UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

NEGRAS LÉSBICAS:O estereótipo sapatão: visibilidade, lesbofobia e f​eminilidade

"​SER UMA MULHER NEGRA LÉSBICA ME GARANTE PRESENCIAR LESBOFOBIA E RACISMO EM ESPAÇOS DE LUTA. ALGUMAS MUITAS VEZES ISSO ACONTECE DE FORMA NÃO PENSADA POR QUEM PRATICA E OUTRAS TANTAS DE FORMA BASTANTE DESLEGITIMADORA.”
​ ((REBECA NASCIMENTO )​

Estas colocações são a base da linha de pensamento aqui apresentada. Qual a representação das mulheres lésbicas na mídia? Qual o estereótipo de sapatão a que estamos acostumadas e acostumados? Quem são as lésbicas que sofrem diretamente com a lesbofobia e o que a feminilidade tem relação com isso?
Carol Ferza coloca muito bem qual a representação das mulheres lésbicas na televisão brasileira. Lésbicas brancas seguem o padrão de beleza imposto que já sabemos muito bem. Além de pertencerem a uma classe social financeiramente perfeita, suas vidas profissionais e pessoais não são afetadas pela orientação sexual. Lésbicas negras, por outro lado, são representadas de uma forma geral como a maioria dos homens negros são representados: atuando com trabalhos braçais, em péssima situação financeira, com interesses prioritariamente sexuais em relação a outras mulheres e sem acesso à educação.
“MEU DESEJO POR REPRESENTATIVIDADE NÃO VISA SIMPLESMENTE UMA VONTADE DE NUTRIR MINHA AUTOESTIMA. NÃO! TRATA-SE DE EDUCAR AS PESSOAS, MOSTRAR LÉSBICAS NEGRAS (E AS DEMAIS COLORIDAS) NA SUA ESSÊNCIA COMO PESSOAS, COMO CIDADÃS, COMO SERES HUMANOS DOTADOS DE SUAS VIRTUDES E MAZELAS COMO QUALQUER OUTRA, INDEPENDENTE DE SUA SEXUALIDADE.” (CAROL FERZA)

Essa representação difere sensivelmente da representação de mulheres lésbicas das grandes produções dos EUA, onde existem mulheres lésbicas brancas e negras, em suas variadas trajetórias, corpos, vivências e preferências, tanto em Orange Is The New Black quanto em The L Word – onde nenhuma das séries colocam mulheres brancas e negras em pé de igualdade – e outras séries e programas existentes, atuais ou não. Lembrando que isso não significa que são representações boas, muito pelo contrário, mas algo a ser tratado em outro texto, não apenas pela representação, mas também por todas as possíveis críticas a se fazer nas duas séries.

Rebeca aponta os impasses de militar sendo uma lésbica negra. O movimento negro ainda não está preparado para falar sobre lesbofobia e todas as agressões recorrentes às lésbicas negras, e o movimento lésbico ainda não está preparado para falar e discutir sobre racismo e todas as agressões recorrentes às lésbicas negras. Um ano se passou e poucas

mudanças ocorreram. Coletivos do movimento negro ainda não conseguem fazer o recorte para dialogar conosco e coletivos feministas prioritariamente lésbicos não avançam na desconstrução do racismo enraizado nos discursos, reações e pensamentos. As ações coletivas nos espaços feministas, quando não são prioritariamente lésbicos, abrangem pautas que possuem relação com mulheres lésbicas mas desconsideram estas mulheres, como Agnes Aguiar aponta e questiona.

A falta de representação e representatividade acarretam em formas de expressão que diferem a convivência, o discurso e a compreensão de tudo o que está em nossa volta. Como já mencionei, mesmo sem saber muito bem o que procurava, nunca me senti representada direta ou indiretamente na mídia, o que me fez absorver alguns padrões e demorar bastante tempo para me desprender dos mesmos. Um deles foi a feminilidade.

É bastante complicado, para mim, falar ou escrever sobre feminilidade. Não discordo de reflexões acerca da feminilidade que apontam que é uma imposição social extremamente agressora que fomenta o capitalismo patriarcal, mas não deixo de pensar, ainda assim, que mulheres negras tiveram suas feminilidades negadas desde que seus corpos começaram a desenvolver-se. A feminilidade está, atualmente, conectada com a beleza, delicadeza e sutileza feminina, no coração de mãe, na grande conquista que é dar vida a outro ser. Que
mulher negra é considerada delicada? Que mulher negra é considerada bela pelos padrões de beleza? Que mulher negra é sutil? Que mulher negra considera uma conquista dar vida a outro ser?

Na descoberta da minha lesbianidade, equivocadamente achei que precisaria me parecer ao máximo com um garoto para poder me aproximar de mulheres lésbicas, mas ao longo dos anos, percebi que resistir à feminilidade, para muitas mulheres, é algo que as protegem do assédio sexual – como consequência, as tornam uma sapatão visível e, automaticamente, as deixam mais vulneráveis às agressões lesbofóbicas da sociedade, por não serem “lésbica padrão da televisão” que atrai os olhares masculinos e fetichizam a relação lésbica.

O estereótipo sapatão é, muitas vezes, diretamente associado com a não aceitação da feminilidade. Ou seja, lésbicas masculinas ou a butch, estão muito mais vulneráveis às agressões lesbofóbicas da sociedade do que, por exemplo, lésbicas femininas, que estão mais vulneráveis a terem suas relações afetivas e sexuais extremamente fetichizadas pelo olhar masculino e a mídia num todo.


Mulheres lésbicas negras, “femininas ou masculinas”, estão suscetíveis às agressões lesbofóbicas e racistas e, independentemente de suas aparências e comportamentos, é impossível separar lesbianidade e negritude, mesmo quando essa mulher não corresponde aos esteriótipos de mulher negra e mulher lésbica. Sempre teremos dificuldade em encontrar espaços onde nossa saúde, não apenas corporal mas mental também, nossa vivência, nossas necessidades, nossa segurança, nossa representação, nossa participação e autonomia sejam inseridas em discussões, estejam representadas de uma forma séria e relevante. Sempre será extremamente difícil ter que dizer para as pessoas que existem lésbicas negras e existem negras lésbicas. Enquanto nossa representatividade for inexistente, enquanto formos pessoas invisíveis na sociedade, teremos a necessidade de nos colocarmos à frente de coletivos e espaços (públicos ou não), cobrando representação, pautando nossas próprias necessidades, mas não passando por cima das necessidades e pautas de outras mulheres, com diferentes sexualidades.

NÓS EXISTIMOS E RESISTIMOS.
 Que toda mulher negra e lésbica se afirme por mim, por
ela e por todas:Somos negras e lésbicas.

Afro abraços!

Por:Marisa Justino
UnegroNova Iguaçu / RJ
​Diretoria Plena - pasta LGBT

sábado, 12 de dezembro de 2015

Carolina Maria de Jesus - a voz dos que não têm a palavra...

Semi-analfabeta, negra e favelada, Carolina foi mãe de três filhos e nunca se casou.
Apesar de tais condições, a paixão dela pela escrita e leitura foi tamanha que passou a dividir seu tempo entre cata papel, cuidar dos filhos e escrever.Lançado pela Livraria Francisco Alves em agosto de 1960,

Historiografia:
Carolina Maria de Jesus (Sacramento MG, ca.1914 - São Paulo SP, 13 de fevereiro de 1977). Autora de diários e romance e também poeta. De família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância. Sua escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com a família para uma fazenda em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Retorna a Sacramento, em 1927, e, por causa das dificuldades econômicas, migra para Franca, São Paulo, em 1930, passando o primeiro ano na fazenda Santa Cruz e, depois, na cidade, onde trabalha como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de cozinha e doméstica. Com a morte da mãe em 1937, vai para São Paulo em busca de melhores condições de vida. De 1948 a 1961, reside na favela Canindé, sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas, numa reportagem sobre a inauguração de um playground no Canindé, conhece Carolina e se interessa pelos seus 35 cadernos de anotações em forma de diário, e publica um artigo na Folha da Noite. Em 1959, trabalhando na revista O Cruzeiro, o jornalista divulga trechos dos relatos escritos pela autora e, posteriormente, empenha-se na publicação que reúne esses relatos, Quarto de

Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, com notável sucesso editorial. Carolina muda-se para uma casa que consegue comprar no bairro de Santana e mantém o diário com registros do que lhe acontece ali, depois editados em Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, em 1961. Em 1963, publica Pedaços da Fome, seu único romance, que tem pouca repercussão. Em função dos contínuos desentendimentos com seus editores, bem como das dificuldades enfrentadas para manter-se em evidência e adaptar-se à vida no bairro de classe média, muda-se para um sítio no bairro de Parelheiros, São Paulo, em 1969, onde é praticamente esquecida pelo mercado editorial, apesar de algumas tentativas de voltar à cena literária. Após sua morte, são editadas obras escritas entre 1963 a 1977, das quais a mais significativa é Diário de Bitita, com suas memórias de infância e juventude, inicialmente lançado na França.

"O livro... me fascina. Eu fui criada no mundo. Sem orientação materna. Mas os livros guiou os meus pensamentos. Evitando os abismos que encontramos na vida. Bendita as
horas que passei lendo. Cheguei a conclusão que é o pobre quem deve ler.
Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)

-Em Quarto de Despejo, a mulher negra e favelada, com pouca escolaridade, registra o cotidiano de pobreza que rege seus dias, bem como a humilhação social e moral a que estão sujeitos os habitantes da favela do Canindé. As anotações de Quarto de Despejo, embora com descontinuidades cronológicas, não apresentam quebras na estrutura narrativa: cada dia é igual a todos os outros, e o que conduz o fluxo da vida é a fome e a luta contra ela. Nelas se pode constatar que o trabalho, precário, não traz mais do que a condição mínima da sobrevida e a reprodução da pobreza.


Nos apontamentos de seu dia-a-dia, Carolina Maria de Jesus oscila entre desânimo e alegria, sentimentos norteados pela carência de condições materiais para manter-se e a seus filhos em situação digna. Ao tratar dos outros moradores da favela, Carolina Maria de Jesus busca diferenciar-se e deixa documentada, em tom de denúncia ou de moralização, a perda da honra daqueles que, excluídos, estão no "quarto de despejo" da cidade. Escrever sobre a favela não é apenas uma forma de tentar dar sentido à própria vida, mas também de revelar a miserabilidade implicada na modernização dos anos 1950.
O relato do cotidiano da favela é direto e cru, sem que se temam os temas-tabus, como a ocorrência de incestos e de relações promíscuas, bem como o horror que a fome pode produzir. Estilisticamente, os recursos da repetição e das frases feitas indicam, no plano do sentido, o fechamento e a imobilidade do mundo social ali representado; a cada entrada no diário, a autora anota o horário em que acorda, os gastos que terá se quiser se alimentar e vestir os filhos e o que poderá, ou não, acumular em dinheiro, o qual tem valor concreto e imediato, quase como um objeto. Os momentos de lirismo aparecem em anotações sobre a

natureza, que surge como contraponto ao estado da miserabilidade a que são confinados os pobres.

Fugindo aos cânones do que se considera "literatura" em meios acadêmicos, Quarto de Despejo é mais do que um simples depoimento; trata-se de uma obra em que, a despeito das condições materiais e culturais de sua autora, constrói-se uma forte e única representação da dinâmica social urbana, vista pelo ângulo dos que são lançados à margem. Carolina Maria de Jesus escreve para denunciar a favela e para sair dela; escreve também para, diferenciando-se dos outros moradores, lutar contra o rebaixamento a que estão sujeitos os miseráveis, num momento em que se anuncia novo salto modernizador de São Paulo e do Brasil.

"A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago."

- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo", 1960.


Em Casa de Alvenaria, notam-se mais explicitamente as contradições da autora quanto ao que deseja para si mesma e para sua família. Também ficam patentes suas hesitações com relação aos anseios por reconhecimento público ou ao repúdio pelos mecanismos sociais que dificultam o trajeto profissional como escritora. Essa conjunção, por vezes discrepante, ajuda a entender as razões pelas quais essa obra é considerada pouco significativa e muito voltada para o trajeto instável de um indivíduo. Confinada à forma do diário, Carolina Maria de Jesus parece se sentir compelida a repetir uma fórmula, cujo efeito não tem a força de revelação de Quarto de Despejo. A figura da ex-favelada não desperta interesse, porque ela e sua obra são objeto de atenção apenas enquanto revelam a face negativa do desenvolvimentismo; já as oscilações ideológicas da mulher que, famosa, busca a atenção da imprensa e do público não
trazem à época elementos que se julguem significativos.

Diário de Bitita, publicado após a morte da autora, resgata a força literária da produção de Carolina Maria de Jesus. Trata-se de memórias da infância e da adolescência, em Sacramento e nas fazendas onde trabalha como colona, bem como de seus primeiros tempos em Franca. Nesta obra, os temas da injustiça social, da opressão, do preconceito contra os negros, dos abusos dos poderosos são apresentados a partir da perspectiva daquela que os viveu. Apesar de suas condições materiais, Carolina Maria de Jesus lutou para conquistar dignidade e para se constituir como alguém que resiste à exploração e à desumanização. A obra testemunha a história dessa luta e da opressão a que estão confinados os pobres no Brasil das primeiras cinco décadas do século XX.

Um afro abraço.

Fonte: Enciclopédia de Literatura

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

"No dia 10 de Dezembro pedimos Direitos Humanos Também Para Negros e Minorias"

Para podermos nos nossos próprios direitos individuais e coletivos, mas também em defesa dos interesses de todo o restante da população, torna-se fundamental que conheçamos e discutamos aspectos básicos do tema. O próprio conceito de minoria e as dificuldades e conseqüências de sua conceituação; a situação desses grupos perante o direito como um todo e especificamente perante o direito brasileiro; alguns exemplos de grupos minoritários; os tratados internacionais sobre o tema; a situação concreta do posicionamento da sociedade e das autoridades públicas para com o mesmo: essas são visões que devem ser analisadas cuidadosamente, sem se perder de vista o objetivo maior de promover a integração dos grupos mais discriminados às parcelas majoritárias da população, no sentido de eliminar quaisquer tipos de estereótipos, preconceitos ou discriminação em relação aos primeiros.

Desde o dia 22 de abril de 1500, nunca mais o Brasil se viu livre da discriminação, a qual nasceu com ele. Tudo começou com os índios, passando pelos negros escravos e alcançando os nossos dias, com a discriminação dos pobres, deficientes físicos, homossexuais, mulheres, crianças e adolescentes entre outros. Mas de todos os excluídos, os negros, com toda a certeza, foram os que mais sofreram com o preconceito. Junto com os indígenas, foram as grandes vítimas no Novo Mundo, sofrendo terríveis agonias e sofrimentos, participando de lutas, morte e martírio, em busca da libertação da horrível escravidão que lhes foi imposta. Durante os três primeiros séculos de história de nosso país, foram trazidos para cá, como escravos, mais de três milhões de africanos, os quais, através da força do seu trabalho, acumularam riquezas que hoje formam o patrimônio das atuais elites econômicas brasileiras. Com a abolição da escravatura, em 1888, o Estado Brasileiro deixou os negros à mercê da concorrência do mercado capitalista. Só depois de 100 anos do fim da escravidão, e mais de 400 anos de luta do povo negro, é que este Estado se propõe a pensar e elaborar políticas públicas para valorização dos descendentes de africanos escravizados no Brasil.

Preconceito

O Brasil é um país de dimensões continentais, dotado de recursos inimagináveis e, em sua maioria, ainda inexplorados. Além disso, desde que se tornou uma “esperança” mundial em

tempos passados, como o “Jardim do Éden” dos povos em sua maioria provenientes da Europa e que fugiam de focos de guerras e revoluções que assolaram o continente, principalmente no século XIX e atual, esta terra se transformou numa gigantesca “Arca de Noé”, acolhendo diversas raças e culturas que aqui depositaram sua confiança, sonhos e expectativas. O Brasil possui uma formação populacional altamente heterogênea em índices não experimentados por nenhuma outra nação do planeta, o que faz dele, realmente, um lugar especial e a prova viva de que é possível viver em harmonia étnica e cultural em meio a um oceano de miscigenação. Evidentemente que esta “harmonia” é relativa e deve ser observada com olhos atentos. Mas não se pode negar que o cenário nacional encontra-se livre de antecedentes históricos envolvendo atentados à bomba contra templos religiosos ou grupos racistas radicais declarados como se vê em países como Estados Unidos, França e Alemanha. O povo brasileiro, em toda a sua diversificação, é um povo uno, uma raça só oriunda de diversas outras raças, uma só entidade socio-política de larga base territorial. Mas esta aparente unidade não pode esconder uma outra realidade nacional: o racismo.

A violência contra o negro

No que diz respeito à violência policial no Brasil, segundo pesquisa do Datafolha, os negros são abordados com mais freqüência durante as blitz, recebem mais insultos e mais agressões físicas que os brancos. A desvantagem, revelada pela pesquisa Datafolha, não pára por aí: percentualmente, também há mais revistados negros que qualquer outro grupo étnico.

Entre os da raça negra, quase metade (48%) já foi revistada alguma vez. Desses, 21% já foram ofendidos verbalmente e 14%, agredidos fisicamente por policiais. Os pardos superam os negros em ofensas: 27% deles foram ofendidos verbalmente e 12% agredidos fisicamente. Ao todo, 46% já foram revistados alguma vez. A população branca é menos
visada pela polícia. Entre estes, 34% já passaram por uma revista, 17% ouviram ofensas e 6% já foram agredidos, menos da metade da incidência entre negros. Em cada três negros, um (35%, exatamente) teme mais a polícia que os bandidos e outro teme os dois na mesma proporção, aponta o levantamento. Para os entrevistados de cor branca, somente 19% (um em cada cinco) temem mais a polícia. Quase a metade, 47%, tem mais medo dos bandidos do que da polícia.

Quanto à criminalidade, constatou-se que dos homicídios dolosos contra menores, 54% das vítimas eram menores negros e 33,9% eram brancas, inserindo-se as restantes a outras categorias. Da população dos presídios, 68% das pessoas presas têm menos de 25 anos de idade, sendo que 2/3 são negros e mulatos;

O Impacto dos Instrumentos Internacionais de Proteção dos direitos humanos na Constituição atual

”Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1º: O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Parágrafo 2º: A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

Art. 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico , arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.


Lei 2889/56 (de prevenção ao genocídio)

Art. 1º - Quem, com intenção de destruir no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:

a) Matar membros do grupo;
b) Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe
a destruição física total ou parcial ;
d) Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) Efetuar a transferência forçada de crianças de um grupo para outro grupo.

Será punido:

- Com as penas do art. 121, § 2, do Código Penal, no caso da letra a;
- Com as penas do art. 129, § 2, no caso da letra b;
- Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
- Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
- Com as penas do art. 148, no caso da letra e.

Considerações finais

Gente precisamos acabar com a noção de que os negros são sempre sinônimos de criminalidade, samba,
pagode, moda, religião (candomblé), faxineiras, serventes etc., contribuindo, no máximo, como incentivadores da preservação de sua cultura. São necessárias iniciativas para frear e acabar com o racismo no Brasil, principalmente do auxílio da escola, dos meios de comunicação e da educação em geral. O papel da escola é de fundamental importância no combate ao racismo. O racismo que se infiltrou pode, da mesma forma, ser retirado do nosso convívio se houver uma participação clara e ativa da população. Não se trata de utopia, mas de um objetivo a ser alcançado, o qual deve, acima de tudo, eliminar os seguintes dados de uma vez por todas do cenário brasileiro:

- Cerca de 60% dos negros brasileiros estão na faixa de analfabetismo;
- Apenas 18% dos negros tem possibilidade de ingressar na universidade;
- A expectativa de vida dos negros é de apenas 59 anos (brancos 64 anos);
- A qualidade de vida do Brasil o leva a ocupar a 63ª posição mundial, separando só a população negra o Brasil passa a ocupar a 120ª posição;
- 15,5% dos réus negros respondem em liberdade (brancos 27%);
- O negro é o primeiro a entrar no mercado de trabalho e o último a sair;
- A participação do negro em áreas "elitizadas" é ínfima;
- As mulheres negras ocupadas em atividades manuais representam 79,4% do total;
- Apenas 60% das mulheres negras que trabalham são assalariadas;

- As condições de moradia dos negros são quatro vezes pior que a dos brancos;
- Dentre a população negra economicamente ativa apenas 6% está ocupada em atividades técnicas, científicas, artísticas, administrativas;
- Muitas mulheres negras saem do país como artistas e são recebidas como prostitutas;
- As mulheres negras estão nas piores condições de vida do país. Dos direitos das minorias no Brasil
Se liga:          A legislação brasileira referente às minorias étnicas, lingüísticas e religiosas como um todo é muito escassa. Excetuando-se as referentes aos índios, negros, e estrangeiros, não há, no Brasil, leis específicas sobre os demais grupos minoritários, como ciganos e judeus ou qualquer outro grupo minoritário que seja alvo de perseguições por parte de uma maioria. Ressalta-se ainda que, na legislação brasileira, são tratados objetivamente como minorias apenas os índios, enquanto os demais grupos (inclusive negros e estrangeiros) são mencionados sem levar em conta o próprio conceito do termo minoria, seja sob o aspecto sociológico (quantitativo), seja sob o aspecto antropológico (qualitativo); o que só vem a prejudicar a defesa dos interesses dos mesmos como grupos minoritários que, de fato, são.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 232, atribui ao Ministério Público Federal a defesa dos direitos e interesses indígenas, não se referindo, porém, à proteção do Ministério Público Federal em relação aos demais grupos minoritários.

Foi somente com a Lei Complementar 75, de 20.05.1993, que as minorias étnicas, como as comunidades negras isoladas (antigos quilombos) e ciganos, por exemplo, foram inclusas sob a tutela do MPF.

A CF, em seu artigo 215, inciso1º, também afirma que: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório brasileiro”

Concluindo:

A discriminação racial fere os direitos humanos à medida que exalta uns em detrimento de outros. Uma vez que a discriminação racial direta é facilmente percebida e pode punida de imediato, a sociedade tem caminhado para um outro tipo de discriminação racial, a indireta. Mesmo essa sendo mascarada por normas e atitudes aparentemente inofensivas, vem sendo reconhecidas pelo judiciário, ainda que tímida a sua punição.

Reconhecer a existência de discriminação racial no Brasil é uma forma de organizar políticas em leis em favor da não discriminação. O Estatuto da Igualdade Racial é um importante instrumento na luta por igualdade, devendo ser conhecido, respeitado e implementado.

Uma lei sozinha não é capaz de extirpar da sociedade um problema de gerações. A igualdade depende de um maior esclarecimento da população, pois a educação é a base

de uma sociedade organizada.
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

FONTE:www.fundodireitoshumanos.org.br-ÁVILA, F. B. de. Pequena enciclopédia de moral e civismo. 2ª. Ed. Fename. Ministério da Educação e Cultura. Rio de Janeiro: 1972

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

UNEGRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FAZ SUA PLENÁRIA E FECHA O BALANÇO 2015

Carta da UNEGRO

Negras e Negros Compartilhando o Poder Brasília, novembro de 2011 Carta de princípios da UNEGRO Os militantes da União de Negros pela Igualdade - UNEGRO de todo território brasileiro, reunidos no seu 1º Congresso Nacional, na cidade de Jacareí - SP, em maio de 2000, resgatando a tradição dos lutadores das causas dos negros brasileiros como Zumbi dos Palmares, Luiza Mahin, Luiz Gama, Aqualtune, Osvaldão, Helenira Rezende, Solano Trindade, João Cândido e os líderes da Revolta dos Búzios, e tantos outros que deram suas vidas pela construção de uma sociedade justa onde os afrodescendentes pudessem exercer, de fato, o seu legítimo direito de cidadania, evocando a condição de sujeitos históricos com a nossa felicidade guerreira declaram publicamente que seguirão e defenderão fielmente os princípios abaixo.

Listando:

1. Combater o racismo em todas as suas formas de manifestação, particularmente as ações sistêmicas que impedem o usufruto pleno dos direitos de cidadania.

2. Combater todas as formas de discriminação de gênero, sistêmicas ou não, particularmente aquelas que afetem as mulheres negras, maiores vítimas do sistema racista e machista.

3. Combater a exploração de classe em todas as suas manifestações, colocando-se ao lado dos interesses da classe proletária na sua luta plena pela emancipação do capital.

4. Defender intransigentemente a autodeterminação dos povos.

5. Defender os legítimos direitos de todas as manifestações culturais e religiosas de matriz africana, lutando contra a sua folclorização e apropriação indevida pela indústria cultural.

6. Solidarizar-se com a luta de todos os movimentos sociais e populares que se colocam no campo.

Progressista.

7. Combater o genocídio que o imperialismo pratica contra os povos africanos e afrodescendentes e das nações da periferia do capitalismo, genocídio este que se manifesta pela incitação às guerras pela indústria de armamentos, exploração das riquezas minerais e florestais, descapitalização das nações via o sistema financeiro internacional.

8. Combater o capitalismo neoliberal por entender este padrão de acumulação de riquezas como uma forma de genocídio das populações não brancas.

Nós, militantes da UNEGRO no território nacional, declaramos publicamente que defenderemos estes princípios de forma consciente e voluntária, como parte de um projeto de construção de um futuro feliz para as nossas futuras gerações.


O 4º Congresso Nacional da UNEGRO aconteceu em Brasilia para quase 1.000 filiados.

Nossa plenária nacional em Agosto de 2015 também em Brasilia.

Nos da UNEGRO RJ estaremos dia 11 de Dezembro realizaremos nossa plenária estadual

de preparação, com credenciamento de 08: 30 as 11:00hs- No SINDMETAL( Rua: Ana Neri nº 152 - 3º anadar no auditório) 
 Rumo IIV Congresso Nacional no Maranhão.

Um afro abraço.

A direção

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Uma lenda africana:“De quando o leão sabia voar”,

O leão, segundo se conta, tinha a capacidade de voar, e naquele tempo nada escapava dele. Como ele não queria que os ossos de suas presas fossem quebrados em pedaços, ele fez  com que um par de corvos brancos vigiasse os ossos, deixando-os para trás no seu covil, enquanto ele ia para a caça.

Mas um dia Sapo Grande foi até lá, e quebrou todos os ossos em pedaços, e disse: “Por que os homens e animais não podem viver muito?” E acrescentou estas palavras: “Quando ele vier, diga a ele que eu vivo naquele lago, se ele quiser me ver, ele deve vir aí.”

O Leão, estava caçando na floresta, e quis voar, mas ele descobriu que não podia voar. Então ele ficou com raiva, pensando que alguma coisa no covil estava errado, e voltou para casa. Quando ele chegou, ele perguntou: “O que você fez que eu não voasse?” Então, respondendo, os corvos disse: “Alguém veio aqui, quebrou os ossos em pedaços, e disse: “Se ele me quiser, ele pode procurar por min naquele lago lá longe!”

O Leão se foi, e chegou quando sapo estava sentado na margem, e ele tentou saltar furtivamente em cima dele. Quando ele estava prestes a pegá-lo, o Grande Sapo disse: “Ah!” e mergulhou, foi até o outro lado da piscina, e sentou-se lá. O Leão o perseguiu, mas como ele não conseguiu, ele voltou para casa.

A partir desse dia, se diz, o Leão caminhou somente sobre seus pés, e também começou a

se arrastar (quando espreitava e caçava), e os Corvos Brancos tornaram-se totalmente mudos desde o dia em que disseram: “Nada pode ser dito sobre esse assunto.”

Um afro abraço.

fonte:www.contioutra.com/




sábado, 5 de dezembro de 2015

O racismo de ontem e de hoje: A africana Saartjie

Saartjie Baartman nasceu no seio de uma família khoisan no vale do rio Gamtoos, na atual 
província do Cabo Oriental, na África do Sul. Esta é a forma africânder do seu nome, cujo original é desconhecido. Saartjie (que se pronuncia «Sarqui») pode ser considerado equivalente ao português «Sarazinha».

Saartjie era criada de servir numa fazenda de holandeses perto da Cidade do Cabo. Hendrick Cezar, irmão do seu patrão, sugeriu que ela se exibisse na Inglaterra, prometendo que isso a tornaria rica. Lord Caledon, governador do Cabo, permitiu a viagem, embora tenha lamentado tal decisão após saber o seu verdadeiro propósito.

"Saartjie foi para Londres em 1810 e viajou por toda a Inglaterra exibindo as suas dimensões corporais «inusitadas» (segundo a perspetiva europeia), o que levou à opinião generalizada de que estas eram típicas entre os hotentotes".
Mediante um pagamento extra, os seus exibidores permitiam aos visitantes tocar-lhe as nádegas, cujo invulgar volume (esteatopigia) parecia estranho e perturbador ao europeu da época.

Por outro lado, Saartjie tinha sinus pudoris, também conhecido por «avental», «cortina da vergonha» ou «bandeja», em referência aos longos lábios da genitália de algumas Khoisan. Segundo Stephen Jay

A sua exibição em Londres causou escândalo, tendo a sociedade filantrópica African Association criticado a iniciativa e lançado um processo em tribunal. Durante o seu depoimento, Sarah Baartman declarou, em holandês, não se considerar vítima de coação e ser seu perfeito entendimento que lhe cabia metade da receita das exibições. O tribunal decidiu arquivar o caso, mas o acórdão não foi satisfatório, devido a contradições com outras investigações, pelo que a continuação do espetáculo em Londres tornou-se impossível.

No final de 1814, Saartjie foi vendida a um francês, domador de animais, que viu nela uma oportunidade de enriquecimento fácil. Considerando que a adquirira como prostituta ou
escrava, o novo dono mantinha-a em condições muito mais duras. Foi exposta em Paris, tendo de aceitar exibir-se completamente nua, o que contrariava o seu voto de jamais exibir
os órgãos genitais. As celebrações da reentronização de Napoleão Bonaparte no início de 1815 incluíram festas noturnas. A exposição manteve-se aberta durante toda a noite e os muitos visitantes bêbados divertiram-se apalpando o corpo da indefesa mulher.

Foi depois exposta a multidões, que zombavam dela.        
Era alvo de caricaturas, mas chamou também o interesse de cientistas e pintores. O anatomista francês Georges Cuvier e outros
naturalistas visitaram-na, tendo sido objeto de numerosas ilustrações científicas no Jardin du Roi.Gould, «os pequenos lábios ou lábios internos dos genitais da mulher comum são extremamente longos nas mulheres khoi-san e podem sobressair da vagina entre 7,5 e mais de 10 cm quando a mulher está de pé, dando a impressão de uma cortina de pele distinta e envolvente» (Gould, 1985). Em vida, Saartjie nunca permitiu que este seu derradeiro traço fosse exibido.

"O corpo foi totalmente investigado e medido, com registo do tamanho das nádegas, do clitóris, dos lábios e dos mamilos para museus e institutos zoológicos e científicos."
Com a nova derrota de Napoleão, o fim do seu governo e a ocupação da França pelas tropas aliadas em junho de 1815, as exposições tornaram-se impossíveis. Saartje foi levada a prostituir-se e tornou-se alcoólica.

 - Morreu em dezembro de 1815, ao cabo de 15 meses em França. Como causa da morte, foram aventadas várias hipóteses: varíola, sífilis ou pneumonia.Se liga: Saartjie Baartman morreu a 29 de Dezembro de 1815 de uma doença inflamatória. 
- Para não ter de pagar o enterramento, o domador de animais vendeu o cadáver ao Musée de l'Homme (Museu do Homem), em Paris, onde foi feito um molde em gesso do corpo. Os resultados da autópsia foram publicados por Henri de Blainville em 1816 e por Cuvier emMémoires du Museum d'Histoire Naturelle em 1817. Cuvier anotou, nessa monografia, que Saartjie era uma mulher «inteligente, com excelente memória e fluente em holandês». Além do molde em gesso, o esqueleto, os órgãos genitais e o cérebro, conservados em formol, estiveram em exibição até 1974.

A construção do corpo exótico de Saartjie Baartman em Vénus Noire
"A atribuição de valores aos dados corporais construídos a partir da colonização européia
no continente africano informa-nos como as mulheres negras são representadas na
Diáspora, através dos discursos literários e científicos e nas práticas sociais.

O uso exploratório do corpo das mulheres negras escravizadas no sistema patriarcal-racista, seja no trabalho braçal, seja como objeto sexual, é legitimado pelo racismo científico
predominante no século XIX, destituindo-as da condição de humana. A construção do corpo “exótico” naturalizou a subalternização das mulheres negras em diferentes dimensões da sociedade na contemporaneidade, fenômeno que pode ser apreendido através do conceito de interseccionalidade em que gênero, raça, classe e outras formas"de desigualdade sustentam as relações de poder

"Os restos mortais de Sarah Baartman foram inumados na sua terra natal, Gamtoos Valley, a 3 de Maio de 2002".

Sem comentários deixo aqui a reflexão...

fonte:https://pt.wikipedia.org

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Não da Para Fazer cara de Paisagem : Negros e Negras bem Sucedidos Precisam falar das questões raciais...

NEGROS SÃO SÓ 18% EM CARGOS DE DESTAQUE NO BRASIL
De acordo com pesquisa realizada e divulgada recentemente pelo jornal Folha de São

Paulo, apenas 18% dos negros no Brasil ocupam cargos de destaque. Cerca de mil e duzentos profissionais foram entrevistados em diversos setores, como: política, universidade, artes, dentre outros. Aproximadamente 60% da população brasileira é negra, no entanto, a elite econômica do país ainda é majoritariamente branca, fato que pode ser evidenciado com o levantamento feito pela Folha.

No segundo país com a maior população negra do mundo a seguir à Nigéria, ser negro é pertencer a uma maioria de 51% da população de 200 milhões. Mas o último Censos, de 2010, mostrava que apenas 26% dos universitários eram negros; e apenas 2,66% dos alunos que terminaram o curso de Medicina eram negros, num estudo feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais para o canal UOL. Estes números explicam-se, em parte, com a despesa da educação no Brasil: quem estuda em escolas privadas até ao fim do secundário tem mais hipóteses de entrar nas universidades públicas, as melhores

Negros bem sucedidos foram todos aqueles que lutam, alguns chegando a dar a própria vida, em nome da liberdade, da democracia e do respeito às diferenças. 

"Dos povos indígenas à Zumbi dos Palmares; dos negros (as) escravo (as) a Joaquim Nabuco, de Chica da Silva aos poetas Cruz e Souza, Lima Barreto; de Castro Alves à Jorge Amado; do Mestre Aleijadinho ao Geógrafo Milton Santos; de Chiquinha Gonzaga aos guerrilheiros e guerrilheiras do Araguaia. - Quer Vossa Senhoria me explicar como esses negros puderam subir tão alto, numa sociedade escravocrata e pois escravização com o racismo escancarado, enquanto seus netos e bisnetos, desfrutando das liberdades republicanas..."

Tornar possível um Brasil sem preto, convenhamos, pressupõe o extremo domínio de técnicas sofisticadas de exclusão, mas pressupõe também outras disposições e aptidões especialíssimas. No relato feito por Diegues, como vimos, não há nenhuma sofisticação. De

regra, há, no entanto, meios mais refinados de fazer prevalecer velhas hierarquias.


Negr@s brasileiros bem sucedidos:
Em certos aspectos, o Brasil não mudou nada no último meio século Falta de consciência? Alienação? Deslumbramento? Compensação? Alpinismo social? A resposta a esse fenômeno é, provavelmente, uma mistura de todos estes fatores.

Não e um debate se você deve namorar só negro ou não mais vamos lá, analisando a escala da sociedade: onde você se encontra? Os homens brancos estão em primeiro, no mais alto pico, em seguida podemos dizer que as mulheres brancas e depois o homem negro e por último, sim por último, a mulher negra. E eu falo isso abrangendo "n" quesitos como dinheiro, sexualidade, posição social, status, moradia, escolaridade, etc....

Reproduz racismo diariamente, tendo empregada doméstica, que geralmente são negras (o que é um problema bem maior do que só racismo), a suspeita que vocês tem ao ver um pessoa negra na rua, pessoa não negra e de cabelo liso que criticam o crespo das irmãs, é aquela coisa: acho lindo, mas eu não teria, objetificar o negro e em especial a mulher só pra transar, dar uns pegas e o resto ela não serve, e por ai vai, são tantas coisas que vocês brancos fazem e nem percebem, acham que racismo e preconceito é quando é tudo na caruda, mas os que são velado, mascarados são os piores e esses machucam bem mais!


- Amor interracial existe sim, mas é preciso cuidado ao analisar o assunto do ponto de vista sociológico, há uma questão histórica e política envolvida, que não deve ser encarada de forma "romântica", "pessoal" e simplista em uma discussão séria.
A história da miscigenação brasileira é antes de mais nada uma história de bastardia e abuso..., se a coisa mudou nos últimos anos, não mudou tanto, segundo o IBGE cerca de 80% dos chefes de família "brancos" casam com pessoas "brancas" (estamos falando aqui de "brancos sociais", esqueçam a questão dos 86% de brasileiros afro-descendentes do ponto de vista genético), o que quer dizer por dedução que o número de miscigenados não cresce na mesma proporção da integração social igualitária entre brancos e negros, isto é, a história continua... homens brancos se "divertem com" e "fazem filhos" nas negras mas casam com as brancas...

Na terras do Tio Sam ...
Nos Estados Unidos, os negros sempre estiveram de certa forma segregados, portanto desenvolveram consciência de que a endogamia era a forma de manter dignidade nos relacionamentos, no Brasil o mito da democracia racial brasileira e a apologia à miscigenação (além da maior vulnerabilidade social da mulher negra), fizeram o nível de consciência das mulheres negras permanecer baixo..., muitas acham que só terão mobilidade social se relacionando com brancos, "sabotando" sistematicamente assim, as relações endogâmicas com homens negros..., mantendo de maneira geral o círculo vicioso vigente desde a colônia (homens brancos se "divertem com" e "fazem filhos" nas negras mas casam com as brancas).

O fenômeno homens negros x mulheres brancas, é relativamente recente e diferenciado, enquanto a maioria dos homens brancos que se relacionam com negras o fazem "por
diversão", a maioria das mulheres brancas que se relacionam com negros, se possível leva a coisa até as últimas consequências (constituindo família estabilizada)
 

A "Essência humana" e como Formas de infra-humanização

A infra-humanização Resulta da negação um Membros de Outros grupos ("ex -grupos") de determinadas Características Humanas Tipicamente, Características Que compõem a "Essência humana". Mas que Características definem a "Essência humana"? Vários Estudos TEM apontado Como Tipicamente Características Humanas São OS Valores (Schwartz & Struch, 1989); uma cultura (Moscovici e Pérez, 1999); a linguagem, a Inteligência ea CAPACIDADE de expressar Sentimentos (Leyens & cols., 2000). Daniel Bar-Tal (1989) foi hum Dos Pioneiros nd Análise da infra-humanização dos grupos minoritários, Ao analisar o Modo Como Judeus ERAM percebidos cabelo regime nazista e AFIRMAR that uma infra-humanização PODE ocorrer atraves da"deslegitimação" da categoria UO grupo social, com a atribuição de Características Extremamente negativas:pensam diferente mesmo hoje ,...

Negr@s bem sucedidos e outras historias...

"Para começar ele ainda e negro mesmo bem sucedido. - É uma bênção para as negr@s brasileir@s que seu orgulho nunca tenha estado na dependência de estímulos da maioria das celebridades negr@s
.

Quanto mudou o cenário nestes cinquenta anos fica transparente que pouquíssima coisa mudou.
Os traços de personalidade que se gabou dos ternos de marca estrangeira que estão em seu guarda-roupa. Não é uma coisa pequena senão por ser grande na definição de grande

talento e alienação de caráter.

A partir desse tipo de coisa, você pode montar os dados básicos do perfil da pessoa. Ou alguém imagina, para ficar num personagem dos nossos dias que não vale divulgação em nosso blog ...

Voltando - A África do Sul. Nos anos 80, os coloridos anúncios de agências de turismo convidavam para uma visita ao país do apartheid. Mas não se falava de apartheid, claro. Os negros desapareciam dos anúncios, que se dividiam em imagens de grandes mamíferos e pessoas brancas em ambientes suntuosos. Quem é capaz de apreender a dimensão grandiosa da realidade subtraída pela ideologia do racismo?
Brasil estavam e estão submetidos ao mesmo principio de negação da realidade. Trata-se de uma recusa sistemática a validar a experiência social dos negros. Afastam-na com desprezo e são muitos os truques de edição a que recorrem para, igual ao que ocorria no apartheid, conseguir descartar a presença da maioria e toda a imensa riqueza e diversidade de seu mundo humano.

Não é fácil visto que a maioria, pense ainda assim.
Selecionar conteúdos e imagens, personagens e figurantes, tramas, memórias, conflitos; soterrar acontecimentos históricos e quotidianos. Sacrifícios gigantescos. Pessoas que nunca chegarão a formular nada, nem interpretar, nem dirigir, nem cantar, nem dançar, nem ensinar nem aprender, nem amar, nem odiar, nem criticar, nem tomar emprestado nem emprestar, nem fazer política, nem viajar, nem comprar, nem vender, nem ser preso sem culpa, que não serão torturadas, nem assassinadas. Trata-se de conceber as pessoas negras de um modo absolutamente distinto de como as pessoas brancas são concebidas.

Ainda assim, negros não são enxergados (como reflexo, não são mostrados) como público consumidor pela indústria automotiva nacional. Longe de qualquer viés social, usando apenas a lógica capitalista, ignorar qualquer fatia de potencial público consumidor pode

levar a perdas gigantes e até a suicídio comercial, tanto em tempos de maré alta, quanto de crise de vendas como a atual -- o país espera retração na casa de 20% a 27% até o final do ano, para pelo menos 2,8 milhões de unidades, ante 3,5 milhões de 2014.

Mas precisamos pensar que o descarte da maioria acentua ainda deformações monstruosas no mundo branco. Apreendem-se as pessoas negras, mas como se elas não fossem exatamente pessoas. Elas existem, elas estão aí, mas elas não importam. Simplesmente isso. Seja lá o que elas forem, pessoas ou coisas, elas não importam.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

fonte:www.informativo.com.br\unegro

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