"Realidade em Preto e Branco'
No país da democracia racial, os negros continuam estudando menos, enfrentando maiores dificuldades para conseguir emprego e recebendo salários menores. A diferença é que a sociedade está mais disposta a levar a sério o problema e buscar uma solução...
Num país que tem o passivo da escravidão, abolida há cerca de 150 anos, a diferença de rendimento coloca os afrodescendentes na rabeira do espectro social: em 2003, 8,4% dos negros encontravam-se em condições de extrema pobreza, ante 3,2% dos brancos. Embora mulheres e homens negros representem 44,7% da população brasileira, sua participação chega a 68% entre os 10% mais pobres, segundo dados do Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). À medida que se avança em direção aos mais altos estratos de renda, sua presença diminui até atingir apenas 13% entre os 1% mais ricos, situação que permaneceu inalterada ao longo dos anos 90.
Apesar de as iniciativas de promoção da igualdade racial terem conquistado cada vez mais destaque e espaço, as ações voltadas para a inserção dos negros no mercado de trabalho ainda são tímidas para enfrentar o tamanho do preconceito existente na sociedade brasileira. “Eu já senti muita discriminação. Ser negro no Brasil é ser lixo. Os negros não têm estudo e têm mais dificuldade para arranjar emprego”, conta a copeira Neuza Manhães, que está desempregada desde o começo deste ano e sustenta sozinha sete pessoas na cidade-satélite de Samambaia, no Distrito Federal. Sua opinião, infelizmente, é confirmada pelos números. A taxa de desemprego, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2003, elaborada pelo IBGE, mostra as variações em função da cor da pele: no grupo com mais de 16 anos de idade, a taxa de desemprego é de 8,7% para os brancos e de 10,7% para os negros. O grau de informalidade também é maior entre os negros. Enquanto 42% dos brancos têm carteira assinada ou são funcionários públicos, entre os negros esse percentual é de 31,4%. Isso significa que menos de um terço dos trabalhadores negros tem acesso a direitos trabalhistas, como décimo terceiro salário, adicional de férias, seguro desemprego e benefícios previdenciários. A situação é ainda pior para a mulher negra, já que somente uma em cada quatro possui algum vínculo formal de trabalho. “Na hora da contratação, o que conta é a aparência, e não a qualidade”, diz Maria da Cruz Alves dos Santos, trabalhadora doméstica desempregada há dois meses.
As dificuldades para se colocar no mercado de trabalho são formadas muito antes do momento da procura do emprego, especialmente pelas diferenças de acesso à educação. Em 2001, 10,2% dos brancos e apenas 2,5% dos negros tinham concluído o ensino superior, com uma vantagem de quatro vezes para os brancos. A situação já foi pior, porque em 1960 o
número de brancos com diploma universitário era 14 vezes superior ao dos negros. No entanto, a distância voltou a aumentar entre 1991 e 2000, quando o número de matriculados nas universidades passou de 1,4 milhão para quase 3 milhões, mas não houve maior inclusão de negros, uma vez que sua participação no sistema caiu ligeiramente, de 19,7% para 19,3%, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano deste ano elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que elegeu como tema a igualdade racial. “A questão da igualdade racial é um problema monstruoso.
Na moda ser preto, desde que você não seja preto...
Principalmente agora nestes tempos de retrocesso conservador e retorno da fibata ate nas redes sociais algumas pessoas defendendo a ideia de que o racismo não existe (em geral pessoas brancas, mas ainda é possível encontrar algumas pessoas pretas com a síndrome de Holiday) usando argumentos batidos como o da “democracia racial” e de que no Brasil o problema é social e não racial.
Vejo também um esforço muito grande em disfarçar todos esses problemas com uma atitude que não consigo deixar passar batida, algo que faz parte do movimento “ser negro ta na moda”. Neste movimento vemos pessoas brancas se vestido com temas africanos, usando turbante, fazendo parte de diversos movimentos negros e até renegando a cor da sua pele (é, sei que não faz sentido, mas vamos lá).
-"Gente eu sou totalmente a favor da integração entre povos e culturas. Sabe que vejo com bons olhos jovens pretos e brancos juntos, discutindo o destino do nosso país. O que me incomoda é ser preto apenas quando lhe convém".
Ser preto no samba, no hip hop, no candomblé, ser preto assim é fácil. Gostaria que essas mesmas pessoas fossem “pretas” quando a polícia abordou com violência meu irmão na rua, quando uma pessoa perde uma vaga de emprego por ser preta. Quando um canal de TV exibe um programa com teor racista.
Gostaria que fossem pretos na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza (riso).
Na verdade o que vejo em alguns caso pessoas se apropriando da nossa cultura, esvaziando seu significado, usufruindo apenas dos benefícios e ignorando as desvantagens.
Por que, quando seu amigo foi humilhado na escola você não disse nada? Por que você não se mostrou indignado quando fizeram aquele comentário racista sobre os haitianos no trabalho? Por que você não rebateu seu familiar quando, num almoço de família, disse que “agora tudo é racismo”
Por que, quando seu amigo foi humilhado na escola você não disse nada? Por que você não se mostrou indignado quando fizeram aquele comentário racista sobre os haitianos no trabalho? Por que você não rebateu seu familiar quando, num almoço de família, disse que “agora tudo é racismo”
Não fez nada porque ser preto está na moda, desde que você não seja preto.
-Gente muitos amigos brancos,ainda fazem silêncio quando o “amigo” sofre racismo e isso dói tanto quanto a piada racista.
O Brasil precisa de pretos fortes e de brancos desconstruídos e conscientes dos seus privilégios, pois só assim vamos avançar para uma cultura integrada.
Quer desconstruir? Acha o sistema racista odioso? Venha para o nosso lado, mas venha inteiro, não pela metade.
Quer desconstruir? Acha o sistema racista odioso? Venha para o nosso lado, mas venha inteiro, não pela metade.
Se liga na questão:Para enfrentar essa profunda desigualdade racial, o relatório defende a necessidade urgente de implantar no Brasil políticas universalistas e focalizadas, incluindo ações afirmativas. O Pnud avalia que as políticas de cotas têm por objetivo minimizar o peso
das condições socioeconômicas no ingresso nas universidades ou no serviço público, mas ressalva que esse tipo de medida é apenas uma das formas de implementação de ações afirmativas. Apesar de reconhecer a importância do estado na luta contra o racismo, o relatório destaca que esse objetivo só será atingido se for adotado pela sociedade brasileira como um todo.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!