UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 14 de julho de 2016

UNEGRO 28 anos: Muitas histórias de Lutas e conquistas e se renovando da cada dia....

Hoje faz 28 anos que um grupo de jovens negros em Salvador, inconformados com a forte
repressão policial e cientes que era importante que negros e negras assumissem organizadamente uma luta antissistêmica para superar a pobreza e a condição subcidadãos que assolava a população negra na Bahia, no Brasil e no mundo, fundaram a União de Negros e Negras Pela Igualdade - UNEGRO.

Sabemos que o nosso chamado ainda, não foi ouvido por muitos, ou por aqueles que insistem em não nos ouvir.Porém temos a plena consciência, de que tiramos de trás das cortinas o racismo que ali se encontrava disfarçado.
Conseguimos nesses anos mexer com as estruturas preconceituosas e colonizadoras de sociedade. Nós unimos aqueles que tem como objetivo o bem comum, independente de raça ou crédulo de cada um...


-Sim esses são os bons que como disse Mandela - não podem se calar.
Estamos ai a semente foi plantada e continuaremos a regá-la.
Sendo assim temos a convicção... Num futuro o qual esperamos não esteja tão distante,
colheremos os frutos da árvore da igualdade de direitos, tão falados mais
pouco socializados.

Nossa matéria prima são compreensões de como se estrutura a dominação:
Convicção que o racismo é um fenômeno que deve ser superado, pois não beneficia a

humanidade, ao contrário, aprisiona, gera conflitos, divide e vitimiza.
Consciência que a luta de classe e a luta contra a dominação de gênero compõe o triple da luta emancipatória da população negra e do povo brasileiro.
Determinação em não se adaptar ao racismo, ir à luta para sua superação.
Assim a UNEGRO tem enfrentado nesse quarto de século as vicissitudes da luta contra o racismo. Apesar do paradoxo da nossa existência seja a luta para nossa inexistência, hoje reiteramos nosso compromisso com a UNEGRO e fizemos votos de sucesso e longa vida para Entidade, nela depositamos nossas ideologias, trabalhos e sonhos.


De 14 de julho de 1988 até hoje, a UNEGRO se fez presente nas grandes lutas do

movimento negro brasileiro, travadas contra o racismo e nas empedernidas batalhas
cotidianas que incansavelmente a negritude brasileira tem vencido para que tenhamos um país justo e sem racismo.

UNEGRO vejo a continuidade dos sonhos de jovens negros que fomos ,longa vida a quem luta por justiça, por um país próspero e sem racismo! !!
Parabéns a
UNEGRO!
Parabéns aos unegrinos e unegrinas!
Parabéns ao movimento negro brasileiro!”

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

terça-feira, 12 de julho de 2016

‘Mulher Luiza Negra Bairros’

Ao avaliar a situação da mulher negra na sociedade brasileira, Luiza Bairros, disse:a
mulher negra embora esse esteja entre os que mais sofrem os efeitos do racismo, as mulheres negras são também as mais preparadas para transformar essa realidade.

Ainda somos parte das estatísticas do segmento que tem mais desvantagens na sociedade brasileira. Isso nos dá bem a noção do nível de dificuldades que nós mulheres negras temos que enfrentar. Ao mesmo tempo que o efeito do racismo se manifesta mais fortemente na nossa qualidade de vida, somos o setor da sociedade negra mais bem aparelhado para vencer o racismo”,

- Aos 63, Luiza viajava o Brasil militando pelo movimento negro e foi vítima de um câncer, contra o qual lutava há três meses..
Uma das principais personalidades brasileiras da luta contra o racismo, Luiza passou os últimos anos em viagens pelo país realizando palestras e trabalhando intensamente na articulação do movimento negro.. Fez sua carreira política na Bahia, onde era radicada. Formada em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, possuía Mestrado em Ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia e doutorado em Sociologia pela Universidade de Michigan., atividade que desempenhava há mais de 40 anos.

-Morreu na manhã de 12/07/2016 em Porto Alegre, aos 63 anos, a intelectual e ativista do movimento negro Luiza Helena Bairros, ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial, cargo que ocupou entre 2011 e 2014. Ela foi vítima de um câncer no pulmão, contra o qual lutava havia três meses.


A UNEGRO RJ, lamenta a morte e a perda desta grande mulher, uma voz combativa, na luta contra o racismo e feminismo negro. Um golpe irreparável para todas nós mulheres negras e para toda a militância da luta contra o racismo em nosso pais e haveremos um bom tempo tentando assimilar essa perda...



Que os Deuses de sua fé sigo contigo para a eternidade...

Claudia Vitalino.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Negro e seu Auto Espelho: Imagens...

Têm havido nas últimas décadas uma grande preocupação por parte dos estudiosos em demonstrar de que modo o negro é representado no imaginário ocidental. Tanto nos trabalhos que se debruçam sobre as imagens produzidas no passado de colonização do continente africano quanto naqueles que situam seu interesse em um período mais recente, procura-se mostrar a construção desse imaginário, desenvolvido nas sociedades européias ou na norte-americana através de imagens e discursos estereotipados e eivados de maior ou menor grau de exotismo e/ou racismo. Essas reflexões são importantes para entendermos o processo que levou à criação das ideologias que priorizam imagens hierarquizadas de culturas diferenciadas...

Até a primeira metade do século XX, uma estética branca determinava os padrões de beleza em praticamente todo o mundo. Os meios de comunicação, amplificando uma postura de boa parte da sociedade, fizeram o possível para ridicularizar e desvalorizar qualquer estética que remetesse aos africanos. O postulado que vigorava era de que o cabelo crespo dos negros é intrinsecamente feio. O racismo presente nessa estética branca teve efeitos perversos e duradouros para os afrodescendentes, que, a cada momento, precisam afirmar sua identidade.

A África nunca esteve distante do culto à beleza. Não apenas do corpo, mas também da beleza expressa nas diversas formas de arte. Na cultura africana, a concepção do belo está ligada ao bem e ao verdadeiro.

A Arte Africana
A arte é uma das marcas mais fortes dos povos africanos. Ela une utilidade e estética e está nos objetos, na música, na dança, na pintura corporal, no artesanato e nos rituais sagrados. A valorização da arte africana só aconteceu no final do século XIX, com a realização de uma exposição em Bruxelas, em 1897. A partir daí, ela se tornou fonte de inspiração para alguns dos principais artistas europeus, como Matisse, Braque e Picasso. Para essa cultura ancestral, todos os objetos do mundo estão ligados entre si e estão ligados ao corpo e ao espírito. A arte está sempre associada aos eventos e atividades da vida cotidiana, do nascimento à morte. Para o artista africano, nada é fixo ou estático, tudo é animado por um movimento cósmico.
A arte é conhecimento e não imitação da natureza.

Beleza Negra...
Ao longo da história, os cabelos receberam atenção especial nas culturas africanas e de matriz africana no Brasil. Em especial, nas culturas de origem banta.

Em conjunto com o rosto, os cabelos definiam a pessoa e o grupo a que pertencia. É um complexo sistema de linguagem que pode indicar posição social, identidade étnica, origem, religião, idade. Principalmente a partir dos cabelos é possível resgatar memórias ancestrais.

O negro é lindo! Esta era uma das premissas do movimento Black Power, surgido nos Estados Unidos em 1960, na luta pelos direitos civis dos negros.


O mundo chegou ao Brasil...
Raça é um conceito social, político e ideológico, não tendo uma sustentação biológica, uma vez que não é possível separar biologicamente seres humanos em raças distintas.Em um país profundamente miscigenado como o Brasil, não é fácil definir quem é negro, uma vez que muitos brasileiros, aparentemente brancos, são parcialmente descendentes de africanos, assim como muitos negros são parcialmente descendentes de europeus. Acrescenta-se a isso o grande número de pardos, cuja classificação racial pode ser bastante ambígua.
São consideradas negras todas as pessoas que têm essa "aparência"a questão é problemática e, segundo ele, deve prevalecer a autoclassificação. Portanto, se uma pessoa, aparentemente branca, se declara negra e se candidata a uma vaga com base em cotas raciais, a sua decisão deve ser respeitada.Em 2007, um caso polêmico chamou a atenção da mídia brasileira: dois irmãos, gêmeos idênticos, concorreram no vestibular da UnBsob o sistema de cotas. Na universidade havia uma banca que, após analisar as fotos dos candidatos, definia quem era negro e quem não era. Após terem suas fotos analisadas pela banca, um dos gêmeos foi considerado negro, e o outro não.O sociólogo Demétrio Magnoli considera perigoso a instauração de "tribunais raciais" no Brasil, o que aproximaria o país das nações racialistas e paranoicas do século passado. Em 1933, a Alemanha nazista definiu como judeu aquele que tinha ao menos um quarto de "sangue judaico" (equivalente a um avô). Em 1935, o próprio Hitler alteraria a regra, e passou-se a considerar como judeu somente quem tinha mais de dois terços de "sangue judaico", sendo alemães os "meio-judeus" (ou seja, com apenas dois avós judeus). 

"Adornos multicoloridos, tranças, dreads e blacks dão um toque bonito em qualquer visual. Mas, vão muito além da procura pela beleza. Assumir o gosto e o respeito pelas diferentes formas da estética negra sinaliza um pertencimento e um orgulho dessa herança."


Das bonecas, das modelos e da maquiagem: a naturalidade em questão...
Se os anos 1970 apontavam para o surgimento de movimentos políticos e culturais que proporcionaram o reconhecimento positivo de ser negro, com ênfase na existência do conceito de negritude os anos 1980 representaram a solidificação de uma auto-estima associada ao discurso de uma beleza negra específica. Nesse contexto de reafirmação da existência do belo inerente à qualquer raça, as bonecas africanas, denominadas Abayomis, servem de parâmetro educativo e modelo referencial para as crianças negras, sendo, portanto, o contraponto àquelas feitas à imagem e semelhança das Barbies: "Precisamos dispor de bonecas negras para que nossos filhos e netos não se espelhem unicamente nas bonecas industriais, que copiam os padrões anglo-saxônico...

- O corpo é o mais sagrado e completo instrumento de comunicação nas culturas africanas e afro-brasileiras de matriz banta. A linguagem corporal é compreendida tão claramente que a roupa não deve inibir nem privar seus movimentos, pois isto seria contra os princípios divinos. Assim como o corpo, a roupa mantém uma relação muito íntima com o sagrado.
Ancestralidade genômica de indivíduos não relacionados no Rio de Janeiro
CorNúmero de indivíduosameríndioafricanoeuropeu
Branco1076.7%6.9%86.4%
Pardo1198.3%23.6%68.1%
Preto1097.3%50.9%41.8%


"O negro não se veste, simplesmente. Ele se produz. - Por trás de cada gesto há um ritual que o mantém ligado à ancestralidade. Quando põe sobre o corpo ouro e metais; sementes e objetos de madeira, búzios, ossos, peles ou suas imitações, mesmo inconscientemente, está se conectando com os três reinos originais: o mineral, o vegetal e o animal".
Se liga:
As imagens de uma beleza negra produzidas nos salões se inscrevem em um caleidoscópio no qual se articulam elementos diversos. Aparentam ser homogêneas, visto que são reproduções de um ideal de beleza que se contrapõe ao ocidental, mas, observadas em detalhes, tornam-se fragmentos da política, da estética, da moda e do mercado.Se o cabelo é uma espécie de mediador entre uma estética afro natural e um discurso da negritude, como são percebidos e representados os salões de beleza nesse imaginário das últimas décadas? Pelos salões passam discursos múltiplos que vão da reiteração de uma "consciência racial" à criação de uma nova estética sem vinculação aparente com a definida pela militância negra...

Finalizando:
- O Estado brasileiro, que historicamente assumiu diversas atitudes claramente racistas, como no final do século XIX, quando proibiu a entrada de imigrantes africanos e asiáticos no país, ao mesmo tempo em que promovia a entrada de imigrantes europeus.

Ao fim do texto autobiográfico de Malcolm X quando relata sua primeira experiência de alisar o cabelo. 

"Ao se olhar no espelho e perceber que seu cabelo estava igual ao cabelo de um branco, a sensação foi de conforto e admiração"

Tomar esse exemplo como uma poderosa introjeção da beleza branca pode parecer lugar comum, pois, como já havia concluído Baudrillard (1993: 28), "o espelho, como objeto de ordem simbólica, não-somente reflete os traços do indivíduo como acompanha em seu
desenvolvimento o desenvolvimento histórico da consciência individual"; mas o fato adquire maior relevo se observarmos que a imagem refletida de Malcolm X em muito se assemelha àquelas do espelho de tinta da prosa narrativa de Jorge Luís Borges (1985: 78-ss). A princípio momentâneas ou imóveis, quando é a imagem que se deseja ver, elas se tornam complexas quando no espelho se vêem outras visões de mundo.

A estética africana – compreendendo-se sob este termo vário e diferentes estéticas e Áfrico – caracteriza-se por produzir e revelar a natureza, o ser humano e o mito de maneira vivencial, sendo antes de tudo uma estética de experimentar, e não apenas apreciar.

Quando pensamos acerca da estética como resistência logo nos remetemos a SUASSUNA (2007) pois o mesmo ressalta que a estética assume papéis de resistência, manutenção de identidades e criação de outras identidades não exclusivamente africanas, mas afro-brasileira. O belo afro é cultural, nasce do costume, determina o que identifica, diferencia e singulariza nos contextos das sociedades globalizadas. Assim, o belo é o alcance da memória e a gênese dessa estética que autentica nossa tão evidente afra-descendência de povo e civilização.

A forma como as pessoas se relacionam com seus cabelos dentro de uma cultura é bastante reveladora: são símbolos, indumentários, acessórios e maneiras de apresentação que falam sobre os valores de uma sociedade...

"Em terra de chapinha, quem tem crespo é rainha"

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:Cunha Olívia M. dos Santos G. (1988)Trabalho apresentado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional. Mímeo/

domingo, 10 de julho de 2016

Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim

Valentim da Fonseca e Silva (Serro MG ca.1745 - Rio de Janeiro RJ 1813). Escultor, entalhador, arquiteto, urbanista. Em 1748, é levado por seu pai a Portugal, onde aprende o ofício de escultor e entalhador. Retorna ao Rio de Janeiro e, por volta de 1770, abre uma
oficina no centro comercial. Pertence à Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito. Em 1772, trabalha com o entalhador Luís da Fonseca Rosa na decoração interna da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, realizando trabalhos até 1800. 
Durante a gestão do vice-rei, Dom Luís de Vasconcelos e Sousa (1740 - 1807), entre 1779 e 1790, é o principal construtor de obras públicas da cidade do Rio de Janeiro nas áreas de saneamento, abastecimento e embelezamento urbano, como o Passeio Público, feito em colaboração com o pintor Leandro Joaquim (ca.1738 - ca.1798) e com os decoradores Francisco dos Santos Xavier e Francisco Xavier Cardoso de Almeida. Entre 1790 e 1813, executa talha e imagens sacras para as igrejas de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, São Pedro dos Clérigos, Santa Cruz dos Militares e Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco.

Filho de um português contratador de diamantes e de uma negra, o mulato Valentim foi levado pelo pai, em 1748, a Portugal, onde ficou até os 25 anos. Em terras lusitanas, aprendeu o ofício de escultor e entalhador. O nome do artista aparece pela primeira vez como entalhador na obra de decoração da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em 1772, como discípulo de Luís da Fonseca Rosa. A talha dourada sobre fundo claro do retábulo-mor é amplamente decorada com motivos rococós como guirlandas, buquês de flores, laços e cabeças de querubins. Os anjos-meninos se caracterizam pelo rosto arredondado, feições levemente amulatadas, bochechas e olheiras marcadas, lábios com contornos definidos, pescoço grosso e curto, olhos saltados e caídos, cabelos abundantes e fios marcados.mentário Crítico

O negro Valentim da Fonseca e Silva, comumente conhecido como Mestre Valentim, destaca-se como um dos artistas mais originais em atuação no Rio de Janeiro entre o último quartel do século XVIII e o início do XIX. Seu estilo "híbrido", no qual concilia formas barrocas e rococós com certo sentido de contenção e sobriedade neoclássicas, sinaliza os processos de aculturação ocorridos nessa cidade desde sua proclamação a capital do vice-reino. Entre os principais nomes da arte colonial brasileira, como Aleijadinho (1730 - 1814) e Manoel da Costa Athaide (1762 - 1830), diferencia-se por ser o único a desenvolver, paralelamente aos trabalhos em igrejas, obras no campo da arte civil.

Em 1748 Valentim é levado a Portugal por seu pai, onde permanece até os 25 anos,

retornando ao Brasil por volta de 1770. Naquele país aprende o ofício de escultor e entalhador. Não se sabe ao certo quais são seus mestres. Mas é preciso lembrar que durante o período de formação em Portugal o jovem presencia o desenvolvimento do estilo pombalino. Para o plano de reconstrução de Lisboa, após seu incêndio em 1755, o Marquês de Pombal, então ministro das Finanças de Dom José, privilegia partido arquitetônico e decorativo mais sóbrio, excluindo a dispendiosa talha dourada. O modelo seguido é a arte italiana, que, em fusão com tradições da arquitetura portuguesa, dá origem às igrejas pombalinas. O ideário iluminista despótico de Pombal logo chega à capital do Brasil pelo governo do vice-rei, Dom Luís de Vasconcelos e Sousa (1740 - 1807). Mas se em Portugal o gosto italiano toma a dianteira, no Rio de Janeiro as igrejas com fachadas pombalinas (como é o caso da Ordem Terceira do Carmo e de São Francisco de Paula) não abandonam a talha dourada da tradição luso-brasileira, abrindo caminho para o desenvolvimento de uma versão regional de grande delicadeza e requinte do estilo rococó, principalmente pelas mãos de Mestre Valentim.

O nome do artista aparece pela primeira vez como entalhador na obra de decoração da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, em 1772, como discípulo de Luís da Fonseca Rosa. Apesar dos acréscimos ornamentais ecléticos do século XIX, ainda são identificáveis características do estilo de Mestre Valentim. A talha dourada sobre fundo claro do retábulo-mor é amplamente decorada com motivos rococós como guirlandas, buquês de flores, festões de folhas, laços, cabecinhas de querubins, que permitem uma sensação óptica de movimento da superfície. Os anjos-meninos caracterizam-se, entre outras coisas, pelo rosto arredondado, feições levemente amulatadas, bochechas e olheiras marcadas, lábios com contornos definidos, pescoço grosso e curto, olhos saltados e caídos, cabelos abundantes e fios marcados, sinalizando o estilo de querubins de Valentim. Destaca-se no conjunto a inclusão de colunas salomônicas típicas do barroco joanino no lugar de colunas retas de acordo com um gosto rococó mais classicizante.

No entanto, é na Capela do Noviciado da Ordem, cuja decoração é executada entre 1773 e 1780, que Valentim apresenta todos os elementos de seu estilo. Trata-se de um salão de planta retangular e teto abobadado revestido de talha dourada sobre fundo branco, formando uma unidade decorativa ímpar. O retábulo é constituído de banqueta-altar em forma de sarcófago, tendo ao fundo colunas retorcidas, num jogo de saliências que prepara o olhar para a visão da Nossa Senhora do Amor Divino. A decoração é repleta de rocalhas, guirlandas, festões florais, cabecinhas de anjos, que se repetem por todo o espaço e nas molduras preciosamente "bordadas" nos mesmos motivos. A composição da talha segue um sentido de simetria típico da Escola de Lisboa, mas, em geral, apresenta soluções de caráter mais intimista do que monumental. Isso revela certo gosto cortesão presente na talha religiosa carioca na segunda metade do século XVIII, embora tranqüilamente aliado a elementos
grandiosos do barroco joanino. Em sua última obra, a talha para a Capela do Noviciado da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Paula (na qual o artista teria trabalhado de 1801 a 1813), repetem-se as soluções de mais de 20 anos anteriores. Contudo, a talha um pouco contida, simplificada e simétrica, inclinando-se a certa compartimentação formal mais classicizante, aponta para a introdução de um espírito neoclássico.

No âmbito da arte civil, o artista realiza tanto obras de embelezamento público quanto de saneamento e abastecimento de água, executando trabalho originalmente de engenheiros militares. Seu principal solicitante é o vice-rei, Dom Luís de Vasconcelos e Sousa. De todas as suas obras, a mais marcante, sem dúvida, é o conjunto formado pelo Passeio Público (1783), primeiro jardim de lazer do carioca, e pelo Chafariz das Marrecas (1785, destruído em 1896). Seu projeto reporta-se às idéias iluministas de bem-estar, civilidade, higienização, progresso, que deveriam transformar a capital brasileira numa cidade moderna. Tal projeto simboliza também uma natureza dominada pela razão e ação do homem.

Mestre Valentim realiza tanto o risco em estilo barroco em forma de hexágono irregular cortado por aléias (sendo que a principal em linha reta tem como ponto de fuga a Baía de Guanabara) quanto fontes, elementos decorativos, portão e portal. No conjunto, diversas vertentes artísticas estão presentes, como o barroco, na estrutura dinâmica e cenográfica do jardim e nos elementos escultóricos do portal; o rococó, nas curvas e contracurvas e estilizações florais do portão em ferro fundido e nas esculturas em metal de Eco e Narciso (ambas se encontram atualmente no Jardim Botânico do Rio de Janeiro); e o espírito iluminista de catalogação e ordenação da natureza no paisagismo e nas representações naturalistas de animais. Em seu conjunto, a obra representa o início de uma tradição de escultura pública não-religiosa e da urbanização como forma de embelezar a cidade.

-Amplamente reconhecido em sua época, Mestre Valentim ocupa na história da arte
brasileira lugar de transição, no qual artista e técnico-artesão, passado e futuro, arte religiosa e laica, barroco e rococó, espírito clássico e nativista convivem em harmonia em sua obra.


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:enciclopedia.itaucultural.org.br/www.em.com.br/

terça-feira, 5 de julho de 2016

Quando Racismo e homofobia andam junto@s...

O racismo e a homofobia são as piores formas de discriminação cometidas pelo homem. O
racismo em si foi unicamente “criado” pelas mais variadas formas de escravidão. É uma forma nojenta, hedionda e repulsivo de se tratar um ser humano que é exatamente igual a qualquer outra pessoa. Nós não nascemos racistas, nascemos com uma mentalidade pura, frágil que é corrompida pelos mais diversos pensamentos sádicos e odioso possíveis. O mesmo ocorre com a homofobia, onde pessoas espancam, humilham e destroem outras pessoas pela sua opção sexual, por ela querer fazer o que quiser com seu corpo, uma pessoa homossexual ama e além de qualquer coisa, eles só querem a liberdade para expressarem esse amor e poderem ser felizes.

Art. 5 da Constituição Federal dispõe:
"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade, à segurança e a à propriedade, nos termos seguintes..."

Inciso X do mesmo artigo:
"São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”

A Constituição é extremamente clara, ao discorrer sobre o assunto tratado neste artigo. As pessoas possuem o direito de serem como querem ser, homossexuais ou não, transexuais ou bissexuais, e não é isso que ocorre, não é isso que vemos no dia a dia.

Com o estado atual de nosso governo, a sociedade está acreditando que fazer justiça com as próprias mãos é correto, na falta do Estado, pensamento errôneo e precipitado, pois estará praticando uma conduta delituosa, estará agindo da mesma forma que o agressor, não cabe as pessoas julgarem as outras por suas atitudes, este papel é exclusivo do Estado.

A homofobia pode ter causas culturais e religiosas. 
Por exemplo, alguns católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, e fundamentalistas assumem tendências homofóbicas. Apesar disso, mesmo entre estes grupos existem aqueles que defendem e apoiam os direitos dos homossexuais, lésbicas e simpatizantes. No entanto, em pleno século XXI, alguns países aplicam até mesmo pena de morte como condenação para quem é homossexual.

A falta de educação anda de mãos dadas com a homofobia e com o racismo, é na falta deste em que as pessoas acreditam terem o direito e o poder de discriminar e agir com força. Onde há educação há respeito, há a harmonia entre os mais variados tipos de vontades. Não existem raças diferentes, existem serem humanos, iguais e independente de sua opção sexual ou da cor de sua pelé...

Alguns movimentos contra os homossexuais são realizados em código pelo mundo inteiro pelos preconceituosos, como assovios, cantos, e bater de palmas. A homofobia é considerada uma forma de intolerância, assim como o racismo, o antissemitismo e outras
formas que negam a humanidade e dignidade a estas pessoas. Desde 1991, a Anistia Internacional, passou a considerar a discriminação contra os homossexuais uma violação aos direitos humanos.

Atlanta também e aqui- "O caso Diego foi encontrado morto em um matagal perto do alojamento dos estudantes aluno da UFRJ.,,"

-Pérola Gonçalves, amiga de Diego e aluna da UFRJ, acredita em crime de ódio: "Ele era o meu melhor amigo. A gente se conhecia há menos de um ano, mas nos falávamos toda hora, durante todo o dia. Nós estávamos sempre juntos. Acho que possa ter sido um crime de ódio, homofobia e racismo. Ele era negro e tinha uma sexualidade ampla, se relacionava com homens"

No Brasil, 68% das mortes violentas são de negros

Os números citados acima estão no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014, divulgado no início do mês. Eles mostram que a proporção de negros mortos ou presos é bem maior que a proporção deste segmento na população. De acordo com o IBGE, os negros (pretos e pardos) são 52% dos habitantes do país.
Se liga:De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que baseia suas estatísticas em denúncias do Disque 100, foram registradas 337 denúncias relativas à homofobia apenas entre janeiro a abril deste ano, o equivalente a mais de duas por dia. São Paulo é o primeiro disparado, com 97 registros (28% do total), seguido pro Minas, com 31 (9%). Em 2013, foram 1.695 denúncias pelo Disque 100, sendo 745 de janeiro a abril. Em 2012, houve um pico de 3.017 denúncias, quase o triplo de 2011, quando foram registradas 1.159 queixas.

O relatório da secretaria divulgado em 2013 e relativo a 2012 revela que 9.982 violações de direitos humanos foram cometidas contra 4.851 vítimas LGBT. No levantamento anterior, de 2011, foram 6.809 violações contra 1.713 vítimas. Os dados mostram ainda que, em 47,3% dos casos, os denunciantes não conheciam as vítimas. Mais de 71% das vítimas são do sexo masculino e mais de 61% têm de 15 a 29 anos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o dia 17 de maio como o Dia Internacional contra a Homofobia (International Day Against Homophobia), comemorando a exclusão da homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

É finalizando, palmas para o Brasil : número de assassinatos de homossexuais cresce 31% no Brasil.

O Brasil tornou-se campeão mundial de crimes homofóbicos. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785%maior que nos Estados Unidos. Na estatística estadual (Estado com maior número de mortes), desde 1980 temos o seguinte ranking: 1º - Bahia: 29 registros 2º- Alagoas: 24 registros 3º - São Paulo e Rio de Janeiro: 23 registros cada Outros importantes dados foram divulgados: o Nordeste concentra 43% dos homicídios contra integrantes das comunidades LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Afirmou-se que o risco de um homossexual ser assassinado no Nordeste é 'aproximadamente 80% maior' do que no Sudeste.

O fato de tal conduta tornar-se crime, por si só, não é suficiente para alterar a realidade acima

 - O tema exige efetivo preparo da sociedade, principalmente no que pertine à educação que, sem dúvida é o melhor caminho para a obtenção de informação e a desmistificação
dos preconceito, visto que que acontece com os casos de racismo a vitimização negra de 153,4% já é alarmante, de acordo com o estudo, imagine aumentá-la em mais de 80 pontos percentuais. É o que acontece quando se observa os homicídios em meio à população jovem. Nessa faixa de idade, morrem 237,4% mais negros que brancos no País.

Fica a pergunta:Se você for negr@ e Gay neste pais você esta ferrado???

Um afro abraço.


fonte:unegrorj/exame.abril.com.br/brasil/victorzumbano.jusbrasil.com.br/www.ibge.gov.br/oglobo.globo.com/www.ceert.org.br

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Literatura Negra e alguns dos principais autores...

No século XIX, presentifica-se a visão estereotipada, que vai prevalecer até a atualidade, com
alguma variação. Tomada como ponto de partida a caracterização proposta por David Brookshaw, em seu livro Raça e cor na literatura brasileira, 1983, embora com algumas ressalvas a outras colocações suas nessa mesma obra, passo a destacar os estereótipos que considero mais evidentes.

Por meio da literatura, o artista recria o mundo, (re) significa valores, costumes e fatos (...). Desse modo, as condições sociais, os hábitos, as crenças, os estereótipos e os preconceitos compartilhados por um determinado grupo em uma determinada época são elementos formadores da visão de mundo e fatalmente estarão presentes na criação artística.
Começo pelo escravo nobre, que vence por força de seu branqueamento, embora a custo de muito sacrifício e humilhação. É o caso da escrava Isaura, do livro do mesmo nome, escrito por Bernardo Guimarães e publicado em 1872 e de Raimundo, o belíssimo mulato de olhos azuis criado por Aluísio de Azevedo em O mulato, lançado em 1881. Essa nobreza identifica-se claramente com a aceitação da submissão, apesar da bandeira abolicionista que o primeiro pretende empunhar e da denúncia do preconceito assumida pelo segundo. A fala de Isaura deixa clara a posição, como nesse diálogo com sinhá Malvina, diante da tristeza da canção entoada pela primeira:

– Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és maltratada, que és uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Entretanto passas aqui uma vida, que faria inveja a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores. Deram-te uma educação, como não tiveram muitas ricas e ilustres damas, que eu conheço. És formosa e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano "coitada"...

-No início da década de 1970, os escritores e escritoras negras viviam todas as espécies de solidão, mas duas delas eram mais aflitas, pois não se tratava de um lugar comum do ofício e o que é pior, se impunham à revelia da disponibilidade existencial de cada um.

Uma dessas solidões era provocada pelos escritos de gaveta, de emoções e sentimentos aprisionados, de verdades incertas, de certezas voláteis e silêncios exasperados; como se houvesse punição à força daquela criação que não se desnudava. Outra dessas solidões se traduzia na participação singular nos grupos literários formados por maioria de autores brancos, onde o texto, sempre que quando negro, negritude, negrícia, extrapolava a coisa

literata e de modo inexplícito vagava no limbo de uma atitude social nem sempre provida de sutileza. Algo assim como um boi da cara preta e nada mais que isso, ou um Pelé, e nada mais que isso, naquela literatura que praticávamos.

-Cada um sem saber da existência de tantos, quase que emparelhados, esses escritores e escritoras transitavam por uma espécie de labirinto, sem achar uma saída comum, um lugar de encontro, que permitisse alçar outros vôos.

A palavra escrita cor da pele começou a impor-se em meados dos anos setenta carregada de anseios por uma unicidade nesse fazer negro com o verbo. Entretanto, a razão coletiva conduziu aquele arrojo, de cor sincera, na intenção de construção de uma identidade literária, como já vinha ocorrendo nas Antilhas, nos Estados Unidos e com os autores africanos que viviam na Europa. Antes porém, experimentamos algumas ousadias isoladas, mas pouco, muito pouco, e que não chegou a caracterizar um grupo de autores negros brasileiros escrevendo com plena identidade racial.

Vale a pena observar que naquele início, quando ainda não tínhamos estreitado as relações literárias, as mulheres negras que detinham a sensibilidade e o dom da poesia eram chamadas de poetisas. De repente, quando a intimidade tornou-se convivência do ofício e explicitou a singularidade e a natureza feminina daquele modo dos versos, elas exigiram serem ditas poetas. Poetas negras. Num manejo ideológico naquele espaço de aplicação do idioma, que de certo tinha propósito mais do que óbvio às suas pretensões de escritoras. Eram mulheres negras que também se aplicavam às outras lutas.

A anistia política, a euforia do milagre econômico simulado pela ditadura militar, a pressão dos movimentos sociais, a vitalidade e determinação dos movimentos artísticos, as organizações dos trabalhadores e das associações de moradores, tudo isto carregado de

racismo e de exclusão, impunha às lideranças políticas da comunidade negra a necessidade de redimensionar a sua lógica de luta, a sua organização e as suas formas de inserção naquele mercado político e social, que se descortinava com todas as nuanças de perspectivas democráticas.

1 - Machado de Assis( não se reconhecia como negro): Embora o marketing da Caixa tenha desconsiderado o fato, o maior escritor de todos os tempos da literatura brasileira e mundial é um negro cuja obra se tornou imortal e eterna, com seu jeito único de escrever rompendo as barreiras do preconceito;

2 - Toni Morrison: Autora americana de escrita forte e pungente marcando seus romances. Em 1993 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura;

3 - Oswaldo de Camargo: Um dos principais conhecedores da literatura negra no Brasil. Além do estudo a esta literatura, é contista, poeta, novelista e jornalista;

4 - Colson Whitehead: Autor de 5 livros aclamados o americano nascido em Manhanttan,

entre eles um de meditação cujo estilo foi comparado a E. B. White.

5 - Manoel Soares: é um daqueles caras que vem com a palavra "engajado" na testa. Líder comunitário, e repórter da RBS TV, seu primeiro livro chama a atenção para o problema do Crack. Zumbis da Pedra escrito junto com Marco Cena faz um alerta, e uma analogia bem perspicaz.

6 - Celso Athayde: Produtor que cuida da carreira de vários nomes do Hip Hop nacional, como MV Bill, é co-autor dos livros, Falcão - Meninos de tráfico, e Cabeça de porco;


7 - Walter Mosley: É reconhecido por sua literatura policial, cuja principal série trás Easy Rawlins, um investigador privado negro da II Guerra mundial que vive em Watts, Los Angeles;

8 - James Baldwin: Foi o primeiro escritor a dizer aos brancos o que os negros americanos pensavam e sentiam. Chegou no auge de sua fama durante a luta dos direitos civis no início da década de 1960. Tornou-se mais famosos pelos ensaios do que pelos romances e peças teatrais, mas apesar disso queria se tornar um ficcionista, considerando seus ensaios um trabalho menor.

9 - Zora Neale Husrton: Antropóloga e folclorista, e escritora americana é uma dos expoentes da literatura negra nos Estados Unidos. Seu trabalho por um bom tempo foi relegado ao esquecimento, que obteve apenas postumamente;

10 - Cruz e Souza: Um dos principais poetas brasileiros, foi um dos percursores do simbolismo no Brasil. Também foi conhecido como Dante Negro, e Cisne Negro;

Um capitulo a parte para dois autores:

Jorge Amado- O que temos que levar em conta é em que medida a experiência do autor que

tem a ver com afro-brasilidade vai alimentar e estará representada na sua literatura. Por isso, nem todo escritor negro é considerado um escritor afro brasileiro. É necessária uma história de militância, uma identificação política para reivindicar para si o qualificativo de escritor afro brasileiro e não apenas a cor da pele.

Jorge Amado, mesmo tendo o reconhecimento dos autores africanos a ponto de ser considerado um modelo por eles e reconhecer nele uma identidade. - Pode ser considerado um escritor afro brasileiro?, pois o negro em sua obra é, corriqueiramente, retratado de forma estereotipada, principalmente a mulher negra e mulata, vista quase sempre como objeto de desejo sexual. 

 A esse respeito Domício Proença Filho (2004, p.166) diz: “O negro ou o mestiço de negro erotizado, sensualíssimo, objeto sexual, é uma presença que vem desde Rita Baiana em O Cortiço, e mesmo do mulato Firmo, do mesmo romance, passa pelos poemas de Jorge de Lima, como “Nega Fulô”, suaviza-se nos Poemas das negras (1929), de Mário de Andrade e ganha especial destaque na configuração das mulatas de Jorge Amado. A propósito, a ficção do excepcional romancista baiano contribui fortemente para a visão simpática e valorizada de inúmeros traços da presença das manifestações ligadas ao negro na cultura brasileira, embora não consiga escapar das armadilhas do estereótipo. Basta recordar o caso do ingênuo e simples Jubiabá, do romance de mesmo nome, lançado em 1955, e da infantilizada e instintiva Gabriela, de Gabriela, cravo e canela”.

Mais ao mesmo tempo Jorge Amado, mesmo assim teve seu valor num tempo que pouco se escrevia sobre preto, ele formulou enredos nos quais as hierarquias dos gêneros, ou mesmo "dos sexos", serviram explicitamente como elementos estruturantes destes romances. Mas sim, ressaltar como Jorge Amado, ao centralizar seus interesses nas relações entre raça/cor e classe, encontrou nas demarcações das diferenças de gênero uma série de referências, valores e atributos à sua ideia de revolução. Assim, é o negro masculinizado que emergiu enquanto representação ideal do sujeito revolucionário amadiano. O homem racionalizado pela cor de sua posição social e a mulher enegrecida e masculinizada pelas "exigências" do caráter revolucionário e deu voz aos deuses vindo  africanos...

.
Solano Trindade- A questão da linguagem também merece atenção, pois evoca uma oralidade de matriz africana que valoriza e dá poder à palavra. Aqui vale ressaltar a diferença entre oralidade e linguagem oral. Oralidade como sistema de pensamento e linguagem oral que é a forma como falamos. A literatura afro-brasileira trabalha nessas duas perspectivas,
tem uma vinculação com essa oralidade de matriz ancestral africana e tem relação com essa linguagem falada, com uma certa espontaneidade da nossa dicção que acaba sendo tomada como forma de resistência ao mundo das normas.

-O centenário de seu nascimento foi celebrado em 2008, quando houve três lançamentos ligados à obra do poeta, Tem gente com fome (em formato infanto-juvenil), Poemas antológicos de Solano Trindade e O poeta do Povo.

Assim, escreveu: “Eu canto Palmares/ sem inveja de Virgílio, de Homero/ e de Camões ...” Em 1949, teria pronunciado, na sede carioca do Instituto dos Arquitetos do Brasil, conforme anúncio no jornal Quilombo, conferência sobre poesia negra no Brasil, na qual abordaria o problema dos ‘brancos que fazem poesia negra’ e dos poetas negros não comprometidos nem identificados com esse tipo de criação poética.

Para o escritor negro engajado, a simbiose da construção, ou a conjugação do código, do enredo, da temporalidade, não se dá apenas pelos parâmetros clássicos da Teoria Literária e da Crítica Literária. Esta investigação e embasamento, para a maior parte dos escritores, se manifesta de forma sub-reptícia, porque o objeto principal – sua obra – cede espaço significativo ao papel que desempenha como pessoa negra na sociedade brasileira, sempre sujeito às farpas dos capitães da criação.



"Falaram tanto que nosso cabelo era ruim que a maioria acreditou e por fim (raspou queimou;alisou;frisou;trançou;relaxou...) 
ainda bem que as raízes continuam intactas 
e há maravilhosos pêlos crespos conscientes 
no quilombo das regiões íntimas"

 
de cada um de nós.Acredito que a Literatura Negra, Literatura Afro-brasileira, escrita e lida por negros e não-negros que combatem o racismo, é uma literatura de instrumentalização, de auto-conhecimento, de resgate: e a sua contratação é um enunciado contínuo da exposição do novo diante do futuro e do passado, diante da vida e da não-vida. O tempo e seus conflitos, o doce e o amargo, a fecundidade, a morte, não são elementos estanques, fragmentados na arquitetura da personagem, ou do texto. Quando se usa, por exemplo a palavra atabaque na Literatura Afro-brasileira, geralmente ela mobiliza um sem-fim de signos, de símbolos, de energias, de movimentos e de sons. Ao passo que quando se usa a palavra psicanálise,também por exemplo, ela sempre esta ligada a algum tipo de doença, ou a procura de uma cura.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.ebc.com.br/.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/CUTI (Luiz Silva) Trincheira. In: QUILOMBHOJE (org.). Cadernos Negros 23: Poemas Afro-Brasileiros. São Paulo: Quilombhoje, 2000./DUARTE, Eduardo de Assis. Por um conceito de literatura afro-brasileira. In: Literatura e afrodescendência no Brasil: Antologia crítica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2011./GUEDES, Lino. Novo rumo. In: Negro Preto Cor da Noite (1936)./GULLAR, Ferreira. Preconceito racial. In: Folha ilustrada, 4 de Dezembro de 2011. São Paulo: Folha de São Paulo.

domingo, 3 de julho de 2016

Escravidão na América Latina tendo com Origem o Processo Econômico...

Introdução:
Milhões de imigrantes da África foram trazidos para o Novo Mundo como escravos. Hoje seus descendentes formam significativas minorias em muitos países da América Latina, e são elementos dominantes em muitas das nações caribenhas. Entender a maneira como esses negros viveram nesse novo mundo e conseguiram apesar do papel de escravos negociar sua sobrevivência através do que Lepkowski denomina “a brecha camponesa” e de extrema utilidade para entender o desenvolvimento dessas sociedades caribenhas, além de ajudar a entender em parte a escravidão como praticada no Brasil

A organização econômica:
A exploração mineradora foi a atividade econômica mais importante na América Espanhola, na verdade foi a responsável pela colonização efetiva das terras de Espanha, apesar de já haver ocupação anterior, no Caribe e América Central. O ouro na região do México e a prata na região do Peru, foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma clara política de exploração por parte da metrópole, que passou a exercer um controle mais rígido sobre seus domínios.

A partir da descoberta do continente americano pelos europeus em 1492, o continente foi submetido a uma exploração brutal de seus bens. Para extrair os recursos naturais da natureza, os ameríndios foram sacrificados em massa, a exemplo nas Antilhas, onde oextermínio foi completo. Assim, foi iniciada a escravidão na América latina, primeiros com os habitantes nativos, mais tarde, com os africanos trazidos para o Novo Mundo.


Com a introdução das Leis Novas de Carlos V, foi proibido o tratamento de índios como bichos (burros de carga), pelo menos na teoria. Como já não sobraram tantos indígenas depois das várias epidemias, começaram a importar escravos da África, já que a demanda por oferta de trabalho ainda continuava a crescer. Inclusive o frei Bartolomé de las Casas recomendava a escravidão dos africanos para aliviar a dura sorte dos índios.

O Processo de Escravidão:
A escravidão indígena teve, no conjunto, escassa importância, salvo no “ciclo antilhano”, a inícios do século XVI, e nas regiões de “índios bravos” ( chichimecas, araucanos, etc), reduzidos à escravidão quando aprisionados em guerra. A escravidão dos rebeldes era,

aliás, a única via de legitimação da escravidão indígena, pois desde cedo a Coroa e a Igreja trataram, com relativo êxito, de combater tais práticas. Mas o sucesso desta política deveu-se, em grande medida, à existência de sistemas tributários pré-coloniais no México, na América Central e nos Andes, que permitiam a extração do sobretrabalho aldeão sem recurso à escravidão. Quanto à escravidão africana, esteve presente em várias regiões da América espanhola durante todo o período colonial, sendo inclusive predominante em regiões como a costa peruana, partes da Colômbia, Venezuela, Cuba, etc. Entretanto, durante todo o período de sua existência do tráfico africano, a América espanhola recebeu apenas 1/15 dos escravos enviados para as colônias.

A ação colonizadora espanhola foi responsável pela destruição e desestruturação das comunidades indígenas, quer pela força das armas contra aqueles que defendiam seu território, quer pela exploração sistemática do trabalho, ou ainda através do processo de aculturação, promovido pelo próprio sistema de exploração e pela ação catequética dos missionários católicos. 

Qual a importância da entrada de escravos no novo mundo?
A escravidão africana e o comércio de escravos acabaram dando contribuição expressiva para a fórmula imperial espanhola. A introdução de escravos africanos no novo mundo tinha dois aspectos positivos principais: 

Em primeiro lugar a venda de licenças para a entrada de a entrada de africanos gerava dinheiro para o tesouro real, sempre uma preocupação da Coroa. Quanto mais escravos fossem enviados para o novo mundo, maior seria a arrecadação para os cofres da Coroa.
"Em segundo lugar ajudava o poder colonizador a fornecer a mão-de-obra aos centros urbanos e aos novos empreendimentos numa época em que a população nativa já tinha sido dizimada ( BLACKBURN, Robin, A construção do escravismo no novo mundo, pág.166)".
Conclusão
A população escrava na América Latina e Caribe declinaram a uma razão de 2 a 4% ao ano, portanto, quando a escravidão foi abolida, a população escrava em muitos locais era inferior ao numero total de escravos importados. Como exemplo temos a colônia inglesa da Jamaica, que importou cerca de 600 mil escravos durante o séc. XVIII, mas que em 1838 contava com cerca de 300 mil escravos. A colônia francesa de Saint-Domingue, atual Haiti importou mais de 800 mil escravos mas em 1790 possuía cerca de 480 mil escravos no período do inicio da revolta de escravos haitianos; os espanhóis importaram cerca de 600 mil escravos para Cuba; em 1880 a ilha possuía somente 200 mil escravos e uma população Afro-cubana de apenas 450 mil habitantes. Concluindo, enquanto cerca de 4,7 milhões de africanos foram enviados para o Caribe, em 1880 elas tinham diminuído para cerca de dois milhões em 1880.

Apesar de diferente da escravidão negra adotada no Brasil, a exploração do trabalho indígena também é tratada por muitos historiadores como escravismo. Porém o termo predominante nos livros de história é trabalho compulsório. Já o trabalho negro adotado em Cuba e nos países da América do Sul espanhola se assemelha muito ao trabalho escravo do Brasil, ao contrário do trabalho escravo negro adotado no sul dos Estados Unidos, onde os escravos eram bem tratados e não houve uma grande miscigenação de raças.

É importante destacar o papel dos religiosos no processo de colonização, tratados muitas vezes como defensores dos indígenas, tiveram uma participação diferenciada na conquista. Um dos mais célebres religiosos do período colonial foi Frei Bartolomeu de Las Casas que,

em várias oportunidades, denunciou as atrocidades cometidas pelos colonos; escreveu importantes documentos sobre a exploração, tortura e assassinato de grupos indígenas. Muitas vezes, a partir desses relatos a Coroa interferiu na colônia e destituiu governantes e altos funcionários. No entanto, vale lembrar o poder e influência que a Igreja possuía na Espanha, e o interesse do rei (Carlos V) em manter-se aliado à ela, numa época de consolidação do absolutismo na Espanha, mas de avanço do protestantismo no Sacro Império e nos Países Baixos. Ao mesmo tempo, a Igreja na colônia foi responsável pela imposição de uma nova religião, conseqüentemente uma nova moral e novos costumes, desenraizando os indígenas..

As relações essenciais da economia colonial foram àquelas apoiadas nas comunidades indígenas, tributárias dos grandes impérios asteca e inca. Em primeiro lugar, a encomienda, instituição espanhola originada na Reconquista, e que sofreu adaptações nas colônias. Regulamentada no início do século XVI, a propósito da colonização antilhana, a encomienda só pôde existir efetivamente nas regiões de populações sedentárias do continente. Economicamente, a encomienda pressupunha a repartição das aldeias submetidas pelos vários conquistadores, que passavam a explorar-lhes o sobretrabalho sem, escravizar os índios.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:https://pt.wikipedia.org/BLACKBURN, Robin, A construção do escravismo no novo mundo, pág.166). /Gruzinski, Serge A Colonização do Imaginário. Editora: Companhia das Letras. Ano: 2003 Edição: 1 .www.webartigos.com/

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Casa Grande & Senzala:Revisitando os dualismos...

Na opinião de Freyre, a própria arquitetura da casa-grande expressaria o modo de organização social e política do Brasil, o patriarcalismo.

Revisitando os dualismos
Gilberto Freyre (1994, p.90), que era um mestre no processo de auto-estilização, gostava de

se reconhecer como um contraditório, sendo em algumas coisas "revolucionário", noutras um "conservador". Se o próprio autor de Casa grande & senzala se define dessa maneira, não seria estranho constatar que um certo sentimento de dualidade pudesse ser encontrado em boa parte da crítica sobre o ensaísta pernambucano.

Gilberto dirá que a miscigenação não é só racial, como também cultural, e esta só será possível com a característica especial em nosso território, porque será nos trópicos. Há também na constituição da sociedade nacional um embate entre duas tendências, um princípio dual: uma “erudita” e outra “rústica”, com base patriarcal formada pela confluência da monocultura e das relações sociais, o que não acontecerá em outras conquistas portuguesas. A presença de uma sociedade sedentária que requer uma família ampliada.

Desconstruindo o discurso da democracia racial
A análise da política da memória contida em Casa grande & senzala oferece um entendimento daqueles elementos formadores do discurso da democracia racial. No entanto, como mostrarei a seguir, este estudo também ajuda a desconstruir os pressupostos do mesmo discurso e estabelecer distinções entre o que é proposto pela obra de Freyre e o que acabou por se tornar a ideologia da democracia racial. Embora texto e ideologia tenham semelhanças, não podem ser considerados idênticos.

Para Freyre – em sua abordagem sobre os negros – o chamado “racismo científico” é uma tentativa de conferir a discriminação racial um cunho legal, visando dar credibilidade ao branco. No entanto, nosso autor negará esta tese, contrariando Oliveira Viana, que propunha o branqueamento como meta para que a sociedade tivesse um reflexo político positivo, com imigração de povos adaptados ao meio e ao clima, proporcionando “caldeamentos felizes”.

Em Freyre o aparente dominado foi o dominante, em uma metamorfose dando um salto em

relação ao racismo. E é no seio da família patriarcal que se dá o amalgama das culturas: a casa-grande é o cenário político para esta realização dos “antagonismos equilibrados”. O complexo “casa-grande e senzala” é o símbolo das relações sociais. É ancorada na senzala que a casa-grande ganha força social e que irá permitir o triunfo do patriarcalismo, frente a Igreja e face ao Estado que estava além do mar.

Entretanto, na opinião de outros sociólogos contemporâneos, alguns deles ligados à esquerda do movimento negro e de uma linha mais marxista e menos culturalista, o ideal da miscigenação adquiriria uma nova roupagem na obra Casa-Grande & Senzala, passando a ser vista como mecanismo de um processo, o qual teria como fim a democracia racial (expressão usada por Gilberto Freyre só muito mais tarde).


Segundo Clóvis Moura, "Gilberto Freyre caracterizou a escravidão no Brasil como composta de senhores bons e escravos submissos". O mito do bom senhor de Freyre seria uma tentativa no sentido de interpretar as contradições do escravismo como simples episódio sem importância, e que não teria o poder de desfazer a harmonia entre exploradores e explorados durante aquele período.

Afirma que historicamente a miscigenação de raças no Brasil
“nunca foi tratada e

nunca existiu como um processo livre, espontâneo, e, portanto, natural, de união entre dois povos.” Ao contrário, como reafirma Silva, a dignidade da mulher negra teria sido violentada, atingindo sua honra no âmbito moral e sexual, através de uniões mantidas a força, sob a égide do medo, da insegurança, onde as crianças eram concebidas legalmente sem pai, permanecendo no status de escrava, não havendo assim nenhum enriquecimento
racial e cultural de civilização alguma. Conclui dizendo que é preciso que não se confunda a descaracterização de um povo pela violência sexual com a hipótese de uma democracia racial.
O próprio Freyre, na obra em apreço, corrobora essa violência, embora um tanto acanhadamente:«Nenhuma casa-grande do tempo da escravidão quis para si a glória de conservar filhos maricas ou donzelões. O folclore da nossa antiga zona de engenhos de cana e de fazendas de café, quando se refere a rapaz donzelo, é sempre em tom de debique:para levar o maricas ao ridículo. O que sempre se apreciou foi o menino que cedo estivesse metido com raparigas. Raparigueiro, como ainda hoje se diz. Femeeiro. Deflorador de mocinhas. E que não tardasse a emprenhar negras, aumentando o rebanho e o capital paternos»(p.356)

A aparente ‘harmonia entre as raças’ existe em conseqüência de que, nos Estados Unidos, não existe, como no Brasil, essa intensa miscigenação, [grifo meu] que caracteriza os brasileiros. Estes fatos parecem confirmar a idéia de que as relações raciais no Brasil são pacíficas e igualitárias. Ao acreditarmos nisso, porém, caímos na chamada ‘armadilha ideológica’: enxergar somente o que julgamos ou queremos ver, e não aquilo que está diante de nossos olhos. Qualquer análise detida, fundada em índices sociais ou na simples observação de nossos costumes revela a triste verdade: sob a máscara da cordialidade existe uma socie dade racista. (...) Portanto, as contradições do ‘mito da democracia racial’ podem ser constatadas simplesmente através da análise da realidade brasileira”

É comum, nas comparações entre os quadros das relações raciais nos Estados Unidos e no Brasil, se colocar o seguinte: o colonizador português se dignou misturar-se com negros e índios, por sua formação católica, seu caráter latino, a falta de mulheres européias, a maior proporção de escravos; nos Estados Unidos a figura do mestiço seria pouco relevante na medida em que a formação protestante não permitia ao branco reconhecer sua paternidade ao filho mestiço.

-O autor, de forma mais objetiva, não profliga a promiscuidade reinante no período escravocrata.

Mais incisivo é Sergius Gonzaga:"Filhos, quase todos, de senhores de engenho, tinham à disposição o corpo das escravas — tidas como coisas, e assim obrigadas a aceitar o furor sexual dos grandes proprietários e seus descendentes. Algumas delas requintavam a sensualidade, buscando fugir à brutalidade do trabalho servil pelo reconhecimento de um senhor mais generoso"
o “mito da democracia racial” e a visão preconceituosa sobre a população negra, são reproduzidos pelo sistema de ensino através dos currículos escolares e livros didáticos,
professores da rede pública e privada em qualquer nível de ensino, nos meios de comunicação social (rádio, televisão, imprensa escrita), na produção editorial (livros e revistas), por artistas, intelectuais, escritores, jornalistas, editores, profissionais liberais, lideranças políticas, populares e sindicais, nas mais diversas organizações e instituições governamentais e da sociedade civil – das igrejas aos partidos políticos.

O processo de alienação da criança brasileira se faz sobretudo através da escola, onde se dá o reforço de um conjunto de idéias elitistas que distorce os valores culturais e nega a participação dos oprimidos no processo histórico brasileiro. Ora, um povo que não sabe do seu passado, um povo sem história, não pode visualizar os caminhos a empreender ao seu futuro.

No caso da criança negra, é justamente na escola que se dá a quebra de sua estrutura psicológica, emocional e cultural através da internalização da ideologia do branqueamento, do mito do brasileiro cordial e do mito da democracia racial. (grifo meu) No final desse processo se ela não reage, aça ba por envergonhar das suas origens e da sua condição de negro.

É nessa re-configuração das relações raciais que aparecem os ideólogos da miscigenação, com Gilberto Freyre [grifo meu] no Brasil substituindo a Euclides da Cunha e sua tese de degenerescência das raças por via das misturas. O mestiço torna-se uma figura mitológica importante na manutenção de um sistema sócio-econômico de dominação de uma raça sobre outra, sem que as tensões sociais daí derivadas possam emergir em termos de confronto racial.
Para tanto, os dispositivos de reconhecimento de traços biológicos e culturais passam a funcionar em dois níveis: ao nível sócio-econômico os dispositivos reconhecem e segregam o negro; ao nível ideológico forjam e ostentam a figura do mestiço. Signo de um trânsito biológico, ele simboliza a chegada da ‘democracia racial’, [grifo meu] ao nível biológico e afirma a própria impossibilidade da segregação a nível sócio-econômico. Na indistinção da mestiçagem como poderia haver segregação racial?


As estatísticas transformam o mito em ideologia por meio da categoria pardo. Uma categoria ideológica operacionalizada a nível científico divide uma raça (categoria histórica e sociologicamente pertinente): ao nível das sutilezas bio-ideológicas a raça negra é dividida em negros e pardos. A máquina de segregação de raças só fabrica pardos no nível ideológico. No nível sócio - econômico, todos são reconhecidos e esmagados enquanto negros.”

Por outro lado, é importante ressaltar que esses processos se reforçam, também a nível universitário.”

É necessário um novo olhar sob a ótica do população negra, uma “nova” interpretação da história do Brasil. A partir de estudos e pesquisas, da denúncia, da sensibilização de segmentos sociais organizados, o Movimento Negro fomentou um intenso debate entre intelectuais, pesquisadores, artistas, dirigentes políticos e lideranças populares, desenvolvendo uma análise crítica profunda da realidade histórica e social da população negra.

A Casa Grande Surta Quando a Senzala Aprende a Ler.
Mesmo diante das condições mais adversas e com extremas dificuldades em termos de recursos materiais, humanos e institucionais, o conjunto da militância do Movimento Negro desenvolveu um intenso o trabalho de mobilização no combate ao racismo, tendo um peso decisivo na desconstrução do mito da “democracia racial”

Assim também é quando sincretizamos a questão com as classes sociais. Mas ainda assim, pessoas negras continuam em desvantagem, pois representamos o maior contingente entre as classes C e D. Mas há quem afirme que o problema do Brasil é de classe, ignorando completamente que a raça é formada e dividida por classes sociais e vice-versa.
O Brasil  e um país racista, como tenta de todas as maneiras dizer para si mesmo, cotas não seriam motivo de discussão. Seria fato consumado. Mas a segunda nação mais negra do mundo deveria sentir vergonha da maneira covarde com que trata os seus filhos.
Pessoas negras não são vitimistas; pessoas brancas é que são, porque choram por medo de perder privilégios mais que consolidados de menoreia dominante. E  não querem nem pensar em repartir.


Um afro abraço.

Claudia Vitalino.


fonte:www.scielo.br/meuartigo.brasilescola.uol.com.br/www.ibamendes.com/

segunda-feira, 27 de junho de 2016

A Independência do Congo :Um dos mais Cruéis regimes Coloniais da Africa...

O Congo ainda sofre com problemas gerados por sua trágica herança colonial.
No século XIX, a ação imperialista belga se estabeleceu na região do Congo, na parte central

do continente africano. Em 1885, o domínio belga nessa região foi confirmado na chamada Conferência de Berlim, quando o rei Leopoldo II transformou o extenso território em sua propriedade pessoal. No ano de 1908, o território congolês voltou a ser controlado pelo governo, recebendo o nome de Congo Belga. Até a década de 1940, o território colonizado experimentou uma fase de relativa prosperidade econômica.

Chegando à década de 1950, observamos que a população congolesa passou a aderir o discurso nacionalista de lideranças locais que exigiam o fim da dominação belga no território. Em 1955, uma visita oficial do rei Balduino I reforçou o sentimento autonomista ao não atender as várias demandas sociais, políticas e econômicas da população nativa. Nesse instante, uma associação chamada Abako entrou em evidência e logo se transformou em um partido político defensor da independência definitiva.

Em 1957, o fracasso das eleições municipais alimentou ainda mais o sentimento autonomista. No ano seguinte, o Congresso Pan-Africano fortaleceu as lideranças nacionalistas, entre os quais se destacava o congolês Patrice Lumumba. No ano de 1959, a
radicalização das manifestações acabou forçando o reino belga a reconhecer a independência congolesa. No ano seguinte, foi inaugurado o Estado Livre do Congo, tendo como presidente Joseph Kasavubu e Lumumba no cargo de primeiro-ministro.
A conquista dos congoleses foi logo ameaçada pelo movimento de independência ocorrido na província de Katanga, onde soldados e mercenários belgas instituíram um violento conflito a serviço da empresa Union Minière. Sem contar com o apoio da Organização das Nações Unidas, Lumumba foi deposto do cargo e preso. A partir de então, várias facções dissidentes se formaram com o objetivo de assumir o governo do país.

Mediante as tensões geradas pela violenta guerra civil – agravada pelo assassinato de Lumumba – a ONU interferiu no país e repassou, em 1964, o governo congolês para Moisés Tshombe, um antigo apoiador de Katanga. A ação acabou não surtindo efeito esperado, já que, no ano seguinte, um golpe político impôs uma ditadura pessoal liderada por Mobutu Joseph Désiré. Esse regime ditatorial perdurou até 1997, quando Mobutu foi retirado do poder por uma guerrilha liderada por Laurent-Désiré Kabila.

"A descolonização africana acentuou-se a partir da década de 1950. Muitos países que
ainda se encontravam como colônias dos europeus iniciaram um processo de independência. O Congo, por exemplo, era uma colônia da Bélgica."


Na década de 1940, sob a liderança de Patrice Lumumba, teve início um movimento para a libertação colonial do Congo. Em 1960, várias entidades nacionais se uniram à Organização das Nações Unidas (ONU) e pressionaram a Bélgica para declarar a liberdade do Congo, fato ocorrido no mesmo ano.

Transcrição de Independência de Zaire
Independência de Zaire Historia Zaire, originouse de uma má pronúncia do termo kikongo(Língua Africana) foi o nome que adotou oficialmente a atual República Democrática do Congo entre 27 de outubro de 1971 e 17 de maio de 1997. Com uma população com quase 70 milhões de habitantes, a República Democrática do Congo é o mais populoso do país francófono. Independência de Congo (ex-Zaire) Na década de 1940, sob a liderança de Patrice Lumumba, teve início um movimento para a libertação colonial do Congo. Em 1960, várias nações se uniram à Organização das Nações Unidas (ONU) e pressionaram a Bélgica para declarar a liberdade do Congo. E com isso em 1964 o país passou a se chamar República Democrática do Congo (RDC) Zaire A independência nacional foi obtida, mediante a Bélgica, no dia 30 de junho de 1960, adotando o nome de República do Congo,Após a independência do Congo, fundou-se a República Democrática do Congo e Patrice Lumumba foi eleito primeiro-ministro congolense. A história do Congo independente iniciou-se com várias divergências políticas: logo no primeiro mês em que Lumumba havia tomado posse, iniciou-se uma rebelião contra o seu governo.

O primeiro-ministro Lumumba não acreditava que somente a independência política
livraria o Congo da dependência colonial, mas declarou que a libertação da África aconteceria a partir do momento que o Congo deixasse de ser dependente economicamente da Europa.
Depois da declaração do primeiro-ministro do Congo, todos os investidores ocidentais presentes no país ficaram sob alerta. As várias corporações inglesas e belgas que investiram na exploração do cobre, cobalto, diamante, ouro, entre outros minérios, estavam temendo uma nacionalização das empresas, ou seja, temiam influências comunistas, desde a aproximação do governo do Congo com a União Soviética.

Logo em seguida, no ano de 1961, Lumumba foi sequestrado e assassinado num golpe de Estado financiado e apoiado pelos Estados Unidos. O golpe de Estado no Congo somente foi possível em razão do apoio dado aos Estados Unidos pelo antigo oficial da Força Pública Colonial, Joseph Désiré Mobutu.
-O apoio dado aos Estados Unidos renderia a Mobutu o governo do Congo, tornando-se ditador de 1965 a 1997. Ele ficou 32 anos no poder e transformou o Congo em seu quintal
particular. Mobutu foi sempre financiado pelos Estados Unidos e França em troca do seu anticomunismo e pela liberação da exploração capitalista ocidental nas minas de minérios do Congo.



Se liga: O ditador, nos seus mais de 30 anos no poder, instalou um dos governos mais cruéis e corruptos do Congo. Considerado um dos homens mais ricos do mundo, Mobutu só foi derrubado do poder em 1997. .

Um afro abraço.
fonte:www.pordentrodaafrica.com 

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