a sustentavam. Durante o dia, precisava de homens fortes, saudáveis e lúcidos, para enfrentar duras jornadas de trabalho. À noite, precisava embriagá-los para destruir sua capacidade de resistência. A informação nos vem de fonte insuspeita, Gilberto Freyre, talvez o maior ícone do racismo cordial brasileiro. Até as crianças negras da eram obrigadas a beber cachaça nas senzalas, todas as noites. Segundo Freyre, porém, “para prevenir a verminose”.

Neste ponto, é preciso esclarecer que este relato não é uma queixa contra o passado de sofrimentos a que foi submetido o povo negro. Seu objetivo é reestabelecer a verdade histórica para enfrentar e superar, hoje, o racismo herdado dos séculos passados. Hoje, o pensamento racista cordial sobrevive e detecta, por exemplo, a realidade do alcoolismo entre os negros como uma evidência a confirmar seus preconceitos. Mas solenemente ignora o peso da herança da cachaça servida à força nas senzalas sobre gerações de famílias negras. A forte rejeição à estratégia de cotas, por sua vez, frequentemente se apresenta como embasada num “democrático” conceito de “igualdade”: as cotas para negros no ensino universitário e no serviço público, segundo esta “democrática igualdade”, seriam a imposição de um “racismo às avessas” que “privilegiaria” os negros, em detrimento dos brancos.

Como se Histórias diferentes no passado não resultassem em realidades diferentes hoje! Esta conversa tão bonita, de que “somos todos iguais”, revela uma ignorância que poderia causar espanto, se não conhecêssemos as contradições históricas que reproduz. Ora, os abusos da era escravocrata não deixaram de causar efeitos com a assinatura da Lei Áurea da princesa Isabel, nem sobre as condições materiais de vida – de negros e brancos – nem sobre os ideários – de negros e brancos. Não
contribuição à sociedade, portanto, só poderia ser o trabalho mais rudimentar, para o qual era apenas necessária a força física. Ao mesmo tempo, os escravos eram selecionados e adquiridos de acordo seus talentos. Para trabalhar com o ouro, nas Minas Gerais brasileiras, por exemplo, os colonizadores portugueses precisaram buscar escravos das regiões africanas onde se praticavam a mineração e a metalurgia, pois os portugueses estabelecidos no Brasil pouco conheciam destas artes. Na Bahia, a História ficou marcada pela ação dos escravos muçulmanos que, sabendo ler e calcular, eram utilizados na administração dos negócios dos senhores, muitas vezes iletrados.
é por acaso que ainda hoje policiais abordam jovens negros trabalhadores e estudantes, à noite, simplesmente em função da cor da pele, deixando em paz jovens arruaceiros brancos.Sentiam ânsia de vômito ao pensar nesta hipótese, pois para eles, o negro continuava sendo algo repelente.

ATÉ O AMBIENTE ESCOLAR É CONSTRUÍDO A PARTIR DE CONCEITOS DA SOCIEDADE NÃO NEGRA
Tampouco seria mero acaso se algum leitor, defensor da “democrática igualdade” acusasse este texto de “racismo ás avessas” por supostamente apresentar os jovens negros como “trabalhadores e estudantes” e os jovens brancos como “arruaceiros”. Releia, se quiser, para certificar-se de que não foi feita nenhuma generalização. Não se disse que nunca a polícia aborda jovens arruaceiros brancos. Tampouco que todos os jovens brancos são arruaceiros. Nem se disse que todos os jovens negros são trabalhadores e estudantes. Tampouco que não existam jovens negros arruaceiros. O que foi dito é que jovens negros, mesmo se trabalhadores e estudantes, são frequentemente abordados pela polícia como suspeitos, simplesmente em função da cor da pele. E não é verdade? No entanto, há quem acredite que existe “igualdade” de condições para negros e brancos que queiram chegar ao ensino universitário.

Não há esta igualdade. Não por força de alguma conspiração urdida contra os negros, mas pela simples reprodução natural do racismo e da desigualdade, como processos históricos. O próprio ambiente escolar é construído a partir de conceitos da sociedade branca. Tome qualquer livro escolar e observe as ilustrações, especialmente as que retratam grupos de pessoas. A boa vontade oficial e os conceitos “politicamente corretos” já fazem com que todos eles apresentem sempre um negro entre um grupo de pessoas brancas. Quase sempre aparecem também uma pessoa de feições asiáticas e outra indígena. No entanto, em que medida estas ilustrações reproduzem a real proporção racial existente no país? Se isto acontecesse, não haveria quem se escandalizasse e acusasse os editores de “racismo às avessas”?

Pois agora já ouvimos quem se sinta desconfortável pela existência de uma lei determinando que a História da África, dos afrodescendentes e dos indígenas seja incluída nos currículos escolares! Não há uma linha sequer, nesta lei, que proíba falar da História dos portugueses, espanhós, alemães, italianos, etc., mas preocupa a “supervalorização” dos negros e indígenas! Porque “supervalorização”? Não são eles metade da população brasileira? Não apontam as projeções estatísticas que, nas próximas décadas, serão a maioria? Não seria justo, portanto, que pelo menos metade dos nossos currículos escolares estivessem voltados para a realidade deste segmento da população?

A questão essencial, aqui, é a dos ambientes retratados e da cultura que se idealiza como a “melhor” a ser ensinada aos alunos. A título de exemplo, vamos observar que a família negra tem características especiais, como o forte traço matriarcal e a amplitude, não tão comuns nas famílias brancas. Esta família, embora seja a de metade dos brasileiros, não é reconhecida no ambiente escolar. Não há nenhuma maldade oculta por trás desta realidade. Simplesmente, a grande maioria dos pedagogos não

No entanto, já se vão 50 anos desde que Paulo Freire demonstrou que a correspondência entre o ambiente escolar, por um lado e, por outro, o ambiente cultural em que os alunos crescem e vivem, além dos muros da escola, é decisiva para o aprendizado. E, mesmo assim, há quem queira afirmar que existe “igualdade” de condições para negros e não negros que queiram chegar ao ensino universitário.

O RACISMO CORDIAL SE APRESENTA SIMPÁTICO AOS NEGROS,MAS LHES NEGA A VERDADE DO PROTAGONISMO HISTÓRICO.

Não há dúvida de que evoluímos muito desde o tempo da escravidão. Mesmo assim, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que seja completamente superada esta deformação da sociedade brasileira (e de tantas outras). Mas, aqui, cabe perguntar: os mais importantes progressos resultaram de concessões bondosas da sociedade branca ou da luta do povo negro?

Para responder, vamos lembrar do episódio conhecido como “Revolta da Chibata”, ao final da primeira década do século XX. Passados mais de 20 anos da abolição da escravatura, a marinha brasileira ainda amarrava soldados negros aos mastros de seus navios para chicoteá-los, como punição por qualquer ato de desobediência. A estupidez foi banida dos nossos navios só depois que os negros se rebelaram, tomaram uma esquadra e apontaram seus canhões contra o palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então sede do governo da República. Os participantes da revolta e seu líder, João Cândido, celebrado como “o Almirante Negro”, foram cruelmente punidos. Porém, o medo de novas sublevações dos negros e do repúdio da opinião pública, fez com que os almirantes brancos abolissem a chibata da marinha brasileira.

Diante dos fatos, cabe renovar a pergunta: foi o sentimento de “democrática igualdade” ou o “racismo às avessas” dos negros revoltados que acabou com o chicote nos navios brasileiros? Qualquer uma das duas respostas, se isolada, é simplória. A luta dos negros foi o fator decisivo. E foi reforçada pela indignação de setores da sociedade dominante. No entanto, o racismo impregnado na historiografia oficial inverte a realidade e nos apresenta bondosos intelectuais brancos como os maiores heróis da libertação e promoção social negra.

Esta é uma das facetas do racismo cordial. Ele se apresenta simpático aos negros, mas lhes nega a verdade do protagonismo histórico. Atribui a libertação dos escravos não à luta dos negros, mas, aos versos do poeta abolicionista Castro Alves e à bondade da Princesa Isabel. Assim, silencioso, eficaz – até porque se justifica com o “cordial” argumento de que relembrar lutas poderia acender a chama do ódio – realimenta a falácia da superioridade racial. Em contraponto, expor a verdade da luta negra não precisa ser um exercício de “racismo às avessas”. Para enfatizar a importância decisiva da luta dos negros contra a escravidão, não é preciso negar a generosidade de setores da sociedade branca. No entanto, continua sendo necessário compreender os limites, mesmo das mais generosas disposições.

PARA SUPERAR O EUROCENTRISMO, É NECESSÁRIO UM PENSAMENTO HISTÓRICO QUE RECONHEÇA E INCLUA TODAS AS RAÇAS E CULTURAS

Convém repetir que, ao entendermos que cabe aos negros – e indígenas – protagonizar a continuidade da luta contra o racismo, não estamos praticando um “racismo às avessas”. Simplesmente, constatamos que, na História, quem mais e melhor luta contra a opressão é o oprimido. Isto, no entanto, não deve esconder que a conquista e o acolhimento de pessoas brancas são essenciais para a construção de uma sociedade realmente democrática, inclusiva e definitivamente não racista.

E este é um dos grandes desafios postos à frente dos militantes negros da igualdade: afirmar a História e a cultura negra, com toda sua ampla gama de valores e o seu “universo de belezas”, sem perder de vista a contribuição de outras etnias. E, aí deve ser incluída a História e a cultura dos povos indígenas, que a visão eurocêntrica oculta também dos olhos afro-descendentes. Faz parte compreender a interpenetração das raças e culturas. A História do povo negro não se conta sem o encontro e a fusão com outros povos, especialmente no Brasil. E, mais uma vez, enfatizamos que não estamos falando somente sobre a fusão com o povo europeu, mas também, e muito fortemente, com os povos indígenas.

Uma segunda faceta deste desafio é a atitude intelectualmente honesta diante da sociedade e da História. Não vale elevar os povos negros e indígenas à santidade, ignorando sua realidade humana. Os negros, como os brancos, como os asiáticos, como os indígenas, como todos os povos, afinal... também produziram ditadores sanguinários. Assim como podemos traçar paralelos entre Mandela e Gandhi, podemos colocar lado a lado Hitler e Idi Amin Dada. A História negra não pode ignorar os caçadores negros de escravos negros em território africano, nem os capitães do mato negros caçando escravos fugidos negros, já no Brasil. Da mesma forma, para compreender a igualdade humana entre todos os povos, ao redimensionarmos o poder dos versos de Castro Alves, não podemos ignorá-lo. O mesmo vale para a bondade, mesmo que insípida, da Princesa Isabel. Aliás, para compreender melhor o gênero humano, seria interessante saber como pode ter sido gerada esta generosa visão no próprio ventre da sociedade escravocrata.

A questão essencial, porém, é que toda esta realidade precisa ser vista, estudada e compreendida a partir de um ponto de vista não negro, nem europeu, mas universal. A visão eurocêntrica não deve ser substituída por uma visão centrada na África. A tarefa de construir a igualdade exige uma visão que compreenda e aceite a diversidade também no seu campo de leitura do mundo.

É BENÉFICO E URGENTE COMPREENDER E ASSUMIR VALORES CULTURAIS INDÍGENAS E NEGROS

Mais uma vez repetimos: é preciso ouvir também os indígenas. E, de novo, esta insistência não é fruto da generosidade de nossos sentimentos igualitários, mas da relevância que os indígenas vem assumindo na atualidade, como resultado das suas lutas históricas. Hoje, estão exercendo papel decisivo na evolução política do Equador e do Paraguai; lideram movimentos revolucionários no México e se articulam em todo o continente americano, do extremo norte, no Canadá, ao extremo sul, no Chile. Na Bolívia lideram uma ampla coalização de forças populares que assumiu o governo do país e vem trazendo contribuições surpreendentes (pelo menos aos olhos do eurocentrismo) para a vida política contemporânea, como a Declaração dos Direitos da Terra.

Novamente, vale insistir na importância de superar a visão eurocêntrica da História ao analisar também estes fatos. Como vimos anteriormente, é possível ao “racismo cordial” ter autêntica generosidade em relação aos povos negros e indígenas. Esta generosidade, porém, não consegue ir além da pretensão de “elevar” seres humanos de outras raças ao estágio civilizatório alcançado pela sociedade branca, o que já é outra forma de manifestar a crença na “superioridade” de uma raça sobre as outras. Este “estágio civilizatório”, porém, trouxe a humanidade à beira de um precipício: a contradição entre um mundo físico limitado e um sistema econômico cuja essência é a expansão permanente.
De qualquer forma, devemos ter presentes duas reflexões importantes. A primeira é que compreender e assumir valores culturais negros e indígenas não significa santificá-los, ou, em outras palavras, abster-se da visão crítica. A segunda é que a evolução das culturas negras e indígenas se dará em processo de fusão com valores ocidentais e orientais. Terá relação também com o que hoje acontece com os povos do Extremo Oriente, com o mundo muçulmano, com os povos da África, da Europa e do resto da América. E terá relação também com as tecnologias do mundo moderno.

a conhece e, portanto, não poderia considerá-la na elaboração dos currículos e planos pedagógicos. Observe-se: a grande maioria dos pedagogos é branca, como resultado da constante reprodução das desiguladades e do racismo.
Se liga:
O fundamental, de qualquer forma, é que a compreensão de outros pontos de vista transforma nossa visão de mundo. Olhar para a História com olhos indígenas joga por terra a primeiro e fundamental conceito que as crianças aprendem em sala de aula sobre o Brasil, ou seja, que ele foi “descoberto” pelos portugueses. Aos olhos indígenas, o Brasil nunca foi descoberto. No mínimo, o Brasil foi

E, se a História brasileira fosse contada com a voz dos negros? Seriam diferentes os mapas e as nações. Seria outra a compreensão do que é a vida e, ainda, outro o futuro. Talvez o futuro desejado pela maioria das comunidades negras, por exemplo, não seja o de morar em blocos de concreto, encurraladas e distantes dos amigos e parentes (já observamos a grande importância da família para as comunidades negras, muito mais ampla e inclusiva do que a família da moderna cultura ocidental). Por outro lado, talvez, nos bons sonhos de quem dorme nas favelas, muito mais do que blocos de concreto, exista uma polícia que não chegue dando tiro em tudo que é preto e se move, sem pensar se é sobrinho, filho, neto ou enteado de quem quer que seja.
Recebeu muitas honras e prêmios, incluindo o diploma de cirurgia pelo American Board of Surgery of Johns Hopkins University (1941), e a Spingarn Medal da National Association of the National Association for the Advancement of Colored People - NAACP (1944). Morreu em acidente de automóvel de conflitantes versões, próximo a Burlington, numa região rural da North Carolina. Um selo em sua homenagem foi lançado (1981) pela U.S. postage.

Todas estas considerações nos levam à necessidade de compreender a existência de uma História Popular ainda diferente daquela que pode ser percebida apenas com olhos indígenas, negros ou

invadido. Brasil? De que lugar estamos falando? De onde vem este nome? Como se pode perceber, a diferença de ponto de vista muda o próprio mapa do mundo. Aqueles que chamamos generalizadamente de “índios” são muitos diferentes povos, culturas e nações! Ou alguém acredita que os Incas foram extintos? Ou que os Guaranis deixaram de existir? As fronteiras que eles vêem, porém, são diferentes daquelas que percebe a sociedade ocidental. E, já que estamos falando em História, também é diferente o futuro que desejam.
europeus. Nos convidam a erguer ainda pouco mais o olhar, para compreender que nenhuma se conta sem a outra. E que nenhuma tem futuro sem a outra.

Um afro abraço.

fonte:Wikipédia

domingo, 30 de agosto de 2015

O Negro Pixinguinha, músico (1897-1973)

Pixinguinha, é considerado por muitos  o pai da música brasileira. Normalmente reconhecido
Foi o primeiro maestro-arranjador contratado por uma gravadora no Brasil. Era um músico profissional quando boa parte dos mais importantes músicos eram amadores (os principais chorões eram funcionários públicos e faziam música nos horários de lazer). Pixinguinha foi antes de tudo um pesquisador de música, sempre inovando e inserindo novos elementos na música brasileira. Foi muitas vezes incompreendido, e apenas anos mais tarde passavam a dar o devido valor a suas invenções.

Pixinguinha foi um menino prodígio, tocava cavaquinho com 12 anos. Aos 13 passava ao bombardino e a flauta. Até hoje é reconhecido como o melhor flautista da história da música brasileira. Mais velho trocaria a flauta pelo saxofone, pois não tinha mais a firmeza e embocadura necessárias. Aos desessete anos grava suas primeiras instrumentações, vindo a no ano seguinte gravar suas primeiras composicoes, nada menos que as pérolas Rosa e Sofres Porque Queres.

"apenas" por ser um flautista virtuoso e um compositor genial, costuma-se desprezar seu lado de maestro e arranjador. Pixinguinha criou o que hoje são as bases da música brasileira. Misturou a
então incipiente música de Ernesto Nazareh , Chiquinha Gonzaga e dos primeiros chorões com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana, fazendo surgir um estilo genuínamente brasileiro. Arrajou os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando de marchas de carnaval a choros.

 Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso" na época não foi considerado choro, e sim uma polca.
 
Outras composições, entre centenas de composições em 1922 têm uma experiência que transforma significativamente sua música. Um milionário patrocina a viagem de Pixinguinha e de seu grupo Os 8 Batutas para uma turnê europeia. A temporada em Paris que deveria ser de um mês dura seis, tendo
que ser interrompida devido a compromissos já assumidos no Brasil. Na Europa Pixinguinha trava contato com a moderna música europeia e com o jazz americano, então moda em Paris.


"Pixinguinha morreu na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando seria padrinho em uma cerimônia de batismo. Foi enterrado no Cemitério de Inhaúma."

Um afro abraço.

fonte: www.samba-choro.com.br


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

29 de Agosto dia da visibilidade lesbica descobrindo: Identidades e Reconhecimento

O Dia da Visibilidade sbica foi criado em referência a 29 de agosto de 1996, quando
ocorreu o I Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), no Rio de Janeiro. Essa foi a primeira vez que lésbicas se reuniram para discutir vários tipos de questões, que também incluíam o machismo, dentro e fora do movimento LGBT. Mas a data em si ainda é um pouco controversa: para algumas pessoas o Dia da Visibilidade Lésbica deveria ser comemorado em 19 de agosto, quando o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) fez a primeira manifestação de lésbicas contra o preconceito e discriminação em São Paulo, em 1983.

Para começo de conversa.
Nos últimos anos, cresce no Brasil e na América Latina o interesse por estudos sobre homossexualidade, ao mesmo tempo em que há uma proliferação importante de movimentos homossexuais no Brasil, aqui chamados de GLBTTT (gays, lésbicas, bi-sexuais, Travestis, Transexuais, Transgeneros) como forma de incluir múltiplas identidades “não-heterossexuais

A temática lésbica, que nem sempre teve espaço no campo feminista, passa a ter um espaço importante nesta mobilização, conseguindo recentemente a inclusão de uma representação deste “segmento” de mulheres no Conselho Nacional de Direitos das Mulheres. Nossa proposta visa criar um espaço de reflexão sobre questões envolvendo a homossexualidade feminina na conjugalidade, maternidade, em relações de violência, na luta por reconhecimento de cidadania e de direitos sexuais.

 Relações familiares: olhares para a cidadania lésbica.
O debate sobre as homossexualidades tem caminhado em crescente escala e ocupado espaço nos debates político e teórico. Como a visibilidade tem sido uma das pautas de reivindicação das lésbicas que estão inseridas no movimento, indagações surgem em torno do resultado real, ou seja, quais as conseqüências desse desvelamento nos diversos espaços sociais?

-Nós não queremos viver sem homens, nós não precisamos e não queremos eles e somos felizes assim. Lutamos pra ter direitos, assim como as mulheres que se relacionam com homens lutam. Querendo um atendimento médico que saiba quem somos nós e quais são nossas praticas, queremos reconhecimento familiar, direito á adoção sem ter que expor toda

a vida para desconhecidos, queremos nossos empregos garantidos e principalmente, queremos nossos corpos livres do achismo masculino fetichista e supremacista. Nós não nos mostramos pra provocar, nós nos mostramos porque existimos apesar de toda a exclusão...

 Assumir-se lésbica e um desafio:
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa, junto a mulheres lésbicas, sobre os desafios e os enfrentamentos do processo de se assumir lésbica, ou seja, qual a conseqüência da publicização/visibilidade do amor entre mulheres numa sociedade hegemonicamente heterossexual e patriarcal.

"Ser lésbica é também enfrentar o descontentamento da familia quando sabem que você não lhes dará neto da forma esperada, talvez de forma nenhuma. Sua mãe não vai ter aquele genro pra elogiar e seu pai não descansará em paz porque um outro homem fará o papel de cuidador da sua princesa."

O que os olhos não vê : prevenção à saúde de mulheres que fazem sexo com mulheres.
A sexualidade humana é construída e moldada socialmente a partir de sistemas sócio-culturais contrastantes e hierarquizados.Pra uma lésbica ir numa consulta ginecológica, significa deixar de fazer vários exames ou fazer alguns com um espaço bem maior de tempo porque homens transmitem muitas doenças, mas também é perceber uma incógnita na cabeça dos médicos sobre Como se prefinir das doenças possíveis? Nunca saberemos porque,, não existimos.
Desde a década de 60, com a revolução sexual, a invenção do anticoncepcional, o divorcio e a inserção da mulher no mercado de trabalho, se deliberou uma reorganização nas relações amorosas, fazendo com que as relações homo-afetivo-sexuais de entre mulheres ganhassem outros contornos. O objetivo deste estudo é conhecer as atitudes preventivas com a saúde sexual de mulheres que fazem sexo com mulheres diante hepatite B e das DSTs/AIDS. A pesquisa de campo foi realizada numa abordagem antropológica, com mulheres entre 18 e

25 anos, a partir de entrevistas semi-estruturadas e gravadas; da participação observante em um Bar GLS em Belém-PA, estando atenta ao comportamento destas mulheres na escolha do par. Poderia se pensar numa licenciosidade descontrolada sem critério de escolha de parceiras, onde os códigos de relacionamentos instantâneos e fugazes como o ficar, são mais constantes do que o namoro ou relacionamentos baseados na fidelidade e no compromisso. Entretanto, diante das vicissitudes da vida social em tempos de uma pandemia da AIDS as mulheres jovens adotam regras e normas que regulam a seleção de suas companheiras, que se traduzem em prevenção à saúde sexual, mas a falta de informação sobre as doenças, as formas de transmissão e de prevenção nos mostram uma lacuna na educação em saúde para estes agravos a saúde.

"Ser lésbica é lidar com o fato de que você foi ensinada a odiar mulheres, mas você descobre que as ama, e como se faz isso? como amar uma mulher? bem, você terá que aprender sozinha porque pra sociedade mulheres que se amam não existem."

Lésbicas negras e o desafio da visibilidade.
Atenção ainda menor tem sido dada à questão da organização das lésbicas negras o que possivelmente expressa, dentre outras coisas, a pouca importância atribuída à questão racial na análise das formações identitárias homossexuais. Neste trabalho, buscamos contribuir para a superação dessa lacuna através da análise das bases ideológicas e organizacionais de uma organização de feminismo lésbico negro. Estrutura esta que inviabiliza a autonomia das mulheres sobre os seus corpos e inferioriza sua sexualidade, e quando não, as hipersexualiza, no tocante as mulheres.
Precisamos passar do silencio ao grito para garantir o direito de existir e a possibilidade de ter uma vida segura e digna. Hoje nossa luta é por representatividade. Porque somos muitas, não temos um espelho do que somos e representatividade importa. Lutamos contra diferentes vetores de opressão, nós lésbicas negras se ouvidas, podemos contribuir para a formulação de estratégias coletivas para subverter a hegemonia* e confundir a hierarquia da dominação.

 Violência.
Infelizmente, ainda há lésbicas sofrendo estupros corretivos, sendo mortas, há lesbofobia dentro dos ambientes de trabalho, universidades, escolas, e principalmente, em âmbitos domésticos, nas famílias; situações que são mais proeminente se atreladas/ acrescentadas (a)o racismo que mulheres negras e lésbicas vivenciam.

 Se liga:

A 8ª Ação Lésbica do Distrito Federal, que retrata com ênfase a divulgação de que a Lei Maria da Penha também se aplica em relações lésbicas e às lésbicas suas relações na sociedade.Assim, a ação visa informar um grande número de pessoas sobre todas as formas

de abusos que uma garota lésbica pode sofrer especificamente por ser lésbica (como estupros corretivos), dos que ela pode sofrer dentro de seu relacionamento com outra mulher (com a iniciativa Consenso Sexual entre Lésbicas) além de alertar sobre a contínua ocorrência da lesbofobia.


 Nós mulheres da UNEGRO e do coletivo Lésbico utilizamos este espaço virtual na busca da visibilidade negras militantes de nosso trabalho e luta!

 Um afro abraço.


fonte: Coletivo Estadual de Lesbicas da UNEGRORJ\ visibilidadelesbica.tumlr.com /fotos net

sábado, 22 de agosto de 2015

Deuses Africanos: AGANJU é o Orixá da terra inculta, Senhor do Vulcão

O Senhor das Cavernas, O Barqueiro Divino.

"Aganju não é um Xangô, mas este orixá foi incluído dentro do culto ao Orixá no Brasil (Candomblé). "

Na mitologia africana Aganju é um doador de força e de saúde. Aganju é o transportador da carga (os ombros e as costas pertencem a Aganju) é o defensor dos menos favorecidos, oprimidos e escravizados. Há quem diga que Aganju não é um Orisa, mas sim uma força de vida que supera os obstáculos e faz o impossível. Aganju fornece acesso ao reino do desconhecido, as profundezas do qual o mundo foi e é criado, (Okun, “A obscuridade”, o


reino de Olokun). Aganju é o governnte que proporciona acesso a todas as áreas inexploradas, inacessiveis. Aganju é o governante que proporciona acesso a climas hostis e potencialmente hostil à existência humana deserto, floresta, Ártico, Antártico, a altura das montanhas, grutas, cavernas, abismos,minas, etc. Aganju pode ser traduzido como: Agan = estéril, ju = deserto, ou mais precisamente como: local desconhecido, inexplorado, desabitado. Todos os lugares onde só os mais cordiais e / ou sobrevivem pessoas melhor preparadas. Aganju se encontra nas profundezas do oceano, nas profundezas do espaço, na energia que não foi explorada, na compreensão da mente e da emoção. Aganju é o guardião o canal através do qual profundidades inexplicáveis das emoções humanas são vividas e expressas, (boca e garganta são Aganju). Obscuro, intestino com distúrbio doloroso, absurdo e irracional, medos paralisantes são do ambito de Aganju, é através de Aganju que aprendemos a super nossos medos. Quentes emoções perigosas, mortal, incontrolados e incontroláveis é Aganju; e por meio de Aganju que aprendemos a canalizar e redirecioná-las. Aganju tem uma estreita relação com Oxun. Eles estão ligados de diversos modos: pela emoção Aganju é a profundidade da emoção em estado bruto, encarnação grosseiro rude. Enquanto Oxun é a profundidade da emoção em sua comovente, doce / amargo doce encarnação. Aganju explora, supera e vence o rio acima, Osun promove o comércio e as relações sociais, pelos mesmos meios. Aganju supera barreiras e obstáculos para ver o que está do outro lado. Osun planta a cultura e traz à luz da civilização. Aganju é o proprietário do rio. E o deu para Osun. Houve um tempo em que Osun não tinha lugar para viver. Nenhum outro ORISA lhe ajudaria. Aganju viu que Osun necessitava de ajuda. Então ele deu o rio a ela como lar. Aganju é a abertura a novas possibilidades inexploradas, inesperado. Aganju é a abertura do todas as riquezas do mundo. As riquezas minerais de minas terrestres e a mineração de todos os tipos pertencem a Aganju (mas é através da tecnologia de Ogun que a humanidade pode acessá-la e buscá-la). Aganju é o desafio, a luta de impedir, e desejo que leva para superá-los. Aganju é primordial e não - o homem do fogo de todos os tipos, o Sol e outras estrelas e cometas. Um dos nomes do louvor a Aganju é Irawo, que pode ser traduzido como uma estrela. O fogo nas entranhas da terra, geotérmica, gêiseres, fontes termais, etc. Vulcões (Oke onine, Montanhas de Fogo) é um símbolo importante de Aganju.

"Vulcões, conforme definido pelo World Book Encyclopedia são aberturas "terra superfície através da qual os gases de lava quente e fragmentos de rocha explodem."

....Os mitos o descrevem como “O Gigante entre os Òrìsà... seria filho de Oro Iná divindade que em algumas regiões esta considerado como uma divindade masculina e em outras femininas, cujo o qual habita as câmera de magmas, situadas no interior da crosta terrestre... Os antigos o descrevem como “O Temível entre todos”... Divindade de caráter forte, tempestuoso, colérico e belicoso... As forças da natureza que lhe pertencem são representações de sua tremenda energia, como a potência dos rios que dividem territórios, a lava vulcânica que percorre a crosta terrestre, os terremotos e o impulso que faz a Terra girar em torno de seu eixo... Recebe o título de Òkèrè ao tornar-se esposo de Yemoja... Aganjú representando os raios solares, Olókun as águas salgadas e Olósa as águas doces, celebram um pacto entre eles, em manter o equilíbrio da atmosfera do planeta, afim de que seja possível o ciclo vital de todos os seres... Aganjú foi o quarto Aláàfin Óyó, embora existam mitos que o descrevem que ele reinou em Sakí, cidade vizinha de Ìséyìn a noroeste de Òyó... O reinado de Aganjú foi longo e próspero... Ele tinha o dom de domar animais selvagens e as serpentes venenosas... Dentro de seu palácio mantinha um Ekún – Leopardo, seu animal de estimação, sobretudo o simbolo da coragem, que costumara encostar seus pés como se fosse uma esteira, daí recebendo o epíteto de Ekùn Olóju Iná – Leopardo dos olhos de fogo e Ekún f'eninjú tànná – Leopardo de olhos fulgurantes... Foi o primeiro a agregar o patio na parte da frente de detrás do palácio para a celebração de ritos... Embelezou todo o palácio, ornamentou postes esculpidos em bronze, assim originando o costume de colocar colgantes (pingentes) como adornos de acordo com a ocasião festiva, contudo sendo um soberano de gostos muitos refinados...(¹parte do texto escrito por Baba Guido)


Foi o terceiro orixá designado para vir para a Terra, Aganju é uma divindade primordial. Aganju é a força que, como o Sol, que é um de seus símbolos, é essencial para o crescimento, assim como um cultivador das civilizações. Como o vulcão com que é associado, ele forma a base sobre a qual as sociedades são construídas. Nos mitos, Aganju é às vezes tratado como uma divindade primordial, associado à terra (em oposição à água) e às montanhas e vulcões. Do consórcio de Obatalá, o céu, com sua esposa, a terra, nasceram dois filhos: Aganju, a terra firme, e Iemanjá, as águas. Da união com Aganju, Iemanjá deu à luz a Orungã, o ar, o espaço entre a terra e o céu.

AGANJU NÃO É UM SANGÒ, MAS FOI INCLUSO AOS CULTOS NO CANDOMBLÉ COMO UM XANGÔ, ELE É O DEUS DOS VULCÕES E MONTANHAS E É UM ORIXÁ PRESENTE NA CRIAÇÃO DA TERRA...

Se liga:
Foi o terceiro orixá designado para vir para a Terra, Aganju é uma divindade primordial.

Aganju é a força que, como o Sol, que é um de seus símbolos, é essencial para o crescimento, assim como um cultivador das civilizações. Como o vulcão com que é associado, ele forma a base sobre a qual as sociedades são construídas. Em alguns mitos é às vezes tratado como uma divindade primordial, associado à terra (em oposição à água) e às montanhas e vulcões. Do consórcio de Obatalá, o céu, com sua esposa, a terra, nasceram dois filhos: É a terra firme, e Iemanjá, as águas. Da união com Yemanjá deu à luz a Orungã, o ar, o espaço entre a terra e o céu.

Um afro abraço.

fonte:unegro- povos tradicionais.

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...