Não custa lembrar que o Brasil possui uma dívida irresgatável para com a população
Racismo em números:
Dados do censo de 2010 mostram que dos 16 milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza (renda de até 70 reais mensais), 11,5 milhões são pardos ou pretos, ou seja, 72% do total. Além disso, enquanto o analfabetismo entre os negros alcança 13,3%, entre os brancos reduz-se a 5,3%; a expectativa de vida para os brancos eleva-se a 73 anos, seis a mais que entre os negros; dos brasileiros brancos, 15% possuem nível universitário, enquanto, entre os negros, esse número se reduz a apenas 4,7%; a possibilidade de ser assassinado é mais que dobro entre os negros, 64%, que entre os brancos, 29% do total de homicídios.
Aqui, o racista é sempre o outro...
Pesquisas apontam que 97% dos entrevistados afirmam não ter qualquer preconceito de cor, ao mesmo tempo em que admitem conhecer, na mesma proporção, alguém próximo (parente, namorado, amigo, colega de trabalho) que demonstra atitudes discriminatórias. É o chamado “racismo à brasileira” – fruto dileto da cínica e equívoca “democracia racial”, conceito que vem justificando, ao longo da história, a manutenção de um dissimulado apartheid, que segrega a população não-branca à base da pirâmide social.
Se liga:Tanto um quanto outro argumento esbarram em um empecilho de difícil transposição. Chamar alguém de macaco pelo fato de ser negro é racismo, e portanto não interessa em que contexto a agressão é proferida, se num estádio de futebol, num escritório de contabilidade ou num posto de gasolina. Assim como reagir a uma provocação usando termos ofensivos à cor da pele não se justifica, nem no campo desportivo nem numa discussão de trânsito. O preconceito racial molda o imaginário brasileiro e é crime que não permite atenuantes.
Trabalhador de segunda- O grande hiato social entre brancos e negros no mercado de trabalho aparece também nos salários: os trabalhadores negros brasileiros ganharam, em média, apenas 59% do rendimento dos brancos em 2015, segundo dados do PME (PesquisaMensal de Emprego). Porém, segundo o IBGE, em 2003, esse percentual de diferença de salários não chegava à metade (48,4%). Já em Porto Alegre, a diferença entre rendas aumentou, em 2014 os negros recebiam 70% dos rendimentos dos brancos e em 2015 este número diminuiu para 67,7%.
"Por incrível que pareça o racismo no Brasil é heterogêneo resultado de 450 anos depois de começar a desembarcar nos portos brasileiros, a população negra permanece apartada das conquistas sociais.. Vamos buscar esses determinantes, pois nem todos são tão racistas. Mas posso te adiantar em primeira mão que, proporcionalmente, o Nordeste é a região mais racista do país".
Um afro abraço.
Claudia Vitalino
negra. Trazidos à força para trabalhar como escravos a partir da metade do século XVI, o aprisionamento de africanos da costa ocidental (Angola, Nigéria, Benin) e de Moçambique intensificou-se entre 1700 e 1822, mas não há um número preciso de quantos deles chegaram vivos – estimado, entretanto, em algo em torno de quatro milhões. Libertos em 1888, não por razões humanitárias, mas por motivações meramente econômicas (a mão de obra assalariada possuía um custo de manutenção mais baixo que a escrava), sem qualquer tipo de indenização ou tentativa de inclusão social, os negros foram abandonados à própria sorte. O resultado: 450 anos depois de começar a desembarcar nos portos brasileiros, a população negra permanece apartada das conquistas sociais.
Racismo em números:
Dados do censo de 2010 mostram que dos 16 milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza (renda de até 70 reais mensais), 11,5 milhões são pardos ou pretos, ou seja, 72% do total. Além disso, enquanto o analfabetismo entre os negros alcança 13,3%, entre os brancos reduz-se a 5,3%; a expectativa de vida para os brancos eleva-se a 73 anos, seis a mais que entre os negros; dos brasileiros brancos, 15% possuem nível universitário, enquanto, entre os negros, esse número se reduz a apenas 4,7%; a possibilidade de ser assassinado é mais que dobro entre os negros, 64%, que entre os brancos, 29% do total de homicídios.
Aqui, o racista é sempre o outro...
Pesquisas apontam que 97% dos entrevistados afirmam não ter qualquer preconceito de cor, ao mesmo tempo em que admitem conhecer, na mesma proporção, alguém próximo (parente, namorado, amigo, colega de trabalho) que demonstra atitudes discriminatórias. É o chamado “racismo à brasileira” – fruto dileto da cínica e equívoca “democracia racial”, conceito que vem justificando, ao longo da história, a manutenção de um dissimulado apartheid, que segrega a população não-branca à base da pirâmide social.
Se liga:Tanto um quanto outro argumento esbarram em um empecilho de difícil transposição. Chamar alguém de macaco pelo fato de ser negro é racismo, e portanto não interessa em que contexto a agressão é proferida, se num estádio de futebol, num escritório de contabilidade ou num posto de gasolina. Assim como reagir a uma provocação usando termos ofensivos à cor da pele não se justifica, nem no campo desportivo nem numa discussão de trânsito. O preconceito racial molda o imaginário brasileiro e é crime que não permite atenuantes.
Trabalhador de segunda- O grande hiato social entre brancos e negros no mercado de trabalho aparece também nos salários: os trabalhadores negros brasileiros ganharam, em média, apenas 59% do rendimento dos brancos em 2015, segundo dados do PME (PesquisaMensal de Emprego). Porém, segundo o IBGE, em 2003, esse percentual de diferença de salários não chegava à metade (48,4%). Já em Porto Alegre, a diferença entre rendas aumentou, em 2014 os negros recebiam 70% dos rendimentos dos brancos e em 2015 este número diminuiu para 67,7%.
"Por incrível que pareça o racismo no Brasil é heterogêneo resultado de 450 anos depois de começar a desembarcar nos portos brasileiros, a população negra permanece apartada das conquistas sociais.. Vamos buscar esses determinantes, pois nem todos são tão racistas. Mas posso te adiantar em primeira mão que, proporcionalmente, o Nordeste é a região mais racista do país".
Um afro abraço.
Claudia Vitalino
fonte:https://brasil.elpais.com/lounge.obviousmag.org/www.bbc.com/portuguese