A questão dos negros no Brasil é um processo que ainda precisa ser debatido. Ora, foram cerca de 300 anos de duro preconceito, de hostilização do ser humano. Visto isso, criou-se essa cultura de inferiorização dos negros – uma grande falácia. A Constituição Federal nos considera iguais, sem distinção de raça, sexo, religião e etc. Os direitos humanos nos tratam da mesma forma; porém, é mais difícil ver isso na sociedade, ou seja, a teoria está aí.
Com o objetivo de unir os homens de cor por meio da Educação e de outros meios, jornais e revistas ergueram, através dos tempos, a bandeira dos direitos que eles mesmos deveriam ter como cidadãos integrantes da sociedade brasileira.
Nesse período, várias entidades foram criadas, bem como a imprensa negra. Os jornais O Homem de Cor, O Mulato, O Brasileiro Pardo, O Cabrito e o Meia Cara foram publicados no período entre 1833 e 1867; todos eles, jornais cariocas.
Rio de Janeiro, dia 4 de novembro de 1833. Em plena capital do Império, um pasquim liberal denominado O Mulato, ou O Homem de Cor assinalava em tom de preocupação: "Não sabemos o motivo por que os brancos moderados nos hão declarado guerra. Há pouco lemos uma circular em que se declara que as listas dos Cidadãos Brasileiros devem conter a diferença de cor - e isto entre homens livres!". O pasquim criticava os brancos por quererem obrigar os "cidadãos brasileiros" a serem classificados pelo critério da cor. Nesse sentido, O Mulato, ou O Homem de Cor não foi uma voz isolada. Nos primeiros anos do período regencial (que se iniciou em 1831 e se estendeu até 1840), vários outros pasquins (como O Brasileiro Pardo, O Crioulinho, O Cabrito, O Meia Cara) foram publicados com o intuito de proclamar a igualdade de direitos entre os cidadãos brasileiros independentemente da cor.
É bom lembrar que o Brasil se tornou soberano, o povo chegou ao poder, a democracia se estabeleceu, mas a situação dos negros não mudou, deu continuidade a prática da marginalização deles.
A partir dessa rejeição da sociedade, criaram-se novos movimentos de mobilização racial dos negros, tais como: Clube 13 de maio dos Homens Pretos, Sociedade União Cívica dos Homens de Cor. Integrava, também, a mais antiga das manifestações: o Clube 28 de setembro, de 1897.
Esses veículos de comunicação abordavam questões destinadas ao público negro; as principais abordagens eram de combate à discriminação racial. Entre outros aspectos, as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores negros, como também, as coisas que afetavam a habitação, saúde, educação: direitos básicos estipulados pela Constituição Federal.
Dos editores desses pasquins, Francisco de Paula Brito foi o que mais se notabilizou. "Mulato", de origem humilde, filho de um carpinteiro, alfabetizado por sua irmã, conseguiu, por meio de muito esforço e talento, fazer uma carreira ascendente a partir das três maiores tipografias de então: a Nacional, Ogier e Plancher. Com o tempo, adquiriu a sua própria tipografia, a Fluminense, a partir da qual editor e comercializou livros, revelou novos escritores - como Machado de Assis - e publicou O Homem de Cor, pasquim que trazia em sua epígrafe a reivindicação do direito de todo cidadão poder ser admitido em cargos públicos civis e militares, sem outra distinção que não fosse suas virtudes.
IMPRENSA NEGRA
O Homem de Cor, que a partir de sua terceira edição passou a denomina-se O Mulato, ou O Homem de Cor, teve vida efêmera e circulação restrita, mas nem por isso deve ser esquecido. Sua importância histórica reside no fato de ele ter sido o embrião do que mais tarde foi designado de "imprensa negra" - jornais criados e mantidos por afro-brasileiros e voltados para tratar de suas questões.
Com o fim da escravidão e o advento da República, foram publicadas dezenas de jornais da imprensa negra no Brasil. Em São Paulo surgiram, entre outros, os periódicos A Pátria (1889), O Alfinete (1918), O Kosmos (1922), Tribuna Negra (1928) e Progresso (1928). No Rio Grande do Sul apareceram O Exemplo (1892), na cidade de Porto Alegre; A Cruzada (1905), em Pelotas, e A Revolta (1925), em Bagé, entre outros. Só nesses dois estados existiam pelo menos 43 jornais da imprensa negra entre 1889 e 1930. Mas há indícios da produção de mais jornais desse tipo nesses e em outros estados.
U m afro abraço.
fonte:www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/lei-10639
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