O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial. Devemos considerar como idoso aqueles indivíduos maiores de sessenta anos, com base no critério de referência estipulado pela ONU e referendado
por grande parte da comunidade mundial. Tanto os países considerados desenvolvidos, quanto aqueles considerados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, apresentam uma mesma tendência demográfica: o aumento do número de idosos, tanto em termos quantitativos quanto em termos proporcionais em relação à população total do país. Este fenômeno resulta, em geral, da queda das taxas de natalidade, em virtude do aumento do uso de anticoncepcionais e a uma maior conscientização da população em relação à estrutura familiar, combinada com a queda das taxas de mortalidade, observadas devido aos avanços da medicina e à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos em geral. O aumento da expectativa de vida, aliado à diminuição da natalidade, configura um quadro onde, de um modo geral, nascem menos pessoas, e estas pessoas tendem a viver mais. Desencadeia-se, assim, um processo de envelhecimento da sociedade, caracterizado pelo aumento do percentual de indivíduos idosos nas populações de praticamente todos os países do mundo. Estima-se, segundo projeções, que em meados de 2030 a população mundial de idosos ultrapasse a marca de um bilhão de pessoas, sendo que 75% deste contingente estará localizado em países subdesenvolvidos.
O Brasil que envelhece e o Idoso que aparece “Qualquer que seja a sua idade, o coração de cada um abriga o interesse pelo milagre e pelo inabalável desafio que se sente frente aos acontecimentos, pela busca persistente e infantil pelo elemento surpresa no futuro, pela alegria, e pelo jogo da vida”. Douglas Macarthur 4. O Brasil na Era do Envelhecimento: uma Nova Realidade Diante de Velhos Problemas O Brasil está entre aqueles países que apresentaram nos últimos anos um dos mais altos índices de crescimento da população idosa. Conforme já mencionado anteriormente, estima-se que nosso país possa abrigar a 6 a maior população idosa do mundo em meados de 2025. Por um lado podemos comemorar, uma vez que tal índice reflete uma possível melhoria das condições de vida da maioria da população, o que fez aumentar a expectativa de vida no país. Por outro lado, a realidade nos mostra uma situação caótica, onde a população idosa cresce em descompasso com a proteção social que lhe seria devida, criando um cenário de exclusão, pobreza e abandono para este segmento. 73 Podemos tomar como exemplos iniciais a situação de completa desestruturação enfrentada pelo sistema de previdência pública, e o quadro crítico dos sistemas de saúde, que afeta com grande intensidade a população idosa dependente deste serviço, dado sua maior vulnerabilidade inerente à sua idade avançada. Esta situação, porém, não ficou sem resposta. Nos últimos anos o idoso mereceu uma atenção especial por parte das políticas públicas, processo resultante do reflexo
da mobilização mundial sobre estas questões, sobre as quais o Brasil não poderia ficar de fora. Este processo culminou com a promulgação do Estatuto do Idoso no final de 2003. Devemos entender o quadro atual de nosso país como um momento em que já foi dado o primeiro passo rumo a uma política eficiente de proteção à população idosa. Resta ainda um longo caminho, que consiste em efetivar e consolidar para todo o segmento idoso as garantias sócio-jurídicas já implementadas. Acreditamos que o maior entrave a consolidação de uma vida digna à população idosa consiste nas deficiências institucionais existentes no país, que inviabilizam a aplicação efetiva das leis e das garantias sociais.
Estrutura familiar
O Ipea apontou que, conforme dados do PNAD de 2009, 63,8% das famílias, independentemente da raça, são formadas por casais com filhos. Dentre as famílias formadas por pessoas brancas, 12,5% são de casais sem filhos e 4,6%, de mulheres sozinhas. Avaliando-se as famílias negras, os índices ficam em 9,5% e 3,7%, respectivamente.
E há mais mulheres sozinhas morando com os filhos dentre os negros: elas representam 17,7% do total da estrutura familiar de sua raça no país. Dentre as famílias brancas, elas são 14,3%.
A análise percebeu aumento da contribuição das mulheres nas rendas das famílias, o que ocorreu nos dois grupos populacionais, conforme comparação entre os dados do PNAD de 1999 e 2009. Entre as brancas, essa participação passou de 32,3% para 36,1% e entre as negras, o aumento foi de 24,3% para 28,5%.
Também aumentou a proporção de mulheres negras ocupadas que se dedicavam aos afazeres domésticos em 2009 – elas representavam 91% do total. Um número semelhante de mulheres brancas que trabalham cuidam do lar: são 88,1%. Dentre os homens, a situação se inverte. São os brancos que ajudam mais no trabalho de casa (50,6%), contra 48,5% dos maridos negros.
Envelhecimento
Conforme o Ipea, a população de negros com 60 anos ou mais no total da população representa 9,7% dentre os negros e 13,1% entre os brancos. Na população idosa negra, a cada 100 mulheres, já 88 homens.
Já entre os brancos, a relação apontada foi de 75 homens para cada 100 mulheres.
Apesar de não estar envelhecendo tão rapidamente quanto os brancos, os negros conseguiram aumentar sua participação no recebimento monetário de seguridade social. Em 2009, pelo menos 77,3% da população negra tinha direito a benefício – dentre os brancos, a abrangência é de 78,3%, chegando a um total de 16,6 milhões de idosos.
por grande parte da comunidade mundial. Tanto os países considerados desenvolvidos, quanto aqueles considerados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, apresentam uma mesma tendência demográfica: o aumento do número de idosos, tanto em termos quantitativos quanto em termos proporcionais em relação à população total do país. Este fenômeno resulta, em geral, da queda das taxas de natalidade, em virtude do aumento do uso de anticoncepcionais e a uma maior conscientização da população em relação à estrutura familiar, combinada com a queda das taxas de mortalidade, observadas devido aos avanços da medicina e à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos em geral. O aumento da expectativa de vida, aliado à diminuição da natalidade, configura um quadro onde, de um modo geral, nascem menos pessoas, e estas pessoas tendem a viver mais. Desencadeia-se, assim, um processo de envelhecimento da sociedade, caracterizado pelo aumento do percentual de indivíduos idosos nas populações de praticamente todos os países do mundo. Estima-se, segundo projeções, que em meados de 2030 a população mundial de idosos ultrapasse a marca de um bilhão de pessoas, sendo que 75% deste contingente estará localizado em países subdesenvolvidos.
O Brasil que envelhece e o Idoso que aparece “Qualquer que seja a sua idade, o coração de cada um abriga o interesse pelo milagre e pelo inabalável desafio que se sente frente aos acontecimentos, pela busca persistente e infantil pelo elemento surpresa no futuro, pela alegria, e pelo jogo da vida”. Douglas Macarthur 4. O Brasil na Era do Envelhecimento: uma Nova Realidade Diante de Velhos Problemas O Brasil está entre aqueles países que apresentaram nos últimos anos um dos mais altos índices de crescimento da população idosa. Conforme já mencionado anteriormente, estima-se que nosso país possa abrigar a 6 a maior população idosa do mundo em meados de 2025. Por um lado podemos comemorar, uma vez que tal índice reflete uma possível melhoria das condições de vida da maioria da população, o que fez aumentar a expectativa de vida no país. Por outro lado, a realidade nos mostra uma situação caótica, onde a população idosa cresce em descompasso com a proteção social que lhe seria devida, criando um cenário de exclusão, pobreza e abandono para este segmento. 73 Podemos tomar como exemplos iniciais a situação de completa desestruturação enfrentada pelo sistema de previdência pública, e o quadro crítico dos sistemas de saúde, que afeta com grande intensidade a população idosa dependente deste serviço, dado sua maior vulnerabilidade inerente à sua idade avançada. Esta situação, porém, não ficou sem resposta. Nos últimos anos o idoso mereceu uma atenção especial por parte das políticas públicas, processo resultante do reflexo
da mobilização mundial sobre estas questões, sobre as quais o Brasil não poderia ficar de fora. Este processo culminou com a promulgação do Estatuto do Idoso no final de 2003. Devemos entender o quadro atual de nosso país como um momento em que já foi dado o primeiro passo rumo a uma política eficiente de proteção à população idosa. Resta ainda um longo caminho, que consiste em efetivar e consolidar para todo o segmento idoso as garantias sócio-jurídicas já implementadas. Acreditamos que o maior entrave a consolidação de uma vida digna à população idosa consiste nas deficiências institucionais existentes no país, que inviabilizam a aplicação efetiva das leis e das garantias sociais.
Estrutura familiar
O Ipea apontou que, conforme dados do PNAD de 2009, 63,8% das famílias, independentemente da raça, são formadas por casais com filhos. Dentre as famílias formadas por pessoas brancas, 12,5% são de casais sem filhos e 4,6%, de mulheres sozinhas. Avaliando-se as famílias negras, os índices ficam em 9,5% e 3,7%, respectivamente.
E há mais mulheres sozinhas morando com os filhos dentre os negros: elas representam 17,7% do total da estrutura familiar de sua raça no país. Dentre as famílias brancas, elas são 14,3%.
A análise percebeu aumento da contribuição das mulheres nas rendas das famílias, o que ocorreu nos dois grupos populacionais, conforme comparação entre os dados do PNAD de 1999 e 2009. Entre as brancas, essa participação passou de 32,3% para 36,1% e entre as negras, o aumento foi de 24,3% para 28,5%.
Também aumentou a proporção de mulheres negras ocupadas que se dedicavam aos afazeres domésticos em 2009 – elas representavam 91% do total. Um número semelhante de mulheres brancas que trabalham cuidam do lar: são 88,1%. Dentre os homens, a situação se inverte. São os brancos que ajudam mais no trabalho de casa (50,6%), contra 48,5% dos maridos negros.
Envelhecimento
Conforme o Ipea, a população de negros com 60 anos ou mais no total da população representa 9,7% dentre os negros e 13,1% entre os brancos. Na população idosa negra, a cada 100 mulheres, já 88 homens.
Já entre os brancos, a relação apontada foi de 75 homens para cada 100 mulheres.
Apesar de não estar envelhecendo tão rapidamente quanto os brancos, os negros conseguiram aumentar sua participação no recebimento monetário de seguridade social. Em 2009, pelo menos 77,3% da população negra tinha direito a benefício – dentre os brancos, a abrangência é de 78,3%, chegando a um total de 16,6 milhões de idosos.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino
fonte:revistamarieclaire.globo.com/www.inesc.org.br