UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Balanço Racial:2017: negros e jovens são as maiores vítimas

"Negro e jovem sem estudo são maiores vítimas de violência"

O Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta segunda-feira 5, revela que homens, jovens, negros e de
baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no País. A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. 

Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.
De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

“Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra”, compara o estudo.

Outro dado revela a persistência da relação entre o recorte racial e a violência no Brasil. Enquanto a mortalidade de não-negras (brancas, amarelas e indígenas) caiu 7,4% entre 2005 e 2015, entre as mulheres negras o índice subiu 22%. 

O Atlas da Violência 2017, que analisou a evolução dos homicídios no Brasil entre 2005 e 2015 a partir de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mostra ainda que aconteceram 59.080 homicídios no país, em 2015. Quase uma década atrás, em 2007, a taxa foi cerca de 48 mil. 

Este aumento de 48 mil para quase 60 mil mostra uma naturalização do fenômeno por parte do poder público. Daniel Cerqueira, coordenador de pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explica que a naturalização dos homicídios se dá por processo históricos e econômicos de desigualdade no país, “que fazem com que a sociedade não se identifique com a parcela que mais sofre com esses assassinatos”, afirma.

Entre os estados, o de São Paulo foi o que apresentou a maior redução, 44,3%. Já no Rio Grande do Norte, a violência explodiu com um aumento de 232%. 

Mulheres- Em 2015, cerca de 385 mulheres foram assassinadas por dia. A porcentagem de homicídio
de mulheres cresceu 7,5% entre 2005 e 2015, em todo o País.

O assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero recebeu uma designação própria: feminicídio. No Brasil, é também um crime hediondo. Nomear e definir o problema é um passo importante, mas para coibir os assassinatos femininos é fundamental conhecer suas características e, assim, implementar ações efetivas de prevenção.

As regiões de Roraima, Goiás e Mato Grosso lideram a lista de estados com maiores taxas de homicídios de mulheres. Já São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal, ostentam as menores taxas. No Maranhão, houve um aumento de 124% na taxa de feminicídios. 

Segundo o Atlas, em inúmeros casos, as mulheres são vítimas de outras violências de gênero, além do homicídio. A Lei Maria da Penha categoriza essas violências como psicológica, patrimonial, física ou sexual.

Feminicídio:  É a expressão fatal das diversas violências que podem atingir as mulheres em sociedades marcadas pela desigualdade de poder entre os gêneros masculino e feminino e por construções históricas, culturais, econômicas, políticas e sociais discriminatórias.

A Lei do Feminicídio, aprovada há dois anos, foi importante para dar mais visibilidade aos assassinatos de mulheres. As informações do número de feminicídios, porém, ainda não aparecem na base de dados do SIM, constando como homicídio de mulheres.

Segundo dossiê realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, o feminicídio corresponde à última instância de poder da mulher pelo homem, configurando-se como um controle “da vida e da morte”.

Cerqueira entende que esta e outras categorizações de assassinatos, como o feminicídio, são importantes pois “desnudam o enredo por trás das mortes”. O Brasil ocupa a quinta posição em número de feminicídios num ranking de 83 países. 

“A criação de políticas públicas passa pelos dados angariados através dessas categorizações”,
afirmando que, para combater esses assassinatos, o Estado não deve apenas se concentrar em aumentar o número de policiais nas ruas. 


Muitos dos autointitulados ''cidadãos de bem'' desejam que a faxina social seja rápida, para garantir tranquilidade, e não faça muito barulho. Porque, pasmem, ele tem horror a cenas de violência.

Genocídio - Geralmente é definido como o assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e, por vezes, sócio-políticas (ver: engenharia social). O objetivo final do genocídio é o extermínio de todos os indivíduos integrantes de um mesmo grupo humano específico.

Jovens -O Atlas mostra também que o assassinato de jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos corresponde a 47,85% do total de óbitos registrados no período estudado. Nessa mesma faixa etária, em Alagoas, foram 233 mortes para cada 100 mil homens. Em Sergipe, 230 homens para 100 mil.

Quando se trata de jovens negros, esta taxa aumenta. "Os negros tem 23,5% mais chances de serem vítimas de homicídios vivendo nas mesmas condições", disse o pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira, citando sexo, idade, estado civil, escolaridade e bairro de residência. Enquanto há redução de homicídios entre a população branca, entre negros está aumentando há pelo menos 20 anos. "Estes dados mostram o quanto a violência é seletiva", afirmou durante a apresentação do Atlas da Violência.

Embora registre 197,4 casos por 100 mil habitantes, Rio Grande do Norte foi o estado que apresentou maior aumento na taxa de homicídios de homens nesta faixa etária, 313,8 %, no período entre 2005 e 2015.

Autos de resistência -Na avaliação da pesquisadora da Universidade de Brasília Kelly Quirino, a redução da violência contra jovens negros passa pela mudança da política de combate às drogas, pelo desarmamento da polícia e por medidas que coíbam o abuso das forças de segurança, como o fim dos chamados autos de resistência, um recurso que pode ser usado por agentes para justificar o assassinato de uma pessoa como um ato de legítima defesa e de força necessária frente a suposto enfrentamento a uma determinada ação.

“Você tem as duas problemáticas: a polícia se utilizando de um ato administrativo para justificar as mortes e o próprio Judiciário, que não investiga homicídios comuns e não apura crimes cometidos pelo policial porque os autos de resistência são arquivados mesmo dentro da polícia”, argumenta a pesquisadora.

O assassinato de negros, no entanto, é disseminado em todo o país.O Atlas destaca que em todas as Unidades da Federação, com exceção do Paraná, os negros com idade entre 12 e 29 anos apresentavam mais risco de exposição à violência que os brancos na mesma faixa etária. Em 2012, o 
risco relativo de um jovem negro ser vítima de homicídio era 2,6 vezes maior do que um jovem branco.

O tema motivou um projeto de lei (PL 4.471/2012), de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que dificulta o uso desse recurso e deixa mais rígida a investigação de casos de mortes envolvendo
policiais. A proposta é uma das matérias incluídas na pauta do plenário da Câmara nesta semana no chamado pacote da segurança pública.

Segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública acrescentou ao indicador de violência de jovens um indicador de desigualdade racial.


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte: www.redebrasilatual.com.br/IPEA\imagens net

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Fank: Diáspora negra nas favelas

Renovadas política e sonoramente com as invenções do disco long-play e de toda uma complexidade tecnológica, as culturas negras transformam-se em hip-hop em solo estadunidense e se espalham criativamente pelo mundo, inclusive no Brasil. Por canais informais de comunicação, o hip-hop é desvinculado do seu local de origem histórica chegando em diferentes territórios do globo com realidades parecidas. Locais que possuem como pano de fundo experiências urbanas marcadas por formas similares, mas não idênticas, de racismo, pobreza e segregação espacial.


Foi na década de 70 que surgiu aqui no  subúrbios e nas favelas da cidade do Rio de Janeiro- O hip-hop da Flórida recebe o nome de funk. Logo nos primeiros dez anos de existência, essa prática musical deixa de ser uma simples imitação ou reprodução da forma e estilo que haviam sido afetuosamente tomados de empréstimo dos negros de outros locais para se transformar num ritmo que conjuga a estética do hip-hop às práticas negras das favelas cariocas. No funk encontramos várias performances que evidenciam essa mescla: a fala cantada do rapper, muitas vezes, carrega a energia dos puxadores de escola de samba, as habilidades do corpo do break são acentuadas com o rebolado e a sensualidade do samba e o sampler vira batida de um tambor ou atabaque eletrônico.

Fank é cultura negra- O funk é criativo e estratégico, mas é também vulnerável. As forças da mercantilização penetram diretamente nas suas formas de expressão, classificando e homogeneizando a sua musicalidade, oralidade e performance. Reifica-se, desse modo, os binarismos dos padrões culturais ocidentais: autêntico versus cópia, alto versus baixo, resistência versus cooptação, etc.

"O funk entra na classificação dicotômica que, mais do que revelar uma qualidade intrínseca à produção cultural, serve para mapear as performances culturais negras dentro de uma perspectiva burguesa, na qual a alteridade é posta em seu devido lugar, ou seja, é constituída sempre pelo adjetivo que carrega o traço negativo desses binarismos hierárquicos".

Mas o funk é contraditório e tira proveito até mesmo dos estereótipos e de tudo aquilo que se acumula como "lixo" e "vulgar" na cultura moderna. Uma breve análise de sua curta existência no Brasil mostra dois aspectos importantes. Primeiro, o funk evidencia como a juventude negra e favelada reinventa-se criativamente com os escassos recursos disponíveis, subvertendo, muitas vezes, as representações que
insistem em situá-la como baixa e perigosa. Além disso, a crítica ao funk escancara a maneira pela qual a sociedade brasileira renova seu racismo e preconceito de classe camuflados pelo retórica ocidental do "bom gosto estético."

Os argumentos que fazem do funk hoje um ritmo maldito, que ofende ouvidos mais sensíveis educados na tradição das casas-grandes 
 Por um lado, temos a ideia, muito difundida, sobretudo pelos defensores de um certo nacionalismo cultural, que se percebe como de esquerda, de que o funk seria um ritmo alienígena, importado, a refletir a alienação e a barbárie das classes subalternas, particularmente na sua versão lúmpen. Nesta perspectiva, o funk seria produto de uma série de faltas: falta de educação, de consciência política ou de classe, de gosto, de bom senso e mesmo de moral (a deles ou a nossa?, teríamos de perguntar).

É evidente que se trata de uma expressão cultural majoritariamente masculina. Mas o funk é a maior e mais potente voz das periferias do Brasil e não seria diferente para as mulheres. Empoderador, o ritmo de batida solta faz as mulheres periféricas serem ouvidas, terem lugar de fala e representatividade.

Outro argumento, mais explicitamente racista e descaradamente preconceituoso com os "de baixo", vai dizer que o funk é música de bandido, incita à violência, corrompe menores, aumenta o uso de drogas e utiliza mais uma série de afirmações moralistas para defender seu puro e simples banimento. "O funk é caso de polícia" e ponto final. Na impossibilidade de exterminar os que fazem, escutam e se identificam com o funk ? afinal, quem limparia as casas, faria as comidas, engraxaria os sapatos, cuidaria dos filhos das classes dominantes ? procura-se censurar e mesmo liquidar suas formas de lazer, de sociabilidade, pois despersonalizar o inimigo, sobretudo quando este é oprimido por uma sociedade que se ergue sobre suas costas, com a força de seu trabalho, é primordial para garantir sua submissão. Sob o argumento da ordem, de uma inventada necessidade de ordenamento urbano, o funk é interditado como agente do caos, sobretudo como expressão musical da violência armada existente nas favelas.

A presença das mulheres no funk nos dias de hoje verificamos que  ainda é misógino e machista, tanto pelas letras retratadas como pela forma que as mulheres são tratadas.
É evidente que não temos o cenário atual como desejado, mas vemos uma luz no fim do túnel quanto à representatividade de varias representantes de peso e responsa e  obtendo respeito e visibilidade, é que se rompe barreiras e as pessoas constroem...

É importante ressaltar o preconceito que existe na sociedade com o funk, o rechaçamento desse som pelas classes econômicas mais altas, que não percebem que é um ritmo percursor de discussões sociais.

Na caminhada para encontrar a batida perfeita, encontramos muitas Mc’s empoderadas e que não aceitam mais as músicas atuais que as colocam em posição inferior ao homem.A perseguição aos ritmos negros não é uma novidade histórica entre nós. Mesmo o samba, hoje largamente aceito e incorporado à cultura oficial,
foi acusado de incivilizado e ameaçador, sofrendo perseguições policiais, preocupando os defensores da ordem pública. No entanto, o samba integrou-se à chamada cultura brasileira num momento em que as elites nacionais ainda tinham projeto de nação, impossível de se concretizar sem se levar em conta, ainda que de forma subalternizada e domesticada, o povo e as suas manifestações negras. Como uma forma de incluir hierarquizando, cria-se o mito da democracia racial.

Historia:  O funk surge como expressão cultural popular em outro momento histórico, o da devastação neoliberal, onde a incorporação da classe trabalhadora ao mercado via emprego e as ilusões da democracia racial são jogadas água abaixo. Sem nada a oferecer como miragem aos subalternizados, a sociedade de mercado transforma a maioria da humanidade em potenciais inimigos, em seres humanos supérfluos que nem mesmo como exército de reserva de mão-de-obra servem para ela. Nesse contexto, ainda mais numa sociedade profundamente desigual como a nossa, conter as classes subalternizadas se torna agenda prioritária dos governos, seja através da institucionalização do extermínio, seja por meio da criminalização cotidiana dos pobres e suas expressões culturais.

Se liga :Movimento, mistura são metáforas que dão vida ao sentido poético da cultura negra contemporânea. Fundamental na constituição do mundo moderno ocidental, mas situada com toda violência a sua margem, essa cultura tem origem híbrida nas viagens de antigos navios. Música, dança e estilo são as marcas dessa cultura que desafia as fronteiras dos estados nação com seus padrões de ética e estética. Disseminação é a forma de sua trajetória.
Diaspório é o estilo de sua identidade, que só pode ser entendida no plural de uma luta de classista,  identitária e politica.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:youtube\http://www.cultura.rj.gov.br/youtube-  IZA - Pesadão (Participação especial Marcelo Falcão)

Uma lenda de Moçambique:O Homem e a Filha

Feminismo, Negralismo
Era uma vez um casal que teve uma filha. A mulher morreu pouco depois do parto e a

criança foi criada pelo pai. Quando a menina cresceu, o pai anunciou-lhe:
__ Minha filha, quero casar contigo!
Mas a menina respondeu:
__ Isso não é bom. Seremos descobertos pelos outros, pois no mundo não há segredos!
__ Sempre quero ver se no mundo não há segredos, disse o pai.
Foi buscar arroz, vazou duas medidas numa panela e cozinhou-o. Em seguida, levou a panela para o mato e enterrou-a. Ninguém sabia que ele tinha enterrado no mato uma panela cheia de arroz a não ser ele próprio e a filha.
Tempos mais tarde, apareceram homens com redes para caçar no mato. Eles não sabiam que no local onde caçavam, debaixo de uma árvore, estava enterrada uma panela cheia de arroz. Descobriram, admirados, que formigas brancas saídas da terra junto daquela árvore, transportavam grão de arroz.
De imediato cavaram o buraco e encontraram uma panela cheia de arroz cozido.

A filha, então, voltou-se para o pai:
__ Está a ver papá? Eu não lhe disse que o mundo não tem segredos?!

Conclusão: No mundo não há segredos, a filha bem o sabia!

fonte:-Contos populares moçambicanos,http://www.terravista.pt/Bilene/4619/Conto2.html)

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

1º de janeiro — Dia Mundial da Paz

O Dia Mundial da Paz é celebrado todos os anos na data de 1º de janeiro, tendo sido uma criação vinculada ao catolicismo. No ano de 1967, o então Papa Paulo VI proclamou uma mensagem na qual foi estabelecida essa data comemorativa, com o objetivo de promover o sentimento da paz pelo mundo, então
marcado pela Guerra Fria e pela instabilidade bélica.

É importante não confundir o Dia Mundial da Paz com o Dia Internacional da Paz, esse último estabelecido pela ONU e celebrado no dia 21 de setembro, dia em que a Assembleia Geral da Organização iniciou suas atividades no ano de 1981. Trata-se, portanto, de duas datas distintas em torno de um mesmo tema.

Por ser uma data religiosa vinculada à Igreja Católica, todos os anos o Vaticano realiza uma cerimônia oficial sobre a data, havendo sempre um novo tema para o Dia Mundial da Paz escolhido pelo próprio Papa. No ano de 2014, por exemplo, o tema foi a fraternidade; em 2015, por sua vez, o tema escolhido foi o combate ao trabalho escravo.
Se liga:
A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da Paz, como se se tratasse de uma iniciativa sua própria; que ela se exprimisse livremente, por todos aqueles modos que mais estivessem a caráter e mais de acordo com a índole particular de quantos avaliam bem, como é bela e importante ao mesmo tempo, a consonância de todas as vozes do mundo, consonância na harmonia, feita da variedade da humanidade moderna, no exaltar este bem primário que é a Paz
É importante, nesse contexto, reiterar que a paz é um conceito muito amplo e polissêmico. No caso do Dia Mundial da Paz, celebra-se não tão somente a busca pela paz relacionada com a quietude e a ausência de conflitos, mas também a paz que mude a realidade de muitas pessoas que sofrem com as desigualdades, a violência, a fome e a miséria. Desse modo, a paz, em alguns sentidos, pode representar uma transformação social que vise à inclusão universal das pessoas.
"Todos os dias a paz deveria ser celebrada. No entanto, a paz é comemorada em dois dias no ano".
Sendo assim, a luta pela paz no mundo atual ainda é muito árdua e difícil. Além dos vários conflitos étnicos, territoriais e de outras ordens pelo mundo – com destaque para os frequentes confrontos entre judeus e palestinos no Oriente Médio –, há também a ampla necessidade de se combater a miséria, as epidemias e a fome em várias partes do globo terrestre. Dados divulgados pela ONU, por exemplo, revelam que 1,2 bilhão de pessoas vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, vive com menos de 1,25 dólar por dia.

O dia 21 de setembro é considerado o Dia Internacional da Paz. Em 1981, as nações foram convidadas a celebrar a paz nesse dia por ser o dia em que são iniciados os trabalhos na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse dia é conhecido como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo.

Em algumas partes do mundo, há a percepção de que as principais ameaças à paz e à segurança são as novas e potencialmente mais virulentas formas de terrorismo, a proliferação das armas não convencionais, a difusão de redes criminosas internacionais e as maneiras como todos estes problemas se juntam e reforçam mutuamente. Mas, para muitos outros habitantes do nosso planeta, a pobreza, a doença, a privação e a guerra civil continuam a ser as grandes prioridades...

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Um história de Natal ...

A comemoração do Natal se iniciou ente os romanos antigos.
A festa pagã ainda ocorria paralelamente com o Natal até se propagar totalmente pelo mundo e o Ocidente proclamar de NATAL.

"A primeira vez que se teve algum indício da comemoração do natal foi em 25 de dezembro do ano de 354 D.C., no qual ocorreu em Roma uma festa em celebração ao nascimento do menino Jesus."

A celebração é pelo solstício de inverno ? a partir daquele dia, as noites seriam cada vez mais curtas e os dias, mais duradouros. Breve, chegaria o verão novamente e os dias frios de escassez, tidos como obra de bruxas e espíritos ruins, ficariam para trás. Qualquer semelhança da Festa do Sol Invicto com o Natal religioso não é mera coincidência.

As celebrações em torno do Sol eram praticadas já muito antes que o cristianismo fosse a religião dominante. Até então, as festas mais importantes dos cristãos se davam em torno do

martírio e da morte de Jesus. Mesmo os calendários de judeus e pagãos não coincidiam. Os
cristãos guiavam-se pela lua – por isso a Páscoa é, por definição, no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio vernal – e os pagãos, pelo Sol, com dias fixos, como se usa atualmente. O cristianismo crescia em Roma um tanto à parte dessa coisa toda. Até que, no século 3, percebeu a importância das festas dos solstícios ? de inverno e de verão – para os romanos e o quão difícil seria proibi-las à revelia.A Festa do Sol Invicto continuaria, exceto que o homenageado seria outro: a Igreja decidiu que Jesus teria nascido no dia 25 de dezembro ? embora não exista nenhum registro sobre isso ? e, daí por diante, a festança toda seria ao aniversariante. “O que os cristãos fizeram, na verdade, foi dizer para os pagãos: ‘Olha, essa festa aí que vocês comemoram não tem nada de Sol. É pelo nascimento de Jesus’. E assim nasceu o Natal”, resume o historiador Pedro Funari, da Unicamp. “E daí associaram o Sol à luz, por sua vez associado a Jesus”, continua o especialista. O outro solstício, o de verão, virou o que hoje é nossa festa junina, que aqui, na verdade, é no inverno. As fogueiras, aliás, eram originalmente uma celebração ao clima quente de verão.

Ninguém sabe ao certo a data de nascimento de Jesus, porém, essa data foi escolhida
devido à existir uma comemoração pagã nessa mesma data que homenageava o Deus persa MITRA que representa a luz (Deus Solar), no qual ocorriam celebrações que eram reprovadas pelos Cristãos.



Tradições Natalinas
Não seria mentira dizer que a árvore de Natal é o novo presépio. A montagem, que representa a noite do nascimento de Jesus, é tida como a primeira tradição verdadeiramente católica de Natal, em um tempo em que velhinhos gorduchos e árvores enfeitadas não contavam com a importância que têm hoje nas festividades natalinas. Segundo conta o historiador da Universidade de Brasília Jaime de Almeida, cujo tema da tese de doutorado foi festas tradicionais, a história de como a miniatura – algumas vezes nem tão pequena assim – virou símbolo da celebração remonta à Itália Medieval, lá pelo século 13. Foi nessa época que São Francisco, quando atuava em Assis, juntou animais, reis magos, Maria, José e Jesus na mesma cena. “O presépio de São Francisco de Assis passava uma ideia mais humana de cristianismo. Foi uma maneira de ajudar a aproximar os fiéis, principalmente os analfabetos, que eram boa parte da população”, pontua Jaime de Almeida.

O PAPAI NOEL -O século é 4 depois de Cristo e a cidade é Myra, onde hoje fica a Turquia. Vem daí, e não da Lapônia, a história contada pela Igreja para justificar a existência do velhinho gorducho que distribui presentes às crianças comportadas.

A CEIA -A história da comilança na véspera de Natal é dos mistérios natalinos para os quais
os livros de História não apontam muito bem a origem. Alguns acreditam que tenha viajado gerações pelos séculos desde os primórdios das comemorações, quando a festa do dia 25 de dezembro era em homenagem ao Sol e o banquete à meia-noite, oferecido ao deus da agricultura para que a colheita fosse próspera no verão que aproximava.

O CARTÃO -Desejar feliz Natal e um próspero ano-novo é uma tradição milenar. Não porque o Natal também o é, mas porque em 1843 o artista inglês John Calcott Horsley recebeu uma encomenda que, mal sabia ele, o tornaria imortal entre as tradições de Natal. Naquele ano Sir
Henry Cole não teria tempo de escrever aos amigos durante a época festiva, como fazia todos os anos. Terceirizou a tarefa e Horsley ficou encarregado. 

A ÁRVORE -Geralmente é ela quem dá a largada na temporada de Natal. Quando as vitrines começam a exibi-la junto às ofertas e os shoppings montam suas versões gigantescas, é hora de planejar as compras natalinas e tirar as caixas de enfeites do maleiro. Embora originalmente não tenha significado religioso, o pinheiro de Natal subiu na vida, ganhou status de protagonista natalino, somou novos e divertidos penduricalhos às já antigas e tradicionais bolas. 

A FOLIA DE REIS -A bagunça da Folia de Reis, em 6 de janeiro, não tem origem brasileira, mas ganhou status de festa folclórica por aqui. A farra popular, na data fixada pela Igreja como o dia em que os três reis magos -Melchior, Baltasar e Gaspar – teriam visitado Jesus após seu nascimento, foi, na verdade, importada de Portugal provavelmente ainda nos nossos tempos de colônia. E se aqui é o dia de começar a despedir-se dos enfeites natalinos, em muitos países essa é a hora de trocar presentes – em alusão a mirra, ouro e incenso que teriam sido presenteados pelos reis ao menino recém-nascido.

Nesta parte do texto, um retrato da sociedade-“As festas do Natal e da Páscoa, sempre favorecidas no Brasil por um tempo magnífico, constituem épocas de divertimentos tanto mais generalizados quanto provocam mais de uma semana de interrupção no trabalho das administrações e nos negócios do comércio; o descanso é igualmente aproveitado pela classe média e pela classe alta, isto é, a dos diretores de repartições e dos ricos negociantes, todos proprietários rurais e interessados, portanto, em fazer essa excursão em visita às suas usinas de açúcar ou plantações de café a sete ou oito léguas da capital.

Quanto aos artífices, reunidos na casa de seus parentes ou amigos, proprietários de sítios vizinhos da cidade, aproveitam essas festas para gozar em liberdade os prazeres que essas

curtas e pouco dispendiosas excursões lhes permitem. Basta-lhes com efeito mandar levar sua esteira e sua roupa pelo seu escravo. À noite, à hora de dormir, as esteiras desenroladas no chão, cada qual com seu pequeno travesseiro, formam leitos de emergência distribuídos pelas três ou quatro salas do rés-do-chão, que constituem uma residência desse tipo. No dia seguinte, ao romper do dia, ergue-se o acampamento e os mais ativos se separam para ir passear ou banhar-se nos pequenos rios que descem das montanhas vizinhas. O exercício da manhã abre o apetite; volta-se para almoçar, mas inventam-se divertimentos mais tranquilos para o momento do sol forte até uma hora da tarde quando se janta. De quatro às sete dorme-se e, depois da Ave-Maria dança-se durante toda a noite ao som do violão. Deliciosos momentos de fresca, empregados pelos velhos na narrativa de suas aventuras do passado e pelos moços em dar origem a alguns episódios felizes, cuja recordação encantará um dia a sua velhice.

Este ligeiro esboço dá entretanto apenas uma pobre ideia das brilhantes recepções realizadas na mesma época nas imensas propriedades dos ricos que, por vaidade, reúnem numerosa sociedade, tendo o cuidado de convidar poetas sempre dispostos a improvisar lindas quadrinhas e músicos encarregados de deleitar as senhoras com suas modinhazinhas. Os donos da casa também escolhem, por sua vez, alguns amigos distintos, conselheiros acatados do proprietário na exploração da fazenda que visitam demoradamente com ele, ao passo que, ao contrário, os jovens convidados, ágeis e turbulentos, entregam-se a essa louca alegria sempre tolerada no interior. Aí todos os dias começam, para os homens, com uma caçada, uma pescaria ou um passeio a cavalo; as

mulheres ocupam-se de sua toilette para o almoço das dez horas. À uma hora todos se reúnem e se põem à mesa; depois de saborear, durante quatro a cinco horas, com vinhos do Porto, Madeira ou Tenerife, as diferentes espécies de aves, caça, peixes e répteis da região, passam aos vinhos mais finos da Europa. Então o champanha estimula o poeta, anima o músico, e os prazeres da mesa confundem-se com os do espírito, através do perfume do café e dos licores. A reunião prossegue em torno das mesas de jogo; à meia noite serve-se o chá, depois do qual cada um se retira para o seu aposento, onde não é raro deparar com móveis, perfeitamente conservados, de fins do século de Luiz XIV.

No dia seguinte, para variar, vai-se visitar um amigo numa propriedade mais afastada; tais cortesias aumentam ainda os prazeres dessa semana que sempre parece curta demais. Alguns amigos íntimos, que dispõem de seu tempo, ficam com a dona da casa, cuja estada
se prolonga durante mais seis semanas ainda, em geral, depois do que todos tornam a encontrar-se na cidade.”



- "É na época de Natal, quando os encontros e os questionamentos sobre os valores da vida vêm à tona, que os sentimentos mais puros e as emoções tomam conta de cada um. A época é de reflexão, promessas, renovação e esperança".

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fontes: Gerry Bowler, professor da Universidade de Manitoba e autor de Santa Claus: A Biography, os historiadores Pedro Funari, da Unicamp, e Jaime Almeida, da UnB, o site History.com, e Mary Beard, professora da Universidade de Cambridge e autora de Religions of Rome: A History

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Contos africanos:Os dois reis de Gondar

Os dois reis de Gondar
(Etiópia)
Era um dia como os de outrora… e um pobre camponês,tão pobre que tinha apenas a pele

sobre os ossos e três galinhas que ciscavam alguns grãos de
teff que encontravam pela terra poeirenta, estava sentado na entrada da sua velha cabana como todo fim detarde. De repente, viu chegar um caçador montado a
cavalo. O caçador se aproximou, desmontou, cumprimentou-o 
e disse - Eu me perdi pela montanha e estou procurando ode Gondar.
— Gondar? Fica a dois dias daqui — respondeu o camponês. — O sol já está se pondo e seria mais sensato se você passasse a noite aqui e partisse de manhã cedo.
O camponês pegou uma das suas três galinhas, matou-a,cozinhou-a no fogão a lenha e preparou um bomjantar, que ofereceu ao caçador. Depois de comerem os
dois juntos sem falar muito, o camponês ofereceu sua cama ao caçador e foi dormir no chão ao lado do fogo.
No dia seguinte bem cedo, quando o caçador acordou,
o camponês explicou-lhe como teria que fazer para chegar
a Gondar:
— Você tem que se enfiar no bosque até encontrar um rio, e deve atravessá-lo com seu cavalo com muito cuidado para não passar pela parte mais funda. Depois tem que seguir por um caminho à beira de um precipício até chegar a uma estrada mais larga…
O caçador, que ouvia com atenção, disse:
— Acho que vou me perder de novo. Não conheço esta região… Você me acompanharia até Gondar? Poderia montar no cavalo, na minha garupa.
— Está certo — disse o camponês —, mas com uma
condição. Quando a gente chegar, gostaria de conhecer o
rei, eu nunca o vi.
— Você irá vê-lo, prometo.
O camponês fechou a porta da sua cabana, montou na garupa do caçador e começaram o trajeto. Passaram horas e horas atravessando montanhas e bosques, e mais uma noite
inteira. Quando iam por caminhos sem sombra, o camponês abria seu grande guarda-chuva
preto, e os dois se protegiam do sol. E quando por fim viram a cidade de Gondar
no horizonte, o camponês perguntou ao caçador:
— E como é que se reconhece um rei?
— Não se preocupe, é muito fácil: quando todo mundo faz a mesma coisa, o rei é aquele que faz outra, diferente.
Observe bem as pessoas à sua volta e você o reconhecerá. Pouco depois, os dois homens chegaram à cidade e o caçador tomou o caminho do palácio. Havia um monte
de gente diante da porta, falando e contando histórias, até que, ao verem os dois homens a cavalo, se afastaram da porta e se ajoelharam à sua passagem. O camponês
não entendia nada. Todos estavam ajoelhados, exceto ele e o caçador, que iam a cavalo.
— Onde será que está o rei? — perguntou o camponês.
— Não o estou vendo!
— Agora vamos entrar no palácio e você o verá, garanto! E os dois homens entraram a cavalo dentro do palácio. O camponês estava inquieto. De longe via uma fila de pessoas e de guardas também a cavalo que os esperavam na entrada. Quando passaram na frente deles, os guardas desmontaram e somente os dois continuaram em cima do cavalo. O camponês começou a ficar nervoso:
— Você me falou que quando todo mundo faz a mesma
coisa… Mas onde está o rei?
— Paciência! Você já vai reconhecê-lo! É só lembrar que, quando todos fazem a mesma coisa, o rei faz outra.
Os dois homens desmontaram do cavalo e entraram numa sala imensa do palácio. Todos os nobres, os cortesãos e os conselheiros reais tiraram o chapéu ao vê-los.
Todos estavam sem chapéu, exceto o caçador e o camponês, que tampouco entendia para que servia andar de chapéu dentro de um palácio. O camponês chegou perto do caçador e murmurou:
— Não o estou vendo!
— Não seja impaciente, você vai acabar reconhecendo-o! Venha sentar comigo.
E os dois homens se instalaram num grande sofá muito confortável. Todo mundo ficou em
pé à sua volta. O camponês estava cada vez mais inquieto. Observou bem
tudo o que via, aproximou-se do caçador e perguntou:
— Quem é o rei? Você ou eu?
O caçador começou a rir e disse:
— Eu sou o rei, mas você também é um rei, porque sabe acolher um estrangeiro!
E o caçador e o camponês ficaram amigos por muitos e muitos anos...

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:https://nuvemdehistorias.wordpress.com/

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O Brasil hipócrita: O racista é sempre o outro.

Não custa lembrar que o Brasil possui uma dívida irresgatável para com a população

negra. Trazidos à força para trabalhar como escravos a partir da metade do século XVI, o aprisionamento de africanos da costa ocidental (Angola, Nigéria, Benin) e de Moçambique intensificou-se entre 1700 e 1822, mas não há um número preciso de quantos deles chegaram vivos – estimado, entretanto, em algo em torno de quatro milhões. Libertos em 1888, não por razões humanitárias, mas por motivações meramente econômicas (a mão de obra assalariada possuía um custo de manutenção mais baixo que a escrava), sem qualquer tipo de indenização ou tentativa de inclusão social, os negros foram abandonados à própria sorte. O resultado: 450 anos depois de começar a desembarcar nos portos brasileiros, a população negra permanece apartada das conquistas sociais.

Racismo em números:

Dados do censo de 2010 mostram que dos 16 milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza (renda de até 70 reais mensais), 11,5 milhões são pardos ou pretos, ou seja, 72% do total. Além disso, enquanto o analfabetismo entre os negros alcança 13,3%, entre os brancos reduz-se a 5,3%; a expectativa de vida para os brancos eleva-se a 73 anos, seis a mais que entre os negros; dos brasileiros brancos, 15% possuem nível universitário, enquanto, entre os negros, esse número se reduz a apenas 4,7%; a possibilidade de ser assassinado é mais que dobro entre os negros, 64%, que entre os brancos, 29% do total de homicídios.

Aqui, o racista é sempre o outro...

Pesquisas apontam que 97% dos entrevistados afirmam não ter qualquer preconceito de cor, ao mesmo tempo em que admitem conhecer, na mesma proporção, alguém próximo (parente, namorado, amigo, colega de trabalho) que demonstra atitudes discriminatórias. É o chamado “racismo à brasileira” – fruto dileto da cínica e equívoca “democracia racial”, conceito que vem justificando, ao longo da história, a manutenção de um dissimulado apartheid, que segrega a população não-branca à base da pirâmide social.

Se liga:Tanto um quanto outro argumento esbarram em um empecilho de difícil transposição. Chamar alguém de macaco pelo fato de ser negro é racismo, e portanto não interessa em que contexto a agressão é proferida, se num estádio de futebol, num escritório de contabilidade ou num posto de gasolina. Assim como reagir a uma provocação usando termos ofensivos à cor da pele não se justifica, nem no campo desportivo nem numa discussão de trânsito. O preconceito racial molda o imaginário brasileiro e é crime que não permite atenuantes.

Trabalhador de segunda- O grande hiato social entre brancos e negros no mercado de trabalho aparece também nos salários: os trabalhadores negros brasileiros ganharam, em média, apenas 59% do rendimento dos brancos em 2015, segundo dados do PME (PesquisaMensal de Emprego). Porém, segundo o IBGE, em 2003, esse percentual de diferença de salários não chegava à metade (48,4%). Já em Porto Alegre, a diferença entre rendas aumentou, em 2014 os negros recebiam 70% dos rendimentos dos brancos e em 2015 este número diminuiu para 67,7%.

"Por incrível que pareça o racismo no Brasil é heterogêneo resultado de 450 anos depois de começar a desembarcar nos portos brasileiros, a população negra permanece apartada das conquistas sociais.. Vamos buscar esses determinantes, pois nem todos são tão racistas. Mas posso te adiantar em primeira mão que, proporcionalmente, o Nordeste é a região mais racista do país".

Um afro abraço.
Claudia Vitalino

fonte:https://brasil.elpais.com/lounge.obviousmag.org/www.bbc.com/portuguese

sábado, 16 de dezembro de 2017

Contos africanos:O Violiono do Macaco

A fome e a necessidade de satisfazê-la forçou o macaco a abandonar a sua terra e procurar outro lugar entre estranhos para o tão necessário trabalho. Bulbos, feijões da terra,
escorpiões, insetos, e estavam completamente extintas em sua própria terra. Mas, felizmente, ele recebeu, por enquanto, abrigo com um tio-avô dele, Orangotango, que morava em outra parte do país.

Quando ele tinha trabalhado durante certo tempo ele quis voltar para casa e, como recompensa seu tio deu-lhe um violino e um arco e flecha e lhe disse que com o arco e flecha, ele poderia acertar e matar qualquer coisa que ele desejasse, e com o violino ele poderia obrigar qualquer coisa a dançar.

O primeiro que ele encontrou em seu retorno para a sua terra foi o irmão lobo. Este velho companheiro disse-lhe todas as novidades e também que ele estava desde cedo tentado perseguir um cervo, mas tudo em vão.

Então macaco disse para ele todas as maravilhas do arco e flecha que ele carregava nas costas e lhe garantiu que se avistasse o cervo, ele iria acertá-lo para ele. Quando o lobo mostrou-lhe o veado, macaco estava pronto e derrubou o cervo.

Eles fizeram uma boa refeição juntos, mas em vez do lobo ser grato, o ciúme se apoderou dele e ele pediu para o arco e flecha. Quando o macaco recusou-se a lhe dar, ele usou sua força para ameaçá-lo, e assim, quando passaram pelo jacal o lobo disse que macaco tinha roubado o seu arco e flecha. O chacal tendo ouvido falar do arco e flecha, declarou-se incompetente para resolver o caso sozinho, e ele propôs que eles levassem a questão para o Tribunal do Leão, Tigre, e os outros animais. Nesse meio tempo, ele declarou que iria ficar tomando conta do que tinha sido a causa de sua discussão, de modo que seria mais seguro, como ele disse. Mas o chacal imediatamente tirou da tudo o que era comestível, e isso gerou um longo período de matança, antes que o macaco e o lobo concordassem em levar o caso para o tribunal.

As evidências do macaco era frágeis, e para piorar, o testemunho de chacal foi contra ele.

Ele pensou que desta forma seria mais fácil obter o arco e flecha para si mesmo.
E assim a sentença foi contra macaco. O roubo foi encarado como um grande crime: ele
seria enforcado.

O violino ainda estava ao seu lado, e ele recebeu como um último desejo do tribunal o direito de tocar uma música nele.

Ele era um mestre dos truques de sua época, e além disso, tinha o maravilhoso poder de sua rabeca encantada. Assim, quando ele emitiu a primeira nota do “Canto do Galo” no violino, o tribunal começou logo a mostrar uma vivacidade incomum e espontânea, e antes de terminar a primeira estrofe da valsa da velha canção toda a corte estava dançando como um redemoinho.

Mais e mais, mais rápido e mais rápido, tocou a melodia do “Canto do Galo” no violino encantado, até que alguns dos bailarinos, exaustos, caíram, embora ainda mantendo seus pés em movimento. Mas o macaco, músico como ele era, ouvi e não vui nada do que tinha acontecido à sua volta. Com a cabeça colocada carinhosamente contra o instrumento, e seus olhos meio fechados, ele tocou, mantendo a cadência com o seu pé.
O lobo foi o primeiro a gritar em tom suplicante, sem fôlego, “Por favor, pare, primo macaco! Pelo amor de Deus, por favor, pare!”
Mas o macaco nem conseguiu sequer ouvi-lo. Mais e mais a valsa “Canto do Galo” parecia irresistível.
Depois de um tempo o leão mostrou sinais de fadiga e, quando ele rodava mais uma vez com a leoa, ele rosnou quando passou do macaco, “Todo o meu reino é vosso, macaco, se você parar com essa música!”
“Eu não quero isso”, respondeu macaco “, mas retire a sentença e devolva o arco e flecha, e você, lobo, reconheça que você o roubou de mim!”

“Eu reconheço, reconheço!” gritou o lobo, e o leão no mesmo instante, chorou anulando a punição.

O macaco ainda deixou-os girando mais uma vez ao som da valsa, e depois recolheu seu
arco e flecha, e sentou-se no alto da árvore de espinhos mais próxima.

A corte e outros animais estavam com tanto medo que ele pudesse começar de novo que apressadamente correram para outras partes do mundo.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

Fonte:http://www.sacred-texts.com/afr/saft/sft05.htm

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Sabedorias e poderes da Medicina Milenar Tradicional Africana

SABEDORIAS DA MEDICINA TRADICIONAL AFRICANA
-“Diz o velho adágio popular que “Deus dá o mal e também dá o remédio para este mal”.

Nunca algo foi tão bem definido como este ditado. Neste trabalho procuramos, a partir de uma coletânea de ervas usadas para os Orixás dentro dos candomblés, trazer a público as suas utilizações na terapia de vários males que afligem a sociedade.

As relações da religiosidade com a saúde e os processos de cura, procurando entender as formas como os indivíduos vivenciam a doença, o sofrimento, a dor e as práticas de cura. Trata-se de pesquisa exploratória de caráter etnográfico, com observação participante em um templo religioso afro-brasileiro, localizado no Rio de Janeiro. Um efeito fundamental da religião é alterar o significado de uma doença para aquele que sofre, não implicando necessariamente remoção dos sintomas, mas mudança positiva dos significados atribuídos à doença. A religiosidade dá sentido à vida, diante do sofrimento, ao criar uma rede social de apoio. Constatamos que a prática religiosa tem complementado as práticas médicas oficiais. As informações coletadas nos permitem afirmar que as práticas religiosas se constituem em lugares de acolhimento, de cura e de saúde para aqueles que as buscam. Apontamos para a necessidade de aprofundamento de estudos dessa temática que venham a se somar enquanto possibilidades de ajuda e alternativa de "cura" às pesquisas da prática biomédica.


No Brasil -É costume nos rituais afro-brasileiros dizer-se que “sem as ervas, não existiria Orixás, e, sem Orixá, não existiriam as ervas”. O estranho encantamento que as folhas, as raízes e as ervas exercem dentro dos rituais, é assunto fascinante e desafiador para quem acredita em algo mais do que uma Aspirina. Neste trabalho, procuramos trazer ao conhecimento dos estudiosos da cultura afro-brasileira, aos médicos, fitoterapeutas, antropólogos e cientistas das diversas áreas, algumas informações preciosas que estavam ameaçadas de se perderem no tempo ou dentro de um velho baú de recordações de um antigo “candomblé” cujo terreno tenha sido desapropriado para a construção de uma mansão de um político qualquer

"Sementes, plantas, bagas, raízes, cascas, ervas. Quem nunca ouviu falar de uma receita mágica para uma dor de barriga? Uma pomada ou um chá para tratar um problema de saúde mais delicado? Em África, o segredo da medicina tradicional continua a passar de geração em geração, após milhares de anos, continuando a resolver os problemas das populações e surpreendendo os cientistas que apostam cada vez mais no seu estudo".

Por muito tempo, a medicina tradicional da África foi subestimada pela ciência ocidental. Hoje, séculos depois de descaso com as técnicas de cura africanas, pesquisadores do mundo todo começam a reconhecer a eficácia dos tratamentos desenvolvidos. Sobretudo com sistemas integrados de saúde, além de mais acessível e sustentável, a medicina tradicional tem-se provado preciosa na ajuda do combate a doenças como câncer, transtornos psiquiátricos, hipertensão arterial, vitiligo, cólera, doenças venéreas, epilepsia entre outros.
De disciplina holística que envolve fitoterapia indígena e espiritualidade, a solução da medicina tradicional, diferente da filosofia do ocidente, não busca apenas a cura e a recuperação dos sintomas físicos, mas sim um equilíbrio entre paciente, ambiente cultural e mundo energético, procurando a reinserção social e psicológica do doente dentro de sua comunidade. As práticas e experiências da medicina são sabedorias passadas de geração em

geração, com formações sociais que implicam em lições de procedimentos de diagnóstico, recursos medicinais, preparação de receitas médicas, administração dos medicamentos e, sobretudo, treinamento teórico, prático e espiritual adequado.

A filosofia humanista empregada, muitas vezes associada à filosofia ubuntu, se afasta do ganho material. Assim, os curandeiros geralmente fornecem o serviço gratuitamente, sem exigir encargos do paciente, o que estimula um forte código de ética na prestação de serviços de saúde de uma comunidade. O profissional é assim, durante seu treinamento, preparado para ser algo além de responsável e eficiente, mas também um bom ouvinte, orgulhoso de si mesmo, de sua tradição e cultura.

Misturando métodos biomédicos, dietas e jejuns, ervas terapêuticas, banhos, massagens e pequenos procedimentos cirúrgicos, a sabedoria médica africana é a favorita de seus habitantes. Hoje, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 80% da população do continente confiam seus cuidados à medicina tradicional. Ainda, suas práticas são reconhecidas por quase todos os países do continente, sobretudo nos serviços de cuidados gerais, de parto, de saúde mental e de doenças não agudas, que vêm mostrando excelentes resultados.

Eu cuido do meu povo [...]. Eu privo da maldade, ajudo a arrumar emprego, ajudo os inocentes a saírem da cadeia, as pessoas a terem saúde, dou conselhos [...]. Há um povo que conta comigo [...]. Quanto mais o povo eleva meu nome, mais eu cresço espiritualmente. O povo tem que saber quem eu sou e o que eu faço".
A proposta das organizações adeptas à filosofia local, assim como a de alguns governos, é de cada vez mais integrar as técnicas da medicina tradicional aos sistemas de saúde nacional, unindo força das diferentes ideologias de medicina, combinando às práticas locais seja com técnicas ocidentais ou com os know-hows chineses e indianos. Para o pesquisador, Paulo
Peter Mhame, a ação e implantação da associação dos saberes podem chamar por um futuro
brilhante. Ele explica que uma vez que a medicina tradicional e seus praticantes forem formal e explicitamente reconhecidos por todos os países seja por meio de políticas de implementação ou por meio do desenvolvimento de um marco regulatório, um sistema de qualificação e licenciamento, que respeitem tradições e costumes, estará estabelecido.
Ainda, segundo o especialista, assim será possível um modelo que permita a atualização de conhecimentos e habilidades na pesquisa tradicional, protegendo a sabedoria local e o acesso a recursos biológicos. A integração entre medicina tradicional e ocidental possibilita o aumento da cobertura de cuidados de saúde, o potencial econômico e a redução da pobreza, uma vez que a produção local é incentivada e o acesso aos medicamentos é ampliado. As vantagens não param por aí: custos reduzidos, falta de necessidade de exportação, cultivo local em larga escala e criação de oportunidades de emprego, tanto na indústria quanto na prática medicinal. Assim, as 6400 espécies de plantas medicinais utilizadas na África e as sabedorias locais milenares, combinadas com bom aproveitamento, formam um potencial que pode, com êxito, confrontar os desafios da saúde no continente.

Considerações- Aos nossos gryos que fizeram de suas vidas um banco de informação destes dados que levamos a certeza de que os outros tantos fitoterapeutas, homeopatas, alopatas e homens públicos de bem, tudo farão para minorizar o sofrimento de seu próximo, pois, afinal de contas, as ervas pertencem aos ORIXÁS e são um presente da natureza para o ser humano. –O princípio ativo das ervas é químico, portanto matematicamente infalível
As práticas religiosas têm complementado as práticas médicas oficiais e, mesmo que às vezes estigmatizadas, subsistindo o modelo biomédico hegemônico. Apesar do terreiro ser instituição religiosa e não instituição de saúde em sentido estrito, seus agentes geralmente atuam no campo da medicina (popular ou alternativa). Ou seja, os terreiros são locais de promoção da saúde e evidenciam o caráter tênue e fluido das fronteiras entre o mundo oficial

da biomedicina e o relativamente subterrâneo das práticas terapêuticas populares e religiosas.
"Apesar de se tratar de um estudo exploratório, a pesquisa de campo com a observação participante possibilitou uma compreensão mais próxima da realidade cotidiana das pessoas frequentadoras de templos religiosos"

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:www.afreaka.com.br/www.gpmina.ufma.br/arquivosDALGALARRONDO, P. Is religion membership a protective factor in the course of psychosis: a clinical study from Brazil. Curare, Berlin, v. 12, n. 1, p. 215-219, 1997./FERRETI, M. M. R. Religiões afro-brasileiras e saúde: diversidade e semelhanças. In: SEMINÁRIO NACIONAL: RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E SAÚDE, 2., 2003, São Luís. Anais... São Luís: CCN-MA, 2003. p. 1. /FREYRE, G. Casa grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. São Paulo: Global, 2005. /FRY, P. H.; HOWE, G. N. Duas respostas à aflição: umbanda e pentecostalismo. Debate e Crítica, Rio de Janeiro, n. 6, p. 75-95, 1975.    

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Tamara - Autoestima de crianças negras é antídoto contra preconceito

.COR DE QUE?...

Toda criança, um dia, carregou no estojo escolar um lápis bege-rosado popularmente conhecido como “cor-de-pele”. Cor de que pele?,

A igualdade entre os seres humanos e a singularidade de cada um de nós. Mas, em meio às comemorações do mês da consciência negra, é angustiante saber que muitas crianças ainda sofrem preconceito por conta de sua cor, cabelo e origem étnica. E é inspirador perceber as formas que as famílias vêm encontrando para reforçar a autoestima de seus filhos, formando cidadãos mais críticos e orgulhosos de si.

A chance de ser visto, ouvido, respeitado e aceito, com todas as possíveis singularidades, é algo garantido a todas as crianças pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em novembro, mês da consciência negra, e em todos os outros meses do ano. Em casa, na escola e em qualquer lugar onde os pequenos circulem. É nisso que as famílias que entrevistamos acreditam. Com força, raça e amor.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino..

fonte:https://catracalivre.com.br

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Atlas da Violência 2017: negros e jovens são as maiores vítimas

"De acordo com o estudo, a população negra, jovem e de baixa escolaridade continua totalizando a maior parte das vítimas de homicídios no país"

Essa desigualdade se manifesta ao longo de toda a vida e em diversos indicadores socioeconômicos, em uma combinação perversa de vulnerabilidade social e racismo que os acompanha durante toda a vida. Não à toa, negros e negras ainda sofrem com enormes disparidades salariais no mercado de trabalho: dados recentes divulgados pelo IBGE mostram que negros ganham 59% dos rendimentos de brancos (2016)”, diz o documento.

“Assumir que a violência letal está fortemente endereçada à população negra e que este é um componente que se associa a uma série de desigualdades socioeconômicas é o primeiro passo para o desenvolvimento de políticas públicas focalizadas e ações afirmativas que sejam capazes de dirimir essas inequidades”,

É a primeira vez que o estudo traz o recorte de gênero, mas não foi possível determinar a razão entre as duas taxas em Alagoas por não ter sido registrado nenhum homicídio de mulher branca nessa faixa etária em 2015. A taxa de mortalidade entre jovens negras, no
entanto, foi alta: 10,7 por 100 mil habitantes.

Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

“Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra”.
Dado revela a persistência da relação entre o recorte racial e a violência no Brasil. Enquanto a mortalidade de não-negras (brancas, amarelas e indígenas) caiu 7,4% entre 2005 e 2015, entre as mulheres negras o índice subiu 22%.

O Atlas da Violência 2017, que analisou a evolução dos homicídios no Brasil entre 2005 e 2015 a partir de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mostra ainda que aconteceram 59.080 homicídios no país, em 2015. Quase uma década atrás, em 2007, a taxa foi cerca de 48 mil.

Este aumento de 48 mil para quase 60 mil mostra uma naturalização do fenômeno por parte do poder público. Daniel Cerqueira, coordenador de pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explica que a naturalização dos homicídios se dá por processo históricos e econômicos de desigualdade no país, “que fazem com que a sociedade não se identifique com a parcela que mais sofre com esses assassinatos”, afirma.

Entre os estados, o de São Paulo foi o que apresentou a maior redução, 44,3%. Já no Rio Grande do Norte, a violência explodiu com um aumento de 232%.

Mulheres negras também na mira do extermínio -Em 2015, cerca de 385 mulheres
foram assassinadas por dia. A porcentagem de homicídio de mulheres cresceu 7,5% entre 2005 e 2015, em todo o País.

As regiões de Roraima, Goiás e Mato Grosso lideram a lista de estados com maiores taxas de homicídios de mulheres. Já São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal, ostentam as menores taxas. No Maranhão, houve um aumento de 124% na taxa de feminicídios.

Segundo o Atlas, em inúmeros casos, as mulheres são vítimas de outras violências de gênero, além do homicídio. A Lei Maria da Penha categoriza essas violências como psicológica, patrimonial, física ou sexual.

A Lei do Feminicídio, aprovada há dois anos, foi importante para dar mais visibilidade aos assassinatos de mulheres. As informações do número de feminicídios, porém, ainda não aparecem na base de dados do SIM, constando como homicídio de mulheres.

Segundo dossiê realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, o feminicídio corresponde à última instância de poder da mulher pelo homem, configurando-se como um controle “da vida e da morte”.

Cerqueira entende que esta e outras categorizações de assassinatos, como o feminicídio, são importantes pois “desnudam o enredo por trás das mortes”. O Brasil ocupa a quinta posição em número de feminicídios num ranking de 83 países.

“A criação de políticas públicas passa pelos dados angariados através dessas categorizações”, afirmando que, para combater esses assassinatos, o Estado não deve apenas se concentrar em aumentar o número de policiais nas ruas.

Juventude perdida!? - O Atlas mostra também que o assassinato de jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos corresponde a 47,85% do total de óbitos registrados no período estudado. Nessa mesma faixa etária, em Alagoas, foram 233 mortes para cada 100 mil homens. Em Sergipe, 230 homens para 100 mil.

Embora registre 197,4 casos por 100 mil habitantes, Rio Grande do Norte foi o estado que apresentou maior aumento na taxa de homicídios de homens nesta faixa etária, 313,8 %, no
período entre 2005 e 2015.

Segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública acrescentou ao indicador de violência de jovens um indicador de desigualdade racial.

A partir disso, constatou-se que os jovens negros entre 12 e 29 anos estavam mais vulneráveis ao homicídio do que brancos na mesma faixa etária. Em 2012, a vulnerabilidade alcançava mais que o dobro.

Em lista dos cinco estados mais violentos do país, ocupando a 15ª posição nacional, em 2015. Segundo informações do Atlas, isso ganhou força devido ao Programa Estado Presente, de 2011, apesar da crise da greve dos policias militares no começo de 2017."A situação foi a mesma em Roraima, onde a taxa de jovens negras assassinadas foi 9,5 mortes por 100 mil habitantes, mas nenhum assassinato de jovem não negra".

No topo da desigualdade entre as taxas de homicídio estão os estados do Rio Grande do Norte, no qual as jovens negras morrem 8,11 vezes mais do que as jovens brancas, e do Amazonas, cujo risco relativo é de 6,97 (o risco relativo é a variável que considera as diferenças de mortalidade entre brancos e negros).
Em terceiro lugar aparece a Paraíba, onde a chance de uma jovem negra ser assassinada é 5,65 vezes maior do que a de uma jovem branca. Em quarto lugar vem o Distrito Federal, com risco relativo de 4,72.
Nos estados de Alagoas e Roraima não foi possível calcular a razão entre as duas taxas por não ter sido registrado nenhum homicídio de mulher branca nessa faixa etária em 2015. As taxas de mortalidade entre jovens negras nesses estados, no entanto, foram altas: 10,7 e 9,5 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente.

Entre os homens, a chance de um jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes superior à de um
jovem não negro. O índice é maior que o registrado no levantamento divulgado em 2015.A situação mais preocupante é a de Alagoas, onde um jovem negro tem 12,7 vezes mais chances de morrer assassinado do que um jovem branco. Na Paraíba essa diferença é de 8,9 vezes, índice também muito alto.

Para a representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, “a violência contra a juventude negra no Brasil atingiu índices alarmantes”.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:https://www.cartacapital.com.br/https://anistia.org.br

Racismo: Vamos falar mais um pouco sobre isso?

Não precisa ser antropólogo, sociólogo ou especialista em humanas para ter a mínima noção sobre o tema. Nem é necessário ser negro para se colocar no lugar do outro. Eu sou branco. Nunca sofri preconceito racial, mas não significa que não posso falar sobre o assunto


Parece que, quando a conversa não é explícita – como quando pessoas brancas usam palavras como ‘macaco’ ou recusam serviços baseado na cor da pele – trazer a tona o assunto do racismo coloca muitas pessoas na defensiva ou induz afirmações bravas que negam a sua existência. Essa é uma reação que muitas pessoas não-brancas estão cansadas de receber de pessoas que tem privilégio racial, e não tem nenhuma ideia tangível do que é experimentar as injustiças sociais e institucionais de não ser branco na América.

Muitas pessoas de diferentes raças querem espaço para discutir essas questões dentro de uma cultura que amplifica vozes brancas – querem ter suas vozes ouvidas e respeitadas, mesmo que suas emoções venham de um lugar de dor.

Como pessoas que se beneficiam de um privilégio racial, não negras podem apoiar a lideranças de pessoas não-brancas ao desafiar esses mitos naturalizados sobre racismo antes mesmo de entrar em uma discussão com o assunto, principalmente discussões com pessoas que não são não negra....

Claudia Vitalino.

Um afro abraço.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Contos Africanos:MAHURA – A MOÇA TRABALHADEIRA

MAHURA Origem: Moçambique

Quando Olorum criou o universo, o céu e a terra viviam juntos e em perfeita

harmonia: as gotas de chuva se juntavam às águas das cachoeiras, o vento e a brisa eram companheiros inseparáveis e propiciavam um belo espetáculo formando mosaicos de folhas secas e gravetos, os homens compartilhavam a vida e não havia distinção de credo e cor, pois todos faziam parte de uma única raça: a humana.

Um dia, a terra achou que havia chegado a hora de ter um filho e deu à luz uma bela jovem na aldeia Okulo a quem deu o nome de Mahura, que significa moça trabalhadeira.

Mahura cresceu depressa e logo desenvolveu suas aptidões: trabalhava incansavelmente e com muita disciplina. Durante o dia, cuidava dos ciclos da natureza e, quando o sol se punha, sentava-se ao chão perto de um enorme pilão que usava para triturar raízes, sementes e cascas que serviriam para fazer a tintura colorida que tingia a palha e o algodão que vestia a sua tribo. Só que o pilão que Mahura usava era mágico e, quanto mais usado, mais crescia e, como a jovem era alimentada pelo trabalho, mais vigor empreendia na sua labuta.

Tanto o pilão cresceu que começou a machucar o céu que no início gemia baixinho; mas, não conseguindo suportar as dores causadas pela mão-de-pilão de Mahura, passou a reclamar.

– Céu, sobe mais um pouquinho! – pedia a moça.

Com isso, o céu foi se distanciando, distanciando, se tornando cada vez mais inacessível até chegar a ponto das nuvens não poderem mais brincar livremente e as gotas de chuva não conseguirem mais manter o solo úmido e fértil que foi ficando fraco e pobre. As frutas não mais brotavam nas árvores como flores em buquê e a tristeza tomou conta de tudo.

Também Mahura ficou infeliz e resolveu pedir desculpas ao céu que estava tão inatingível e não ouviu suas lamúrias. Então, a jovem resolveu ofertar um presente, retirou uma pepita dourada do leito de um rio dando-lhe o nome de Sol e, de uma caverna escura, retirou uma pedra redonda e reluzente à qual batizou de lua.

Atirou os presentes bem para o alto, um de cada lado do céu como um pedido de desculpas que aceitou as oferendas, mas preferiu ficar lá em cima, pois era
mais seguro.

Assim contaram, assim lhes contei: se dúvida tiverem do causo aqui narrado, olhem à noite para o céu. As estrelas que virão brilhando nada mais são do que as cicatrizes deixadas pelo pilão de Mahura.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino

fonte: http://africa.mrdonn.org/fables.html

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...