UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quarta-feira, 11 de maio de 2016

13 de Maio: Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo

O dia 13 de maio é considerado o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo,
data em que foi assinada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 1888.
O Dia da Denúncia contra o racismo mostra o lado cruel da sociedade. É a manifestação de inconformismo com o racismo estruturante da sociedade brasileira. E nós cristãos/ãs (ou não) somos chamados/as a ser voz profética contra este mal que está incorporado na nossa cultura, conforme a orientação de Paulo em Romanos 12.2:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos renovando a vossa mente a fim de poderes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito”. Indignar-se é uma atitude própria das pessoas sensíveis às injustiças.
O racismo existe como instrumento de dominação de um grupo sobre outro/os por meio da desvalorização a partir da aparência física. É uma ideologia que foi construída durante os séculos XVIII/XIX na Europa e disseminada pela elite intelectual e política brasileira no final do século XIX e início do século XX.
A ideia central era de superioridade de um grupo humano, no caso os arianos (brancos, loiros, de olhos azuis) sobre os demais grupos, tendo na outra extremidade de uma escala de valores, os povos indígenas, africanos, como atrasados, feios, inferiores mental, moral e espiritualmente. Estes eram considerados raças inferiores.
Também foram forjadas as falsas teologias europeias, durante os séculos da escravização, as quais consideravam que negro não tinha alma, que a África era o inferno, que as crenças e

valores dos povos africanos eram do Mal, e, promoveu a invisibilidade da África e africanos no contexto bíblico erroniamente interpretado para justificar o dominio de um povo a outro... Hoje vivemos na ambiguidade: a ciência tardiamente comprovou o que já era óbvio, que somos uma raça humana. Mas as desigualdades raciais, os preconceitos e discriminações permanecem como se existissem várias raças.

Votando...
A Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. A lei marcou a extinção da escravidão no Brasil, o que levou à libertação de 750 mil escravos não legais (restantes), a maioria deles trazidos da África pelos portugueses.



Censo de Justiça? - O principal objetivo dos contratos de locação de serviço era o agenciamento de trabalhadores livres a um baixo custo. Pessoas livres e pobres também locavam seus trabalhos. Contudo, no caso dos libertandos, o custo do trabalho contratado era ainda mais baixo. O desejo de abandonar a escravidão fazia com que estes trabalhadores acabassem concordando, ao menos formalmente, com condições de trabalho desvantajosas. Contrariados, muitas vezes eles contestavam estes contratos na justiça e se recusavam a cumpri-los, denunciando o domínio excessivo de seus credores.


Mais...
 -  Observando todos esses fatos que marcam o fim da escravidão no Brasil, ocorreu de modo lento. Da lei Eusébio de Queirós até a Lei Áurea passaram-se quase quarenta anos. Ao mesmo tempo, as leis aprovadas nesse meio tempo eram de impacto lento ou muito tímido. Por fim, vemos que a lei que encerra a exploração da força de trabalho dos negros não falava sobre os desafios e problemas que essa grande parcela da população enfrentaria a partir daquele momento.

Nossos passos vem de longe.
Na verdade, os escravizados já estavam mobilizados em torno desta causa havia muitos anos. Um dos primeiros ícones da luta pela libertação dos escravos, considerado o mais importante até hoje, foi o movimento do Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi dos Palmares.

É compromisso de todo mundo lutar por um mundo mais justo, e está incluída aí a justiça racial. Afinal, além de sofrer com as desigualdades sociais, a população negra sofre também com o maior câncer da sociedade brasileira: o racismo.
"Representa o grito sufocado dos negros. Mas ainda há muitos desafios, estamos longe do ideal. Pobreza tem cor e não é por acaso”
Hoje o país acompanhou não a muito tempo as declarações de um Parlamentar do Rio de Janeiro, que em um programa de TV afirmou que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays, porque “foram muito bem educados”, relacionando a relação entre brancos e negros com “promiscuidade. Na mesma semana outro deputado, desta vez um de São Paulo, usou o twitter para dizer que “os africanos são amaldiçoados”.
"Infelizmente as palavras destes parlamentares racistas soam apenas como versão em prosa e verso de uma dura realidade que mais 127 anos após a abolição, persiste: a morte física, cultural e simbólica de negras e negros".

Vivemos uma cultura racista que se expressa de forma natural em todas as áreas: nas relações pessoais, grupos, espaços públicos, escolas, igrejas, etc..: Preto/a tem que se colocar

no seu lugar ( inferior); o pecado é preto; quero ser mais alvo que a neve; e os negros batalhões? Ele/ela é negro/a (preto/a), mas até que é bonito/a; é um preto/a de alma branca... E a lista negra? E o denegrir, fazer negrice? E o cabelo ruim? As manifestações racistas são públicas, explícitas, mascaradas, sutis; são conscientes e inconscientes.
Outro caso de conhecimento publico foi da estagiária em uma renomada universidade de São Paulo que processou a instituição por sentir-se vítima de racismo pela forma como foi advertida por causa de seu penteado - cabelo (crespo), solto, estética afro. Mas, esta chefia diz que não é racista, e que a questão é apenas disciplinar: obrigatoriedade de usar cabelos presos. Seu cabelo incomodou.

Se liga:“Nenhuma sociedade do mundo deixou uma etnia quase 400 anos escravizada e resolveu apenas com a assinatura de um papel chamado de Lei Áurea. A desigualdade é o fruto da perversidade dos sucessivos partidos políticos que nada ou muito pouco fizeram para compensar o povo negro nestes quatro séculos de escravidão e exclusão.

O racismo violento que tem crescido é o racismo religioso, ou a intolerância religiosa, contra as religiões de matrizes africanas por parte de evangélicos. A teologia racista, uma das colunas de sustentação do racismo anti-negro/a ainda prevalece no contexto das igrejas que reproduzem a ideia de que as crenças, a espiritualidade, os valores culturais africanos são relacionados com o demônio e com o diabo. 

A mídia tem noticiado com frequência casos de violência praticada pelo "radicalismos de certos evangélicos" contra

seguidoras/es destas religiões, o que tem gerado separações familiares doenças e mortes...
 E muitas vezes nossos preconceitos são maiores que nosso amor, que o senso de justiça e  igualdade...
Neste dia de  reflexão devemos lembrar todos nos da especie humana merecem respeito carinho ou atenção, independentemente da cor da sua pele,raça e crédulo. Isto significa que você deve tratar bem á todos , não importa se ele é não negro, caucasiano , negro, índio ou oriental.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.uneb.br/www.ebc.com.br/

sexta-feira, 6 de maio de 2016

UNEGRO - RJ Realiza seu primeiro modulo do Curso de Formação política: Lutas na Diáspora.

As perspectivas que temas que serão analisados a luta do mundo do trabalho, em defesa da nossa inclusão nas universidades, em defesa dos direitos humanos da população negra, para as mulheres, para a juventude negra, para as religiões de povos tradicionais de matriz africana, para as comunidades tradicionais de quilombos, enfim, para o conjunto das principais frentes de vivência da nossa condição de negras e negros nessa sociedade.

Curso Estadual de Formação (Módulo I), destinada aos militantes e quadros da Unegro do estado do Rio de Janeiro, com vistas a preparar melhor ideologicamente os militantes antirracistas, da organização para os embates políticos do movimento negro. O Curso Estadual de Formação (Módulo I), realizado neste final de semana foi uma decisão política

da Direção Estadual, e faz parte do calendário anual da UNEGRO RJ, quando foi elaborada a agenda de ações da entidade. A Formação do Povo Brasileiro e a Construção na Nossa Identidade Nacional na Luta Antirracista que terá a presença do presidente nacional de nossa entidade Edson França, historiador, num dialogo entre militante, pensadores e acadêmicos , a temática antirracista tais como racismo, raça, discriminação, etnia, etnocentrismo entre a militância social negra e que, incompreendidas acabam desarmando os argumentos travados na luta cotidiana. Acreditamos que teremos neste primeiro modulo rico em conteúdo para fortalecer e qualificar a militância da Unegro no combate ao racismo e trabalhar força nossas trincheiras aos que acham nos negros e minorias naturalmente inferiores ao grupo a qual ele pertence.

Os racistas criam argumentos consistentes para justificar o ato do racismo cientificando teses como a classificação hierárquica das raças constatando, de acordo com França, a superioridade biológica, intelectual e cultural do branco sobre as outras raças, além de verificarem que as diferenças raciais são causas de habilidades, direito ao uso do espaço físico, divisão do trabalho, papel social, vocação e desenvolvimento diferentes, colocando negros e negras na base da cadeia biológica humana, comparável a um animal. Outro tema importante, abordado no curso da Unegro,

diz respeito ao acúmulo de conquistas do Movimento Negro contemporâneo brasileiro que, a partir de ações acordadas coletivamente, conseguiram destruir a falácia da “democracia racial” no Brasil.

A nosso grito de luta:


REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Escreva-se e Filie-se.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Divindade por acaso :Hailé Selassié...

Graças à globalização digital, vamos descobrir, pois, não existe nada escondido, que não venha a ser revelado, ou oculto, que não venha a ser conhecido (Lucas 12:2). Que a verdade seja exaltada! para glória do criador! e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8:32).

Hailé Selassié: divindade por acaso
Uma profecia influenciou um dos maiores movimentos raciais do século 20 e gerou uma religião que cultuava um rei tirano e carismático. Conheça a saga dos rastafáris e de seu deus, Hailé Selassié I, imperador sanguinário da Etiópia

Felipe Van Deursen 
Uma das grandes armas do cristianismo para angariar fiéis é a linguagem cheia de simbologias da Bíblia, usada para conquistar classes oprimidas. Mas em poucos lugares essa identificação foi tão longe como na Jamaica. Na antiga colônia britânica, os escravos africanos tinham uma liberdade religiosa maior que seus semelhantes nas colônias espanholas e portuguesas. E, no meio de práticas como magia negra e ritos africanos diversos, o ex-escravo George Liele apresentou aos negros a Bíblia e as histórias de dor e privação do Antigo Testamento - metáforas claras do sofrimento imposto àqueles homens longe de sua terra natal. Era 1774 e nascia a primeira igreja batista na ilha, com uma corrente de negros cristãos dos Estados Unidos, que viam o Chifre da África como um dos berços do cristianismo: o etiopianismo.

Mais de 140 anos depois, um jamaicano, convicto de que os negros do mundo todo só teriam mais liberdade se estivessem unidos, criou em Nova York, em 1916, a Unia (Universal Negro Improvement Association, "associação universal para o progresso negro", em inglês). Seu nome era Marcus Garvey e, bom orador que era, somaria 1 500 seguidores em dois meses. Um número irrisório perto dos estimados 4 milhões que apoiariam, em 1921, a convenção

internacional liderada por ele para a criação de um Estado negro único. Líderes de 25 países participaram do encontro, mas logo a elite dos Estados Unidos o colocou na cadeia. Ficou preso dois anos, foi deportado para a Jamaica e, em 1927, de líder negro, Marcus Garvey virou profeta de uma nova religião. "Olhem para a África", disse. "Quando um rei negro for coroado, a redenção estará próxima."

Não demorou mais que três anos. Em 1930, um nobre africano negro foi coroado imperador da Etiópia. Para os seguidores de Garvey, o sinal era óbvio. O novo rei havia adotado o nome Hailé Selassié I ("poder da Santíssima Trindade" em amárico, língua etíope) e títulos tradicionais da Igreja cristã etíope, como Rei dos Reis e Leão Conquistador das Tribos de Judá. Trechos da Bíblia atestavam, a profecia se cumpria, chegava o redentor negro. Surgia a religião que tinha em Selassié I nada menos do que Deus. O nome de batismo do imperador inspirou o do novo culto: Ras ("príncipe") Tafari Makonnen.

Hailé Selassié era Deus para os rastafáris por causa da profecia. "O rastafarianismo servia para dizer que ter origem africana não significava pertencer a uma raça de escravos, mas a um povo orgulhoso com uma história mais antiga que a de todas as nações europeias, inclusive a grega. Mesmo se Selassié não fosse coroado em 1930, o rastafarianismo teria surgido, não importa o termo que fosse usado", afirma Paulos Milkias, especialista canadense em História recente da Etiópia. Para a Etiópia, uma das nações mais antigas do mundo, Selassié ganhou aura divina por ser coroado imperador e descender diretamente de Salomão, rei de Israel por volta de 1000 a.C.

Leão de Judá
Tafari Makonnen nasceu em 1892 no nordeste da Etiópia. Aos 38 anos, tornou-se rei. O grande desafio de Selassié nos anos 30 foi Benito Mussolini, que invadiu a Etiópia em 1935. Os etíopes resistiram, mas o imperador se exilou na Inglaterra nos anos de guerra, o que, segundo um dos funcionários do palácio real entrevistados pelo polonês Ryszard Kapuscinski no livro O Imperador, o deixou com complexo de inferioridade em relação aos líderes guerrilheiros. Selassié voltou ao trono após os ingleses terem ajudado a expulsar os italianos, em 1941. Isso afetou diretamente a opinião do profeta jamaicano sobre o líder. Garvey, em 1937, escreveu em um artigo: "Todo negro orgulhoso de sua raça deve ter vergonha da maneira como Hailé Selassié se rendeu aos lobos brancos da Europa". Mas, para os devotos rasta, o editorial fez pouca diferença.

Analfabetos etíopes se endividavam para pagar um escriba que levasse ao rei seus lamentos e desejos. Uma simples troca de olhares com ele, dizia-se, enchia as pessoas de esperança. Inteligente e astuto, Selassié sentia a necessidade de evidenciar isso no palácio real. Para tanto, privilegiava os cargos de maior confiança para os despreparados e ignorantes. Não fazia a menor questão de competência, bastava que fossem fiéis. Fechava os olhos para a corrupção e com frequência a incentivava.

O rei era muito centralizador. "Qualquer despesa acima de 10 dólares precisava ser aprovada pessoalmente por ele", disse uma das fontes ouvidas por Kapuscinski. O jornalista

entrevistou, nos anos 1970, vários funcionários do governo: empregados como o secador de sapatos, o porta-toga oficial, camareiros, porta-bolsas, carregadores de presentes e guarda-cães, além do colocador de almofadas.

Como Selassié era um homem miúdo, havia a necessidade de, em reuniões e viagens oficiais, um funcionário se antecipar ao imperador quando ele fosse se sentar. "Eu possuía um conhecimento especializado (…). Era capaz de escolher com rapidez e eficiência a almofada adequada", disse o lacaio, que esbanjava um portfólio com 52 almofadas diferentes. "Nosso amo não podia viajar sem mim. Se sua dignidade exigia que ele se sentasse em tronos, ele não podia fazer isso sem ter sob os pés uma almofada, e eu era seu ‘colocador’."

Viagem ao Brasil
O imperador rodou o mundo à procura de parcerias para implantar seu projeto de modernizar a Etiópia. Viajou tanto que a imprensa (estrangeira, pois a local era fraca e submissa) o criticava muito por isso. Em 1966, ao visitar a ilha onde surgiu a religião que leva seu nome, ele se assustou com a multidão de jamaicanos, chegando a negar sua divindade (veja quadro à esq.). Anos antes, em 1960, Selassié viajou para o Brasil, onde se reuniu com o presidente Juscelino Kubitschek na recém-fundada Brasília, mas teve que voltar correndo para sua
capital, Adis-Abeba, quando explodiu um golpe contra ele. Os líderes rebeldes foram massacrados, e a maior parte da população, apesar da fome e miséria crônicas, permanecia leal a Selassié. No entanto, estudantes, professores e militares estavam cada vez mais insatisfeitos com a modernização que nunca vinha e a corrupção desenfreada. Na montanhosa e escaldante Etiópia, os ventos começavam a mudar de lado. Em 1974, militares tomaram o palácio imperial. Era o fim dos 44 anos de poder de Hailé Selassié.

O golpe não afetou o caráter divino de Selassié, nem para os etíopes, nem para os rastafáris. Preso em um dos palácios do império, ele ainda era tratado como um deus, até pelos soldados que o depuseram. Sua rotina cheia de protocolos continuava a mesma, e ele queria saber notícias da revolução, que instaurou uma nova e sangrenta ditadura. Enquanto isso, o rastafarianismo chamava atenção no mundo todo graças a uma propaganda poderosa, o reggae, e a Bob Marley, que se tornava pop star.

O visual rasta tornava-se conhecido, com seus cabelos jamais cortados, toucas, alimentação vegetariana e, principalmente, o consumo de maconha, que, assim como todos os hábitos rasta, são interpretações de trechos da Bíblia. A erva é considerada a hóstia rasta, um sacramento que permite interagir com o Senhor dos Senhores, Hailé Selassié I, o sanguinário imperador da Etiópia - o qual, por sua vez, nunca colocou um baseado na boca. •

Jah chegou!
O deus dos rastafáris teve medo de desembarcar na Jamaica
Cerca de 100 mil pessoas aguardavam sob a chuva que caía no aeroporto de Kingston a chegada de Hailé Selassié I à Jamaica, em 20 de abril de 1966. Rastas batucavam e sacudiam bandeiras etíopes enquanto fumavam maconha em um cálice especial. Quando o avião pousou, a chuva cessou. Assustado, Selassié se recusou a sair até que lhe garantissem segurança. "Naquele dia disse a meu chefe que não ia trabalhar porque meu Deus vinha",
afirma Ras DaSilva ao repórter americano Chris Simunek no livro Paraíso na Fumaça. Seu amigo Ras Campbell se encontrou com Selassié em um evento que reuniu líderes rasta com o imperador. "Eu segurei a mão de Sua Majestade. Foi como se eu pusesse o dedo na tomada e sentisse as vibrações elétricas. Não consegui ver o branco e o preto, só a profundidade do espaço", diz. Mas o imperador não demonstrou interesse pelo rastafarianismo. Chegou a convidar os jamaicanos a ingressar no cristianismo etíope. Três meses depois de Selassié ter deixado o Caribe, a polícia pôs abaixo o maior assentamento rasta de Kingston, deixando centenas deles sem teto, incluindo Campbell.



Um afro abraço.

fonte:aladebaianas.com.br/guiadoestudante.abril.com.br

terça-feira, 26 de abril de 2016

2016 - 1º de Maio:Trabalhador negro e o valor da divercidade...

Apesar de constituir quase metade da população brasileira, os afro-brasileiros são sub-representados nas empresas, em particular nos altos escalões.

Racismo no Brasil: negros ganharam 57,4% do salário dos brancos em 2013

Pesquisa de emprego do IBGE revela que negros ganharam, em média, pouco mais da metade dos brancos em 2013.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do resultado de sua pesquisa de emprego. Um dos resultados apontados pela pesquisa revela que trabalhadores de cor preta ou parta ganharam, em média, muito menos do que os indivíduos de cor branca no Brasil em 2013.

Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. Em termos numéricos, estamos falando de uma média salarial de R$ 1.374,79 para os trabalhadores negros, enquanto a média dos trabalhadores brancos ganham R$ 2.396,74.
Algumas empresas no Brasil estão desenvolvendo iniciativas em favor da diversidade que visam à inclusão de afrodescendentes, entre outros grupos historicamente discriminados, no mercado de trabalho. 

"Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que um trabalhador negro recebe em média um salário 36,1% menor que o de um não negro, independentemente da região onde mora ou de sua escolaridade. Segundo o estudo, a diferença salarial e de oportunidades de trabalho são ainda maiores nos cargos de chefia".


Se liga:    Durante os anos 90, a globalização, o multiculturalismo, e o movimento pela responsabilidade social empresarial provocaram mudanças sobre como pensarmos e agirmos diante uma sociedade e um mercado cada vez mais diversos. No Brasil, esses desenvolvimentos junto às reivindicações do movimento negro e do movimento sindical colocaram em pauta as questões de discriminação e diversidade raciais e geraram um diálogo nacional em torno delas. As instituições públicas, privadas e as do terceiro setor
começaram a assumir o desafio de diminuir a discriminação racial e ao mesmo tempo procurar maneiras de abraçar a diversidade racial que caracteriza o país.

Surgiram ações afirmativas na forma de cotas raciais em algumas universidades e alguns Ministérios, estimulando ainda mais o debate. As empresas não podiam ficar fora da discussão por muito tempo e começaram a tomar medidas em resposta às cobranças da sociedade e/ou em função da disseminação de políticas e práticas de diversidade, oriundas de suas matrizes localizadas em países estrangeiros.

A pesquisa 'Os negros nos mercados de trabalho metropolitanos' foi feita nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e
São Paulo. O estudo destaca que a desvantagem registrada entre a remuneração de negros e não negros é pouco influenciada pela região analisada, horas trabalhadas ou setor de atividade da economia.

“Em qualquer perspectiva, os negros ganham menos do que os brancos”, avalia a economista Lucia Garcia, coordenadora de pesquisa sobre emprego e desemprego do Dieese, em entrevista à Globo News. "


O que observamos é que a progressão na educação melhora a educação da população negra, mas não extingue a desigualdade. Encontramos mais desigualdades no ensino superior completo." A pesquisadora mostra que nas áreas metropolitanas, os negros correspondem a 48,2% dos ocupados, mas, em média, recebem por seu trabalho 63,9% do que recebem os não negros. Entre os trabalhadores com nível superior completo, a média de rendimentos por hora é de R$ 17,39 entre os negros, e de R$ 29,03 entre os não negros .

'O trabalhador negro encontra dificuldades ao longo de toda a sua vida profissional
", avalia a pesquisadora. "


Desde o momento de conseguir um emprego até nas oportunidades para progredir na carreira.' Segundo a pesquisa do Dieese, na Região Metropolitana de São Paulo, enquanto 18,1% dos trabalhadores não negros alcançam cargos de direção, apenas 3,7% dos negros atingem esta função de chefia.A pesquisa aponta ainda que os negros se concentram nas ocupações de menor prestígio e valorização como pedreiros, serventes, pintores, caiadores e trabalhadores braçais na construção, faxineiros, lixeiros, serventes, camareiros e empregados domésticos.

-O Dieese diz que as políticas de ação afirmativa como as cotas raciais nas universidades ajudam a dar mais oportunidades de trabalho e estudos para a população negra, mas será necessário a criação de cotas nas empresas para que este público seja efetivamente atendido.

Mas há que acreditar que enfrentar essas dificuldades e frustrações vai valer a pena. Apostar na diversidade, e especificamente na diversidade racial, é contribuir para uma sociedade mais justa e uma economia mais competitiva. Parabenizo essas treze empresas que estão caminhando nesse sentido. Tomara que minha pesquisa contribua para o aperfeiçoamento e expansão das suas iniciativas e inspire outras empresas a abraçarem o valor, tanto ético como econômico, da diversidade.

Um afro abraço.
fonte:g1.globo.com/.../11/trabalhador-negro-www.scielo.br/scielo.php?script\ttps://umhistoriador.wordpress.com/

sábado, 23 de abril de 2016

Mesmo já tendo passado a data a origem do Dia das Mães...

Introdução:       No Brasil, o Dia das mães é comemorado sempre no segundo domingo de maio (de acordo com decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas). É uma data especial, pois as mães recebem presentes e lembranças de seus filhos. Já se tornou uma tradição esta data comemorativa. Vamos entender um pouco mais sobre a história do Dia das Mães.

História do Dia das Mães
Encontramos na Grécia Antiga os primeiros indícios de comemoração desta data. Os gregos prestavam homenagens a deusa Reia, mãe comum de todos os seres. Neste dia, os gregos faziam ofertas, oferecendo presentes, além de prestarem homenagens à deusa.

Os romanos, que também eram politeístas e seguiam uma religião muita parecida com a grega, faziam este tipo de celebração. Em Roma, durava cerca de 3 dias ( entre 15 a 18 de março). Também eram realizadas festas em homenagem a Cibele, mãe dos deuses.

-Porém, a comemoração tomou um caráter cristão somente nos primórdios do cristianismo. Era uma celebração realizada em homenagem a Virgem Maria, a mãe de Jesus.
Mas uma comemoração mais semelhante a dos dias atuais podemos encontrar na Inglaterra do século XVII. Era o “Domingo das Mães”. Durante as missas, os filhos entregavam presentes para suas mães. Aqueles filhos que trabalhavam longe de casa, ganhavam o dia para poderem visitar suas mães. Portanto, era um dia destinado a visitar as mães e dar presentes, muito parecido com que fazemos atualmente.

O dia das mães começou no início do século XX, inspirado na jovem norte-americana,

Annie Jarvis. Ela entrou numa profunda depressão, após a morte de sua mãe. Os amigos, muito preocupados com o sofrimento da jovem, tiveram a ideia de fazer durar para sempre a lembrança de sua querida mãe, através de uma festa que aconteceria ano após ano.
- Annie pediu que a homenagem também fosse destinada a todas as mães do mundo, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração do Dia das Mães se espalhou por todos os Estados Unidos.

No ano de 1914, o presidente dos Estados Unidos Thomas Woodrow Wilson oficializou o dia 9 de Maio.

Outro registro relacionado ao Dia das Mães está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era

chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cake”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872, pela escritora Júlia Ward Howe, autora de O Hino de Batalha da República.

No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Em Portugal, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro domingo de Maio.

 A enciclopédia livre Wikipédia mostra que existe uma diferença de datas de comemoração do Dia da Mãe em muitos países, apesar do sentido ser o mesmo: homenagear a mamãe e

também vender produtos. 

Veja abaixo a relação de países e datas da comemoração:
 Datas fixas

3 de março: Geórgia.
8 de março: Albânia, Rússia, Sérvia, Montenegro, Bulgária, Romênia, Moldavia, Butão.
21 de março: Egito, Síria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait.
7 de abril: Grécia
10 de maio: México, Guatemala, Bahrein, Hong Kong, Índia, Malásia, Qatar, Singapura.
15 maio: Paraguai
26 maio: Polônia
27 de maio: Bolívia, República Dominicana
12 de agosto: Tailândia (Aniversário da rainha Mom Rajawongse Sirikit)


15 de agosto: Bélgica e Costa Rica (Dia de Atención De Maria)
8 de dezembro: Panamá
Dias variáveis no mês

Segundo domingo de fevereiro: Noruega.
Primeiro domingo de maio: Portugal, Lituânia, Hungria, Cabo Verde, Espanha, Moçambique, Angola.
Segundo domingo de maio: África do Sul, Austrália, Bélgica, Brasil, China, Dinamarca, Alemanha, Estônia, Finlândia, Grécia, Itália, Japão, Canadá, Cuba, Países Baixos, Nova Zelândia, Áustria, Peru, Suíça, Formosa, Turquia, EUA, Venezuela.
Último Domingo de Maio: França (se coincide com Pentecostes, é transferido para o primeiro domingo de Junho), Suécia.
Terceiro domingo de outubro: Argentina, Bielorrússia.
Início do mês de outubro: Índia.
Dias variáveis no ano

Primeiro dia da primavera: Palestina, Líbano.
2 semanas depois do Natal: Iugoslávia.
Curiosidades

A data de comemoração do dia das mães mais antiga faz parte da mitologia. Na Grécia

antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a mãe dos deuses.
Em Israel, abandonaram a comemoração do Dia das Mães. Em seu lugar preferem comemorar o Dia da Família. A comemoração acontece anualmente no mês de fevereiro.


Maternidade na literatura africana: Mãe África Na cultura africana, a maternidade ocupa um lugar de honra e é a mais alta expressão da condição feminina. A literatura e a narrativa africanas, por isso, centram-se no tema pela mão de uma geração nova de escritores que examinam as bases antropológicas e culturais da maternidade e aprofundam o impacto das personagens maternas em África.

Mãe poderosa

Tanto na literatura como na vida temos visto que a mãe africana é poderosa, mas, quando a maternidade é vivida de forma obsessiva e exclusiva, acaba por transformar estas mulheres em vítimas.


 Existe ainda outra manifestação mais extrema da associação entre maternidade e poder, designada por Carol Boyce Davies como «mãe suprema», representação simbólica da tradição presente nas obras do escritor nigeriano Chinua
Achebe.

O nome mais frequente em ibo para a mãe é Nneka, que significa «mãe é suprema». Na novela de Achebe.

 Quando Tudo se Desmorona (Lisboa: Mercado de Letras, 2008) sugere-se que, para sobreviver num futuro tão diferente do mundo tradicional, devem combinar-se  as qualidades masculinas e femininas de maneira harmoniosa: Okonkwo, protagonista desta novela, não aceita, todavia, este respeito tradicional pela mãe, pelo que padecerá consequências nefastas.

Um afro abraço.

fonte:www.esoterikha.com/www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/

Hoje e dia de Ogum ou São Jorge?

Hoje, 23 de abril, é feriado no Rio de Janeiro. Cariocas e devotos do mundo inteiro comemoram o dia de São Jorge. Padroeiro de Portugal, da Inglaterra e da Catalunha, São Jorge também é protetor dos soldados, militares, ferramenteiros e ferroviários. São Jorge enfrentou e venceu seus inimigos e dragões, que hoje poderiam ser nossas bestas e problemas da vida.

- " São Jorge é um santo católico. Ogum é um deus africano. São Jorge é um guerreiro. Ogum também é um guerreiro".

Se liga:
- São Jorge é um santo que supostamente nasceu na região da Capadócia e viveu como um padre e militar romano do exército do imperador Diocleciano. Ogum, nada tem haver com essa história.

- O povo trazido da Nigéria, mais conhecido como Iorubas, tinham como deuses os Orixás, e Ogum era um desses Orixás. Era venerado pelos escravos como o Deus da Guerra, pois seu nome significa “Senhor da Guerra” podendo variar para “Ologum”.

Os europeus, cristãos colocavam regras para os escravos, e com isso, eles tinham que fazer o que era mandado. E paralelo a todos esses acontecimentos, os escrizados foram proibidos de cultuar seus Orixás, pois, na visão do cristianismo, eles eram pagãos e estavam adorando a deuses inexistentes ou mundanos, ou até mesmo diabólicos, quando na verdade não.

A devoção a São Jorge cresceu no Brasil pelos escravos que, proibidos de adorar seus Orixás, passaram então a fazer seus pedidos, cultos e rituais fora das igrejas, associando a imagem de São Jorge a Ogum. Ogum é o Orixá da guerra, do fogo e da tecnologia. Ele que
criou as máquinas para a agricultura e ensinou as labores manuais. Ele ensinou aos
homens a trabalhar o ferro com o fogo. De gênio impaciente e determinado, este Orixá usa a espada para abrir seus caminhos e derrotar seus inimigos. Ele sempre vem em primeiro lugar, antes de todos. Representa o líder nato. Ogum usa seu poder e sua espada para socorrer rapidamente aquele que o invoca. Mas se for invocado de um modo negativo, ele deixará sua espada se abater sobre quem foi injusto.

Protege os agricultores, os soldados, os artesãos e seus filhos e todas as pessoas que pedem a sua ajuda nas lutas, na justiça ou até mesmo por melhores condições de vida. Orixá do elemento terra, Ogum é pleno de energia e empreendedor e suas decisões são rápidas. Ama a liberdade, mas é a sua falta de paciência que faz com que, às vezes, se torne rude, embora não deixe de ter calor humano.

Ogum São Jorge é muito solicitado para quebrar demandas e abrir caminhos. Afastar as
injustiças e inimigos.

As orações para Orixás têm muita força, mas são pouco conhecidas. Poucos sabem que orar para Ogum é orar para São Jorge e vice versa. Veja duas orações para Ogum e São Jorge para abrir caminhos e quebra de demandas.
Oração para São Jorge
Ó São Jorge, meu Santo Guerreiro e protetor, invencível na fé em Deus, que por ele sacrificou-se, traga em vosso rosto a esperança e abri os meus caminhos. Com sua couraça, sua espada e seu escudo, que representam a fé, a esperança e a caridade, eu andarei vestido, para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me
peguem, tendo olhos não me enxerguem e nem pensamentos possam ter, para me fazerem mal.

Armas de fogo ao meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo tocar. 


Ó Glorioso nobre cavaleiro da cruz vermelha, vós que com a sua lança em punho derrotaste o dragão do mal, derrote também todos os problemas que por ora estou passando.

Ó Glorioso São Jorge, em nome de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo estendei-me seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a vossa força e grandeza dos meus inimigos carnais e espirituais. Ó Glorioso São Jorge, ajudai-me a superar todo o desânimo e a alcançar a graça que agora vos peço (faça agora seu pedido justo).

Ó Glorioso São Jorge, neste momento tão difícil da minha vida eu te suplico para que o meu pedido seja atendido e que com a sua espada, a sua força e o seu poder de defesa eu
possa cortar todo o mal que se encontra em meu caminho. Ó Glorioso São Jorge, dai-me coragem e esperança, fortalecei minha fé, meu ânimo de vida e auxiliai-me em meu pedido. Ó Glorioso São Jorge, traga a paz, amor e a harmonia ao meu coração, ao meu lar e a todos que estão em minha volta. Ó Glorioso São Jorge, pela fé que em vós deposito: guiai-me, defendei-me e protegei-me de todo o mal. Amém.


Oração para Ogum
Ogum, meu Pai - Vencedor de demanda,
Poderoso guardião das Leis,
Chamá-lo de Pai é honra, esperança, é vida.
Vós sois meu aliado no combate às minhas inferioridades.      
Mensageiro de Oxalá - Filho de OLORUN.
Senhor, Vós sois o domador dos sentimentos espúrios,
depurai com Vossa espada e lança,
Minha consciente e inconsciente baixeza de caráter.
Ogum, irmão, amigo e companheiro,
Continuai em Vossa ronda e na perseguição aos
defeitos que nos assaltam a cada instante.
Ogum, glorioso Orixá, reinai com Vossa falange
de milhões de guerreiros vermelhos e
mostrai por piedade o bom caminho
para o nosso coração, consciência e espírito.
Despedaçai, Ogum, os monstros que habitam nosso ser,

Expulsai-os da cidadela inferior.
Ogum, Senhor da noite e do dia
e de mãe de todas as horas boas e más,
livrai-nos da tentação e apontai o caminho
do nosso Eu.
Vencedor contigo, descasaremos
na paz e na Glória de OLORUN.
Ogumhiê Ogum
Glória a OLORUN!

Claudia Vitalino.

Um afro abraço.
fonte:vidaeestilo.terra.com.br

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Voce sabe que foi Laudelina de Campos Melo (1904 - 1991)

Ativista sindical e trabalhadora doméstica. Sua trajetória foi marcada pela luta contra o
preconceito racial, subvalorização das mulheres e exploração da classe trabalhadora. Combateu a discriminação da sociedade em relação às empregadas domésticas, exigindo melhor remuneração e igualdade de direitos sociais. Sua atuação permitiu a regulamentação do emprego doméstico como fundadora do Sindicato das empregadas domésticas.

Laudelina nasceu em 12 de outubro de 1904, em Poços de Caldas, Minas Gerais. Aos sete anos de idade, começou a trabalhar como empregada doméstica, aos 16 anos deu início à sua atuação em organizações de cunho cultural, sendo eleita presidenta do Clube 13 de Maio, agremiação que promovia atividades recreativas e políticas entre os negros de sua cidade.

Aos 18 anos, Laudelina mudou-se para São Paulo, onde se casou, mudando-se para Santos em 1924. Participou junto com seu marido da agremiação Saudade de Campinas, grupo cultural negro de Santos. Somente depois da separação (1938), e já com seus dois filhos, ela passaria a agir de forma atuante em movimentos populares. Sua militância ganhou conteúdo político e reivindicatório com sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936. Ainda em 1936, fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados ao longo da década de 1930.

Laudelina mudou-se para Campinas em 1955, entrou para o movimento negro da cidade e participou de atividades culturais e sociais, especialmente com o Teatro Experimental do Negro (TEN), cujo objetivo era elevar a autoestima e a confiança da juventude negra, através da formação de grupos de teatro e dança. Criou uma escola de música e de balé na cidade. Trabalhou como empregada doméstica até 1954, quando abriu seu próprio negócio, uma
pensão, e passou a vender também salgados nos dois campos de futebol da cidade (Guarani e Ponte Preta). A partir daí, ela se dedicou integralmente à militância sindical e cultural, inclusive promovendo, em 1957, um baile de debutantes (Baile Pérola Negra) para jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.

Fundou, com o apoio do Sindicato da Construção Civil do município de Campinas, o sindicato/associação das domésticas em Campinas. À frente da associação, apoiou dois
tipos de ações: um voltado para alfabetização, pois considerava que seria o primeiro passo para conscientização e entendimento da legislação trabalhista e consequentemente reivindicação dos direitos da classe; e atividades que tinham como objetivo estimular a solidariedade entre as trabalhadoras.

Laudelina acumulou experiência com a fundação das associações e foi convidada, a partir de 1962, para participar da organização de diversos sindicatos (ainda na forma de associação) da categoria, como o do Rio de Janeiro e o de São Paulo. A militância sindical não a fez deixar de lado as demandas sociais, sempre participando dos movimentos negros e feministas.
Durante o regime militar (1964-1985), ela passou a atuar no interior da igreja progressista, nas comunidades eclesiais de base. Entre 1968 e 1979, as atividades da associação de Campinas ficaram paralisadas. Mesmo assim, seguiu em defesa das domésticas e virou uma referência nacional na batalha pela regulamentação dos direitos das trabalhadoras domésticas. A atuação de Laudelina foi fundamental na década de 1970 para a categoria conquistar o direito à Carteira de Trabalho e à Previdência Social. Em 1982, ela auxiliou a
reestruturação da associação de Campinas, possibilitando a transformação da associação em sindicato, em 20 de novembro de 1988.

- Laudelina faleceu em 12 de maio de 1991 em Campinas, deixando sua casa para o sindicato de Campinas.

Um afro abraço.

fonte:http://cooperativalaudelina.net

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