UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

“Revolta da Vacina”

Como começou:
O início do período republicano no Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. O motivo que desencadeou isso foi à campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.


Desde meados do século XIX a febre amarela e a varíola se tornaram endêmicas no Brasil. Os médicos tentavam identificar as for, mas de transmissão e tratamento das doenças que, pouco a pouco se tornavam o grande problema de saúde pública do país. Mas a políticas sanitárias não escaparam da lógica racial que orientava muitas decisões governamentais. Foi o que se notou, por exemplo, em relação ao controle da febre amarela. Entre 1850 e 1904, essa doença vitimou no Rio de Janeiro principalmente a população branca, em especial imigrante estrangeiros. Essa grande incidência de estrangeiros acometidos com a febre amarela desencorajava a imigração europeia. Por isso acabar com ela virou prioridade dos sanitaristas. Já a tuberculose, que fazia mais mortes entre os negros, não teve a mesma atenção. Além disso, o número de vítimas das epidemias reforçava a ideia de que o Brasil era um país insalubre. O clima quente e as precárias condições de higiene comprometiam ainda mais as expectativas de que “grandes levas de europeus viessem depurar” o sangue brasileiro, como lamentou um político da época. Ou seja, o projeto nacional de embranqueci mento podia sucumbir diante das epidemias. Algo precisava ser feito para barrar a proliferação das doenças e garantir uma nação branca e civilizada, julgavam os governantes. Atentos à gravidade do problema, os médicos discutem sobre as formas de contágio e testavam diversos tratamentos, inclusive a extinção dos mosquitos e o isolamento dos doentes Os médicos higienistas estavam crentes de que eram nas habitações coletivas de gente negra e pobre, mais precisamente nos cortiços do centro da cidade, que as epidemias surgiam e se disseminavam. A estrutura das casas e as supostas propensões dos moradores a uma vida viciosa e anti-higiênica lhes pareciam sérias ameaças à saúde pública. “““ “““ Por isso os cortiços eram regularmente visitados pelos” mata-mosquitos” que, acompanhados por policiais, se encarregavam de desinfetar casas, limpar ruas, exigir reformas e demolições, além de identificar e remover doentes. Não é preciso dizer que esse era um expediente muito mal recebido pelos moradores, que tinham a sua vida doméstica ostensivamente vigiada e revirada, além de correr o risco de ficar sem casa por ordem médica. Eram as teorias raciais ganhando terreno entre os administradores e o preconceito racial moldando as políticas públicas na maior cidade do país na época.

Situação do Rio de Janeiro no início do século XX

No ano de 1902, o presidente da República, o paulista Rodrigues Alves, concedeu amplos poderes ao prefeito da capital federal, Pereira Passos, com fins de promover uma reforma urbana na cidade do Rio de Janeiro. As obras foram finalizadas em 1906. O principal objetivo dessas reformas era sanar os graves problemas urbanísticos (como ruas estreitas e malcheirosas e a inexistência de um sistema de esgotos) e eliminar por completo das partes centrais da cidade os cortiços.
Os políticos brasileiros estavam preocupados com a imagem internacional que a capital federal ofertava aos investidores estrangeiros e com a péssima condição sanitária vivida pela população, sempre atingida por epidemias de dengue, tuberculose e principalmente pelas epidemias de febre amarela e varíola. Assim, o governo resolveu combater as doenças que atingiam a população da cidade do Rio de Janeiro.

Para entender melhor e ver como andavam as coisas no Rio, na virada do século 19 para o 20. Na época, a maioria dos moradores tinha motivos de sobra para reclamar da vida em geral e do governo em particular. Faltava tudo, desde empregos até esgoto, saneamento básico e moradia. Cerca de 50% da população vivia de bicos ou serviços domésticos, se não era simplesmente desocupada. O censo de 1890 mostrou que havia 48,1 mil pessoas de “profissão desconhecida” ou desempregada – quase 10% do total de habitantes.

Capital da recente república do Brasil, o Rio era a cidade para onde todos se mudavam: ex-escravizados libertados em 1888, imigrantes europeus em busca de emprego, desertores e excedentes das Forças Armadas e migrantes das fazendas de café, que não iam lá muito bem das pernas. Entre 1872 e 1890, a população do Rio passou de 266 mil para 522 mil pessoas. Não havia emprego para todos e a maioria se virava como podia: carregava e descarregava navios, vendia tranqueiras, fazia pequenos serviços. É claro que ainda havia entre eles ladrões, prostitutas e trambiqueiros.


Toda essa turma – que as autoridades chamavam de ralé, malandros ou desocupados, mas que também se pode chamar de pobres, ou, simplesmente, de povo – se acotovelavam nos cortiços. Essas habitações coletivas, além de ser uma opção barata de moradia, tinham boa localização: ficavam no centro da cidade. A mais famosa delas, conhecida como Cabeça de Porco, no número 154 da Rua Barão de São Félix, chegou a ter 4 mil moradores. “As autoridades consideravam os cortiços antros de doenças e de pouca-vergonha. Para a mentalidade da época, que, aliás, não mudaram muito, as moradias pobres abrigavam as classes perigosas, sujas, de onde saíam às epidemias e toda sorte de ruindade”, diz o historiador Sidney Chalhoub, da Unicamp, autor de Cidade Febril: Cortiços e Epidemias na Corte Imperial.

A capital à época tinha a alcunha de “túmulo de estrangeiros”, em virtude das mortes dos que visitavam a cidade, o que impedia investimentos estrangeiros e a vinda de maquinário e força de trabalho. Frente a isso, uma campanha sanitária foi realizada para evitar as epidemias e garantir os investimentos necessários para iniciar o desenvolvimento capitalista, já que era necessária uma força de trabalho que estivesse viva para trabalhar nas máquinas.

Havia constantes epidemias de peste bubônica, febre amarela, varíola, sarampo, tuberculose, escarlatina, difteria, coqueluche, tifo, lepra, entre outras. Para tentar sanar esta situação, o presidente Rodrigues Alves nomeou o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz para resolver a situação. Este pediu liberdade de ação para executar sua proposta de saneamento, no que foi atendido. O resultado foi à arbitrariedade e o autoritarismo na política sanitária sobre a população pobre, principalmente da área central da capital.


O primeiro passo foi combater a peste bubônica. Sabendo que o principal vetor de transmissão da doença eram as pulgas dos ratos que infestavam a cidade, Cruz criou uma brigada de 50 homens que percorriam a cidade espalhando raticidas e ordenando a recolha de lixo. Criou ainda o cargo de “comprador de ratos”, um funcionário do Estado que pagava 300 réis por cada rato levado pelos moradores. Esta campanha obteve sucesso e apoio da população.

Os jornais, da época carregados de preconceitos, incansavelmente, exigiam que fossem tomadas providências contra o que denominavam de “antros de imundície e desordem”. Julgava-se ser fundamental distanciar, social e geograficamente, essa população do centro da cidade, que também era o palco das decisões políticas nacionais. Quando, em janeiro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, o cortiço conhecido por Cabeça de Porco foi destruído os jornalistas elogiaram a ação do prefeito Barata Ribeiro, jornalistas, médicos, políticos e a polícia enxergaram naquela demolição um investimento na saúde e na segurança pública, e ficaram indiferentes à sorte dos moradores negros e pobres.

A população negra e pobre da época era " A classe perigosa"...

Ali estavam as “classes perigosas”, como se referiam na época os médicos aos pobres, em geral negros egressos da escravidão ou descendentes de escravos. No mais, as demolições também facilitavam a reorganização do traçado urbano com a abertura de grandes avenidas, como a Rio Branco. Ao seu modo, a população lidava com as mudanças. Foi às pessoas expulsas de cortiços, como o Cabeça de Porco, que passaram a habitar os morros, criando as favelas visto que esse moradores foram expulsos dos cortiços.

Nesse clima, e diante deste quadro, pode-se considerar que, se a missão dos higienistas era dar fim às frequentes epidemias, as maneiras e argumentos que conduziam as ações da saúde pública tinham por alvo preferencial as denominadas “classes perigosas”. A notícia de que todos deveriam tomar a vacina explodiu como uma bomba. Sem qualquer esclarecimento sobre a eficácia da vacinação, a população sabia apenas que brigadas de vacinadores, acompanhadas por policiais armados, teriam autorização para violar residências, vacinar as pessoas e prender os que se recusassem a tomar à danada. Até mesmo Rui Barbosa, considerado o sujeito mais inteligente (e empolado, diria eu) do país, declarou que ninguém teria o direito de contaminar o próprio sangue com um vírus. Imaginem então o que achava a população mais pobre e afastada da educação formal. Àquela época, o próprio princípio da vacinação era polêmico.

Se liga que: Que não é difícil entender por que o povo ficou contra a vacina. Pela lei, os agentes de saúde tinham o direito de invadir as casas, levantar os braços ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e, com uma espécie de estilete (não era uma seringa como as de hoje), aplicar a substância. Para alguns, isso era uma invasão de privacidade – e, na sociedade de 100 anos atrás, um atentado ao pudor. Os homens não queriam sair de casa para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam visitadas por desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a vacina funcionava. A maioria achava, ao contrário, que ela podia infectar quem a tomasse. O pior é que isso acontecia. “A vacina não era tão eficaz como hoje”

A população negra de origem africana representava uma grande parcela da população da capital federal. Segundo o historiador Sidney Chalhoub (1996), para a população negra, adeptos das religiões de matrizes africanas, a varíola era uma doença sagrada, que não podia ser combatida da maneira como os governantes estipularam, com a vacinação. Dentro do universo simbólico das religiões africanas, a varíola e outras doenças seriam combatidas pelo orixá Omulu.

Para piorar a situação, a vacinação obrigatória somente acentuou a revolta da população, que já estava descontente com as reformas urbanas. A partir do momento em que a sociedade ficou sabendo que a vacina era feita do próprio vírus da varíola, passou-se a acreditar que o governo queria acabar com a população pobre, envenenando-a com a doença. Outra ação contrária à vacinação teve início quando vários homens não permitiram que os funcionários públicos segurassem o braço de suas esposas e filhas para aplicação do medicamento.
Em protesto, milhares de pessoas enfrentaram as forças da polícia, do Exército e da Marinha,

um grupos de estudantes sairam às ruas convocando a população a resistir à vacina. Foi o primeiro ato público10 de novembro de uma série só encerrada no dia 17 de novembro. Foram dias de caos: queima de bondes, barricadas e saques se multiplicaram. Durante uma semana a violência imperou nas ruas do Rio de Janeiro No dia 16, a cidade estava em estado de sítio, enquanto batalhões militares vindos de Minas Gerais e São Paulo tentavam restabelecer a ordem. No bairro da Saúde os manifestantes pareciam dispostos a prolongar os confrontos. Bondes apedrejados pedras arrancadas do calçamento, postes derrubados, garrafas colchões e lampiões espalhados por toda parte davam a dimensão da trincheira da Saúde. Era na Saúde que se concentrava grande parte da população migrante nacional, principalmente vinda do Nordeste para o Rio de Janeiro. Tratava-se da área antiga da cidade, próxima ao cais do porto, onde havia funcionado o grande mercado de escravos do Valongo. No começo do século XX, a reforma na zona portuária atingiu diretamente os moradores do bairro, que viram grande parte das casas destruídas para dar lugar a uma avenida.

Com tantas insatisfações e conflitos causados pela reforma urbana e pela vacinação obrigatória contra a varíola, no dia 13 de novembro de 1904, um levante populacional ergueu-se no centro do Rio de Janeiro e nos bairros da Tijuca, Gamboa, Botafogo, Catumbi, Engenho Novo, entre outros. Esses lugares se transformaram em verdadeiros campos de batalha: a população incendiou vários bondes, diversos lampiões de gás (iluminação pública) foram quebrados e várias barricadas foram construídas nas ruas.

O governo, para controlar a desordem social, atacou a população com bombardeios efetivados pela Marinha e ataques realizados pelo Exército. Ao final dos conflitos, aproximadamente 30 pessoas morreram, 110 ficaram feridas e 945 foram presas. Com o fim da Revolta da Vacina, no dia 16 de novembro de 1904, o governo revogou a obrigatoriedade da vacinação contra a vacinação

Líder da barri cadeira fichado na polícia o Malandro e capoeira
Horácio José da Silva, ou Prata Preta, que comandou mais de 2 mil pessoas na barricada de Porto Arthur, era um “capoeira”, termo genérico usado pela polícia para classificar alguém que além de ser exímio lutador costumava ser preso por ficar bêbado na rua, incomodar as mulheres e provocar brigas. Prata Preta tinha cerca de 30 anos, era um negro alto, forte e “dotado de boa saúde”, segundo sua ficha na polícia, que o considerava um dos maiores desordeiros do Rio. Morava no centro da cidade e vivia de bicos. Durante os quebra-quebras de 1904, Prata Preta ficou famoso na cidade toda, por ser o mais incansável dos rebeldes.

Os policiais tinham medo dele. Prata Preta ficava nos lugares mais perigosos das barricadas, onde ninguém se atrevia a lutar, e atacava sem parar os soldados. Ele usava dois revólveres, uma navalha e uma faca. Consta que chegou a matar um soldado do Exército durante um ataque a Porto Arthur. Ele foi um dos primeiros a ser preso quando a cidadela improvisada caiu, e quase foi linchado pelos soldados, tal o ódio que tinham por ele. Mesmo no meio da confusão ele não parou de lutar, e teve que ser metido numa camisa-de-força para não colocar a central de polícia em polvorosa. Prata Preta parou de circular pelas ruas do Rio no fim de 1904, quando foi deportado para o Acre, o “fim do mundo”, e nunca mais se ouviu falar dele...


"Tiros, gritaria, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz" (Gazeta de Notícias, 14 de novembro de1904).”

O saldo da Revolta da Vacina não é preciso, mas cerca de 30 pessoas morreram 100 ficaram feridas e 1000 foram presas. Metade dos presos foi enviada ao Acre para realizarem trabalhos forçados.

Os motivos para a revolta foram vários. O governo em nenhum momento realizou uma campanha de informação sobre a necessidade da vacinação. Apenas iria obrigar as pessoas a se vacinarem. As preocupações iam desde preceitos morais, como a suposta necessidade das pessoas se despirem para ser vacinadas, quanto sofrerem mutações por receberem no corpo a vacina. Porém, o principal problema era que a campanha sanitária foi utilizada como argumento para retirar do centro da capital a população pobre, expulsando-as para as áreas periféricas e morros, com o objetivo de “embelezar” a capital mais o estopim foi expulsão dos moradores de seus cortiços e não foram dados nenhuma outro local para morar com suas famílias. De forma autoritária, o governo utilizava de um discurso de melhoria da saúde da população para moldar o espaço urbano de acordo com o interesse das classes dominantes, segregando o restante da população.

Os resultados na saúde foram positivos. As doenças foram controladas ou erradicadas, como é o caso da varíola, em que não há mais registros de sua ocorrência no mundo. Criou-se
ainda o Instituto Oswaldo Cruz, referência na área de saúde no Brasil. Mas também intensificou a favelização no Rio de Janeiro e a exclusão da população pobre e explorada de amplos espaços urbanos, o que durante todo o século XX dificultou o acesso às mínimas condições de saneamento básico.

A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil





Um afro Abraço.
Claudia Vitalino.
Fonte:Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que Não Foi. José Murilo de Carvalho, Companhia das Letras, 1987 - Retrato delicioso sobre o Rio de janeiro da belle époque/Cidade Febril: Cortiços e Epidemias na Corte Imperial. Sidney Chalhoub, Companhia das Letras, 1996 - Estudo sobre a relação entre as reformas urbanísticas e as epidemias no início do século 20A Revolta da Vacina: Mentes Insanas em Corpos Rebeldes. Nicolau Sevcenko, Brasiliense, 1994 - Obra que se dedica à análise das causas da revolta/Oswaldo Cruz: A Construção de um Mito na Ciência Brasileira. Nara Brito, Fiocruz, 1995 - A autora, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, faz um perfil do maior sanitarista brasileiro/a enciclopédia livre BOMFIM, Manoel. O Brasil na América. 2ª ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1987./CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados – o Rio de Janeiro e a República que não foi/São Paulo: Companhia das Letras, 1987.CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São PauloCompanhia das Letras, 1996.CUNHA, Euclides da Cunha. Os Sertões (várias edições).GUIMARÃES, Antônio Sérgio. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Fapesb;Editora 34, 1999.SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças – cientistas, instituições e questãoracial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.VILLA, Marco Antonio. Canudos: o povo da terra. São Paulo

O humano é africano...

Nem branca, nem negra, amarela ou vermelha; apenas a  raça a humana...
A evolução
No século 18, o botânico sueco Carl von Linné criou o sistema de classificação dos seres vivos – ainda hoje utilizado – e estabeleceu o nome científico de Homo sapiens para a espécie humana. Mas, sem contrariar o pensamento dominante na época, dividiu a humanidade em subespécies de acordo com a cor da pele, o tipo físico e pretensos traços de caráter: os vermelhos americanos, “geniosos, despreocupados e livres”; os amarelos asiáticos, “severos e ambiciosos”; os negros africanos, “ardilosos e irrefletidos”; e os brancos europeus, “ativos, inteligentes e engenhosos”. Essa classificação da diversidade humana em “grandes raças” não só foi totalmente aceita como também serviu de base para classificações futuras, que alteravam a de Linné e oscilavam entre uma variedade que ia de três a 400 raças.

No século 19, as descobertas arqueológicas destruíram explicações simplistas para a origem do homem na Terra, a origem do planeta que habitamos. Em A origem das espécies, Charles Darwin formulou a teoria da mutação das espécies. Observou que, por meio da mutação, as espécies se adaptam ao meio natural, geram criaturas diferentes de si mesmas e dão origem a novas espécies. Concluiu, então, que algumas espécies se extinguiam dando lugar a outras: esse processo seria o da seleção natural. Mais tarde, Darwin estendeu essa teoria para o surgimento do homem, classificando-o como descendente dos antropóides. A comunidade científica e outros setores da sociedade opuseram-se a essa conclusão, pois não podiam

admitir que o homem branco, “superior”, descendesse de macacos. Na verdade, sabe-se hoje que o homem é parente do macaco e não seu descendente. As descobertas de Darwin foram muito importantes, mas não definitivas, pois as pesquisas continuam, lançando sempre novas luzes sobre as origens do homem

- É interessante se observar como, ao longo da história, as políticas racistas nunca deixaram de pedir à ciência que legitimasse sua hierarquização social, seus preconceitos e exclusões. Muitos foram os cientistas que prontamente se puseram a conceber teorias, instrumentos de medição, critérios e teses que supostamente definiam as características das diferentes “raças” humanas e formulavam a base de sustentação de uma série de eventos que marcaram a história do homem, da expansão colonial europeia ao apartheid sul-africano, do segregacionismo norte-americano ao nazismo.

Nos últimos anos, a palavra raça, aliás, desapareceu discretamente dos livros escolares e as antigas classificações foram desacreditadas. Isso aconteceu graças às descobertas da paleontologia, da genética, da etnologia. Mesmo assim, ainda existem alguns pesquisadores isolados que professam a existência de raças. Quando, em 1994, os psicólogos Charles Murray e Richard Herrnstein publicaram nos Estados Unidos The bell curve, com 800 páginas de gráficos e análises que “demonstravam” que o QI de negros era inferior ao dos brancos, a obsessão racista que inspirou o livro não deixou margem para dúvidas. Seu objetivo político foi claramente percebido: abolir os programas sociais, colocados em prática há 30 anos por Washington, em favor dos mais pobres.

O que se pergunta, nos dias de hoje, é se um cientista pode se interessar por “raças” humanas sem procurar demonstrar sua desigualdade. Na verdade, cada um de nós tem sua
própria definição do termo, assim como os ideólogos do racismo sempre encontram defensores para proclamar que o “politicamente correto” é cientificamente incorreto.

A mais antiga espécie de hominídeo foi o Australopithecus, que surgiu no sul da África há cerca de 3 milhões de anos. Este nosso provável ancestral tinha algumas características semelhantes ao homem moderno e criou o primeiro instrumento. Quando um dos nossos ancestrais passou a andar sobre os dois pés, ficou com as mãos livres para fazer e usar objetos. O trabalho com as mãos foi sofisticando a sua capacidade de manipular, estimulando o crescimento do seu cérebro e a sua capacidade intelectual e dotou-o de cultura, diferenciando-o dos animais.

A expansão
O homem começou a se diversificar muito cedo, lá pelos 2,5 milhões de anos, quando saiu de seu lugar de nascimento, a África oriental. Ele se propagou através de todo o mundo antigo, isto é, África, Europa e Ásia. Mas as glaciações produziram dois isolados pontos geográficos: a Europa, na qual o norte foi inteiramente recoberto por glaciares; e a Indonésia, que era unida ao continente asiático e dele foi separada no final das glaciações. Esses dois isolamentos levaram a um “derivado genético” e moldaram dois grupos: oPitecantropo na Indonésia e o homem de Neandertal na Europa, muito diferentes anatomicamente de nosso ancestral, o homem moderno que já vivia algures. Este, o Homo sapiens sapiens, há 500 mil anos expandiu suas fronteiras em todas as direções, a partir de uma segunda onda de povoamento na Europa, na Ásia, na Austrália e na América.

Segundo o paleontólogo Yves Coppens, diretor do Laboratório de Antropologia do Museu de História Natural de Paris, “o Neandertal e nosso ancestral, o Cro-Magnon, ao que se sabe constituíram na Europa duas raças distintas. Mas ainda não sabemos se essas populações se ‘inter-fecundaram’, isto é, se geraram descendência fecunda. Também não sabemos se o homem deNeandertal, desaparecido há uns 30 mil anos, como o pitecantropo indonésio, se fundiu com a população de Homo sapiens, ou se extinguiu.”

Para o paleontólogo, “talvez seja essa a única questão sobre raça que hoje interessa à ciência. Em um século de descobertas, vimos se delinearem outras fronteiras no seio da humanidade. Se retomarmos o sentido zoológico do termo – uma subespécie diferenciada mas que se
‘inter-fecunda’ com outras subespécies –, não existe na superfície da terra senão uma única ‘raça’ humana conhecida, a do Homo sapiens sapiens.”

A pesquisa paleontológica e seu prolongamento antropológico tentam estabelecer, dentre outras coisas, quais são as filiações, os laços de parentesco que unem esses humanos. Mas,
para Pierre Darlu, geneticista no Laboratório de Epidemiologia Genética de Paris, “todas as classificações tentadas até hoje tiveram como ponto comum a ocultação do caráter evolutivo do homem”.

André Langanney, diretor do Laboratório de Antropologia biológica do Museu do Homem, Paris, acredita que “existem dois conceitos diferentes de ‘raça’ humana: um inclui as particularidades imediatamente perceptíveis entre os indivíduos (língua, cultura, aparência física), devido às diferenças de suas populações de origem; outro é o conceito ‘científico’, igualmente empírico, aquele que foi estabelecido por Linné no século 18, o das quatro raças. Essa formulação foi contestada, algumas décadas mais tarde, pelo filósofo alemão Johann Gottfried Herder, que afirmava não existirem ‘nem quatro nem cinco raças humanas’, ao contrário, havia a continuidade da variação nas populações”.

Uma só espécie
Dizer, hoje em dia, que existem raças humanas, implica em demonstrar a existência de grupos distintos, possuidores de traços “comuns” entre si e de particularidades que não se encontraram em nenhum outro grupo. É claro que entre um senegalês, um cambojano e um italiano existem, evidentemente, diferenças físicas visíveis: cor da pele e dos olhos, tamanho, textura dos cabelos etc. Mas hoje em dia já sabemos que o patrimônio genético dos três é extremamente próximo. A descoberta dos grupos sanguíneos, da variação das enzimas, das sequências de DNA, dos anticorpos e tantas outras, puseram em evidencia o parentesco dos homens entre si, assim como sua extraordinária diversidade. Uma combinação de genes, frequente numa população e rara em outra, é, assim mesmo, potencialmente presente em toda parte.

A comprovação se deu em 2002, quando uma equipe de sete pesquisadores dos Estados Unidos, França e Rússia comparou 377 partes do DNA de 1056 pessoas originárias de 52 populações de todos os continentes. O resultado mostrou que entre 93% e 95% da diferença
genética entre os humanos é encontrada nos indivíduos de um mesmo grupo e a diversidade entre as populações é responsável por 3% a 5%. Ou seja, dependendo do caso, o genoma de um africano pode ter mais semelhanças com o de um norueguês do que com alguém de sua própria cidade na África! O estudo também mostrou que não existem genes exclusivos de uma população, nem grupos em que todos os membros tenham a mesma variação genética.

Muitas diferenças
Na sua longa evolução até atingir a sua forma humana final, nosso ancestral foi se adaptando fisicamente às condições ambientais. Perdeu os pelos do corpo, provavelmente há pouco menos de 2 milhões anos, por que começou a fazer longas caminhadas e precisava esfriar o
corpo. Sem pelo, ficou com o corpo exposto e as células que produziam melanina se espalharam por toda a pele. A mudança na coloração da pele foi descoberta em 1991pela antropóloga Nina Joblonski, da Academia de Ciências da Califórnia, Estados Unidos, ao encontrar estudos que mostravam que pessoas de pele clara expostas à forte luz solar tinham níveis muito baixos de folato. Como a deficiência dessa substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna em seus filhos, e como o folato é essencial em atividades que envolvam a proliferação rápida de células, tais como a produção de espermatozóides, a antropóloga concluiu que nos ambientes próximos à linha do Equador, a pele negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo, garantindo assim a descendência sadia. Para provar suas teorias a respeito de cor da pele, Nina Joblonski usou um satélite da NASA e criou um mapa de padrões de radiação ultravioleta em nosso planeta, mostrando que o homem evoluiu com diferentes cores de pele para se adaptar aos diferentes meio-ambientes.

Assim, o homem saiu da África e chegou à Ásia, e de lá foi para a Oceania, a Europa e por fim para a América. Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear demais os raios ultravioleta, sabidamente nocivo mas essencial para a formação da vitamina D, necessária para manter o sistema imunológico e desenvolver os ossos. Por isso, as populações que migraram para regiões menos ensolaradas desenvolveram uma pele mais clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta. Portanto, a diferença de coloração da pele, da mais clara até a mais escura, indicaria simplesmente que a evolução do homem procurou encontrar uma forma de regular nutrientes.

Racismo científico
A noção de raça foi desacreditada pelos biólogos que, bem antes de 1960, determinaram a variabilidade genética nos grupos humanos. Mas um grande número de antropólogos continuaram, até os anos 1970-1980 (um século depois dos trabalhos antropométricos do neurologista e antropólogo francês Paul Broca, que deu origem à disciplina), a aplicar os
cânones descritivos e classificadores herdados da era colonial. Eles acreditavam em raça, um conjunto de traços físicos e psicológicos distintos, hereditários.

No século19, apartir de pseudo-medições de crânios, afirmava-se que os negros da África e os australianos eram “naturalmente” inferiores aos europeus. O fisiologista alemão Friedrich Tiedemann demonstrou, nos anos 1830, que o tamanho do cérebro dos homens negros era equivalente ao dos brancos. Mas como era abolicionista, foi tachado de “preconceituoso sentimental”.

O “racismo científico” data dessa mesma época. As idéias reformistas dos iluministas professavam a tese de uma grande corrente ininterrupta ligando os povos da terra. Os “selvagens” eram considerados aperfeiçoáveis, pois a humanidade caminharia num movimento conjunto em direção à “civilização”.

Claude Blanckaert, historiador da ciência no Museu Nacional de História Natural, Paris, acredita que “a teoria das raças demonstra que a ciência jamais é neutra. A tese da grande corrente tornou-se, com o tempo, uma escala rígida de raças, dominada pelos europeus.”.

A partir de 1860, as ciências naturais e pré-históricas concordam que o homem tem uma história bem mais antiga do que se supunha até então. Mas as teorias se adaptam às idéias darwinistas: ao se admitir que as raças são diferentes quase desde a origem da humanidade, sugere-se que certos povos foram submetidos a uma “interrupção de desenvolvimento”.

No século 20, as mitologias nacionalistas foram dominadas pelos clichês, tudo para justificar as políticas colonialistas. O auge desse pensamento foi a ideologia da raça
“ariana”, uma tremenda enganação científica, que justificava a eliminação da “anti-raça”, o judeu.

O século 21 fez sua estréia sob a sombra da divisão entre o bem, simbolizado por povos ocidentais (americanos e europeus) e o mal, personificado pelos povos do oriente. Que as idéias racistas não criem mais nenhuma explicação “científica” para provar mais nada!
Um afro abraço.


fonte:Temporarily Unavailable/UNEGRO-FORMAÇÃO

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Outubro Rosa: Acesso aos exames de mama mulheres negras e brancas...

Outubro Rosa, mês de mobilização pelo acesso das mulheres aos exames de mama, que estão incluídos o clinico das mamas e a mamografia, no entanto a realização destas exames é precário para todas as mulheres no Pais, sendo que as mulheres negras do norte- nordeste são as que mais sofrem com essa impacto.

“Outubro Rosa” – A campanha “Outubro Rosa” foi criada na cidade de Nova York, EUA, no inicio da década de 90, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, com a distribuição de laços em cor de rosa à população para conscientizá-la sobre a prevenção do câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce, e expandiu-se por todo o mundo. O laço tornou-se o símbolo deste movimento que, anualmente no mês de outubro, as cidades aderem à cor de rosa iluminando locais públicos e/ou históricos, entrando no clima do movimento, em apoio à luta contra o câncer de mama e colo de útero. 


O câncer de mama.
Câncer de mama é o segundo tipo mais comum de câncer entre as mulheres, depois do câncer de pele. Enquanto as mulheres brancas são ligeiramente mais propensas a ter câncer de mama do que as mulheres negras, as mulheres negras, são mais propensos a morrer de câncer de mama, segundo a Sociedade Americana do Câncer, porque elas são mais propensas a desenvolver câncer de mama mais agressivo. Mas por que isso ocorre ainda não está claro para os pesquisadores ele é uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, que forma um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns se desenvolvem rapidamente, outros não.

Tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano.
Em 2015, para o Brasil, são esperados 57.120 casos novos de câncer de mama. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, esse tipo de câncer é o mais frequente nas mulheres das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Na região Norte, é o segundo mais incidente.Existe tratamento para câncer de mama, e o Ministério da Saúde oferece atendimento por meio do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Localização primáriacasos novos%Localização primáriacasos novos%
Próstata68.80022,8%Mama Feminina57.12020,8%
Traqueia, Brônquio e Pulmão16.4005,4%Cólon e Reto17.5306,4%
Cólon e Reto15.0705,0%Colo do Útero15.5905,7%
Estômago12.8704,3%Traqueia, Brônquio e Pulmão10.9304,0%
Cavidade Oral11.2803,7%Glândula Tireoide8.0502,9%
Esôfago8.0102,6%Estômago7.5202,7%
Laringe6.8702,3%Corpo do Útero5.9002,2%
Bexiga6.7502,2%Ovário5.6802,1%
Leucemias5.0501,7%Linfoma não Hodgkin4.8501,8%
Sistema Nervoso Central4.9601,6%Leucem

Estamos comemorando a Década Internacional de Afrodescendentes, em que as Nações Unidas vão focar no desenvolvimento e promoção de ações voltadas para esta população em todo o mundo, uma instituição brasileira quer expor uma visão ainda pouca abordada sobre o racismo: como as mulheres negras percebem a influência em tod@s os espaços e principalmente, o que na saúde.

Com o objetivo geral de promover a saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), o desafio é de fato colocar em prática as premissas que regem o Plano, que reconhece o racismo, as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional como determinantes sociais e condições de saúde.

A Política Nacional, que pode diminuir disparidades raciais na saúde, é pouco difundida. Existe a discriminação institucional, quando profissionais da área não estão preparados para atender a população negra ou até são preconceituosos, levando à diferenças e desvantagens no tratamento devido à raça

De acordo com o IBGE a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio - Suplemento saúde (2008) apresentou esse quadro de desigualdades. Podemos observar nas figuras abaixo como o processo das desigualdades raciais no acesso aos serviços de saúde permanece em todas as regiões do País. As figuras revelam as mulheres que nunca realizaram o exame clinico das mamas e a mamografia. E são as mulheres pretas e pardas do norte e nordeste
 que tem o maior percentual das que nunca realizaram tanto o clínico, quanto a mamografia.

Só para recordamos, o exame clínico das mamas deve ser realizado, obrigatoriamente, todos os anos em mulheres de 40 a 49 anos, no entanto, ao realizar o exame físico, os/as profissionais de saúde, especificamente médico/a e enfermeira/o devem fazer como o cuidado integral a mulher. Já as mulheres pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama devem fazer exame clínico e mamografia anual a partir dos 35 anos. Para rastreamento, a recomendação é a realização de mamografia na
faixa de 50 a 69 anos, com intervalo de até dois anos


Se liga:   "Câncer de mama: risco de mulheres negras é maior antes dos 40 anos"
Entre 5% e 10% das mulheres têm câncer de mama por conta do fator hereditariedade. São genes anormais que passam de mãe para filha, sendo formados por DNA (ácido desoxirribonucleico) – material que contém instruções para a síntese de proteínas e sua replicação.


As proteínas, por sua vez, controlam a estrutura e o funcionamento de todas as células que formam o corpo humano. Sendo assim, qualquer anormalidade no DNA leva a um crescimento desordenado das células .
Estudo publicado no jornal Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention revela uma mutação genética que acomete famílias afrodescendentes. Especificamente, mulheres negras têm mais chances de serem diagnosticadas com câncer de mama do que mulheres brancas antes dos 40 anos.

Cientistas supõem haver mais genes anormais associados ao câncer de mama do que os conhecidos BRCA 1 e BRCA 2. Esses genes são considerados supressores de tumor. Em células normais, contribuem para a estabilidade do material genético.

Quando sofrem mutações, aumentam os riscos de a paciente desenvolver câncer de mama e

de ovário. Através de um exame de sangue periférico (comum) e do preenchimento de um questionário para testes genéticos, a paciente saberá se carrega ou não uma mutação nos genes BRCA 1 e BRCA 2.

No estudo Jewels in Our Genes, pesquisadores investigaram o DNA de mais de cem famílias afrodescendentes que desconheciam qualquer anormalidade nos genes BRCA 1 e BRCA 2. Entre as participantes havia 179 mulheres que tinham sido diagnosticadas com câncer de mama e 76 de suas irmãs, que nunca tinham sido diagnosticadas.

Os pesquisadores encontraram três regiões anormais do DNA. De acordo com Heather Ochs-Balcom, coordenadora do estudo na Universidade de Buffalo (Estados Unidos), a descoberta dessas regiões levanta a possibilidade de haver genes de câncer de mama ainda não descobertos e que estão relacionados à raça. 

Os resultados eram "muito diferentes", quando os pesquisadores compararam o número de nascimentos e amamentação entre as mulheres com câncer de receptores hormonais positivos. Mulheres que tiveram dois ou mais filhos tiveram associações mais baixas de canceres ER + / PR + .

Os pesquisadores sugerem que os esforços para incentivar a amamentação entre as mulheres negras pode ajudar a reduzir o número destes tipos de cancros mortais que afetam desproporcionalmente as mulheres negras em relação as mulheres brancas

Como as pessoas não podem mudar a genética, mulheres negras devem estar mais atentas à prevenção do câncer de mama, que inclui – além dos exames preventivos – manter um peso saudável, se exercitar regularmente, limitar o consumo de álcool, evitar gordura trans, alimentos processados, muito sal e açúcar na dieta, e não fumar.

Como esse exame permite distinguir entre as imagens verdadeiramente suspeitas e aquelas provocadas apenas por superposição de estruturas normais, uma importante vantagem é a redução do número de biópsias. Esse dado é bastante relevante, haja vista que mais e mais pacientes têm sido poupadas de procedimentos complexos que acabam gerando estresse e desgaste emocional”.

De acordo com a especialista, além de aumentar a detecção do câncer da mama, a tomossíntese possibilita a detecção de tumores menores, fato que tem implicação direta tanto na sobrevida quanto na qualidade de vida das pacientes. "Tumores menores permitem a

realização de cirurgias menos mutilantes e a um custo consideravelmente mais baixo de tratamento.
Tudo isso tem impacto na qualidade de vida da paciente e deve ser priorizado sempre que possível. Com esse exame, há melhor definição das bordas das lesões, proporcionando melhor caracterização de seu aspecto benigno ou maligno. Também é possível obter melhor detecção de lesões sutis e saber exatamente onde, na mama, a lesão está.”
“Sonho com o dia em que todos se levantarão e compreenderão que fomos feitos para vivermos como irmãos”. 

A frase de Nelson Mandela, 


Um afro abraço.


Claudia Vitalino.


fonte:MS/ documento de consenso. Brasília/CSPN/UNEGRO SAUDE/Portal Segs

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

População Negra e questões do envelhecimento...

O pertencimento racial tem importância significativa na estruturação das desigualdades sociais e econômicas no Brasil. O aceite dessa tese, apesar de ainda limitado, tem crescido no
interior da sociedade civil, sobretudo a partir dos anos 80, com o fortalecimento do Movimento Negro e a produção acadêmica de diagnósticos sociais sobre as desigualdades raciais.1 Este texto pretende apresentar um mapeamento das condições de vida da população brasileira nos anos 90, privilegiando o recorte racial de forma a servir como mais uma contribuição ao diagnóstico das desigualdades raciais no Brasil.

A população idosa brasileira
Mudanças expressivas ocorreram na população brasileira ao longo do século XXI. Essas transformações atingiram todas as regiões, todos os grupos sociais e raciais, mas em ritmo e forma diferenciada. Entre elas, recebeu atenção especial dos estudiosos a diminuição da mortalidade, seguida, no tempo, pela queda nas taxas de fecundidade. A velocidade da queda tanto da fecundidade quanto da mortalidade acarreta mudanças rápidas no ritmo de crescimento da população e na sua distribuição etária. Este trabalho descreve a trajetória da população negra e de suas componentes (fecundidade e mortalidade) comparada à branca e aponta algumas implicações para a demanda por políticas públicas. O trabalho está dividido em seis seções, sendo a primeira esta introdução. Na segunda, apresenta-se uma visão geral das tendências de crescimento dos grupos populacionais estudados e de sua composição etária. A terceira analisa o padrão da mortalidade por sexo, idade e causas; e a quarta, as mudanças nos arranjos familiares e no papel social das mulheres. Dado o envelhecimento populacional como conseqüência da dinâmica demográfica e sua importância para as políticas públicas, a penúltima seção compara este processo nos dois grupos populacionais. A sexta apresenta os comentários finais. 2 - O Crescimento Populacional e a Distribuição Etária No Censo Demográfico de 2010, 97 milhões de pessoas se declararam negras, ou seja, pretas ou pardas, e 91 milhões de pessoas, brancas. Os negros formavam, aproximadamente, a metade da população brasileira nesse ano. Conforme se pode observar pelo Gráfico 1, a população branca era maior que a negra entre 1980 e 2000. Em 2010, esta situação se inverteu. Isso pode ser decorrente da fecundidade mais elevada encontrada entre as mulheres negras, mas, também, de um possível aumento de pessoas que se declararam pardas no censo de 2010. Como resultado, a taxa de crescimento da população negra entre 2000 e 2010 foi de 2,5% ao ano e a da branca ...

Envelhecimento Populacional
O envelhecimento de uma população, considerado sob o ponto de vista demográfico, é o resultado da manutenção, por um período de tempo razoavelmente longo, de taxas de crescimento da população idosa superiores às da população mais jovem. No caso brasileiro,
isto foi resultado da rápida queda da fecundidade iniciada na segunda metade dos anos 60, que foi precedida em pelo menos 30 anos por altos níveis de fecundidade. Como se viu anteriormente, a fecundidade mais elevada da população negra implica um processo de
envelhecimento em ritmo inferior ao da população branca. A proporção de negros com 60 anos ou mais no total da sua população foi de 9,7% e a de brancos, de 13,1% em 2009. Apesar dos dois processos responsáveis pelo envelhecimento populacional terem sido muito bem recebidos, por serem resultados de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo Estado, as suas conseqüências são, em geral, vistas com preocupação por estes atores.

Se liga...
A preocupação reside basicamente na associação feita entre envelhecimento e dependência. Esta visão reconhece que o envelhecimento é um processo de perdas físicas, mentais, cognitivas e sociais, o que traz vulnerabilidades. Estas são diferenciadas por sexo, idade, grupo social, raças e regiões geográficas etc. É diferenciado, também, o momento – a idade – em que elas se iniciam. Assume-se que políticas públicas podem ter um papel fundamental na redução do seu impacto sobre o indivíduo e a sociedade. Uma das características da população idosa é a alta proporção de mulheres, explicada pela maior mortalidade masculina. Essa proporção era maior entre as brancas. Na população idosa negra, a cada 100 mulheres, havia 88 homens. Entre as brancas, a relação foi de 75 homens para cada 100 mulheres. 15 São quatro as políticas mais importantes para a população idosa: renda, para compensar a perda da capacidade laborativa – previdência e assistência social; saúde; cuidados de longa duração; e a criação de um entorno favorável – habitação, infraestrutura, acessibilidade, redução de preconceitos etc. O caso brasileiro ilustra bem como as políticas de renda têm reduzido a associação apontada pela literatura entre envelhecimento e pobreza. Os benefícios da seguridade social – previdência urbana, previdência rural, assistência social e as pensões por morte – cobriam 77,3% da população idosa negra e 78,3% da branca em 2009, ou seja, aproximadamente 16,6 milhões de idosos.5 Este percentual era praticamente igual entre homens e mulheres. Pode ser observado, no gráfico 18, que a proporção de beneficiários cresce com a idade e as diferenças entre sexos diminuem com ela. Aos 80 anos ou mais, 95,5% da população branca recebia algum benefício da seguridade social, enquanto a proporção comparável para os negros foi de 90,5%, o que permite concluir pela universalidade do sistema. 


-"Como o piso para o benefício social estabelecido pela Constituição Federal de 1988 é de um salário mínimo, uma das consequências da ampliação da cobertura da seguridade
social é a proporção menor de pobres 6 entre os idosos. Isto se verifica nos dois grupos populacionais, mas a proporção da população negra pobre, quer seja idosa ou não, é mais elevada." 

Mortalidade
Os brancos sempre foram majoritários no total da população brasileira. O Censo Demográfico de 2010 mostrou, porém, que, naquele ano, a população negra superou a branca. Foram encontradas 97 milhões de pessoas que se declararam negras, ou seja, pretas ou pardas, e 91 milhões de pessoas brancas. Isso pode ser decorrente da fecundidade mais elevada observada entre as mulheres negras, mas, também, de um possível aumento de pessoas que se declararam pardas em relação aos censos anteriores. Além da fecundidade mais elevada entre a população negra, outra diferença importante na dinâmica demográfica encontrada neste trabalho foi no perfil da mortalidade, tanto por idade quanto por causas. Os óbitos da população branca eram mais concentrados nas idades avançadas. Entre os negros, notou-se uma proporção bem mais elevada de mortes na população de 15 a 29 anos, o que pode ser explicado pelo fato da população negra ser mais afetada pelas causas externas. Isto é mais marcado entre os homens. Na população feminina essas causas não aparecem entre as cinco principais em nenhum dos dois grupos raciais. Observou-se que, entre os homens, a segunda causa mais importante na população negra foram as externas e na branca, as neoplasias. Já a terceira causa entre os negros foram as neoplasias e entre os brancos, as externas. Dentre as externas, as agressões (homicídios) foram, em 2001, as principais causas de morte tanto na população negra quanto na branca. Em 2007, apenas entre os negros os homicídios predominaram. Enquanto para os negros, elas foram responsáveis por aproximadamente 50% das mortes por causas externas nos dois anos considerados, para os brancos, a proporção comparável foi inferior a um terço. Esta proporção decresceu no período considerado e os acidentes de transporte passaram a ser responsáveis por 35,3% das mortes por causas externas entre os brancos e aproximadamente um quarto entre os negros. Diferenças também foram observadas na configuração dos arranjos familiares e no papel social da mulher. Houve um crescimento expressivo no número de mulheres chefiando domicilios. A porporção foi maior entre as mulheres negras, principalmente no caso de arranjos com filhos residentes. No entanto, o aumento foi mais expressivo entre as brancas. Esses fatores provocaram algumas mudanças nas características dos domicílios brasileiros, alterando as relações tradicionais de gênero: mulher cuidadora e homem provedor, mas, também, de forma diferenciada. Por exemplo, a contribuição das mulheres brancas no total
da renda das famílias foi de 36,1% e a das negras, de 28,5%. As mulheres negras se envolviam mais nas atividades domésticas, mesmo na condição de ocupadas, do que as brancas, o que sugere uma relação de gênero mais desigual entre as negras. Isto se verifica quando se considera tanto a proporção de mulheres ocupadas que se dedicavam a afazeres quanto o número médio de horas trabalhadas nesses afazeres. As diferenças na dinâmica demográfica por raça, descritas acima, colocam novos desafios para as políticas públicas. Um deles é o envelhecimento populacional.

Finalizando.
Percebe-se que o envelhecimento da população branca está mais avançado do que o da população negra, o que pode ser explicada pela fecundidade mais baixa do primeiro grupo. A proporção de negros com 60 anos ou mais no total da sua população foi de 9,7% e a de brancos de 13,1% em 2009. Uma das características da população idosa é a alta proporção de mulheres, explicado pela maior mortalidade masculina. Essa proporção era maior entre as brancas. Vários estudos já mostraram que o estado brasileiro conseguiu resolver, de alguma forma, a questão da renda para os seus idosos. Foi visto neste trabalho que os benefícios monetários da seguridade social abrangiam 77,3% da população idosa negra e 78,3% da branca em 2009, ou 18 seja, cobriam de forma semelhante os dois grupos populacionais. Este

percentual era aproximadamente igual entre homens e mulheres. Aos 80 anos ou mais, 95,5% da população branca recebia algum benefício, enquanto a proporção comparável para os negros foi de 90,5%, o que permite concluir pela universalidade do sistema. Uma das consequências da ampliação da cobertura da seguridade social é a proporção menor de pobres entre os idosos. Isto se verifica para os dois grupos populacionais, mas a proporção da
população negra pobre, quer seja idosa ou não, é mais elevada que a branca.


- "Por isso, é fundamental um olhar abrangente para a questão do envelhecimento não

somente da população gaúcha, mas da população idosa de todo o Brasil, que é
caracterizado também pela heterogeneidade étnica. Existem muitos fatores envolvidos no
fenótipo do envelhecimento, além do estilo de vida"...

Em resumo, a população negra predomina na população brasileira, é mais jovem, tem mais filhos, é mais pobre e está mais exposta à mortalidade por causas externas, especialmente homicídios.

Um afro abraço.

fonte:www.ipea.gov.br

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Racismo no Brasil e no mundo saindo do armário ...

O relator da ONU encarregado de avaliar a discriminação no mundo, Doudou Diène, diz que
o preconceito é cada vez maior em muitos países e que no Brasil ele está profundamente arraigado em toda a sociedade.

Se liga...
“O racismo está influenciando esse diferencial de taxa de homicídios. Não conseguimos uma metodologia que seja capaz de quantificar exatamente qual é este percentual, mas cremos, com certeza, que boa parte desse diferencial seja devido ao racismo”...
Gente nada e mais cômodo para o racista politicamente correto, que quer praticar seu racismo na frente de todo mundo, mas não quer correr nenhum risco legal ou social com isso, do que uma tragédia como a que aconteceu durante o último mês nessa infeliz Faixa de Gaza. Foi uma grande oportunidade para o crime perfeito. Como o Exército de Israel despejou sobre Gaza foguetes que destroem tudo o que encontram pela frente, incluindo gente de carne e osso, contra um restinho de terra onde 1,7 milhão de pessoas se apertam num miserável espaço de 360 quilômetros quadrados, só poderia haver um resultado: sangue, lágrimas, crianças mortas e feridas, hospitais e escolas que viram entulho, ruínas e todas as desgraças da guerra. As cenas desse horror aparecem todos os dias. Quem pode aprovar as imagens de pais e mães em desespero, carregando nos braços seus filhos ensanguentados? Ninguém que tenha um grama de compaixão dentro da alma. Entra
rapidamente em cena, a essa altura, o praticante do racismo seguro: enfia-se na armadura moral fornecida pelo sofrimento dos inocentes, e dentro dela, com toda a segurança e conforto, põe para fora suas secretas convicções raciais contra os judeus.

É claro que muitas pessoas bem-intencionadas podem manifestar sua indignação ética e política contra o bombardeio de Gaza e,(nos que participamos do FSM na Turquia, no mês de Março recebemos denuncia e vimos a barbaria) ao mesmo tempo, não carregar dentro de si nenhum traço de antissemitismo; espera-se, até, que sejam a maioria dos que criticam Israel no momento. Mas também é 100% certo que o ódio contra os judeus, seja de altos teores, seja nas modalidades light, aproveitou o escudo oferecido pelos foguetes israelenses para mostrar a sua cara no Brasil e no mundo. Trata-se de sentimentos que estão aí há 2 000 anos; podem estar anestesiados, mesmo porque não são aceitos nas sociedades democráticas, mas não vão embora. No caso, sua existência fica comprovada pela prática aberta do preconceito – antes de examinarem qualquer fato, ou admitirem que a tragédia de Gaza tem mais de um lado, os antissemitas escondidos no armário vêm para fora afirmando que Israel está empenhado em exterminar fisicamente a população palestina em sua fronteira. Atribuem aos judeus, historicamente perseguidos, a conveniente posição de agressores cujo objetivo estratégico seria sobreviver à custa de um “genocídio”.

- O percentual de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos, revela pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, intitulada Vidas Perdidas e Racismo no Brasil. Embora as razões para explicar esses dados não estejam totalmente claras, “20% da causa da morte de negros” pode ser atribuída a “questões
socioeconômicas”, como diferenças em relação a emprego, moradia, estudo e renda do trabalhador, diz Rodrigo Leandro de Moura, um dos autores do estudo realizado pelo Ipea, em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail.

Os outros 80%, esclarece, podem ser explicados por uma “variável socioeconômica que não observamos, mas, apesar de não conseguirmos imaginar qual seja, pensamos que um componente importante para explicar esse dado seja o racismo”. E acrescenta: “O que reforça a tese de racismo é que as características socioeconômicas podem ser afetadas por ele. Então, por exemplo, o negro sofre discriminação no mercado de trabalho, pode ter mais dificuldade de ter acesso a postos de trabalho qualificados, pode sofrer bloqueio de oportunidades de seu crescimento profissional e também pode ter o que chamamos de desigualdade de oportunidades e, por causa disso, sofrer tratamento desigual no que se refere às oportunidades no mercado de trabalho”

IBGE: Brasil é mais negro. Cuidado Racista ...

O Brasil tem 190.755.799 habitantes. É o que constata a Sinopse do Censo Demográfico 2010, como vocês já sabem que os  dados mostram ainda que o país segue a tendência de envelhecimento, que para cada grupo de 100 mulheres há 96 homens e que há mais pessoas se declarando pretas e pardas.

Segundo o Censo 2010, atualmente, 24,1% da população brasileira é menor de 14 anos; em 1991, essa faixa etária representava 34,7% da população. Outro fenômeno verificado é o aumento contínuo da representatividade de idosos: 7,4% da população têm mais de 65 anos, contra 4,8% em 1991.

Já a taxa média anual de crescimento baixou de 1,64%, em 2000, para 1,17%, em 2010. Mesmo assim a população brasileira aumentou quase vinte vezes desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, quando foram contados 9.930.478 habitantes. Outro dado aponta que as maiores taxas médias de crescimento anual de população foram

observadas nas regiões Norte (2,09%) e Centro-Oeste (1,91%), seguidas das pelas regiões Nordeste (1,07%), Sudeste (1,05%) e Sul (0,87%).

De acordo com o IBGE, a média de moradores por domicílio caiu para 3,3; em 2000, a relação entre as pessoas moradoras nos domicílios particulares ocupados e o número de domicílios particulares ocupados era de 3,8. Esse comportamento persistiu tanto na área urbana quanto na área rural, diz o Instituto.

Distribuição por sexo – O levantamento aponta que há 96 homens para cada 100 mulheres no país, resultado em um excedente de 3.941.819 mulheres. Entretanto, nascem mais homens no Brasil: a cada 205 nascimentos, 105 são de homens. A diferença ocorre, segundo o IBGE, porque a taxa de mortalidade masculina é superior. Na relação por situação de domicílio, os homens são maioria no meio rural: 15.696.816 homens para 14.133.191 mulheres. Já no meio urbano, as mulheres seguem à frente, como na média nacional: são 83.215.618 para 77.710.174 homens.

Casais gays – A pesquisa do IBGE mostra que o Brasil já registra mais de 60 mil pessoas vivendo com parceiros do mesmo sexo. A região Sudeste é a que tem mais casais que se assumiram homossexuais, com 32.202. Em seguida, está a região Nordeste, com 12.196; e a Sul, com 8.034. O número representa 0,2% do total de cônjuges (37,547 milhões) em todo o país. É a primeira vez que o dado foi pesquisado.

Negros e pardos – Os dados trazem ainda a informação de que há mais pessoas se declarando pretas e pardas. Este grupo subiu para 43,1% e 7,6%, respectivamente, na década

de 2000, enquanto, no censo anterior, era 38,4% e 6,2% do total da população brasileira. Já a população branca representava, em 2010, 47,7% do total; a população amarela (oriental) 1,1% e, a indígena, 0,4%.

Analfabetismo caiu – O Instituto aponta que houve melhora no índice de analfabetismo: hoje 9% da população brasileira não é alfabetizada; em 2000 eram 12,9%. Em números absolutos, 14,6 milhões de pessoas não sabem ler nem escrever, de um universo de 162 milhões de pessoas com mais de 10 anos.

A comunidade negra  sabe que só libertação foi apenas juridicamente nos negros e negras sabemos, mais e bom lembrar que não admitiram ate hoje os nossos direitos à terra, ao trabalho, à moradia e à educação decente e de qualidade, 300 anos de escravização deixaram marcas em nos e ainda um mal estar na elite não negra que não quer dividir e nem fazer concessões  a uma maioria ainda colocada a margem  apesar disso o nosso ideal de construir o Brasil para tod@s e não para uma memoria e por isso  que lutamos!
Um afro abraço.

fonte:noticias.r7.com/brasil/denuncias-de-racismo-no-brasil\unegro


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Lenda ou verdade : Anastacia a escrava de Olhos Azuis

O livro “Santo de Casa Também Faz Milagre: A Construção Simbólica da Escrava Anastácia” escrito pela Mônica Dias de Sousa, levanta uma hipótese do culto a Escrava Anastácia tenho
sido criado na década de 70. Uma das descobertas é referente a imagem mais conhecida dela, que pode ser uma reprodução tirada do livro “Voyage Auour Du Munde”, escrito pelo pesquisador francês Etienne Arago, publicado nu século XIX. 
A historia da Anastácia começa em 1740, quando um navio negreiro de nome Madalena, desembarca no porto do Rio de Janeiro, trazendo a bordo a princesa Delminda, oriunda de uma tribo bantu, da família do rei Galanga. Ele viria ser conhecido depois como Chico Rei – personagem da historia oficial de Minas Gerais, responsável pela alforria de seu povo através da extração de ouro.
Histórico

A existência da escrava Anastácia é colocada em dúvida pelos estudiosos do assunto, já que não existem provas materiais da mesma.

Seu culto foi iniciado em 1968, quando numa exposição da Igreja do Rosário do Rio de Janeiro em homenagem aos 80 anos da Abolição, foi exposto um desenho de Étienne Victor Arago representando uma escrava do século XVIII que usava Máscara de Flandres que permitia à pessoa enxergar e respirar, sem, contudo, levar alimento àboca.

No imaginário popular, a Escrava Anastácia era uma escrava de linda de rara beleza, que chamava atenção de qualquer homem. Ela era curandeira, ajudava os doentes, e com suas mãos, fazia verdadeiros milagres. Por se negar a ir para a cama com seu senhor e se manter virgem, apanhou muito e foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida, só

tirada às refeições, e ainda sendo espancada, o que a fez sobreviver por pouco tempo, tempo esse durante o qual sofreu verdadeiros martírios. Quando Anastácia morreu, seu rosto estava todo deformado. Escrava Anastácia é cultuada tanto no Brasil quanto na África.

Há um Santuário da Escrava Anastácia no Rio de Janeiro, mais precisamente na Rua Taubaté, 42, Oswaldo Cruz.

Primeira Versão

"- A escrava Anastácia seria filha de Delminda, uma bela princesa banto que foi trazida como escrava para o Brasil num navio negreiro e, depois de vendida, foi violentada por seu dono, engravidando".
Anastácia, nome grego que signiica "Ressurreição, teria nascido em 12 de maio de 1741. Era uma mulata dotada de rara beleza, tinha os olhos azuis, era muito inteligente e tinha o dom da cura, apenas impunha as mãos e as doenças desapareciam. A beleza e bondade de Anastácia incomodavam as mulheres brancas, que com inveja começaram a persegui-la.

Os homens a perseguiam, tentando roubar sua virgindade. Mas Anastácia era protegida pelo senhor Joaquim Antônio,, filho da senhora do engenho, Joaquina Pompeu, e não permitia que ningu´pem abussasse dela. Mas Joaquim estava há muito tempo apaixonado por Anastácia e começou a assediá-la, rogando um amor que lhe era negado.Então, seu amor transformou-se em ódio, e oaquim mandou que se colocasse em Anastácia uma máscara de folha de flandres, usada nas minas para que os escravos não engolissem as pepitas de ouro. Anastácia viveu assim amordaçada durante anos, só lhe sendo retirada a máscara para comer. Por fim a bela escrava adoeceu gravemente, e mesmo antes de morrer ainda curou seu algoz de uma doença pulmonar grave. Anastácia morreu vítima de gangrena em seu pescoço e boca. Então desde essa data se espalharam pelo país relatos de curas e graças alcançadas por sua intercessão.

Segunda Versão

Tenso sido descoberto o Brasil no ano de 1500, e não suportanto os índios nativos os trabalhos pesados, logo os colonizadores e governantes precisaram importar escravos para a lavoura e outros afazeres. Daí vieram os célebres navios negreiros, aprisionando os pobres

negros africanos, que eram capturados em sua terra para aqui serem vendidos como escravos.

Eram os desventurados negros oriundos, em sua maioria, de Guiné, Congo e Angola. Entre eles veio uma princesa Bantu de nome Anastácia, que se destacava pelo seu porte altivo, beleza dos traços fisionômicos e sua juventude.

Era bonita de dentes alvos e lábios sensuais, olhos azuis onde sempre se notava uma lágrima a rolar silenciosa. Teria sido mucama de uma família nobre que, ao regressar a Portugal, a teria vendido a um rico senhor de engenho. Foi levada por seu novo dono para uma fazenda perto do Rio de Janeiro, onde sua vida passou por uma brutal transformação.

Cobiçada pelos homens, invejada pelas mulheres, foi amada e respeitada pelos demais escravos, nos quais encontravam uma conselheira amiga e alguém que tinha poderes de cura para os males do corpo e da alma.

Estóica, serena, submissa aos algozes até morrer, assim ela viveu até o fim. Chamavam-na Anastácia pois esse foi o nome que recebeu no batismo católico. Trabalhava na lavoura, e um dia, ao comer um torrão de açúcar, foi vista pelo malvado feitor que, chamando-a de ladra, colocou-lhe uma mordaça na boca. Esse castigo era infame e chamou a atenção da Sinhá Moça que, vaidosa e ciumenta da beleza da escrava, tinha receio que seu marido se apaixonasse por ela, mandando colocar também uma gargantilha de ferro em Anastácia.

Anastácia morreu no Rio de Janeiro depois de anos de agonia. Os restos mortais estavam na Igreja do Rosário e sumiram após um incêndio, fazendo com que a crença popular tornasse a moça um mito religioso, capaz de realizar, ainda nos dias de hoje, verdadeiros milagres. Por isso, muitas entidades, ligadas não somente às lideranças negras, femininas ou masculinas, como as comunidades religiosas afro-brasileiras, particularmente as ligadas à religião católica, estão unidas no propósito de solicitar ao Papa, a beatificação da escrava Anastácia.Um dia, o filho do casal cai doente sem que ninguém o consiga curar, em desespero os pais recorrem a escrava Anastácia e pedem sua cura, que se realiza para o espanto de todos. Mas Anastácia já estava muito doente, com gangrena, por causa da tortura que lhe fora imposta, e veio a falecer pouco depois, embora tenha sido levada para o Rio de Janeiro para ser tratada.

O feitor, a Sinhá Moça e o marido desta ficaram com tanto remorso, que fizeram o velório de Anastácia na capela da fazenda. Declaram-na forra depois de morta e sepultaram-na na igreja. Tarde demais se arrrependeram... 

Se liga:
Cultuada no Brasil como santa e heroína, considerada uma das mais importantes figuras femininas da história negra, a saga da escrava Anastácia ainda tem o poder de nos emocionar
. Muito bonita, tornou-se objeto de desejo e obsessão do feitor de sua fazenda. Por nunca ter aceitado o assédio do rapaz, foi violentada e condenada a viver com uma máscara no rosto, que era retirada apenas durante as refeições.

Oficialmente a historia de Anastácia foi recuperada em 1968 na exposição sobre os 80 anos da Abolição da Escravatura, na Igreja do Rosário, cidade do Rio de Janeiro. A partir dali começou a devoção que hoje é estimada em 28 milhões de fiéis. Há inclusive um santuário da Santa Negra, no bairro Vaz Lobo.

Um afro abraço.

fonte:www.sobrenatural.org

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um passeio sobre a Literatura Negra do inicio do seculo passado...


O negro como sujeito: a atitude compromissada.

A literatura do negro surge com as obras de alguns pioneiros, como o irônico Luís Gama (1850-1882), filho de africana com fidalgo baiano e o primeiro a falar em versos do amor por
uma negra. É também destacado pelas estrofes satíricas da "Bodarrada" ("Quem sou eu?"), de que transcrevo um fragmento:

A visão distanciada nas quais o negro ou o descendente de negro reconhecido como tal é personagem, ou em que aspectos ligados às vivências do negro na realidade histórico-cultural do Brasil se tornam assunto ou tema. Envolve, entretanto, procedimentos que, com poucas exceções, indiciam ideologias, atitudes e estereótipos da estética branca dominante.

Em "O navio negreiro", o apelo a que empunhem a bandeira da libertação é feito aos "heróis do Novo Mundo", a Andrada, o patriarca da independência brasileira, a Colombo, o descobridor da América. Zumbi nem pensar... Vejo exceções no final de "A criança" ("Amigo, eu quero o ferro da vingança"), também na última estrofe de "Bandido negro": ("Cai orvalho do sangue do escravo/Cai orvalho da face do algoz./Cresce, cresce vingança feroz"), nas associações imagísticas de "Saudação a Palmares", na vingança individualizada de Lucas, em quem o "selvagem" emerge para lavar a honra da mulher amada. Repare-se que a ênfase, nesses casos, recai sempre no ato vingativo, nunca no problema central, que seria a luta pela liberdade ou a referência a posicionamentos coletivos, isto numa época em que Palmares e outros quilombos já eram realidades.

"O herói Macunaíma, do romance do mesmo nome, de sua autoria, é, nas suas mutações, singularmente representativo, quando nasce preto e vira branco". Os versos do "Improviso do mal da América", entretanto, situam, na passagem que segue, outro posicionamento:
...Me sinto branco na curiosidade imperiosa de ser.
Mas eu não posso me sentir negro nem vermelho!
Decerto que essas cores também tecem minha roupa arlequinal
Mas eu não me sinto negro, mas eu não me sinto vermelho,
Me sinto só branco, relumeando caridade e acolhimento,
Purificado na revolta contra os brancos, as pátrias,
as guerras, as posses, as preguiças e as ignorâncias
Me sinto só branco agora, sem ar neste ar livre da América!
Me sinto só branco em minha alma crivada de raças....

Estamos diante de uma poesia que não foge à tônica do seu tempo, necessário dizê-lo. Apesar do seu empenho consciente e do seu entusiasmo, o poeta não consegue livrar-se, nos seus textos, das marcas profundas de uma formação desenvolvida no bojo de uma cultura escravista. O que move a sua indignação é, sobretudo, o sofrimento do negro, que ele vê como ser humano, e mais a necessidade de a nação livrar-se da mancha da escravidão. Ele,
como percebeu José Guilherme Merquior, "não busca a especificidade cultural e psicológica do negro; ao contrário, assimilando-lhe o caráter aos ideais de comportamento da raça dominante, branqueia a figura moral do preto, facilitando-lhe assim a identificação simpática das plateias burguesas com os sofrimentos dos escravizados...

Da condição de fera à perversão o caminho é curto. E o negro pervertido ganha a cena no excelente romance O bom crioulo (1885), de Adolfo Caminha, uma história de homossexualismo, corajosíssima, para aquele momento, e em A carne (1888), de Júlio Ribeiro, onde, segundo o narrador, a liberação dos instintos de Lenita, a branca personagem
central, se deve à promiscuidade com os escravos. Daí para a conclusão de que a raça negra é inferior a distância é curtíssima, como O presidente negro (1926), de Monteiro Lobato, deixa entrever.

Instinto liricizado é a marca do sofrido Juca Mulato (1917), poema de Menotti del Picchia. Apesar da aparente valorização do mestiço, tomado como centro de referência e caracterizado simpaticamente no seu mundo emocional por um "narrador" distanciado, retoma-se a demonstração de que os mulatos também sentem. Destacar esse personagem ainda era, entretanto, uma atitude inusitada e vanguardista na época da publicação do texto.

Na obra do mulato Mário de Andrade (1893-1945), encontro algumas passagens reveladoras
de uma posição dividida, a acreditar-se na identidade entre o eu lírico e o poeta. Na "Meditação do Tietê" aparece uma referência à vinculação com a etnia:

Eu me sinto grimpado no arco da Ponte das Bandeiras,
Bardo mestiço, e meu verso vence a corda
Da caninana sagrada, e afina com os ventos dos ares, e
[enrouquece
Úmido nas espumas das águas do meu rio
E se espatifa nas dedilhações brutas do incorpóreo
[Amor...

O negro ou o mestiço de negro erotizado, sensualíssimo, objeto sexual, é uma presença que vem desde a Rita Baiana, do citado O cortiço, e mesmo do mulato Firmo, do mesmo romance, passa pelos poemas de Jorge de Lima, como "Nega Fulô", suaviza-se nos Poemas da negra (1929), de Mário de Andrade e ganha especial destaque na configuração das mulatas de Jorge Amado. A propósito, a ficção do excepcional romancista baiano contribui fortemente para a visão simpática e valorizadora de inúmeros traços da presença das manifestações ligadas ao negro na cultura brasileira, embora não consiga escapar das armadilhas do estereótipo. Basta recordar o caso do ingênuo e simples Jubiabá, do romance do mesmo nome, lançado em 1955, e da infantilizada e instintiva Gabriela, de Gabriela, cravo e canela (1958), para só citar dois exemplos. A seu favor, o fato de que, na esteira da tradição do romance realista do século passado no país, a maioria de suas estórias inserem-se no espaço da literatura-espelho e, no caso, refletem muito do comportamento brasileiro em relação às mulheres que privilegia.

...Ainda na galeria do estereótipo, que não tenho pretensão de esgotar, vale assinalar a figura do negro exilado na cultura brasileira, como tem sido apontado por alguns críticos e de que um exemplo se encontra em Urucungo(1933), livro de poemas de Raul Bopp.

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E a maior desta loucura?... Usura....

Quem são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.

Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
Dou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos...
Um afro abraço.


fonte:
https://pensamentovivoblog.wordpress.com/

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