O que ela fez? Cantou sua nova música, Formation, um hino que expõe o racismo nos EUA e o extermínio de negros pela polícia, durante o show de intervalo do Super Bowl, a final do campeonato americano, tradicionalmente a maior audiência da TV dos EUA.
Se liga: que esse ano atingiu a marca de 111,9 milhões de americanos – o equivalente a mais de 55% de todos os seres humanos que o IBGE diz viver no Brasil.
O escândalo que a performance de Beyoncé virou não existe fora de contexto. Os EUA vivem hoje sua eleição mais extremista em décadas. No Partido Republicano, a corrida presidencial é liderada pelo magnata Donald Trump, que defende vigilância sobre as mesquitas americanas, tortura para suspeitos de terrorismo, a deportação de 11 milhões de latinos e a construção de um muro separando o México dos EUA. Já no Partido Democrata, o “socialista” Bernie Sanders, que lidera as primárias até aqui, prega a criação de um sistema único de saúde público e ampliar a rede de universidades públicas do pais, o que é um crime para os ianques mais conservadores.
Foi nesse furação que Beyoncé subiu ao palco do Super Bowl com uma roupa que fazia referência a Michael Jackson e aos panteras negras, uma organização que pregava a revolução negra nos EUA. Junto com as dançarinas, todas de cabelo afro, Bey fez um grande “X” que foi lido como homenagem ao líder separatista negro Malcolm X. Tudo isso enquanto rebolava e cantava: “Eu posso ser um Bill Gates negro em progresso, porque eu mato”.
Todo o discurso de empoderamento negro causou reação. Uma campanha de boicote à cantora, à Liga de Futebol Americana e à Pepsi, que patrocinou o show, foi criada. A principal
voz conservadora contra a artista foi a do ex-prefeito de Nova Iorque Rudy Giuliani, famoso pela ampla campanha de combate à violência, para quem ela desrespeitou a polícia.
Voltando um pouco:
Antes da promulgação dos Direitos Civis, havia um odioso racismo nos Estados Unidos, principalmente nos estados do Sul. Hoje ainda há, mas num grau muito menor do que na década de 60 do século passado.
Tal como o Apartheid, o racismo era legalizado em alguns estados como a Geórgia, mas hoje, em todos os estados, não há mais leis racistas.
Isso não impede a existência de casos de preconceito racial no domínio dos costumes, mas estes estão diminuindo, como mostra a mídia.
No entanto, a grande mídia esquerdista exagera e distorce os fatos mostrando o racismo como uma verdadeira praga nacional.
- Os suspeitos abordados eram negros e pobres O que sempre diz mais sobre o nosso tipo de sociedade á cor não pode ser índole pessoal.
É preciso acrescentar que os negros são atualmente 12% da população americana, mas cometem 7.000 assassinatos por ano. E o que é mais grave: 75% dos negros abandonam seus filhos que passam a engrossar o contingente de meninos de rua...
- Na maior potencia mundial? Porque será?
Fato:Em 2013, nas alegações finais do julgamento do segurança George Zimmerman, que seria absolvido das acusações de homicídio em segundo grau e de homicídio involuntário do adolescente Trayvon Martin (na noite de 26 de fevereiro de 2012, em Stanford, Flórida), o advogado de defesa, Mark 0'Mara, colocou dois bonecos de cartão em tamanho real, em frente da bancada do júri. Um dos bonecos representava Zimmerman, 29 anos, medindo 1,70 m e pesando mais de 90 kg, e o outro Martin, 17 anos, com 1,75 m de altura e 71 kg de peso.
Se você acha que o racismo não é mais um tema tão relevante, como chegou a ser dito sobre Beyoncé nos EUA, deixe eu lhe contar um história. Como centenas de pessoas, eu participei do Carnaval festa extremamente democrática por ser gratuita e todo mundo poder participar...
A superavaliação da idade das crianças negras começa antes mesmo dos l2 anosUm estudo publicado em 2014 no Journal of Personality and Social Psychology que, há tempos, publicou estudos racistas sobre crianças negras - associou a maior utilização da força pela policia contra crianças negras à percepção generalizada de que, aos 10 anos, estas são menos inocentes do que as crianças de outras etnias. O estudo citava igualmente o Serviço de Dados sobre a Educação, segundo o qual,nas escolas, os alunos negros têm mais probabilidades de serem severamente castigados do que os alunos com pele de outra cor que cometam as mesmas infrações.
"Logico que a minha experiência empírica que é a da maioria dos foliões negros não prova nada sobre como a violência tem cor no Brasil. Mas se você quiser um dado concreto, em maio do ano passado a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República divulgou um relatório segundo o qual um jovem negro tem 2,5 vezes mais chances de ser assassinado do que um branco no País."
Parte dos argumentos usados contra Beyoncé dizem que ela deveria se ocupar mais como
uma entertainment, do que em fazer política. Claro, uma das coisas que fazem a música pop ser tão importante para o imaginário popular é que ela pode nos fazer cantar e dançar, extravasando a realidade. Mas ela tem outro lado tão bonito quanto de nos fazer enxergar nossos preconceitos e injustiças, provocando nossa sociedade a avançar. E é por isso que essa coluna sobre música pop pode falar sobre racismo pra lhe lembrar que não faz diferença se você é preto ou branco, menino ou menina.
- Se trata apenas de uma música de exaltação? - Com os quase cinco minutos de clipe, Beyoncé deixa mais claro aonde quer chegar com Formation.
Mixados com os símbolos do orgulho negro estão os símbolos da vergonha do histórico racismo americano. Beyoncé veste os trajes das amas brancas dos tempos de escravidão. Beyoncé se refere aos brancos como “albino alligators” (jacarés albinos). Beyoncé exibe um garotinho negro dançando com graça diante de um pelotão de policiais brancos. Beyoncé estende uma capa de jornal com o rosto de Martin Luther King. Beyoncé estampa uma parede com a pichação “Stop shooting us!”, numa alusão ao movimento “Black lives matter”, que combate a violência policial contra negros nos Estados Unidos. A rapper transexual Big Freedia também empresta sua voz vigorosa só para lembrar dos negros que não são heterossexuais. A própria data de lançamento do clipe - um dia depois do aniversário de Trayvor Martin, o garoto negro que foi assassinado na Flórida em 2012 basicamente por usar um capuz - não foi aleatória. Beyoncé cobriu, com o clipe, todos os pontos sensíveis à discussão racial nos Estados Unidos - discussão que, nem de longe, foi encerrada com a eleição de Barack Obama ou com os protestos de Ferguson.
-"O movimento negro ainda tem muito o que lutar pra acabar com o racismo nos EUA ou até mesmo aqui no Brasil , esse fato está muito transparente . - Parece que ao mesmo tempo de tantas conquistas e avanços foram feitos, mais ainda estamos tão longe do que é necessário para que tod@s tenha realmente direitos iguais, independente da sua cor de pele. Se Martin Luther King Jr ainda fosse vivo certamente estaria na rua, revoltado, marchando de Ferguson a não sei onde com todas estas mortes sem sentido".
-"O movimento negro ainda tem muito o que lutar pra acabar com o racismo nos EUA ou até mesmo aqui no Brasil , esse fato está muito transparente . - Parece que ao mesmo tempo de tantas conquistas e avanços foram feitos, mais ainda estamos tão longe do que é necessário para que tod@s tenha realmente direitos iguais, independente da sua cor de pele. Se Martin Luther King Jr ainda fosse vivo certamente estaria na rua, revoltado, marchando de Ferguson a não sei onde com todas estas mortes sem sentido".
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Claudia Vitalino.
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