É uma reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra.
A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate da contribuição dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.
A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares.
Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.
Muito embora tenhamos estatísticas sobre o povo brasileiro ainda espelham desigualdades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Por isso, é importante conhecermos algumas informações sobre o assunto.
Entidades do mov. Negro, como a UNEGRO e outras organizam palestras e eventos educativos, visando concientização da população negra da capital do Rio de Janeiro e em todo pais. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.
Nos lembramos nesta data do assassinato de Zumbi, em 1665, o mais importante líder dos quilombos de Palmares, que representou a maior e mais importante comunidade de escravos fugidos nas Américas, com uma população estimada de mais 30 mil.
Em várias sociedades escravistas nas Américas existiram fugas de escravos e formação de comunidades como os quilombos. Na Venezuela, foram chamados de cumbes, na Colômbia de palanques e de marrons nos EUA e Caribe. Palmares durou cerca de 140 anos: as primeiras evidências de Palmares são de 1585 e há informações de escravos fugidos na Serra da Barriga até 1740, ou seja, bem depois do assassinato de Zumbi.
Embora tenham existido tentativas de tratados de paz os acordos fracassaram e prevaleceu o furor destruidor do poder colonial contra Palmares. A diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra grande parte da população afro-descendente”.
A luta ainda é grande.
Na semana do dia 20 de novembro, inúmeros temas são abordados pela comunidade negra e os que ganham evidência são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc. Algumas entidades organizam palestras e eventos educativos em que se procura evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.
A marginalização dos negros ocorre dentro de um contexto histórico, processo de abolição da escravidão e formação econômica moderna, em que a estrutura de classes da sociedade está se constituindo tendo como conseqüência o posicionamento desfavorável dos negros, devido à forma de inserção desigual na estrutura de classes, no que se refere à renda, escolaridade e ocupação.
Nesse sentido, uma das características marcantes do mercado de trabalho brasileiro até hoje é a desigualdade de oportunidades entre os grupos raciais. As estatísticas revelam um quadro assustador sobre a maneira de como brancos e negros estão distribuídos na estrutura ocupacional. Dados estatísticos do IBGE mostram que o rendimento médio da população branca no Brasil é de em media R$ 812; e a dos negros é de R$ 409.
Estas desigualdades presentes no mercado de trabalho estão presentes, também na educação. Pesquisa revela a baixa freqüência dos negros nas universidades brasileiras. Enquanto 80% dos universitários são brancos, somente 2,2% são negros. Juridicamente discute-se a constitucionalidade da política de quotas para negros nas universidades a partir do dispositivo do princípio da igualdade do artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Apesar de muitos defenderem essa política como forma de assegurar ao negro a sua participação na sociedade, muitos estudiosos vêem nessa política o aumento da discriminação entre brancos e negros.
São essas práticas discriminatórias presentes no cotidiano que indicam a permanência do racismo. A sociedade brasileira preserva profundas desigualdades raciais, de rendimentos, educacionais e ocupacionais.
A marginalização dos negros ocorre dentro de um contexto histórico, processo de abolição da escravidão e formação econômica moderna, onde a estrutura de classes da sociedade nacional está se constituindo e como conseqüência terá o posicionamento desfavorável dos negros, devido à forma de inserção desigual na estrutura de classes, no que se refere à renda, escolaridade e ocupação.
Em outros termos, poderíamos dizer que o Estado a partir da segunda metade do século XIX, pós-1850, e, principalmente, início do século XX, até meados dos anos 40, foi o veículo primordial da formação de um mercado de trabalho fundado na exclusão dos negros e descendentes.
Esse mercado de trabalho, estruturado de cima para baixo pelo poder estatal, privilegiava os indivíduos brancos e dificultava o acesso de outros grupos raciais tendo em vista a crença, então em voga por aqui, a respeito da superioridade dos brancos. Essa ideologia racial irá, evidentemente, dificultar a inserção dos negros no nascente mercado de trabalho tendo em vista sua suposta inferioridade e a discriminação racial será, então, uma das marcas visíveis que o negro encontrará na busca por trabalho.
O Dia da Consciência Negra, portanto, deve ser comemorado como uma data para se lembrar da resistência do negro à escravidão em contraposição ao 13 de maio quando foi decretada a abolição da escravatura pela princesa Isabel. É a celebração da generosidade de uma branca em relação aos negros. Neste dia, os negros exaltam a sua origem africana e exaltam a sua luta pela liberdade de informação, religião e cultural. Buscam maior participação e cidadania para os afro-brasileiros associando-se a outros grupos para dizer não ao racismo, à discriminação e ao preconceito racial.
O dia da consciência negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594) portante é acima de tudo um mês de reflexão e que a festividade, alegria renove as energias para continuar a trajetória para a conquista de direitos e igualdade de oportunidades. Estejamos todos engajados nesta caminhada pela liberdade e pela consciência da riqueza da diversidade racial para toda a sociedade brasileira.
Por: Claudia Vitalino.
Fonte: ultimainstancia.uol.com.br/artigos/pt.wikipedia.org/wiki/IBGE/UNEGRO.
UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ
sábado, 17 de dezembro de 2011
ReSumo do Congresso Nacional da UNEGRO
Abertura do Congresso da Unegro enaltece a garra do movimento negro
Com importantes contribuições para o encontro, as participações da mesa foram uma injeção de ânimo aos mais de 800 participantes do Congresso
11/NOV/2011 O Ministro Interino da SEPPIR – Secretaria de Promoção pela igualdade Racial, Mário Teodoro, presente na abertura do 4º Congresso Nacional da Unegro, o crescimento econômico do Brasil nos últimos anos não incorporou a população negra, que continua à margem da inclusão social, econômica e política.
“A importância dos movimentos sociais, como a Unegro é fundamental para a estrutura do atual governo. E a SEPPIR é parte integrante deste processo na reivindicação por uma política de igualdade racial.”, destacou o ministro interino.
“Neste primeiro ano de implantação do Estatuto da Igualdade Racial, toda a nação brasileira precisa se apropriar deste diploma, não só a população negra”. Foi com esta afirmação que o presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, saudou os mais de 800 participantes do congresso da Unegro.
Uma das falas mais aplaudidas pelo plenário foi de Paulo Cordeiro, subsecretário-geral de Política do Ministério das Relações Exteriores para África e Oriente Médio, que fez uma retrospectiva da história do povo brasileiro, desde o Tratado de Tordesilhas. “O Tratado de Tordesilhas, que dividiu as terras de Portugal e Espanha, com uma linha de demarcação de Cabo Verde na África é a certidão de nascimento do brasileiro”.
Destacou a importância da cooperação entre Brasil e a África nas esferas econômicas e sociais. Hoje o Brasil está instalado com embaixadas em 37 dos 54 países africanos e a representação diplomática dos africanos no País é de 33 embaixadas e consulados.
“Essa cooperação entre as nações africana e o Brasil é extremamente importante para o enriquecimento de ambos os continentes. O continente africano é o que mais cresce no mundo. Hoje convivemos com o renascimento da África e podemos enriquecer mutuamente”, finalizou o representante do Ministério das Relações Exteriores.
A vereadora do PCdoB/BA, Olívia Santana, mais uma vez empolgou os participantes em sua fala, alimentando a esperança e garra do povo negro ao afirmar que os negros têm capacidade e precisam ocupar cargos no primeiro escalão do governo. E essa força só será efetiva com o fortalecimento das entidades negras pelo País afora.
“A SEPPIR precisa de dinheiro para que as políticas públicas de inserção do povo negro sejam verdadeiramente aplicadas.
Centenas de pessoas e mostra força de vontade do povo brasileiro.
‘Negros compartilhando o poder’ é o tema que reúne negros e negras de todo país no 4º Congresso Nacional da UNEGRO. A abertura aconteceu ontem (10) e trouxe à plenária mais de 800 pessoas.
Do Rio Grande do Sul ao Amazonas... O Brasil não tem fronteiras que barrem a mobilização de um povo que busca igualdade e justiça. Nesta quarta-feira, em Brasília/DF, a abertura do 4º Congresso Nacional da UNEGRO provou a força da bandeira que levantam os negros e as negras deste país.
Alguns, recém chegados de seu estado, desembarcaram diretamente no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para prestigiar o primeiro dos quatro dias desse encontro. Ainda com as malas desacomodadas e com o cansaço à flor da pele, esses guerreiros do axé não desanimaram até que a abertura estivesse encerrada e o jantar servido.
Senegal, Marrocos, Mauritânia e Guiné Bissau também estiveram representadas nas cativantes figuras do Ministro da Diáspora Negra do Senegal, Amador Lamine Faye e do Embaixador Abdul Aziz. O Ministro, que foi aplaudido ao fazer esforço para falar em português à plenária, considera que o evento é um grande passo nas discussões étnico-raciais do Brasil. “Este encontro é muito importante, pois traz para o debate questões básicas para a melhoria de vida da população negra no Brasil, como, por exemplo, ocupar espaços de poder”.
Além dos internacionais, a UNEGRO contou com outros ilustres componentes à mesa de abertura do evento. Entre eles, o representante do Ministério das Relações exteriores, Paulo de Andrade Pinto, Subsecretário Geral Político III, diplomata de relações exteriores do Brasil com áfrica e Oriente Médio; Odorico Monteiro, Consultor do Ministério da Saúde; o Ministro Interino da SEPPIR, Mario Teodoro; Eloi Ferreira de Araújo, Presidente da Fundação Palmares; Severine Macedo, Secretária Nacional de Juventude, Dep. Luiz Alberto (PT), Dep. Evandro Milhomem, representando Renato Rabelo, presidente do PCdoB.
Congresso define ações prioritárias para entidade.
Unegrinos e unegrinas aprovaram nesse sábado, 12/11, as propostas para a atuação da entidade nas áreas da saúde, educação, cultura e esporte, trabalho, relações internacionais, comunicação e nos segmentos de juventude, mulheres, LGBTT e comunidades tradicionais.
13/NOV/2011 POR RENATA ALINE E LOURDES AUGUSTO
As propostas farão parte da Carta de Brasília, documento que será encaminhado para autoridades do Governo Federal.
O debate aconteceu em dez grupos com a presença de palestrantes que ajudaram na construção das propostas. Liège Rocha, (UBM) resgatou que o movimento de mulheres negras começou a se organizar no Brasil na década de 80 e apontou bandeiras importantes como a notificação compulsória nos hospitais para o combate à violência contra a mulher.
Maurício Pestana, diretor da Revista Raça que participou do grupo de comunicação ressaltou a falta de negros dentro das redações e as incompreensões sobre temas como as cotas na cobertura jornalística, inclusive nos veículos do segmento. “Não basta apenas ser negro é preciso ter consciência racial.” Afirmou o cartunista.
No grupo de Educação a professora Jacilene Santos da Silva, relatou o caso da escola municipal Parque São Cristóvão de Salvador/ Bahia, que é hoje referência no Brasil, na alfabetização com a intervenção dos mitos africanos no processo de aprendizagem, com a implantação da Lei 10.639/03, que insere a história da cultura afrodescendente. A escola se notabilizou nas disciplinas de história, geografia e português.
Entre as propostas aprovadas estão a regularização e a inserção no mercado de trabalho dos emigrantes negros, a realização de seminários de comunicação, juventude e cultura negra, e inserção da cultura da comunidade quilombola e das religiões de matrizes africanas nos livros didáticos.
Moções:
Os atletas brasileiros medalhistas dos jogos Pan-Americanos de 2011, a angolana Leila Lopes eleita Miss Universo foram homenageados com moção de aplauso. Já a revista Veja, o Jornal Folha de S. Paulo e as Organizações Globo foram repudiados pela cobertura jornalística tendenciosa, que desqualifica os movimentos negros. Ao todo o plenário aprovou 13 moções.
Unegro/RJ se destaca no quarto congresso nacional da entidade.
O 4º Congresso Nacional da Unegro, realizado em Brasília, de 10 a 13 de novembro, contou com a participação de 700 delegados representantes das plenárias organizadas em 23 estados e o Distrito Federal. O Rio de Janeiro teve destaque no congresso com uma delegação de 80 delegados.
O congresso aprovou a mudança no tempo de mandato para quatro anos, bem como a mudança na estrutura de direção que passa a ser presidencialista e paritária. Da nova direção executiva nacional, composta por 11 pessoas, seis são mulheres.
A Unegro/RJ passou de dois para três representantes na direção nacional da entidade. Na executiva, conta com Mônica Custódio (Secretaria Internacional), na direção plena, Claudia Vitalino (Região Sudeste) e no conselho fiscal, com Conceição D'Lissa.
Entre os nove grupos de debate, o Rio de Janeiro coordenou os grupos de Trabalho e Renda, Saúde, LGBT e Comunidades Tradicionais. E esteve na relatoria de Cultura, Comunicação e Relações Internacionais.
A delegação do Rio de Janeiro contou com militantes de Duque de Caxias, São João de Meriti, Niterói, Itaperuna, Magé, São Gonçalo, Volta Redonda, Resende, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Paty do Alferes e Rio de Janeiro (Marechal Hermes, Guadalupe, Sepetiba, Vila Carioca, Bangu, Rocinha e os núcleos de Cultura e Sindical: Metalúrgicos, Correios e Sindsprev).
Presenças:
O congresso contou com diversas presenças internacionais: Senegal, Marrocos, Mauritânia e Guiné Bissau. Também compôs à mesa de abertura do evento o representante do Ministério das Relações Exteriores, Paulo de Andrade Pinto, Subsecretário Geral Político III, diplomata de relações exteriores do Brasil com África e Oriente Médio; Odorico Monteiro, Consultor do Ministério da Saúde; o Ministro Interino da SEPPIR, Mario Teodoro; Eloi Ferreira de Araújo, Presidente da Fundação Palmares; Severine Macedo, Secretária Nacional de Juventude, Dep. Luiz Alberto (PT/BA), deputado federal Evandro Milhomem (AP), representando Renato Rabelo, presidente do PCdoB.
O congresso, que se encerrou no dia 13, teve ainda as presenças do ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, da secretária nacional de Movimentos Sociais do PCdoB, Lúcia Stumpf, e do secretário estadual de Movimento Sociais do PCdoB-RJ, João Carlos de Carvalho.
FONTE:unegro.
Com importantes contribuições para o encontro, as participações da mesa foram uma injeção de ânimo aos mais de 800 participantes do Congresso
11/NOV/2011 O Ministro Interino da SEPPIR – Secretaria de Promoção pela igualdade Racial, Mário Teodoro, presente na abertura do 4º Congresso Nacional da Unegro, o crescimento econômico do Brasil nos últimos anos não incorporou a população negra, que continua à margem da inclusão social, econômica e política.
“A importância dos movimentos sociais, como a Unegro é fundamental para a estrutura do atual governo. E a SEPPIR é parte integrante deste processo na reivindicação por uma política de igualdade racial.”, destacou o ministro interino.
“Neste primeiro ano de implantação do Estatuto da Igualdade Racial, toda a nação brasileira precisa se apropriar deste diploma, não só a população negra”. Foi com esta afirmação que o presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, saudou os mais de 800 participantes do congresso da Unegro.
Uma das falas mais aplaudidas pelo plenário foi de Paulo Cordeiro, subsecretário-geral de Política do Ministério das Relações Exteriores para África e Oriente Médio, que fez uma retrospectiva da história do povo brasileiro, desde o Tratado de Tordesilhas. “O Tratado de Tordesilhas, que dividiu as terras de Portugal e Espanha, com uma linha de demarcação de Cabo Verde na África é a certidão de nascimento do brasileiro”.
Destacou a importância da cooperação entre Brasil e a África nas esferas econômicas e sociais. Hoje o Brasil está instalado com embaixadas em 37 dos 54 países africanos e a representação diplomática dos africanos no País é de 33 embaixadas e consulados.
“Essa cooperação entre as nações africana e o Brasil é extremamente importante para o enriquecimento de ambos os continentes. O continente africano é o que mais cresce no mundo. Hoje convivemos com o renascimento da África e podemos enriquecer mutuamente”, finalizou o representante do Ministério das Relações Exteriores.
A vereadora do PCdoB/BA, Olívia Santana, mais uma vez empolgou os participantes em sua fala, alimentando a esperança e garra do povo negro ao afirmar que os negros têm capacidade e precisam ocupar cargos no primeiro escalão do governo. E essa força só será efetiva com o fortalecimento das entidades negras pelo País afora.
“A SEPPIR precisa de dinheiro para que as políticas públicas de inserção do povo negro sejam verdadeiramente aplicadas.
Centenas de pessoas e mostra força de vontade do povo brasileiro.
‘Negros compartilhando o poder’ é o tema que reúne negros e negras de todo país no 4º Congresso Nacional da UNEGRO. A abertura aconteceu ontem (10) e trouxe à plenária mais de 800 pessoas.
Do Rio Grande do Sul ao Amazonas... O Brasil não tem fronteiras que barrem a mobilização de um povo que busca igualdade e justiça. Nesta quarta-feira, em Brasília/DF, a abertura do 4º Congresso Nacional da UNEGRO provou a força da bandeira que levantam os negros e as negras deste país.
Alguns, recém chegados de seu estado, desembarcaram diretamente no Centro de Convenções Ulysses Guimarães para prestigiar o primeiro dos quatro dias desse encontro. Ainda com as malas desacomodadas e com o cansaço à flor da pele, esses guerreiros do axé não desanimaram até que a abertura estivesse encerrada e o jantar servido.
Senegal, Marrocos, Mauritânia e Guiné Bissau também estiveram representadas nas cativantes figuras do Ministro da Diáspora Negra do Senegal, Amador Lamine Faye e do Embaixador Abdul Aziz. O Ministro, que foi aplaudido ao fazer esforço para falar em português à plenária, considera que o evento é um grande passo nas discussões étnico-raciais do Brasil. “Este encontro é muito importante, pois traz para o debate questões básicas para a melhoria de vida da população negra no Brasil, como, por exemplo, ocupar espaços de poder”.
Além dos internacionais, a UNEGRO contou com outros ilustres componentes à mesa de abertura do evento. Entre eles, o representante do Ministério das Relações exteriores, Paulo de Andrade Pinto, Subsecretário Geral Político III, diplomata de relações exteriores do Brasil com áfrica e Oriente Médio; Odorico Monteiro, Consultor do Ministério da Saúde; o Ministro Interino da SEPPIR, Mario Teodoro; Eloi Ferreira de Araújo, Presidente da Fundação Palmares; Severine Macedo, Secretária Nacional de Juventude, Dep. Luiz Alberto (PT), Dep. Evandro Milhomem, representando Renato Rabelo, presidente do PCdoB.
Congresso define ações prioritárias para entidade.
Unegrinos e unegrinas aprovaram nesse sábado, 12/11, as propostas para a atuação da entidade nas áreas da saúde, educação, cultura e esporte, trabalho, relações internacionais, comunicação e nos segmentos de juventude, mulheres, LGBTT e comunidades tradicionais.
13/NOV/2011 POR RENATA ALINE E LOURDES AUGUSTO
As propostas farão parte da Carta de Brasília, documento que será encaminhado para autoridades do Governo Federal.
O debate aconteceu em dez grupos com a presença de palestrantes que ajudaram na construção das propostas. Liège Rocha, (UBM) resgatou que o movimento de mulheres negras começou a se organizar no Brasil na década de 80 e apontou bandeiras importantes como a notificação compulsória nos hospitais para o combate à violência contra a mulher.
Maurício Pestana, diretor da Revista Raça que participou do grupo de comunicação ressaltou a falta de negros dentro das redações e as incompreensões sobre temas como as cotas na cobertura jornalística, inclusive nos veículos do segmento. “Não basta apenas ser negro é preciso ter consciência racial.” Afirmou o cartunista.
No grupo de Educação a professora Jacilene Santos da Silva, relatou o caso da escola municipal Parque São Cristóvão de Salvador/ Bahia, que é hoje referência no Brasil, na alfabetização com a intervenção dos mitos africanos no processo de aprendizagem, com a implantação da Lei 10.639/03, que insere a história da cultura afrodescendente. A escola se notabilizou nas disciplinas de história, geografia e português.
Entre as propostas aprovadas estão a regularização e a inserção no mercado de trabalho dos emigrantes negros, a realização de seminários de comunicação, juventude e cultura negra, e inserção da cultura da comunidade quilombola e das religiões de matrizes africanas nos livros didáticos.
Moções:
Os atletas brasileiros medalhistas dos jogos Pan-Americanos de 2011, a angolana Leila Lopes eleita Miss Universo foram homenageados com moção de aplauso. Já a revista Veja, o Jornal Folha de S. Paulo e as Organizações Globo foram repudiados pela cobertura jornalística tendenciosa, que desqualifica os movimentos negros. Ao todo o plenário aprovou 13 moções.
Unegro/RJ se destaca no quarto congresso nacional da entidade.
O 4º Congresso Nacional da Unegro, realizado em Brasília, de 10 a 13 de novembro, contou com a participação de 700 delegados representantes das plenárias organizadas em 23 estados e o Distrito Federal. O Rio de Janeiro teve destaque no congresso com uma delegação de 80 delegados.
O congresso aprovou a mudança no tempo de mandato para quatro anos, bem como a mudança na estrutura de direção que passa a ser presidencialista e paritária. Da nova direção executiva nacional, composta por 11 pessoas, seis são mulheres.
A Unegro/RJ passou de dois para três representantes na direção nacional da entidade. Na executiva, conta com Mônica Custódio (Secretaria Internacional), na direção plena, Claudia Vitalino (Região Sudeste) e no conselho fiscal, com Conceição D'Lissa.
Entre os nove grupos de debate, o Rio de Janeiro coordenou os grupos de Trabalho e Renda, Saúde, LGBT e Comunidades Tradicionais. E esteve na relatoria de Cultura, Comunicação e Relações Internacionais.
A delegação do Rio de Janeiro contou com militantes de Duque de Caxias, São João de Meriti, Niterói, Itaperuna, Magé, São Gonçalo, Volta Redonda, Resende, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Paty do Alferes e Rio de Janeiro (Marechal Hermes, Guadalupe, Sepetiba, Vila Carioca, Bangu, Rocinha e os núcleos de Cultura e Sindical: Metalúrgicos, Correios e Sindsprev).
Presenças:
O congresso contou com diversas presenças internacionais: Senegal, Marrocos, Mauritânia e Guiné Bissau. Também compôs à mesa de abertura do evento o representante do Ministério das Relações Exteriores, Paulo de Andrade Pinto, Subsecretário Geral Político III, diplomata de relações exteriores do Brasil com África e Oriente Médio; Odorico Monteiro, Consultor do Ministério da Saúde; o Ministro Interino da SEPPIR, Mario Teodoro; Eloi Ferreira de Araújo, Presidente da Fundação Palmares; Severine Macedo, Secretária Nacional de Juventude, Dep. Luiz Alberto (PT/BA), deputado federal Evandro Milhomem (AP), representando Renato Rabelo, presidente do PCdoB.
O congresso, que se encerrou no dia 13, teve ainda as presenças do ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, da secretária nacional de Movimentos Sociais do PCdoB, Lúcia Stumpf, e do secretário estadual de Movimento Sociais do PCdoB-RJ, João Carlos de Carvalho.
FONTE:unegro.
sábado, 26 de novembro de 2011
Novos Direitos, novos desafios
Direitos Humanos
Direitos das Mulheres
Em face do processo de internacionalização dos direitos humanos, foi o documento da Declaração e Programa de Ação (Viena-1993) que, de forma explícita, afirmou, em seu parágrafo 18, que os direitos humanos das mulheres e das meninas são parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos universais. Esta concepção foi reafirmada pela Plataforma de Ação de Pequim, de 1995. O legado de Viena é duplo: endossa a universalidade e a indivisibilidade dos direitos humanos invocada pela Declaração Universal de 1948 e também confere visibilidade aos direitos humanos das mulheres e das meninas, em expressa alusão ao processo de especificação do sujeito de direito e à justiça enquanto reconhecimento de identidades.
O balanço das últimas três décadas nos mostra que o movimento internacional de proteção dos direitos humanos das mulheres centrou seu foco em três questões centrais:
A discriminação contra a mulher – a experiência brasileira reflete tanto a vertente repressivo-punitiva (pautada pela proibição da discriminação contra a mulher), como a vertente promocional (pautada pela promoção da igualdade, mediante políticas compensatórias)1.
A violência contra a mulher – embora a Constituição de 1988 seja a primeira a explicitar a temática,2 merecendo destaque também a lei que caracteriza a violência do assédio sexual (a Lei no10.224, de 15 de maio de 2001), não há ainda legislação específica a tratar, por exemplo, da violência doméstica.
Os direitos sexuais e reprodutivos – a Carta de 1988 reconhece o planejamento familiar3 como uma livre decisão do casal, devendo o Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer coerção. Resta, todavia, a necessidade de assegurar amplos programas de saúde reprodutiva, reavaliando a legislação punitiva referente ao aborto, de modo a convertê-lo efetivamente em problema de saúde pública.
No âmbito da estrutura governamental, compete à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República – SEPM/PR – criada pela Lei no 10.683, de 28/5/2003 – dentre outras atribuições: assessorar direta e imediatamente o Presidente da República na formulação, coordenação e articulação de políticas para as mulheres, com vistas à promoção da igualdade4 entre homens e mulheres por meio da cooperação com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados voltados para a implementação de políticas para as mulheres.
Há que se observar que os avanços obtidos no plano internacional5 têm sido capazes de impulsionar transformações internas na construção dos direitos humanos das mulheres no contexto brasileiro e têm possibilitado ao movimento de mulheres brasileiras exigir a implementação de avanços obtidos na esfera internacional.
Direitos dos Afro-descendentes
Embora não exista no sentido biológico a categoria ‘raça’, o termo ‘raça’ é utilizado de modo pleno no mundo social e funciona como instrumento ideológico e político de classificação, identificação e determinação do lugar que as pessoas negras e não-negras ocupam em sociedade. Como já observamos, o paradigma (modelo, padrão) que, em geral orienta o pensamento político, jurídico e social no Brasil e em boa parte do mundo ocidental, é o do homem, branco, adulto, ocidental, heterossexual e dono de um patrimônio.
Na contramão desse paradigma, ao tratar do tema da igualdade, a Constituição Brasileira acolhe duas vertentes do combate à discriminação e o da promoção da igualdade. Constata-se que a Lei Afonso Arinos de 1951 (Lei no1.390/51) foi a primeira a caracterizar o racismo como contravenção penal (crime de menor potencial ofensivo). Portanto, somente com a Constituição de 1988, 100 anos após a abolição da escravatura, o racismo foi elevado a crime, inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão, nos termos do art.5o, XLII.
A fim de conferir cumprimento ao dispositivo constitucional, surgiu a Lei no. 7.716 de 5 de janeiro de 1989 (Lei Caó),6 que definiu os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. Contudo, em relação à discriminação racial, o aparato repressivo-punitivo tem se mostrado insuficiente para enfrentar tal forma de discriminação. De um lado, faz-se necessário fomentar a capacitação jurídica para que os diversos atores possam, com maior eficácia responder à gravidade do racismo. No mesmo sentido, cabe aprimorar e fortalecer o aparato repressivo,7 tornando o racismo, a xenofobia e outras formas de intolerância, agravantes de crimes. É necessário ir além da punição e investir também na promoção. Isto é, o combate à discriminação torna-se insuficiente se não se verificam medidas voltadas à promoção da igualdade. Por sua vez, a promoção da igualdade, por si só, mostra-se insuficiente se não se verificam políticas de combate à discriminação.8
Em um país em que os afro-descendentes são 64% dos pobres e 69% dos indigentes (dados do IPEA – Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada), em que o índice de desenvolvimento humano geral (IDH, 2000) coloca o País em 74o lugar, mas que, sob o recorte étnico-racial, o IDH relativo à população afro-descendente indica a 108a posição (enquanto o IDH relativo à população branca indica a 43a posição), faz-se necessária a adoção de ações afirmativas em benefício da população negra, em especial nas áreas da educação e do trabalho.
No caso brasileiro, citamos o Programa Nacional de Direitos Humanos, que faz expressa alusão às políticas compensatórias, prevendo como meta o desenvolvimento de ações afirmativas em favor de grupos socialmente vulneráveis e o Programa de Ações Afirmativas na Administração Pública Federal; e a adoção de políticas de cotas em Universidades (a exemplo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade de Brasília – UnB, etc.).
As conquistas obtidas até aqui, no campo das relações raciais no Brasil, são frutos da atuação do movimento negro organizado que vem lutando pelo reconhecimento da população negra9 como sujeito de direito. Como exemplo recente da luta e resistência negra brasileiras, citamos a Lei no10.639, de 9 de janeiro de 2003, que dispõe sobre a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira".
No âmbito da Presidência da República, por meio da Lei no10.678, de 23/5/2003, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), à qual compete dentre outras atribuições, assessorar o Presidente da República direta e imediatamente na formulação, coordenação, articulação e avaliação de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial e da proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, com ênfase na população negra, afetados por discriminação racial e demais formas de intolerância.
Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência
Não se sabe ao certo qual é o número de pessoas portadoras de deficiência no Brasil. Todavia, podemos afirmar que se trata de expressivo número de brasileiros(as), que vêm sendo apartados(as) da vida social e que, apenas recentemente, receberam proteção constitucional.
A história constitucional brasileira revela que, dispositivos específicos acerca dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, somente puderam ser observados a partir de 1978, com a edição da Emenda Constitucional 12/78, que representou um marco na defesa deste grupo. Seu conteúdo compreendia os principais direitos das pessoas portadoras de deficiência (educação, assistência e reabilitação, proibição de discriminação e acessibilidade).
A Carta Brasileira de 1988 manteve os direitos que já eram previstos na Emenda Constitucional 12/78, conferindo-lhes maior detalhamento e especificidade, bem como fixando as atribuições executivo-legislativas de cada estado. Ressalte-se, ainda, que a Constituição sofreu a influência e o impacto de um movimento crescente de tutela da pessoa portadora de deficiência no âmbito internacional.
Ao revelar um perfil eminentemente social, a Carta Brasileira de 1988 impõe ao poder público o dever de executar políticas que minimizem as desigualdades sociais, e, é neste contexto que se inserem os sete artigos constitucionais relativos às pessoas portadoras de deficiência.10 Todavia, passados mais de 15 anos de vigência desta Carta, a violação de direitos subsiste e a concretização dos dispositivos constitucionais ainda constitui meta a ser alcançada.
Na esfera do governo federal, foi criado no âmbito do Ministério da Justiça, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE11 órgão superior de deliberação colegiada. Em maio de 2003, o CONADE passou a ser vinculado à Presidência da República,12 por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e tem como principal competência, acompanhar e avaliar o desenvolvimento da Política Nacional para integração da Pessoa Portadora de Deficiência e das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer e política urbana dirigidas a este grupo social. Para implementar a Política Nacional e orientar sua atuação, tanto do ponto de vista normativo quanto regulador, foi criada a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência13 – órgão de Assessoria da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
A exemplo do que ocorre com a legislação, os inúmeros programas e políticas públicas existentes são elaborados sem ampla consulta e participação da sociedade civil e não são implementados em alguns casos no todo. Na opinião de entidades representativas dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, a falta de implementação deve-se ao abismo entre as propostas de governo e sua execução, quer seja por motivos políticos, quer seja pela ausência de capacitação e sensibilidade dos agentes estatais incumbidos de executá-las.
A crença na democracia racial conduz a uma sutil negação do racismo
REFERÊNCIAS:
Constituição 1988: Texto Constitucional de 5 de outubro de 1988. Brasíli: Ed. Atual. 1988. Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1988, 336p.
GOMES, Verônica. Indivíduos “fora de lugar”: o caso dos docentes negros(as) nas relações de trabalho na Universidade de Brasília. Dissertação de Mestrado. Brasília, departamento de Sociologia,Universidade de Brasília, 2003.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2002.
DEJOURS, Christophe. A banalização da injustiça social. 3a ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,2000.
FERNANDES, Florestan. A Integração do Negro na Sociedade de Classes. v.2, 3ª ed. São Paulo, Ática, 1978.
GUIMARÃES, A. S. A . Classes, Raças e Democracia. São Paulo: Ed.34,2002.
REDE Nacional Feminista de Saúde. Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Dossiê Assimetrias Raciais no Brasil. Rede Feminista de Saúde. Belo Horizonte: Rede
Feminista de Saúde, 2003.
ROCHA, M. I..B (Org).Trabalho e Gênero: mudanças, permanências e desafios. Campinas: ABEP, NEPO/UNICAMP e CEDEPLAR/UFMG/São Paulo: Ed. 34, 2000.
Relatório de Desenvolvimento Humano – racismo, pobreza e violência. São Paulo, Ed. PrimaPagina, PNUD, 2005.
Direitos das Mulheres
Em face do processo de internacionalização dos direitos humanos, foi o documento da Declaração e Programa de Ação (Viena-1993) que, de forma explícita, afirmou, em seu parágrafo 18, que os direitos humanos das mulheres e das meninas são parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos universais. Esta concepção foi reafirmada pela Plataforma de Ação de Pequim, de 1995. O legado de Viena é duplo: endossa a universalidade e a indivisibilidade dos direitos humanos invocada pela Declaração Universal de 1948 e também confere visibilidade aos direitos humanos das mulheres e das meninas, em expressa alusão ao processo de especificação do sujeito de direito e à justiça enquanto reconhecimento de identidades.
O balanço das últimas três décadas nos mostra que o movimento internacional de proteção dos direitos humanos das mulheres centrou seu foco em três questões centrais:
A discriminação contra a mulher – a experiência brasileira reflete tanto a vertente repressivo-punitiva (pautada pela proibição da discriminação contra a mulher), como a vertente promocional (pautada pela promoção da igualdade, mediante políticas compensatórias)1.
A violência contra a mulher – embora a Constituição de 1988 seja a primeira a explicitar a temática,2 merecendo destaque também a lei que caracteriza a violência do assédio sexual (a Lei no10.224, de 15 de maio de 2001), não há ainda legislação específica a tratar, por exemplo, da violência doméstica.
Os direitos sexuais e reprodutivos – a Carta de 1988 reconhece o planejamento familiar3 como uma livre decisão do casal, devendo o Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer coerção. Resta, todavia, a necessidade de assegurar amplos programas de saúde reprodutiva, reavaliando a legislação punitiva referente ao aborto, de modo a convertê-lo efetivamente em problema de saúde pública.
No âmbito da estrutura governamental, compete à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República – SEPM/PR – criada pela Lei no 10.683, de 28/5/2003 – dentre outras atribuições: assessorar direta e imediatamente o Presidente da República na formulação, coordenação e articulação de políticas para as mulheres, com vistas à promoção da igualdade4 entre homens e mulheres por meio da cooperação com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados voltados para a implementação de políticas para as mulheres.
Há que se observar que os avanços obtidos no plano internacional5 têm sido capazes de impulsionar transformações internas na construção dos direitos humanos das mulheres no contexto brasileiro e têm possibilitado ao movimento de mulheres brasileiras exigir a implementação de avanços obtidos na esfera internacional.
Direitos dos Afro-descendentes
Embora não exista no sentido biológico a categoria ‘raça’, o termo ‘raça’ é utilizado de modo pleno no mundo social e funciona como instrumento ideológico e político de classificação, identificação e determinação do lugar que as pessoas negras e não-negras ocupam em sociedade. Como já observamos, o paradigma (modelo, padrão) que, em geral orienta o pensamento político, jurídico e social no Brasil e em boa parte do mundo ocidental, é o do homem, branco, adulto, ocidental, heterossexual e dono de um patrimônio.
Na contramão desse paradigma, ao tratar do tema da igualdade, a Constituição Brasileira acolhe duas vertentes do combate à discriminação e o da promoção da igualdade. Constata-se que a Lei Afonso Arinos de 1951 (Lei no1.390/51) foi a primeira a caracterizar o racismo como contravenção penal (crime de menor potencial ofensivo). Portanto, somente com a Constituição de 1988, 100 anos após a abolição da escravatura, o racismo foi elevado a crime, inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão, nos termos do art.5o, XLII.
A fim de conferir cumprimento ao dispositivo constitucional, surgiu a Lei no. 7.716 de 5 de janeiro de 1989 (Lei Caó),6 que definiu os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. Contudo, em relação à discriminação racial, o aparato repressivo-punitivo tem se mostrado insuficiente para enfrentar tal forma de discriminação. De um lado, faz-se necessário fomentar a capacitação jurídica para que os diversos atores possam, com maior eficácia responder à gravidade do racismo. No mesmo sentido, cabe aprimorar e fortalecer o aparato repressivo,7 tornando o racismo, a xenofobia e outras formas de intolerância, agravantes de crimes. É necessário ir além da punição e investir também na promoção. Isto é, o combate à discriminação torna-se insuficiente se não se verificam medidas voltadas à promoção da igualdade. Por sua vez, a promoção da igualdade, por si só, mostra-se insuficiente se não se verificam políticas de combate à discriminação.8
Em um país em que os afro-descendentes são 64% dos pobres e 69% dos indigentes (dados do IPEA – Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada), em que o índice de desenvolvimento humano geral (IDH, 2000) coloca o País em 74o lugar, mas que, sob o recorte étnico-racial, o IDH relativo à população afro-descendente indica a 108a posição (enquanto o IDH relativo à população branca indica a 43a posição), faz-se necessária a adoção de ações afirmativas em benefício da população negra, em especial nas áreas da educação e do trabalho.
No caso brasileiro, citamos o Programa Nacional de Direitos Humanos, que faz expressa alusão às políticas compensatórias, prevendo como meta o desenvolvimento de ações afirmativas em favor de grupos socialmente vulneráveis e o Programa de Ações Afirmativas na Administração Pública Federal; e a adoção de políticas de cotas em Universidades (a exemplo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade de Brasília – UnB, etc.).
As conquistas obtidas até aqui, no campo das relações raciais no Brasil, são frutos da atuação do movimento negro organizado que vem lutando pelo reconhecimento da população negra9 como sujeito de direito. Como exemplo recente da luta e resistência negra brasileiras, citamos a Lei no10.639, de 9 de janeiro de 2003, que dispõe sobre a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira".
No âmbito da Presidência da República, por meio da Lei no10.678, de 23/5/2003, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), à qual compete dentre outras atribuições, assessorar o Presidente da República direta e imediatamente na formulação, coordenação, articulação e avaliação de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial e da proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, com ênfase na população negra, afetados por discriminação racial e demais formas de intolerância.
Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência
Não se sabe ao certo qual é o número de pessoas portadoras de deficiência no Brasil. Todavia, podemos afirmar que se trata de expressivo número de brasileiros(as), que vêm sendo apartados(as) da vida social e que, apenas recentemente, receberam proteção constitucional.
A história constitucional brasileira revela que, dispositivos específicos acerca dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, somente puderam ser observados a partir de 1978, com a edição da Emenda Constitucional 12/78, que representou um marco na defesa deste grupo. Seu conteúdo compreendia os principais direitos das pessoas portadoras de deficiência (educação, assistência e reabilitação, proibição de discriminação e acessibilidade).
A Carta Brasileira de 1988 manteve os direitos que já eram previstos na Emenda Constitucional 12/78, conferindo-lhes maior detalhamento e especificidade, bem como fixando as atribuições executivo-legislativas de cada estado. Ressalte-se, ainda, que a Constituição sofreu a influência e o impacto de um movimento crescente de tutela da pessoa portadora de deficiência no âmbito internacional.
Ao revelar um perfil eminentemente social, a Carta Brasileira de 1988 impõe ao poder público o dever de executar políticas que minimizem as desigualdades sociais, e, é neste contexto que se inserem os sete artigos constitucionais relativos às pessoas portadoras de deficiência.10 Todavia, passados mais de 15 anos de vigência desta Carta, a violação de direitos subsiste e a concretização dos dispositivos constitucionais ainda constitui meta a ser alcançada.
Na esfera do governo federal, foi criado no âmbito do Ministério da Justiça, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE11 órgão superior de deliberação colegiada. Em maio de 2003, o CONADE passou a ser vinculado à Presidência da República,12 por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e tem como principal competência, acompanhar e avaliar o desenvolvimento da Política Nacional para integração da Pessoa Portadora de Deficiência e das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer e política urbana dirigidas a este grupo social. Para implementar a Política Nacional e orientar sua atuação, tanto do ponto de vista normativo quanto regulador, foi criada a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência13 – órgão de Assessoria da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
A exemplo do que ocorre com a legislação, os inúmeros programas e políticas públicas existentes são elaborados sem ampla consulta e participação da sociedade civil e não são implementados em alguns casos no todo. Na opinião de entidades representativas dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, a falta de implementação deve-se ao abismo entre as propostas de governo e sua execução, quer seja por motivos políticos, quer seja pela ausência de capacitação e sensibilidade dos agentes estatais incumbidos de executá-las.
A crença na democracia racial conduz a uma sutil negação do racismo
REFERÊNCIAS:
Constituição 1988: Texto Constitucional de 5 de outubro de 1988. Brasíli: Ed. Atual. 1988. Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1988, 336p.
GOMES, Verônica. Indivíduos “fora de lugar”: o caso dos docentes negros(as) nas relações de trabalho na Universidade de Brasília. Dissertação de Mestrado. Brasília, departamento de Sociologia,Universidade de Brasília, 2003.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2002.
DEJOURS, Christophe. A banalização da injustiça social. 3a ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,2000.
FERNANDES, Florestan. A Integração do Negro na Sociedade de Classes. v.2, 3ª ed. São Paulo, Ática, 1978.
GUIMARÃES, A. S. A . Classes, Raças e Democracia. São Paulo: Ed.34,2002.
REDE Nacional Feminista de Saúde. Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Dossiê Assimetrias Raciais no Brasil. Rede Feminista de Saúde. Belo Horizonte: Rede
Feminista de Saúde, 2003.
ROCHA, M. I..B (Org).Trabalho e Gênero: mudanças, permanências e desafios. Campinas: ABEP, NEPO/UNICAMP e CEDEPLAR/UFMG/São Paulo: Ed. 34, 2000.
Relatório de Desenvolvimento Humano – racismo, pobreza e violência. São Paulo, Ed. PrimaPagina, PNUD, 2005.
domingo, 20 de novembro de 2011
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, CELEBRADO HOJE NO PAÍS, TEM O OBJETIVO DE FAZER A POPULAÇÃO REFLETIR SOBRE A INSERÇÃO DO NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA.
Racismo e o assédio moral ainda são barreiras para os afrodescendentes no mercado de trabalho.
Por Marcelo Lapola
ODia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra. Em Rio Claro, a data é considerada feriado municipal desde 2006, após aprovação de um projeto pela Câmara.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).
Muitos temas são debatidos durante a semana que antecede o 20 de novembro e ganham evidência discussões como a inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, entre outros assuntos relacionados.
Para o vereador José Pereira dos Santos, é preciso fortalecer a população negra nas diversas esferas da sociedade. “A expressividade numérica ainda é muito baixa.” Segundo o vereador, a educação é o mecanismo para reverter esta situação e deve ser um direito que garante acesso a outros direitos elementares e fundamentais do cidadão. É importante combater com precisão os obstáculos que insistem em abrir valas impeditivas à igualdade, sendo certo que uma das formas de se obter sucesso advém das leis, que incluem no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Pereira é autor do projeto de lei que foi aprovado na Câmara em 1998 que instituiu no município a Semana da Consciência Negra. “De lá para cá houve muitos avanços e um envolvimento maior de toda a sociedade na discussão dos assuntos relacionados à condição do negro em Rio Claro”, completou Pereira.
O projeto que instituiu o Dia da Consciência Negra no município foi elaborado em 2006 pelo prefeito Nevoeiro Junior em solicitação feita pelo vereador Pereira e também com a participação decisiva do jornalista Emerson Augusto bem como os diversos segmentos representativos da cultura negra em Rio Claro.
Com histórico importante de militância no movimento negro local Kizie de Paula Aguiar da Silva está familiarizada com a luta por igualdade racial na cidadania e acesso à educação e trabalho. No comando da Assessoria da Integração Racial, a jovem acredita que o movimento negro avançou em vários sentidos, mas que ainda existe muito a ser conquistado.
Ligada ao Gabinete do Prefeito, o maior objetivo da pasta é desenvolver políticas públicas inter-raciais. Os projetos organizados pela assessoria envolvem diversos setores, como saúde, educação e cultura. “Somos responsáveis por aplicar programas federais, elaborados pela Secretaria de Promoção de Políticas Públicas de Integração Racial (Seppir) e fazer valer o Estatuto da Igualdade Racial”, explica Kizie.
Apesar do aumento no poder aquisitivo, atestado por dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Kizie afirma que o negro pouco se vê no mercado de trabalho, principalmente em empregos que envolvam atendimento ao público e cargos de chefia.
“Tem muita gente preparada na atual geração, com diplomas de cursos técnicos e ensino superior. Mas, mesmo assim, as portas não são abertas e o mercado não nos absorve. Muitas pessoas me procuram dizendo que são discriminadas numa entrevista de emprego ou no próprio ambiente onde trabalha”, constata Kizie. Assim como Pereira, para que mais conquistas sejam somadas ao histórico do movimento negro, Kizie acredita que a educação de qualidade é o melhor caminho.
Racismo e o assédio moral ainda são barreiras para os afrodescendentes no mercado de trabalho.
Por Marcelo Lapola
ODia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra. Em Rio Claro, a data é considerada feriado municipal desde 2006, após aprovação de um projeto pela Câmara.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).
Muitos temas são debatidos durante a semana que antecede o 20 de novembro e ganham evidência discussões como a inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, entre outros assuntos relacionados.
Para o vereador José Pereira dos Santos, é preciso fortalecer a população negra nas diversas esferas da sociedade. “A expressividade numérica ainda é muito baixa.” Segundo o vereador, a educação é o mecanismo para reverter esta situação e deve ser um direito que garante acesso a outros direitos elementares e fundamentais do cidadão. É importante combater com precisão os obstáculos que insistem em abrir valas impeditivas à igualdade, sendo certo que uma das formas de se obter sucesso advém das leis, que incluem no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Pereira é autor do projeto de lei que foi aprovado na Câmara em 1998 que instituiu no município a Semana da Consciência Negra. “De lá para cá houve muitos avanços e um envolvimento maior de toda a sociedade na discussão dos assuntos relacionados à condição do negro em Rio Claro”, completou Pereira.
O projeto que instituiu o Dia da Consciência Negra no município foi elaborado em 2006 pelo prefeito Nevoeiro Junior em solicitação feita pelo vereador Pereira e também com a participação decisiva do jornalista Emerson Augusto bem como os diversos segmentos representativos da cultura negra em Rio Claro.
Com histórico importante de militância no movimento negro local Kizie de Paula Aguiar da Silva está familiarizada com a luta por igualdade racial na cidadania e acesso à educação e trabalho. No comando da Assessoria da Integração Racial, a jovem acredita que o movimento negro avançou em vários sentidos, mas que ainda existe muito a ser conquistado.
Ligada ao Gabinete do Prefeito, o maior objetivo da pasta é desenvolver políticas públicas inter-raciais. Os projetos organizados pela assessoria envolvem diversos setores, como saúde, educação e cultura. “Somos responsáveis por aplicar programas federais, elaborados pela Secretaria de Promoção de Políticas Públicas de Integração Racial (Seppir) e fazer valer o Estatuto da Igualdade Racial”, explica Kizie.
Apesar do aumento no poder aquisitivo, atestado por dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Kizie afirma que o negro pouco se vê no mercado de trabalho, principalmente em empregos que envolvam atendimento ao público e cargos de chefia.
“Tem muita gente preparada na atual geração, com diplomas de cursos técnicos e ensino superior. Mas, mesmo assim, as portas não são abertas e o mercado não nos absorve. Muitas pessoas me procuram dizendo que são discriminadas numa entrevista de emprego ou no próprio ambiente onde trabalha”, constata Kizie. Assim como Pereira, para que mais conquistas sejam somadas ao histórico do movimento negro, Kizie acredita que a educação de qualidade é o melhor caminho.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Posição da UNEGRO sobre a demissão de Orlando Silva.
A UNEGRO lamenta a saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte e solidariza-se com todos os seus familiares e amigos neste momento difícil da luta política no Brasil. Nossa confiança em Orlando, um dos fundadores da Entidade, permanece inabalada porque ele é um digno representante da população negra brasileira, vitimado pelo conservadorismo e pelo racismo abertamente declarado por Arnaldo Jabor quando destilou seu ódio ao ministro dizendo: “finalmente Orlando Silva caiu do galho...”, ou seja, insinuando que o ministro é macaco.
A trama estabelecida pela elite conservadora teve exclusiva finalidade de macular a honra do principal dirigente do Ministério do Esporte, derrubá-lo e instabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff. Consideramos um grave erro da Presidenta Dilma aceitar a demissão de um Ministro de Estado com base em uma falsa denúncia de um homem processado e preso por recurso do Ministério do Esporte - sem nenhuma prova ou indício de veracidade. Consideramos perigosa a lógica de demitir todos os ministros que a grande mídia conservadora indicar, visto que o verdadeiro alvo é a Presidenta e o objetivo é de não deixá-la governar.
A violenta campanha de difamação, calúnias e ataques, a Orlando Silva Junior atingiu o objetivo imediato de derrubar um ministro jovem, talentoso, exemplo para juventude negra e gerações de atletas, gestores, administradores, mas não conseguiu e nem conseguirá apagar o brilho e macular a contribuição que Orlando Silva deu ao país.
Orlando ajudou a consolidar e dar importância institucional e política ao Ministério do Esporte, foi figura destacada para que o Brasil tivesse a oportunidade de sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, eventos que favorecerão o dinamismo da economia nacional gerarão mais empregos e renda para o povo brasileiro. Conduziu republicanamente a gestão do Ministério, respeitou todas as forças políticas e os movimentos sociais e deixa como marca o desenvolvimento do esporte como atividade e direito fundamental da cidadania.
A injusta demissão de Orlando aumenta a invisibilidade do negro no governo Dilma, dos 37 ministérios a única negra é Luiza Bairros, ministra da Secretaria de Política de Promoção da Igualdade Racial. Estamos diante de um retrocesso perigoso e assistindo a reprise dos mesmos enredos de defenestração de ministros negros. Impõem-se, mais uma vez, a lógica de que o negro não tem competência e não é confiável. Portanto, não pode ocupar cargos importantes no governo. Primeiro foi Benedita da Silva, depois Matilde Ribeiro e agora é Orlando Silva.
A UNEGRO compreende que esse episódio fragiliza o governo e a democracia brasileira, se posiciona em defesa de Orlando Silva e o considera o ministro mais bem sucedido do governo Lula e do governo Dilma. Mantém seu apoio ao governo Dilma e manifesta sua preocupação com a ausência de negros no ministério e em outros espaços importantes do Executivo.
Não nos afastaremos um instante da construção de uma sociedade livre do racismo e das desigualdades.
Viva Orlando Silva!!!
União de Negros Pela Igualdade - UNEGRO
domingo, 30 de outubro de 2011
Deus Gregos são Mitos Culturais x Deuses Africanos são tidos como Demônios
Mitologia grega e religião.
Nas mitologias grega e romana, os semideuses eram filhos de deuses com parceiros mortais. Eles normalmente se destacavam por serem mais fortes que os humanos normais. Algumas vezes eram admitidos no Olimpo como imortais, o que é pouquíssimas vezes relatado.
Na Grécia Antiga, as pessoas seguiam uma religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses. Estes, apesar de serem imortais, possuíam características de comportamentos e atitudes semelhantes aos seres humanos. Maldade, bondade, egoísmo, fraqueza, força, vingança e outras características estavam presentes nos deuses, segundo os gregos antigos. De acordo com este povo, as divindades habitavam o topo do Monte Olimpo, de onde decidiam a vida dos mortais. Zeus era o de maior importãncia, considerado a divindade seprema do panteão grego. Acreditavam também que, muitas vezes, os deuses desciam do monte sagrado para relacionarem-se com as pessoas. Neste sentido, os heróis eram os filhos das divindades com os seres humanos comuns. Cada cidade da Grécia Antiga possuía um deus protetor.
Cada entidade divina representava forças da natureza ou sentimentos humanos. Poseidon, por exemplo, era o representante dos mares e Afrodite a deusa da beleza corporal e do amor. A mitologia grega era passada de forma oral de pai para filho e, muitas vezes, servia para explicar fenômenos da natureza ou passar conselhos de vida. Ao invadir e dominar a Grécia, os romanos absorveram o panteão grego, modificando apenas os nomes dos deuses.
Na nossa cultura ocidental o panteão grego-romano é considerado como arquétipo cultural, a psicologia usa da mitologia grega para caracterizarfenômenos psicológicos etc.
Temos ai os famosos complexos de Édipo, de Electra, definimos medidas de beleza como "apolíneas", Cronos é o mito do tempo, Gaia é linguagem erudita para se falar do Planeta Terra, a Olimpíada é um espetáculo mundial de culto ao Esporte, a relação "mens sana in corpore sano",que é um ideal das olimpíadas originais, é um paradigma para quem quer levar uma vida sadia.
Segundo Freud estes mitos seriam, segundo a nova perspectiva proposta por ele , uma expressão simbólica dos sentimentos e atitudes inconscientes de um povo, de forma perfeitamente comparável ao que são os sonhos na vida do indivíduo.
Mas a cultura africana, cujas divindades são as mesmas dos gregos, romanos e germânicos só que com nomes em Iourubá, Ketu, e demais línguas africanas originais, ela é demonizada e reduzida como ignorância, como supertição, como cultura inferior e, na perspectiva neo farisáica ,é tida como manifestações de demônios e outras figuras que tanto adoram evocar.
Lógicamente que não creio nas divindades africanas, mas reconheço o grande valor cultural das manifestações religiosas da África e vejo que ela é associada ao mal, mais por uma forma de racismo camuflado do que por sua característica religiosa.
Porque demonizam os deuses africanos e reconhecem como arquétipos os deuses primitivos das civilizações européias?
A MITOLOGIA AFRICANA
A mitologia, tanto a européia como as de outras tradições, aborda instintos humanos (como o poder do amor, do ciúme, da ansiedade; o conflito de gerações; a violência; a tristeza da doença e dos sinistros; o mistério da morte; o desafio do desconhecido; os tempos de má e boa fortuna e todo o peso do destino). Contos de homens e deuses retratam os reveses e as alegrias da vida.
Nietzsche observou que os gregos ofereciam festas a todas as suas paixões e inclinações; eles consideravam como divino tudo que tem algum poder no homem; o cristianismo jamais compreendeu esse mundo pagão e sempre o combateu e o desprezou.
A mitologia européia é interpretada hoje sem restrição. Mas há restrição quando falamos em mitologia africana, certamente porque a relacionamos com o culto aos orixás (candomblé e umbanda), ainda vivo na África e no Brasil.
Devemos deixar de lado o aspecto religioso e conhecer a beleza e a riqueza da cultura africana, na qual se inclui a sua mitologia e sua arte. Os principais produtos artísticos africanos são as máscaras e as esculturas em madeira, as quais, para os membros da sociedade africana, constituíam objetos sagrados com poderes sobrenaturais: acreditavam que poderiam atrair a destruição ou distribuir bençãos.
As máscaras e as esculturas em madeira têm forma angulosa, assimétrica e distorcida; uma forma não-realista, obviamente para expressar, com efeito dramático, que os objetos abrigam espíritos poderosos; nada de aparência real, mas formas verticais e membros do corpo alongados.
Pablo Picasso conheceu, por volta de 1905, a arte africana, a qual muito o atraiu, principalmente pela sua independência da tradição européia. Disse Picasso sobre as máscaras africanas: "Senti que eram muito importantes ... As máscaras não eram apenas peças esculpidas ... Eram magia".
A arte africana inspirou Picasso a criar o movimento cubista, o qual recebeu a influência das distorções do entalhe africano, destinadas a mostrar simultaneamente aspectos múltiplos de um objeto. As técnicas cubistas expressam intensas emoções e conflitos internos. O quadro Les Demoiselles d'Avignon representa o ponto de transição da fase de influência africana para o puro Cubismo; esse quadro é uma obra de ruptura (encerrou o reinado de quase quinhentos anos da Renascença), uma das poucas obras que, sozinha, alterou o curso da arte; os cinco nus do referido quadro têm anotomia indistinta, olhos tortos, orelhas deformadas e membros deslocados.
As máscaras não eram apenas peças esculpidas ... Eram magia. Esse sentimento de magia, manifestado por Picasso, nos lembra recente ensinamento de Desmond Morris, autor de "O Macaco Nu", um dos maiores especialistas em comportamento humano e fabricante de amuletos. A revista Superinteressante perguntou-lhe: Não é contraditório que um cientista faça esse tipo de jóias? Você crê no poder desses objetos?
Respondeu Desmond: Claro que não. Mas creio no poder de quem os leva. Está provado que se você acredita que um objeto vai lhe ajudar e proteger, suas defesas crescem e sua energia flui com mais harmonia. Tudo está em nosso interior.
Na mitologia africana, há um deus supremo (Olodumaré), o qual criou os orixás (deuses) para governarem e supervisionarem o mundo. O orixá é uma força pura e imaterial, a qual só se torna perceptível aos seres humanos manifestando-se em um deles; o ser escolhido pelo orixá, um de seus descendentes, é chamado seu elégùn, o veículo que permite ao orixá voltar à terra para saudar e receber as provas de respeito de seus descendentes que o evocaram. Ainda inexiste um panteão de orixás bem hierarquizado, único e idêntico.
Nas mitologia yoruba, Olorun é o Deus e os Orixás são considerados semideuses por serem os ancestrais divinizados do povo yoruba. Assim como em outras religiões tradicionais africanas com a dos povos ewe-fon, a mitologia Fon também têem sua Deusa Mawu e o Deus Lissá e seus Vodun semideuses ancestrais divinizados. Para os Bantus na mitologia bantu das nações Angola e Congo o Deus é Nzambi e também tem os Nkisi semideuses ancestrais divinizados. Essa concepção é tida na África e no Brasil porém em outros países costumam chamar o orixá, vodun ou nkisi de deuses sendo incorreta essa denominação por estarem abaixo do Deus supremo de cada religião.
Yoruba - Orixá
Exu (orixá) O senhor da comunicações e dos caminhos
Ogum O senhor do ferro e das guerras
Oxossi O senhor da fartura e da caça
Xangô O senhor dos trovões, raios e vulcões
Obaluayê O senhor da cura e das doenças infecciosas
Orunmilá O senhor dos segredos e dos destinos
Osanyin O senhor do segredo das folhas e da cura através delas
Oxumarê O senhor do arco-íris
Ewe-fon - Vodun
Loko, Gu, Sakpatá, Dan, Agué, Agbê, Ayizan, Agassu, Possun, Aguê, Legba, Fa
Bantus - Nkisi ou Mkisi
Pambu Njila, Nkosi, Katendê, Mutalambô, Nsumbu, Kindembu, Nzazi, Hongolo, Matamba, Ndanda Lunda, Mikaia, Nzumbá, Nkasuté Lembá, Lembarenganga
Quais os principais deuses (ou orixás) ou autoridades da mitologia africana ? Exu, Ogum, Oxóssi, Ossain, Orunmilá, Oranian, Xangô, Iansã, Oxum, Obá, Iemanjá, Oxumaé, Obaluaê, Nanã e Oxalá. Africanos e não africanos têm em comum tendências inatas e um comportamento geral que corresponde às características de um orixá (arquétipos).
Exu é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas; serve de intermediário entre os homens e os deuses (chamado de mensageiro, compadre ou homem da rua); suas cores são o vermelho e o preto. Os missionários compararam Exu com o Diabo, símbolo da maldade, porque Exu é astucioso, grosseiro, vaidoso e indecente. Mas Exu possui o seu lado bom; revela-se o mais humano dos orixás, justamente porque não é completamente mau, nem completamente bom. Exu é o arquétipo das pessoas com caráter ambivalente (ao mesmo tempo boas e más), porém com inclinação para a maldade, a obscenidade e a corrupção.
Ogum é o deus do ferro, senhor da guerra e dono das estradas, patrono das artes manuais; sua cor é o azul escuro. Sincretizado com Santo Antônio de Pádua (Bahia) e São Jorge (Rio de Janeiro), Ogum é o arquétipo das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vítimas.
Oxóssi é o deus dos caçadores; veste-se de verde na Angola e de azul-claro no Ketu. Oxóssi é o arquétipo das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento; pessoas cheias de iniciativa e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades; pessoas com senso de responsabilidade e dos cuidados para com a família.
Ossain é o deus das plantas medicinais e litúrgicas. O arquétipo de Ossain é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções; pessoas com extraordinária reserva de energia criadora e resistência.
Orunmilá não é um orixá; é o senhor das advinhações; é consultado em caso de dúvida, quando as pessoas têm uma decisão importante a tomar a respeito de uma viagem, de um casamento, de uma compra ou venda; é consultado ainda quando as pessoas querem saber a causa de uma doença.
Oranian é o orixá famoso pelas suas numerosas conquistas, rei da terra.
Xangô, viril e atrevido, senhor do fogo, é o deus justiceiro, o qual castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores; sua cor é o vermelho e o branco; esposo de Iansã, Oxum e Obá. Sincretizado com São Jerônimo, Xangô é o arquétipo das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real ou suposta; pessoas que sabem guardar um profundo e constante sentimento de justiça.
Iansã, de temperamento ardente e impetuoso, guerreira, é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Níger; sua cor é o vermelho e o branco. Sincretizada com Santa Bárbara, Iansã é o arquétipo das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias; mulheres cujo temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e frequentes.
Oxum é a divindade do rio do mesmo nome; controla a fecundidade, daí por que as mulheres que desejam ter filho dirigem-se a ela. Oxum é chamada de Ialodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade; além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre a água doce. Sincretizada com Nossa Senhora das Candeias (Bahia) e com Nossa Senhora dos Prazeres (Pernambuco), Oxum é o arquétipo das mulheres graciosas e elegantes com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras; mulheres que são símbolos do charme e da beleza; mulheres que têm grande desejo de ascensão social.
Obá é a divindade do rio do mesmo nome; sua cor é o vermelho e o branco. Sincretizada com Santa Catarina, Obá é o arquétipo das mulheres valorosas e incompreendidas; mulheres que, em compensação às frustrações, encontram sucessos materiais, em virtude de sua avidez de ganho e do cuidado de nada perder dos seus bens.
Iemanjá é a deusa do mar, das ondas turbulentas, símbolo da maternidade fecunda e nutritiva (mulher de Oxalá, também é chamada de Inaê, Oloxum ou Janaína); suas cores são o azul e o branco. Sincretizada com Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Iemanjá é o arquétipo das mulheres voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes; mulheres que se preocupam com os outros; maternais e sérias; mulheres sem a vaidade de Oxum, mas que gostam do luxo, dos tecidos azuis e vistosos.
Oxumaré, símbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a serpente-arco-íris (é ao mesmo tempo macho e fêmea); ele transporta as águas da Terra para o Céu através do arco-íris; suas cores são o verde e o amarelo. Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos.
Obaluaê é o deus da varíola e das doenças contagiosas; pune os malfeitores e insolentes enviando-lhes a varíola; cura ou faz ficar doente (também chamado de Omulu); suas cores são o preto e o branco. Sincretizado com São Lázaro e São Roque (Bahia) e com São Sebastião (Pernambuco e Rio de Janeiro), Obaluaê é o arquétipo das pessoas com tendências masoquistas; pessoas que gostam de exibir seus sofrimentos e suas tristezas, das quais tiram uma satisfação íntima; pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros.
Nanã é deusa das águas paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos. Sincretizada com Sant'Ana, Nanã é o arquétipo das pessoas que agem com calma, benevolência, dignidade e gentileza; das pessoas lentas no cumprimento de seus trabalhos e que julgam ter a eternidade à sua frente para acabar seus afazeres.
Oxalá, o Grande Orixá, o primeiro orixá criado por Olodumaré (conhecido também por "O Rei do Pano Branco"); patrono da fecundidade e da procriação; esposo de Yemanjá; sua cor é o branco. É sincretizado na Bahia com o Senhor do Bonfim. Oxalá é o arquétipo das pessoas calmas e dignas de confiança; das pessoas respeitáveis e reservadas, dotadas de força de vontade inquebrantável.
Os colonizadores portugueses reprimiram o culto aos orixás, porque o viam como feitiçaria. Os escravos africanos fizeram então a associação dos orixás com os santos católicos, formando o sincretismo religioso de hoje.
Jorge Amado, no capítulo Macumba de seu livro Jubiabá, relata uma festa na casa do pai-de-santo Jubiabá:
Na sala estavam todos enlouquecidos e dançavam todos ao som dos atabaques, agogôs, chocalhos, cabaças. E os santos dançavam também ao som da velha música da África, dançavam todos os quatro, entre as feitas, ao redor dos ogãs. E eram Oxóssi, o deus da caça, Xangô, o deus do raio e do trovão, Omulu, o deus da bexiga, e Oxalá, o maior de todos, que se espojava no chão.
No altar católico que estava num canto da sala, Oxóssi era São Jorge; Xangô, São Jerônimo; Omulu, São Roque; e Oxalá, o Senhor do Bonfim - que é o mais milagroso dos santos da cidade negra da Bahia de Todos os Santos e do pai-de-santo Jubiabá. É o que tem a festa mais bonita, pois a sua festa é toda como se fosse candomblé ou macumba.
Esclarece Jorge Amado: na porta da casa do pai-de-santo Jubiabá, negras vendiam acarajé e abará; antes da festa, fizeram o despacho de Exu, o qual foi perturbar outras festas mais longe.
fonte:Encyclopedia Mythica/African Mythology/Myths, legends, beliefs and tradional stories from Africa/os-deuses-iorubs-e-a-mitologia-/www.newton.freitas.nom.br/artigos/ Religião e Espiritualidade/www.suapesquisa.com/musicacultura/deuses_gregos
Nas mitologias grega e romana, os semideuses eram filhos de deuses com parceiros mortais. Eles normalmente se destacavam por serem mais fortes que os humanos normais. Algumas vezes eram admitidos no Olimpo como imortais, o que é pouquíssimas vezes relatado.
Na Grécia Antiga, as pessoas seguiam uma religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses. Estes, apesar de serem imortais, possuíam características de comportamentos e atitudes semelhantes aos seres humanos. Maldade, bondade, egoísmo, fraqueza, força, vingança e outras características estavam presentes nos deuses, segundo os gregos antigos. De acordo com este povo, as divindades habitavam o topo do Monte Olimpo, de onde decidiam a vida dos mortais. Zeus era o de maior importãncia, considerado a divindade seprema do panteão grego. Acreditavam também que, muitas vezes, os deuses desciam do monte sagrado para relacionarem-se com as pessoas. Neste sentido, os heróis eram os filhos das divindades com os seres humanos comuns. Cada cidade da Grécia Antiga possuía um deus protetor.
Cada entidade divina representava forças da natureza ou sentimentos humanos. Poseidon, por exemplo, era o representante dos mares e Afrodite a deusa da beleza corporal e do amor. A mitologia grega era passada de forma oral de pai para filho e, muitas vezes, servia para explicar fenômenos da natureza ou passar conselhos de vida. Ao invadir e dominar a Grécia, os romanos absorveram o panteão grego, modificando apenas os nomes dos deuses.
Na nossa cultura ocidental o panteão grego-romano é considerado como arquétipo cultural, a psicologia usa da mitologia grega para caracterizarfenômenos psicológicos etc.
Temos ai os famosos complexos de Édipo, de Electra, definimos medidas de beleza como "apolíneas", Cronos é o mito do tempo, Gaia é linguagem erudita para se falar do Planeta Terra, a Olimpíada é um espetáculo mundial de culto ao Esporte, a relação "mens sana in corpore sano",que é um ideal das olimpíadas originais, é um paradigma para quem quer levar uma vida sadia.
Segundo Freud estes mitos seriam, segundo a nova perspectiva proposta por ele , uma expressão simbólica dos sentimentos e atitudes inconscientes de um povo, de forma perfeitamente comparável ao que são os sonhos na vida do indivíduo.
Mas a cultura africana, cujas divindades são as mesmas dos gregos, romanos e germânicos só que com nomes em Iourubá, Ketu, e demais línguas africanas originais, ela é demonizada e reduzida como ignorância, como supertição, como cultura inferior e, na perspectiva neo farisáica ,é tida como manifestações de demônios e outras figuras que tanto adoram evocar.
Lógicamente que não creio nas divindades africanas, mas reconheço o grande valor cultural das manifestações religiosas da África e vejo que ela é associada ao mal, mais por uma forma de racismo camuflado do que por sua característica religiosa.
Porque demonizam os deuses africanos e reconhecem como arquétipos os deuses primitivos das civilizações européias?
A MITOLOGIA AFRICANA
A mitologia, tanto a européia como as de outras tradições, aborda instintos humanos (como o poder do amor, do ciúme, da ansiedade; o conflito de gerações; a violência; a tristeza da doença e dos sinistros; o mistério da morte; o desafio do desconhecido; os tempos de má e boa fortuna e todo o peso do destino). Contos de homens e deuses retratam os reveses e as alegrias da vida.
Nietzsche observou que os gregos ofereciam festas a todas as suas paixões e inclinações; eles consideravam como divino tudo que tem algum poder no homem; o cristianismo jamais compreendeu esse mundo pagão e sempre o combateu e o desprezou.
A mitologia européia é interpretada hoje sem restrição. Mas há restrição quando falamos em mitologia africana, certamente porque a relacionamos com o culto aos orixás (candomblé e umbanda), ainda vivo na África e no Brasil.
Devemos deixar de lado o aspecto religioso e conhecer a beleza e a riqueza da cultura africana, na qual se inclui a sua mitologia e sua arte. Os principais produtos artísticos africanos são as máscaras e as esculturas em madeira, as quais, para os membros da sociedade africana, constituíam objetos sagrados com poderes sobrenaturais: acreditavam que poderiam atrair a destruição ou distribuir bençãos.
As máscaras e as esculturas em madeira têm forma angulosa, assimétrica e distorcida; uma forma não-realista, obviamente para expressar, com efeito dramático, que os objetos abrigam espíritos poderosos; nada de aparência real, mas formas verticais e membros do corpo alongados.
Pablo Picasso conheceu, por volta de 1905, a arte africana, a qual muito o atraiu, principalmente pela sua independência da tradição européia. Disse Picasso sobre as máscaras africanas: "Senti que eram muito importantes ... As máscaras não eram apenas peças esculpidas ... Eram magia".
A arte africana inspirou Picasso a criar o movimento cubista, o qual recebeu a influência das distorções do entalhe africano, destinadas a mostrar simultaneamente aspectos múltiplos de um objeto. As técnicas cubistas expressam intensas emoções e conflitos internos. O quadro Les Demoiselles d'Avignon representa o ponto de transição da fase de influência africana para o puro Cubismo; esse quadro é uma obra de ruptura (encerrou o reinado de quase quinhentos anos da Renascença), uma das poucas obras que, sozinha, alterou o curso da arte; os cinco nus do referido quadro têm anotomia indistinta, olhos tortos, orelhas deformadas e membros deslocados.
As máscaras não eram apenas peças esculpidas ... Eram magia. Esse sentimento de magia, manifestado por Picasso, nos lembra recente ensinamento de Desmond Morris, autor de "O Macaco Nu", um dos maiores especialistas em comportamento humano e fabricante de amuletos. A revista Superinteressante perguntou-lhe: Não é contraditório que um cientista faça esse tipo de jóias? Você crê no poder desses objetos?
Respondeu Desmond: Claro que não. Mas creio no poder de quem os leva. Está provado que se você acredita que um objeto vai lhe ajudar e proteger, suas defesas crescem e sua energia flui com mais harmonia. Tudo está em nosso interior.
Na mitologia africana, há um deus supremo (Olodumaré), o qual criou os orixás (deuses) para governarem e supervisionarem o mundo. O orixá é uma força pura e imaterial, a qual só se torna perceptível aos seres humanos manifestando-se em um deles; o ser escolhido pelo orixá, um de seus descendentes, é chamado seu elégùn, o veículo que permite ao orixá voltar à terra para saudar e receber as provas de respeito de seus descendentes que o evocaram. Ainda inexiste um panteão de orixás bem hierarquizado, único e idêntico.
Nas mitologia yoruba, Olorun é o Deus e os Orixás são considerados semideuses por serem os ancestrais divinizados do povo yoruba. Assim como em outras religiões tradicionais africanas com a dos povos ewe-fon, a mitologia Fon também têem sua Deusa Mawu e o Deus Lissá e seus Vodun semideuses ancestrais divinizados. Para os Bantus na mitologia bantu das nações Angola e Congo o Deus é Nzambi e também tem os Nkisi semideuses ancestrais divinizados. Essa concepção é tida na África e no Brasil porém em outros países costumam chamar o orixá, vodun ou nkisi de deuses sendo incorreta essa denominação por estarem abaixo do Deus supremo de cada religião.
Yoruba - Orixá
Exu (orixá) O senhor da comunicações e dos caminhos
Ogum O senhor do ferro e das guerras
Oxossi O senhor da fartura e da caça
Xangô O senhor dos trovões, raios e vulcões
Obaluayê O senhor da cura e das doenças infecciosas
Orunmilá O senhor dos segredos e dos destinos
Osanyin O senhor do segredo das folhas e da cura através delas
Oxumarê O senhor do arco-íris
Ewe-fon - Vodun
Loko, Gu, Sakpatá, Dan, Agué, Agbê, Ayizan, Agassu, Possun, Aguê, Legba, Fa
Bantus - Nkisi ou Mkisi
Pambu Njila, Nkosi, Katendê, Mutalambô, Nsumbu, Kindembu, Nzazi, Hongolo, Matamba, Ndanda Lunda, Mikaia, Nzumbá, Nkasuté Lembá, Lembarenganga
Quais os principais deuses (ou orixás) ou autoridades da mitologia africana ? Exu, Ogum, Oxóssi, Ossain, Orunmilá, Oranian, Xangô, Iansã, Oxum, Obá, Iemanjá, Oxumaé, Obaluaê, Nanã e Oxalá. Africanos e não africanos têm em comum tendências inatas e um comportamento geral que corresponde às características de um orixá (arquétipos).
Exu é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas; serve de intermediário entre os homens e os deuses (chamado de mensageiro, compadre ou homem da rua); suas cores são o vermelho e o preto. Os missionários compararam Exu com o Diabo, símbolo da maldade, porque Exu é astucioso, grosseiro, vaidoso e indecente. Mas Exu possui o seu lado bom; revela-se o mais humano dos orixás, justamente porque não é completamente mau, nem completamente bom. Exu é o arquétipo das pessoas com caráter ambivalente (ao mesmo tempo boas e más), porém com inclinação para a maldade, a obscenidade e a corrupção.
Ogum é o deus do ferro, senhor da guerra e dono das estradas, patrono das artes manuais; sua cor é o azul escuro. Sincretizado com Santo Antônio de Pádua (Bahia) e São Jorge (Rio de Janeiro), Ogum é o arquétipo das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vítimas.
Oxóssi é o deus dos caçadores; veste-se de verde na Angola e de azul-claro no Ketu. Oxóssi é o arquétipo das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento; pessoas cheias de iniciativa e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades; pessoas com senso de responsabilidade e dos cuidados para com a família.
Ossain é o deus das plantas medicinais e litúrgicas. O arquétipo de Ossain é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções; pessoas com extraordinária reserva de energia criadora e resistência.
Orunmilá não é um orixá; é o senhor das advinhações; é consultado em caso de dúvida, quando as pessoas têm uma decisão importante a tomar a respeito de uma viagem, de um casamento, de uma compra ou venda; é consultado ainda quando as pessoas querem saber a causa de uma doença.
Oranian é o orixá famoso pelas suas numerosas conquistas, rei da terra.
Xangô, viril e atrevido, senhor do fogo, é o deus justiceiro, o qual castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores; sua cor é o vermelho e o branco; esposo de Iansã, Oxum e Obá. Sincretizado com São Jerônimo, Xangô é o arquétipo das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real ou suposta; pessoas que sabem guardar um profundo e constante sentimento de justiça.
Iansã, de temperamento ardente e impetuoso, guerreira, é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Níger; sua cor é o vermelho e o branco. Sincretizada com Santa Bárbara, Iansã é o arquétipo das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias; mulheres cujo temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e frequentes.
Oxum é a divindade do rio do mesmo nome; controla a fecundidade, daí por que as mulheres que desejam ter filho dirigem-se a ela. Oxum é chamada de Ialodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade; além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre a água doce. Sincretizada com Nossa Senhora das Candeias (Bahia) e com Nossa Senhora dos Prazeres (Pernambuco), Oxum é o arquétipo das mulheres graciosas e elegantes com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras; mulheres que são símbolos do charme e da beleza; mulheres que têm grande desejo de ascensão social.
Obá é a divindade do rio do mesmo nome; sua cor é o vermelho e o branco. Sincretizada com Santa Catarina, Obá é o arquétipo das mulheres valorosas e incompreendidas; mulheres que, em compensação às frustrações, encontram sucessos materiais, em virtude de sua avidez de ganho e do cuidado de nada perder dos seus bens.
Iemanjá é a deusa do mar, das ondas turbulentas, símbolo da maternidade fecunda e nutritiva (mulher de Oxalá, também é chamada de Inaê, Oloxum ou Janaína); suas cores são o azul e o branco. Sincretizada com Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Iemanjá é o arquétipo das mulheres voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes; mulheres que se preocupam com os outros; maternais e sérias; mulheres sem a vaidade de Oxum, mas que gostam do luxo, dos tecidos azuis e vistosos.
Oxumaré, símbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a serpente-arco-íris (é ao mesmo tempo macho e fêmea); ele transporta as águas da Terra para o Céu através do arco-íris; suas cores são o verde e o amarelo. Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos.
Obaluaê é o deus da varíola e das doenças contagiosas; pune os malfeitores e insolentes enviando-lhes a varíola; cura ou faz ficar doente (também chamado de Omulu); suas cores são o preto e o branco. Sincretizado com São Lázaro e São Roque (Bahia) e com São Sebastião (Pernambuco e Rio de Janeiro), Obaluaê é o arquétipo das pessoas com tendências masoquistas; pessoas que gostam de exibir seus sofrimentos e suas tristezas, das quais tiram uma satisfação íntima; pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros.
Nanã é deusa das águas paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos. Sincretizada com Sant'Ana, Nanã é o arquétipo das pessoas que agem com calma, benevolência, dignidade e gentileza; das pessoas lentas no cumprimento de seus trabalhos e que julgam ter a eternidade à sua frente para acabar seus afazeres.
Oxalá, o Grande Orixá, o primeiro orixá criado por Olodumaré (conhecido também por "O Rei do Pano Branco"); patrono da fecundidade e da procriação; esposo de Yemanjá; sua cor é o branco. É sincretizado na Bahia com o Senhor do Bonfim. Oxalá é o arquétipo das pessoas calmas e dignas de confiança; das pessoas respeitáveis e reservadas, dotadas de força de vontade inquebrantável.
Os colonizadores portugueses reprimiram o culto aos orixás, porque o viam como feitiçaria. Os escravos africanos fizeram então a associação dos orixás com os santos católicos, formando o sincretismo religioso de hoje.
Jorge Amado, no capítulo Macumba de seu livro Jubiabá, relata uma festa na casa do pai-de-santo Jubiabá:
Na sala estavam todos enlouquecidos e dançavam todos ao som dos atabaques, agogôs, chocalhos, cabaças. E os santos dançavam também ao som da velha música da África, dançavam todos os quatro, entre as feitas, ao redor dos ogãs. E eram Oxóssi, o deus da caça, Xangô, o deus do raio e do trovão, Omulu, o deus da bexiga, e Oxalá, o maior de todos, que se espojava no chão.
No altar católico que estava num canto da sala, Oxóssi era São Jorge; Xangô, São Jerônimo; Omulu, São Roque; e Oxalá, o Senhor do Bonfim - que é o mais milagroso dos santos da cidade negra da Bahia de Todos os Santos e do pai-de-santo Jubiabá. É o que tem a festa mais bonita, pois a sua festa é toda como se fosse candomblé ou macumba.
Esclarece Jorge Amado: na porta da casa do pai-de-santo Jubiabá, negras vendiam acarajé e abará; antes da festa, fizeram o despacho de Exu, o qual foi perturbar outras festas mais longe.
fonte:Encyclopedia Mythica/African Mythology/Myths, legends, beliefs and tradional stories from Africa/os-deuses-iorubs-e-a-mitologia-/www.newton.freitas.nom.br/artigos/ Religião e Espiritualidade/www.suapesquisa.com/musicacultura/deuses_gregos
O Universo Africano
O SER SUPREMO
Quando os europeus entraram em contato com os habitantes da África, tiraram uma conclusão apressada:
os Africanos eram pagãos e politeístas. O que não era totalmente correto, pois os Africanos também veneram um Ser Supremo:
Olodumare, entre os Iorubas, Ciuku, entre os Ibos..., embora o culto seja dedicado também às divindades e aos antepassados. Contudo, para estes, nunca é usado o mesmo nome que se dá ao Ser Supremo.
Vejamos alguns exemplos:
O ancião gugi (pastores da Etiópia) reza, sozinho e em voz alta, quase como quem suspira, com frases como esta: “Ó Deus, meu pai, minha mãe, meu criador, ajuda-me”.
Os turkana (nômades do Quênia) dirigem a sua oração a Akuf (aquele que está no céu) para pedir chuva, pastagens, aumento dos rebanhos, saúde, filhos, paz, concórdia entre os anciãos.
Os wahebe (Tanzânia), sobretudo em atos públicos ou diante de calamidades, orientam a sua oração para Ngulwi (Deus). Normalmente voltam-se para os antepassados e expõem-lhe todas as necessidades pessoais, familiares ou comunitárias.
O PODER de DEUS
Os Africanos conferem uma grande variedade de atributos morais ao Ser Supremo: bondade, clemência... Mas Ele é capaz também de mostrar ira e rancor, a ponto de matar com inundações, terremotos e outras catástrofes naturais.
A providência é o atributo mais reconhecido, pois os Africanos acreditam que o Ser Supremo atende às necessidades dos seres humanos.
A chuva é considerada a sua saliva: sinal de bênção, que simboliza a prosperidade, a felicidade, o bem-estar mesmo nas relações humanas.
Quase não há templos dedicados a seu culto, já que os sacrifícios são feitos ao ar livre, pois o mundo, na sua globalidade, é considerado templo e altar do Ser Supremo. Dificilmente encontram-se estátuas ou imagens do Ser Supremo: eles desconhecem a forma de o representar.
Os Africanos atribuem ao Ser Supremo ações como comer, dormir, beber, olhar, sentir, escutar, embora estejam convencidos de que Ele é puro espírito, sem qualquer mistura com elementos materiais.
PARA ALÉM da MORTE
A comunidade africana compreende tanto os membros vivos como os falecidos. Os defuntos não estão realmente mortos: eles só passaram da visibilidade para a invisibilidade ou reino dos espíritos. Mas nem por isso se encontram menos presentes, já que estão dotados de maiores poderes do que quando estavam vivos e, por conseguinte, em condições de realizar, com maior eficácia, os seus desígnios, tanto maus como bons, entre os que se encontram vivos na comunidade.
É conveniente cativar os seus favores para não se incorrer na ira deles. Daí explica-se a preocupação em dar-lhes uma sepultura digna e invocá-los, fazendo-os participar sempre nas festas da família, como nascimentos, casamentos, negócios...
Mas nem todos os mortos são considerados antepassados. Têm de satisfazer certos requisitos: terem tido uma vida longa, deixado filhos que dêem continuidade à família e conduzido uma vida moralmente correta. Assim, criminosos, bruxos e afins não são dignos de se tornar antepassados.
Os antepassados têm diversas funções: são os garantes da moralidade, recompensando os comportamentos honestos e punindo as ações maldosas; são os guardiões das terras e podem inclusivamente interferir na fecundidade das mulheres. Para eles, fomentar novos nascimentos significa continuar a viver na Terra e não cair no esquecimento.
OUTROS ESPÍRITOS
A este culto permanente dos antepassados deve-se acrescentar uma variedade enorme de relações com outras categorias de poderes invisíveis: deuses secundários, gênios ou espíritos.
Sua natureza, suas funções e sua influência na vida dos homens são variadas, complicadas e diferentes em cada etnia ou tribo.
Entre os espíritos uns são os senhores do transe e da possessão; outros deslocam-se e outros ainda são sedentários.
Há espíritos benfazejos, outros ambivalentes e outros decididamente hostis ao homem.
Há espíritos ligados à terra, à chuva, ao trovão, ao raio, ao vento, à caça, à pesca, às artes e ofícios.
São concebidos com forma humana: de estatura baixa, cabeça grande, pés voltados para trás e voz aguda. Divertem-se à custa dos homens, quando não são declaradamente hostis.
O FETICHISMO e o TOTEMISMO
O fetichismo e o totemismo podem ser considerados variantes do animismo.
O fetichismo refere-se à denominação que os portugueses deram à religião dos negros da África ocidental e que se ampliou até confundir-se com o animismo. Ele consiste na veneração a objetos aos quais se atribuem poderes sobrenaturais ou que são possuídos por um espírito.
O totemismo, mais que uma religião, seria um sistema de crenças e práticas culturais que estabelece relação especial entre um indivíduo ou grupo de indivíduos e um animal - às vezes um vegetal, um fenômeno natural ou algum objeto material - ao qual se rende algum tipo de culto e respeito.
RELIGIÕES TRADICIONAIS HOJE
Antes da chegada do cristianismo e do colonialismo, a religião tradicional africana assumia um caráter de coesão importante entre os membros das comunidades.
Vida e religião eram urna coisa só: não havia separação entre vida sagrada e profana e não existiam ateus.
A religião tradicional criou uma visão do mundo do tipo pré-científico, que, contudo, não tinha condições de enfrentar o mundo moderno com o seu progresso tecnológico e científico.
Contudo, a religião tradicional não ficou uma simples lembrança. Nem a ciência, nem a tecnologia, nem o cristianismo, nem o islamismo conseguiram, até agora, eliminar a religião tradicional da consciência dos Africanos.
O africano, ainda que ocidentalizado e cristianizado, dá sinais surpreendentes de religião tradicional, como, por exemplo, o apego à terra dos “seus antepassados”, a ponto de impedir ações modernas de desenvolvimento, que até poderiam favorecer o modo de vida das populações da sua região.
fonte:Jornal - "MISSÃO JOVEM"
Quando os europeus entraram em contato com os habitantes da África, tiraram uma conclusão apressada:
os Africanos eram pagãos e politeístas. O que não era totalmente correto, pois os Africanos também veneram um Ser Supremo:
Olodumare, entre os Iorubas, Ciuku, entre os Ibos..., embora o culto seja dedicado também às divindades e aos antepassados. Contudo, para estes, nunca é usado o mesmo nome que se dá ao Ser Supremo.
Vejamos alguns exemplos:
O ancião gugi (pastores da Etiópia) reza, sozinho e em voz alta, quase como quem suspira, com frases como esta: “Ó Deus, meu pai, minha mãe, meu criador, ajuda-me”.
Os turkana (nômades do Quênia) dirigem a sua oração a Akuf (aquele que está no céu) para pedir chuva, pastagens, aumento dos rebanhos, saúde, filhos, paz, concórdia entre os anciãos.
Os wahebe (Tanzânia), sobretudo em atos públicos ou diante de calamidades, orientam a sua oração para Ngulwi (Deus). Normalmente voltam-se para os antepassados e expõem-lhe todas as necessidades pessoais, familiares ou comunitárias.
O PODER de DEUS
Os Africanos conferem uma grande variedade de atributos morais ao Ser Supremo: bondade, clemência... Mas Ele é capaz também de mostrar ira e rancor, a ponto de matar com inundações, terremotos e outras catástrofes naturais.
A providência é o atributo mais reconhecido, pois os Africanos acreditam que o Ser Supremo atende às necessidades dos seres humanos.
A chuva é considerada a sua saliva: sinal de bênção, que simboliza a prosperidade, a felicidade, o bem-estar mesmo nas relações humanas.
Quase não há templos dedicados a seu culto, já que os sacrifícios são feitos ao ar livre, pois o mundo, na sua globalidade, é considerado templo e altar do Ser Supremo. Dificilmente encontram-se estátuas ou imagens do Ser Supremo: eles desconhecem a forma de o representar.
Os Africanos atribuem ao Ser Supremo ações como comer, dormir, beber, olhar, sentir, escutar, embora estejam convencidos de que Ele é puro espírito, sem qualquer mistura com elementos materiais.
PARA ALÉM da MORTE
A comunidade africana compreende tanto os membros vivos como os falecidos. Os defuntos não estão realmente mortos: eles só passaram da visibilidade para a invisibilidade ou reino dos espíritos. Mas nem por isso se encontram menos presentes, já que estão dotados de maiores poderes do que quando estavam vivos e, por conseguinte, em condições de realizar, com maior eficácia, os seus desígnios, tanto maus como bons, entre os que se encontram vivos na comunidade.
É conveniente cativar os seus favores para não se incorrer na ira deles. Daí explica-se a preocupação em dar-lhes uma sepultura digna e invocá-los, fazendo-os participar sempre nas festas da família, como nascimentos, casamentos, negócios...
Mas nem todos os mortos são considerados antepassados. Têm de satisfazer certos requisitos: terem tido uma vida longa, deixado filhos que dêem continuidade à família e conduzido uma vida moralmente correta. Assim, criminosos, bruxos e afins não são dignos de se tornar antepassados.
Os antepassados têm diversas funções: são os garantes da moralidade, recompensando os comportamentos honestos e punindo as ações maldosas; são os guardiões das terras e podem inclusivamente interferir na fecundidade das mulheres. Para eles, fomentar novos nascimentos significa continuar a viver na Terra e não cair no esquecimento.
OUTROS ESPÍRITOS
A este culto permanente dos antepassados deve-se acrescentar uma variedade enorme de relações com outras categorias de poderes invisíveis: deuses secundários, gênios ou espíritos.
Sua natureza, suas funções e sua influência na vida dos homens são variadas, complicadas e diferentes em cada etnia ou tribo.
Entre os espíritos uns são os senhores do transe e da possessão; outros deslocam-se e outros ainda são sedentários.
Há espíritos benfazejos, outros ambivalentes e outros decididamente hostis ao homem.
Há espíritos ligados à terra, à chuva, ao trovão, ao raio, ao vento, à caça, à pesca, às artes e ofícios.
São concebidos com forma humana: de estatura baixa, cabeça grande, pés voltados para trás e voz aguda. Divertem-se à custa dos homens, quando não são declaradamente hostis.
O FETICHISMO e o TOTEMISMO
O fetichismo e o totemismo podem ser considerados variantes do animismo.
O fetichismo refere-se à denominação que os portugueses deram à religião dos negros da África ocidental e que se ampliou até confundir-se com o animismo. Ele consiste na veneração a objetos aos quais se atribuem poderes sobrenaturais ou que são possuídos por um espírito.
O totemismo, mais que uma religião, seria um sistema de crenças e práticas culturais que estabelece relação especial entre um indivíduo ou grupo de indivíduos e um animal - às vezes um vegetal, um fenômeno natural ou algum objeto material - ao qual se rende algum tipo de culto e respeito.
RELIGIÕES TRADICIONAIS HOJE
Antes da chegada do cristianismo e do colonialismo, a religião tradicional africana assumia um caráter de coesão importante entre os membros das comunidades.
Vida e religião eram urna coisa só: não havia separação entre vida sagrada e profana e não existiam ateus.
A religião tradicional criou uma visão do mundo do tipo pré-científico, que, contudo, não tinha condições de enfrentar o mundo moderno com o seu progresso tecnológico e científico.
Contudo, a religião tradicional não ficou uma simples lembrança. Nem a ciência, nem a tecnologia, nem o cristianismo, nem o islamismo conseguiram, até agora, eliminar a religião tradicional da consciência dos Africanos.
O africano, ainda que ocidentalizado e cristianizado, dá sinais surpreendentes de religião tradicional, como, por exemplo, o apego à terra dos “seus antepassados”, a ponto de impedir ações modernas de desenvolvimento, que até poderiam favorecer o modo de vida das populações da sua região.
fonte:Jornal - "MISSÃO JOVEM"
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
A CRIAÇÃO DO MUNDO
O mundo foi criado por Olorun, o Deus Todo Poderoso, em quatro dias. E, nele, Olorun colocou a terra, as montanhas, os mares, os rios, os ventos, os vulcões, os vegetais. Criou a vida nas águas e sobre a terra. E os vegetais se alimentam da água, da terra, da luz do sol. E os animais dos mares se alimentam dos vegetais aquáticos, de pequenos resíduos. E os animais sobre a terra se alimentam dos animais aquáticos e dos vegetais .
Olorun criou o homem!
E Olorun lhe deu o Ori, a capacidade de pensar, de discernir, de criar, conforme sua vontade!
E o homem conheceu o mundo! Conheceu os destinos, a Natureza, a vida que pulsava dentro de si e em tudo à sua volta!
E o homem se alimenta dos vegetais, dos animais aquáticos e dos animais sobre a terra!
A Mãe-Terra provê tudo para os vegetais, para os animais aquáticos, para os animais sobre a terra e para o homem. A Terra dá, em abundância tudo o que for necessário para a permanência e para a manutenção da vida. A Terra proporciona ao "ser vivo" um sem número de opções para a sobrevivência.
Quando Oxalá acordou, viu que a Terra já havia sido criada, e não o fora por ele. Desesperado, correu até Olorun, que o advertiu duramente por não ter reverenciado Exú antes de partir, julgando-se superior a ele. Oxalá, arrependido, implorou perdão. Olorun, sempre magnânimo, deu-lhe uma nova e importantíssima tarefa, que seria a de criar todos os seres que habitariam a Terra. Desta vez ele não poderia falhar!
Usando a mesma lama que criou a Terra, Oxalá modelou todos os seres, e, insuflando-lhes seu hálito sagrado, deu-lhes a vida.
Desta forma, Nanan e Oxalá desempenharam tarefas igualmente importantes, juntamente com a valiosa ajuda de todos os orixás, que possibilitaram o surgimento deste novo e maravilhoso mundo em que vivemos.
fonte:contoselendas.blogspot.com/2004/10/criao-do-mundo
terça-feira, 25 de outubro de 2011
africa: Reis e Rainhas que deixaram sua história
HATSHEPSUT
A Rainha mais habilidosa de uma Antiguidade Distante (1503 – 1482 A.C.).
Hatshepsut subiu ao poder depois que seu pai, Thutmose I, estava com paralisia. Ele designou Hatshepsut como sua principal ajudante e herdeira para otrono. Enquanto vários rivais masculinos buscavam o poder, Hatshepsutresistiu aos desafios deles para permanecer líder daquela que era até então a principal nação do mundo. Para ajudar a aumentar sua popularidade com o povo do Egito, Hatshepsut teve vários templos espetaculares e pirâmides erguidas. Algumas das altíssimas estruturas ainda hoje permanecem como uma lembrança da primeira governante real de uma nação civilizada. Ela realmente foi ” A Rainha mais Habilidosa de uma Antiguidade Distante” e permaneceu assim durante trinta e três anos.
THUTMOSE I1II
Faraó do Egito (1504 – 1450 A.C.)
Thutmose III era membro de uma das maiores famílias na história da realeza africana, ma família que pôs a base para a 18ª Dinastia do Egito antigo. Mas sua família também foi a fonte de sua maior frustração, pois ele sempre acreditou que ele deveria ter chegdo ao poder antes de sua irmã, Hatshepsut, provocando assim uma tremenda irritação na maior parte de sua vida. Ironicamente, entretanto, foram as tarefas que ela lhe deu que não só ajudaram em sua elevação ao poder, mas também lhe ajudaram a aprender e entender as responsabilidades de sua posição na realeza. Thutmose III eventualmente superou sua raiva para se tornar mais importante dos Faraós na história egípcia, um homem que será lembrado como um grande guerreiro que fortaleceu a soberania do Egito e que expandiu sua influência pela Ásia Ocidental
TIYE
A Rainha Núbia do Egito (1415 – 1340 A.C
No 14º século A.C., uma mulher sábia e bonita de Nubia capturou o coração do faraó, e assim ela mudou o curso da história. Amenhotep III, jovem dirigente egípcio, foi tão levado pela beleza, intelecto e vontade de Tiye, que ele desafiou os sacerdotes e os costumes de sua nação, proclamando esta cidadã de Nubia como sua grande Cônjuge Real. Ele expressou publicamente de várias maneiras seu amor por sua linda rainha negra, fazendo dela uma pessoa célebre e rica em seus próprios direitos. Ele tomava vários conselhos dela em assuntos políticos e militares e depois declarou que, como ele
tinha a tratado em vida, assim ela deveria ser descrita na morte, a sua igualdade.
NEFERTARI
Rainha Nubia de Egito (1292 – 1225 A.C
Uma das muitas grandiosas rainhas da Nubia, Nefertari é anunciada como a rainha que se casou para a paz. O matrimônio dela com o Rei Rameses II do Egito, um dos últimos grandes faraós egípcios, começou estritamente como um movimento político, com o poder sendo compartilhado entre dois líderes. Isso não só se transformou em um dos maiores casos de amor na realeza da história, mas colocou um fim na guerra dos 100 anos entre Nubia e Egito. Mesmo até hoje, um monumento permanece em honra da Rainha Nefertari. Na realidade, o templo que Rameses construiu para ela em Abu Simbel, é
uma das maiores e mais belas estruturas construidas para honrar uma esposa e celebrar paz.
MAKEDA
Rainha de Sheba (ou Sabá) (960 A.C
Ela deu para o rei 120 talentos de ouro, variados temperos e pedras preciosas; lá não chegou mais nenhuma abundância de temperos como estes que a Rainha de Sheba deu ao Rei Salomão “. (Reis, 10:10) A passagem Bíblica recorre aos presentes que Makeda apresentou ao Rei Salomão de Israel em sua famosa viagem para visitar o monarca de Judá. Mas o presente de Makeda para Solomon se estendeu além de objetos materiais; ela também lhe deu um filho, Menelik I. A notável semelhança do menino com o avô (o grande Rei Davi) incitou Salomão a re-batizar Menelik. Salomão mais tarde re-nomeou seu filho como seu próprio pai, o Rei Davi.
TAHARQA
Rei de Nubia (710 – 664 A.C
Com dezesseis anos, este grande Rei de Nubia conduziu seus exércitos contra os assírios que invadiam seu aliado, Israel. Esta ação lhe deu um lugar na Bíblia (Isaias 37:9, 2 Reis 19:9). Durante os 25 anos de seu reinado, Taharqa controlou o maior império da África antiga. Seu poder só foi igualado pelos assírios. Estas duas forças sempre estavam em conflito, mas apesar da guerra contínua, Taharqa pôde iniciar um programa de construção ao longo do império que estava subjugando em extensão. Os números e a majestade
de seus projetos eram legendários, com o maior sendo o templo a Gebel Barkal no Sudão. O templo foi escavado da pedra viva e enfeitado com imagens de Taharqa com mais de 100 pés de altura.
HANNIBAL
Dirigente de Cartago (247 – 183 A.C
Considerado um dos maiores generais de todos os tempos, Hannibal e seus poderosos exércitos africanos conquistaram as porções principais da Espanha e da Itália, e estiveram muito perto de derrotar o superpoderoso Império Romano. Nascido em Cartago, país ao norte da África, Hannibal tornou-se general do exército aos vinte e cinco anos. Seus audaciosos movimentos como marchar com o exército em elefantes africanos de guerra pelos Alpes traiçoeiros para surpreender e conquistar o norte da Itália, e seu gênio tático, foram ilustradados pela batalha de Cannae onde seu exército, aparentemente capturado, com inteligência cercou e destruiu uma força romana muito maior, lhe rendeu um reconhecimento que se espandiu por mais de 2000 anos.
CLEÓPATRA VII
Rainha do Egito (69 – 30 A.C)
A mais famosa das sete matriarcas com este nome, Cleópatra subiu ao trono aos dezessete anos. A jovem rainha é freqüentemente retratada de forma errada como uma caucasiana (raça branca), porém ela tinha descendência grega e africana. Dominando vários idiomas diferentes e vários dialetos africanos, ela foi um importante instrumento além das fronteiras do Egito. Se esforçando para dar ao Egito a supremacia mundial, Cleópatra recrutou os serviços militares de dois grandes líderes romanos. Ela persuadiu Júlio César e, depois, Marco Antônio para renunciar as submissões romanas deles para lutar em nome do Egito. Porém, cada um conheceu a morte assim que os sonhos de conquistas de Cleópatra se realizaram. Desanimada, Cleopatra se matou, colocando um fim na vida da rainha africana mais célebre do mundo
TENKAMENIN
Rei de Gana (1037 – 1075
O país de Gana alcançou a altura de sua grandeza durante o reinado de Tenkamenin. Através de sua administração cuidadosa do comércio de ouro pelo deserto do Saara na África Ocidental, o império de Tenkamenin floresceu economicamente. Mas sua maior força estava no governo. Todo dia ele ia a cavalo e escutava os problemas e preocupações de seu povo. Ele insistiu que a ninguém fosse negada uma audiência e que lhes permitissem permanecer em sua presença até que a justiça fosse feita.
MANSA KANKAN MUSSA
Rei de Mali (1306 – 1332
Líder extravagante e uma figura do mundo, Mansa Mussa se distinguiu como um homem que fez de tudo em uma grande escala. Homem de negócios realizado, ele administrou vastos recursos para beneficiar seu reino inteiro. Ele também era um estudante, e importou notáveis artistas para levantar a consciência da cultura de seu povo. Em 1324 ele conduziu seu povo no Hadj, uma peregrinação santa de Timbuktu para Mecca. Sua caravana consistia em 72,000 pessoas que ele conduziu seguramente pelo Deserto do Saara a uma distância total de 6,496 milhas. Tão espetacular era este evento, que Mansa Mussa ganhou o respeito de estudantes e comerciantes ao longo da Europa, e ganhou prestígio internacional por Mali como um dos maiores e mais ricos impérios do mundo.
SUNNI ALI BER
Rei de Songhay (1464 – 1492
Quando Sunni Ali Ber chegou ao poder, Songhay era um pequeno reino no Sudão ocidental. Mas durante seu reinado de vinte e oito anos, esse reino se transformou no maior e mais poderoso império da África Ocidental. Sunni Ali Ber organizou um exército notável e com esta força feroz o rei guerreiro ganhou várias batalhas. Ele derrotou os nômades, aumentou as rotas de comércio, conquistou aldeias, e ampliou seu domínio. Ele capturou Timbuktu, trazendo para o império de Songhay um centro mais amplo de cultura de comércio, e bolsa de estudos muçulmano
JA JA
Rei de Opobo (1464 – 1492)
Jubo Jubogha, filho de um membro desconhecido do povo Ibo, foi forçado a escravidão aos 12 anos, mas ganhou a liberdade ainda jovem e se tornou um comerciante independente (conhecido como Ja Ja pelos europeus). Ele tornou-se chefe de seu povo e da cidade oriental nigeriana de Bonny. Ele mais tarde se tornou rei de seu próprio território, Opobo, uma área perto do rio oriental da Nigéria, mais favorável ao comércio. Com o passar dos anos, governos europeus, principalmente o britânico, tentaram controlar o comércio da Nigéria. A resistência feroz de Ja Ja a qualquer influência externa acabou o levando ao exílio aos 70 anos pelos britânicos, para as Índias Ocidentais. O maior chefe Ibo do século XIX nunca mais viu seu reino.
MOSHOESHOE
Rei de Basutoland (1518 – 1568)
Por meio século, o povo de Basotho foi governado pelo fundador de sua nação. Moshoeshoe foi um rei sábio e justo que era brilhante em diplomacia quando estava em batalha. Ele uniu diversos grupos , desarraigados pela guerra, em uma sociedade estável onde a lei e a ordem predominaram e as pessoas puderam criar suas colheitas e seu gado em paz. Ele sabia que a paz tornava a prosperidade possível, e ele freqüentemente evitava conflitos através de hábeis negociações. Hoshoeshoe solidificou as defesas de Basotho
em Thaba Bosiu, sua inconquistável capital montanhosa. Deste lugar seguro ele obteve várias vitórias sobre forças superiores.
IDRIS ALOOMA
Sultão de Bornu (1580 – 1617
Dois séculos antes de Idris Alooma se tornar Mai (o Sultão) de Bornu, Kanem era uma terra separada onde as pessoas tinham sido expulsas por seus primos nômades, os Bulala. Isto fez com que um dos mais extraordinários governantes africanos reunisse os dois reinos. Idris Alooma era um muçulmano devoto. Ele substituiu a lei tribal pela lei muçulmana, e no começo de seu reinado fez uma peregrinação a Mecca. A viagem tinha um significado tanto militar como religioso, de onde ele retornou com armas de fogo turcas e depois comandou um exército inacreditavelmente forte. Eles marchavam rapidamente e atacavam de repente, esmagando tribos hostis em campanhas anuais. Finalmente Idris conquistou Bulala, estabelecendo domínio sobre o império de Kanem-Bornu e uma paz que durou meio século.
NZINGHA
Rainha Amazôna de Matamba, África Ocidental (1582 – 1663
Muitas mulheres estiveram entre as grandes dirigentes da África, inclusive esta rainha angolana que era uma astuta diplomata e se sobressaiu bem como líder militar. Quando os escravizadores portugueses atacaram o exército do reino de seu irmão, Nzingha foi enviada para negociar a paz. Com habilidade surpreendente e tato político ela se impôs, apesar do fato de seu irmão ter matado uma criança dela. Mais tarde ela formou seu próprio exército contra os portugueses, e empreendeu uma guerra durante quase trinta anos. Estas batalhas viram um momento sem igual na história colonial quando Nzingha aliou sua nação aos os holandeses, fazendo assim a primeira aliança européia africana contra um opressor europeu. Nzingha continuou com sua considerável influência entre seus assuntos, apesar de estar em exílio forçado. Por causa de seu apelo pela liberdade e seu direcionamento para trazer a paz ao seu povo, Nzingha permanece como um forte símbolo de inspiração.
SHAMBA BOLONGONGO
Rei Africano da Paz (1600 – 1620)
Saudado como um dos maiores monarcas do Congo, o Rei Shamba não teve desejo maior do que preservar a paz, que é refletida em uma comum citação sua: “Não mate nenhum homem, nem mulher, nem criança. Eles não são as crianças de Chembe (Deus), e eles não têm o direito de viver? ” Ele freqüentemente viajava para aldeias distantes que usavam sua faca com lâmina de madeira, reconhecida como um meio exclusivo de armamento do estado. Shamba também era notável em promover artes e barcos, e por projetar uma forma complexa e extremamente democrática de governo que caracteriza um sistema de empecilhos e equilíbrios. O governo era dividido em setores que incluíam o exército,
filiais judiciais e administrativas que representavam todas as pessoas de Bushongo.
OSEI TUTU
Rei de Asante (1680 – 1717)
Osei Tutu foi o fundador e o primeiro rei da nação de Asante, um grande reino da floresta ocidental africana onde agora é Gana. Ele conseguiu convencer meia dúzia de chefes desconfiados a juntarem seus estados sob a liderança de Osei quando, de acordo com lenda, o Tamborete Dourado desceu do céu e permaneceu nos joelhos de Osei Tutu, significando sua escolha pelos deuses. O Tamborete Dourado se tornou um símbolo sagrado da alma da nação que estava especialmente destinada desde que o ouro era a principal fonte de riqueza de Asante. Durante o reinado de Osei Tutu, a área geográfica
de Asante triplicou em tamanho. O reino tornou-se um poder significante que, com a coragem militar e sua política como um exemplo, se sustentaria durante dois séculos.
NANDI
Rainha da Terra Zulu (1778 – 1826)
O ano era 1786. O rei da terra Zulu era jubiloso. Sua espôsa, Nandi, tinha dado luz a seu primeiro filho, que eles chamaram Shaka. Mas as outras esposas do Rei, que era ciumento e frio, o pressionaram a banir Nandi e o jovem menino em exílio. Firme e orgulhosa, ela criou seu filho com o tipo de treinamento e orientação que um herdeiro real deveria ter. Depois ela e seu filho foram finalmente recompensados e mais tarde Shaka retornou para se tornar o maior de todos os Reis Zulus. Até hoje o povo Zulu usa
seu nome, “Nandi “, para se referir a uma mulher de alta estima.
SHAKA
Rei dos Zulus (1818 – 1848
Líder forte e inovador militar, Shaka é notável por revolucionar no 19º século a guerra Bantu pelo primeiro agrupamento de regimentos por idade, e treinando seus homens para usar armas unificadas e táticas especiais. Ele desenvolveu a ” azagaia “, uma lança curta, e marchou com seus regimentos em formação apertada, usando grandes proteções para se defender dos inimigos que lançavam lanças. Com o passar dos anos, as tropas de Shaka ganharam tal reputação que muitos inimigos fugiam. Com astúcia e confiança com suas ferramentas, Shaka tornou uma pequena tribo Zulu em uma nação poderosa de mais de um milhão de pessoas, unido todas as tribos da África do Sul contra o regime colonial.
KHAMA
O Rei Bom de Bechuanaland (1819 – 1923)
Khama distinguiu seu reinado como sendo altamente considerado como um governante pacífico com o desejo e habilidade para extrair inovações tecnológicas dos europeus enquanto resistia às tentativas deles para colonizar seu país. Tais avanços incluíram a construção de escolas, alimentos científicos para gado, e a introdução de um corpo de exército policial montado que praticamente eliminou todas as formas de crime. O respeito para Khama foi exemplificado durante uma visita a Rainha Victoria da Inglaterra para protestar contra a permanência inglesa em Bechuanaland em 1875. Os ingleses honraram Khama, confirmado seu apêlo para a continuação da liberdade para Bechuanaland.
SAMORY TOURE
O Napoleão Negro do Sudão (1830 – 1900
O ascendência de Samory Toure começou quando sua terra natal Bissandugu foi atacada e sua mãe levada capturada. Depois de insistentes apelos, Samory teve permissão para assumir o lugar da mãe, mas depois fugiu e se alistou no exército do Rei Bitike Souane de Torona. Seguindo uma elevação rápida pelos graus do exército de Bitike, Samory voltou a Bissandugu onde logo foi instalado como rei e desafiou expansionismo francês na África lançando uma conquista para unificar a África Ocidental em um único estado. Durante o conflito de dezoito anos com a França, Samory continuamente frustrou os europeus com suas táticas e estratégias militares. Esta astuta coragem militar incitou alguns dos maiores comandantes da França para intitular o monarca africano de ” O Napoleão Negro do Sudão “.
MENELIK II
Rei dos Reis da Abissínia (1844 – 1913)
Descendente da lendária Rainha de Sheba (ou Sabá) e do Rei Salomão, Menelik foi a figura principal naqueles tempos na África. Ele converteu um grupo de reinos independentes em um império forte e estável conhecido como os Estados Unidos de Abissínia (a Etiópia). O feito dele em reunir vários reinos que freqüentemente se opuseram fortemente uns aos outros, lhe deu um lugar como um dos grandes estadistas de história africana. As realizações adicionais dele na cena internacional lidando com os poderes mundiais, culminou com a vitória atordoante da Etiópia em cima da Itália em 1896 na Batalha de Adwa (uma tentativa para invadir o país) o colocou entre os grandes líderes da história mundial e manteve a independência do país até 1935.
NEHANDA
Guerreira do Zimbábue
Nascida em uma família religiosa, Nehanda exibiu liderança notável e habilidades organizacionais, e a uma idade jovem se tornou um dos líderes religiosos mais influentes do Zimbábue. Quando os colonos ingleses invadiram o Zimbábue em 1896 e começaram a confiscar a terra e o gado, Nehanda e outros líderes declararam guerra. A princípio eles alcançaram grande sucesso, mas como os materiais se esgotaram, foram vencidos no campo de batalha. Nehanda foi capturada, culpada e executada por ordenar a matança de um notável e cruel chefe nativo. Apesar de estar morta por quase cem anos, Nehanda permanece o que ela era quando viva – a única pessoa mais importante na história moderna do Zimbábue, e ainda é chamada de Mbuya (avó) Nehanda por patriotas do Zimbábue
FONTE:30ealguns.com.br/2007/11/grandes-reis-e-rainhas-da-africa
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