UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 28 de setembro de 2014

Gente em ano de eleição não tem geito : A Ausência de negros no poder aumenta no Brasil...

O negro no poder não é um manifesto racista, prega só a união de pessoas com os mesmo ideais, que lutam por uma valorização, ate porque em um país como o Brasil, onde temos uma população onde a maioria é mestiça, apesar de vários tentarem fugir dessa origem.


Mas o que mais abala e você ver um negro (a) dizer que não sabe se é mulato (a), moreno (a), ou negro (a). Será que a sociedade ainda não se conscientizou que mulato e moreno não é raça? Mas muitos negros usam isso como escudo pra não assumir sua verdadeira origem, quando na verdade esta se enganando, mentindo pra sim próprios e se desvalorizam. 
Hoje muitos negros ainda são escravos de seus falsos conceitos, de seus medos. Eu diria que o pior preconceito são os bloqueios que construímos dentro de nós. Temos que nos libertar desses medos e falsas ideologias, que muitas vezes vem de pais pra filhos. O mundo evoluiu e temos que evoluir com ele, pois a união faz a força e dependemos de cada um de nós pra alcançarmos nossos objetivos finais, pois o mínimo que você acha que pode fazer pode ser o que precisamos para começar, ou pra concluir uma ideia. 

Ewelin rosanegra
Aqui se inicia o sonho de montar algo significativo que não apenas vai falar sobre a historia do negro no Brasil e no mundo mais este site tem como função principal de pregar principalmente a nossa união, pois como já vimos na historia unidos nos fizemos grandes coisas por nós.
bom a idéia principal deste site é unir pessoas para formação de uma espécie grupo, uma família, uma comunidade de negra que se ajuda mutuamente e ajuda quem necessita.

Negros no poder...


- Já que é ano de eleição e Xangô -
Pra começo de conversa:
"Quantos senadores ,deputados estaduais e federais negros há no Brasil? Se olharmos para o Senado não saberíamos que os negros constituem mais de 51% da população brasileira", disse, em participação no

Festival Latinidades 2014: Griôs da Diáspora Negra. "Sempre assisto TV no Brasil para ver como o país se representa e a TV brasileira nunca permitiu que se pensasse que a população é majoritariamente negra".

 "Não significa somente trazer pessoas negras para a esfera do poder, mas garantir que essas pessoas vão romper com os espaços de poder e não simplesmente se encaixar nesses espaços". A ativista citou o caso dos Estados Unidos, em que houve época em que não havia político negro e que atualmente é presidido por um negro, Barack Obama. "O que mudou?", perguntou, sem responder. Enquanto no Brasil a proporção de negros na população ultrapassa os 51%, entre pretos e pardos, na Câmara dos Deputados a proporção fica em 8,9%, com 46 dos 513 representantes do povo. Apesar de ruim, o quadro melhorou nas últimas décadas.

De acordo com o primeiro Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, publicado em 2008, na legislatura de 1983 a 1987 havia apenas quatro deputados negros. O número

passou para 10 de 1987 a 1991, para 16 entre 1991 e 1995 e caiu para 15 entre 1995 e 1998.
No Senado, de 1987 a 1994 o único representante negro foi Nelson Carneiro. De 1994 a 1998 assumiu o mandato Abdias Nascimento e, de 1995 a 2002, a casa contou com Benedita da Silva e Marina Silva, as primeiras senadoras afrodescendentes do Brasil.

Em 2007, haviam quatro senadores pardos e um preto. Na legislatura atual, entre os 81 senadores, o único que se autodeclara negro é Paulo Paim.

É ai...

Um dos organizadores do relatório, Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que a análise apresentada no relatório foi feita com base em registro fotográfico, mas que não houve qualquer contestação ao método ou ao resultado.

"Não há contestação ao fato de que 92% do Congresso Nacional são formados por pessoas de pele clara, isso é uma coisa óbvia, você olha do alto do plenário do Congresso e vê os que estão lá presentes," explicou.

De acordo com a deputada federal Benedita da Silva, atualmente há 30 negros na Câmara. Para ela, o problema atual da baixa representação vem de um processo histórico que começou com a escravidão.

"Mas isso não é uma coisa que a gente possa construir facilmente. Tem todo um processo que nós entendemos como sendo fatores que implicaram a pouca presença da comunidade negra, principalmente nesses espaços políticos, que são espaços de decisões e, sendo [assim], não são espaços caracterizados para negros ou afrodescendentes".

Ela lembra das lutas desde Zumbi dos Palmares, a Revolta da Chibata, a dos Alfaiates e movimentos abolicionistas que levaram, pouco a pouco, à conquista de espaço.

"Hoje, na República, por exemplo, nós vamos encontrar o negro não só lutando por sua cultura, por sua identidade, mas por um espaço mais de poder, mais de decisão. E é evidente

que essa construção está sendo feita. Hoje você tem, são poucos, mas você tem alguns negros que conseguiram superar essas fases e já estão aí nesses espaços construindo possibilidades e pautando esse caminho".

Mobilidade social
A baixa representatividade da população negra nas esferas de poder leva ao círculo vicioso da falta de acesso a esses postos e também à dificuldade de evolução na escala social.

Para o professor Marcelo Paixão, quando uma pessoa de pele escura evolui na escala social, mais barreiras ele tem para desfrutar da condição conquistada.

Ele lembra que não se pode deixar de lado o fato de que as práticas sociais existentes, independentemente das condições econômicas, não favorecem a mobilidade social ascendente da população negra. "Porque no Brasil houve uma espécie de consenso de que as melhores posições deveriam ser ocupadas por um determinado grupo de cor e um determinado grupo de sexo. E que as outras funções sociais de menor destaque, as mais precárias, essas sim, poderiam ser exercidas por pessoas negras."

Na opinião do professor, não pode ser acaso que entre cantores e jogadores de futebol se encontrem tantos negros de destaque e em funções como na Confederação Nacional da Indústria e no Congresso Nacional não haja quase nenhum.

"A abolição se deu há mais de 125 anos, já teria dado tempo de uma mudança ter se processado no país, se não existissem essas outras barreiras," justificou.

Acesso ao ensino superior
Para a secretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, a dificuldade começa com a falta de acesso a diversos mecanismos que facilitam a entrada no poder político, como o ensino superior.

"Na vida da população negra o acesso ao ensino superior foi mais difícil. Essa realidade

começa a ser mudada com a política de cotas. O acesso a determinadas oportunidades de cargos públicos também foi mais difícil, tem sido ainda mais difícil para a população negra".

Ângela diz que a expectativa com a lei de cotas, que passa a ser agora para todas as universidades e institutos federais, aumente mais a participação da juventude que está acessando a universidade a outros cargos, "inclusive ao poder político".

Pauta da política racial

"Os direitos e os interesses da população negra não conseguem chegar na estrutura de poder. A crença nossa é que você tendo essas pessoas ocupando espaços de poder, elas têm condições de [atender] as necessidades dessa população. Não tem um olhar com esse corte específico, quer dizer, a pauta política, de uma maneira geral, não atende a população negra, porque você não tem pessoas que defendam essa pauta".

"O negro começa a construir seu próprio espaço de atuação com o objetivo de influir no jogo político. Essa iniciativa fomenta a tendência de "arregimentar o negro" com fins próprios, tanto no terreno eleitoral quanto, em sentido mais amplo, como grupo social integrado, autônomo e capaz de manejar livremente, em fins próprios, sua parcela de poder político" (Fernandes 1965, p. 21).

Se liga: Para representar o grupo, muitas vezes, elege-se um membro do próprio grupo, outra, contrata-se alguém de fora para fazer isso. Uma vez organizado um grupo, podem-se fazer publicações a respeito da sua história, movimentos que dêem visibilidade social ao grupo, ambos resgatando sua história e seu valor...

Gente a naturalidade com que se encara a situação de nos negros no Brasil é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.”
 - Então gente avalie seu voto.os candidatos;logico que não estou pedindo o voto negro pelo negro, mais não tem como, não enxergar nossa invisibilidade neste processo,somos maioria,comandada absolutamente por uma minoria que não  nos representa,não nos respeita e pela legalidade tentar nos mantem a margem da sociedade...

Se liga que  não e o voto pelo voto,o capitão do mato também era negro....

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
fonte:www.ikwuemek.blogger.com.br/www.diariodasaude.com.br/unegro formação

terça-feira, 16 de setembro de 2014

EUA:Escravização e a conquista da Abolição...

A história da escravidão (ou escravatura) nos Estados Unidos inicia-se no século XVII, quando práticas escravistas similares às utilizadas pelos espanhóis e portugueses em



colônias na América Latina, e termina em 1863, com a Proclamação de Emancipação de
Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana.



A escravidão foi uma instituição central ao desenvolvimento econômico norte-americano. Sua expansão teve início a partir da segunda metade do século XVII, quando a importação de africanos impôs-se à contratação de servos de origem europeia. Retraiu-se brevemente na segunda metade do século XVIII, com a abolição nos estados do Norte e os deslocamentos causados pela guerra de independência no Sul. Iniciou uma retomada vertiginosa a partir da última década do século XVIII, alicerçada no cultivo do algodão e na expansão para o Oeste dos EUA. A sociedade sulista apresentou a maior população escrava das Américas, a maior taxa de reprodução endógena (via de manutenção do sistema escravista) e a mais vigorosa defesa da escravidão como base da organização social da nação. O trabalho escravo sustentou as culturas de milho, tabaco, cânhamo, cana-de-açúcar, arroz e algodão. No estado da Virgínia, escravos trabalhavam em fábricas e ferrovias. A economia sulista, alicerçada no trabalho servil, complementava as atividades econômicas do Norte, abastecendo a indústria têxtil, aumentando a demanda naval e movimentando todo um mercado de implementos agrícolas especialmente confeccionados para o uso por escravos. O algodão, na famosa frase do senador sulista James Henry Hammond, “era rei”; a commodity mais importante da revolução industrial iniciada no século anterior. Perto de 4 milhões de escravos viviam nos estados do Sul em 1860. A existência da instituição era sancionada por leis estaduais além de constar na Constituição Federal. O que levou à abolição de uma instituição tão solidamente estabelecida?

"Relatos do escravo Frederick Douglass mostram que algumas plantações não forçavam seus escravos a trabalharem no Natal. O motivo não era altruísta, essa folga era concedida para liberar tensão entre os trabalhadores, para que eles continuassem sendo explorados por mais um ano. Não era uma prática comum a todos os donos de escravos, mas pelos relatos, não era algo tão raro também"

As primeiras manifestações abolicionistas começaram com os quackers da Pensilvânia, sendo rapidamente seguidas pelo surgimento de movimentos semelhantes no Sul. Lideranças religiosas condenaram a instituição como um pecado. Por razões óbvias, essas manifestações tiveram pouca acolhida em suas regiões de origem. Em seguida, surgiu a American Colonization Society, organização filantrópica que apoiava a deportação dos escravos libertos para a colônia da Libéria, na África Ocidental. Foi apenas em 1831, com o lançamento do jornal The Liberator (editado por William Lloyd Garrison), é que teve início uma campanha pela abolição imediata. Esses abolicionistas provinham principalmente das novas denominações religiosas surgidas com o “Segundo Grande Despertar”. Mas nem mesmo nos estados livres do Norte o abolicionismo chegou a ser uma corrente popular. A maioria dos políticos queria distância do movimento. Uma liderança abolicionista, Elijah Lovejoy chegou a ser linchado em Illinois, e mesmo Garrison escapou por pouco da mesma sorte nas ruas de Boston. Poucos cidadãos brancos nem sequer admitiam a igualdade jurídica entre brancos e negros, quanto mais a igualdade política como eleitores. Os negros livres constituíam categoria discriminada na maioria dos estados, sem direito ao voto, impedidos de frequentar espaços públicos em igualdade de condições. Mesmo libelos antiescravistas como o romance A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe, prescreviam a imigração como o melhor caminho para os ex-escravos. A dificuldade em aceitar uma sociedade multirracial constituía uma falha gritante da imaginação social ianque. Mas, então, veio a guerra.

Desde a década de 1840, os ânimos estavam acirrados. O cerne da discórdia era a questão da expansão da escravidão para os territórios tomados ao México. Seriam os novos estados livres ou escravistas? Os reflexos dos antagonismos regionais afetaram o funcionamento do sistema partidário. Em novembro de 1860, um partido regional fundado há menos de uma década chegou ao poder. O candidato republicano, Abraham Lincoln (1809-1865), foi eleito com votos oriundos apenas de delegados do Norte. A plataforma republicana era moderada,

previa apenas a contenção da escravidão nos estados nos quais a instituição era legal. Mas o temor do abolicionismo e o repúdio a qualquer tentativa de reprimir sua expansão territorial levaram a maioria dos estados do Sul a se separar para criar uma nova nação, os Estados Confederados da América. Foi no contexto da longa e sangrenta guerra de reunificação que se seguiu que o abolicionismo obteve as condições necessárias para se tornar uma política de governo.
Durante a guerra, propostas iniciais para abolir a escravidão, como a apresentada pelo general John C. Frémont para o estado do Missouri, foram rechaçadas por Lincoln. A população do Norte não se alistaria para lutar pela Emancipação. Além disso, quatro estados escravistas (Kentucky, Missouri, Delaware e Maryland) se mantiveram na União. Políticas mais radicais poriam em risco o frágil consenso estabelecido em torno da administração republicana, que ainda era acossada pelo Partido Democrata, que constituía, nas palavras de Joel Silbey, “uma minoria respeitável”. Muitos democratas favoreciam uma paz negociada com o Sul. Alguns chegavam a aceitar a separação como inevitável. Praticamente, nenhum democrata apoiava uma abolição ampla.Em 1861, escravos pediram abrigo no Forte Monroe, na Virginia. Era o primeiro ano da Guerra Civil e não existia uma política clara do exército do Norte sobre o que fazer com fugitivos nos territórios confederados sob o controle da União.


 Até aquele momento, os escravos eram propriedade privada. A guerra contra os confederados era travada em nome da União, não do abolicionismo. Pouco depois, os senhores daqueles escravos surgiram com bandeira branca. Vinham reclamar sua propriedade.       O comandante do forte, general Benjamin Butler, encontrou uma saída que abriria uma brecha legal para as fugas. Aqueles escravos não eram livres, mas também não poderiam ser retornados. Tratava-se de “contrabando de guerra”. Desse momento em diante, o termo contrabando passou a designar as centenas de milhares de fugitivos que buscaram a liberdade sob o abrigo das tropas invasoras. Esses escravos “votavam com os seus pés”, indo ao encontro das tropas da União e, posteriormente, alistando-se como soldados.           Suas fugas desorganizaram progressivamente a economia agrícola sulista, já bastante depauperada pelo bloqueio naval de seus portos. Mas Lincoln relutava em tomar medidas concretas para pôr fim à escravidão. Em carta ao editor Horace Greeley, datada de agosto de 1862, declarou: “Meu objetivo primordial nessa luta é restaurar a União, não salvar ou destruir a escravidão”.

Enquanto fugitivos lotavam os acampamentos da União, as batalhas cobravam seu preço. Milhares de soldados do Norte morriam nos campos, vitimados por doenças ou combates. O Sul não dava sinal de desistir da sua independência e, pior, ainda havia risco do reconhecimento internacional da Confederação. A longa e desgastante luta levou a administração Lincoln a mudar o tom, emitindo uma proclamação de Emancipação em 20 de

setembro de 1862. Todos os estados que insistissem na rebelião teriam seus escravos confiscados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte. A Proclamação deixava de fora todos os escravos distantes do controle da União, uma séria ironia política. No entanto, ela beneficiava os contrabandos, permitindo que se integrassem ao exército na condição de soldados, um status que abria portas para a obtenção de direitos. Nos anos seguintes, cerca de 180 mil soldados alistaram-se no exército, a grande maioria proveniente dos estados do Sul.
Os dois últimos anos da guerra marcaram a destruição da infraestrutura do Sul. Cidades e fazendas foram queimadas pelos exércitos de ocupação. A guerra passou a visar à destruição das oligarquias confederadas, um contexto que favorecia a libertação de todos os escravos, não apenas daqueles libertados pela Declaração.
Com a guerra praticamente vencida, Lincoln e a liderança republicana voltaram-se para a aprovação de uma 13ª emenda à Constituição, abolindo a escravidão em todo o território. Após uma batalha no Congresso, na qual o governo utilizou-se de pressão e empreguismo, a emenda foi aprovada, sendo publicada em 1º de fevereiro de 1865. A aprovação da emenda resolveu a questão da liberdade, mas a igualdade jurídica ainda teria de enfrentar diversos testes.

Se liga:" A guerra civil se deflagra e deixa um saldo de centenas de milhares de mortos e uma legião de negros marginalizados. Nenhum programa governamental é previsto para sua integração profissional e econômica. O Sul permanece militarmente, mas isso acontece até 1877, favorecendo o surgimentos de outras novas religiões como uma que se chama Os cavaleiros da Camélia Branca, essa perseguia os negros violentamente e defender a segregação racial."

A emancipação norte-americana conjugou os esforços de guerra com manobras parlamentares e a ação dos próprios escravos. Ela resultou da percepção de que a União não poderia ser adequadamente restaurada com um segmento escravista. Seiscentos e

cinquenta mil mortos e uma grande transformação na mentalidade nortista asseguraram esse
segundo nascimento da liberdade, tal como proclamado por Lincoln no discurso de
Gettysburg em dezembro de 1863. Por caminhos inesperados, “os melhores anjos da
natureza”, evocados no primeiro discurso de posse, finalmente tocaram as cordas da União...


Um afro abraço.
fonte:www.cartanaescola.com.br/unegro formação

domingo, 7 de setembro de 2014

Nossa História um mosaico em construção II:Reis de Cor escura e Nariz Chato...

A aceitação geral da hipótese da origem monogenética e africana da humanidade suscitada pelos trabalhos do professor Leakey tornou possível colocar em termos totalmente novos a questão do povoamento do Egito, e mesmo do mundo. 

Há mais de 150 mil anos, a única parte do mundo em que viviam seres morfologicamente iguais aos homens de hoje era a região dos Grandes Lagos, nas nascentes do Nilo. Essa noção – e outras que não nos cabe recapitular aqui – constitui a essência do último relatório apresentado pelo dr. Leakey no VII Congresso Pan-Africano de Pré-História, em Adis Abeba, em 1971 1. Isso quer dizer que toda a raça humana teve sua origem, exatamente como supunham os antigos, aos pés das montanhas da Lua. Contra todas as expectativas e a despeito das hipóteses recentes, foi desse lugar que o homem partiu para povoar o resto do mundo.
Disso resultam dois fatos de capital importância: (a) necessariamente, os primeiros homens eram etnicamente ho­mogêneos e negróides. A lei de Gloger, que parece ser aplicável também aos seres humanos, estabelece que os animais de sangue quente, desenvolvendo-se em clima quente e úmido, secretam um pigmento negro (melanina) 2. Por­tanto, se a humanidade teve origem nos trópicos, em torno da latitude dos Grandes Lagos, ela certamente apresentava, no início, pigmentação escura, e foi pela diferenciação em outros climas que a matriz original se dividiu, mais tarde, em diferentes raças; (b) havia apenas duas rotas através das quais esses primeiros homens poderiam se deslocar, indo povoar os outros continentes: o Saara e o vale do Nilo. É esta última região que será discutida aqui.
A partir do Paleolítico Superior até a época dinástica, toda a bacia do rio foi progressivamente ocupada por esses povos negróides.Preparem as melhores montarias de seus estábulos", ordenou ele a seus comandantes. A magnífica civilização que construíra as grandes pirâmides havia perdido o rumo, destroçada por medíocres chefes guerreiros.

Evidências da antropologia física sobre a raça dos antigos egípcios
Poder-se-ia pensar que, trabalhando com evidências fisiológicas, as descobertas dos antropólogos poderiam dissipar todas as dúvidas por fornecerem verdades confiáveis e definitivas. Isso não é, de maneira nenhuma, o que acontece: a natureza arbitrária dos

critérios utilizados – para mencionarmos apenas um aspecto -, ao mesmo tempo que afasta qualquer possibilidade de uma conclusão ser aceita sem reservas, introduz tanta discussão supérflua entre os cientistas que às vezes nos perguntamos se a solução do problema não teria estado muito mais próxima se não tivéssemos o azar de abordá-lo sob esse ângulo.
No entanto, embora as conclusões desses estudos antropológicos se detenham um pouco aquém da realidade, elas são unânimes em mencionar a existência de uma raça negra desde as mais distantes épocas da Pré-História até o período dinástico. Não é possível, no presente capítulo, citar todas essas conclusões. Elas estão sumarizadas no Capítulo X de Histoire et Protohistoire d’Egipte (Institut d’Ethnologie, Paris, 1949), do dr. Emile Massoulard. Citaremos apenas alguns itens:
“Miss Fawcett acredita que os crânios de Negadah compõem uma coleção com homogeneidade suficiente para fundamentar a hipótese da existência de uma raça de Negadah. Quanto à altura total do crânio, à altura auricular, do comprimento e largura da face, ao comprimento do nariz, ao índice cefálico e ao índice facial, essa raça parece aproximar-se da raça negra; quanto à largura do nariz, à altura da órbita, ao comprimento do palato e ao índice nasal, ela parece mais próxima dos povos germânicos; assim, os negadenses pré-dinásticos provavelmente se assemelhavam, quanto a algumas de suas características, aos negros e, quanto a outras, às raças brancas” ( pp. 402-3 ).

É importante observar que os índices nasais dos etíopes e dos dravidianos os aproximariam dos povos germânicos, embora ambos pertençam a ra (???) perdeu-se

É importante observar que os índices nasais dos etíopes e dos dravidianos os aproximariam dos povos germânicos, embora ambos pertençam a raças negras.


Essas medidas – que deixariam abertas alternativas possíveis entre os dois extremos, representados pelas raças negra e germânica – dão uma idéia da elasticidade dos critérios empregados. Eis um exemplo:
“Tentando determinar com maior precisão a importância do elemento negróide nas séries de crânios de El-Amra, Abidos e Hou, Thomson e Ran­dall MacIver dividiram-nos em três grupos: 1. crânios negróides (aqueles com índice facial abaixo de 54 e índice nasal acima de 50, isto é, face curta e larga e nariz largo); 2. crânios não-negróides (índice facial acima de 54 e índice nasal abaixo de 50, face comprida e estreita e nariz estreito); 3. crânios intermediários (podem ser atribuídos a indivíduos dos dois primeiros grupos, com base no índice facial ou nas evidências referentes ao índice nasal, e ainda a indivíduos marginais a ambos os grupos). A proporção de negróides no início do período pré-dinástico parece ter sido de 24% de homens e 19% de mulheres, e, no final desse mesmo período, de 25% de homens e 28% de mulheres.
Kieth contestou o valor dos critérios utilizados por Thomson e Randall MacIver para distinguir os crânios negróides dos não-negróides. Sua opinião é de que, se os mesmos critérios fossem aplicados para estudar qualquer série de crânios ingleses contemporâneos, a amostra conteria aproximadamente 30% de tipos negróides” (pp. 420-1).
Pode-se afirmar também o reverso da proposição de Kieth, isto é, que, se o critério fosse aplicado aos 140 milhões de negros que hoje vivem na África negra, no mínimo 100 milhões deles apareceriam “branqueados”. Deve-se enfatizar também que a distinção entre “negróides”, “não-negróides” e “intermediários” não é clara: “não-negróide” não significa de raça branca, e “intermediário”, muito menos.

“Falkenburger retomou o estudo antropológico da população egípcia num trabalho recente, no qual analisa 1 787 crânios masculinos do período que se estende desde o Pré-Dinástico Antigo até nossos dias. Ele distingue quatro grupos principais” (p. 421).

A classificação dos crânios pré-dinásticos nesses quatro grupos dá, para o total do período pré-dinástico, os seguintes resultados: “36% de negróides, 33% de mediterrânicos, I 1 % de cro-magnóides e 20% de indivíduos que não se enquadram em nenhum desses grupos, mas se aproximam dos cro-mag­nóides ou dos negróides”.
A proporção de negróides é definitivamente mais alta do que a sugerida por Thomson e Randall MacIver, a qual, no entanto, Kieth considera muito elevada.
“Os números de Falkenburger refletem a realidade? Não é nossa tarefa decidir. Se estiverem corretos, a polulação pré-dinástica, longe de representar uma raça pura, como disse Elliot Smith, compreendia pelo menos três elementos raciais distintos: mais de um terço de negróides, um terço de mediterrâni­cos, um décimo de cro-magnóides e um quinto de indivíduos mestiços em vários graus” (p. 422).

O fundamental em todas essas conclusões é que, a despeito das discrepâncias que apresentam, o seu grau de convergência prova que a base da população egípcia no período pré-dinástico era negra. Assim, todas elas são incompatíveis com a teoria de que o elemento negro se infiltrou no Egito em período tardio. Pelo contrário, os fatos provam que o elemento negro era preponderante do princípio ao fim da história egípcia, particularmente se observarmos, uma vez mais, que “mediterrânico” não é sinônimo de “branco”; esta­ria mais próximo da “raça morena ou mediterrânica” de Elliot-Smith.
“Elliot-Smith classifica esses protoegípcios como um ramo do que ele chama raça morena, que corresponde à ‘raça mediterrânica ou euro-africana’ de Sergi” (p. 418). O termo “moreno” neste contexto refere-se à cor da pele e é simplesmente um eufemismo de negro 3.
Assim, fica evidente que toda a população egípcia era negra, com exceção de uma infiltração de nômades brancos no período protodinástico.
O estudo de Petrie sobre a raça egípcia revela um elemento classificatório possível muito fecundo, que não deixará de surpreender o leitor.

“Petrie ( . . . ) publicou um estudo sobre as raças do Egito nos períodos pré­-dinástico e proto-dinástico, trabalhando apenas com representações. Além da raça esteatopígica, distinguiu seis diferentes tipos: um tipo aquilino, representante de uma raça líbia de pele branca; um tipo ‘com barba trançada’, pertencente a uma raça invasora, vinda provavelmente das costas do mar Ver­melho; um tipo ‘com nariz pontudo’, proveniente, sem dúvida, do deserto arábico; um tipo ‘com nariz reto’, do Médio Egito; um tipo ‘com barba protu­berante’, do Baixo Egito; e um

tipo ‘com nariz fino’, do Alto Egito. Segundo as representações, teriam assim existido sete tipos raciais diferentes no Egito durante os períodos que estamos considerando. Nas páginas seguintes, veremos que o estudo dos esqueletos parece conferir pouca validade a essas con­clusões” (p. 391) .

Esse modo de classificação dá uma idéia da natureza arbitrária dos critérios utilizados para definir as raças egípcias. Seja como for, é evidente que a antropologia está longe de ter estabelecido a existência de uma raça egípcia branca e, pelo contrário, tenderia a sugerir o oposto.

Nos manuais de maior divulgação, entretanto, a questão é suprimida: na maioria dos casos, afirma-se simples e claramente que os egípcios eram brancos, e o leigo fica com a impressão de que uma afirmação desse tipo deve necessariamente ter como base uma sólida pesquisa anterior. Mas, conforme se mostrou neste capítulo, essa pesquisa não existe. E, assim, gerações após gerações foram enganadas. Muitas autoridades no assunto contornam a dificuldade falando em brancos de pele vermelha e brancos de pele negra, sem que por isso se abale o seu senso de lógica.

“Os gregos chamam a África de Líbia, um nome equivocado ab initio, pois a África contém muitos outros povos além dos assim chamados líbios, que estão entre os brancos da periferia setentrional ou mediterrânica e, portanto, muito afastados dos brancos de pele morena ou vermelha) – os egípcios”. 4

Num livro didático destinado ao curso colegial, encontramos a seguinte frase: “Um negro se distingue menos pela cor da pele (pois existem ‘brancos’ de pele negra) do que por suas feições: lábios grossos, nariz chato…” 5 Apenas com tais distorções das definições básicas é que se pôde branquear a raça egípcia.

E importante ter em mente os exageros dos teóricos da antropossociolo­gia do século passado e do começo deste século, que, em suas microanálises fisionômicas, descobriram estratificações raciais até mesmo na Europa, e particularmente na França, onde, na verdade, havia um único povo, hoje praticamente homogêneo. 6 Atualmente, os ocidentais que valorizam sua coesão nacional evitam zelosamente examinar suas próprias sociedades sob a luz de hipóteses tão divisionistas, mas continuam, irrefletidamente, a aplicar os velhos métodos às sociedades não-européias.

As representações humanas do período proto-hístórico: seu valor antropológico
O estudo das representações humanas realizado por Flinders Petrie, num outro plano, demonstra que o tipo étnico era negro: de acordo com Fetrie, esses povos eram os Anu, cujo nome, que conhecemos desde a época proto­-histórica, era sempre “escrito” com três pilares, nas poucas inscrições subsis­tentes do final do IV milênio antes da era cristã. Os nativos do país são sempre representados com inconfundíveis emblemas de chefia, que não encon­tramos entre as raras representações das outras raças, cujos elementos apare­cem todos como estrangeiros servis, que chegaram ao vale por infiltração (cf. Tera Neter 7 e o rei Escorpião, que Petrie reúne num mesmo grupo: “O rei Escorpião pertencia à raça anu, já citada; além disso, adorava Min e Seti”) 

Como veremos adiante, Min, assim como os principais deuses do Egito, era chamado, na própria tradição egípcia, “o Grande Negro”.
Depois de fazer um apanhado dos vários tipos humanos estrangeiros que disputaram o vale com os negros nativos. Petrie descreve estes últimos, os Anu, nos seguintes termos:
“Além desses tipos, característicos do norte e do leste, existe a raça autóctone dos Anu, ou Annu (escrito com três pilares), povo que constituiu parte dos habitantes da época histórica. O assunto se complica e dá margem a dúvidas se incluirmos todos os nomes escritos com um único pilar; mas, considerando apenas a palavra Annu, escrita com três pilares, descobrimos que esse povo ocupava o sul do Egito e a Núbia; o nome também é utilizado no Sinai e na Líbia. Quanto aos habitantes meridionais do Egito, temos o documento essen­cial: um retrato do chefe Tera Neter, rudemente modelado em relevo em faiança verde vitrificada, encontrado no mais antigo templo de Abidos. O endereço precede o nome, nesse primitivo cartão de visita: ‘Palácio dos Anu na cidade de Hemen, Tera Neter’. Hemen era o nome do deus de Tuphium. Erment, do lado oposto, era o palácio dos Anu do Sul Annu Menti. A próxima localidade ao sul é Aunti (Gefeleyn) e, depois. Aunyt-Seni (Esna)” 9.

Amélineau arrola, em ordem geográfica, as cidades fortificadas construí­das ao longo do vale do Nilo pelos negros anu.
= Ant (Esna)
ou = An = “On” do Sul (hoje Hermonthis)
= Denderah, tradicionalmente, a cidade natal de Ísis
= Uma cidade também chamada “On”, no nomo de Tínis
ou = A cidade chamada “On” do Norte, a célebre Heliópolis
O ancestral comum dos Anu estabelecidos ao longo do Nilo era Ani ou An, nome determinado pela palavra(khet), o qual, desde as primeiras versões do Livro dos Mortos, é atribuído ao deus Osíris.

A esposa de , o deus Ani é a deusa Anet , que é também sua irmã, da mesmã forma que Isis é irmã de Osíris.

A identidade do deus An com Osíris foi demonstrada por Pleyte 10; deve­mos lembrar que Osíris é também cognominado o Anu: “Osíris Ani”. O deus Anu é representado ora pelo símbolo , ora pelo símbolo. As tribos Anuak, que hoje habitam o Nilo superior, teriam alguma relação com os antigos Anu? Pesquisas futuras trarão resposta a esta questão.
Petrie acredita ser possível distinguir entre o povo pré-dinástico, representado por Tera Neter e pelo rei Escorpião (que, já nessa época, é um faraó, como mostram os enfeites em sua cabeça) e um povo dinástico, que adorava o falcão e que provavelmente é representado pelos faraós Narmer 11, Khasekhem, Sanekhei e Zoser 12. Observando-se os rostos reproduzidos na ilustração, percebe-se facilmente que não existem diferenças étnicas entre os dois grupos e que ambos pertencem à raça negra.

O mural da tumba SD 63 (Sequence Date 63) de Hieracômpolis mostra os negros nativos subjugando os invasores estrangeiros, se aceitarmos a interpretação de Petrie: “Abaixo, temos a embarcação negra em Hieracômpolis, pertencente aos homens negros, que aparecem subjugando os homens vermelhos” 13.
O cabo de faca de Djebel el-Arak também mostra cenas de batalhas similares: “Há também combates em que homens negros dominam homens vermelhos” 14. Entretanto, o valor arqueológico desse objeto, que não foi encontrado in situ, mas em poder de um mercador, é menor do que o dos itens anteriores.
O que expusemos acima mostra que as representações dos homens do período proto-histórico, e mesmo do período dinástico, são absolutamente incompatíveis com a idéia de raça egípcia difundida entre os antropólogos ocidentais. Onde quer que o tipo racial autóctone esteja representado com alguma clareza, ele é nitidamente negróide. Em parte alguma elementos indo­-europeus ou semitas são representados como homens livres, nem mesmo como cidadãos comuns a serviço de um chefe local. Eles aparecem invariavelmente como estrangeiros submetidos. As raras representações encontradas trazem sempre marcas inequívocas de cativeiro: mãos atadas atrás das costas ou amarradas sobre os ombros 15. Uma estatueta protodinástica representa um prisioneiro indo-europeu com uma longa trança, de joelhos e as mãos atadas ao corpo. As características do próprio objeto mostram que ele devia ser o pé de um móvel e representava uma raça conquistada 16. A representação é, com freqüência, deliberadamente grotesca, como ocorre com outras figuras protodinásticas, mostrando indivíduos com o cabelo trançado à maneira que Petrie denomina rabo de porco (pigtail). Na tumba do rei Ka (I dinastia), em Abidos, Petrie encontrou uma plaqueta representando um indo-europeu cativo, acor­rentado, com as mãos atrás das costas. Elliot-Smith acha que o indivíduo representado é um semita 17

A época dinástica forneceu também os documentos reproduzidos nas figu­ras 4 e 5 das páginas 49 e 50, que mostram prisioneiros indo-europeus e semitas. Em contraposição, as feições tipicamente negróides dos faraós Narmer, I dinastia, fundador da linhagem faraônica, Zoser, III dinastia, em cuja época todos os elementos tecnológicos da civilização egípcia já eram evidentes, Quéops, o construtor da Grande Pirâmide, um tipo característico da região da atual República de Camarões 18, Mentuhotep, fundador da XI dinastia, negro retinto 19,

Sesóstris I, a rainha Amósis Nefertári, e Amenófis I mostram que todas as classes da sociedade egípcia pertencem à mesma raça negra.
As figuras de 11 a 15 foram incluídas deliberadamente para contrastar tipos semitas e indo-europeus com as fisionomias bastante diferentes dos faraós negros e para mostrar claramente que não há traço de nenhum dos dois pri­meiros tipos na linhagem dos faraós, se excluirmos as dinastias estrangeiras (líbias e ptolomaicas).
É comum contraporem-se as negras da tumba de Horemheb ao tipo egípcio também representado. Na verdade, essa contraposição é falsa: é social e não étnica; há tanta diferença entre uma aristocrata senegalesa de Dacar e as camponesas da África antiga, de mãos calejadas e pés angulosos, quanto entre estas últimas e uma senhora egípcia das cidades da Antigüidade.
Existem duas variantes da raça negra:
– os negros de cabelos lisos, representados na Ásia pelos dravidianos e, na África, pelos núbios e os tubbou ou Tedda, todos com pele negro-azeviche; – os negros de cabelo crespo das regiões equatoriais.
Os dois tipos entraram na composição da população egípcia.

Teste de dosagem de melaninaNa prática, é possível determinar diretamente a cor da pele, e, portanto, a Filiação étnica dos antigos egípcios, através de análises microscópicas de laboratório; duvido que a perspicácia dos pesquisadores que se dedicaram à questão tenha ignorado essa possibilidade.
A melanina, substância química responsável pela pigmentação da pele, é, geralmente, insolúvel e preserva-se por milhões de anos na pele dos animais fósseis 20. Portanto há razões de sobra para que seja facilmente encontrada na pele das múmias egípcias, apesar da lenda persistente segundo a qual a pele das múmias, tingida pelo material de embalsamamento, já não é susce­tível de qualquer análise 21. Embora a melanina se localize principalmente na pele, os melanócitos que penetrarem a derme no nível da epiderme, mesmo onde esta última tenha sido praticamente destruída pelos materiais de embalsamamento, indicam um nível de melanina inexistente nas raças de pele branca. As amostras que eu mesmo analisei foram colhidas no laboratório de antropo­logia física no Museu do Homem, em Paris, das múmias provenientes das escavações de Marietta, no Egito 22. O mesmo método é perfeitamente utilizável para as múmias reais de Tutmés III, Séti I e Ramsés II, do Museu do Cairo, que estão em excelente estado de conservação. Há dois anos tenho pedido – ­em vão – ao curador do Museu do Cairo amostras similares para análise. Não seriam necessários mais do que alguns milímetros quadrados de pele para compor um espécime, com preparações de poucos [m de espessura e clareadas com benzoato de etila. Elas podem ser estudadas à luz natural ou sob luz ultravioleta, que torna os grãos de melanina fluorescentes. De qualquer forma, queremos simplesmente afirmar que a avaliação do nível de mela­nina através de exames de microscópio é um método de laboratório que nos permite classificar os antigos egípcios inquestionavelmente entre as raças negras.

Medidas osteológicas
Dentre os critérios aceitos pela antropologia física para a classificação das raças o das medidas osteológicas (osteometria) talvez seja o menos engana­dor (por oposição à craniometria) para distinguir um homem branco de um negro. Também segundo esse critério, os egípcios pertencem às raças negras. Tal estudo foi realizado pelo eminente sábio alemão Lepsius, no final do século XIX, e suas conclusões continuam válidas: os progressos metodológi­cos subseqüentes, no campo da antropologia física, não invalidaram em nada aquilo que se conhece como “cânone de Lepsius”, que estabelece, em núme­ros redondos, as proporções corporais do egípcio ideal, de braços curtos e tipo físico negróide ou negrito 23.
Grupos sangüíneos
E importante notar que, mesmo hoje, os egípcios, particularmente no Alto Egito, pertencem ao mesmo Grupo B que as populações da África ocidental, no litoral atlântico, e não ao Grupo A2, característico da raça branca antes de qualquer miscigenação 24. Seria interessante estudar a extensão da distribuição do Grupo A2 nas múmias egípcias, o que, aliás, já é possível realizar mediante as técnicas atuais.
A raça egípcia segundo os autores clássicos da Antigüidade
Para os escritores gregos e latinos contemporâneos dos antigos egípcios, a classificação física desses últimos não colocava problemas: os egípcios eram negros, de lábios grossos, cabelo crespo e pernas finas; será difícil ignorar ou subestimar a concordância entre os testemunhos apresentados pelos autores em referência a um fato físico tão evidente quanto a raça de um povo. Alguns dos testemunhos que se seguem são contundentes.

(a) Heródoto, “o pai da História”, – 480 (?) a – 425.
Com relação à origem dos Kolchu 25, ele escreve:
“E, de fato, evidente que os colquídios são de raça egípcia (…) muitos egípcios me disseram que, em sua opinião, os colquídios eram descendentes dos soldados de Sesóstris. Eu mesmo refleti muito a partir de dois indicado­res: em primeiro lugar, eles têm pele negra e cabelo crespo (na verdade, isso nada prova, porque outros povos também os têm) e, em segundo lugar – e este é um indicador mais consistente – os egípcios e os etíopes foram os únicos povos, de toda a humanidade, a praticar a circuncisão desde tempos imemoriais. Os próprios fenícios e sírios da Palestina reconhecem que aprenderam essa prática com os egípcios, enquanto os sírios do rio Termodon e da região de Pathënios e seus vizinhos, os macrons, dizem tê-la aprendido, recentemente, com os colquídios. Essas são as únicas raças que praticam a circuncisão, e deve-se observar que a praticam da mesma maneira que os egípcios. Quanto aos próprios egípcios e aos etíopes, eu não poderia afirmar quem ensi­nou a quem essa prática, pois ela é, evidentemente, muito antiga entre eles. Quanto ao fato de o costume ter sido aprendido através dos egípcios, uma outra prova significativa para mim é o fato de que todos os fenícios que comerciam com a Grécia param de tratar suas partes pudendas conforme a maneira egípcia e não submetem seus filhos à circuncisão” 26.

Heródoto retorna várias vezes ao caráter negróide dos egípcios, e a cada vez o utiliza como dado de observação para discutir teses mais ou menos complexas. Assim, para provar que o oráculo grego de Dodona, no Épiro, era de origem egípcia, um de seus argumentos é o seguinte: “e, quando eles acrescentam que a pomba era negra, dão a entender que a mulher era egípcia”. 27 As pombas em questão – na verdade, eram duas, de acordo com o texto – simbolizam duas mulheres egípcias, que se dizia terem sido trazidas de Tebas, no Egito para fundar oráculos respectivamente na Grécia (Dodona) e na Líbia (oásis de Júpiter Amon). Heródoto não partilha da opinião de Anaxágoras segundo o qual as enchentes do Nilo seriam causadas pelo degelo nas montanhas da Etiópia 28. Apoiava-se no fato de que na Etiópia não chove nem neva, “e lá o calor torna os homens negros” 29.
b) Aristóteles, -384 a -322, cientista, filósofo e tutor de Alexandre, o Grande.
Num de seus trabalhos menores, Aristóteles tenta, com surpreendente ingenuidade, estabelecer uma correlação entre a natureza física e a natureza moral dos seres vivos, e nos fornece evidências sobre a raça egípcio-etíope que confirmam o testemunho de Heródoto. Segundo Aristóteles, “Aqueles que são muito negros são covardes como, por exemplo, os egípcios e os etíopes. Mas os excessivamente brancos também são covardes, como podemos ver pelo exem­plo das mulheres; a coloração da coragem está entre o negro e o branco” 30.
(c) Luciano, escritor grego, + 125 (?) a + 190.

O testemunho de Luçiano é tão explícito quanto os de Heródoto e Aris­tóteles. Ele apresenta dois gregos, Licino e Timolaus, que iniciam um diá­logo:
“Licino [descrevendo um jovem egípcio]: – Este rapaz não é simplesmente preto; ele tem lábios grossos e pernas muito finas (. . .) seu cabelo trançado atrás mostra que não é um homem livre.
Timolaus: – Mas no Egito esse é um sinal das pessoas muito bem-nascidas, Licino. Todas as crianças nascidas livres trançam o cabelo até atingirem a idade adulta. Esse é um costume exatamente oposto ao dos nossos ancestrais, que achavam conveniente, para os velhos, prender o cabelo com um broche de ouro, para mantê-lo em ordem” 31.
(d) Apolodoro, século I antes da era cristã, filósofo grego.
“Egito conquistou o país dos homens de pés negros e chamou-o Egito, a partir de seu próprio nome.” 32
(e) Esquilo, – 525(?) a – 456, poeta trágico e criador da tragédia grega.
Em As Suplicantes, Dânaos, fugindo com suas filhas, as Danaides, e per­seguido por seu irmão, Egito, e os filhos deste, os Egitíados, que querem desposar suas primas à força, sobe em uma colina, olha para o mar e descreve nos seguintes termos os Egitíados que remavam ao longe: “Posso ver a tripulação com seus membros negros e suas túnicas brancas” 33.
Uma descrição similar do tipo egípcio aparece novamente poucas linhas abaixo, no verso 745.
(f) Aquiles Tácio de Alexandria.
Compara os guardadores de gado do Delta aos etíopes e explica que são escuros, como mestiços.
(g) Estrabão, – 58 a aproximadamente + 25.
Estrabão visitou o Egito e quase todos os países do Império Romano. Concorda com a teoria de que os egípcios e os Kolchu são da mesma raça, mas sustenta que as migrações para a Etiópia e Cólquida vieram apenas do Egito.

“Os egípcios estabeleceram-se na Etiópia e na Cólquida.” 34 Não há qual­quer dúvida sobre a concepção de Estrabão a respeito da raça egípcia, pois ele procura, em outra parte, explicar por que os egípcios são mais escuros do que os hindus, circunstância que permitiria a refutação, se necessário, de qual­quer tentativa de confundir “a raça hindu e a raça egípcia”.
(h) Diodoro da Sicília, aproximadamente – 63 a + 14, historiador grego e contemporâneo de César Augusto.
Segundo Diodoro, provavelmente foi a Etiópia que colonizou o Egito (no sentido ateniense do termo, significando que, devido à superpopulação, parte do povo emigrou para o novo território).
“Os etíopes dizem que os egípcios são uma de suas colônias” 35, que foi levada para o Egito por Osíris. Eles afirmam que, no começo do mundo, o Egito era apenas um mar, mas que o Nilo, transportando em suas enchentes grandes quantidades de limo da Etiópia, terminou por colmatá-lo e tornou-o parte do continente (…) Acrescentam que os egípcios receberam deles como de seus autores e ancestrais a maior parte de suas leis.” 36
(i) Diógenes Laércio.
Sobre Zenão, fundador da escola estóica (- 333 a – 261), Diógenes escreveu o seguinte: “Zenão, filho de Mnaseas ou Demeas, era natural do Cício, em Chipre, uma cidade grega que havia recebido alguns colonos fenícios”. Em suas Vidas, Timóteo de Atenas descreve Zenão como tendo o pescoço torcido. Apolônio de Tiro diz que ele era frágil, muito alto e negro, daí o fato, citado por Crisipo no Primeiro Livro de seus Provérbios de algu­mas pessoas o chamarem “broto de videira egípcio” 37.

(j) Amiano Marcelino, aproximadamente + 330 a + 400, historiador latino e amigo do imperador Juliano.
Com ele, atingimos o ocaso do Império Romano e o fim da Antigüi­dade clássica. Quase nove séculos se passaram entre o nascimento de Ésquilo e Heródoto e a morte de Amiano Marcelino, nove séculos durante os quais os egípcios, em meio a um mar de raças brancas, se miscigenaram constante­mente. Pode-se dizer sem exagero que, no Egito, uma casa em cada dez incluía um escravo branco, asiático ou indo-europeu 38.
É notável que, apesar de sua intensidade, a miscigenação não tenha alte­rado significativamente as constantes raciais. De fato, Amiano Marcelino es­creve: “. . . a maior parte dos homens do Egito são morenos ou negros, com uma aparência descarnada” 39. Ele também confirma o depoimento já citado sobre os Kolchu: “Além destas terras está a pátria dos Camarita 40, e o Fásis, com sua correnteza veloz, banha o país dos Kolchu, uma antiga raça de origem egípcia” 41.
Esta rápida revisão dos testemunhos apresentados pelos antigos escritores greco-latinos sobre a raça egípcia mostra que o grau de concordância entre eles é impressionante, constituindo um fato objetivo difícil de subestimar ou ocultar. A moderna egiptologia oscila constantemente entre esses dois pólos.
Foge à regra o testemunho de um cientista honesto, Volney, que viajou pelo Egito entre 1783 e 1785 – isto é, em pleno período da escravidão negra – e fez as seguintes observações sobre os coptas (representantes da verda­deira raça egípcia, aquela que produziu os faraós).

“Todos eles têm faces balofas, olhos inchados e lábios grossos, em uma palavra, rostos realmente mulatos. Fiquei tentado a atribuir essas características ao clima, até que, visitando a Esfinge e olhando para ela, percebi a pista para a solução do enigma. Completando essa cabeça, cujo traços são todos caracteristicamente negros, lembrei-me da conhecida passagem de Heródoto: “De minha parte, considero os Kolchu uma colônia do Egito porque, como os egípcios, eles têm a pele negra e o cabelo crespo”. Em outras palavras, os antigos egípcios eram verdadeiramente negros, da mesma matriz racial que os povos autóctones da África; a partir desse dado, pode-se explicar como a raça egípcia, depois de alguns séculos de miscigenação com sangue romano e grego, perdeu a coloração original completamente negra, mas reteve a marca de sua configuração. É mesmo possível aplicar essa observação de maneira ampla, e afirmar, em princípio, que a fisionomia é uma espécie de documento, utilizável em muitos casos para discutir ou elucidar os indícios da história sobre a origem dos povos…”
Depois de ilustrar esta proposição com o caso dos normandos, que, nove­centos anos depois da conquista da Normandia, ainda se assemelham aos dinamarqueses, Volney acrescenta:
“Mas, voltando ao Egito, sua contribuição para a história fornece muitos temas para a reflexão filosófica. Que temas importantes para meditação: a atual barbárie e ignorância dos coptas, considerados como tendo nascido do gênio dos egípcios e dos gregos; o fato de esta raça de negros, que hoje são escravos e objeto de nosso menosprezo, ser a mesma a quem devemos nossa arte, nossas ciências e mesmo o uso da palavra escrita; e, finalmente, o fato de, entre os povos que pretendem ser os maiores amigos da liberdade e dahumanidade ter-se sancionado a escravidão mais bárbara e questionado se os negros teriam cérebros da mesma qualidade que os cérebros dos brancos!” 42

A esse depoimento de Volney, Champollion-Figeac, irmão de Cham­pollion, o Jovem, iria responder nos seguintes termos: “Os dois traços físicos apresentados – pele negra e cabelo crespo – não são suficientes para rotular uma raça como negra, e a conclusão de Volney quanto à origem negra da antiga população do Egito é nitidamente forçada e inadmissível”. 43
Ser preto da cabeça aos pés e ter cabelo crespo não é suficiente para fazer de um homem um negro! Isso nos mostra o tipo de argumentação cap­ciosa a que a egiptologia tem recorrido desde seu nascimento como ciência. Alguns estudiosos sustentam que Volney estava tentando desviar a discussão para um plano filosófico. Mas basta reler Volney: ele simplesmente faz inferências a partir de fatos materiais brutos que se impõem como provas aos seus olhos e à sua consciência.

Os egípcios vistos por si mesmos
Não é perda de tempo conhecer o ponto de vista dos principais envolvidos. Como os antigos egípcios viam a si mesmos? Em que categoria étnica se colocavam? Como denominavam a si mesmos? A língua e a literatura que os egípcios da época faraônica nos deixaram fornecem respostas explícitas a essas questões, que os acadêmicos insistem em subestimar, distorcer e “interpretar”.
Os egípcios tinham apenas um termo para designar a si mesmos: = kmt = “os negros” (literalmente) 44. Esse é o termo mais forte existente na língua faraônica para indicar a cor preta; assim, é escrito com um hieróglifo representando um pedaço de madeira com a ponta carbonizada, e não com escamas de crocodilo 45. Essa palavra é a origem etimológica da conhecida raiz kamit, que proliferou na moderna literatura antropológica. Dela deriva, provavelmente, a raiz bíblica kam. Portanto foi necessário distorcer os fatos para fazer com que essa raiz atualmente signifique “branco” em egiptologia, enquanto, na língua-mãe faraônica de que nasceu, significava “preto­-carvão”.
Na língua egípcia, o coletivo se forma a partir de um adjetivo ou de um substantivo, colocado no feminino singular. Assim, kmt, do adjetivo = km = preto, significa rigorosamente “negro”, ou, pelo menos, “homens pretos”. O termo é um coletivo que descrevia, portanto, o conjunto do povo do Egito faraônico como um povo negro.

Em outras palavras, no plano puramente gramatical, quando, na língua faraônica, se deseja indicar “negros”, não se pode usar nenhuma outra palavra senão a que os egípcios usavam para designar a si mesmos. Além disso, a língua nos oferece um outro termo, = kmtjw = os negros, os homens pretos (literalmente) = os egípcios, opondo-se a “estrangeiros”, que vem da mesma raiz, km, e que os egípcios também utilizavam para descrever a si mesmos como um povo distinto de todos os povos estrangeiros 46. Esses são os únicos adjetivos de nacionalidade usados pelos egípcios para designarem a si mesmos, e ambos significam “negro” ou “preto” na língua faraônica. Os acadêmicos raramente os mencionam ou, quando o fazem, traduzem-nos por eufemismos, tais como “os egípcios”, nada dizendo sobre seu sentido etimológico 47. Eles preferem a expressão = Rmt kmt = os homens do país dos homens negros ou os homens do país negro.
Em egípcio, as palavras são normalmente seguidas de um determinante, indicando seu sentido exato; para essa expressão particular, os egiptólogos sugerem que = km = preto e que a cor qualifica o determinanteque o segue e que sígnifica “país”. Assim, eles alegam que a tradução deveria ser “a terra negra”, a partir da cor do limo ou “o país negro”, e não “o país dos homens negros”, como tenderíamos a interpretar hoje em dia, tendo em mente a África branca e a África negra. Talvez estejam certos; mas, se apli­carmos essa regra rigorosamente a = kmit, seremos obrigados a “admitir que aqui o adjetivo ‘preto’ qualifica o determinante, que significa todo o povo do Egito, representado pelos dois símbolos de ‘homem’ e ‘mu­lher’ e os três traços embaixo, designando plural”. Assim, se é possível levan­tar alguma dúvida sobre a expressão = kme não é possível fazê-lo no caso dos dois adjetivos de nacionalidade kmt e kmtjw, a menos que se estejam escolhendo os argumentos sem nenhum critério.

É interessante notar que os antigos egípcios nunca tiveram a idéia de aplicar esses qualificativos aos núbios e a outras populações da África, para distingui-las deles mesmos, da mesma forma que um romano, no apogeu do Império, não usaria um adjetivo de “cor” para se distinguir dos germânicos da outra margem do Danúbio, que eram da mesma matriz étnica mas se encontravam ainda num estádio de desenvolvimento pré-histórico.
Nos dois casos, ambos os lados pertenciam ao mesmo universo, em termos de antropologia física; portanto os termos usados para distingui-los relacionavam-se ao grau de civilização ou tinham sentido moral. Para o romano civilizado, os germânicos, da mesma matriz étnica, eram bárbaros. Os egípcios usavam a expressão= nahas para designar os núbios; e nahas 48, em egípcio, é o nome de um povo, sem conotação de cor. Trata-se de um equívoco deliberado traduzi-lo como “negro”, como aparece em quase todas as publicações atuais.

Os epítetos divinos
Finalmente, preto ou negro é o epíteto divino invariavelmente utilizado para designar os principais deuses benfeitores do Egito, enquanto os espíritos malévolos são qualificados como desrêt = vermelho. Sabemos que, entre os africanos, esse termo se aplica às nações brancas; é quase certo que isso seja verdade também para o Egito mas, neste capítulo, quero ater-me ao plano dos fatos menos sujeitos a controvérsias.
Os deuses recebiam os, seguintes epítetos:
= kmwr = o “Grande Negro” para Osíris 49;
= km = negro + o nome do deus 50;
= kmt = negro + o nome da deusa 51.

O qualificativo km (negro), , é aplicado a Hátor, Apis, Min, Tot, etc. setkmt = a mulher negra = Ísis 52. Por outro lado, seth, o deserto estéril, é qualificado pelo termo desrêt = vermelho 53. Os animais selvagens, que Hórus combateu para criar a civilização, são qualificados como desrêt = vermelhos, especialmente o hipopótamo 54. Analogamente, os seres malévolos expulsos por Tot são des = = desrtjw = os verme­lhos. Esse termo é o inverso gramatical de Kmtjw, e sua construção segue a mesma regra que a da formação de nisbés.

Testemunho da Bíblia
A Bíblia nos diz: “…os filhos de Cam [foram] Cush, e Mizraim (isto é, Egito), e Fut, e Canaã. E os filhos de Cush, Saba, e Hevila, e Sabata, e Regna, e Sabataca” 55.
De maneira geral, toda a tradição semítica (judaica e árabe) classifica o antigo Egito entre os países dos negros.
A importância desses depoimentos não pode ser ignorada, porque os judeus eram povos que viviam lado a lado com os antigos egípcios e, algumas vezes, em simbiose com estes, e nada tinham a ganhar apresentando uma falsa imagem étnica dos mesmos. Da mesma forma, neste caso não se sustenta a noção de uma interpretação errônea dos fatos 56.

Dados culturais
Dentre os inúmeros traços culturais idênticos documentados no Egito e na África negra dos nossos dias, vamos referir-nos apenas à circuncisão e ao totemismo.
Segundo o excerto de Heródoto citado anteriormente, a circuncisão é de origem africana. A arqueologia confirmou a opinião do Pai da História: Elliot-Smith pôde comprovar, a partir do exame de múmias bem conservadas, que a circuncisão já era praticada, entre os egípcios, em tempos que remontam à era proto-histórica 57, isto é, a antes de – 4000.
O totemismo egípcio manteve sua vitalidade até o período romano 58, e Plutarco também o menciona. As pesquisas de Amélineau 59, Loret, Moret e Adolphe Reinach demonstraram claramente a existência de um sistema totêmico no Egito, refutando os defensores da tese da zoolatria.
“Se reduzirmos a noção de totem à de um fetiche, geralmente animal, representando uma espécie com a qual a tribo acredita ter laços especiais, renovados periodicamente, e que é carregado para a batalha como um estandarte; se aceitarmos essa definição de totem, mínima mas adequada, pode-se dizer que não há outro país onde o totemismo tenha tido um reinado mais brilhante do que no Egito, e nenhum outro lugar onde ele possa ser mais bem estudado” 60



Afinidade lingüística
O walaf 61, língua senegalesa falada no extremo oeste da África, na costa atlântica, é, talvez, tão próxima do egípcio antigo quanto o copta. Recentemente foi feito um estudo exaustivo sobre essa questão 62. Neste capítulo, apresenta­mos apenas o suficiente para mostrar que o parentesco entre as línguas do antigo Egito e as da África não é uma suposição, mas um fato demonstrável e impossível de ser ignorado pelos círculos acadêmicos.
Como veremos, o parentesco é de natureza genealógica.

Egípcio Copta Walaf
= kef = agarrar, pegar, despojar (de alguma coisa) 63 (dialeto saídico) keh = domesticar 64 Kef = apanhar uma presa.

Conclusão
A estrutura da realeza africana, em que o rei é morto, real ou simbolicamente, depois de um reinado de duração variável – em torno de oito anos -, lembra a cerimônia de regeneração do faraó, através da festa de Sed. Os ritos de circuncisão já mencionados, o totemismo, as cosmogonias, a arquitetura, os instrumentos musicais, etc. também são reminiscências do Egito na cultura da África Negra 70. A Antigüidade egípcia é, para a cultura africana, o que é a Antigüidade greco-romana para a cultura ocidental. A constituição de um corpus de ciências humanas africanas deve ter isso como base.
Çompreende-se como é difícil escrever um capítulo como este numa obra deste gênero, onde o eufemismo e a transigência via de regra, prevalecemcem. Por isso, na tentativa de evitar o sacrifício da verdade científica, insistimos na realização de três sessões preliminares à preparação deste volume o que foi aceito na sessão plenária realizada em 1971 71. As primeiras duas sessões levaram à realização do simpósio do Cairo, de 28 de janeiro a 3 de fevereiro de 1974 72. Gostaria de mencionar algumas passagens do relatório desse simpósio. O professor Vercoutter, que fora encarregado pela Unesco de escrever o relatório preliminar, reconheceu, depois de uma discussão exaustiva, que a idéia convencional de que a população egípcia se dividia eqüitativamente em brancos, negros e mestiços não podia ser mantida:
“O professor Vercoutter concordou que não se deve tentar estimar porcentagens; elas nada significariam na medida em que não se dispõe de dados estatísticos confiáveis para calculá-las”.
Sobre a cultura egípcia consta no relatório:
“O professor Vercoutter observou que, de seu ponto de vista, o Egito era africano quanto à escrita, à cultura e à maneira de pensar”
O professor Leclant, por sua vez, “reconheceu o mesmo caráter africano no temperamento e maneira de pensar egípcios”.

Quanto à lingüística, afirma-se no relatório que “este item, ao contrário dos outros discutidos anteriormente, revelou um alto grau de concordância entre os participantes. O relatório elaborado pelo professor Diop e o relatório do professor Obenga foram considerados muito construtivos”.
Da mesma maneira, o simpósio rejeitou a idéia de que o egípcio faraônico era uma língua semítica. “Abordando questões mais amplas, o professor Sau­neron chamou a atenção para o interesse do método sugerido pelo professor Obenga, seguindo o professor Diop. O egípcio manteve-se como uma língua estável por um período de, pelo menos, 4 500 anos. O Egito situa-se no ponto de convergências externas, e seria de se esperar, portanto, que se fizessem em­préstimos de outras línguas; mas as raízes semíticas se reduzem a algumas cen­tenas, para um total de muitos milhares de palavras. A língua egípcia não pode ser isolada de seu contexto africano, e sua origem não pode ser total­mente explicada a partir das línguas semíticas. Portanto é natural que se espere encontrar na África línguas aparentadas ao egípcio”.
A relação genética – isto é, não acidental – entre o egípcio e as lín­guas africanas foi reconhecida: “O professor Sauneron observou que o método utilizado era muito interessante, uma vez que a similaridade entre os sufixos dos pronomes da terceira pessoa do singular no egípcio antigo e na língua walaf não poderia ser mera casualidade; ele espera que se tente no egípcio antigo e na língua walaf reconstituir uma língua paleoafricana, tomando como ponto de partida as línguas atuais”.

Na conclusão geral do relatório, afirmava-se: “a despeito das especifica­ções constantes do texto preparatório distribuído pela Unesco, nem todos os participantes prepararam comunicações comparáveis às dos professores Cheikh Anta Diop e Obenga, meticulosamentc elaboradas. Conseqüentemente, houve uma considerável falta de equilíbrio nas discussões”.
Assim, escreveu-se no Cairo uma nova página da historiografia africana. O simpósio recomendou que se fizessem novos estudos sobre o conceito de raça. Tais estudos têm sido realizados desde então, mas não trouxeram nada de novo à discussão histórica. Dizem-nos que a biologia molecular e a genética reconhecem apenas a existência de populações, e que o conceito de raça já não tem qualquer significado. No entanto, sempre que aparece alguma questão sobre a transmissão de doenças hereditárias, o conceito de raça, no sentido mais clássico do termo, reaparece, pois a genética nos ensina que “a anemia falciforme ocorre apenas entre os negros”. A verdade é que todos estes “antropólogos” já esquematizaram em suas mentes as conclusões deriva­das do triunfo da teoria monogenética da humanidade, sem ousar dizê-lo expli­citamente, pois, se a humanidade teve origem na África, foi necessariamente negróide antes de se tornar branca através de mutações e adaptações, no final da última glaciação na Europa, no Paleolítico Superior. E agora compreen­de-se muito melhor por que os negróides grimaldianos ocuparam a Europa 10 mil anos antes do aparecimento do Homem de Cro-Magnon, protótipo da raça branca (por volta de – 20000).

O ponto de vista ideológico também é evidente em estudos aparentemente objetivos. Na
história e nas relações sociais, o fenótipo – isto é, o indivíduo ou o povo tais como são percebidos – é o fator dominante, em oposição ao genótipo. A genética atual nos autoriza a imaginar um Zulu com o “mesmo” genótipo de Vorster. Isso significa que a história que testemunhamos colo­cará esses dois fenótipos – isto é, os dois indivíduos – no mesmo nível em todas as suas atividades nacionais e sociais? Certamente não – a oposição continuará sendo étnica, e não social. Este estudo torna necessário que se reescreva a história da humanidade a partir de um ponto de vista mais científico, levando em conta o componente negro-africano, que foi, por longo tempo, preponderante. Assim, é, doravante, possível constituir um corpus de ciências humanas negro-africanas apoiado em bases históricas sólidas, e não suspenso no ar. Finalmente, se é fato que só a verdade é revolucionária, deve-se acrescentar que só um rapprochement realizado com base na verdade será dura­douro. Não se contribui para a causa do progresso humano lançando um véu sobre os fatos.
A redescoberta do verdadeiro passado dos povos africanos não deverá ser um fator de divisão, mas contribuir para uni-los, todos e cada um, estrei­tando seus laços de norte a sul do continente, permitindo-lhes realizar, juntos, uma nova missão histórica para o bem da humanidade, e isto em consonância com os ideais da Unesco 73.

O mais provável, contudo, é que os motivos do líder núbio continuem mergulhados na obscuridade, tal como a história de seu povo.

Um afro abraço.

fonte:Texto extraído de A África Antiga/ coordenador do volume G. Mokhtar; (tradução Carlos Henrique Davidoff… et al.). – São Paulo: Ática (Paris): Unesco; 1983.
(História Geral da África, v.2).Acima do título: Comitê Científico Internacional para a Redação de uma História Geral da Áftica (Unesco).

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O que é ser afro-brasileiro e qual o conceito...

O antropólogo Darcy Ribeiro considerava o contingente negro e mulato "o mais brasileiro dos componentes do nosso povo" vez que, desafricanizado pela escravidão e não sendo indígena nem branco reinol, só restava a ele assumir uma identidade plenamente brasileira. Isto não quer dizer que negros e mulatos tenham se integrado à sociedade brasileira sem serem estigmatizados. Muito pelo contrário, muitos brasileiros desenvolveram vergonha das suas origens negras, seja pelo fato de que descender de escravos remete a um passado de humilhações e sofrimentos que deveria ser esquecido ou pelos estereótipos negativos que foram construídos em torno da negritude, associando-a a mazelas sociais como a pobreza e a criminalidade.

Pra começo de conversar quem somo e de onde viemos: A  escravidão...
Segundo o historiador Orlando Patterson, praticamente não existe ser humano que não seja descendente de escravos ou de senhores de escravos. A escravidão foi adotada em diversas sociedades humanas, em diferentes regiões do mundo, vigorando nas populações mais primitivas até as civilizações mais sofisticadas.

No que viria a ser o Brasil, a escravidão já era praticada pelos índios, na sua forma mais primitiva, bem antes da chegada dos europeus. Entre os tupinambás, a escravidão não tinha um valor econômico, vez que os cativos serviam para serem exibidos como troféus de valor militar e honra ou como carne a ser devorada em rituais canibalescos que poderiam acontecer até quinze anos após a captura.


Pesquisas arqueológicas mostram que a escravidão foi praticada na Europa pelo menos desde o. Com a revolução urbana, iniciada a partir do V milênio a. C., os prisioneiros de guerra, no lugar de serem sacrificados em cerimônias antropofágicas, passaram a ser usados como trabalhadores cativos. O sistema escravista alcançou seu auge entre os europeus nas civilizações grega e romana, época em que milhares de pessoas foram traficadas como escravas no Mar Negro e no Mediterrâneo. A maioria desses escravos eram europeus, embora também viessem das colônias na África e na Ásia. A escravidão declinou no norte da Europa no fim da Idade Média, porém persistiu no sul até a Idade Moderna.
Entre os povos mais primitivos da África Subsaariana, assim como entre os índios do Brasil, os escravos raramente tinham um valor econômico, sendo símbolo de prestígio. Porém, a medida que os povos subsaarianos mais simples passaram a ter contato com povos mais avançados, os escravos geralmente constituíam a única mercadoria que eles poderiam oferecer em troca de bens de luxo. Em 1580 a.C, navios já partiam do Egito para a Somalilândia com o único objetivo de capturar escravos. Com o avanço do islamismo na Península Arábica e no Norte da África, o tráfico de escravos negros se intensificou, com a formação de postos comerciais na África oriental por comerciantes árabes. No início da Idade Média, traficantes árabes penetraram a África ocidental e iniciaram o tráfico transaariano de escravos, que culminou na escravização de milhões de africanos negros que foram mandados para as regiões islamizadas do norte da África e para os países árabes.

Portanto, assumir-se negro no Brasil sempre foi muito difícil, por todo o conteúdo ideológico anti-negro que historicamente se desenvolveu no país, onde ainda hoje impera a ideologia do branqueamento e um padrão branco-europeu estético e cultural. Portanto, no Brasil, apenas as pessoas de pele preta retinta são consideradas negras, sendo que o mulato já é pardo e portanto meio-branco e, se tiver a pele um pouco mais clara, passa a ser visto como branco. No passado, era raro o mulato saltar para o lado negro de sua dupla natureza vez que, diante da massa de negros afundados na miséria, com eles não queria se confundir.
O tráfico transatlântico de africanos escravizados....

Nenhum continente foi tão afetado pela escravidão como a África. O último e o maior sistema escravista da História da humanidade foi o tráfico de africanos para as Américas. Praticamente todos os povos da Europa ocidental estiveram envolvidos nesse altamente lucrativo tráfico, embora Portugal, Holanda, Inglaterra e França tenham se destacado. Com a chegada dos europeus ao continente africano no século XVI, o tráfico de escravos, intenso há vários séculos, cresceu ainda mais. Em troca de mercadoria e dinheiro oferecidos pelos comerciantes europeus, vários povos africanos venderam pessoas de tribos vizinhas para os traficantes de pessoas. Como resultado do estímulo econômico advindo do comércio de escravos, surgiram na África Estados centralizados cuja economia estava fortemente dependente da venda de escravos, como Daomé e o Império Ashanti. Neste processo, os comerciantes europeus e a elite africana lucravam por meio da escravização de milhões de africanos. De maneira geral, havia oito meios pelos quais as pessoas poderiam ser escravizadas:


Captura em guerras;

Rapto;
Pagamento de tributos e impostos;
Dívida;
Punição por crimes;
Abandono e venda de crianças;
Auto-escravização;
Nascimento

A maioria dos africanos chegou às Américas por meio de rapto, ou seja, foram vítimas de ataques e incursões feitas com o único propósito de se adquirir escravos. A maioria dos raptos eram feitos por intermediários africanos, que penetravam tribos vizinhas e vendiam os seus membros aos europeus embora, em muitos casos, os raptos fossem feitos pessoalmente pelos portugueses. A segunda forma mais comum da escravização foi por meio de capturas em guerras. Prisioneiros de guerra eram reduzidos à escravidão pela tribo vencedora e destinados à escravidão nas Américas. Rapto e captura em guerras não devem ser confundidos pois, no primeiro caso, a tribo é atacada com o único objetivo de se obter escravos e, no segundo, a tribo é escravizada como consequência de ter sucumbido na guerra. Patterson estima que, dos 1,6 milhão de africanos entrados no Novo Mundo antes do final do século XVII, 60% podem ter sido prisioneiros de guerra, enquanto menos de um terço foi raptado. Porém, dos 7,4 milhões entrados entre 1701 e 1810, 70% foram raptados e 20% foram vítimas de guerra.

Destinos dos escravos africanos (1519–1867)
DestinoPorcentagem
América Portuguesa38,5%
América Britânica (menos a América do Norte)18,4%
América Espanhola17,5%
América Francesa13,6%
América do Norte Inglesa6,45%
América Inglesa3,25%
Antilhas Holandesas2,0%
Antilhas Dinamarquesas0,3%
Participação do Brasil no trafico de seres humanos africanos...O Brasil recebeu cerca de 38% de todos os escravos africanos que foram trazidos para a América. A quantidade total de africanos subsaarianos que chegaram ao Brasil tem estimativas muito variadas: alguns citam mais de três milhões de pessoas, outros quatro milhões. Segundo uma estimativa, de 1501 a 1866, foram embarcados na África com destino ao Brasil 5.532.118 africanos, dos quais 4.864.374 chegaram vivos (667.696 pessoas morreram nos navios negreiros durante o trajeto África-Brasil). O Brasil foi, de longe, o país que mais recebeu escravos no mundo. Em comparação, no mesmo período, com destino à América do Norte foram embarcados 472.381 africanos, dos quais 388.747 chegaram vivos (83.634 não sobreviveram).

De acordo com a estimativa do IBGE, o número total de africanos que chegou ao Brasil foi de 4.009.400.

Os portugueses lideraram o tráfico de escravos por séculos. Herdaram da tradição islâmica sua cultura técnica, fundamentalmente para a navegação, produção de açúcar e incorporação de negros escravos para a força de trabalho. A mão-de-obra escrava de africanos na produção de açúcar já estava sendo utilizada nas ilhas atlânticas da Madeira e dos Açores à época do descobrimento do Brasil, seguindo uma nova forma de organização de produção: a fazenda. No início do século XVI, cerca de 10% da população de Lisboa era composta por escravos africanos, número surpreendentemente alto para um contexto europeu. Os portugueses, mais do que qualquer outro povo europeu, estavam culturalmente condiciados a lidar com povos de pele mais escura e preparados para contingenciar indígenas ao trabalho forçado e a aliciar multidões de africanos com o intuito de viabilizar seus interesses econômicos. O Brasil se configurou como uma formação colonial-escravista de caráter agromercantil. Primeiramente, o português usou do trabalho forçado do indígena. Porém, com a deterioração dessa população aborígene, o tráfico de pessoas oriundas da África se intensificou gradativamente, passando a compor a massa de trabalhadores no Brasil.
Entrada de escravos africanos no Brasil


(IBGE)
Período1500-17001701-17601761-18291830-1855
Quantidade510.000958.0001.720.000718.000
Nos últimos anos, contudo, cada vez mais brasileiros se assumem como negros. Isso é consequência do sucesso dos negros americanos, vistos pelos brasileiros como uma "vitória da raça" e, principalmente, devido à ascensão social de parcela da população afrodescendente que, tendo acesso à educação e a melhores oportunidades de emprego, deixa de ter vergonha de assumir a sua cor.

Raça é um conceito social, político e ideológico, não tendo uma sustentação biológica, vez que não é possível separar biologicamente seres humanos em raças distintas. Em um país profundamente miscigenado como o Brasil, não é fácil definir quem é negro, vez que muitos brasileiros aparentemente brancos são parcialmente descendentes de africanos, assim como muitos negros são parcialmente descendentes de europeus. Para o Movimento Negro, são consideradas negras todas as pessoas que têm essa aparência. Para o antropólogo Kabegele Munanga, da USP, a questão é problemática e, segundo ele, deve prevalecer a autoclassificação. Portanto, se uma pessoa, aparentemente branca, se declara negra e se candidata a uma vaga com base em cotas raciais, a sua decisão deve ser respeitada.

Se liga:
No censo do IBGE de 2010, 7,6% dos brasileiros identificaram sua cor ou raça como preta, 43,1% como parda e 47,7% como branca. Estes dados, contudo, devem ser analisados com cautela, haja vista a histórica tendência ao branqueamento que se observa nas

classificações raciais no país. Para efeitos estatísticos, o IBGE classifica como população negra a soma dos pretos e pardos,embora esta metodologia venha a ser questionada por alguns.

"O estado brasileiro, que historicamente assumiu diversas atitudes claramente racistas, como no final do século XIX, quando proibiu a entrada de imigrantes africanos e asiáticos no país, ao mesmo tempo em que promovia a entrada de imigrantes europeus, recentemente tem se redimido e tomado atitudes políticas que visam a melhora das condições de vida da população negra, tanto do ponto de vista sócio-econômico como ideológico. Dentre as quais, a Lei nº 10.639 de 2003, que tornou obrigatório o ensino da História e cultura afro-brasileira nas escolas, a Lei nº 12.288 de 2010, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, a Lei nº 12.519 de 2011 que instituiu o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra e Lei nº 12.711 de 2012 que tornou obrigatória a reserva de cotas raciais no Ensino Superior".


Um afro abraço.

fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre.

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