UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

domingo, 17 de janeiro de 2016

Brasil Racismo e Migração...

A Imigração na Europa
Quando se pensa em Europa, pensa-se logo em arte, riqueza, oportunidade, sucesso, ou
seja, em um lugar desenvolvido. Essa imagem faz dos países do continente europeu uma atração para estudantes, turistas, refugiados, e, principalmente, pessoas que desejam uma melhor perspectiva de vida. A Europa é hoje um lugar com um fluxo imigratório (oriundo principalmente de países africanos, mas também do Oriente Médio e da Ásia) cada vez maior, que tem causado uma série de consequências.

Histórico
Após a Segunda Guerra Mundial, os países da Europa se reconstituíram e passaram a ter um grande desenvolvimento no setor industrial, sobretudo a Alemanha e a França. Esse fato, a um primeiro momento, passou a atrair imigrantes do próprio continente em busca de empregos. As vagas que surgiam eram direcionadas a trabalhadores de baixa qualificação que recebiam, conseqüentemente, baixos salários e eram geralmente sem vínculos empregatícios.

Houve então uma mudança da origem desses imigrantes no decorrer das décadas de 1970 e 1980. Os trabalhadores passaram a ser oriundos das ex-colônias da Europa, como países da América Latina e da África, que enfrentavam crises de empobrecimento em seus países. A emigração para países mais prósperos tornou-se uma solução para a população dessas ex-colônias, então até mesmo países menos desenvolvidos do leste europeu passaram a receber grandes levas de trabalhadores.

A França
, por exemplo, foi sendo lentamente islamizada; o número de muçulmanos tornou-se cerca de 10% de sua população. Isso gerou uma série de medidas do governo com relação à cultura francesa, tentando adaptá-la aos islâmicos, mas que acabaram por ser motivo de manifestações.

Na Alemanha e na Suíça a xenofobia foi mais intensa, havendo uma grande segregação da população. Os estrangeiros não podiam se misturar com os naturais, sendo tratados apenas como mão-de-obra barata. Uma série de leis que tiravam direitos de naturalização dos trabalhadores estrangeiros foi aprovada, dificultando ainda mais as condições de vida dos imigrantes.

A Itália e a Espanha, sendo, ironicamente, países que sempre prezaram o “puro sangue” dos naturais, possuem taxas de natalidade tão baixas que a reposição de mão-de-obra é feita em sua maioria por estrangeiros, sobretudo muçulmanos.

Devido a essa imigração intensa, a Europa deixou de ser um continente tão receptivo aos estrangeiros. A partir dos primeiros anos do século XXI a política em relação à imigração se tornou cada vez mais restrita, não só pelos governos de extrema direita, como também pela esquerda, que cedeu às pressões dos eleitores. Países como a França, a Alemanha, o Reino Unido e os Países Baixos já criaram leis para dificultar a entrada de imigrantes em seu território.

Na Europa, o nacionalismo está na origem de duas grandes guerras e até hoje a nacionalidade de um indivíduo é determinada pela de seus pais. Na França, as manifestações realizadas por filhos de estrangeiros de segunda geração, ainda não integrados à sociedade local – que continua a vê-los, juridicamente e de fato, como estrangeiros – são outro exemplo do problema.

Em países que, como o Brasil, atribuem a nacionalidade não apenas em função dos pais do indivíduo, mas também em razão do local de seu nascimento (quem nasce no Brasil é, em geral, brasileiro), a integração dos estrangeiros é facilitada.

- A noção de que o Brasil é um país hospitaleiro, onde todos os estrangeiros e imigrantes são bem-vindos, não passa de um mito", diz o pesquisador Gustavo Barreto, após analisar mais de 11 mil edições de jornais e revistas entre 1808 e 2015.

A ideia de que o brasileiro é acolhedor e recebe bem todos os imigrantes não corresponde à realidade no caso de haitianos e africanos, vítimas de racismo em território brasileiro. É o que afirma o sociólogo Alex André Vargem, 35 anos, membro do IDDAB (Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil). Para Vargem, em seus países de origem esses imigrantes enfrentam questões étnicas diferentes das surgidas pelo “racismo à brasileira”, e é aqui que conhecem experiências concretas de discriminação.

A anistia de 2009 (aos estrangeiros em situação irregular no país, de acordo com a Lei 11.961) foi muito bonita no discurso, e muitos amigos achavam que o Brasil estava dando um exemplo para o mundo. Eu dizia: vamos sair do texto e ver o que acontece no terreno. Foram só seis meses para encaminhar o pedido, de julho a dezembro; houve pouca divulgação na imprensa; as taxas eram caras – além da Polícia Federal, os consulados dos países também cobravam. Foram 40 mil anistiados na primeira instância, enquanto temos uma estimativa de 150 mil a 600 mil estrangeiros indocumentados no Brasil. De africanos, foram menos de três mil, o que é muito pouco perto de um número que desconhecemos, mas acreditamos que seja bem maior do que aquele que o poder público estima.


A Policia Federal no Encalço.
O tratamento diferenciado para o africano começa já no recebimento dentro das dependências dos serviços de imigração, que possuem toda uma abordagem diferenciada para africanos e com maiores poderes punitivos.

Os imigrantes haitianos também não são tratados de forma receptiva pelo governo brasileiro. Desde o terremoto que assolou o país, vários foram os haitianos que buscaram no Brasil uma vida melhor, mas que, hoje, estão servindo mão de obra escrava, sem documentos ou a garantia de estadia no país.

Mesmo diante desses fatos, a Polícia Federal realiza o desserviço de tornar a vida do imigrante ainda mais difícil no Brasil.

A vida da população africana no Brasil se equivale (e muitas vezes é pior) que a do negro brasileiro. Da mesma forma, o povo negro sofre com o desemprego, salários abaixo do mínimo oficial e repressão policial, mostrando que o racismo segue a todo vapor em terras brasileiras, ao contrário do que tenta provar a imprensa burguesa.

- Há ainda casos de morte, como os de Zulmira e Toni, e de agressão como o ataque recente aos haitianos também em São Paulo. No final do ano passado, durante a Marcha do Migrante, que sai da Praça da República e vai até a Sé, um senhor começou a gritar: “voltem para suas casas, o que vocês estão fazendo aqui?” Quem está nesse meio sabe que não ações isoladas: são violências que se repetem a todo instante. Aquela violência que talvez a pessoa não manifeste contra corpos de negros brasileiros vai manifestar contra corpos de africanos e haitianos.

Se liga:

Em 2007, três apartamentos onde viviam estudantes africanos no campus da UnB (Universidade de Brasília) tiveram as portas queimadas – pichações racistas, aliás, têm aparecido nas dependências de várias universidades no país;
• Em 2011, Toni Bernardo da Silva, 27 anos, estudante da Guiné-Bissau em intercâmbio na UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), foi espancado até a morte por um empresário e dois policiais militares numa pizzaria de Cuiabá;
• Em março de 2012, 575 africanos e haitianos foram detidos e levados em ônibus para delegacias numa megaoperação policial no Centro de São Paulo;
• Em maio de 2012, a estudante angolana Zulmira de Souza Borges Cardoso, 26 anos, foi assassinada a tiros após discussão entre brasileiros e um grupo de angolanos que confraternizava num bar do bairro do Brás, em São Paulo;
• Em agosto de 2015, seis haitianos foram baleados em dois ataques diferentes na Baixada do Glicério, no centro de São Paulo. De acordo com testemunhas, a pessoa que atirou antes gritou: "haitianos, vocês roubam nossos empregos!".

Apesar do esforço das organizações humanitárias, que sempre procuraram disseminar a ideia de igualdade, vê-se que ainda vigora o preconceito contra os estrangeiros. Quanto ao ponto, há que se distinguir o direito à entrada e permanência num país, que só pertence ao

nacional, do direito ao tratamento igualitário do estrangeiro já admitido no país. O Estado tem o direito de não receber estrangeiros, mas, uma vez recebendo-os, estes devem ser equiparados em seus direitos aos nacionais, salvo algumas exceções, como o direito ao voto e à candidatura a cargos públicos, tradicionalmente reservados aos nacionais.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:http://www.anovademocracia.com.br/no-64/2748-fascismo-europeu-humilha-jovens-estrangeiros\ http://www.jornalorebate.com.br/site/solidariedade-internacional/5562-os-imigrantes-na-europa-e-a-reascensao-do-fascismo\ http://www.euranet.eu/por/Dossier/Imigracao/O-novo-Pacto-sobre-Migracao-visa-gerir-a-politica-de-imigracao-da-Uniao-Europeia\foto net

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...